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Espaços livres em megacidades Espaços Urbanos. Aulas 7 e 8. Maio 2013 Bibliografia básica desse encontro: CORREA, Roberto Lobato. O espaço urbano. São Paulo: Ática, 1989. DAVIS, M. Planeta Favela. São Paulo: Boitempo, 2006. p. 31-58. Observar as referências complementares ao longo da aula CONTEÚDOS DESTA AULA: A produção da cidade Produção territorial e produção imobiliária da cidade O papel da iniciativa privada O papel do poder público O papel dos movimentos sociais e das organizações não governamentais Conceitos e temas: Diferenciação de áreas; Diferenciação socioespacial Segregação socioespacial; Fragmentação socioespacial; Exclusão social Yvonne Mautner e Klára K Mori

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Page 1: Espaços livres em megacidades Espaços Urbanos. Aulas 7 e 8. Maio 2013 Bibliografia básica desse encontro: CORREA, Roberto Lobato. O espaço urbano. São

Espaços livres em megacidades

Espaços Urbanos.Aulas 7 e 8. Maio 2013

Bibliografia básica desse encontro:CORREA, Roberto Lobato. O espaço urbano. São Paulo: Ática, 1989.

DAVIS, M. Planeta Favela. São Paulo: Boitempo, 2006. p. 31-58.

Observar as referências complementares ao longo da aula

CONTEÚDOS DESTA AULA:

A produção da cidade Produção territorial e produção

imobiliária da cidade O papel da iniciativa privada O papel do poder público O papel dos movimentos sociais e

das organizações não governamentais

Conceitos e temas: Diferenciação de áreas; Diferenciação socioespacial Segregação socioespacial; Fragmentação socioespacial; Exclusão social

Yvonne Mautner e Klára K Mori

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Espaços livres em megacidades

A produção da cidade se dá, em geral (mas não apenas), pela incorporação à cidade de glebas que antes tinham uso agrícola.

Seu “custo de produção” seria – nesses casos – equivalente à renda agrícola que era auferida por seus proprietários.

Porém, não há uma relação direta e necessária entre esse “custo de produção” e o preço praticado no mercado imobiliário urbano.

A demanda por espaço urbano muda frequentemente por vários motivos: pelo próprio processo de ocupação do espaço urbano, pela expansão do tecido urbano, por demandas artificialmente criadas etc.

Por isso, o mercado imobiliário é essencialmente especulativo, ou seja, se está sempre especulando sobre e com possibilidades de negócios, de valorização etc.

solo criado

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Espaços livres em megacidades

A incorporação de áreas agrícolas ao espaço urbano pouco tem a ver com seu custo de produção. Em verdade, se espera uma “valorização” muito superior àquela renda da terra agrícola que era auferida. Em média, há um ganho superior a sete vezes ao que se tinha com a terra agrícola.

Essa valorização, muito freqüentemente, está relacionada a mudanças na malha e no tecido urbana que ainda vão ocorrer. Por isso a maior parte das terras incorporadas só serão efetivamente vendidas após períodos longos de tempo.

Por isso, essa produção pouco tem a ver com a oferta e demanda de espaço, de moradias, de aluguéis, embora o ganho seja também influenciado por esse mercado. Por exemplo, o déficit, ou não, de moradias numa determinada cidade pode influir sobre o preço das moradias e do aluguel, mas nunca se chega próximo ao custo de produção, como poderia ocorrer com outros produtos.

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Espaços livres em megacidadesA produção da cidade

Produção territorial da cidade

Desenvolvimento urbano perspectivas econômica, social, política, cultural etc.

Crescimento urbano econômico, demográfico e territorial

Expansão urbana territorial

Alguns slides foram aproveitados do curso de Espaços Urbanos ministrado em 2008

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Espaços livres em megacidadesA produção da cidade

Produção territorial da cidade

Expansão territorial urbana horizontal

Expansão territorial urbana vertical

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Espaços livres em megacidadesA produção da cidade

Produção territorial da cidade

Expansão territorial urbana horizontal: cidades compactascidades dispersas

Presidente Prudente: Jardim Cobral. Vista do centro da cidade.Foto: JOSÉ MARCOS DE CARVALHO SANTOS

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Espaços livres em megacidadesA produção da cidade

Produção territorial da cidade

Expansão territorial urbana horizontal

Limites à expansão

Sítio: características geomorfológicas e hidrológicas do terreno onde a cidade se assenta (meio natural)

Situação: características relacionais da cidade com seu entorno (meio socialmente construído)

Legislação: possibilidades e limites. Especulação como princípio?

Valorização: possibilidades e limites. Especulação como meta?

Possibilidades técnicas e tecnológicas: acessibilidade e mobilidade; fluxos e movimentação material e imaterial

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Espaços livres em megacidadesA produção da cidade

Produção territorial da cidade

Expansão territorial urbana vertical: a reprodução ampliada da cidade

Verticalização:• Multiplicação de uma fração diminuta do

território via construção de edifícios;

• Possibilidade de compra de uma

determinada localização em detrimento de

outras;

• Uso exclusivo de parte da construção (com

direitos restritivos sobre ela) e coletivo de

áreas comuns

Limites à verticalização?

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Espaços livres em megacidadesA produção da cidade

Produção territorial da cidade

Expansão territorial urbana vertical: a reprodução ampliada da cidade

Verticalização:

Quem a produz?

• Os proprietários fundiários;

• Os empreendedores (promotores/incorporadores/corretores imobiliários, construtores);

• Instituições financeiras (valor de troca);

• O Estado (legislador, tributador, provedor, empreendedor – programas habitacionais);

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Espaços livres em megacidadesA produção da cidade

Produção territorial da cidade

Expansão territorial urbana vertical: a reprodução ampliada da cidade

Verticalização:

Por que a produzem?

• ampliar a renda fundiária urbana;

• forçar a passagem da renda diferencial à renda de monopólio;

• demanda do mercado por imóveis;

• fonte de investimento;

• escasseamento de terrenos para construção.

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Espaços livres em megacidadesA produção da cidade

Produção imobiliária na cidade

Produção que permite uma apropriação da renda fundiária sob a forma de lucro advindo da construção de imóveis

Torna visível o caráter de mercadoria conferido à terra urbana por meio do imóvel, porém com particularidades:

Um imóvel não circula e, portanto, não pode ser transportado;

É inseparável de sua localização; Está sujeito às externalidades;

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Espaços livres em megacidadesA produção da cidade

Produção imobiliária na cidade

IMÓVEIS têm maior durabilidade e, logo, tendem à

permanência [depende de sua (des)valorização ao longo do tempo];

São negociados (comprados, vendidos, alugados) com menos frequência em função do tempo de uso (exceto se houver situações de maior intensidade na especulação);

São indispensáveis para:• A reprodução da força de trabalho;• A produção de mercadorias;• A realização do consumo.

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Espaços livres em megacidadesA produção da cidade

Produção imobiliária na cidade

Quem consome a produção imobiliária da cidade?

Aqueles que adquirem ou alugam o imóvel para a reprodução do capital (bens ou serviços, valor de uso que viabiliza um valor de troca, valor potencial de troca para casos de compra) visando a relação custo-benefício;

Aqueles que adquirem como forma de investimento (valor de troca do imóvel);

Aqueles que o adquirem ou o alugam para satisfação de suas necessidades de moradia (valor de uso e potencial valor de troca para casos de compra).

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Espaços livres em megacidades

A natureza da renda fundiária urbana

Espaço valor de uso valor de troca

A produção da cidade

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Espaços livres em megacidades

O solo e suas benfeitorias seriam, na economia capitalista contemporânea, “mercadorias”. Porém, mercadorias diferentes:

a) seriam imóveis;

b) indispensáveis;

c) mudariam de mão com pouca frequência;

d) despertariam um duplo interesse de valor de uso atual e futuro e como valor de troca potencial e atual;

e) teriam necessidade (freqüente) de financiamentos;

f) propiciariam usos diferentes não necessariamente excludentes.

“retomando”:

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Espaços livres em megacidades

A questão da localização nem sempre aparece como a mais evidente na determinação da renda sobre a propriedade privada do solo urbano.

As benfeitorias (obras, por exemplo) não são as principais responsáveis pelo preço de um imóvel.

Retomando”:

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Espaços livres em megacidades

A procura por espaço, na cidade, é formada por empresas, indivíduos e entidades diversas, que tem necessidades específicas ou concorrentes.

As empresas procuram uma localização que permita a realização de suas atividades com vantagens locacionais que permitam um lucro adicional. Lucro esse advindo – portanto – de sua localização.

Essas vantagens locacionais permitem reduções de custos gradativas e permitem – ou podem permitir – margens de lucros também diferenciadas, relacionadas ao volume de vendas, por exemplo, no caso de uma empresa comercial.

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Espaços livres em megacidades

vantagens locacionais

A produção territorial da cidade

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Espaços livres em megacidades

Locais Número de rotações do estoque por ano

Margem de lucro Lucro bruto

A 1 R$ 1.000.000,00

R$ 500.000,00

B 2 R$ 2.000.000,00

R$ 1.500.000,00

C 3 R$ 3.000.000,00

R$ 2.500.000,00

Por exemplo:

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Espaços livres em megacidades

No espaço urbano a pior localização estaria relacionada a uma renda absoluta.

A produção territorial da cidade

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Espaços livres em megacidades

A renda diferencial seria aquela que permitiria, com relação a pior localização, um ganho extra. Assim o local B e o local C permitiriam rendas diferenciais a empresa que o ocupasse, em relação ao local A, a pior localização.

A produção territorial da cidade

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Espaços livres em megacidades

Para alguns autores, no espaço urbano não há a renda absoluta por que a pior localização já permite uma renda maior que a terra não urbana.

Assim, a renda da terra urbana seria uma renda de localização, sempre diferencial se comparada a primeira.

A produção territorial da cidade

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Espaços livres em megacidades

Há, ainda, um terceiro tipo de renda: a renda de monopólio.

No espaço urbano, essa seria a renda possível advinda de uma determinada localização que reunisse características únicas a quem detivesse aquela localização.

Na terra agrícola poderia ser aquela localizada, por exemplo, numa região controlada, produtora de um determinado tipo de vinho.

No espaço urbano, poderia ser – por exemplo – aquela renda auferida por um restaurante com direito de exclusividade em um aeroporto, de um supermercado com exclusividade em um shopping center etc.

A produção territorial da cidade

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Espaços livres em megacidades

Atuam: dentro do sistema capitalista; utilizando os mecanismos legais; fora dos mecanismos legais.

Dentre eles, destaca-se o Estado por ter, ao mesmo tempo, duas funções:

agente; árbitro (conflitos e contradições).

AGENTES DE PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO

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Espaços livres em megacidades

Proprietário dos meios de produção, proprietário fundiário e promotor imobiliário;

Subsidiário – atividades não rentáveis para a iniciativa privada e, portanto, carentes de investimentos (ex. habitação popular, bens de consumo coletivo);

Gestor/planejador – superar os conflitos/as contradições entre os demais agentes.

O PAPEL DO ESTADO

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Espaços livres em megacidades

Movimentos oriundos dos embates pela sobrevivência na cidade (sobretudo por bens de consumo coletivo);

Dirigem suas reivindicações ao Estado;

Podem ter caráter interclassista/aglutinando várias categorias profissionais;

Organizações sindicais, movimentos de bairro, movimentos de luta pela moradia etc.

O PAPEL DOS MOVIMENTOS (SOCIAIS) URBANOS

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Espaços livres em megacidades

Estratégias de organização e expressão política;

Luta pelo direito à cidade;

Vinculam-se a outras formas de organização política;

O PAPEL DOS MOVIMENTOS (SOCIAIS) URBANOS

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Espaços livres em megacidades

GOMES, P. C. da C. A condição urbana. Ensaios de geopolítica da cidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. p. 169-191.

SANTOS, M. Por uma economia política da cidade. São Paulo: HUCITEC, 1994. p. 115-145.

SOUZA, M. J. L. Da “Diferenciação de Áreas” à “diferenciação Socioespacial”: A “visão (apenas) de sobrevôo” como uma tradição epistemológica e metodológica limitante. Cidades. Volume 4. número 6. 2007. p. 101-114.

CARLOS. A. F. A. Diferenciação Socioespacial. Cidades. Volume 4. número 6. 2007. p. 45-60.

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