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Escrito - origem
Apreensão – memória
Apropriação – poder
Disponibilização – organização da justiça e cooperação entre os cidadãos
Gemealidade funcional - a atividade registral entre nós se desenvolveu a partir da tradição dos tabeliães portugueses. A origem assenta-se no Decreto 482, de 14 de novembro de 1846 [Jacomino – Ars notariæ].
Sistemas Registrários
O sistema francês é consensual – a transmissão da propriedade se dá pelo contrato. O registro serve para dar publicidade ao ato.
O sistema alemão é abstrato – o título origina um crédito entre as partes e o registro converte o crédito em direito real, que se abstrai da causa que lhe deu origem, gerando uma presunção absoluta iure et iure.
O sistema brasileiro é eclético –características franco-germânicas, constitutivo e causal, exige título + registro e é dotado de presunção iuris tantum.
O direito real só se consolida com o registro (formalizante), mas mantém-se vinculado a sua causa. Anulado o título, anula-se o registro.
O ato jurídico inexistente não produz efeitos na órbita jurídica. O registro de imóveis não é convalidante, pois nosso sistema não admite a eficácia saneadora do registro.
A publicidade registral é responsável pela eficácia, autenticidade e segurança jurídica.
A publicidade registral, segundo Alvaro
Delgado Scheelje¹ não é apenas um princípio,
senão é objeto mismo de la función registral,
la razón de ser de todo registro público y la
base sobre la cual se apoyan todos y cada
uno de los principios registrales.
A publicidade, efetivamente, é o fim de todos
os sistemas registrais, elemento comum a
todos e sua razão de existir.
1“La Publicidad Jurídica Registral en el Perú. Eficácia material y Princípios Registrales”, Revista Crítica de Derecho Inmobiliario, año LXXV, n° 650. Madrid, 1.991),
As notas e o registro respondem a uma
necessidade social, tratam de realizar
a segurança jurídica, não caracterizam
um fim em si mesmos.
Para que possa cumprir o desiderato de
publicizar a res certa o registrador
deve aplicar uma metódica formal.
Essa ocupação com a forma, contudo, como salienta o Des. Dipp, não corresponde ao formularismo (espartilho de regras), com suas regulações mágicas, palavras-vudús, cuja ritual observância realiza o mito da organização, ainda que não sirva, enfim, à consecução do fim ou razão de ser dessas instituições.
O registro formaliza ou representa (declara ou noticia) a res certa, conferindo-lhe seus caracteres de autenticidade e fé pública, cujos efeitos dimanam erga omnes.
A atividade notarial caracteriza-se por uma delegação do poder
do Estado, visando em especial o serviço público da
documentação das convenções, da sua autenticidade e
legalidade, da sua força executiva e probatória, bem como a
assistência preventiva e imparcial às partes interessadas para
descarregar os tribunais (Parlamento Europeu - Resolução de
18/01/1994)
Finalidade da Função Notarial: a certeza jurídica das relações
e situações subjetivas concretas.
A intervenção notarial se dá na esfera da realização voluntária
do direito, estabelece a certeza da situação a priori,
regulando e individualizando os direitos subjetivos
(preventiva), diferentemente da função jurisdicional que
atua a posteriori, depois de instalado o conflito (curativa).
A tranquilidade reclama outros funcionários, conselheiros desinteressados das partes, assim como redatores imparciais das suas vontades, fazendo-lhes conhecer o alcance das obrigações assumidas, redigindo tais obrigações com clareza, conferindo-lhes a natureza de documento autêntico e a força de uma sentença em última instância, perpetuando-lhes a lembrança e conservando fielmente o seu depósito, assim impedindo o nascimento de diferendos [desacordos] entre os homens de boa fé e tirando aos cúpidos [cobiçosos] o desejo de, na esperança de sucesso, deduzirem contestações infundadas. Estes conselheiros desinteressados, estes redatores imparciais, esta espécie de juízes voluntários que obrigam irrevogavelmente as partes contratantes são os notários; esta instituição é o notariado.
França – 1803 - Exposição de motivos da Lei Orgânica do Notariado, sessão de 14 Ventoso [terceiro mês do inverno do Calendário Revolucionário Francês], ano XI.
Segurança jurídica notarial e registral
Notário • realiza a segurança dinâmica
(situações em vias de constituição)
• formalização do dictum (narração ou representação documental de um actum)
• finalidade de conformação e preconstituição de prova
• aconselhamento das partes,
• livre eleição das partes, porque o notário é participe da elaboração consensual do direito
Registrador• realiza a segurança estática
(conservação das situações estabelecidas)
• não exercita a função prudencial de acautelar o actum, mas sim a de publicar o dictum
• não configura a determinação negocial.
• é despicienda a liberdade de sua escolha pelas partes
Principais Tarefas do Notário:
• investigação dos elementos levados pelos particulares para realização de um ato
• parecer jurídico acerca de sua concretização
• instrumentalização da vontade das partes, buscando os meios mais adequados e condizentes com o sistema jurídico-normativo
• guarda de documentos com a intenção de revestir o ato de maior segurança jurídica.
Princípios da função notarial:
• Juridicidade ou legalidade
• Cautelaridade
• Imparcialiadade
• Publicidade
• Tecnicidade
• Rogatório
• Unicidade do Ato
• Conservação
Juridicidade - o tabelião recebe a vontade das partes, a
qualifica juridicamente (conceitua e classifica) e cria o
instrumento jurídico adequado para que produza seus efeitos.
A atenção cautelar do notário se desdobra em dois aspectos:
•Consonância com o ordenamento jurídico
•Zelo pela autonomia da vontade
Cautelaridade – aconselhamento
Juízo prudencial - a função do notário é essencialmente um
mister de prudência, muito acentuada se comparada aos
demais operadores do direito, notadamente por sua natureza
cautelar.
Imparcialiadade – O notário exerce uma verdadeira
magistratura cautelar (Larraud), adianta-se ele a prevenir
e precaver os riscos que a incerteza jurídica possa acarretar
a seus clientes, impondo-se-lhe, por vezes, a aplicação de
tratamento desigual às partes, quando o caso concreto
assim o exigir, a fim de equilibrar os interesses em jogo.
Competência técnica – O notário tem um dever de
aptidão, que lhe permita qualificar adequadamente a
vontade das partes, a fim de que o ato possa produzir os
efeitos jurídicos pretendidos. O notário deve velar pela
aquisição de conhecimentos e obrigar-se a uma formação
intelectual permanente.
Publicidade - função pública é aquela atividade própria e característica do Estado, cuja organização e o cumprimento regular e contínuo interessam diretamente à coletividade.
Segundo a declaração de Madri (março de 1990): O notário exerce uma função pública, num quadro de profissão liberal, ou seja, é ele titular independente de uma função pública.
Princípio da Conservação - Os notários devem conservar todos os documentos, livros e papéis que lhe foram confiados, a fim de constituir um sistema seguro frente às perdas e deteriorações.
Rogação ou Instância - o notário não age espontaneamente, carecendo de provocação da parte interessada para exercer o seu mister. Havendo tal requerimento não pode o notário negar-se a agir; está obrigado a prestar a função notarial, que é pública, salvo impedimento ou qualificação notarial negativa.
Unicidade do Ato - O documento notarial deve ser elaborado de modo ininterrupto, sem solução de continuidade. Abrangendo a elaboração, leitura, assinaturas e encerramento (natureza instrumental – impossibilidade de acréscimo de disposições contratuais após o encerramento).
Características técnicas da função notarial FÉ PÚBLICA notarial corresponde à especial confiança atribuída por lei ao que o delegado declare ou faça, no exercício da função, com presunção de verdade. Tem ela o condão de fixar preventivamente a situação jurídica firmada perante o tabelião. A publicidade notarial é negativa, no sentido de que o ato notarial está acessível a qualquer pessoa por meio de certidão, sem dimanar efeitos erga omnes.
A publicidade registral ostenta caráter positivo, gerando eficácia erga omnes do direito inscrito nos livros do registrador.
AUTENTICAÇÃO - contém a idéia de certeza da existência de um fato ou ato jurídico, atestado pelo notário em instrumento solene.
Notariado - aspectos relevantes
Função-passarela – Entre o Estado e o cidadão. O primeiro precisa de intérpretes fiáveis que possam traduzir, objetivamente, a lei para o cidadão. Em sentido inverso, o notário exerce um importante papel na circulação da informação da base para o topo, mantendo contato permanente com as diversas entidades com as quais intervém no interesse dos usuários.
Assegura a eficácia da lei – o notário desenvolve a lei, sendo obrigado a aplicá-la e fazê-la respeitar.
Garante a proteção do consumidor – através do dever de conselho, isto é, de assistência imparcial.
Atua como mediador e árbitro – ao ser chamado a dar autenticidade aos contratos, o notário é o primeiro “juiz” que se debruça sobre o assunto, cumprindo-lhe auxiliar as partes para encontrarem a melhor solução jurídica, evidenciando-se o seu caráter negociador e conciliador.
Assegura a boa administração dos registros públicos – A fiabilidade do sistema registrário é garantia de segurança e está diretamente relacionada à boa classificação e arquivamento das informações que compõem o banco de dados.
A fiabilidade do ato notarial ultrapassa a simples forma, estendendo-se ao conteúdo do ato, provando, por si mesmo, a autoria, data, lugar e o fato das pessoas terem feito as declarações documentadas.
A força probatória do ato notarial significa que o documento basta por si próprio e quem o invoca tem apenas de exibí-lo. Quem o impugna assumirá o ônus de buscar judicialmente o seu desfazimento.
Desafios:
Valorização da atividade notarial e do instrumento público (hipossuficientes)
Difusão da ata notarial como instrumento de autenticação de situações aptas a ingressarem no registro (regularização fundiária, correção de dados de especialidade, etc.)
Langue pertencente – estabelecimento de verdadeira interconexão entre as notas e os registros – fim comum.