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DESDE 1978 Março 2017 _ Ano 39 Nº 450 _ R$15 www.revistacipa.com.br CADERNO INFORMATIVO DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES ESTATÍSTICAS APESAR DA QUEDA, NÚMERO DE ACIDENTES CONTINUA ALTO EPI S QUANDO É A HORA DE SUBSTITUIR? NR-33 preencheu lacuna na regulamentação, mas ainda há muito a fazer para reduzir acidentes nesse tipo de ambiente CONFINADOS ESPAÇOS Disponível

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Page 1: ESPAÇOS - Vendrame · atenção e cuidados A s grandes empresas va - rejistas em geral optam por manter estoques para atender pronta-mente seus clientes e, ... quada de ruas e posições

DESDE 1978

Março 2017 _ Ano 39Nº 450 _ R$15

www.revistacipa.com.br

CADERNO INFORMATIVO DE

PREVENÇÃO DE ACIDENTES

ESTATÍSTICASAPESAR DA

QUEDA, NÚMERO DE ACIDENTES

CONTINUA ALTO

EPISQUANDO É A HORA

DE SUBSTITUIR?

NR-33 preencheu lacuna na regulamentação, mas ainda há muito a fazer para reduzir acidentes nesse tipo de ambiente

CONFINADOSESPAÇOS

Disponível

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Riscos ocupacionais por Lana de Paula

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CARGA PESADAPerigos laborais na área de carga e descarga dos centros de distribuição podem ter peso dobrado pela falta de atenção e cuidados

As grandes empresas va-rejistas em geral optam por manter estoques para atender pronta-mente seus clientes e,

para isso, não poupam recursos para investir em espaço, estrutura e pesso-al. Uma solução encontrada para facili-tar essas operações é a implantação de Centros de Distribuição, os chamados CDs, instalados em pontos estratégicos, perto dos clientes e das vias expressas.

A função desses centros é receber mercadorias de diversos fornecedores, armazená-las e abastecer o mercado em que está inserido. A operação bus-ca sempre a agilidade no recebimento e despacho de mercadorias, para evitar o acúmulo no estoque e reduzir custos.

Segundo informações do ranking da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores – ABAD, em 2015 o seg-mento registrou um faturamento total de R$ 218,4 bilhões, em 13,9 bilhões

de metros quadrados de área de arma-zenamento, contando com o esforço de 355,3 mil funcionários.

Como em várias atividades, os tra-balhadores envolvidos com a carga e descarga de mercadorias também estão sujeitos a sofrer acidentes no ambien-te de trabalho. De acordo com Antonio Francisco Abrantes, Instrutor Especia-lista em Ergonomia do IMAM treina-mentos, os empregadores precisam es-tar conscientes de que os riscos existem e que eles, em níveis hierárquicos supe-riores, são as peças-chave para eliminar e/ou minimizar esses riscos. “Se apro-varem a implantação de uma sistemá-tica de prevenção e exigirem que se-ja cumprida não bloqueando recursos, os resultados são alcançados”, afirma.

O risco ronda os espaços de trabalho Na visão do especialista em ergono-

mia, é possível identificar nos CDs e ar-mazéns três áreas distintas com seus ris-

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Riscos ocupacionais

cos ocupacionais bem definidos: área de recebimento de mercadorias; área de armazenagem e preparação de pe-didos e a área de expedição.

De acordo com Abrantes, os riscos na área de recebimento estão relaciona-dos ao esforço físico exigido nos manu-seios e movimentações em função do peso dos produtos, do peso dos pale-tes vazios ou cheios, da conformação dos produtos. As posturas, a frequência e os movimentos exigidos no manuseio das mercadorias e os deslocamentos in-tegram a lista. A falta de sinalização no piso ou estado geral dele, a ausência ou inadequação de equipamentos de

movimentação, espaço apertado para manobras de veículos e empilhadeiras, características das edificações e o arran-jo físico dos locais de trabalho também podem oferecer riscos. As condições ambientais, os poluentes dos veícu-los, as características das plataformas e rampas (risco de queda) fazem parte.

A falta de treinamento sobre cuida-dos a serem tomados para evitar aciden-tes, os riscos ergonômicos, a ausência de procedimentos que orientam na hora da realização dos trabalhos, a inadequação de equipamentos de proteção individu-al e o pequeno intervalo para a recupe-ração de fadiga completam o quadro.

TRABALHADORES ENVOLVIDOS COM A CARGA E DESCARGA DE MERCADORIAS TAMBÉM ESTÃO SUJEITOS A SOFRER ACIDENTES

Na área de armazenagem e de pre-paração de pedidos, Abrantes cita os perigos relacionados ao estado geral dos equipamentos de movimentação, a inadequação ou falta de equipamen-tos para levantamento e movimentação de cargas. Os riscos podem estar ainda na largura dos corredores e no estado geral das estruturas de armazenagem. A falta de procedimentos e sistemáti-cas de armazenagem também colabo-ra, a instabilidade das pilhas dos produ-tos, materiais deixados nos corredores, bem como a obstrução de equipamen-tos de incêndio, a identificação inade-quada de ruas e posições porta paletes

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Câmeras frigoríficas/fria

3 Somente pessoas autorizadas e treinadas devem ter acesso ao local;

3 Seguir os procedimentos de higiene (lavar mãos, cobrir calçados) e utilizar as roupas para baixa temperatura, para acesso às câmeras frigoríficas;

3 Importante que dentro da câmera frigorífica a temperatura seja controlada eletronicamente, conforme especificações do fabricante, e que o colaborador só fique o tempo recomendado;

3 As portas devem ter mecanismos que possibilitem a sua abertura internamente permitindo a saída em caso de emergência;

3 As lâmpadas devem ter proteção para evitar acidentes;

3 O piso deve ser antiderrapante e ter controlada a formação de umidade e gelo;

3 As prateleiras internas devem ficar afastadas da parede cerca de 30 cm e do forro 60 cm;

3 Após sair da câmara frigorífica ou fria, o colaborador deve aguardar na sala de recuperação térmica para depois retornar a temperatura ambiente. Recomenda-se um intervalo de 20 minutos.

Substâncias perigosas: pesticidas/praguicidas

3 A substância deve ser devidamente identificada e ter o nível tóxico sinalizado;

3 O armazenamento deve ser feito em local apropriado e com controle de acesso rigoroso;

3 Somente pessoas autorizadas e devidamente treinadas, fazendo uso dos EPIs apropriados, devem ter acesso ao local;

3 Esse tipo de substância não pode ser manipulado ou estocado em áreas de manipulação de alimentos;

3 O descarte deste material deve seguir rigorosamente a legislação vigente e indicações do fabricante.

Os riscos ocupacionais são classifica-dos pelo Ministério do Trabalho de acordo com sua natureza em:

3 Riscos físicos – ruídos, vibrações, radiações ionizantes, frio, calor, pressões anormais e umidade;

3 Riscos químicos – poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores e substâncias compostas ou produtos químicos que podem prejudicar a saúde do trabalhador;

3 Riscos biológicos – vírus, bactérias, protozoários, fungos, parasitas e bacilos;

3 Riscos ergonômicos – esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, exigência de posturas inadequadas, controle rígido de produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho noturno, jornada de trabalho prolongada, monotonia e repetitividade etc.

3 Riscos mecânicos (acidentes) – arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas inadequadas ou com defeito, iluminação inadequada, eletricidade, probabilidade de incêndio ou explosão, armazenamento inadequado, animais peçonhentos etc.

Fonte: IMAM

Os Centros de Distribuição ou Centros Logísticos são locais de grande movimen-tação de pessoas e mercadorias e merecem muita atenção, tanto no que diz respeito à operação, quanto no que se refere à Saúde, Segurança e Meio Am-biente (SSMA). O especialista em Segurança, Prevenção de Perdas, Auditoria e Riscos no Varejo, André Ferraz Ochoa, destaca alguns pontos a serem acompa-nhados diariamente pela equipe de Segurança do Trabalho:

MANUSEIO DE PRODUTOS SENSÍVEIS OU PERIGOSOS

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Riscos ocupacionais

nas estruturas, as alturas de armazena-gem, o fluxo de movimentação de pes-soas e a inadequação das áreas de se-paração de pedidos completam a lista.

Quanto à área de expedição, segun-do o instrutor do IMAM, os riscos po-dem estar ligados à configuração das docas, falta de espaço para estaciona-mento dos caminhões, falta de equipa-mentos adequados para movimentar produtos, ao estado geral dos equi-pamentos de movimentação, o esfor-ço exigido para transferir materiais pa-ra o interior dos caminhões, à falta de espaço para as áreas de preparação de cargas, falta de sinalização de piso, às distâncias a serem percorridas puxan-do ou empurrando produtos e às con-dições ambientais.

Quedas, atropelamento, problemas de audição

O engenheiro Anderson Alves, da Vendrame Consultores Associados, empresa especializada em Segurança

RISCOS COM EMPILHADEIRASPara evitar acidentes com empilha-deiras, provocados por atropelamen-to, condução incorreta, sobrecarga e desrespeito às normas, as sugestões são as seguintes:

3 A sinalização nos locais de passagem de empilhadeiras deve ser clara e visível a todos que transitam no local, delimitando os acessos. Se possível deve-se criar sentidos únicos de circulação;

3 As empilhadeiras devem contar com buzina, luzes indicadoras de marcha e outros sinais sonoros que indiquem determinadas manobras perigosas. Ex.: sinal sonoro para a manobra de marcha à ré;

3 O operador deve fazer uso constante dos equipamentos sonoros para alertar pessoas desatentas e também dos EPIS;

3 Nunca ultrapassar o limite de velocidade;

3 Jamais indicar um operador que não tenha habilitação para operar as empilhadeiras. Há leis e normas que devem ser seguidas à risca;

3 O operador não deve exceder o limite máximo da carga para transporte por empilhadeira. Deve-se utilizar um limite de segurança que fique abaixo do limite máximo recomendado pelo fabricante da empilhadeira;

3 O abastecimento da empilhadeira deve seguir rigorosamente as regras de segurança, tanto para veículos abastecidos com carga de gás ou elétricos.

Fonte: André Ferraz Ochoa

3 Realizar treinamentos;

3 Disponibilizar a sinalização;

3 Capacitar mão de obra;

3 Elaborar mapas de riscos;

3 Fornecer Equipamentos de Proteção de Individual (EPIs) compatíveis aos riscos identificados;

3 Armazenar as cargas mais pesadas na parte inferior das prateleiras;

3 Garantir que as prateleiras suportem as cargas a que estão sendo submetidas;

3 Organizar as prateleiras de forma que o acesso a esses locais seja feito de forma segura;

3 Garantir que as escadas sejam certificadas e inspecionadas;

3 Demarcar no solo a zona de circulação de veículos e a zona destinada ao trabalho e circulação de empregados;

3 Estipular sentidos únicos de circulação;

3 Realizar inspeções nos equipamentos móveis quanto sua conservação e estado de manutenção;

3 Implantar sinais visuais e sonoros (buzina, luzes indicadoras de marcha) nos equipamentos móveis;

3 Ter um plano de manutenção preventiva para a redução dos níveis de ruído e a emissão de gases tóxicos.

Fonte: Vendrame

Para prevenir ou minimizar os riscos ocupacionais em ambiente de carga e descarga de materiais é importante que a empresa ofereça mais segurança. Para isso, é necessário:

no Trabalho, Medicina Ocupacional e Meio Ambiente, amplia o leque e des-taca os incidentes com queda de merca-dorias durante o deslocamento, arma-zenamento e transbordo de materiais. Segundo ele, os riscos podem estar também na queda do trabalhador, em mesmo nível, ao se deslocar pela área, em desnível entre as áreas de armazena-mento e em nível diferente, ao acessar as docas para transbordo de produto.

Alves aponta que podem ocorrer atro-pelamentos devido a movimentação de empilhadeiras, prensamento de membros superiores ao manusear cargas e batida contra materiais e objetos armazenados. A lista inclui problemas de audição, de-vido aos níveis de ruído acentuado pelo deslocamento de equipamentos móveis no armazém e problemas respiratórios, com a formação de monóxido de carbo-no da combustão incompleta dos equi-pamentos móveis e caminhões. Em cer-tas características de armazenamento os trabalhadores podem estar expostos aos riscos físicos (frio e calor) e químicos (ar-

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EMPRESAS DEVEM CRIAR REGRAS E PROCEDIMENTOS SOBRE PREVENÇÃO DE RISCOS EXISTENTES NOS CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO

mazenamento de substâncias químicas).De acordo com o engenheiro da Ven-

drame, para atividades envolvendo car-gas manuais a consultoria identifica al-gumas doenças comuns causadas pela atividade, como perda de audição, pro-blemas respiratórios, LER/DORT e lesões derivadas de esforços para movimenta-ção de cargas (problemas ergonômicos).

Prevenir e minimizar Para prevenir ou minimizar os aci-

dentes de trabalho nos centros de dis-tribuição, o especialista em ergonomia do IMAM sugere que a empresa crie

regras e procedimentos sobre preven-ção dos riscos existentes, implante a cultura prevencionista, treine os cola-boradores operacionais, gerencias e os coordenadores e exija que as regras e procedimentos sejam cumpridos, não tolere “gambiarras” e exposição a ris-cos e implante auditorias contínuas pa-ra melhoria das condições de trabalho.

As consequências para o trabalha-dor variam de lesões mais simples até o óbito, aponta Alves. Para o empre-gador, o custo financeiro de um afas-tamento é muito grande, as condições inadequadas de trabalho geram perda de rendimento, fadiga, estresse, dores,

doenças, afastamentos, além de danos à imagem da empresa, informa Abran-tes, do IMAM.

A punição aos empregadores vem com multa no descumprimento dos itens de segurança estabelecidos pela NR11, que refere-se a transporte, mo-vimentação, armazenagem e manuseio de materiais, podendo haver até mes-mo responsabilidade civil e criminal. “A NR11 define os requisitos de segurança a serem observados nos locais de tra-balho, no que se refere ao transporte, à movimentação, armazenagem e ao manuseio de materiais, tanto de forma mecânica quanto manual, de modo a