escola técnica “dr. gualter nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por...

42
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL “MANOEL GUEDES” Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” Habilitação Profissional de Técnico em Farmácia Primeiros Socorros MÓDULO I Tatuí-SP 2018

Upload: lamanh

Post on 10-Nov-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL “MANOEL GUEDES”

Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes”

Habilitação Profissional de Técnico em Farmácia

Primeiros Socorros

MÓDULO I

Tatuí-SP

2018

Page 2: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

1

SUMÁRIO

1 – Suporte Básico de Vida (BLS) ............................................................................................................. 02 1.1 – Conceito Geral ................................................................................................................................. 02 2 – Parada Respiratória ............................................................................................................................ 02 2.1 – Parada Respiratória no Adulto ......................................................................................................... 02 2.2 – Parada Respiratória na Criança ...................................................................................................... 05 2.3 – Dispositivos de Proteção Utilizados na Respiração Boca a Boca ................................................... 06 3 – Parada Cardíaca ................................................................................................................................. 08 3.1- No adulto ........................................................................................................................................... 08 3.2 – Na Criança ....................................................................................................................................... 10 4 – Hemorragias ....................................................................................................................................... 15 4.1 – Definição .......................................................................................................................................... 15 4.2 – Diagnóstico ....................................................................................................................................... 15 4.3 – Sequencia no atendimento .............................................................................................................. 16 4.4 – Conduta perante hemorragia externa .............................................................................................. 16 4.5 – Hemorragia Nasal ............................................................................................................................ 16 5 – Ferimentos .......................................................................................................................................... 16 5.1 – Definição .......................................................................................................................................... 16 5.2 – Conduta nos ferimentos superficiais ................................................................................................ 17 5.3 – Conduta nos ferimentos profundos .................................................................................................. 17 5.4 – Ferimentos profundos no tórax ........................................................................................................ 17 5.5 – Ferimentos profundos no abdome ................................................................................................... 18 5.6 – Ferimentos na cabeça ..................................................................................................................... 18 6 – Choque ................................................................................................................................................ 18 6.1 – Definição .......................................................................................................................................... 18 7 – Fraturas ............................................................................................................................................... 19 7.1 – Definição .......................................................................................................................................... 19 7.2 – Diagnóstico ...................................................................................................................................... 19 7.3 – Tipos de Fratura ............................................................................................................................... 21 7.4 – Fraturas de crânio ............................................................................................................................ 21 7.5 – Fraturas de coluna ........................................................................................................................... 22 7.6 – Fratura de costela ............................................................................................................................ 22 7.7 – Fratura de bacia ............................................................................................................................... 23 8 – Contusões, Entorses e Luxações ....................................................................................................... 23 9 – Queimaduras ...................................................................................................................................... 23 9.1 – Definição .......................................................................................................................................... 23 9.2 – Classificação .................................................................................................................................... 23 9.3 – Procedimentos de urgência no atendimento ao queimado .............................................................. 24 10 – Intoxicações ...................................................................................................................................... 25 10.1 – Definição ........................................................................................................................................ 25 10.2 – Tratamento geral de todo intoxicado .............................................................................................. 25 11 – Acidentes por Animais Peçonhentos ................................................................................................. 25 11.1 – Medidas de primeiros socorros nos acidentes por aracnídeos e serpentes .................................. 26 11.2 – Acidentes por insetos urticantes ou vesicantes ............................................................................. 27 12 – Transporte dos Acidentados ............................................................................................................. 27 13 – Desmaio e Convulsão ....................................................................................................................... 28 14 – Afogamento ....................................................................................................................................... 29 14.1 – Definição ........................................................................................................................................ 29 14.2 – Conduta .......................................................................................................................................... 30 15 – Insolação e Intermação ..................................................................................................................... 30 16 – Febre Elevada em Crianças - Meios Físicos .................................................................................... 31 17 – Choque Elétrico ................................................................................................................................. 32 18 – Tratamento da Obstrução das Vias Aéreas por Corpo Estranho ...................................................... 32 18.1 – Em adultos ..................................................................................................................................... 32 18.2 – Em lactentes e crianças ................................................................................................................. 35 19 – Prevenção de Acidentes na Infância ................................................................................................. 38 20 – Partos ................................................................................................................................................ 40

Page 3: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

2

21 – Referências ....................................................................................................................................... 42 1. SUPORTE BÁSICO DE VIDA (BLS)

1.1 Conceito Geral Chamamos de BLS ou Primeiros Socorros, as medidas iniciais e imediatas aplicadas à vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes.

Cadeia de Sobrevivência

ACE: Atendimento Cardiovascular de Emergência AHA: American Heart Association PCR: Parada Cardiorespiratória RCP: Ressuscitação Cardiopulmonar

2. PARADA RESPIRATÓRIA 2.1 Parada Respiratória no adulto:

É a supressão súbita dos movimentos respiratórios, podendo ser acompanhada ou não de parada cardíaca.

Diagnóstico: é definido através dos seguintes sinais e sintomas:

• Ausência de movimentos respiratórios; • Cianose (cor azul dos lábios, unhas, não obrigatório); • Dilatação das pupilas (não obrigatória); • Inconsciência.

Nos casos em que apresentem parada respiratória após trauma (acidente) não devemos nos esquecer da possibilidade de fratura de coluna cervical. Como no local do acidente não dispomos de métodos diagnósticos, devemos considerar todos os pacientes como portadores de lesão de coluna até que se prove o contrário no hospital. Quando a vítima não responde, o socorrista deve verificar se ela está respirando. Esta avaliação requer o posicionamento adequado da vítima, com as vias aéreas abertas. Posição da vítima para iniciar o atendimento:

Page 4: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

3

Para que a RCP seja eficiente, a vítima deve ser posicionada adequadamente, sendo que esta deverá estar deitada em superfície plana e rígida. É imperativo que a vítima inconsciente seja posicionada, o mais breve possível. Se a vítima estiver de bruços (em decúbito ventral), o socorrista deve girar o corpo como um todo, de maneira que a cabeça, ombros e torso se movem simultaneamente, sem se torcer. Deve-se tomar muito cuidado se houver suspeita de lesão no pescoço ou nas costas. Para vítimas que estejam deitadas, pode ser utilizada a seguinte seqüência:

• Ajoelhe-se ao lado da vítima, a uma distância aproximadamente igual à largura do corpo, na altura da sua linha do ombro, pois assim haverá espaço suficiente para girar o corpo da vítima com o pescoço devidamente apoiado. • Mova o braço da vítima aproximando-o de você de modo a ele ficar acima da cabeça da vítima. • Se necessário, estique as pernas da vítima, para que estejam retas ou levemente flexionadas no joelho. • Coloque sua mão atrás da cabeça e do pescoço da vítima, como apoio. • Com a outra mão, segure a vítima por baixo do braço, abraçando o ombro e o torso. • Gire a vítima para seu lado, puxando-a de maneira firme e equilibrada no ombro e ao mesmo tempo controle a cabeça e o pescoço, que devem estar no mesmo plano das costas, movendo o corpo sempre como um todo.

Caso a vítima não esteja respirando, deve ficar em posição supina, com os braços ao

longo do corpo. Desta forma, estará na posição adequada para o próximo passo na RCP.

Desobstrução das vias aéreas

Uma das condutas mais importantes para o sucesso na ressuscitação é a rápida

desobstrução das vias aéreas. A vítima não responsiva, em geral, apresenta perda do tônus muscular, com conseqüente obstrução da faringe pela queda da base da língua e tecidos moles da faringe. A língua é, em geral, a causa mais comum de obstrução das vias aéreas em vítimas inconscientes. A língua ou a epiglote pode criar a obstrução quando a pressão negativa produzida pelo esforço inspiratório fecha a entrada da traquéia. Como a língua está presa ao maxilar inferior, o movimento do maxilar para frente levanta a língua da parte posterior da faringe e abre as vias aéreas.

O socorrista deve se valer da manobra de inclinar a cabeça e elevar o queixo para desobstruir as aéreas. Se um corpo estranho ou vômito for visível na boca, deve ser removido. Não se deve levar muito tempo neste procedimento. Os líquidos e semilíquidos devem ser

Page 5: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

4

removidos com o dedo indicador e o médio, protegidos por um tecido; os corpos sólidos devem ser extraídos pelo dedo indicador em posição de gancho. a) Manobra de inclinação da cabeça e elevação do queixo (atualmente mais usada). Para se

realizar esta manobra você deve:

• Colocar uma das mãos na testa da vítima e pressioná-la firmemente para trás, a fim de que a cabeça se incline.

• Colocar os dedos da outra mão sob a parte óssea do queixo. • Elevar o queixo para cima e sustentar a mandíbula, ajudando a inclinar a cabeça para trás. Posição de recuperação:

Se a vítima estiver sem resposta, não houver evidência de trauma e estiver claramente

respirando de maneira adequada, o socorrista deve colocá-la na “posição de recuperação” . • Girar a vítima para o lado de forma que cabeça, ombros e costas sejam girados

simultaneamente, sem torção. • Se a pessoa socorrida tiver sido vítima de trauma ou houver suspeita de trauma, ela não deve

ser movida. Na posição de recuperação, as vias aéreas muito provavelmente manter-se-ão

desobstruídas, e uma obstrução não reconhecida (pela queda da base da língua para trás) é menos provável.

É fundamental que a vítima em posição de recuperação esteja sob observação direta e contínua até que se torne responsiva ou até que o pessoal treinado chegue para assumir o tratamento da vítima. A posição de recuperação, também, pode ser utilizada para vítimas ressuscitadas com sucesso.

Respiração de resgate Levando em consideração o ensino e a orientação, iremos apresentar a baixo a técnica de respiração Boca a Boca: Boca a boca: A respiração boca-a-boca foi considerada uma maneira rápida e eficiente de se suprir oxigênio à vítima. O socorrista deve inflar os pulmões da vítima de maneira adequada em cada ventilação.

• Mantenha as vias aéreas desobstruídas, usando a

técnica da inclinação da cabeça e elevação do queixo. • Levemente, pince o nariz usando o polegar e o dedo

indicador (da mão que está na testa), para que o ar não escape pelo nariz da vítima.

Page 6: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

5

• Respire normalmente e coloque seus lábios na boca da vítima, vedando-a e criando um selo à prova de vazamento de ar.

• Em seguida, insufle duas vezes, sendo que cada respiração seja de 1 segundo.

Respiração de resgate boca-a-boca.

Deve-se garantir um tempo adequado para as duas insuflações (1 segundo para cada uma) para que haja boa expansão torácica e menor possibilidade de distensão gástrica (a medida de tempo “por insuflação” é usada, aqui, como o tempo inspiratório da vítima). O socorrista deve inspirar, após cada ventilação, e cada ventilação deve ter volume suficiente para expandir o tórax. A respiração de resgate deve ser realizada a um ritmo de 8 a 10 insuflações por minuto. Um volume de ar muito grande e um fluxo inspiratório muito rápido podem causar pressões na faringe que excedam a pressão de abertura do esôfago, permitindo que o ar entre no estômago e cause distensão gástrica. A indicação de ventilação adequada é dada quando:

• Observamos o tórax subindo e descendo. • Ouvimos e sentimos o fluxo de ar durante a expiração. 2.2 Parada Respiratória na Criança:

O relaxamento dos músculos e o deslocamento passivo posterior da língua podem levar obstrução das vias aéreas na vítima inconsciente. Sempre que for encontrada uma vítima inconsciente e que não esteja respirando, as vias aéreas devem ser abertas rapidamente, através da manobra de elevação do queixo e inclinação e fixação da cabeça, proporcionando desta forma a imobilização da coluna cervical. Se a criança estiver consciente e apresentar respiração espontânea, porém com esforço intenso, não se deve perder tempo tentando abrir mais as vias aéreas. Em vez disso, a criança deve ser transportada, o mais rapidamente possível, para um serviço onde se aplique o suporte avançado de vida. Abertura das vias aéreas Para realizar esta técnica deve observar os seguintes passos: • Coloque uma mão na testa da criança e incline a cabeça gentilmente para trás até uma

posição neutra. O pescoço é ligeiramente estendido. • Coloque os dedos, exceto o polegar, da outra mão sob a parte óssea do queixo e eleve a

mandíbula para fora e para o alto. • Tenha cuidado para não fechar a boca ou empurrar os tecidos moles abaixo do queixo, pois

estas manobras podem obstruir mais do que as vias aéreas. • Se um corpo estranho ou vômito estiver visível, remova-o.

Page 7: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

6

Avaliação da respiração

Se a respiração espontânea está presente, a perviabilidade das vias aéreas deve ser

mantida. Se o lactente ou a criança não apresente resposta, não tem evidência de trauma e a respiração é obviamente eficiente, o socorrista deve colocar a vítima em posição de recuperação e ativar o SME. Se a vítima está respirando efetivamente, é suficientemente pequena e não há evidência de trauma, o socorrista pode carregar a vítima até o telefone para uma rápida ativação do SME.

Respiração de salvamento na criança

Em se tratando de criança, algumas alterações técnicas são necessárias para desenvolvermos procedimentos de resgate. A respiração de salvamento é diferenciada na criança, até mesmo no que diz respeito à idade. Em crianças com idade até 1 (um) ano, o socorrista deverá realizar o procedimento da seguinte forma:

• Cobrir o nariz e a boca da criança com a sua boca, criando uma vedação. Uma mão faz a inclinação da cabeça, enquanto a outra eleva o queixo do lactente. Evite a inclinação da cabeça se houver trauma craniano ou de pescoço.

• Crianças acima de 1 (um) ano a boca do socorrista deverá cobrir a boca da criança, criando uma vedação boca-a-boca. Uma mão faz a elevação do queixo, enquanto o polegar e o indicador da outra mão são usados para pinçar o nariz da criança e fixar a cabeça.

Criança até 1 ano Criança acima de 1 ano

2.3 Dispositivos de proteção utilizados na Respiração Boca a Boca:

Devemos sempre pensar, em primeiro lugar, na proteção da pessoa que esta executando

o atendimento. Devido inúmeras doenças que podem ser transmitidas pela saliva, desenvolveu-se dispositivos de proteção (barreiras de proteção) para se evitar o contato da mucosa do socorrista com a mucosa da vítima.

Page 8: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

8

Pocket Mask

Lenço facial 3. PARADA CARDÍACA 3.1 No adulto

A parada cardíaca é reconhecida pela ausência de pulso nas grandes artérias da vítima

inconsciente. O coração pára de bombear o sangue para o organismo que, desta forma, deixa de

transportar oxigênio para os tecidos. Existem tecidos que resistem vivos, até algumas horas, à falta de oxigênio. No enquanto, o cérebro, centro essencial do organismo, começa a deteriorar-se após três minutos de falta de oxigênio. Desta forma o diagnóstico e a recuperação cardíaca devem ser feitos de imediato. Caso haja demora na recuperação cardíaca, o cérebro pode sofrer lesões graves e irreversíveis.

Diagnóstico:

• Ausência de pulso (radial, femoral e carotídeo); • Pele fria, azulada ou pálida; • Parada respiratória (freqüente, mas não obrigatória); • Inconsciência; • Dilatação das pupilas (freqüente, mas não obrigatória); • Na dúvida, proceda como se fosse. A parada cardíaca é reconhecida pela ausência de pulso nas grandes artérias das vítimas

inconsciente e sem respiração. No entanto, se a vítima estiver ventilando adequadamente, muito provavelmente a circulação também será adequada, e a parada cardíaca é pouco provável.

Para um atendimento eficiente e eficaz, foi desenvolvido um protocolo seqüencial de atendimento, sendo utilizada uma sequência de letras representando as etapas do socorro. Estamos falando da sequência C-A-B, da diretriz 2010 da American Heart Association, onde:

C – Compressão rápida e profunda

Page 9: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

9

A – Liberação das Vias Aéreas B – Respiração

Técnicas de Compressão Torácica. A técnica da compressão torácica consiste de uma série de aplicações rítmicas de

pressão sobre a parte inferior do esterno; estas compressões produzem circulação, como resultado de um aumento generalizado da pressão intratorácica ou da compressão direta no coração. O sangue circula para os pulmões, onde receberá oxigênio suficiente para a manutenção da vida.

O paciente deve estar deitado, em posição horizontal durante as compressões torácicas, afim de facilitar o fluxo sangüíneo para o cérebro, que fica reduzido quando a cabeça esta em um nível mais elevado que do tórax.

Caso a vítima esteja sobre uma cama, deve-se colocar uma tábua sob o tórax em contato direto com as costas, isto proporcionará uma superfície rígida, facilitando assim a compressão do tórax.

As compressões torácicas devem, quando possível, serem acompanhadas da respiração de resgate realizada adequadamente, proporcionando um aporte de oxigênio.

Posição correta da mão. • Com uma das mãos, localizar o processo

Xifóide na margem inferior da caixa torácica do paciente .

• Marcar dois dedos acima do processo Xifóide (cerca de 3 cm), e colocar a região hipotênar de uma das mão (o calcanhar da mão) sobre o esterno, a seguir colocar a outra mão sobre a primeira.

Page 10: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

10

• Os dedos devem estar entrelaçados, preferencialmente mantidos afastados da caixa torácica.

Uma compressão eficiente pode ser conseguida tomando-se os seguintes cuidados:

• Os cotovelos assim como o braço devem estar estendidos formando um ângulo reto (90 grau)

com a parede do tórax da vítima.

• O socorrista deve se colocar rente ao corpo da vítima, posicionando a mão e mantendo os braços esticados.

• O peso do tronco do socorrista irá criar a pressão

necessária para realizar as compressões.

• O esterno deve ser deprimido, aproximadamente, entre 3,8 a 5,1 cm para um adulto de tamanho normal. • A pressão no tórax deve ser liberada, para que o mesmo

retome a posição normal após cada compressão. Estas compressões devem atingir um ritmo de bombeamento de 100 batimentos por minutos.

• Não tirar as mãos do peito nem mudar de posição, pois a

posição das mãos pode ser desperdiçada.

As compressões irregulares, os movimentos bruscos, o posicionamento incorreto da mão e a inclinação sobre o tórax podem reduzir a eficácia da ressuscitação e, muito provavelmente, causar lesões.

3.2 Na criança Avaliação da circulação: verificação de pulsos

Uma rápida avaliação da circulação é necessária para se identificar uma contratilidade cardíaca ineficaz ou ausente. È necessário que o socorrista sesteja bem treinado para este procedimento, pois deverá observar sempre a provável idade da criança, afim de se orintar quanto ao local de verificação do pulso.

Pulso em lactentes.

O pescoço curto e gorducho dos lactentes abaixo de 1 ano de vida faz com que a rápida

localização de pulso na artéria carótida seja difícil, tornando a palpação da artéria braquial torna-se uma opção. O pulso braquial é palpável na face interna do braço, entre o cotovelo e o ombro do

lactente. Com o polegar na face externa do braço, pressione gentilmente o indicador e dedo médio até sentir o pulso.

Outra local freqüentemente palpado por profissionais de saúde é a artéria femural, onde levemente o socorrista irá apalpar a região utilizando o dedo indicador e médio.

Page 11: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

11

Verificação do pulso em crianças.

Em crianças acima de 1 ano de idade, a artéria carótida, na lateral do pescoço, é a artéria central mais acessível à palpação. A artéria carótida fica na região lateral do pescoço entre a traquéia e o músculo esternocleidomastóideo. Para sentir a artéria: • Localize a cartilagem cricóide da vítima (pomo de Adão) com 2 ou 3 dedos de uma das mãos

enquanto mantém a cabeça inclinada com a outra mão. • Deslize seus dedos até o sulco na lateral do pescoço mais próximo a você, entre a traquéia e

o músculo esternocleidomastóideo. • Palpe a artéria suavemente.

Se o pulso está presente, mas a respiração espontânea ausente: • Forneça respiração de salvamento sozinho com uma freqüência de 20 respirações por minuto

(1 vez a cada 3 segundos) para o lactente ou criança até que a respiração espontânea retorne.

• Após fornecer aproximadamente 20 respirações, ative o SME (vide “Ativação do SME” abaixo).

Se o pulso não é palpável ou a freqüência cardíaca é menor que 60 e estão presentes sinais de perfusão periféricas pobre: • Comece as compressões torácicas. • Coordene as compressões com ventilação. • Após realizar aproximadamente 20 ciclos de compressões e ventilações, ative o SME.

Page 12: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

12

Compressões torácicas

As compressões torácicas são periódicas e, sendo rítmicas, devem fazer circular o sangue contendo oxigênio para os órgãos vitais (coração, pulmões e cérebro), até que o suporte avançado de vida seja providenciado. As compressões torácicas devem sempre ser acompanhadas por ventilações. Para atingir ótimas compressões:

A criança deve estar em posição supina sob uma superfície lisa e rígida. Para o lactente, a superfície rígida pode ser a mão ou o antebraço do socorrista, com a

palma suportando o dorso do lactente. Esta manobra efetivamente eleva os ombros do lactente, permitindo a inclinação da cabeça ligeiramente para trás, em posição de perviabilidade das vias aéreas. Compressão torácica no lactente. Em lactente, a área de compressão está na metade inferior do esterno. A técnica para a compressão torácica é a seguinte:

1. Use uma das mãos para manter a posição da cabeça do lactente (a menos que sua mão esteja sob o dorso da criança), o que possibilita a ventilação sem retardo para reposicionar a cabeça.

2. Use sua outra mão para comprimir o tórax. Coloque o dedo indicador desta mão no esterno, exatamente abaixo da linha intermamilar do lactente. Coloque os dedos médios no esterno é realizada aproximadamente na largura de um dedo abaixo do nível dos mamilos. Evite a compressão do apêndice xifóide, que é a porção mais baixa do esterno, pois sua compressão pode lesar o fígado, o estômago ou o baço. • Usando 2 ou 3 dedos, comprima o esterno aproximadamente de 1/3 a ½ da profundidade. • A freqüência de compressão deve ser pelo menos de 100 vezes por minuto. • As compressões devem ser coordenadas com as ventilações numa relação de 1 socorrista 30:2; 2 socorristas 15:2.

Com pausas para ventilação, o número de compressões será na verdade de pelo menos 80 por minuto.

3. No fim de cada compressão, libere a pressão sem remover os dedos do tórax. Permita que o esterno retorne brevemente a sua posição normal. Deve ser realizado um ritmo suave de compressão-relaxamento sem movimentos bruscos, com tempos iguais para compressão e relaxamento.

4. Atividade o SME após ter realizado aproximadamente 1 minuto de RCP (20 ciclos). 5. Se a vítima retornar à respiração efetiva, coloque-o em posição de recuperação.

Localizando a posição apropriada para a compressão torácica no lactente. Note que a outra mão do socorrista é usada para manter a posição da cabeça para facilitar a ventilação.

Page 13: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

13

Compressão torácica na criança. Qualquer criança por volta de 1 ano até 8 anos considerada uma criança para fins de SBV. Se a criança é maior ou mais velha que 8 anos, as compressões torácicas deverão ser como as descritas para adultos.

1. Use uma das mãos para manter a posição da cabeça da criança de forma que seja

possível ventilar sem reposicionar a cabeça. 2. Usando 2 dedos da outra mão, trace a margem inferior da caixa torácica da vítima, do

lado do tórax mais próximo a você, até o local de encontro entre costelas e esterno. 3. Marque este local (onde costelas e esterno se encontram) e evite comprimir sobre este

local, que inclui o xifóide. 4. Coloque a região hipotênar da sua mão sobre a metade inferior do esterno (entre a

linha mamilar e xifóide), evitando o apêndice xifóide. O eixo mais longo da região hipotênar da mão deve ficar sobre o eixo mais longo do esterno.

5. Comprima o tórax aproximadamente em 1/3 a 1/2 de sua profundidade. − A freqüência de compressão é de 100 vezes por minuto.

6. As compressões devem ser coordenadas com ventilações numa relação de 30:2 7. As compressões devem ser rápidas e profundas. Mantenha seus dedos fora das

costelas, enquanto a região hipotênar da mão permanece no esterno. 8. Possibilite o retorno do tórax para sua posição de repouso após cada compressão, mas

não levante a mão do tórax. Compressão e relaxamento devem ter igual duração. 9. Ative o SME após realizar aproximadamente 2 minutos de RCP (5 ciclos). 10. Se a vítima retorna à respiração efetiva, coloque-a na posição de recuperação.

Localizando a posição apropriada para a compressão torácica na criança. Note que a outra mão do socorrista é usada para manter a posição da cabeça para facilitar a ventilação.

Coordenação de compressões e respiração de salvamento

As compressões torácicas devem ser sempre acompanhadas pela respiração de

salvamento. No fim de cada 30 compressões, a pausa de 1 segundo deve ser permitida para a ventilação. A freqüência de 15:2 compressões – ventilação para lactentes e crianças é usada para dois socorristas (a técnica de 2 socorristas deve ser usada somente por profissionais de saúde).

O lactente e a criança devem ser reavaliados após 5 ciclos de compressões e ventilações ou 2 minutos. A coordenação de compressões e ventilações assim rápidas, por um único socorrista pode ser difícil. Por isso, durante as compressões cardíacas e entre as ventilações para o lactente, mantém-se a perviabilidade das vias aéreas pela inclinação da cabeça, usando a mão que não está sendo ocupada. A manutenção da cabeça inclinada desta forma pode reduzir o tempo

Page 14: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

14

necessário para prover a ventilação, possibilitando o suprimento de um número adequado de compressões e ventilações a cada minuto. A ventilação é adequada se é observada expansão torácica efetiva com cada respiração fornecida pelo socorrista.

Ativação do Serviço Médico de Emergência

Se o socorrista está sozinho, o SME deve ser ativado cerca de 1 minuto após o suporte de

socorro (ventilações / compressões torácicas, se necessário). Se não houver trauma de cabeça ou de pescoço e a vítima tiver respiração espontânea, o socorrista deve virar a vítima inconsciente de lado (posição de recuperação) antes de deixá-la para ativar o SME. SE há suspeita de trauma craniano ou de pescoço, a vítima não deve ser virada.

Se vítima é pequena e não há suspeita de trauma, é possível carregá-la (mantendo cuidadosamente a cabeça e o pescoço) até o telefone, enquanto a RCP é realizada de forma que o SME, a RCP deve continuar até que chegue socorro ou o socorrista esteja exausto demais para continuar.

O socorrista que chama o SME deve estar preparado para dar as seguintes informações: • O local da emergência, incluindo endereço, nomes de ruas e pontos de referência. • O número do telefone de onde a chamada está sendo feita. • O que aconteceu, por exemplo: acidente de carro, afogamento. • O número de vítimas. • Condições da(s) vítima(s). • A natureza do atendimento que está sendo dado. • Qualquer outra informação requerida.

Aquele que chama só deve desligar o aparelho depois que aquele que o atende terminar a

conversa ou especificamente, instruí-lo a fazê-lo.

Desfibrilador Externo Automático O Desfibrilador Automático Externo (DEA) é um aparelho eletrônico portátil que diagnostica automaticamente as, potencialmente letais, arritmias cardíacas de fibrilação ventricular e taquicardia ventricular em um paciente[1]. Além de diagnosticar, ele é capaz de tratá-las, através da desfibrilação, uma aplicação de corrente elétrica que para a arritmia, fazendo com que o coração retome o ciclo cardíaco normal.

Page 15: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

15

O Desfibrilador Automático Externo (DEA), utilizado em parada cardiorrespiratória, tem como função identificar o ritmo cardíaco "FV" ou fibrilação ventricular, presente em 90% das paradas cardíacas. Efetua a leitura automática do ritmo cardíaco através de pás adesivas no tórax. Tem o propósito de ser utilizado por público leigo, com recomendação que o operdor faça curso de Suporte Básico em parada cardíaca. Hoje, são utilizados equipamentos em Unidade de Emergencia, UTI, Unidade Móvel Emergência, Shoping Center, Aeroporto, etc. O DEA, Desfibrilador Automático Externo, é equipamento capaz de efetuar desfibrilação com leitura automática, independente do conhecimento prévio do operador. Resumo dos principais componentes de SBV para adulto, criança e bebês

4. HEMORRAGIAS

4.1 Definição:

Page 16: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

16

A hemorragia é definida como uma perda aguda de sangue circulante. Normalmente o volume de sangue corresponde a 7% do peso corporal do adulto. Por exemplo, um homem de 70 Kg tem aproximadamente 5 litros de sangue. Na criança o volume é 8 a 9% do peso corporal. É classificada de duas formas: Interna e Externa. Na hemorragia interna o sangue perdido não é visível e pode ser devido a lesões traumáticas de vísceras internas ou grandes vasos. A suspeitar desta forma de hemorragia ocorre quando existe: Acidente por desaceleração; Ferimento por projétil de arma de fogo, faca ou estilete, principalmente no tórax e abdome. 4.2 Diagnóstico:

• Pulso rápido e fraco; • Palidez da pele e mucosas; • Sudorese intensa; • Pele fria. 4.3 Sequência no atendimento:

• Deitar a vítima; • Se não houver contra-indicação, elevar os membros inferiores; • Verificar V.R.C.N. (vias aéreas, respiração, circulação, sistema nervoso); • Transportar a vítima ao hospital. 4.4 Hemorragia externa:

A hemorragia externa, visível ao exame primário do paciente, deve ser prontamente controlada pela pressão, direta sobre o local do sangramento em ferimentos superficiais. Nos ferimentos profundos com hemorragia devemos tomar as seguintes medidas:

• Deitar a vítima; • Cobrir o ferimento com gaze ou

pano limpo; • Pressionar o local com firmeza; • Transportar a vítima para o

hospital o mais rápido possível.

Observação: Caso um sangramento externo em extremidade não possa ser controlado por pressão, a aplicação de um torniquete é a etapa lógica seguinte para o controle da hemorragia. Observar técnica de colocação de torniquete e controle do mesmo.

4.5 Hemorragia nasal:

A hemorragia nasal ou epistaxe é causada pela ruptura dos vasos da mucosa nasal que pode ser produzida por traumatismos, hipertensão arterial, etc... Nestes casos, devemos colocar a vítima com a cabeça inclinada para trás, deixando-a nesta posição por 5 minutos e fazendo compressão com os dedos nas narinas. Caso a hemorragia não cesse com estas manobras, o paciente deve ser conduzido a um hospital.

5. FERIMENTOS

5.1 Definição:

Ferimento é uma agressão à integridade tecidual, produzindo solução de continuidade

entre o meio externo e o interno. O ferimento é sempre produzido por um agente lesivo que

Page 17: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

17

alberga micróbios próprios e, desta forma, contamina a ferida, como também leva os micróbios que vivem na pele para o interior da ferida. Esta contaminação, se não for adequadamente tratada, pode levar a uma infecção localizada da ferida.

Tipo de Lesão Causa Características

Puntiforme Instrumentos pontiagudos, longos e com diâmetro transverso pequeno. Ex.: estilete, furador de gelo e compasso.

. orifício de entrada de diâmetro menor que o objeto, graças à elasticidade dos tecidos cutâneos. . pouco sangramento . pode causar graves lesões na profundidade do corpo, apesar de pouco comprometimento da pele.

Cortante Instrumentos com gume afiado.

. agem por deslizamento do gume afiado sobre os tecidos . possuem bordas regulares . hemorragia abundante quase sempre . maior comprimento que profundidade . centro da ferida mais profundo que a extremidade

Contundente Objetos de superfície ampla, de natureza bem variada. Ex.: barras de ferro, pedras, tocos de madeira, etc.

. sua ação se faz por pressão, explosão, compressão ou deslizamento . assumem variados aspectos dependentes do tipo de objeto contundente (escoriação, equimose, hematoma, fraturas, etc.)

Perfuro-cortante

Instrumentos de ponta e gume afiados. Ex.: faca-peixeira, e canivete (um gume), punhal (2 gumes) e lima (3 gumes).

. atuam por mecanismo misto, penetrando com a ponta e perfurando com a borda cortante . são geralmente graves . instrumentos de 1 gume produzem lesões em forma de botoeira, com um lado regular em ângulo agudo e outro arredondado. Os que possuem 2 gumes, produzem uma ferida com as bordas iguais e ângulos agudos. Os de 3 gumes dão origem a lesões de forma triangular ou estrelada.

Perfuro-contundente

Arma de fogo. Ex.: pistolas, rifles, metralhadoras.

. orifício de entrada geralmente arredondado ou ovalado, dependendo da incidência da penetração do projétil. Bordas invertidas e, às vezes, sinais cutâneos devidos à explosão da pólvora, que dependerão da distância do tiro . quando há orifício de saída, este possui forma irregular, bordas invertidas e é geralmente maior que o orifício de entrada.

Corto- contundente

Instrumentos de gume afiado. Possuem ação contundente, quer pelo seu próprio peso, quer pela força ativa de quem o maneja. Ex.: facão, foice, machado, enxada, dente, etc.

. forma bastante variável, dependendo do peso, gume e força atuante . são lesões graves, profundas, determinando várias formas de ferimentos, inclusive fraturas.

5.2 Conduta nos ferimentos superficiais: Os ferimentos podem ser superficiais ou profundos. Nos ferimentos superficiais devemos

tomar as seguintes medidas:

• Limpar o ferimento com água, se o transporte a um hospital for demorado; • Proteger o ferimento com gaze ou pano limpo, fixando sem apertar demasiadamente; • Fazer compressão local, o suficiente para fazer cessar a hemorragia; • Não tocar no ferimento; • Conduzir a vítima a um hospital, para receber tratamento definitivo. 5.3 Conduta nos ferimentos profundos:

• Não lavar a ferida, pois aumenta o risco de hemorragia;

Page 18: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

18

• Colocar gaze ou pano limpo sobre o ferimento, fazendo compressão o suficiente para cessar a hemorragia;

• Se o ferimento for nos membros, elevar o membro ferido; • Caso não haja controle, pressionar os pontos arteriais; • Caso não cesse, e a hemorragia for abundante nos braços ou pernas, aplicar

torniquete (somente como medida de exceção); • Não remover objetos empalados; • Transportar a vítima para um hospital.

5.4 Ferimentos profundos no tórax: Conforme vimos no capítulo de respiração, o ar é aspirado para dentro dos pulmões

graças à pressão negativa criada pelo diafragma e pela caixa torácica. Se um ferimento coloca em comunicação permanente a parte interna (cavidade pleural) com a externa (atmosfera) este mecanismo de aspiração é comprometido, passando o ar a penetrar pelo orifício do ferimento. Desta forma, devemos então tomar as seguintes medidas:

• Controlar hemorragia; • Pedir para a vítima expulsar todo o ar dos pulmões (expiração forçada); • Colocar uma proteção (gaze, plástico, etc) sobre o ferimento no final da expiração,

para evitar penetração de ar no tórax; • Fixar o material usado com esparadrapo ou fita de crepe, em três lados; • Não usar cinta ou atadura que envolva todo o tórax, pois pode dificultar a respiração; • Conduzir a vítima a um hospital.

5.5 Ferimentos profundos abdominais

Na cavidade abdominal, como já vimos no capítulo de noções de anatomia, encontramos as alças intestinais, fígado, baço, pâncreas e outras vísceras que, dependendo da extensão do ferimento, podem sair para fora do abdome. Quando isto ocorre, devemos tomar as seguintes medidas:

• Cobrir as vísceras com compressas de gaze ou pano limpo; • Não tentar recolocar as vísceras para dentro do abdome; • Manter o curativo preso com atadura, não muito apertado, embebido em Soro

Fisiológico; • Conduzir a vítima a um hospital; • MMII fletidos.

5.6 Ferimentos da cabeça:

Os ferimentos da cabeça podem estar acompanhados de ferimentos internos do crânio. O exame clínico inicial pode levar a enganos. Pequenos ferimentos externos podem ser muito graves e extensas lacerações do couro cabeludo, com grande hemorragia, podem não ter maior significado. Desta forma devemos tomar as seguintes condutas:

• Verificar a permeabilidade das vias aéreas, mantendo a coluna cervical alinhada; • Colocar gaze sobre o ferimento e não apertar; • Não retirar objetos encravados ou transfixantes, exceto, aqueles na bochecha que

devem ser retirados quando possível; • Conduzir a vítima a um hospital. É importante registrar se a vítima perdeu os sentidos no momento do acidente, ou não, e

se ela se encontra com nível de consciência normal ou comprometida (ver avaliação neurológica).

Page 19: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

19

Também é necessário assinalar as circunstâncias em que se deu o acidente e a natureza do agente causador do traumatismo.

6. CHOQUE 6.1 Definição:

Existem, quanto à natureza, vários tipos de choque. No entanto, no atendimento do doente, no local do acidente, os primeiros procedimentos são idênticos. Lembrar que nos acidentes a causa mais comum de choque é a perda de sangue, que pode ser interna ou externa, e que o tratamento definitivo só pode ser realizado por médicos e no hospital. Como sabemos, o sangue leva até às células os nutrientes e o oxigênio para manutenção da sua vida, através de pequenos vasos sangüíneos. Quando, por qualquer motivo, isto deixa de acontecer, as células começam a entrar em sofrimento e, se esta condição não for revertida à normalidade com urgência, as células acabam morrendo. O sistema nervoso é o que menos resiste a esta situação. Desta forma, o organismo lança mão de mecanismo de proteção para preservar a vitalidade das células nervosas. Entretanto, estes mecanismos de defesa se esgotam rapidamente. Por isso, esta condição deverá ser corrigida de imediato para preservação da vida. Doenças neurológicas, cardiológicas e infecciosas e perda de sangue podem levar o paciente ao estado de choque. O passo inicial no tratamento do estado de choque é reconhecer a sua presença. O diagnóstico inicial é baseado na avaliação clínica da presença de perfuração, inadequada:

• Pulso arterial acelerado; • Freqüência respiratória aumentada; • Pele fria e úmida; • Perfusão periférica deficitária (compressão da polpa digital); • Palidez da pele; • Agitação ou depressão do nível de consciência; • Sede. Após feito o diagnóstico do choque, devemos colocar a vítima deitada, sempre lembrando

a possibilidade de outras lesões associadas, principalmente trauma de coluna. Em seguida, devemos elevar as pernas (se não houver fraturas), afrouxar as roupas e cobri-las. Se não contarmos com apoio de ambulância para o transporte, devemos imobilizá-la sobre uma tábua e conduzi-la rapidamente a um hospital. Não devemos nos esquecer de que uma porcentagem muito significativa dos pacientes traumatizados, que estão em choque hemorrágico, terá que ser operados com urgência para o efetivo tratamento do choque. 7. FRATURAS 7.1 Definição:

Fratura é a ruptura total ou parcial da estrutura óssea. Pode ser classificada em fechada

ou exposta. Nas fraturas fechadas não há rompimento da pele e nas expostas sim. Isto é, o osso fraturado fica com contato com o meio externo (a ruptura da pele muitas vezes é causada pelo próprio fragmento ósseo). Com esta exposição ao meio ambiente o osso fica em contato com bactérias, aumentando o risco de infecção. Como geralmente a fratura de extremidade não causa risco imediato de vida, ela deve merecer atenção após a avaliação inicial e a correção dos problemas mais graves.

Page 20: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

20

As vítimas que apresentam trauma isolado de extremidade deverão receber a mesma atenção inicial de um politraumatizado, isto é, avaliação inicial global e secundariamente o tratamento específico da fratura.

7.2 Diagnóstico: Para uma avaliação adequada é importante comparar o membro onde se suspeita haver

fratura com o correspondente não comprometido. A seguir procure a presença de:

• Deformações (angulações, encurtamento); • Inchaço, contusões, hematomas; • Espasmo da musculatura; • Feridas; • Palidez ou cianose da extremidade. Verifique se há: • Dor à manipulação delicada; • Crepitação; • Enchimento capilar lento; • Comprometimento da sensibilidade; • Redução da temperatura do membro fraturado.

Quando não encontramos perfuração da pele, a fratura é fechada, quando encontramos

qualquer ferida perto do local ela é considerada aberta ou exposta. Avalie a movimentação ativa: peça para o paciente mover a extremidade; com cuidado mobilize o membro delicadamente; não mova passivamente a extremidade que obviamente se encontra fraturada ou que o paciente se negue a mover espontaneamente. Algumas fraturas de extremidade são consideradas de risco imediato de vida por causa de complicações associadas.

Exemplos: • Esmagamento com fratura e contaminação (terra, graxa,...); • Fratura de fêmur bilateral; • Fratura próxima ao joelho ou cotovelo resulta em trauma vascular associado; • Amputação traumática do braço ou perna.

Tipos de bandagens

7.3 Conduta: Após o diagnóstico firmado da fratura devemos tomar as seguintes providências:

Nas fraturas fechadas: • Não alinhar o membro;

Page 21: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

21

• Imobilizar com talas ou material rígido (a imobilização deve atingir uma articulação acima e outra abaixo da lesão);

• Usar macas para a remoção. Expostas: • Não alinhar o membro; • Curativo com gaze ou pano limpo no local do rompimento; • Colocar a tala para imobilização (uma articulação acima e abaixo); • Remover a vítima com maca.

Geralmente o sangramento diminui após a imobilização. Caso haja sangramento ativo

devemos proceder conforme capítulo de hemorragia. Nas fraturas com deformidade do joelho, cotovelo e tornozelo, devemos proceder à imobilização sem tentar o alinhamento e transportar a vítima ao hospital imediatamente.

7.3 Tipos de fraturas

Tipos de imobilizações de fraturas

Page 22: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

22

7.4 Fratura de crânio (Traumatismo Crânio Encefálico): Batidas na cabeça fazem suspeitar de uma condição neurológica de urgência. Geralmente são acompanhadas de sangramento no cérebro que, se não corrigido de imediato, pode causar a morte do paciente. Devemos, ao exame, observar se há contusões ou hematomas na calota craniana, que fazem suspeitar de trauma de cabeça. Podem ser sinais presentes nos traumatismos de crânio:

• Alteração no comportamento, coordenação e habilidades; • Tontura persistente; • Sonolência extrema no horário em que estaria acordado; • Não conseguir acordar do sono; • Irritação persistente; • Perda de sentido horas após o trauma; • Dor de cabeça intensa e/ou permanente; • Vômitos repetitivos; • Fluidos em narinas ou ouvidos; • Pupilas de diferentes tamanhos; • Palidez persistente; • Parada respiratória.

Estes sinais de alerta duram de 24 a 48 horas após o TCE. Havendo queda de local muito alto ou batidas muito intensas, levar a vítima imediatamente

ao Pronto Socorro. 7.5 Fratura de coluna: Todas as vítimas de traumas violentos, como já dissemos na avaliação inicial, deverão ser

considerados como portadores de fratura de coluna até se provar o contrário. Tal afirmativa é particularmente importante para todos os doentes que estejam inconscientes. As fraturas de coluna mal conduzidas podem produzir lesões graves e irreversíveis da medula com comprometimento neurológico definitivo da região atingida. Todo o cuidado deverá ser tomado nestes pacientes para não produzirmos lesões adicionais à vítima.

São sinais de suspeita de fratura de coluna: • Dor regional; • Incapacidade de movimentar-se; • Sensação de formigamento dos membros; • Perda da sensibilidade tátil nos braços e/ou nas pernas.

O transporte destes pacientes deverá ser feito sem mobilizar a coluna traumatizada (em plano duro como: maca, folha de porta, prancha etc.) e em bloco. É por causa desta razão que nas manobras de respiração não devemos estender a cabeça da vítima.

Page 23: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

23

7.6 Fratura de costela:

Os arcos costais fraturados podem produzir lesão interna no parênquima pulmonar levando ao peneumotórax (ar dentro da caixa torácica mas fora dos pulmões) comprometendo desta forma a dinâmica respiratória. O paciente que apresenta respiração difícil e dores aos movimentos respiratórios é suspeito de ter fratura de costela. No local do acidente nada ou muito pouco podemos fazer por estes pacientes. Devemos, então, levá-los ao hospital.

7.7 Fratura de bacia: As fraturas de bacia denotam gravidade do acidente. Neste tipo de fratura existe um sangramento intenso importante e, também, nada podemos fazer no local do acidente no sentido de interrompê-lo. O paciente que apresenta dor na bacia, dificuldade de mobilizar-se e hematomas localizados é suspeito de fratura de bacia. O transporte do paciente deverá ser feito com os mesmos cuidados dos pacientes com fraturas de coluna.

8. CONTUSÕES, ENTORSES E LUXAÇÕES

Contusão: é uma lesão provocada por um impacto qualquer, produzindo lesão no tecido subcutâneo e/ou muscular. Geralmente resulta em equimose (mancha arroxeada) sob a pele. A dor é moderada e não impede a movimentação da parte atingida. O tratamento é feito a base de compressas frias e repouso, após a consulta médica. Entorse: é uma lesão produzida por estiramento dos ligamentos articulares submetidos a uma deformação. Manifesta-se por dor de grande intensidade, edema e equimose localizada na região articular. É um acidente muito comum em prática desportiva, principalmente em jogadores de futebol. Ocorre com mais freqüência nos joelhos, tornozelos e punhos. O tratamento consiste em imobilização, após orientação médica. Luxação: deslocamento das estruturas da cavidade articular (articulação sinovial). Deve ser feito de imediato: compressas frias, repouso e imobilização.

9. QUEIMADURAS

9.1 Definição:

Queimadura é uma lesão produzida no tecido de revestimento do organismo por agentes

térmicos (calor, frio, eletricidade), produtos químicos, irradiação ionizante etc... Como já vimos em anatomia básica, o tegumento tem por finalidade proteção do corpo contra invasão de microorganismos, regulação da temperatura do organismo, através de perda de água para o exterior e conservação do líquido interno. Desta forma, uma lesão produzida no tecido tegumentar irá alterar em maior ou menor grau estes mecanismos, dependendo de sua extensão (área queimada) e da sua profundidade (grau de queimadura).

Page 24: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

24

9.2 Classificação:

Podemos dividir a queimadura em graus, de acordo com a profundidade: Primeiro Grau - Atinge somente a epiderme. Caracteriza-se por dor local e vermelhidão da área atingida. Segundo Grau - Atinge a epiderme e a derme. Caracteriza-se por dor local, vermelhidão e formação de bolhas d'água. Terceiro Grau - Atinge todo o tecido de revestimento, alcançando o tecido gorduroso, ou muscular, podendo chegar até o ósseo. Caracteriza-se por pouca dor - devido à destruição das terminações nervosas da sensibilidade - pele escurecida ou esbranquiçada ladeadas por vezes por área de eritema. Não devemos nos esquecer da possibilidade de queimadura das vias aéreas superiores quando o acidente ocorre em locais fechados, como por exemplo, nos incêndios de prédios.

1º Grau 2º Grau 3º Grau

Causa Exposição ao sol Exposição limitada à líquidos, fogo ou agentes químicos

Exposição prolongada ao fogo, objetos quentes ou agentes químicos. Contato com alta voltagem

Cor Vermelho Rosa Branca, translúcida Superfície Seca sem bolhas Inúmeras bolhas com

descamação Seca, pela trombose dos vasos superficiais

Sensação Dor Dor Pouca dor Cicatrização 3 a 6 dias 10 a 21 dias Necessita de enxerto

9.3 Procedimentos de urgência no atendimento ao queimado: Queimaduras Térmicas • Controlar a situação, apagando o fogo da vítima com água fria, cobertor ou rolando a

vítima no chão. Não use gelo. • Cubra a queimadura com um pano limpo. • Remova anéis, braceletes, tornozeleiras, cintos, sapatos e roupas antes que o corpo

inche. • Caso a roupa grude na pele, não remova. Corte cuidadosamente e retire a parte que

não grudou. • Queimaduras no rosto, mãos e pés devem sempre ser consideradas sérias e receber

imediata atenção médica.

Queimaduras Químicas • Enxágüe a pele por pelo menos 20 minutos em água corrente. • Remova a roupa contaminada e evite que o produto químico se espalhe por outras

áreas. • Se os olhos forem afetados, enxágüe em água corrente até que chegue ajuda médica.

Remova as lentes de contato imediatamente. • Observe a respiração da vítima, pare o sangue e cubra a queimadura com uma faixa

esterilizada ou com um pano limpo. • Não aplique óleos ou cremes na queimadura. Queimaduras Elétricas

Page 25: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

25

• Não toque na vítima. Desligue a corrente elétrica. • Todas as lesões elétricas necessitam atenção médica. INFORMAÇÕES IMPORTANTES • Verificar o ABCD (vias aéreas, respiração, circulação e nível de consciência); • Prestar particular atenção às vias respiratórias em pacientes que tenham queimaduras

faciais, ou queimaduras dos pêlos do nariz e sobrancelhas, porque a obstrução das vias aéreas superiores pode ocorrer com o passar do tempo.

• Metade das pessoas internadas com queimaduras são crianças de 0 a 15 anos.

• A maioria dos acidentes que provocam queimaduras ocorre na cozinha, onde as crianças menores de 4 anos são as mais atingidas.

• No período de festas juninas, com as fogueiras, fogos e balões, há um aumento de 20% no número de queimados.

• Quando a pessoa sofre grandes queimaduras, ela corre o risco de vida. • As queimaduras deixam cicatrizes e deformações e podem provocar perda de

movimento nos braços e pernas. • O tratamento de queimaduras é extremamente doloroso e longo, com muitas

cirurgias.

10. INTOXICAÇÕES 10.1 Definição:

São causadas pela ingestão, aspiração, ou introdução no organismo, acidental ou não de

substância tóxicas de naturezas diversas, tais como: • Entorpecentes e medicamentos em geral; • Produtos químicos usados em laboratório e limpeza doméstica. Alguns produtos

podem produzir também graves queimaduras. Por exemplo: Ácidos - ácido muriático, sulfúrico e clorídrico; Álcalis - amoníaco, soda cáustica; Fenóis - creolina, ácido fênico;

• Alimentos deteriorados - por contaminação bacteriana; • Venenos utilizados no lar, como raticidas e outros, utilizados na agricultura para

eliminar parasitas das plantas (DDT); • Gases tóxicos (monóxido de carbono e outros); • Veneno é toda substância que é capaz de produzir fenômenos químicos ou reações

incompatíveis com a vida.

10.2 Tratamento geral de todo intoxicado: • Eliminação imediata do tóxico; • Sua neutralização pelos antídotos, quando existem; • Tratamentos sintomáticos. Eliminação do tóxico : vômitos e lavagem gástrica, se a ingestão foi pela boca. Para

provocar vômito podemos estimular a úvula ou a faringe pela introdução do cabo de uma colher, lenço ou pela ingestão de água morna não estimular a úvula com o dedo para evitar mordida. Quando se trata de venenos cáusticos (ácidos ou álcalis), está contra-indicada a lavagem gástrica

Page 26: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

26

e o vômito. (A lavagem gástrica só pode ser feita por especialistas) Neutralização do tóxico: é conseguida através de antídotos.

Tratamento Sintomático: manutenção dos sinais vitais. 11. ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS Consideramos os envenenamentos produzidos ativamente por picadas ou mordeduras de animais dotados de glândulas secretoras e aparelho inoculador de veneno. As alterações produzidas por esses acidentes estão relacionadas à inoculação de uma complexa mistura de enzima, que ocasionam imobilização ou morte da vítima, assim como processos de coagulação, proteólise e intoxicação neurológica. Os indivíduos, em sua maioria, são picados durante o trabalho, principalmente na agricultura, o que explica a maior incidência no sexo masculino. As serpentes dos gêneros Bothops, Crotalus e Micrurus foram responsáveis, respectivamente, por 86,0%, 12,9 e 1,1%, nos 8.825 acidentes com especificação do gênero da serpente. Entre os casos notificados, os pés e os tornozelos (52.0%), as pernas (16,6%) e as mãos (15,9%) foram as regiões anatômicas mais freqüentemente acometidas. Estes dados reforçam a recomendação de medidas profiláticas como o uso de luvas e principalmente de botas de cano longo ou perneiras. A letalidade do acidente por serpentes peçonhentas foi de 0,4% (41 óbitos). É maior no acidente crotálico do que no botrópico. Ofidismo: É o acidente por picadas de cobra venenosa. Aracnísmo: É o acidente causado por picada de aranha. Os acidentes por Phoneutria, popularmente conhecida por aranha armadeira, foram os mais freqüentes, representando 60,7% do total. Ocorrem durante todo o ano, apresentando picos nos meses de abril e maio. Predominam durante o período diurno.

Devido ao fato de viverem em folhagens de bananeiras, inclusive em cachos de banana, e também, por abrigarem em interior de calçados, essas aranhas comumente picam as mãos e os pés das vítimas. A maioria das vítimas procura recurso médico dentro das primeiras três horas após o acidente, em decorrência da intensa dor que provoca. Os acidentes por Loxosceles, conhecida também como aranha marrom, ocorrem com maior freqüência em áreas urbanas, no interior de residências. Por terem hábitos noturnos, e abrigarem-se em roupas e toalhas, essas aranhas quase sempre picam quando são, inadvertidamente, comprimidas contra a pele da vítima. Coxas, tronco e braços são as regiões anatômicas mais atingidas. 11.1 Medidas de primeiros socorros nos acidentes por aracnídeos e serpentes Muitas vezes, mesmo adotando os cuidados de prevenção, podem ocorrer acidentes com cobras. Como medida de primeiros socorros, até que se chegue ao serviço de saúde para tratamento, recomenda-se: • Não se amarrar ou fazer torniquete.O garrote impede a circulação do sangue, podendo

produzir necrose ou gangrena. O sangue deve circular normalmente. Também, não se deve colocar na picada folhas, pó de café, terra, fezes, pois podem provocar infecção;

Page 27: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

27

• Não se deve cortar o local da picada. Alguns venenos podem provocar hemorragias. Os cortes feitos no local da picada com canivetes e outros objetos não desinfetados favorecem as hemorragias e infecções;

• Deve-se evitar dar ao acidentado para beber querosene, álcool, urina e fumo, pois além de não ajuda pode causar intoxicação;

• Manter o acidentado deitado em repouso, evitando que ele nade, corra ou se locomova pelos seus próprios meios. A locomoção facilita a absorção do veneno e, em caso de acidente com jararacas, caiçaras, jararacuçu etc., os ferimentos se agravam. No caso da picada ser em pernas ou braços, é importante mantê-los em posição mais baixa;

• Colocar gelo no local para diminuir a circulação; • Levar o acidentado imediatamente para centros de tratamento ou serviço de saúde mais

próximo para tomar o soro próprio. Escorpionismo É o acidente causado por picada de escorpião. Os escorpiões habitam geralmente os campos, plantações, serrados e matas ralas, podem se adaptar em domicílios, habitando muros, porões, tijolos... Clinicamente o escorpionismo divide-se em benigno e grave. Será benigno um acidente que após duas horas não apresente desordens respiratórias (falta de ar progressiva), desordens cardíacas (aceleração dos batimentos cardíacos), náuseas e vômitos ou acentuada hipotermia. No grave, além dos sintomas acima, temos também dor violenta e convulsões. No adulto raramente produz problemas. Tratamento:

• Soroterapia; • Anestesia local, repouso em ambiente escuro, assepsia e curativo local.

11.2 Acidentes por insetos urticantes ou vesicantes

(abelhas, marimbondos, vespas, formigas, lagartas): Normalmente a dor, o eritema, o edema, adenopatia, febre e cefaléia devidas à picada desaparecem após 24 horas. Especial cuidado deve ser dado à picada múltiplas ou simultâneas. Ultimamente, têm sido descritos casos fatais por ataque de enxames de abelhas africanas, por choque e hemólise maciça. O tratamento local é feito com compressas frias. 12. TRANSPORTE DOS ACIDENTADOS A remoção ou movimentação de doentes e feridos deve ser feita com o máximo de cuidado para não agravar as lesões existentes ou produzir outras lesões. Antes de iniciarmos o transporte dos pacientes, devemos proceder à avaliação inicial e controlar todas as situações críticas. Se no local existirem várias vítimas, o socorrista deverá solicitar reforço. Como no local do acidente não temos condições de diagnóstico preciso, devemos sempre transportar a vítima sobre maca ou tábua rígida, tomando os cuidados de imobilizar a coluna e as fraturas existentes e fazer revisões periódicas das condições vitais (VRCN) durante o transporte. É compreensível que nos acidentes que tenham sofrido somente lesões simples (queda com fratura de braço, por exemplo) o transporte não precisará ser desta forma. Em dúvida, é melhor errar por excesso de cuidado do que por omissão.

Como improvisar uma maca Com dois pedaços de madeira compridos e Resistentes e uma manta, é fácil improvisar Uma maca.

Page 28: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

28

Utilizando 1 pessoa

Utilizando 2 pessoas

Utilizando 4 pessoas

A movimentação da vítima com suspeita de lesão de coluna vertebral deve ser feita por 4 ou mais pessoas, em superfície dura, com coxins nos locais das curvaturas, e fixar a vítima antes do transporte.

13. DESMAIO E CONVULSÃO Desmaio Desmaio consiste na perda transitória da consciência e da força muscular, fazendo com que o paciente caia no chão. Pode ser causado por vários fatores como a fome, cansaço, excesso de sol. Pode ser precipitado por nervosismo, angústia e emoções fortes, além de ser intercorrência de muitas outras doenças. Diante de um indivíduo que sofreu o desmaio, devemos proceder da seguinte maneira:

• Arejar o ambiente; • Desapertar as roupas do paciente; • Deixar o paciente deitado e se possível com as pernas

elevadas ou sentado numa cadeira, com os braços para baixo e as pernas separadas;

• Não permitir aglomeração no local para não prejudicar o paciente;

• Cheirar o hálito da pessoa (álcool pode significar embriaguez).

Epilepsia

Page 29: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

29

A epilepsia é uma doença do sistema nervoso central que se caracteriza por causar crises de convulsões (ataques) em sua forma mais grave. Existem 2 tipos básicos de epilepsia que são denominados de pequeno mal e grande mal: O tipo pequeno mal se caracteriza por causar crises de ausência (desligamento do meio ambiente) que podem ser breves (10 a 15 segundos) e passarem despercebidos ou às vezes, mais duradouras. Muitas crianças na idade escolar apresentam esse tipo de comportamento e são comumente taxadas de desatenciosas. O tipo grande mal causa os ataques ou convulsões que se caracterizam por queda abrupta, Perda da consciência, contração de toda musculatura corporal, aumento da atividade glandular com salivação abundante e vômitos. Pode ainda ocorrer o relaxamento dos esfíncteres com micção e evacuação involuntários. Ao despertar, o doente não se recorda de nada do que aconteceu durante a crise e sente-se muito cansado, indisposto e sonolento. A conduta do socorrista no ataque epilético consiste principalmente em proteger o doente e evitar complicações. Deve-se deixar o paciente com roupas leves e desapertadas (as contrações musculares aumentam a temperatura corpórea) e virá-lo de lado para que não aspire as secreções ou o vômito para os pulmões. Um cuidado especial deve ser dado à boca pois o doente pode ferir-se, mordendo a língua ou as bochechas; para tanto, interpõe-se um calço (pedaço de pano por exemplo) entre os dentes superiores e inferiores para impedir que eles se fechem. Esta manobra, entretanto, deve ser cuidadosa pois o socorrista poderá ser mordido. Cessada a crise, o doente deverá receber limpeza corporal, ingerir líquidos e repousar em ambiente silencioso. É preciso que os curiosos sejam afastados do local, pois esta doença acarreta um grande senso de inferioridade e presença de estranhos apenas contribui para a acentuação do problema psicológico. Devemos orientar o paciente que volte a procurar o seu médico, pois haverá necessidade de ajustar a dose da droga em uso. Os familiares e amigos do epiléptico devem contribuir para com o seu tratamento, no sentido de ajudá-lo a levar a sua vida o mais próximo da normalidade, embora sabendo que determinadas atividades não podem ser exercidas, como dirigir, pilotar ou mesmo permanecer desacompanhado próximo ao mar, piscina, fogo, etc... 14. AFOGAMENTO 14.1 Definição: Define-se por afogamento, o acidente causado pela obstrução das vias respiratórias por meio de líquidos. A obstrução pode ser por inundação das vias aéreas ou por fechamento da glote, estimulada pela presença do líquido (espasmo de glote). Nos dois casos, o resultado final será a asfixia resultante da privação do oxigênio ao corpo. As células nervosas são as primeiras a sofrerem com a falta de oxigênio, morrendo em poucos minutos. O afogamento é um acidente muito comum em todo o mundo, principalmente no verão, quando o afluxo de banhistas às praias é bem maior. A incidência de mortes por afogamento varia muito de um país para outro, acreditando-se que seja maior nas ilhas japonesas, onde a pesca constitui-se numa grande atividade da população. A crescente popularidade dos esportes aquáticos e o desenvolvimento de atividades comerciais e científicas no mar têm aumentado a exposição do homem aos riscos de acidentes por afogamento. Um indivíduo que nada em águas profundas está sempre sujeito a esses acidentes, que podem ser causados por estafa física, cãibras, síncopes e queimaduras por animais marinhos (água-viva). Outras circunstâncias que podem causar afogamento são os acidentes com veículos aquáticos, traumatismos por mergulho em águas rasas e com pedras no fundo, abusos de álcool antes de entrar no mar e choque elétrico durante o banho em banheira. Uma outra causa muito temida de afogamento é o acidente que pode surgir após uma refeição exagerada, quando grande quantidade de sangue acumula-se nos vasos do aparelho digestivo. O esforço físico exigido na natação aumenta as necessidades de oxigenação do corpo, que não será suficiente, principalmente ao cérebro, devido à sobrecarga funcional dos órgãos

Page 30: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

30

digestivos. Disto resulta a deficiência no funcionamento normal do cérebro, que poderá causar um desmaio. A asfixia decorrente do afogamento vai agravar o quadro, aumentando ainda mais a deficiência de oxigênio ao cérebro e, daí, sobrevém lesões graves ou a morte. 14.2 Condutas: A primeira providência a ser tomada é atirar à vitima um objeto flutuante (bóia, tábua), de preferência amarrado a uma corda. Se for preciso nadar até a vítima, para isto, deve-se estar em perfeitas condições físicas e ser um bom nadador. O mais seguro é manter-se também ligado por uma corda presa ou segura por alguém na margem. Se este estiver muito agitado, convém segurá-lo pelo punho e virá-lo de costas, tendo o cuidado para que sua cabeça permaneça fora d'água. A seguir, deve-se nadar até a margem, utilizando as pernas e braço que estiver livre. Se a vítima estiver inconsciente, o melhor é transportá-lo mantendo a sua cabeça para fora da água. Se houver necessidade, e se o socorrista for experiente, pode-se aplicar a respiração artificial ainda dentro da água, por meio de algumas insuflações boca a boca. Ao chegar à margem, observa-se a respiração da vítima; se estiver fraca ou inexistir, deve-se colocá-la em decúbito dorsal, com a cabeça mais baixa que o corpo e iniciar respiração artificial. Esta não deve ser interrompida, mesmo durante o transporte, até que o paciente seja atendido num serviço de emergência. Enquanto se aguarda o transporte, manter a vítima aquecida com um agasalho. E ainda:

• Use drenagem postural para retirar a água aspirada; • Limpe a boca e as vias aéreas; • Comece a ventilação artificial; • Fique preparado para o vômito; • Previna aspiração; • Se pulso carotídeo ausente, comece RCP; • Vítima submersa o tempo suficiente para ficar

inconsciente, que tenha ficado debaixo d’água por menos de uma hora, deverá ser ressuscitado;

• Se o tempo de submersão não for conhecido, deveremos considerar como menos de uma hora;

• A vítima afogada em água fria tem maior chance de sobrevida;

• Verificar lesões associadas. Várias medidas preventivas podem ser tomadas para diminuir o número de acidentes por afogamento. São elas:

• Programas de educação e treinamento de natação nas escolas e clubes; • Alertar a população dos perigos da prática da natação e outros esportes aquáticos

após a ingestão de grande quantidade de alimentos ou bebidas alcoólicas; • Como vários casos de afogamento ocorrem com indivíduos portadores de epilepsia,

estes devem ser orientados para que não tome banho em praias perigosas, com ondas fortes e fundo irregular;

• Uso de equipamentos de segurança (bóias, coletes, salva-vidas), nos trabalhos em alto mar e práticas esportivas;

Page 31: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

31

• Conhecimento das técnicas de recuperação em respiração artificial pela população em geral.

15. INSOLAÇÃO E INTERMAÇÃO

São acidentes provocados pela ação prolongada do calor sobre o organismo. Diferencia-se a insolação da intermação, pois a primeira corresponde ao excesso de raios solares agindo diretamente sobre o indivíduo, enquanto a segunda traduz a ação do calor em ambientes pouco arejados, durante um trabalho muscular intenso. Esses tipos de acidentes estão condicionados por vários fatores, tais como:

• Umidade: quanto maior a umidade relativa do ar, mais difícil será a evaporação cutânea; consequentemente, o corpo acumula maior quantidade de calor;

• Ventilação: sem circulação constante do ar o resfriamento torna-se difícil, ocasionalmente o aparecimento desses acidentes em que indivíduos que trabalham em fundições, padarias ou próximos a caldeiras;

• Condições físicas: o excesso de trabalho aumenta a produção de calor pelo organismo, enquanto a fadiga muscular acumula substâncias tóxicas nos tecidos. A associação de ambas predispõe ao acidente;

• Alimentação excessiva: aumenta também a produção de calor corporal; • Vestuário: as roupas escuras e a lã favorecem o acúmulo de calor.

Os sintomas decorrentes dos acidentes pelo calor são muito variados. Podem aparecer de forma abrupta, levando a vítima a cair no solo desacordada. Pode haver palidez, elevação da temperatura corporal (podendo chegar a 42 graus C), insuficiência respiratória, cianose e coma profundo. Outras formas mais leves evoluem com dores de cabeça, náuseas, vômitos, dores abdominais, pele seca e quente, assim como tonturas. Primeiros Socorros:

• Levar a vítima para um local bem arejado e fresco e colocá-la deitada com tronco ligeiramente elevado;

• Desapertar suas roupas para refrescá-la mais e aplicar compressas úmidas e frias sobre a cabeça. Se houver possibilidade, o socorrista poderá ligar um ventilador, dirigindo-o para o corpo da vítima. Uma outra medida de resfriamento é o banho de água fria. A temperatura corporal deve ser medida a cada 15 minutos, para evitar o resfriamento brusco do corpo.

16. FEBRE ELEVADA EM CRIANÇAS – MEIOS FÍSICOS Conduta:

Casos Moderados: • Roupa leve, quarto ventilado, oferta generosa de líquidos e repouso relativo. • Antitérmicos.

Casos Graves: • Despir a criança, envolvendo-a apenas com um lençol e colocar compressas frias em

sua fronte; se isso não for suficiente, enrolar a criança toda em uma toalha úmida e morna, renovar freqüentemente a compressa ou a toalha para que não sequem ou se aqueçam.

• Friccionar delicadamente o corpo da criança com esponjas umedecidas em água fria ou morna. A fricção deve ser feita em partes sucessivas: primeiro um braço, depois o outro, as pernas, o peito e as costas; a duração total deve ser de 30 minutos aproximadamente.

Page 32: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

32

• Banho de imersão – usar água morna (temperatura um pouco inferior à do paciente); prolongar o banho por 10 minutos ou mais, deixando a água esfriar gradualmente. Ao mesmo tempo, colocar compressas frias na fronte da criança.

Atenção 1. Não usar álcool (perigo de intoxicação). 2. Se surgirem tremores ou calafrios, suspender imediatamente o banho e as

compressas, enxugar e agasalhar o paciente. Nota: os tremores elevam a febre, por aumento da atividade muscular.

3. É erro grave colocar a criança com febre alta em banho frio ou toalhas geladas. 17. CHOQUE ELÉTRICO Checar sempre:

• Queimaduras e sinais Vitais. Conduta:

• Desligar a fonte de eletricidade; • Separar a vítima da fonte de eletricidade

protegendo-se com cabo de vassoura, jornal, revistas, almofada, emborrachados, nada que esteja molhado;

• RCP se necessário; • Encaminhamento ao médico.

18. TRATAMENTO DA OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS POR CORPO ESTRANHO

18.1 Em Adultos Causas e Precauções A obstrução das vias aéreas pode causar perda de consciência e parada

cardiorrespiratória; porém, com muito mais freqüência a perda de consciência e a parada cardiorrespiratória são as causadoras da obstrução das vias aéreas.

O paciente inconsciente pode desenvolver obstrução das vias aéreas, quando a língua cai para trás, na faringe, obstruindo a via aérea superior. Pode ocorrer regurgitação do conteúdo gástrico para a faringe, durante uma parada cardiorrespiratória ou durante as tentativas de ressuscitação, causando obstrução. O sangramento do crânio e os ferimentos faciais também podem obstruir as vias aéreas, especialmente, se o paciente estivar inconsciente.

A obstrução das vias aéreas por corpo estranho deve ser considerada em qualquer vítima, especialmente as mais jovens, que subitamente param de respirar, tornam-se cianóticas e perdem a consciência, sem nenhuma razão aparente. Este tipo de obstrução ocorre, em geral, durante as refeições. Em adultos, a carne é a principal causa de obstrução, muito embora uma série de outros alimentos e corpos estranhos tenham sido causa de sufocação em crianças e alguns adultos. Os fatores mais comuns associados ao sufocamento com alimentos incluem pedaços de alimentos de tamanho grande e mal mastigado, níveis elevados de álcool no sangue e dentaduras postiças. Nos restaurantes, esta emergência tem sido confundida com infarto do miocárdio, dando origem ao termo “café coronário”.

Page 33: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

33

Pode-se prevenir contra a obstrução das vias aéreas com as seguintes condutas: • Cortar os alimentos em pedaços pequenos e mastigá-los bem, vagarosamente,

especialmente se a pessoa usa dentadura postiça. • Evitar rir e conversar enquanto estiver mastigando e engolindo. • Evitar a ingestão excessiva de álcool. • Não deixar que as crianças andem, corram ou brinquem com alimentos na boca. • Manter objetos estranhos (como bolinhas de gude, contas, percevejos) fora do

alcance de bebês e crianças. • Não oferecer amendoins, creme de amendoim, pipocas, cachorros quentes e

outros alimentos que devam ser bem mastigados a crianças que ainda não desenvolveram a mastigação por completo.

Reconhecimento da obstrução das vias aéreas por corpo estranho

Como o diagnóstico rápido da obstrução das vias aéreas é a chave para o sucesso no tratamento, é importante distinguir esta emergência de uma sincope, um acidente vascular cerebral, um infarto, epilepsia, overdose de drogas, ou qualquer outro quadro que cause súbita insuficiência respiratória, mas que deve ser tratado de maneira diferente.

Corpos estranhos podem causar obstrução parcial ou total das vias aéreas. No caso de uma obstrução parcial, a vítima pode ter uma “boa troca de ar” ou uma “troca de ar ruim”. No caso da primeira, quando a troca de r é adequada, a vítima se mantém consciente e pode tossir com força, muito embora apresente chiado entre as tossidas. Enquanto a troca de ar adequada se mantiver, a vítima deve ser encorajada a continuar a tossir e a manter esforços respiratórios espontâneos. Até este momento não se deve interferir nas tentativas da vítima em expelir o corpo estranho, mas deve-se ficar ao seu lado e monitorar tais tentativas. Se persistir, deve-se ativar o sistema de SME. Esc. “Dr. Gualter Nunes”

No início, pode ocorrer uma troca de ar inadequada ou uma troca adequada pode passar a inadequada, indicada por uma tosse fraca e ineficaz, ruído agudo ao inspirar, dificuldade aumentada em respirar e, possivelmente, cianose. A obstrução parcial com troca de ar inadequada deve ser tratada como se fosse obstrução total.

Na obstrução total, a vítima não consegue falar, respirar ou tossir e pode segurar o pescoço com o polegar e os dedos ( as pessoas em geral devem ser encorajadas a utilizar este sinal, que é o sinal universal de sofrimento, quando sentirem que estão se sufocando). Deve-se perguntar à vítima se está sufocada. Não haverá movimento de ar se for uma obstrução total. A saturação de oxigênio no sangue cai rapidamente, porque a obstrução das vias aéreas impede a entrada de ar nos pulmões, levando a perda de consciência. Se as providências não forem rápidas, a vítima morre rapidamente.

Tratamento da obstrução das vias aéreas

A manobra de Heimlich (golpes abdominais subdiafragmáticos) é recomendada para o

tratamento de uma obstrução das vias aéreas por corpo estranho. Ao elevar o diafragma, esta manobra força o ar dos pulmões a criar uma tosse artificial capaz de expelir o corpo estranho, que está obstruindo as vias aéreas. Cada golpe individual deve ser administrado com o intuito de liberar a obstrução. Poderá ser necessário repetir várias tentativas em cada seqüência para desobstruir as vias aéreas.

Uma consideração importante na aplicação da manobra é o possível comprometimento de órgãos internos, como uma ruptura ou laceração das vísceras abdominais ou torácicas. A fim de minimizar esta possibilidade, as mãos do socorrista nunca devem ser colocadas no apêndice xifóide, no esterno, ou na borda inferior do gradeado costal. Elas devem estar sempre abaixo desta região, mas acima do umbigo na linha média.

Poderá ocorrer regurgitação, como conseqüência dos golpes abdominais. O treinamento e a realização adequado do procedimento devem minimizar estes problemas.

A manobra de Heimlich com a vítima sentada ou em pé

Page 34: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

34

O socorrista deve ficar em pé atrás da vítima, passar os braços pela cintura dela e proceder da seguinte forma :

• Fazer um punho com uma das mãos. • Colocar o lado do polegar deste punho contra o abdômen da vítima, na linha da

cintura, um pouco acima do umbigo e bem abaixo da ponta do apêndice xifóide. • Segurar firmemente o punho com a outra mão e

pressionar o abdômen da vítima com um golpe rápido para cima.

• Repetir os golpes e continuar até que o objeto seja expelido das vias aéreas ou que o paciente fique inconsciente.

• Cada golpe deve ser um movimento separado e distinto.

A manobra de Heimlich com a vítima deitada

• Coloque a vítima em decúbito dorsal com a face

para cima. • Ajoelhe-se ao redor das coxas da vítima e

coloque a região hipotênar da palma de uma das mãos contra o abdômen da vítima, na linha da cintura, um pouco acima do umbigo e bem abaixo da ponta do apêndice xifóide.

• Coloque a outra mão em cima da primeira. • Pressione o abdômen com um golpe rápido

para cima. Se estiver posicionando corretamente, sua posição natural será no centro do abdômen e,

portanto, muito provavelmente você não vai dirigir os golpes para a direita ou para a esquerda. Um socorrista cujos braços não consigam dar a volta pela cintura da vítima inconsciente pode utilizar esta técnica. O socorrista deve usar o peso do seu corpo para o procedimento.

A varredura digital

Esta manobra deve ser utilizada apenas para a vítima inconsciente e nunca vítima de convulsão. • Com a vítima em decúbito dorsal, abrir sua boca segurando a língua e a mandíbula entre o

polegar e os dedos, levantar a mandíbula (elevação da língua e da mandíbula). Este movimento afasta a língua da parte posterior da garganta e também do corpo estranho que pode estar alojado lá. Apenas este procedimento já pode aliviar parcialmente a obstrução.

• Coloque o dedo indicador da outra mão no lado interno da bochecha e até o fundo da garganta, na base da língua.

• Faça um gancho com o indicador para desalojar o corpo estranho e remova-o para a boca, a fim de que possa ser retirado.

Às vezes é necessário usar o dedo indicador para empurrar o corpo estranho contra o lado

oposto da garganta para desalojá-lo e removê-lo. Tenha cuidado para não fazer com que ele se aprofunde, ainda mais, nas vias aéreas. Se o corpo estranho estiver ao alcance, pegue-o e retire-o.

Varredura digital administrada a uma vítima inconsciente de obstrução de vias aéreas por corpo estranho.

Page 35: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

35

Seqüência recomendada para a vítima que está ou se torna inconsciente

• Abra a boca da vítima inconsciente. Se você foi testemunha de uma vítima perdendo a

consciência e suspeitar que um corpo estranho esteja presente, faça o procedimento da varredura digital.

• Se a vítima já estiver inconsciente quando o socorrista chegar, ou se não se suspeita de obstrução das vias aéreas por corpo estranho, quando a perda de consciência foi presenciada, deve-se realizar a respiração de resgate.

• Se não foi possível ventilar mesmo após tentativas de reposicionamento da cabeça, realiza a manobra de Heimlich (até 5 vezes).

• Abrir a boca e realizar varredura digital. • Tentar a ventilação. • Se não foi possível ventilar, reposicionar a cabeça e tentar ventilar novamente. • Repetir a seqüência da manobra de Heimlich, da varredura digital e tentar ventilar. • Insistir em tais procedimentos, enquanto necessário. • Se a vítima retomar a respiração, coloca-la na posição de recuperação e monitoriza-la

atentamente. • Conseguir atendimento médico adequado.

18.2 Em lactentes e crianças

Mais de 90% das mortes por aspiração de corpo estranho, na faixa etária pediátrica,

ocorrem em crianças menores de 5 anos de idade; 65% das vítimas são lactentes. Com o desenvolvimento dos padrões de segurança dos produtos de consumo, regulando o tamanho mínimo dos brinquedos e partes de brinquedos para crianças pequenas, a incidência de aspiração de um corpo estranho diminui. Entretanto, brinquedos, balões e pequenos objetos, especialmente alimentos (por exemplo: cachorros quentes, balas, castanhas, uvas,etc), podem ainda se aspirados. Uma obstrução das vias aéreas por corpo estranho deve ser suspeita naqueles lactentes e crianças que demonstrarem desconforto respiratório de início súbito associado a tosse, náuseas, estridor (ruído barulhento, alto) ou chiado.

Os sinais e sintomas de obstrução das vias aéreas também podem ser causados por infecções, como epiglotite e crupe, que produzem edema das vias aéreas. A infecção deve ser suspeitada como causa de obstrução das vias aéreas, se a criança tem febre, particularmente, acompanhada de congestão, ronquidão, sialorréia, letargia e fraqueza. As crianças com causa infecciosa de obstrução das vias aéreas devem ser levadas, rapidamente, a um serviço de emergência. Não deve ser desperdiçado tempo em tentativas fúteis, e provavelmente perigosas, de liberar esta forma de obstrução.

Tentativas de liberar as vias aéreas devem ser consideradas, quando a aspiração de corpo estranho é presenciada ou fortemente suspeitada, ou ainda quando as vias aéreas permanecerem obstruídas (sem expansão torácica) durante as tentativas de realizar respirações de salvamento na criança ou lactente inconsciente e sem respiração. Se a aspiração de um corpo estranho é vista ou fortemente suspeitada, o socorrista deve encorajar a criança a continuar tossindo, espontaneamente, e com esforço respiratório, enquanto a tosse é vigorosa. A liberação da obstrução das vias aéreas deve ser tentada somente se são observados sinais de obstrução completa das vias aéreas. Estes sinais incluem tosse ineficaz (sem som), aumento da dificuldade respiratória, acompanhada de estridor, desenvolvimento de cianose e perda da consciência. O SME deve ser ativado, tão rapidamente quanto possível, por um segundo socorrista.

A manobra de Heimlich (compressão abdominais subdiafragmáticas) é recomendada para a liberação de obstrução completa das vias aéreas superiores de crianças maiores de 1 ano. Estas compressões aumentam a pressão intratorácica, criando uma tosse artificial que força o ar, forçando a saída do corpo estranho das vias aéreas. Ainda que haja uma escassez de dados sobre a liberação das vias aéreas por corpo estranho em lactentes, os dados científicos existentes não sugerem que os golpes no dorso e as compressões torácicas sejam ineficazes para este grupo etário. Desde a introdução das primeiras normas de SAV da AHA, recomendando os golpes no dorso e as compressões torácicas, as mortes por obstrução das vias aéreas por corpo estranho em lactentes e crianças entre 0 e 4 anos, diminuíram em 60% nos Estados Unidos,

Page 36: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

36

caindo de mais 450 por ano para menos de 170 por ano. Não tem sido descritas complicações em artigos científicos, nem mesmo falhas desta técnica quanto usada em lactentes. Ao contrário, há descrições de ruptura de estômago, diafragma, esôfago e jejuno com a técnica de Heimlich. Já que o fígado do lactente é grande e não está protegido pela caixa torácica, o risco de lesão hepática pode ser alto se a manobra de Heimlich for recomendada para lactentes. As alterações hepáticas fatais em vários lactentes têm sido relacionadas com a aplicação de trauma abdominal fechado súbito durante abuso de crianças. Por estas razões o uso de golpes no dorso e as compressões torácicas são recomendadas para a liberação da obstrução completa das vias aéreas por corpo estranho em lactentes. Mais dados são necessários para diferenciar opiniões e experiências isoladas de fatos.

Após as manobras de liberação da obstrução das vias aéreas, as vias aéreas são abertas usando a elevação da língua e da mandíbula. Se o material que causa a obstrução é visível, deve ser removido. Se não há respiração espontânea, as via s aéreas são abertas e a respiração de salvamento é realizada. Se o tórax não se expandir, a cabeça é reposicionada, as vias aéreas são abertas e a respiração de salvamento é novamente realizada. Se a respiração de salvamento ainda não obtiver sucesso, as manobras para liberação das vias aéreas obstruídas por corpo estranho devem ser repetidas.

Remoção manual de corpos estranhos A procura com o dedo sem visualização não deve ser feita em lactentes e crianças, já que

o corpo estranho pode ser empurrado para dentro das vias aéreas causando mais obstrução. Quando as vias aéreas são abertas na vítima inconsciente e sem respiração, é usado a manobra de elevação da língua e mandíbula:

• Apreenda ambas, língua e mandíbula, entre o polegar e os de dos e eleve-as; • Se avistar o corpo estranho, remova-º Lactente: golpes no dorso e compressões torácicas

A seqüência a seguir é usada para liberar as vias aéreas de um lactente de uma obstrução

por corpo estranho. Os golpes (pequenas pancadas) no dorso são dados enquanto o lactente é segurado em posição prona (com a face para baixo) sobre o antebraço do socorrista, com as pernas separadas uma de cada lado do braço, com a cabeça mais baixa que o tronco. As compressões torácicas são realizadas enquanto o lactente está em posição supina, seguro e apoiado sobre o antebraço do socorrista, e a cabeça do lactente encontra-se mais baixa que o tronco. O socorrista deve tornar as seguintes medidas para liberar as vias aéreas obstruídas no lactente consciente:

1. Segure o lactente com a face voltada para,baixo, repousando sobre o antebraço do

socorrista. Segure a cabeça do lactente firmemente, segurando a mandíbula. Mantenha seu antebraço próximo ao seu corpo de forma a suportar bem o lactente. A cabeça do lactente deve estar mais baixa que o tronco.

2. Dê até 5 golpes no dorso entre as escápulas do lactente, usando a região hipotênar da mão.

3. Após ter dado os golpes no dorso, coloque sua mão livre no dorso do lactente, segurando a cabeça do bebê. O lactente é firmemente seguro, como um sanduíche, entre suas mãos e braços. Uma mão segura a cabeça e o pescoço, a mandíbula e o tórax, enquanto a outra suporta o dorso.

4. Vire o lactente enquanto a cabeça e o pescoço são cuidadosamente suportados e segure o lactente em posição supina, próximo a você. A cabeça do lactente deve permanecer mais baixa que o tronco.

5. Dê até 5 rápidas compressões torácicas no mesmo local e atue como as compressões da RCP: - Dois dedos colocados na metade inferior do esterno, cerca de uma polpa digital

abaixo da linha mamilar.

Page 37: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

37

Golpes no dorso ( à direita) e compressões torácicas (à esquerda) para liberação das vias aéreas obstruídas por corpo estranho no lactente.

Se as mãos do socorrista forem pequenas ou o lactente for grande, estas manobras podem ser árduas de serem realizadas. Se isto acontecer, coloque o lactente no colo em posição supina, com a cabeça abaixo do tronco e firmemente segura. Após ter dado até os 5 golpes no dorso, vire o lactente como um bloco para a posição supina e dê até 5 compressões torácicas.

As medidas de 1 a 5 devem ser repetidas até o objeto ser expelido ou o lactente perder a consciência. Se o lactente perde a consciência, abra as vias aéreas usando a manobra de elevação da língua e mandíbula e remova o corpo estranho se este for visível, e tente a respiração de salvamento, liberando as vias aéreas obstruídas.

Se a vítima estiver ou tornar-se inconsciente: 1. Abra as vias aéreas do lactente. Se a perda da consciência foi testemunha e a

obstrução das vias aéreas é suspeitada, eleve o queixo usando a manobra de elevação de elevação da língua e mandíbula e se você vir o objeto estranho, remova-o com o dedo.

2. Tente a respiração de salvamento. 3. Se a primeira tentativa não tiver sucesso, reposicione a cabeça e tente novamente a

ventilação. 4. Se a ventilação não tiver sucesso, de 5 golpes no dorso e 5 compressões torácicas. 5. Abra a boca usando a elevação da língua e mandíbula e remova o objeto estranho, se

você o vir. 6. Repita os passos 2 até 4 até que a ventilação tenha sucesso. (expansão torácica). 7. Ative o SME aproximadamente, após 1 minuto e retome os esforços. 8. Se a vítima recobra a respiração espontânea coloque-a na posição de recuperação e

monitore de perto até a chegada do pessoal de resgate. A criança: a manobra de Heimlich Compressões abdominais com a vitima consciente (sentada ou em pé) Realize os seguintes passos para liberar a obstrução completa das vias aéreas da vítima consciente: 1. Posicione-se em pé atrás da vítima, com os braços

diretamente abaixo das axilas, circulando o tronco da vítima.

2. Coloque o lado do polegar de um punho contra o abdômen da vítima na linha média

ligeiramente acima do umbigo e bem abaixo da extremidade do apêndice xifóide. 3. Agarre seu punho com a outra mão e exerça uma série de rápidas compressões com

direção cefálica. Não toque no apêndice xifóide ou nas margens inferiores da caixa torácica, pois uma força aplicada a estas estruturas pode lesar órgãos internos.

4. Cada compressão deve ser separada, com movimento distinto, com objetivo de liberar a obstrução. Continue as compressões abdominais até que o corpo estranho seja expelido ou o paciente perca a consciência.

Page 38: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

38

5. Se a vítima perder a consciência, a abra as vias aéreas usando a elevação da língua e mandíbula e se você vir o objeto que causa a obstrução, remova-o com o dedo.

6. Tente a respiração de salvamento. Se o tórax não se expandir, reposicione a cabeça e tente novamente a respiração de salvamento. Se as vias aéreas permanecerem obstruídas na vítima inconsciente, repita a manobra de Heimlich.

Compressões abdominais com uma vítima que está ou tornou-se inconsciente O socorrista deve seguir as seguintes medidas: 1. Coloque a vítima em posição supina. 2. Se a perda de consciência foi presenciada e a obstrução das vias aéreas suspeitada,

abra as vias aéreas usando a elevação da língua e a mandíbula e remova o objeto com o dedo, se você o vir.

3. Tente a respiração de salvamento. Se a ventilação não tiver sucesso, reposicione a cabeça e tente novamente a ventilação. Se a ventilação permanecer sem sucesso, continue com as medidas 4 a 8, abaixo.

4. Ajoelhe-se ao lado da vítima ou posicione-se com uma perna de cada lado do quadril da vítima (a cavaleiro).

5. Coloque a região hipotênar de uma das mãos sobre o abdômen da criança, na linha média ligeiramente acima do umbigo e bem abaixo da caixa torácica e apêndice xifóide. Coloque a outra mão sobre a primeira.

6. Pressione ambas as mãos no abdômen com uma rápida compressão na direção cefálica. Cada compressão tem direção cefálica na linha média e não deve ser direcionada para os lados do abdômen. Faça uma série de 5 compressões. Cada compressão deve ser separada e ter um movimento distinto.

7. Abra as vias aéreas segurando a língua e a mandíbula, simultaneamente, e elevando-as. Se você vir o corpo estranho, remova-o usando o dedo.

8. Repita os passos 3 a 6 até que a ventilação obtenha sucesso.

19. PREVENÇÃO DE ACIDENTES NA INFÂNCIA 1º Ano de Vida:

A criança no 1º ano de vida, está sujeita a acidentes que se tornam mais freqüentes ainda, quando ela desenvolve a habilidade de movimentos. Sua curiosidade a leva a se virar, engatinhar e pegar objetos. Ela precisa de proteção em tempo integral, por isso, aqui vão algumas dicas para se evitar alguns dos acidentes mais comuns nesta idade.

Banho Verifique sempre a temperatura da água com um termômetro ou com o cotovelo (menos de 25º C). Nunca saia do alcance da criança, o afogamento não é o único perigo. O simples mergulho com aspiração de água até os pulmões pode provocar problemas.

Asfixia Cobertores pesados e travesseiros fofos representam real perigo. O berço e o cercadinho devem ficar situados longe de fios soltos, cordas de venezianas, cortinas e nem deixar ao alcance da criança, sacos plásticos ou impermeável onde a criança possa por a cabeça.

Quedas de altura Somente o berço ou o cercadinho podem ser considerados locais seguros. Não deixe a criança sem assistência sobre móveis, trocador de fraldas, cama, sofá, mesa, etc. Deixe as roupas preparadas previamente no momento da troca de fraldas.

Brinquedos

Page 39: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

39

Devem ser grandes o suficiente para não serem engolidos, fortes para não serem quebrados e nem terem peças facilmente destacáveis. Pontas arestas ou tintas solúveis na boca, devem ser evitadas.

Objetos Não deixe ao alcance da criança objetos cortantes ou pontiagudos, como alfinetes e agulhas, e objetos pequenos como botões e moedas, fáceis de serem engolidos.

Berço O berço e o cercadinho devem ter grades altas com intervalos pequenos para evitar que o bebê introduza a cabeça entre eles (os de malha são os mais seguros).

Queimaduras Controle a temperatura da água do banho. Não beber líquidos quentes com a criança no colo; aquecedores, garrafas térmicas, ferro de passar roupa também devem ser mantidos fora do alcance da criança. Em tomadas elétricas coloque um esparadrapo ou protetor próprio, e atenção com os fios elétricos soltos. A área próxima ao fogão deve ser proibida à criança.

Viagens de automóvel Ao sair não segurar a criança no colo no banco dianteiro, use uma cadeirinha infantil ou quando transportá-la no colo sente sempre no banco traseiro. Ofereça líquidos à criança em viagens prolongadas.

Medicamentos e produtos tóxicos Remédios, produtos químicos, produtos de limpeza, venenos para insetos e ratos devem ser mantidos fora da visão e alcance das crianças, pois elas não têm nenhuma noção do perigo destas substâncias e por curiosidade acabam levando tudo à boca. Mantenha estes produtos em local alto ou fechado onde a criança não pode ter acesso, e em caso de ingestão acidental faça contato o mais depressa possível com o seu médico.

Escadas e portas Escadas devem permanecer cercadas, as portas devem ser travadas com um peso ou presilha para impedir a eventualidade de esmagamentos, quando mexidas por crianças, vento ou mesmo adultos distraídos. 2º ao 4º ano de vida A criança se desenvolve e começa a ganhar mais autonomia em seus movimentos, sem com isso diminuir os riscos de acidentes. Pelo contrário, nesta fase a criança quer investigar e imitar tudo, sem ter a noção do perigo.

Banho / Afogamento Os cuidados quanto ao banho da criança devem permanecer os mesmos do primeiro ano de vida. Mantenha-se sempre a uma distância que lhe permita controlar todos os movimentos do bebê. A atenção com tanques, piscinas, banheiras e poços de água devem ser redobradas. A criança não pode ser deixada sozinha nas proximidades de um destes lugares em circunstância alguma.

Asfixia Os cuidados para deixar fora do alcance fios, cordões, sacos plásticos devem continuar. A tendência a imitar e a curiosidade os levam a se esconder em armários ou em locais com pouca ventilação, além do fascínio pelo fogo que pode levar a intoxicação com a fumaça, isto exige uma atenção redobrada.

Queda À medida que aumentam as áreas de exploração da criança, dentro e fora de casa, também aumentam os riscos de acidentes e quedas. Nesta fase, surge o perigo das janelas e escadas, onde, por segurança, devem ser instaladas grades ou redes de proteção e, atenção com as cadeiras próximas às janelas ou as que possam ser arrastadas.

Brinquedos/Objetos Eles precisam resistir aos movimentos da criança e devem ter um tamanho que não lhes permita serem engolidos. Não devem ter cantos vivos ou pontas, sendo confeccionados com substâncias atóxicas. A criança já brinca com uma variedade muito maior de objetos. Ë importante

Page 40: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

40

ensinar-lhe sobre o perigo dos objetos cortantes, principalmente quando junto a outras crianças e, também, sobre os riscos de se perseguir uma bola perdida na rua. Armas como facões, canivetes ou revólveres e objetos como tesouras, agulhas, estiletes, ferramentas e tintas, devem ficar seguramente trancados.

Berço/Cama O berço deve ter grades altas, com intervalos pequenos que não possibilite a criança enfiar a cabeça entre elas. Ele ainda evita que a criança saia por conta própria, em momentos em que não está sendo monitorada, mas logo deverá ser trocado por cama infantil aberta.

Veículos Motorizados

Não permita que a criança brinque em áreas onde possam transitar veículos. É muito importante ensiná-la sobre o perigo do tráfego de veículos e de atravessar a rua sozinha (regras elementares de trânsito já podem ser ensinadas). Ao transportar uma criança dentro de um automóvel, nunca colocá-la no banco da frente, mesmo no colo. Use sempre uma cadeirinha ou cinto de segurança

Queimaduras Além das tomadas, fios elétricos e aparelhos domésticos, começam a se tornar perigosos os fósforos, velas e isqueiros, devido ao fascínio que o fogo provoca nas crianças. Os produtos químicos e de limpeza que são facilmente inflamáveis também representam um grande perigo.

Ingestão de Produtos Tóxicos Existe um grande risco de intoxicação pela ingestão de produtos químicos, principalmente remédios, muitas vezes coloridos e com formas atraentes. As conseqüências da ingestão acidental de um destes produtos pode ser fatal. Mantenha todos os remédios trancados em um mesmo armário, longe delas. Mantenha também à distância os produtos de limpeza e os cosméticos. Em caso de ingestão acidental procure imediatamente um médico.

Escadas e Portas Para evitar acidentes em escadas, mantê-las cercadas: a criança já se locomove sozinha sem dificuldades, mas os degraus ainda representam uma empreitada difícil para ela. As portas devem ser travadas, pois soltas representam perigo quando movimentadas rapidamente pela ação do vento ou de pessoas. 20. PARTOS

Definição:

Após a fecundação, a união do óvulo com o espermatozóide, o novo ser começa a se desenvolver dentro do útero materno. Após nove meses de gestação, haverá a expulsão do concepto para o meio externo através do parto. A grande maioria dos casos se resolve espontaneamente, apenas sendo assistido pelo médico ou parteira. No entanto, em situações em que não haja condição de transporte da parturiente ao hospital, devemos ter um certo treinamento na assistência ao parto para que possamos assisti-lo, até mesmo dentro da viatura.

Sinais de Parto:

No final da gestação, a parturiente começa a apresentar sinais e sintomas que são indicativos do inicio do trabalho de parto, são eles:

• Contração uterina de forte intensidade e freqüente; • Saída de pequena secreção vaginal sanguinolenta; • Saída de água pela vagina (ruptura da bolsa das águas); • Sensação intensa de evacuação. 20.3 Conduta:

Nestas condições, o trabalho de parto está se iniciando, então devemos tomar as seguintes condutas:

• Quando as dores se intensificarem e passarem a ocorrer em intervalos menores, deveremos pedir à parturiente para evacuar e urinar, pois no momento da expulsão a

Page 41: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

41

bexiga será comprimida, juntamente com o reto, propiciando a saída de urina e material fecal, aumentando o risco de infecção;

• Colocar a parturiente deitada de costas, com os joelhos elevados e as pernas afastadas uma da outra e pedir-lhe para conter a respiração e fazer foça de expulsão cada vez que sentir uma contração uterina;

• Quem vai assistir ao parto, deverá lavar bem as mãos; Devemos cobrir o ânus da parturiente com um pano limpo para diminuir a possibilidade de contaminação com material fecal;

• À medida que o parto progride, ver-se-á cada vez mais a cabeça do feto em cada contração. Devemos ter paciência e esperar que a natureza prossiga o parto. Nunca devemos tentar puxar a cabeça da criança para apressar o parto;

• À medida que a cabeça for saindo, devemos apenas ampará-la com as mãos, sem imprimir nenhum movimento, apenas de sustentação;

• Depois de sair totalmente, a cabeça da criança fará um pequeno movimento de giro e, então, sairão rapidamente o ombro e o resto do corpo. Sustente-o com cuidado. Nunca puxe a criança, nem o cordão umbilical; deixe que a mãe expulse naturalmente o bebê;

• Nascida a criança, limpe apenas o muco do nariz e boca com gaze ou pano limpo e assegure-se de que começou a respirar. Se a criança não chorar ou respirar, segure-a para baixo pelas pernas, com cuidado para que não escorregue. Dê alguns tapinhas nas costas para estimular a respiração. Desta forma, todo líquido que estiver impedindo a respiração sai;

• Se o bebê ainda assim não respirar, faça respiração artificial delicadamente, insuflando apenas o volume suficiente para elevar o tórax da criança como ocorre em um movimento respiratório normal;

• Prepare-se para cortar o cordão umbilical. Deite a criança de costas e com um fio, previamente fervido, faça dois nós no cordão umbilical. O primeiro a aproximadamente quatro dedos da criança e o segundo nó distante 5 cm do primeiro. Corte entre os dois nós com uma tesoura, lâmina ou outro objeto esterilizado;

• O cordão umbilical sairá, junto com a placenta, cerca de 20 minutos após o nascimento;

• Após a saída da placenta devemos fazer massagem suave sobre o abdome para provocar a contração espontânea do útero e diminuir a hemorragia que é normal após o parto;

• Transportar a puérpera e a criança ao hospital para completar a assistência médica. A placenta também deverá ser transportada para que possa ter certeza de que ela saiu completamente ou se ainda sobraram restos dentro do útero materno.

Posição para o parto: Mecanismo do parto: apresentação da cabeça deitada com as pernas fletidas

Page 42: Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar agravamento das lesões existentes

42

Referências Manual de Procedimentos Operacionais Padrão de Sistema de Resgate de Acidentados do Estado de São Paulo. FORTES, Julia Ikeda. Enfermagem em Emergências. São Paulo, EPU, 1986. MURAHOVSCHI, Jaime. Emergências em Pediatria. 6. Ed. Sarvier. NETO, Francisco Frederico. Apostila de Primeiros Socorros. SIESP,1996. CVE. Acidentes por Animais Peçonhentos. Instituto Butantã. SES, São Paulo, 1993. GOMES, Alice Martins. Emergência. São Paulo, EPU, 1994. Manual de Queimaduras. Disponível em http://www.hcnet.usp.br/linkshc/queimaduras CURRENTS, Volume 16, Número 4 Dez/05 a fev/06. National Association of Emergency Medical Technicians. Atendimento pré-hospitalar ao traumatizado/NAEMT. (tradução de Diogo Alfaro e Hermínio de Mattos Filho). Rio de Janeiro, Elsevier, 2007. BORTOLOTTI, Fábio. Manual do Socorrista. Porto Alegre, Ed. Expansão, 2009. Destaques das Diretrizes da American Heart Association 2010 para RCP e ACE. American Heart Association, 2010