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1 RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL I ANDREIA FILIPA DOS SANTOS OLIVEIRA RELATÓRIO DE ESTÁGIO REALIZADO EM FARMÁCIA COMUNITÁRIA Janeiro/2013 ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE INSTITUTO POLITÉCNICO DA GUARDA ______________________________________________________ _

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1

R E L A T Ó R I O D E E S T Á G I O

P R O F I S S I O N A L I

ANDREIA FILIPA DOS SANTOS OLIVEIRA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO REALIZADO EM FARMÁCIA COMUNITÁRIA

Janeiro/2013

ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE

INSTITUTO POLITÉCNICO DA GUARDA

______________________________________________________

_

2

Escola Superior de Saúde

Instituto Politécnico da Guarda

CURSO FARMÁCIA - 1º CICLO

4º ANO / 1º SEMESTRE

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

PROFISSIONAL I

(FARMÁCIA CENTRAL)

ESTÁGIO EM FARMÁCIA COMUNITÁRIA

ANDREIA FILIPA DOS SANTOS OLIVEIRA

SUPERVISOR: Dr.º JOÃO SARAIVA

ORIENTADOR: PROF. ANDRÉ RICARDO ARAÚJO PEREIRA

Guarda

2013

3

ABREVIATURAS

Dr.º - Doutor

g – grama

mg - miligrama

SIGLAS

ACSS – Administração Central de Saúde

ADSE – Assistência na Doença aos Servidores Civis do Estado

ANF – Associação Nacional de Farmácias

CCF – Centro de Conferência de Faturas

CNP – Código Nacional do Produto

COOPROFAR – Cooperativa dos Proprietários de Farmácia, CRL

CTT – Correios de Portugal, S.A.

DGS – Direção Geral de Saúde

EDP – Energias de Portugal

FC – Farmácia Comunitária

FEFO – First expired, First out

GNR – Guarda Nacional Republicana

HTA – Hipertensão Arterial

IMC – Índice de Massa Corporal

INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.

IVA – Imposto sobre o valor acrescentado

MNSRM - Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

MSRM – Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

PIC – Preço impresso na cartonagem

PSP – Polícia de Segurança Pública

PVP – Preço de Venda ao Público

SNS – Serviço Nacional de Saúde

4

Agradecimentos:

Ao Dr. João Saraiva, que estando sempre presente acompanhou de forma permanente

todo o meu período de estágio e sempre respondeu às minhas dúvidas.

A toda a equipa da farmácia Central, pela forma como me acolheram e trataram ao

longo deste período, da qual nunca me vou esquecer e pela boa disposição tão característica

deles.

A todos aqueles que de uma forma direta ou indireta contribuíram para a realização

deste estágio

O meu Muito Obrigado!

5

“Os que se encantam com a prática sem a ciência são como os timoneiros que en-

tram no navio sem timão nem bússola, nunca tendo certeza do seu destino”

Leonardo da Vinci

6

ÍNDICE DE FIGURAS

Fig. 1 – Circuito do Medicamento ............................................................................. 15

Fig. 2 – Interação Profissional de Saúde - Doente ..................................................... 21

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação dos valores da Pressão Arterial ........................................... 31

Tabela 2 – Valores de referêcia para os parâmetros lipídicos..................................... 32

Tabela 3 Classificação do IMC ................................................................................. 33

7

ÍNDICE

0 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 8

1 FARMÁCIA CENTRAL .......................................................................................... 11

1.1 ESTRUTURA FÍSICA ........................................................................................ 11

1.1.1 Espaço Exterior ............................................................................................ 11

1.1.2 Espaço Interior ............................................................................................ 12

1.2 RECURSOS HUMANOS ................................................................................... 14

2 GESTÃO EM FARMÁCIA ...................................................................................... 15

2.1 CIRCUITO DO MEDICAMENTO ..................................................................... 15

2.2 INFORMÁTICA NA FARMÁCIA ..................................................................... 15

2.3 GESTÃO DE “STOCK” ...................................................................................... 16

2.4 ELABORAÇÃO DE ENCOMENDAS ............................................................... 17

2.5 RECEÇÃO DE ENCOMENDAS ........................................................................ 18

2.6 ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO ...................................................... 19

2.7 CONTROLO DOS PRAZOS DE VALIDADE .................................................. 19

2.8 DEVOLUÇÃO DE PRODUTOS ........................................................................ 20

3 INTERAÇÃO PROFISSIONAL DE SAÚDE – DOENTE – MEDICAMENTO 21

4 DISPENSA DE ESPECIALIDADES FARMACÊUTICAS E RESTANTES

PRODUTOS .................................................................................................................................. 23

4.1 DISPENSA DE MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA ......... 24

4.1.1 Regimes de Comparticipação ..................................................................... 26

4.1.2 Faturação de Receituário ........................................................................... 26

5 SERVIÇOS PRESTADOS NA FARMÁCIA CENTRAL ..................................... 30

5.1 AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS E FISIOLÓGICOS ........ 30

5.1.1 Avaliação da Tensão Arterial e da Frequência Cardíaca ........................ 30

5.1.2 Avaliação da Glicémia ................................................................................. 31

5.1.3 Avaliação do Colesterol Total ..................................................................... 32

8

5.1.4 Avaliação do Peso, Índice de Massa Corporal e Percentagem De

Gordura Corporal ................................................................................................................ 32

5.1.5 Administração de Medicamentos Injetáveis e Vacinas não incluídas no

Plano Nacional De Vacinação ............................................................................................. 33

6 VALORMED ............................................................................................................. 34

7 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 35

8 BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................... 36

ANEXOS ........................................................................................................................... 38

ANEXO 1 – EXEMPLO DE FATURA ........................................................................ 39

ANEXO 2 - EXEMPLO DE REQUISIÇÃO DE SUBSTÂNCIAS E SUAS

PREPARAÇÕES COMPREENDIDAS NAS TABELAS I, II, III E IV ANEXAS AO

DECRETO-LEI Nº 15/93, DE 22 DE JANEIRO ...................................................................... 40

ANEXO 3 – BOLETIM DE ANÁLISE DE UMA MATÉRIA-PRIMA ....................... 41

ANEXO 4 – REGISTO DE MOVIMENTO DE MATÉRIAS-PRIMAS ...................... 42

ANEXO 5 – LISTA DE CONTROLO DE VALIDADES ............................................ 43

ANEXO 6 - CIRCULAR EXTERNA REDIGIDA PELO INFARMED PARA

RECOLHA DE LOTES DE MEDICAMENTOS ...................................................................... 44

ANEXO 7 – EXEMPLO DE NOTA DE DEVOLUÇÃO ............................................. 45

ANEXO 8 – GUIA DE TRANSPORTE DE PRODUTOS DEVOLVIDOS ................ 46

ANEXO 9 – EXEMPLO DE RECEITAS MÉDICAS .................................................. 47

ANEXO 10 – EXEMPLO DE VERSO DE UMA RECEITA ....................................... 48

ANEXO 11 – TABELA DE REGIME DE COMPARTICIPAÇÃO ESPECIAL,

PATOLOGIAS ABRANGIDAS ............................................................................................... 49

ANEXO 12 – FICHA DE PREPARAÇÃO DE MANIPULADOS............................... 50

ANEXO 13 – ROTULAGEM UTILIZADA ................................................................. 51

ANEXO 14 – FICHA DE CÁLCULO DO PREÇO DE VENDA DE UM

MEDICAMENTO MANIPULADO .......................................................................................... 52

9

0 INTRODUÇÃO

A realização deste relatório surge no âmbito da unidade curricular de Estágio Profis-

sional I, realizado em Farmácia Comunitária, integrado no plano de estudos do curso de Far-

mácia 1ºCiclo, da Escola Superior de Saúde da Guarda, do Instituto Politécnico da Guarda.

Este estágio foi realizado na Farmácia Central, e decorreu do dia 15 de outubro de

2012 até ao dia 25 de janeiro de 2013, num total de 460 horas.

A orientação deste estágio esteve a cargo do docente André Araújo Pereira estando a

supervisão ao longo do estágio a cargo do Dr.º João Saraiva.

Para muitos utentes a Farmácia Comunitária é o primeiro recurso para obter aconse-

lhamento e acompanhamento nas mais variadas situações, sendo reconhecida como um espa-

ço de saúde de grande importância. Assim, cabe ao Técnico de Farmácia, e restantes profis-

sionais de saúde, a capacidade de perceção e resposta a todas as dúvidas por parte do utente.

O estágio em farmácia comunitária adquire extrema importância na medida em que

permite pôr em prática, consolidar, relacionar e adaptar os conhecimentos adquiridos ao longo

do curso, estando sempre em contacto com o utente, com todas as suas particularidades e es-

pecificidades.

Os objetivos específicos para este estágio foram:

Reconhecer a farmácia como entidade prestadora de cuidados de saúde;

Caracterizar a estrutura da farmácia em termos de espaço, equipamento e recursos

humanos;

Descrever o circuito do medicamento, matérias-primas e outros produtos de saú-

de;

Caracterizar a aplicação informática utilizada e relacionar com as áreas funcionais

da farmácia;

Interpretação das prescrições médicas;

Identificar os motivos que justificam a devolução de medicamentos;

Aplicar os conhecimentos teóricos e teórico-práticos sobre situações de execução

prática;

Executar e avaliar as técnicas e métodos de acordo com os recursos disponíveis;

Aplicar normas de higiene/desinfeção.

As atividades realizadas ao longo do estágio passaram principalmente pela prestação

de serviços (como determinação de parâmetros fisiológicos e bioquímicos) e pelo circuito do

10

medicamento, englobando: receção e armazenamento de medicamentos e outros pro-

dutos de saúde, elaboração de pequenas encomendas, verificação de prazos de validade, parti-

cipação na dispensa de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM), Medicamentos

Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) e outros produtos de saúde. A realização de cada

passo foi delineada no início do estágio, assim a verificação de prazos de validade foi a pri-

meira atividade desenvolvida e a dispensa de medicamentos a última a ser-me atribuída.

Este relatório está dividido em três partes principais: Introdução, Desenvolvimento e

Análise Crítica/Conclusão. Os principais temas abordados durante o desenvolvimento foram a

Farmácia Central e a sua estrutura; gestão da farmácia e circuito do medicamento; dispensa de

especialidades farmacêuticas e restantes produtos e os serviços prestados pela Farmácia Cen-

tral aos seus utentes.

11

1 FARMÁCIA CENTRAL

Localizada no centro da cidade da Guarda, a Farmácia Central, é uma farmácia com

mais de 100 anos de existência.

Devido à sua localização, no centro histórico da Guarda, o público abrangido é muito

diversificado, de várias faixas etárias, grupos socioeconómicos e etnias o que torna o trabalho

do profissional de saúde um desafio diário e permanente, pela diversidade dos casos com que

lida diariamente. Esta diversidade de utentes leva ao contato com múltiplos casos clínicos e

todo o tipo de receituário, criando uma contínua necessidade de adaptação, o que enriqueceu

de forma substancial o meu estágio.

Apesar da heterogeneidade, os utentes da farmácia podem-se dividir em 3 grandes

grupos:

Utentes habituais – a maioria destes utentes possui uma ficha de cliente cria-

da, o que permite com facilidade verificar alguma medicação dispensada anteriormen-

te, assim como contactar o utente. Muitos destes utentes são idosos, polimedicados,

exigindo uma atenção redobrada e capacidade de lidar com as necessidades afetivas

desta faixa etária.

Utentes ocasionais - provenientes de consultas do hospital ou de algum con-

sultório médico. Estes utentes podem exigir um atendimento breve ou mais aprofun-

dado, consoante o nível de informação sobre os medicamentos em causa e o seu pró-

prio nível etário. Um doente idoso proveniente de um meio rural tem geralmente mais

dificuldade em compreender as prescrições e as indicações médicas e cabe ao profis-

sional de farmácia esclarecê-lo.

Utentes que solicitam conselhos farmacêuticos e/ou MNSRM e os produtos

de dermofarmácia e cosmética.

De referir, que estes grupos são apenas uma tentativa de organizar de forma sistemáti-

ca a população da farmácia.

1.1 ESTRUTURA FÍSICA

1.1.1 Espaço Exterior

A Farmácia é facilmente identificável do exterior pela Cruz Verde, colocada perpendi-

cularmente ao edifício, e pelo painel colocado por cima da porta da farmácia com a sua desig-

nação, de acordo com o Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de Agosto, artigo 27º. Existe ainda

uma placa identificativa com o nome da farmácia e a sua direção técnica (1).

12

Na entrada da farmácia estão afixadas algumas informações úteis, como o horário de

funcionamento, de segunda-feira a sexta-feira das 08:55 às 19:00 horas e sábados das 08:55 às

13:00 horas, salvo dias de serviço permanente, assim como as farmácias de serviço permanen-

te.

Paralelamente à rua, a farmácia possui duas montras decoradas de forma atrativa, re-

novadas regularmente, de acordo com a época festiva/estação do ano ou algumas promoções

ou ações desenvolvidas pela farmácia.

1.1.2 Espaço Interior

O edifício da farmácia é composto por três andares, nos quais estão dispostas as dife-

rentes zonas que a compõem. No rés-do-chão encontra-se a zona de atendimento ao público e

as zonas de armazenamento. No primeiro piso situa-se a receção de encomendas, as zonas de

armazenamento, o escritório e a biblioteca, o frigorífico para armazenamento dos produtos

termolábeis, o armazém, o laboratório, o quarto e uma instalação sanitária. No segundo piso

apenas existem zonas de armazenamento.

A área de atendimento ao utente pode ser subdividida em seis áreas, dermocosmética,

puericultura, podologia, higiene oral, produtos dietéticos e suplementos vitamínicos e área de

dispensa de MSRM, MNSRM e outras especialidades farmacêuticas.

Nesta área os produtos estão dispostos por marca e família e de acordo com a área em

questão. Neste local, é comum existirem alguns expositores com produtos promocionais e/ou

sazonais.

Na área de dermocosmética podemos encontrar os mais variados produtos de cuidado

corporal, cuidado específico e protetores solares.

Na área de puericultura existem todos os produtos necessários ao cuidado do bebé e da

mãe, assim como da pré-mamã.

Junto à entrada encontra-se um banco de espera para os utentes enquanto aguardam

serem atendidos, um aparelho de medição da altura, peso, Índice de Massa Corporal (IMC) e

a percentagem de gordura corporal, e uma gôndola destinada aos produtos sazonais.

A área de atendimento é pequena mas acolhedora, possuindo dois balcões de atendi-

mento, com uma caixa registadora comum. Estes balcões de atendimento encontram-se devi-

damente estruturados e organizados, permitindo um atendimento personalizado e privado de

cada utente.

13

Atrás dos balcões de atendimento, encontram-se gavetas deslizantes destinadas ao ar-

mazenamento da maioria dos produtos farmacêuticos (2; 3). Os medicamentos encontram-se

armazenados de forma organizada e lógica, permitindo assim uma localização mais rápida,

estes incluem:

Formas farmacêuticas sólidas orais

o Granulados

o Comprimidos, Drageias, Cápsulas

Formas farmacêuticas para aplicação nas mucosas:

o Colírios e pomadas oftálmicas

o Gotas nasais e auriculares

o Supositórios, óvulos e outras preparações vaginais

Formas farmacêuticas para aplicação parenteral (sem necessidade de refrigeração)

Formas farmacêuticas para aplicação cutânea

Existem também gavetas deslizantes destinadas a outros produtos, como é o caso de

produtos para a placa dentária, papas e chás.

O gabinete do utente localiza-se numa área reservada da farmácia proporcionando um

atendimento personalizado e em situações que requerem uma maior privacidade (2). A presta-

ção de primeiros socorros, administração de medicamentos/vacinas não incluídas no programa

nacional de vacinação e a realização de testes bioquímicos e fisiológicos (como glicémia, co-

lesterol e pressão arterial) são prestados no gabinete do utente (4).

Na área de armazém é possível armazenar os produtos farmacêuticos expostos na área

de atendimento ao público em maior quantidade e restantes apresentações farmacêuticas, co-

mo:

Dispositivos utilizados no controlo da diabetes

Medicamentos e produtos destinados a administração veterinária

Material ortopédico

Formas e produtos farmacêuticos termolábeis:

o Formas farmacêuticas para aplicação parenteral

o Formas farmacêuticas para aplicação nas mucosas

o Dispositivos de contraceção

Formas farmacêuticas líquidas orais

o Xaropes

o Suspensões

o Soluções

14

A área de receção de encomendas está equipada com computador, impressora de eti-

quetas e fax, fornecendo todos os recursos necessários à sua verificação e receção. Neste local

também se encontra toda a documentação relacionada com as encomendas, como as respeti-

vas pastas de arquivo de fornecedores, notas de devolução e notas de encomenda.

O laboratório é o local de preparação de medicamentos manipulados não estéreis. Este

cumpre os requisitos relativos às normas impostas pela Autoridade Nacional do Medicamento

e Produtos de Saúde (INFARMED), e possui o equipamento mínimo de existência obrigatória

para as operações de preparação, de acondicionamento e de controlo destes medicamentos, de

acordo com a portaria n.º 594/2004, de 2 de junho e deliberação n.º 1500/2004, de 7 de de-

zembro (5; 6).

O escritório é um espaço destinado à gestão da farmácia, utilizado maioritariamente

pelo diretor técnico. Neste local também se encontra toda a bibliografia necessária a uma far-

mácia comunitária (Farmacopeia Portuguesa VII, Prontuário Terapêutico, Tratado de Farma-

codinamia e Formulário Europeu do Medicamento, entre outros) (2).

1.2 RECURSOS HUMANOS

A equipa da Farmácia Central é constituída pelo Diretor Técnico, Dr.º José de Sousa

Almeida, pelo farmacêutico adjunto Dr.º João Paulo Saraiva e pelos Ajudantes Técnicos

Afonso Monteiro, Carlos Jesus e José Batista.

A Farmácia Central é composta por uma ótima equipa de profissionais, tanto a nível

técnico-científico, como humano. A boa disposição e disponibilidade traduzem-se num bom

ambiente de trabalho associado ao rigor e profissionalismo. Estas características destacam, de

forma inequívoca, esta farmácia garantindo que todos os utentes que têm contacto com a

equipa se sintam satisfeitos com o serviço prestado, fidelizando-se com maior facilidade.

15

2 GESTÃO EM FARMÁCIA

2.1 CIRCUITO DO MEDICAMENTO

Para o correto funcionamento de uma farmácia comunitária é imprescindível que todos

os profissionais trabalhem em conjunto e que todos os passos do Circuito do Medicamento em

Farmácia Comunitária (fig. 1) sejam realizados corretamente (7).

Durante a realização do estágio pude participar em todas as etapas e atividades do Cir-

cuito do Medicamento em Farmácia Comunitária.

Fig. 1 – Circuito do Medicamento em Farmácia Comunitária

2.2 INFORMÁTICA NA FARMÁCIA

Os computadores na farmácia estão equipados com o software SIFARMA2000. Este é

um suporte informático que fornece um vasto conjunto de ferramentas, melhorando o aconse-

lhamento prestado e aumentando a segurança na dispensa de medicamentos de uso humano,

uso veterinário e outros produtos de saúde.

O SIFARMA2000 permite gerir todo o Circuito do Medicamento, possui vários menus

principais permitindo uma acesso fácil e rápido às suas funcionalidades.

Este software permite realizar encomendas e a sua receção; devoluções e a sua regula-

rização. Avalia o stock máximo e mínimo e sugere os respetivos produtos em falta para a en-

comenda diária. Permite também a impressão de etiquetas, a realização do inventário e a cria-

ção de listas contendo os produtos cujo prazo de validade esteja a expirar na data estipulada.

16

O menu dedicado ao atendimento é bastante útil no ato da dispensa, uma vez que per-

mite que esta seja rápida e eficaz. Possibilita a escolha do tipo de venda (com receita médica e

respetivo organismo associado, sem receita médica, crédito ou suspensa, de acordo com a

opção/necessidade do utente) e indica a posologia, interações e contraindicações dos medica-

mentos dispensados. No caso de vendas suspensas também permite a sua regularização, sendo

estas bastante úteis no caso de doentes crónicos.

Existe um submenu dedicado ao utente, onde é possível fazer o seu registo na farmá-

cia. Este registo é de grande importância, para nós, profissionais de saúde, uma vez que nos

permite visualizar rapidamente o histórico do utente e prestar um serviço personalizado e se-

guro.

Ao nível da faturação, permite a reimpressão do receituário. É também neste menu que

se realiza a impressão do resumo de lotes e verbetes para posterior envio do receituário.

2.3 GESTÃO DE “STOCK”

É essencial existir uma gestão rigorosa de stock numa farmácia comunitária. Um stock

elevado leva a saturação de espaço de armazenamento, custos elevados e a um aumento da

devolução de produtos por termo do prazo de validade. Por sua vez, um baixo stock pode le-

var a falta de medicamentos, o que transmite uma imagem negativa quanto aos serviços pres-

tados pela farmácia (1; 3).

Alguns dos fatores de que depende a gestão de stocks incluem:

Capacidade de armazenamento da farmácia

Segmentação de mercado: idade; rendimentos; classe social; grau de instru-

ção; gostos pessoais

Hábitos de prescrição médica: preferência, por parte do médico prescritor, por

um medicamento em detrimento de outro

Publicidade: campanhas com grande impacto na área da dermocosmética, es-

tados gripais e linhas de emagrecimento; produtos com campanhas publicitá-

rias difundidas em vários canais de comunicação

Sazonalidade

Condições apresentadas, por parte do vendedor: condições de pagamento e/ou

bonificações

Cabe à farmácia providenciar com a brevidade possível a aquisição de medicamentos

esgotados, de forma a atender às necessidades dos utentes (1).

17

A principal ferramenta que auxilia os profissionais nesta tarefa é o sistema informáti-

co. Este permite definir o stock máximo e mínimo de cada produto, assim como uma avalia-

ção das compras, vendas e respetivos preços associados. Desta forma, a avaliação é feita de

forma criteriosa, quanto à realização da encomenda, assim como do fornecedor a optar.

2.4 ELABORAÇÃO DE ENCOMENDAS

Aquando da elaboração de uma encomenda é necessário ter em atenção os clientes-

alvo, a sazonalidade, o hábito de prescrição médica, entre outros.

Esta etapa passa inicialmente pela escolha do fornecedor com base no seu histórico,

como rapidez de atendimento e entrega das encomendas, qualidade das entregas, descontos

financeiros e bonificações de produtos e facilidade de devolução.

Os armazéns/cooperativas possuem inúmeras vantagens em relação aos laboratórios,

como a facilidade de realização da encomenda (telefone, modem), rapidez de entrega e a pos-

sibilidade de aquisição de produtos em pequenas quantidades. Os principais fornecedores da

Farmácia Central são a COOPROFAR e a PLURAL, tendo como fornecedor alternativo a

Alliance Healthcare.

No que respeita à aquisição direta a laboratórios, esta comporta vantagens económicas

significativas em encomendas de grande volume que sucedem da negociação direta (como

redução no preço de venda à farmácia, bonificações). No entanto, os tempos de entrega são

mais longos restringindo esta aquisição essencialmente a produtos de dermocosmética, pueri-

cultura, dispositivos médicos e MNSRM.

Podemos classificar as encomendas em diárias, pontuais e realizadas diretamente à

empresa/laboratório:

Encomendas diárias: realizadas duas vezes por dia, com base na proposta de

encomenda do sistema informático, repondo desta forma os produtos vendidos

ao longo do dia (de acordo com os stocks mínimos e máximos de cada produ-

to).

Encomendas pontuais: realizadas quando existe falta de um produto, aquando

o atendimento de um utente. Esta encomenda permite assim satisfazer as exi-

gências dos utentes, tentando o mais rapidamente possível atender ao seu pe-

dido. Esta é realizada por telefone ao armazém do distribuidor, que informa

rapidamente a farmácia da disponibilidade do produto pedido e o tempo de en-

trega.

Encomendas diretas a empresas/laboratórios: realizadas ao delegado comerci-

al quando este se desloca à farmácia apresentando promoções ou novos produ-

18

tos. Nesta visita ele apresenta o produto, fornecendo todas as informações ne-

cessárias sobre este, e informa o responsável pela compra de todas as condi-

ções e bonificações associadas.

2.5 RECEÇÃO DE ENCOMENDAS

Aquando da receção de encomenda na farmácia esta deve vir acompanhada de fatura

(um original e um duplicado) – Anexo1. Nesta deve constar a identificação do fornecedor e da

farmácia, hora e local de expedição, designação dos produtos (código nacional do produto

(CNP), nome comercial, forma farmacêutica, dosagem e tamanho das embalagens), quantida-

de encomendada e quantidade fornecida, o preço de venda ao público (PVP), o preço de ven-

da ao armazenista (PVA), preço de venda à farmácia (PVF), o imposto sobre o valor acrescen-

tado (IVA) e o preço total de custo para a farmácia.

A receção dos produtos realiza-se através do sistema informático, selecionando a res-

petiva encomenda. Efetua-se a leitura ótica de todos os produtos, tendo em atenção a correta

introdução e atualização de dados, como a identificação do fornecedor e número de guia de

remessa/fatura; código dos produtos e sua designação, dosagem e laboratório; quantidade en-

comendada, recebida e bonificações; prazo de validade; preço de custo, margem de lucro e

PVP.

Alguns dos cuidados a ter em atenção durante a receção de uma encomenda são a veri-

ficação do prazo de validade dos produtos rececionados, assim como a dosagem e laboratórios

corretos, a integridade da embalagem, a verificação do acondicionamento durante o transporte

e se este não provocou qualquer alteração dos produtos (no caso de produtos que necessitem

de refrigeração se o transporte destes ocorreu em embalagens isotérmicas) (3).

O original da fatura, após rubrica do técnico que realizou a receção, é colocado em

pasta própria para posterior envio para o gabinete de contabilidade da farmácia.

Após a conclusão e confirmação de toda a encomenda, procede-se à impressão dos có-

digos de barras. Esta impressão ocorre maioritariamente para os MNSRM, que não possuem

na sua grande maioria o CNP, nem o preço impresso na cartonagem (PIC).

Quanto à receção de Psicotrópicos e Estupefacientes, esta é realizada da mesma forma

que os restantes produtos no entanto a fatura vem acompanhada de uma requisição, em dupli-

cado, assinada e carimbada pelo fornecedor – Anexo 2. Esta deverá ser assinada e carimbada

pelo Diretor Técnico, o duplicado é enviado para o fornecedor em causa e o documento origi-

nal é arquivado na farmácia durante um prazo de três anos (8).

Na receção de matérias-primas, é obrigatório que estas venham acompanhadas do res-

petivo boletim de análise, onde constam informações como nome do fabricante, nome e apre-

19

sentação da matéria-prima, lote, validade e data de fabrico, suas características organoléticas e

análise química (de acordo com a Farmacopeia Portuguesa) e orientações de conservação –

Anexo 3. Este documento é arquivado em pasta própria, junto à ficha de movimento da respe-

tiva matéria-prima – Anexo 4 – para posterior consulta sempre que necessário (7; 5).

2.6 ARMAZENAMENTO E CONSERVAÇÃO

Após a sua receção os medicamentos e produtos de saúde são armazenados de acordo

com as suas características.

Estes são armazenados segundo a sua forma farmacêutica (formas farmacêuticas orais

sólidas (comprimidos, drageias, cápsulas, granulados), líquidas orais, preparações para uso

cutâneo, entre outras), por dosagem, dimensão da embalagem, prazo de validade e por ordem

alfabética da sua designação.

É importante ter em conta a ordem de saída do produto, devendo os produtos com me-

nor prazo de validade serem vendidos primeiro. Desta forma é utilizada a metodologia FEFO

- First expired, First out, minimizando desta forma a probabilidade de se dispensarem medi-

camentos fora do prazo de validade, da sua devolução ao fornecedor, e, consequentemente,

minimizando custos.

Também é necessário atender às características físico-químicas do produto, como por

exemplo a necessidade de condições especiais de conservação (produtos termolábeis com

temperatura de conservação entre 2 e 8 ºC) e a legislação em vigor, como é exemplo o arma-

zenamento de psicotrópicos e estupefacientes, que estão armazenados em local próprio, sepa-

rados dos restantes medicamentos, e em local seguro (8). No caso da Farmácia Central, estes

medicamentos não se encontram em cofre mas estão separados e resguardados relativamente

aos restantes medicamentos (1; 2; 7; 8).

2.7 CONTROLO DOS PRAZOS DE VALIDADE

De acordo com o artigo 34º, do Decreto-Lei nº307/2007, as farmácias não podem for-

necer produtos que tenham excedido o seu prazo de validade. Assim, e de forma a garantir a

qualidade e segurança de todos os produtos, o seu controlo é de grande importância no funci-

onamento de uma farmácia (1).

Este controlo, na Farmácia Central, realiza-se aquando da receção de encomendas e

seu armazenamento. Metodicamente é criada uma listagem trimestralmente, através do Sifar-

ma 2000, dos produtos que irão expirar a sua validade nos três meses seguintes – Anexo 5.

Nesta listagem consta o CNP do produto, a sua designação, dosagem e forma farmacêutica,

stock e prazo de validade. Aquando da confirmação manual dos produtos listados e sua reco-

20

lha, realiza-se também a confirmação do stock do produto, garantindo assim a sua atualização

trimestral no sistema informático.

Os produtos recolhidos são então devolvidos ao fornecedor.

2.8 DEVOLUÇÃO DE PRODUTOS

A devolução de produtos pode ocorrer devido a vários motivos, como embalagens da-

nificadas ou em mau estado de conservação, produtos enviados por engano (para os quais a

farmácia não fez qualquer tipo de encomenda) ou se for enviada qualquer circular por parte do

INFARMED para as farmácias procederem à recolha de algum produto – Anexo 6.

Esta devolução é realizada através da criação de uma nota de devolução ao fornecedor

dos produtos em questão onde são introduzidos os produtos a devolver, assim como o preço

de custo, PVP e o motivo da devolução – Anexo 7. Os produtos são então enviados ao forne-

cedor anexando duas vias da respetiva nota de devolução. É ainda impressa uma terceira via

da devolução para arquivo na farmácia, até ao envio de uma resposta por parte do fornecedor.

Estando tudo conforme as condições acordadas com o fornecedor e aceite a devolução,

este emite à farmácia uma nota de crédito ou envia o produto em causa acompanhado de uma

guia de remessa – Anexo 8. Caso o fornecedor não aceite a devolução, este reenvia os produ-

tos à farmácia acompanhados de uma guia de remessa e da justificação da rejeição.

No caso de o fornecedor não aceitar o produto devolvido, este é incluído nas “que-

bras” da contabilidade anual da farmácia. No final do ano e englobando todos os produtos não

aceites é comunicado à repartição de finanças a sua destruição, para que seja subtraído à tribu-

tação anual o valor correspondente ao IVA dos produtos inutilizados. Após a sua verificação

por parte de inspetores tributários (ou após duas pessoas fazerem prova da sua destruição), os

produtos são colocados em contentor da ValorMed para se proceder à sua destruição.

21

Interacção com o doente

Comunicação

Uso racional do medicamento

Promoção da adesão à terapêutica

Aspectos éticos e deontológicos

3 INTERAÇÃO PROFISSIONAL DE SAÚDE – DOENTE – MEDICAMENTO

O desenvolvimento da farmácia como primeira escolha do doente para resolver pro-

blemas de saúde, sobretudo para patologias caraterizadas por sintomas ligeiros e em situações

agudas, é hoje uma realidade inquestionável reconhecida por todos os profissionais de saúde,

bem como, obviamente, pelos próprios doentes (9).

O farmacêutico/técnico de farmácia é solicitado a intervir ativamente na transmissão

de informação sobre saúde, aconselhamento e a dispensa de medicamentos. O profissional de

saúde deve seguir os princípios éticos e deontológicos, promovendo a utilização segura, raci-

onal e eficaz dos medicamentos, pois o bem-estar do utente é o mais importante (fig. 2).

A atividade farmacêutica em farmácia comunitária tem como ponto fundamental o

utente. Nesta área, o profissional de saúde, mais do que um especialista do medicamento, é

uma pessoa que lida diariamente com diversas personalidades e, por isso, está num processo

de constante adaptação. Esta é bem percetível na comunicação com o doente, seja ela oral ou

escrita (10).

Durante o estágio contactei com muitos utentes de várias proveniências tanto socioe-

conómicas como etárias. Foi possível aperceber-me que, tendencialmente, as pessoas idosas e

com menos estudos, necessitavam de uma atenção e linguagem especiais, não só por serem

mais suscetíveis a erros de administração dos medicamentos, mas muitas vezes por necessida-

des afetivas e sentimentos de isolamento. O profissional de farmácia assume desta forma um

papel de grande importância na promoção do uso correto e seguro dos medicamentos, na iden-

tificação de indivíduos suspeitos de doenças crónicas e promoção do envelhecimento ativo.

Fig. 2 – Interação Profissional de Saúde - Doente

22

Outro aspeto desta relação é o sigilo profissional, que garante a privacidade do utente.

O código deontológico obriga o profissional de farmácia a guardar sigilo e manter confidenci-

ais os diálogos decorrentes do exercício da profissão, evitando que terceiros se percebam das

informações respeitantes à situação clínica do doente. O gabinete do utente contribui de forma

muito significativa para este aspeto.

23

4 DISPENSA DE ESPECIALIDADES FARMACÊUTICAS E RESTANTES PRO-

DUTOS

O ato de dispensa em farmácia comunitária é a atividade de maior visibilidade e maior

dimensão.

Esta deve ser realizada por profissionais qualificados e atualizados de forma a propor-

cionar ao utente um aconselhamento farmacoterapêutico correto e eficaz, enfatizando a ade-

são à terapêutica e o correto uso do medicamento. Este aconselhamento deve visar a posolo-

gia, via de administração, duração do tratamento e possíveis interações que possam ocorrer

com outros medicamentos (tendo em atenção a terapêutica que o utente esteja a realizar) ou

alimentos. O completo esclarecimento do utente é um passo essencial na adesão à terapêutica,

garantindo que esta vai ser realizada até ao fim e da forma correta minimizando possíveis er-

ros (1; 3; 7).

De acordo com o Estatuto do Medicamento, Decreto-Lei nº 176/2006, de 30 de Agos-

to, os medicamentos são classificados, quanto à dispensa ao público em (7):

Medicamentos Sujeitos a Receita Médica: medicamentos suscetíveis de causar

risco para a saúde do utente, direta ou indiretamente, quando utilizados sem

vigilância médica

Medicamentos de Receita Renovável: medicamentos sujeitos a receita

médica que se destinem ao tratamento de doenças prolongadas, poden-

do ser adquiridos mais que uma vez sem necessidade de nova receita

Medicamentos de Receita Especial: medicamentos que assegurem uma

das seguintes situações:

a) Possuam na sua constituição substâncias classificadas como

estupefacientes ou psicotrópicas;

b) Possam dar origem a abuso medicamentoso, criar toxicode-

pendência ou ser utilizados para fins ilegais;

Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica: medicamentos que não causam

perigo direto à saúde do utente, podendo ser dispensados sem apresentação de

receita médica.

24

4.1 DISPENSA DE MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA

Atualmente, a prescrição eletrónica está amplamente disseminada o que minimiza a

ocorrência de erros durante a dispensa.

O modelo de receita médica eletrónica destinado à prescrição de medicamentos está

estabelecido na Portaria nº198/2011, sendo que a receita manual ainda pode ser utilizada em

casos restritos, como falência do sistema informático, inadaptação fundamentada do prescri-

tor, prescrição ao domicílio – Anexo 9 (11; 12).

A receita médica eletrónica é composta por vários campos obrigatórios, como:

“o número da receita; local de prescrição; identificação do médico prescritor,

com a indicação do nome profissional, especialidade médica, se aplicável, número da

cédula profissional e contacto telefónico; nome e número de utente e, sempre que apli-

cável, de beneficiário de subsistema; entidade financeira responsável; regime especial

de comparticipação de medicamentos, representado pelas siglas «R» e ou «O», se apli-

cável; designação do medicamento, sendo esta efetuada através da denominação co-

mum da substância ativa; dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem,

número de embalagens e posologia; identificação do despacho que estabelece o regime

especial de comparticipação de medicamentos, se aplicável; data de prescrição e assi-

natura, manuscrita ou digital, do prescritor" (11).

Aquando da receção é necessário verificar todos os dados da receita, uma vez que se

algum estiver incorreto esta não será considerada válida. Compete ao profissional verificar a

presença de todos os dados e recusar a dispensa da receita se esta não se encontrar válida, isto

é, contenha correções, rasuras ou quaisquer outras modificações, não esteja assinada e/ou da-

tada pelo médico prescritor ou se encontre fora do prazo de validade (11; 12; 13).

Quanto à validade da receita, esta difere das receitas renováveis e não renováveis. No

caso de uma receita não renovável o utente dispõe de trinta dias a contar da data de prescrição

da receita para efetuar a aquisição dos seus medicamentos. Quanto à receita médica renovável

esta é constituída por três vias e a sua validade é de seis meses a contar da data de prescrição

da receita. Esta receita é utilizada em caso de doença crónica ou de tratamento prolongado

minimizando as idas ao médico para prescrição dos mesmos medicamentos e consequente-

mente diminuição de custos para o Sistema Nacional de Saúde (SNS) e para o próprio utente

(11).

Após a finalização da dispensa é impresso no verso da receita o nome da farmácia e

direção técnica; a data da dispensa; o código do operador que a efetuou; o lote a que pertence

a receita e o organismo responsável pela comparticipação; o número da receita, os medica-

25

mentos dispensados (nome, dosagem e número de unidades dispensadas) e respetivos códigos

de barras; preço de venda, de comparticipação e valor pago pelo utente. É também impresso

um campo para o utente assinar, em como lhe foram dispensadas todas as embalagens cons-

tantes na receita, todos os conselhos necessários à sua administração e o seu direito de opção

por um medicamento genérico. Por fim o técnico que realizou a dispensa deve carimbar, assi-

nar e datar a receita – Anexo 10 (14).

Existem medicamentos que devido à sua composição estão sujeitos a receita médica

especial (15):

Medicamentos que contenham substâncias classificadas como estupefacientes

ou psicotrópicos, nos termos do Decreto-Lei nº 15/93, de 22 de Janeiro;

Medicamentos que, em caso de utilização anormal, possam dar origem a riscos

de abuso medicamentoso, criar toxicodependência ou ser utilizados para fins

ilegais;

O modelo de receita médica especial, aprovado através da portaria 1193/99, de 29 de

Setembro, deixou de estar em vigor a partir de junho de 2012. A sua dispensa faz-se, atual-

mente, através das receitas médicas ditas normais como o modelo constante na Portaria

nº198/2011 (11; 16; 17). Estas devem estar corretamente preenchidas e sem qualquer erro. Os

campos da identificação médica (como nome, morada, assinatura, data, número de cédula

profissional), da identificação do utente (nome, morada, número de beneficiário) assim como

da correta identificação do medicamento são de preenchimento obrigatório. No final da dis-

pensa é impresso o verso da receita de acordo com o descrito anteriormente (17).

Através da utilização do Sifarma 2000 esta dispensa tornou-se mais fácil, uma vez que

este ao terminar o atendimento pede automaticamente os dados do adquirente para arquivo,

como nome, morada, número do cartão de cidadão/bilhete de identidade, nome do médico

prescritor e do utente.

Após a dispensa e impressão da receita, o sistema informático imprime um talão em

duplicado com os dados do médico, do doente e do adquirente. Uma cópia do talão anexa-se a

uma cópia da receita e é enviado até ao dia 8 do mês seguinte para o INFARMED. A outra

cópia do talão é anexada a uma cópia da receita e fica em arquivo na farmácia durante 3 anos.

O balanço anual destes medicamentos, acompanhado das quantidades existentes tanto no iní-

cio como no final do ano, é feito até 31 de janeiro de cada ano, procedendo-se ao fecho do

registo (8).

26

4.1.1 Regimes de Comparticipação

Todos os cidadãos possuem assistência médica suportada por determinado organismo,

de forma a usufruírem de comparticipações nos custos ao acederem aos serviços de saúde,

neste caso à aquisição de medicamentos. Assim o valor pago pelo utente depende do organis-

mo em causa, da situação pessoal do utente e do tipo de medicamento em questão.

Desta forma existem vários regimes de comparticipação, sendo o SNS o regime nor-

mal de comparticipação, e os demais subsistemas (como Polícia de Segurança Pública (PSP),

Assistência na Doença aos Servidores Civis do Estado (ADSE), Serviços Bancários, entre

muitos outros) responsáveis pelas restantes comparticipações, de acordo com a situação pro-

fissional de cada um ou dos serviços contratados. O relacionamento das farmácias com as

instituições do Estado é realizado através da Administração Central dos Sistemas de Saúde

(ACSS), através das receitas dos utentes beneficiários do SNS. Para os restantes subsistemas é

realizado através da Associação Nacional de Farmácias (ANF), o organismo profissional en-

volvido na representação das farmácias, sendo também intermediária no reembolso das com-

participações.

Existe um conjunto de medicamentos que estão sujeitos a legislação específica, sendo

as suas comparticipações alteradas quando na receita vem devidamente especificado o despa-

cho, portaria ou Decreto-Lei a que estão sujeitos. A descrição detalhada destes encontra-se no

Anexo 11.

4.1.2 Faturação de Receituário

A cada receita processada ao longo de um mês é atribuído um número sequencial, cor-

respondente ao número da receita, número de lote (cada lote é constituído por um conjunto de

trinta receitas) e respetivo regime de comparticipação.

Estas precisam ser conferidas, antes de serem enviadas para o Centro de Conferência

de Faturas (CCF), para não ocorrerem devoluções posteriores e consequentes atrasos no pa-

gamento por parte dos diferentes organismos. Esta conferência ocorre diariamente por um

único técnico, que possui passos organizados e sequenciais tornando esta tarefa fiável e mi-

nimizando os erros. Nesta conferência é necessário ter em atenção alguns itens importantes,

como a validade da receita, se o organismo, medicamentos e preços faturados são os corretos.

Esta foi uma das tarefas realizadas durante o primeiro mês de estágio, que me permitiu

verificar os erros mais comuns. Esta tarefa tornou-se bastante útil durante a dispensa de medi-

camentos pois dava uma maior atenção aos pequenos detalhes que poderiam passar desperce-

bidos. Um dos erros comuns, que poderá gerar uma devolução, é o facto da embalagem pres-

crita pelo médico já não ser comercializada. Neste caso é justificado no verso da receita que a

27

embalagem prescrita foi redimensionada e que por essa razão foi dispensada a embalagem que

melhor se adequa ao tratamento prescrito.

No final do mês são então impressos os Verbetes de Identificação do Lote, carimbados

e anexados ao respetivo lote. Neste Verbete constam informações como mês, ano e número de

lote, o nome da farmácia e código INFARMED, número de receitas, valor pago pelo utente e

valor a pagar pela entidade de comparticipação. É também impresso a Relação de Resumos de

Lotes e respetiva fatura para cada organismo.

Após estar todo o receituário organizado e anexados os respetivos Verbetes, estes são

enviados até ao 10º dia do mês seguinte para o CCF da ACSS e para a ANF. Para a ACSS é

enviado o receituário respetivo ao SNS, que se divide em vários organismos como o regime

geral, pensionistas, doenças profissionais, diabetes, entre outros. Para a ANF é enviado o res-

tante receituário respetivo aos demais organismos como ADSE, Energias de Portugal (EDP),

Correios de Portugal, S.A. (CTT), PSP, Guarda Nacional Republicana (GNR), entre outros.

4.1.2.1 Devolução de receituário

Após o envio do receituário, se forem detetadas incorreções respeitantes ao incumpri-

mento das exigências estabelecidas pelos organismos comparticipadores imputáveis à farmá-

cia, o CCF devolve as receitas até ao dia 25 de cada mês, juntamente com os motivos da de-

volução e um resumo contendo os valores das retificações. Estas receitas podem ser novamen-

te revistas, corrigidas e reencaminhadas no receituário do mês seguinte para que não hajam

perdas relativas ao valor das comparticipações.

3.2.DISPENSA DE MEDICAMENTOS NÃO SUJEITOS A RECEITA MÉDICA

Os medicamentos não sujeitos a receita médica não necessitam de prescrição médica

para serem dispensados ao utente. Têm como finalidade a prevenção ou o alívio dos sintomas

de problemas de saúde ligeiros que não necessitem de observação médica. Estes não possuem

efeitos adversos significativos, nem podem colocar em risco a saúde do utente (7).

Nesta situação cabe ao profissional de saúde avaliar toda a informação disponibilizada

pelo utente de forma a promover o uso racional do medicamento. O utente deve ser aconse-

lhado quanto à posologia e duração do tratamento, dos efeitos adversos possíveis, assim como

a consultar o seu médico no caso de agravamento ou persistência dos sintomas.

Para que a avaliação do utente seja eficaz, o profissional de saúde qualificado deve

analisar a história clínica que o leva a procurar a automedicação. Dado que o utente não

28

transmite com frequência toda a informação necessária para a elaboração de um diagnóstico e

seleção adequada do medicamento, é de toda a conveniência colocar algumas questões, como

(1; 3):

Quando se iniciaram os sintomas?

Há quanto tempo duram?

Durante quanto tempo persistem?

São contínuos?

Já sentiu alguma vez os sintomas que agora tem?

Sofre de alergias?

Sofre de outras doenças?

Para além da seleção do medicamento em função da patologia de que o utente se quei-

xa e de outras que possam coexistir, os fármacos e as formulações escolhidas devem garantir

uma boa adesão do utente. Isto é, deve ser o mais simples possível, não ser constituída por

muitos medicamentos e estes devem permitir um esquema posológico simples e que não obri-

gue a muitas tomas diárias. Quando possível, o tratamento deve ser complementado com ins-

truções sobre cuidados adicionais que podem ser tomados e que irão aumentar o êxito da tera-

pêutica farmacológica.

Há grupos de doentes em que a automedicação pode estar desaconselhada ou requer

cuidados especiais, devendo limitar-se a casos particulares, como são os casos de doentes cró-

nicos (ex. hipertensos, cardíacos, diabéticos, asmáticos, epiléticos), idosos, bebés e crianças,

mulheres grávidas ou a amamentar.

No início do estágio o Dr.º João realizou um apanhado das situações mais comuns, ex-

plicando-me qual o medicamento mais eficaz para cada uma. Desta forma foi-me também

possível conhecer melhor os produtos existentes na farmácia, tornando-se uma mais valia para

a farmácia e para o utente.

3.3.MEDICAMENTOS MANIPULADOS

Muitos dos medicamentos disponíveis no mercado não estão adequados para todos os

utentes, especialmente os medicamentos de uso pediátrico e/ou dermatológico e para pacien-

tes com condições especiais de administração (18). Assim, torna-se necessário manipular me-

dicamentos de forma a personalizar a terapêutica, adaptando-a a determinado doente (com

necessidades especiais, em casos de intolerância a excipientes específicos, para associações de

substâncias que não se encontrem no mercado, entre outras).

Considera-se como medicamento manipulado qualquer tipo de medicamento preparado

segundo as indicações da farmacopeia ou de um formulário, por um profissional qualificado,

29

destinado a ser dispensado diretamente ao utente, numa farmácia comunitária ou num serviço

farmacêutico hospitalar (3; 5).

As boas práticas a observar na preparação de um medicamento manipulado estão descritas

na portaria nº594/2004, com várias normas e requisitos aprovados pelo INFARMED. Através

da deliberação nº 1500/2004 é estabelecida uma lista de equipamento mínimo de existência

obrigatória nas farmácias tendo em vista a preparação, acondicionamento e controlo do medi-

camento (5; 6).

Quanto às matérias-primas utilizadas na preparação de medicamentos manipulados, ape-

nas podem ser utilizadas as inscritas na Farmacopeia Portuguesa ou Farmacopeias dos Esta-

dos Membros da Comunidade Europeia (5; 7).

Durante a sua preparação devem ser documentados todos os passos através da ficha de

preparação da Farmácia Central, criada para o efeito – Anexo 12. Nesta consta o medicamen-

to em questão, o teor em substância ativa, forma farmacêutica, número de lote, data de prepa-

ração, quantidade a preparar, matérias-primas e respetivos dados e o processo de fabrico. To-

dos os passos devem ser rubricados pelo operador que os realizou e no final de toda a prepa-

ração deve ser rubricada e datada pelo supervisor.

No final da preparação deve-se realizar uma avaliação dos caracteres organoléticos, de

forma a garantir a qualidade do medicamento manipulado. A rotulagem do mesmo deve for-

necer a informação necessária ao utente para uma correta e segura utilização do medicamento

manipulado. Assim devem constar no rótulo do medicamento a fórmula do medicamento ma-

nipulado prescrita pelo médico, o nome do utente, o número de lote atribuído, o prazo de uti-

lização do medicamento preparado e respetivas condições de conservação – Anexo 13 (5).

Durante o estágio foi-me possível realizar a preparação de um manipulado – 30 mg de

Dermovate® pomada (0,5mg/g de propionato de clobetasol) e 2g de ácido salicílico. O doente

utiliza esta preparação há bastante tempo, pelo que a receita tinha já alguns anos.

Esta pomada foi obtida por suspensão. Inicialmente procedi à homogeneização da tenui-

dade do pó, de forma a que este não apresente dificuldades de dispersão. A incorporação do

pó no excipiente é feita fundindo uma pequena parte deste e misturando-o com o pó, até for-

mar uma pasta homogénea, utilizando a técnica de espatulação em pedra-mármore (19).

A preparação deste manipulado permitiu-me conhecer os procedimentos necessários à

preparação de medicamentos manipulados, o cálculo do preço de venda – Anexo 14 – e a

forma de preenchimento de todos os documentos necessários.

30

5 SERVIÇOS PRESTADOS NA FARMÁCIA CENTRAL

A Farmácia Central dispõe de vários serviços farmacêuticos que visam a promoção da

saúde e prevenção da doença, como campanhas de informação, prestação de primeiros socor-

ros, administração de medicamentos injetáveis, determinação de parâmetros fisiológicos e

bioquímicos (4).

A farmácia comunitária é um espaço privilegiado para a prestação de cuidados de saú-

de, e a medição de qualquer um destes parâmetros é sempre acompanhada de perguntas por

parte do utente, bem como de aconselhamento não farmacológico pelo profissional de saúde.

5.1 DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS E FISIOLÓGICOS

Quanto à determinação dos parâmetros bioquímicos e fisiológicos, estes permitem a

medição de indicadores para avaliação do estado de saúde do utente e são de grande impor-

tância no seguimento de doentes crónicos. Na Farmácia Central realiza-se a determinação da

glicose, colesterol total, e pressão arterial, peso corporal e altura.

Na avaliação dos resultados é necessário correlacionar os valores obtidos com os da-

dos fornecidos pelo utente, como tratamento farmacológico, alimentos ingeridos antes da rea-

lização dos testes, os seus hábitos desportivos, entre outros. No final da determinação destes

parâmetros é fornecido um cartão Check-Saúde ao utente com o seu resultado. Assim é possí-

vel fazer um registo sempre que voltar a realizar a determinação destes parâmetros e fazer um

melhor controlo do seu estado de saúde.

5.1.1 Avaliação da Tensão Arterial e da Frequência Cardíaca

Na Farmácia Central a medição da tensão arterial é realizada frequentemente, tanto

por aconselhamento do profissional de saúde como a pedido dos próprios utentes. Esta é de

extrema importância, não só no controlo dos doentes medicados para a Hipertensão Arterial

(HTA), mas também no despiste do risco cardiovascular. Enquanto estagiária, esta era uma

atividade realizada diariamente, não só na componente prática mas também no próprio acon-

selhamento, explicando o significado dos valores apresentados e aconselhando sobre medidas

não farmacológicas como, a redução do consumo de sal, a prática de exercício físico, o au-

mento do consumo de frutas e de verduras e a redução das gorduras saturadas e controlo do

peso.

31

A classificação da pressão arterial, de acordo com a Direção Geral de Saúde (DGS) é a

seguinte:

Tabela 1 – Classificação dos valores da Pressão Arterial (19)

5.1.2 Avaliação da Glicémia

A determinação da glicemia é fundamental para o controlo e identificação precoce de

indivíduos com Diabetes Mellitus (20).

A Diabetes Mellitus é uma doença crónica cada vez mais frequente na nossa socieda-

de, a sua prevalência aumenta com a idade, atingindo ambos os sexos. Esta doença é caracte-

rizada pelo aumento dos níveis de açúcar (glicose) no sangue, a hiperglicemia. A hiperglice-

mia que existe na Diabetes, deve-se em alguns casos à insuficiente produção, noutros à insufi-

ciente ação da insulina e, frequentemente, à combinação destes dois fatores. As pessoas com

Diabetes podem vir a desenvolver uma série de complicações. Contudo o controlo dos níveis

de glicémia ajudam a contrariar essa tendência (21).

Este controlo é realizado por medições frequentes, feitas por punção capilar, utilizando

um aparelho e tiras de teste adequadas para o efeito. Após a avaliação é necessário a análise

dos valores e posterior aconselhamento, quando necessário. Algumas medidas a adotar pelo

utente, em caso de valores elevados de glicémia, são medidas não farmacológicas como reali-

zação de exercício físico moderado (como por exemplo caminhadas ou natação), evitar o con-

sumo de álcool e limitar o consumo de glúcidos, realizar um mínimo de 4 a 6 refeições diá-

rias, com o objetivo de evitar as subidas dos níveis de glucose no sangue após as refeições e o

risco de hipoglicemias entre as refeições.

Durante a recolha das amostras é necessário ter um cuidado acrescido, uma vez que es-

tamos a lidar com fluidos biológicos. O operador deve tomar as devidas precauções, tanto

para sua própria proteção, como para não ocorrer a contaminação da amostra e a consequente

inviabilidade dos resultados.

Categoria Pressão Arterial Sis-

tólica (mmHg) Pressão Arterial Dias-

tólica (mmHg)

Normal 120 – 129 80-84

Normal Alto 130 - 139 85 – 89

Hipertensão Estádio 1 140 - 159 90 – 99

Hipertensão Estádio 2 >=160 >=100

32

De acordo com a Direção Geral de Saúde os valores de diagnóstico são (21):

Normal: glicémia de jejum entre 70 mg/dl e 99mg/dl e inferior a 140mg/dl, 2

horas após sobrecarga de glicose.

Intolerância à glicose: glicémia de jejum entre 100 a 125mg/dl.

Diabetes: 2 amostras colhidas em dias diferentes com resultado igual ou acima

de 126mg/dl ou quando a glicemia aleatória (feita a qualquer hora) estiver

igual ou acima de 200mg/dl na presença de sintomas.

Teste de tolerância à glicose: aos 120 minutos igual ou acima de 200mg/dl.

5.1.3 Avaliação do Colesterol Total

O aparelho existente na farmácia determina o valor do colesterol total através de uma

gota de sangue, colhida por punção capilar. O procedimento a realizar é em tudo idêntico ao

realizado para controlo da glicémia.

Depois de realizada a avaliação é necessário a análise dos resultados e aconselhamen-

to, quando necessário, de medidas não farmacológicas (como praticar exercício físico regu-

larmente, deixar de fumar e avaliar a pressão arterial com frequência, limitar o consumo de

gorduras saturadas) ou no caso dos valores estarem alterados, e esta alteração seja recorrente,

a consulta do médico de família.

De acordo com a Direção Geral de Saúde os valores de referência para os parâmetros

lipídicos são os seguintes:

Tabela 2 – Valores de referência para os parâmetros lipídicos (22)

5.1.4 Avaliação do Peso, Índice de Massa Corporal e Percentagem de Gordura Corpo-

ral

Tendo em conta que a obesidade é um fator de risco para inúmeras patologias, é ne-

cessário existir um controlo regular do peso. Na Farmácia Central, existe uma balança com

um medidor de altura acoplado, que refere para além do peso e altura, o Índice de Massa Cor-

poral (IMC) [IMC = Peso (kg) / Altura2 (m)] e a Percentagem de Gordura Corporal.

Valores de referência para os parâmetros lipídicos

Colesterol total <190 mg/dL

Colesterol HDL >40 mg/dL (homens)

>46 mg/dL (mulheres)

Colesterol LDL <115 mg/dL

Triglicerídeos <150 mg/dL

33

Tendo em consideração os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS), defini-

dos em Genebra em 2000, a classificação segundo o IMC é efetuada através da tabela 3, apli-

cável em idades superiores a 18 anos:

Tabela 3 Classificação do IMC (23)

IMC (kg/m2) Classificação

< 18,5 Baixo peso

18,5 – 24,9 Peso normal ou recomendável

25 – 29,9 Pré-obesidade

Excesso de

peso

30 – 34,9 Obesidade de classe I

35 – 39,9 Obesidade de classe II

>40 Obesidade de classe III

5.1.5 Administração de Medicamentos injetáveis e Vacinas não incluídas no Plano Na-

cional de Vacinação

A administração de medicamentos injetáveis e vacinas não incluídas no Plano Nacio-

nal de Vacinação é realizada apenas por profissionais qualificados e preparados para o efeito.

Na Farmácia Central, todos os profissionais possuem a formação necessária e, por essa razão,

aptos para realizar a sua administração (4).

34

6 VALORMED

A VALORMED é a sociedade responsável pela gestão dos resíduos de embalagens e

medicamentos fora de uso.

Esta sociedade recolhe e faz triagem destes resíduos que são reciclados ou incinerados,

minimizando o seu impacto ambiental.

Compete aos profissionais de saúde sensibilizar os utentes para as boas práticas ambi-

entais, relembrando-os de entregar as embalagens e medicamentos fora de uso ou com prazo

de validade expirado na farmácia, bem como os blisters vazios das embalagens, que poderiam

de outra forma gerar erros de medicação.

A Farmácia Central aderiu ao sistema VALORMED, comprometendo-se a aceitar, nas

suas instalações, a devolução de medicamentos fora de uso e das respetivas embalagens que

lhe sejam entregues pelo público consumidor. Este tipo de serviço tem uma grande adesão por

parte dos utentes.

No meu estágio procedi ao fecho do contentor e ao correto preenchimento da ficha do

mesmo onde se indica o nome da farmácia e o respetivo número, o peso do contentor e a ru-

brica do responsável pela selagem. Estes contentores são posteriormente levados pelos arma-

zenistas que necessitam também de completar a ficha com o seu número, a data da recolha e a

rubrica e só depois entregues à VALORMED.

35

7 CONCLUSÃO

Durante o estágio tive a oportunidade de participar diariamente nas atividades desen-

volvidas por um Técnico de Farmácia em Farmácia Comunitária, o que me permitiu uma vi-

são bastante fiel da sua participação no Circuito do Medicamento.

A interação Técnico de Farmácia/Farmacêutico com o utente assume um papel pre-

ponderante na qualidade dos serviços prestados. É esta interação, aliada a uma noção de ética,

deontológica e a um profundo conhecimento científico que faz do Técnico de Farmácia um

profissional de saúde essencial para a sociedade e com crédito no seio das populações, ado-

tando um papel fulcral na sensibilização dos perigos de práticas inadequadas e para assegurar

a eficácia e a segurança do medicamento.

Desde o primeiro dia que fui bem recebida e integrada por todo o pessoal, sentindo-me

parte integrante da equipa. Procurei sempre, ao longo destes meses de estágio, aumentar sem-

pre a minha aprendizagem teórica para fazer frente ao dia a dia de forma responsável e ine-

quívoca.

Atingi os objetivos que me foram propostos inicialmente pois ao ter passado pelas di-

versas áreas que compunham a farmácia, observando e participando, consegui perceber tudo o

que era pretendido e que me tinha sido proposto previamente.

Algumas das dificuldades que surgiram prenderam-se com a adaptação à organização

da farmácia e ao armazenamento dos produtos farmacêuticos. No entanto, com o passar do

tempo, o armazenamento diário dos produtos e atendimentos realizados, fui-me familiarizan-

do com a localização dos produtos, levando assim a uma maior rapidez e eficiência no aten-

dimento.

O contacto direto com o utente foi de grande importância e permitiu-me o desenvol-

vimento de aspetos pouco abordados nas aulas. A nossa interação com o utente é fundamen-

tal, devendo ser ativa e quando possível de acompanhamento permanente. Este acompanha-

mento é possível realizar-se em utentes frequentes, a maioria idosos, permitindo assim a inte-

ração de todos os profissionais de saúde, estimulando a promoção da saúde e a prevenção da

doença.

Em conclusão, este estágio é o terceiro contacto com a realidade das funções desen-

volvidas por um Técnico de Farmácia, neste caso em ambiente comunitário.

Os objetivos traçados inicialmente foram atingidos e a realização do estágio permitiu-

me uma adaptação à prática dos conhecimentos adquiridos ao longo da licenciatura, a sua

consolidação e também a adaptação em situação real aos pequenos contratempos que surgem

no dia-a-dia de uma Farmácia Comunitária.

36

8 BIBLIOGRAFIA

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24. Infarmed. Comparticipação Especial. Infarmed. [Online] [Citação: 10 de Janeiro

de 2013.]

38

ANEXOS

39

ANEXO 1 – EXEMPLO DE FATURA

40

ANEXO 2 - EXEMPLO DE REQUISIÇÃO DE SUBSTÂNCIAS E SUAS PREPARAÇÕES

COMPREENDIDAS NAS TABELAS I, II, III E IV ANEXAS AO DECRETO-LEI Nº 15/93,

DE 22 DE JANEIRO

41

ANEXO 3 – BOLETIM DE ANÁLISE DE UMA MATÉRIA-PRIMA

42

ANEXO 4 – REGISTO DE MOVIMENTO DE MATÉRIAS-PRIMAS

43

ANEXO 5 – LISTA DE CONTROLO DE VALIDADES

44

ANEXO 6 - CIRCULAR EXTERNA REDIGIDA PELO INFARMED PARA RECOLHA DE

LOTES DE MEDICAMENTOS

45

ANEXO 7 – EXEMPLO DE NOTA DE DEVOLUÇÃO

46

ANEXO 8 – GUIA DE TRANSPORTE DE PRODUTOS DEVOLVIDOS

g

47

ANEXO 9 – EXEMPLO DE RECEITAS MÉDICAS

48

ANEXO 10 – EXEMPLO DE VERSO DE UMA RECEITA

49

ANEXO 11 – TABELA DE REGIME DE COMPARTICIPAÇÃO ESPECIAL, PATOLO-

GIAS ABRANGIDAS (24)

50

ANEXO 12 – FICHA DE PREPARAÇÃO DE MANIPULADOS

51

ANEXO 13 – ROTULAGEM UTILIZADA

52

ANEXO 14 – FICHA DE CÁLCULO DO PREÇO DE UM MEDICAMENTO MANIPU-

LADO