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ESCOLA x FAMÍLIA: UMA DISCUSSÃO EM PAUTA
GUERRA, Simone Maia. Pós-Graduada em Gestão Educacional - Faculdade de Belford Roxo
E-mail: [email protected]
ALMEIDA, Cíntia Borges de. Doutoranda em Educação/ UERJ – Professora e Orientadora da Faculdade de Belford Roxo
E-mail: [email protected]
RESUMO O trabalho apresentado constitui-se em uma parte do estudo sobre o relacionamento da família no processo de ensino e aprendizagem dos alunos, objetivando levantar uma discussão sobre a importância da família na formação da criança, o papel da escola e dos professores diante dos conflitos infantis e escolares que, algumas vezes, podem ser gerados pela falta de acompanhamento familiar, pela postura dos gestores e suas atitudes para o acolhimento ou afastamento familiar, assim como suas expectativas mediante o processo educacional. Para a operação metodológica acontecer, foram pesquisadas 345 famílias a partir de um questionário e em atendimento individuais. Esses se tornaram nossos principais instrumentos para analisar o tema através da perspectiva de famílias responsáveis pelos alunos matriculados no Colégio Guerra, uma instituição particular com um ano de existência, que visa em sua proposta focar na participação ativa dos pais e da comunidade nas ações escolares. Palavras-chave: Família; Escola; Educação. ABSTRACT The paper presented is a study about the relationship of the family in the process of teaching and learning of students, aiming to raise a discussion about the importance of the family in the formation of the child, the role of the school and the teachers in the face of children's and school conflicts that, can sometimes be generated by the lack of family support, by the attitude of the managers and their attitudes towards the reception or family leave, as well as their expectations through the educational process. For the methodological operation to occur, 345 families were surveyed from a questionnaire and in individual care. The questionnaires and the individual consultations became our main instruments to analyze the subject from the perspective of families responsible for the students enrolled in the Colégio Guerra, a private institution with a year of existence that aims to focus on the active participation of parents and the community in school actions. Keywords: Family; School; Education. 1.INTRODUÇÃO
Com um olhar mais atento para as demandas da educação, percebe-se que vários
problemas educacionais vêm aparecendo em nossas escolas. Dentre eles, notam-se questões
conflituosas em torno da desordem, da falta de respeito às regras institucionais e sociais, a
falta de limites dos alunos. Cada dia que passa, observam-se as escolas sofrendo e
enfrentando problemas na relação pré-estabelecida com os responsáveis dos discentes. São
famílias que lançam suas responsabilidades nas mãos dos professores, ou ainda, pais que
delegam e esperam que as escolas eduquem seus filhos, sem se atentar que a tarefa envolve
ambas as partes. Do nosso ponto de vista, acreditamos ser necessário encontrar uma saída
para superar esse confronto em que a sociedade moderna nos impõe e, com isso, a geração de
uma situação que sufoca, estrangula as ações dos gestores e educadores.
Com esse compromisso, enfatiza-se que o presente texto tem como objetivo refletir
sobre o relacionamento da família no processo de ensino e aprendizagem dos alunos do
Colégio Guerra, instituição de ensino particular localizada em São João de Meriti, levantando
uma discussão sobre o acompanhamento familiar na formação educacional da criança, o papel
da escola e dos professores.
Deve ser frisada a relevância dessa pesquisa para o campo da educação, pois se
observa, frequentemente, conflitos infantis e escolares que, em alguns momentos, são
ocasionados pela falta de acompanhamento da família, pelos descasos de gestores, pela falta
de acolhimento e pelas expectativas, por vezes, frustradas dos professores; questões que
merecem nosso debruçamento e um olhar mais atento.
2.UM OLHAR A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DO COLÉGIO GUERRA
Ainda no final do século XIX, estudos no campo da História da Educação mostram a
existência de discursos, fossem estatais ou da própria sociedade civil, que pregavam a ideia e
a necessidade de garantir o progresso e o desenvolvimento da nação, a partir de paradigmas
de ideais liberalistas e iluministas, que propunham o estabelecimento da ordem e a civilidade,
através da educação do povo, criticando por fim, a educação no âmbito apenas familiar.
A proposta consistia em uma instrução coletiva, anunciado e seguida pelos moldes
estatais. Assim, com esse propósito, já no início do século XX, com a preocupação de renovar
a educação, houve uma descentralização da educação familiar, passando para a escola a
função disciplinar e mantedora da ordem e do conhecimento formal. A abrangência escolar
visualizada pelos projetos de reforma do ensino pretendia abarcar o maior número de crianças
em idade escolar na escola conforme salienta Cíntia Almeida (2012).
Em diálogo com a autora supracitada, o objetivo da escola focava muito mais os
interesses da sociedade do que do indivíduo. “A sociedade estava em transformação e
necessitava ser modificada” (ALMEIDA, 2012, p.43). Contudo, segundo Alexandra Campos
“a família que havia perdido a sua função de educar, a parir da década de 30, com as ideias de
uma escola e uma pedagogia renovada, a família reapareceu com o intuito de colaborar com a
educação dos filhos” (CAMPOS, 2011, p.03).
A questão da relação família e escola é um tema bastante discutido por gestores e
pesquisadores, já que, alguns professores enfrentam, em seu dia a dia, confrontos no que se
refere à família e ao aluno. De acordo com Geraldo Romanelli, “tal arejamento dos estudos
sobre família certamente contribuiu para fornecer subsídios empíricos e teóricos para a análise
das relações entre a instância doméstica e a escolar” (ROMANELLI, 2003, p. 32).
Foi o que pudemos notar a partir da análise das pesquisas debatidas por estudiosos do
campo da história da educação que, em seus trabalhos recentes (FARIAS FILHO, 2000),
(MAGALDI, 2003), (CAMPOS, 2011) (ALMEIDA; COSTA 2015), propõem uma revisão às
afirmações categóricas de que essa relação trata-se de uma preocupação recente e pouco
debatida pelos educadores. No entanto, uma indagação ainda paira sobre nós: como buscar a
efetiva participação da família no desenvolvimento escolar?
Buscando responder a indagação em torno da participação familiar na escola,
propusemos levantar dados e verificar os possíveis caminhos apontados. Assim, realizamos
uma pesquisa de campo em uma escola particular em São João de Meriti, com o envolvimento
das 345 famílias que compõem o núcleo de matrículas do Colégio Guerra. Para tanto, a coleta
de dados ocorreu nos meses de março e abril de 2017. A fim realizar essa pesquisa utilizamos
como instrumento de pesquisa um questionário, entregue aos pais através das agendas
escolares dos alunos e entrevistas informais de ensino acontecidas no interior da instituição.
Entre os 345 questionários enviados, foram entregues respondidos 227 deles por
pessoas da família do aluno (pai, mãe, avó, tio, entre outros). A pesquisa de campo foi
realizada com o propósito de identificar como se dá a participação das famílias no processo
escolar das crianças, levando em consideração vários aspectos familiares, como o
envolvimento nas tarefas e as relações com os professores e gestores. Ainda, tínhamos a
intenção de observar com esses responsáveis vêem e compreendem a instituição escolhida
para educar os alunos em questão.
O questionário lançado buscava, inicialmente, compreender as características e a
composição das famílias envolvidas. Veja o exemplo abaixo:
FIGURA 1- Caracterização e composição das famílias do Colégio Guerra
Neste primeiro momento, observou-se que há diferentes composições familiares,
porém, ainda há um número maior de famílias nucleadas por pai, mãe e filhos. De acordo com
Maria Auxiliadora Dessen e Ana Polonia (2007) não existe uma configuração familiar ideal,
porque são inúmeras as combinações e formas de interação entre os indivíduos que
constituem os diferentes tipos de famílias contemporâneas: nuclear tradicional, recasadas,
monoparentais, homossexuais, dentre outras combinações.
Partindo para a segunda questão trazida, buscamos mostrar a opinião das famílias
referentes à participação das mesmas na escola.
FIGURA 2- Avaliação da participação da família na escola
O que foi possível observar com os dados obtidos na questão2? Primeiramente, que as
mesmas famílias analisadas compreendem a importância da participação familiar, embora,
15% dos responsáveis questionados optaram por destacar a necessidade da participação, ainda
que, não a tenham visto como imprescindível, o que pode abrir margem para indagarmos se
ser avaliada “necessária”, por si só, garanta a participação dos mesmos na instituição ou
apenas reforça o envolvimento eventual dos pais? De acordo coma pesquisa realizada por Ana
Polonia e Maria Auxiliadora Dessen (2005), o acompanhamento da vida escolar dos filhos por
seus pais é um fator importante para a aprendizagem e para o sucesso acadêmico de crianças e
jovens. Observamos que a participação é desejável, mas, julgamos necessitar de mais
elementos para compreender a efetiva participação familiar.
A questão a seguir mostra o acompanhamento familiar no desenvolvimento escolar da
criança e como as famílias fazem para acompanhar o trabalho pedagógico.
FIGURA 3- O acompanhamento pedagógico
A pergunta lançada não demonstrou muito conforto por parte dos pais em respondê-la,
ou ainda, não foi muito bem elaborada, podendo ter causado dificuldades de interpretação, já
que pouco mais de 50 % dos responsáveis se dedicaram a sua resposta. Dentre os 122
questionários que continham a resposta 3, 28% declararam acompanhar o desenvolvimento de
casa, o que nos demonstra baixa participação efetiva. Ainda, 38% das respostas se basearam
na participação das reuniões oficiais para justificar o acompanhamento pedagógico. Contudo,
34% dos responsáveis que se submeteram à réplica, alegam reconhecer a necessidade de um
acompanhamento mais frequente e a busca pelo professor para atender suas dúvidas e
informar sobre o processo escolar do filho.
Como compreender a questão? Os resultados levantados mostram que as famílias, em
sua maioria, sempre vão à escola, embora uma parte participe mais frequentemente enquanto
a outra participe esporadicamente, quando há convocação oficial das reuniões escolares. Das
respostas obtidas, apenas uma das 122 famílias que responderam a questão afirmou que a
responsabilidade pelo desenvolvimento do filho é da escola e que não pode ajudá-lo.
E a pergunta seguinte, o que buscou saber? Nossa intenção com ela foi mostrar a
presença física das famílias na escola, independente do assunto solicitado. Para tanto,
observem abaixo:
FIGURA 4- A presença física na escola
Segundo a resposta da maioria dos pais, cerca de 68% dos entrevistados, indicaram
que sempre estão presentes na escola. Mas, como se dá essa presença? O alarmante no
resultado é que se somarmos as demais respostas dos pais que, vão à escola somente quando
são chamados, com os dados que envolvem a falta de tempo; teremos 77 núcleos familiares,
35%, que não estão envolvidos no processo escolar dos filhos ancorados na questão temporal,
o que, consequentemente, permite supormos seu entendimento de que a escola deva suprir sua
falta e ausência no processo educacional. A questão acima nos remete a um ponto nevrálgico,
pois, como cita Váleria Chechia e Antônio Andrade, (2005), “o apoio e a participação dos
pais na vida escolar dos filhos colaboram com escolas no sentido de se obter um trabalho de
classe mais equilibrado” (CHECHIA; ANDRADE, 2005, p. 431).
A próxima imagem apresenta uma das respostas das famílias quanto ao
acompanhamento no desenvolvimento da criança através de cadernos e agenda. Se a presença
não se dá fisicamente, como ela acontece no contexto domiciliar?
FIGURA 5- Participação domiciliar
A principal ferramenta de comunicação entre a escola e a família, a agenda, possibilita
uma maior interação com a escola. Através dela, colaboramos com o desenvolvimento da vida
escolar da criança, principalmente, em um contexto no qual, declaradamente, os pais
enfatizam não ter tempo para uma participação efetiva e física na instituição do aluno. A
colaboração da agenda pode ser notada pela resposta bastante significativa dada à questão 5,
na qual, 85% das famílias envolvidas na pesquisa declaram estar atentos ao seu conteúdo,
bem como, aos cadernos escolares. Nessa direção, a relação Escola x Família começa a ser
um pouco mais notada. As lições de casa, por exemplo, são importantes instrumentos para a
composição dessa relação supracitada. Fazer as atividades de casa com as crianças beneficia a
relação pais e filhos e, assim, proporciona na criança um interesse maior nas questões
escolares. Maria Auxiliadora Dessen e Ana Polonia (2007) observam: O envolvimento dos pais em atividades, em casa, que afetam a aprendizagem e o aproveitamento escolar. Este envolvimento ocorre sob diferentes formas de acompanhamento das tarefas (monitorar a sua realização) ou ainda, em orientações sistemáticas do comportamento social e engajamento dos filhos nas atividades da escola realizadas por iniciativa própria ou por sugestão da escola (DESSEN; POLONIA, 2007, p. 27).
Destaca-se na questão anterior que apenas 33 famílias dentre 227 pesquisadas, 15% do
núcleo analisado, alegam verificar agendas e cadernos com pouca peridiocidade. Para
complementar a análise em torno da relação Escola x Família, a pergunta lançada mostrará,
em seguida, o grau de envolvimento das famílias com o processo escolar dos seus filhos,
fazendo com os pais se auto-avaliassem em torno da sua inclusão no processo escolar.
FIGURA 6- Auto-avaliação de envolvimento no processo escolar
Como declarar suas próprias falhas? O resultado acima é um exemplo do quão difícil é
se avaliar um sujeito pouco comprometido com seu papel de educador. Se recorrermos aos
resultados dos questionários anteriores, lembraremos que 60% dos pais não declararam achar
a sua participação na escola como algo imprescindível; 35% não estão envolvidos no processo
escolar dos filhos ancorados no discurso da falta de tempo, 15% alegam observar as agendas e
cadernos com baixa peridiocidade; mas, ainda assim, apenas 1% dos entrevistados assumiu
que o seu envolvimento com o processo escolar de seus filhos é ruim e apresenta falha.
Em contrapartida, 77% dos responsáveis submetidos ao estudo e que prestaram
respostas ao mesmo, avaliam o seu envolvimento como “ótimo”, aquele adequado e esperado
em um processo educacional. Os resultados verificados acima demonstram que as famílias
pesquisadas, em uma escala de ótimo à ruim consideram, em sua maioria, terem o grau
máximo de envolvimento com o processo escolar de seus filhos. Sobre essa participação,
Maria Auxiliadora Dessen e Ana Polonia (2007) ressaltam a importância que a família e a
escola têm e constroem conjuntamente, por serem agências de desenvolvimento e
aprendizagem humana que podem funcionar como propulsores ou inibidores das trocas de
saber e dos conhecimentos educacionais formais e informais.
Partindo para a próxima questão, ela se refere à medição do aprendizado da criança, se
ele pode melhorar e ser ampliado com a participação das famílias. Vejamos a opinião de um
dos entrevistados:
FIGURA 7- Medição do aprendizado da criança com a participação da família
De acordo com Valéria Chechia e Antônio Andrade (2005) crianças tendem a mostrar
melhores habilidades acadêmicas se os pais tiverem maior envolvimento e maior grau de
escolaridade. Segundo as respostas observadas, os pais também acreditam na relevância do
seu envolvimento. Isso está subentendido nas 203 respostas afirmativas, cerca de 89% dos
entrevistados que participam da pesquisa. A maioria dos pais entende que a parceria Escola x
Família dá certo e auxilia, positivamente, no desenvolvimento acadêmico das crianças. Mas,
não podemos deixar de questionar se a sua participação efetiva e tão expressiva como o
entendimento acerca da necessidade de participar. Seguimos para a pergunta 8, a fim de
ampliar esse entendimento.
Ela refere-se, mais uma vez, embora questionado de forma diferente, ao
acompanhamento das famílias no desenvolvimento escolar das crianças. Agora, visamos fazê-
los olhar a relação de fora, a sociedade como um todo, não mais sua participação exclusiva.
FIGURA 8- O acompanhamento familiar pela sociedade
Observamos que não há uma opinião consensual entre os pais, sendo interessante
destacarmos que apenas 36% declararam “sempre” e “frequentemente”, um número bastante
reduzido comparados com os 89% dos entrevistados que declararam que acreditam que a
participação familiar sempre contribui no processo escolar. Isso permite inferirmos que,
apesar de compreenderem a importância da contribuição familiar, os mesmos ao julgarem as
demais famílias, se sentem mais a vontade para declararem a pouca participação das famílias
no espaço escolar.
Essa resposta, ainda, confirma a impressão tida a partir das respostas da tabela 2, na
qual os pais acreditam ser importante a presença e o acompanhamento das crianças, porém,
avaliam que o acompanhamento é pequeno e que o tempo que tem para dedicar-se a
participação dos filhos na escola é menor do que deveria ser. Vale ressaltar que 2 famílias não
souberam opinar sobre esse fato.
A questão 9 refere-se à medição da disponibilidade dos professores, acessibilidade e o
contato com os pais, permitindo que o foco se volte para a instituição e seus funcionários.
FIGURA 9- Contatos com os professores
A pesquisa indica que a maior parte dos responsáveis acredita haver acessibilidade no
contato com os professores, sendo que 80% declararam boa e frequente aproximação. Mas,
não devemos menosprezar a respostas dos outros 52 entrevistados, 23% dos envolvidos, que
não demonstraram um alto grau de satisfação na acessibilidade oferecida.
Isso nos sugere pensar se os mesmos buscam esse contato e não tem o retorno, o que
configura uma falha no atendimento oferecido pela escola. As informações ilustradas ainda
permitem questionar se os responsáveis se preocupam em criar esse canal de comunicação e
contato tão necessário e importante para a constituição da relação Escola x Família. Conforme
anunciam Valéria Chechia e Antônio Andrade (2005) há uma preocupação latente nos pais de
que o desempenho acadêmico do filho depende do professor, levando, geralmente, que os pais
culpabilizem os professores pelos insucessos dos filhos e a escola pela desestruturação da
relação debatida. Para finalizar, propusemos que os mesmos anunciassem a sua satisfação
com a recepção da escola.
FIGURA 10- Recepção da escola.
O questionário mostra que, na perspectiva dos responsáveis, a escola proporciona o
acolhimento às famílias, já que 186 entrevistados, um núcleo de 85%, demonstraram um alto
grau de satisfação com a recepção que a escola oferta aos familiares. De acordo com Nice
Rodrigues “a escola deve estar pronta para prestar informação e atender solicitamente, quando
for procurada” (RODRIGUES, 1971, p. 18), o que permite inferirmos que a instituição, a
gestão e o corpo docente estão em consonância com as expectativas dos responsáveis.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O acolhimento as famílias deve ser feito de forma agradável e confiável, a boa relação
deve acontecer sempre na construção da confiança para um melhor relacionamento. O que foi
possível perceber com o estudo de caso desenvolvido a partir das respostas adquiridas pelo
questionário proposto? Primeiramente, que o instrumento atenderia um fim específico e
desejado. Ele, enquanto uma estratégia de pesquisa, foi utilizado para buscar respostas e,
como todo documento, trata-se de uma seleção, um dispositivo que recortou e conduziu o
debate proposto.
Ainda assim, a operação metodológica funcionou para coletar dados necessários para
costurarmos o enredo em pauta: a relação Escola x Família. Várias outras perguntas poderiam
ter sido feitas. Com elas, possivelmente, o resultado teria se modificado. Contudo, a partir do
recorte que propusemos observamos que, em geral, os pais e a escola estão preocupados em
colaborar juntos para o melhor desenvolvimento das crianças, pois, já reconhecem a
relevância da parceria como forma principal no processo educacional, que é formal e
informal, constituído pelo espaço escolar, mas também, enriquecido por outras instituições
educacionais que compõem os saberes e os conhecimentos dos sujeitos.
Dessa forma, escola e família devem estabelecer relações de colaboração, em que a família possa agir como potencializadora do trabalho realizado pela escola, de forma a incentivar, acompanhar e auxiliar a criança em seu desenvolvimento, ao mesmo tempo em que a escola realize uma pratica pedagógica que contribua na formação do ser crítico-reflexivo, e que valorize a participação ativa dos pais no processo educativo, contribuindo assim, para a construção de uma sociedade transformadora. (SANTOS; TONIOSSO, 2014, p. 133).
É necessário estabelecer estratégias para a troca entre família e a escola, propiciando
o envolvimento nas tarefas da escola, não somente nas reuniões de pais, mas, transformando a
escola num espaço da família, para a família e com a família.
A família é o primeiro lugar de socialização da criança, mas, será na escola que a
criança reproduzirá os valores e desenvolvidos por esse espaço domiciliar. Torna-se
fundamental o estreitamento da relação entre família e a escola. Diante disso, a escola deve
buscar meios e ações para que esse relacionamento seja favorável e satisfatório tanto para a
família como para o alunos.
Percebe-se desta forma que a interação família/escola é necessária, para que ambas conheçam suas realidades e suas limitações, e busquem caminhos que permitam e facilitem o entrosamento entre si, para o sucesso educacional do filho/aluno. Nesse sentido, faze-se necessário retomar algumas questões no que se refere à escola e à família tais como: suas estruturas e suas formas de relacionamento, visto que, a relação
entre ambas tem sido destacada como de extrema importância no processo educativo das crianças. (SOUZA, 2009, p. 07).
Sendo assim, escola e família são alicerces para o desenvolvimento pleno do
indivíduo. Contudo, não há uma formula mágica para o desenvolvimento desse
relacionamento. Cada escola vive uma realidade e, igualmente, acontece nas famílias.
Portanto, é necessário se conhecer a realidade e se estruturar projetos próprios para a criação
desses vinculo família/escola.
A pesquisa de campo foi realizada para que pudéssemos sondar uma realidade posta e
comum a tantas outras espalhadas pelas instituições brasileiras. A partir dela, observamos
diferentes pontos de vista, refletimos sobre o envolvimento dos familiares, escutamos suas
angústias e buscamos apontamentos que buscam compreender os problemas existentes.
O resultado da pesquisa, a nosso ver, pode ser considerado positivo, ainda que
inconcluso. Positivo, pois, a maioria das famílias pesquisadas mostra preocupação com seus
filhos e seu desenvolvimento escolar, como também, tentam participar, presencialmente ou de
forma domiciliar, da vida escolar de seus filhos. Inconcluso, pois, sabemos que o temos não
apresenta uma única resposta ou não possui uma fórmula a ser seguida para solucioná-lo e
extirpar os ruídos ainda existentes na relação entre Escola e Família.
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