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    Escola Híbrida: aprendizes imersivos

    Profa. Dra. Maria de los Dolores Jimenez Peña; Profa. Dra. Sonia Maria

    Macedo Allegretti

    Grupo de Pesquisa: Educação, Tecnologia e Hipermidia [EDUTECHI]

    Programa de Pós Graduação Educação, Arte e História da Cultura

    Universidade Presbiteriana Mackenzie

    Grupo de pesquisa: EdViRt

    Programa de Estudos Pós-Graduados em Tecnologias da Inteligência e Design

    Digital

    Pontifícia Universidade Católica de São Paulo-PUC-SP

    Brasil

    Revista Cet, vol. 01, nº 02, abril/2012

    Cet 

    revistacontemporaneidade

    educação e tecnologia

    revistacontemporaneidadeducacion y tecnologia

    ac essosumário

    http://revistacontemporaneidadeeducacaoetecnologia02.wordpress.com/24-2/http://revistacontemporaneidadeeducacaoetecnologia02.wordpress.com/24-2/http://saveas/http://print/http://revistacontemporaneidadeeducacaoetecnologia02.wordpress.com/24-2/

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    Escola Híbrida: aprendizes imersivos

    Maria de los Dolores Jimenez PeñaGrupo de Pesquisa EDUTECHI

    Universidade Presbiteriana Mackenzie [email protected]

    Sonia M de Macedo AllegrettiGrupo de pesquisa EdiVirt

    Pontificia Universidade Católica de São [email protected] 

    RESUMO

    O estudo em questão trata de analisar a educação,escola o ensino e a aprendizagem, frente aos novosdesafios impostos pela sociedade contemporânea,também denominada sociedade híbrida. A evoluçãoda sociedade do conhecimento para a sociedadehíbrida, decorrente dos avanços tecnológicos, temtransformado significativamente a relação do serhumano com a tecnologia e, consequentemente, avida das pessoas, face aos novos ambientes derelacionamento social, às novas formas decomunicação, à convergência de linguagens, mídias econteúdos. A educação e a escola, principalmente osprofessores são desafiados a se adaptar às novas

    mídias, aproveitando os novos recursos didáticos eos ambientes virtuais disponíveis livremente na web.Analisar o conceito do que denominamos escolahíbrida e a inserção das mídias e conteúdos digitaisna sala de aula, o que denominamos aulamidiatizada, nos encaminhará para a reflexão eexemplificação da aprendizagem com as novasmídias e do aprendiz imersivo.

    Palavras chaves: Sociedade Híbrida, Escola Híbrida,Cultura Digital, Ensino e Aprendizagem, AulaMidiatizada.

    INTRODUÇÃO

    A última década tem se caracterizado pela evoluçãoda tecnologia que alterou significativamente osmeios e as formas de comunicação. Urge a escola seapropriar dos novos meios e repensar asmetodologias de ensino, para introduzir e aproveitaro potencial de aprendizagem presente nociberespaço e nos dispositivos midiáticos. Os grandesagentes de transformação social [1] são a tecnologiae a informação. Da cultura manuscrita à Galáxia deGutemberg [2] viemos nos pautando na redução dacomunicação a um único aspecto, o escrito (visual).Antes da imprensa, o jovem aprendia ouvindo,

    observando, fazendo. A aprendizagem tinha lugarfora da sala de aula.

    A partir da industrialização ocorrida nas grandes

    metrópoles, a escola tornou-se o lócus de formaçãoe aprendizagem dos jovens para o mercado detrabalho. A transmissão do conhecimento na escolareproduziu as mesmas formas de comunicação socialda época, a escrita e visual. O progresso tecnológicoque se seguiu posteriormente reduziu todo o planetaà mesma situação que ocorre em uma aldeia, pelapossibilidade de se intercomunicar diretamente comqualquer pessoa que nela vive, ao que Mac Luhan [3]denominou de Aldeia Global.

    Na época medieval as pessoas se encontravam paraconversar, se relacionar e conhecer o que havia denovidades para a época. O período deindustrialização, o êxodo dos agricultores no campopara as grandes metrópoles fez com que nosdistanciássemos da convivência mais próxima.Paradoxalmente, o século XXI nos remete aoressignificados das aldeias. A internet nos lançou aomundo virtual e com ele as redes de relacionamento,a acessibilidade à informação, ao conhecimento e ainovações que estão em curso nos lança na aldeianovamente, mas desta vez ela é global. O mundoencolheu ao mesmo tempo em que a percepção dohomem expandiu. A tecnologia nesse processo tevepapel preponderante e a dependência do homem étamanha que é difícil imaginar a vida do homem

    contemporâneo sem as tecnologias atuais.

    A sociedade do conhecimento, instalada no períodopós-industrial está dando lugar à nova sociedade,denominada sociedade em rede por Manoel Castells[1], Modernidade Liquida, por Zygmunt Bauman [4] enós, influenciados pelos movimentos em torno dosimpactos das tecnologias na educação, nosaproximamos do conceito formulado pelacomunidade virtual “Observatorio de la

    Cibersociedad”1  e a denominamos Sociedade

    Híbrida.

    1.  Conceituando sociedade híbrida

    O termo Sociedade híbrida está diretamenteassociado à relação homem-máquina e está sendomuito discutido e investigado no momento.

    2  Entre

    1  Observatorio para la CIBERSOCIEDAD é um ponto de

    encontro, discussão e publicação de investigações sobrediversos aspectos sociais que as novas tecnologias dainformação e da comunicação está gerando. O interesse ea base metodológica envolvem as diversas disciplinas dasciências humanas e sociais. O ponto de encontro para todaselas não é o disciplinar, mas sim temático: O cibersocial.http://cibersociedad.net/ ) 2 Congresso internacional sobre o tema realizado emBarcelona com formato off line e online que ocorreu em2011 - http://www.hybrid-days.com/ 

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]://cibersociedad.net/http://cibersociedad.net/http://www.hybrid-days.com/http://www.hybrid-days.com/http://www.hybrid-days.com/http://www.hybrid-days.com/http://cibersociedad.net/mailto:[email protected]:[email protected]

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    alguns investigadores preocupados com os impactosdas tecnologias digitais na vida o homemcontemporâneo, o termo sociedade híbrida surge

    como tentativa em dar continuidade aos estudos deManoel Castells [1], ainda que este trate dosimpactos das mídias de comunicação de massa e opapel politico e ético que as mesmas exercem sobrea população.

    A nosso ver, a definição de sociedade híbrida quemais se aproxima dos estudos que temos realizadofoi criada em colaboração na wiki oficial docongresso Hybrid Days, que a define como aquelaque inclui espaços que permitem a expansão dacapacidade de ação de diferentes ordens. O digitalatua como um amplificador das possibilidades domundo físico, em seu aspecto estrutural, e istopermite que surjam praticas sociais, artísticas etecnológicas inovadoras, que se sucedem, interpõeme revezam entre o mundo físico e digital. MarshallMc Luhan de certa forma antecipou-se a esseconceito, quando disse que os meios são a extensãode nós mesmos e a extensão de nossos sentidos.

    A sociedade híbrida pode ser considerada comocontínuo da sociedade da informação e doconhecimento, uma vez que seus fundamentospossuem os mesmos pressupostos, porém comcaracterísticas distintas. Os principais pressupostosda sociedade do conhecimento encontram-se

    diretamente relacionados à educação e foramanunciados por Drucker [5], Allegretti [6],Hargreaves [7], Pozo [8] como: sociedadeaprendente; aprendizagem reconstrutivo; educaçãocomprometida com a aprendizagem; valorização doeducador; flexibilidade intelectual e pessoal;enfrentamento de incertezas e desafios; autonomiana construção do conhecimento e a sua aplicação.Ora, desta forma a escola deve estar em consonânciacom a sociedade.

    A Instituição escola é responsável por atender ospressupostos requeridos pela sociedade que a elaoutorga a função de educar por meio dos processos

    de escolarização. Para tanto, da mesma forma queos diferentes setores da sociedade se adaptam àsinovações em curso, a escola, como partecorresponsável nos processos de inovação emudança, deve estar adaptada e preparada paradesempenhar seu papel.

    Graças aos avanços tecnológicos, um dos setores dasociedade que mais evolui foi o da comunicação. Aescola é afetada diretamente, pois o ensino sóocorre se houver comunicação. A comunicaçãorealizada pelo professor durante décadasbasicamente se restringiu ao quadro negro, caderno,

    lápis, livro e oralidade do professor. Hoje, com aevolução das tecnologias, estes recursos foramressignificados: quadro negro em lousa eletrônica;

    caderno em tablete; lápis em teclado/Touch Screen;livro papel em e-books; oralidade do professor empodcast e vídeos.

    Um dos fatores que alterou a característica dasociedade do conhecimento para a sociedade híbridaé a internet. A web 1.0 (primeira geração/websintáxica) considerada um grande meio dedivulgação e coleta de informação (web sintáxica)passa a ser uma plataforma de criação de conteúdos,reutilização, compartilhamento e colaboração, a web2.0 (segunda geração/web semântica).

    A web 1.0 permitia ao usuário o acesso àsinformações para as suas necessidades pontuais. Suaprincipal característica era um banco de dados, umrepositório de informações, onde a atitude dousuário se restringia à coleta de informaçõessegmentadas. Este fato se explica pela falta deconhecimento da linguagem de programaçãocomputacional dos usuários. O usuário ativoconsistia em saber localizar as informações, sendoesta um produto acabado para ser acessado.

    Em 2004, O’REILLY cunhou a nova web como“segunda geração da World Wide Web” ,

    identificando-a como Web 2.0. Ele salienta que aWeb 2.0 é muito mais do que estabelecer uma novainterface de usuário para um antigo aplicativo.

    É uma maneira de pensar, uma nova perspectiva sobre a totalidade donegócio de software - através doconceito de remessa, e através doapoio de mercado. A Web 2.0 prospera sobre efeitos de rede: basesde dados que enriquecem ainda maisa interação entre as pessoas, osaplicativos que são mais inteligentes,e mais pessoas os usam, e o mercadoque é impulsionado pela produção dehistórias e experiências, e aplicativosque interagem uns com os outros para formar uma ampla plataforma

    de computação. ([9] p. 3).

    A web 2.0 surgiu graças aos avanços nos sistemas detrafego de informações (banda larga) e a seuarmazenamento. Os dados passam a serarmazenados na “nuvem”, que consiste em um

    espaço de processamento de dados que nãodepende de nenhuma maquina especifica paraexistir. Para acessá-los basta ter uma conexão deinternet. As alterações na linguagem deprogramação permitiu que qualquer usuário semconhecimento prévio possa postar informações emdiferentes linguagens. Os dados na internet podem

    ser disponibilizados em unidades e estendidos ainúmeros domínios, o que podemos denominar deWeb semântica, que são os casos dos marcadores

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    sociais e os leitores de RSS. Qualquer pessoa passa aser protagonista na rede. O espaço da autoria, queanteriormente era reservado a especialista

    renomado financiado por um editorial, com a web2.0 passa a ser outro. Alteram-se as formas depublicação e a autoria passa a ser domínio dequalquer indivíduo. Na web 2.0, o fluxo deinformação passa ser fluido e expandido.

    A aprendizagem ao longo da vida vem sendoconsiderada uma condição necessária apontada amais de vinte anos. No entanto, na sociedade atual,as possibilidades que os indivíduos possuem deacessar informações, participar de comunidades deaprendizagem, cursos online gratuitos são aspectosinovadores que contribuem para que a formaçãocontínua possa ser realizada a qualquer tempo e emqualquer lugar. A web 2.0 criou possibilidades eoportunidades de aprender, a partir de diferentesdispositivos e ambientes virtuais de aprendizagemque a sociedade não dispunha anteriormente.

    Outro aspecto relevante a ser considerado é a formacomo se pode aprender. Aprender em colaboração.Os princípios da web 2.0, também denominada websocial, são a democracia, a colaboração e atransparência. Isto posto, a interação que ocorre nosnovos ambientes virtuais está concebida em umaperspectiva democrática. O ambiente virtualdifundido largamente na sociedade são as redes

    sociais. Criadas inicialmente como um canal derelacionamento, hoje se configuram também comocomunidades virtuais de aprendizagem, comosalienta Peña:

     As redes sociais na Internetampliaram as possibilidades deconexões, ampliaram também acapacidade de difusão deinformações. Algumas redes sociais pensadas como um canal derelacionamento e divulgação deinformação acabaram tornando-secomunidades virtuais de

    aprendizagem dos mais diversificadostemas, onde participam usuáriosespecialistas e interessados que nãose conhecem entre si, mas cujointeresse na troca de experiência e nadiscussão sobre a temática os leva à participação e consequentemente àaprendizagem colaborativa. ([10] p.56)

    Um aspecto importante a destacar é que a evoluçãoda tecnologia alterou a relação homem-máquina. Ossistemas operacionais tornaram-se mais amigáveis

    (MSDOS para Windows/Linux), a expansão da bandade dados possibilitou a constituição efetiva da rede.A diversificação dos dispositivos midiáticos (PC,

    notebook, netbook, celulares, tablet etc.) atendemdiferentes usuários e estes, desde o seu dispositivo,pode interagir com outros usuários que não

    necessariamente dispõem do mesmo. Apossibilidade de integrar vários dispositivos e mídiasem um único recurso (convergência das mídias)torna a tecnologia mais acessível, sob o ponto devista da mobilidade e da facilidade de alternância dedispositivo.

    A arquitetura tecnológica dos dispositivos midiáticosvem aproximando cada vez mais o homem e amáquina, eliminando alguns periféricos como:teclado, mouse, ou seja, a distância entre máquina esujeito vem diminuindo consideravelmente. Estamospresenciando esta condição em todos os setores davida social: supermercados, caixas eletrônicos,automação residencial, monitor Touch Screen,discagem por voz nos celulares etc.

    O homem se reserva o direito de delegar aosdispositivos tecnológicos digitais parte dasinformações antes armazenadas na sua memoria ouem um determinado registro analógico. Isto se deveà facilidade de acesso imediato ao banco de dados. Amobilidade dos dispositivos midiáticos digitaisfacilita o acesso imediato aos bancos de dados,otimizando a relação tempo e espaço.

    A convergência das mídias altera as ações do ser

    humano sem que, ao menos, tenhamos aconsciência de estarmos delegando nossas ações àtecnologia. Dentre as funções do telefone celular, aprincipal é realizar uma chamada telefônica a partirde um número de referência. No passado, as pessoastinham a necessidade de guardar na memória ou emalguma anotação os dados referentes aos númerostelefônicos, para poder discar ou teclar o número eestabelecer a conexão. Tal ação contribuía para amemorização do número discado ou teclado. Naatualidade, a agenda de endereços pode seragregada ao telefone celular e isto possibilita que osujeito faça a chamada telefônica apenasidentificando o nome do destinatário. Através da sua

    voz ou toque no aparelho, teclado ou tela, o telefonecelular se encarregará de realizar a chamada, semque o sujeito tenha que extrair da sua memória onúmero do telefone.

    A combinação de dois ou mais recursos midiáticosem um mesmo dispositivo (telefone celular eagenda) permite que o sujeito, ao executardeterminada ação, altere suas práticas anteriores,bem como delegue a informação anteriormentearmazenada na sua memória para um banco dedados específico, como no caso do celular.

    O homem estabelece um processo de dependênciada tecnologia, pois ações comuns de seu cotidianosão transformadas. Para além da frase cunhada por

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    MacLuhan [2] “As máquinas são a extensão do

    homem”, na sociedade híbrida a relação homem -máquina pode ser concebida como “As tecnologias

    digitais são a expansão do homem”.

    Entendemos por extensão o prolongamento deações mecanizadas que auxiliam o homem nas suastarefas operacionais, em um determinado contextofísico temporal. Como expansão entendemos que astecnologias digitais ampliam a capacidade de criarnovos contextos, ambientes diversificados, soluçõesoperacionais inéditas e rompem com a relaçãoespaço-temporal, possibilitando a representação dopróprio homem, (por exemplo, a figura do avatar, noambiente virtual imersivo Second Life). O homempassa a delegar à máquina, tarefas que seriamimpossíveis de serem realizadas somente por ele.Por exemplo, indivíduos que perderam a mobilidadedas pernas podem jogar tênis, a partir da suarepresentação (avatar), em um ambiente virtualimersivo.

    A experiência que está prestes a acontecer dizrespeito aos estudos do neurocientista MiguelNicolelis, um pesquisador brasileiro de projeçãointernacional na comunidade científica, cujosestudos tratam sobre interação das máquinas com osistema nervoso, ou interface cérebro-máquina. Ocientista pretende realizar o sonho de fazer com queum garoto tetraplégico brasileiro dê o pontapé

    inicial, na Copa do Mundo de 2014.

    Podemos inferir que a evolução da sociedade doconhecimento para a sociedade híbrida se deve,como salienta Vasquez [11], à evolução dastecnologias, cunhado como Marco computacional,onde se estabelece a convivência de máquinas ehumanos e o surgimento de uma Sociedade Virtual,sem a distinção entre humano e virtual.

    No curso das transformações da sociedade, asTecnologias da Informação e Comunicação (TIC)serviram basicamente para agilizar, horizontalizar etornar menos palpável (fisicamente manipulável) o

    conteúdo da comunicação, por meio da digitalizaçãoe da comunicação em redes (mediada ou não porcomputadores) para a captação, transmissão edistribuição das informações (texto, imagemestática, vídeo e som). As justificativas dos avançoscomunicacionais foram atribuídas às TIC. Nasociedade do conhecimento, elas desempenharamum papel fundamental para a divulgação e aexpansão da informação.

    2.  Educação e aprendizagem

    Na sociedade da informação e do conhecimento, a

    educação é colocada como fator central para odesenvolvimento, uma vez que a produção deconhecimento ocorre em proporções geométricas

    decorrentes dos avanços obtidos na relaçãotecnologia e ciência. Nesse contexto, um dos pilaresda educação passa a ser o “aprender a aprender”

    [12]. A aprendizagem ao longo da vida deixa de seropção pessoal e passa a ser um requisito de inclusãosocial.

    Considerando a aprendizagem um processo deadaptação ao meio ambiente [8], o homem deveaprender continuamente para se adaptar aoscontextos sociais, garantindo a sua sobrevivência. Asdiferentes teorias de aprendizagem apresentam umponto similar: o ambiente. Este é compreendidoconforme a sua respectiva concepção teórica:behaviorista, associacionista, construtivista, sócioconstrutivista ou significativa.

    Os dispositivos midiáticos existentes na sociedadehíbrida nos permitem imergir nos ambientes virtuais,ampliando as condições do sujeito para criar,vivenciar, acessar informações diversificadas,aumentando significativamente a  potencialidade dee para aprender. Se a capacidade de imaginar e criarcoisas novas depende da experiência Houzel [26]quanto mais rica for a experiência de vida do sujeito,quanto mais elementos ele puder conhecer, quantomais variada for a sua experiência sensorial, maiselementos o sujeito dispõe para imaginar novascombinações.

    Na sociedade híbrida a aprendizagem é uma açãocontínua que se dá na relação individual e coletiva,na qual o avanço de uma interfere na outra e viceversa, sem uma hierarquia estabelecida, seguindo ospressupostos da teoria da complexidade (Morin)sobre o principio recursivo holográfico.

    O pensamento complexo tem comocaracterística a não linearidade umavez que os fenômenos não ocorrem por uma sequencia preestabelecida,rígida com resultados preestabelecidos. A logica existe, masé própria de cada processo, não são

    as características iniciais do fenômeno que determinam o pensamento final. As relações deinter-retro-ações geram novosconhecimentos não imagináveis a partir dos fenômenos geradores. Estenovo fenômeno esta aberto pararelacionar-se com outros fenômenoscriando desta maneira diferentes fenômenos ([9], p.42) .

    Outro aspecto relevante a ser considerado é a formacomo se pode aprender. Aprender em colaboração.

    A aprendizagem em colaboração fundamenta-se nasteorias construtivistas, que indicam ser aaprendizagem uma dimensão individual de análise e

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    concepção que se desenvolve corretamente emcolaboração com os outros. A teoria psicogenéticade Piaget [23] está centrada na concepção de que a

    aprendizagem é uma construção pessoal e a sócioconstrutivista de Vigotsky [13] enfatiza ocomponente social da aprendizagem.

    A aprendizagem em colaboração nasce e vai aoencontro de um novo contexto sociocultural, ondese define o “como aprendemos” (socialmente) e

    “onde aprendemos” (em rede). As TIC

    proporcionaram novos ambientes de aprendizageme contextos que multiplicaram as possibilidades dotrabalho em grupo e colaborativo [14]

    No Brasil, as teorias construtivista e sócio

    construtivista dos anos 90 ganharam notoriedade nomeio acadêmico, dado o contexto social, asdescobertas da neurociência e a politica educacionalentão vigente. Os pressupostos de que aaprendizagem é uma construção pessoal e de que omeio é um fator fundamental na construção doconhecimento influenciaram os educadores a proporplanos de ensino e ações pedagógicas voltadas paraa aula centrada no aluno, atividades colaborativas eensino por projetos; ou seja, uma pedagogia ativa.

    Passadas mais de duas décadas podemos dizer queestas concepções pedagógicas continuam coerentescom os pressupostos requeridos para um ensino

    voltado à formação de indivíduos que atendam aalguns princípios da sociedade do conhecimento e dasociedade híbrida, como: uma educaçãocomprometida com a aprendizagem, autonomia naconstrução de aprendizagem, enfrentamento deincertezas e desafios; autonomia na construção doconhecimento e a sua aplicação.

    A revolução tecnológica que está em curso nasociedade híbrida potencializou de formaexponencial as possibilidades de se desenvolver aaprendizagem colaborativa e a autonomia naconstrução do conhecimento na e fora da escola. São

    aprendizagens necessárias, para que o sujeitoaprenda a aprender para sobreviver na avalanche deinformações, saiba buscar, selecionar e aplicar oconhecimento.

    Hoje dispomos de ambientes virtuais deaprendizagem que antes não existiam e quepossibilitam a conexão em tempo real com milharesde pessoas, a despeito das distâncias geográficas edo tempo. Muitos destes espaços virtuais são redessociais, blogs, incialmente criados para orelacionamento social e diário pessoal, mas queforam transformados em comunidade virtuais de

    aprendizagem ou prática local, onde a aprendizagemse faz de forma colaborativa. Estas redes sociais, namaioria das vezes, não apresentam barreiras

    culturais ou idiomáticas e a sua característica é ainstantaneidade e a interatividade. Os ambientesvirtuais de aprendizagem apresentam características

    importantes para a colaboração, que são ainteratividade, ubiquidade e sincronismo. [14]

     As mídias contemporâneas nos proporcionaram não o acúmulo dainformação, mas sim disseminação equebra: quebra dos obstáculosgeográficos e temporais. Em meio aessas novas dimensões davirtualidade, as instituições de ensinoassumem um novo papel de prepararo aluno para a nova composiçãotempo/espaço propostos pela

    internet, sem deixar de lado seu papel tradicional de transmitir oconhecimento acumulado pelahumanidade. Às instituiçõeseducacionais, cabe preparar seusalunos para essa nova forma deaprendizado; ensinando-os a acessar,buscar, selecionar e criar participando desse novo ambiente esabendo lidar com as inúmeras possibilidades oferecidas. Noentanto, parece que tais instituiçõesainda não se atentaram ao fato deque ensino é também uma relação de

    comunicação e que, obviamente, énecessário maior comprometimentocom as novas formas de comunicação proporcionadas pelas TIC ([15] p. 8).

    Um novo olhar teórico-educacional para os novoscontextos virtuais que vai ao encontro das teoriasconstrutivistas é o ‘Conectivismo’ [21]. Siemensdefine o Conectivismo, a partir da ideia de que todoo conhecimento está espalhado por uma rede demúltiplas interconexões e que a aprendizagem se dáatravés da capacidade do indivíduo de articular econstruir tais interconexões. Em outras palavras, o

    mundo virtual é uma complexa rede de informaçõesinterligadas e ao alcance de todos; portanto, cabe aoaprendiz selecionar e articular as informações e suasconexões a seu favor. Essas conexões também dizemrespeito à conexão entre pessoas dentro de ummesmo contexto, estabelecendo uma transferênciade dados organizacional, responsável por alimentar adiversidade [16].

    A teoria conectivista respalda-se nas teoriasconstrutivistas. Dentre estas, a teoria sócio-construtivista [13], que defende a ideia de que aaprendizagem humana é um processo contínuo deinteração com o meio e com o outro e, dessa forma,

    constrói e organiza seu próprio conhecimento,aprimorando-o cada vez mais. Transportando essa

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    lógica do conhecimento através de experiênciasinterativas no meio social para as experiênciasvirtuais do ser humano contemporâneo, entramos

    na lógica do Conectivismo. No Conectivismo, oindivíduo responde ao meio e aos mediadores einterage com eles, das mais variadas formas, atravésdos mais variados recursos disponíveis,selecionando-os, organizando-os e contribuindo comeles, de acordo com suas necessidades e, assim,construindo seu próprio conhecimento. [16]

    3.  A escola híbrida

    O termo “escola híbrida” está sendo utilizado para

    designar uma nova cultura de ensino eaprendizagem, para além da cultura escolartradicional. Escola híbrida é aquela que se encontraem um espaço físico determinado e se expande, apartir do momento que o mundo virtual passa afazer parte integrante do ambiente de ensino eaprendizagem escolar. Não se trata aqui de explorar“A escola Expandida”

    3  [24], nos referimos romper

    com o espaço “aula convencional” e permitir que o

    professor e os alunos extraiam dos ambientesvirtuais de aprendizagem e dos dispositivosmidiáticos interativos e imersivos toda a suapotencialidade para a aprendizagem em tempo real,ou seja, durante a aula presencial.

    A escola híbrida é aquela que rompe com o ensino

    ministrado apenas com a oratória do professor,recursos didáticos tradicionais como livro didáticoimpresso, projeção de slides (power point), comconteúdos prontos e um roteiro fixo. As paredes daescola híbrida são permeáveis, trata-se de umaescola viva. Assim como a permeabilidade dasparedes das células permitem a troca com o meioambiente para garantir a sua sobrevivência, a escolanecessita buscar em tempo real informaçõeslatentes, conhecimento diversificado, ideiasdiferenciadas, diversidade de linguagens e contexto.A expansão da escola não ocorre apenas pelavontade politica e pedagógica, mas também pelautilização dos atuais recursos tecnológicos

    midiáticos, que permitem trazer para a sala de aulaoutras realidades, linguagens e conteúdos quehabitam o mundo virtual.

    O ambiente virtual que vem sendo utilizado naeducação são as plataformas de gerenciamento de

    3  HARDDAGH, na sua tese de doutorado: Redes Sociais

    virtuais: Uma proposta de escola Expandia. Explora opotencial das redes sociais como uma possibilidade doprolongamento da aula extramuros da escola. Neste caso,os alunos prolongam o período pós-aula. Em sua pesquisaela explora o ambiente virtual [redes sociais] como um

    ambiente próximo do aluno e a possibilidade deaprendizagem.

    aprendizagem, o que denominamos ambientesvirtuais de ensino e aprendizagem (AVEA), como, porexemplo, o software Moodle. Inicialmente utilizados

    para o ensino a distância, hoje passaram também aser utilizados como um recurso pedagógico de apoioao ensino presencial.

    Temos observado, em nossa experiência enquantogestora e docente, tanto do ensino presencial comoa distância na utilização de AVEA, que a suautilização no ensino presencial se restringe, via deregra, a um repositório de informações compouquíssima interação. Não podemos dizer que osAVEA não agreguem valor ao ensino presencial, poisele apresenta inúmeras vantagens como: aampliação do espaço escolar, registro das atividadesdo professor e alunos, organização do trabalhodocente e o acompanhamento da aprendizagem dosalunos. Mas, os AVEA acabam reproduzindo omesmo espaço escolar e o modelo tradicional deensino, apenas virtualizado.

    A cultura escolar tradicional deve ceder lugar parauma nova cultura de ensino e aprendizagem, queenvolva novos espaços virtuais, abertos ecolaborativos, com as suas inúmeras possibilidades,como no caso dos ambientes virtuais deaprendizagem (AVA). Trata-se de desencadear acultura da colaboração.

    Em publicações anteriores Peña ([10]; [17]) viemosapontando a diferença entre os ambientes virtuaisde ensino e aprendizagem (AVEA) e os ambientesvirtuais de aprendizagem (AVA). Quando nosreferíamos aos ambientes virtuais de aprendizagem,na educação, apontávamos a sua importância,principalmente para a educação não formal einformal, quando não há intencionalidade de ensino.Os participantes das redes virtuais, como exemplos,as redes sociais pensadas inicialmente como umcanal de relacionamento e divulgação de informaçãoacabaram tornando-se comunidades virtuais deaprendizagem dos mais diversificados temas, ondeparticipam usuários especialistas e interessados que

    não se conhecem entre si, mas cujo interesse natroca de experiência e na discussão sobre a temáticaos leva à participação e, consequentemente, àaprendizagem colaborativa [10]. Assim como asredes sociais, outros espaços virtuais e ferramentasinterativas podem ser encontrados livremente nociberespaço, como é o caso dos recursoseducacionais abertos (REA

    4). São espaços abertos à

    colaboração e à democratização da informação e doconhecimento, que foram possíveis graças às novasconfigurações da internet, na web 2.0.

    4  Recursos Educacionais abertos (REA) são materiais deaprendizagem que estão disponíveis de forma aberta parausar, remixar e redistribuir. 

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    A utilização das tecnologias da informação ecomunicação (TIC), pensadas principalmente para acomunicação, passaram a ser utilizadas no contexto

    educacional e estão sendo denominadas por muitoseducadores

    5  envolvidos com as TIC de “Tecnologia

    para a aprendizagem e conhecimento (TAC)”, poispassaram a ter uma importância significativa, não sópara a educação informal e não formal, mas para aeducação formal.

    As TAC tratam de utilizar as tecnologias dainformação e comunicação (TIC) para um uso maisformativo, tanto para o estudante como para oprofessor, com o propósito de aperfeiçoar osprocessos de ensino e aprendizagem, ou seja, contarcom mais e melhores recursos didáticos no ensino einúmeras possibilidades para a aquisição deaprendizagem.

    Para utilizar as TAC na educação não basta apenas odomínio técnico, deve-se repensar a metodologiaempregada para o seu uso. Trata-se de conhecer eexplorar as possibilidades didáticas que as TICpossuem para a aprendizagem e a docência. As TACtranscendem o aprender meramente e, ao usar asTecnologias da informação e comunicação, incidemna exploração dos dispositivos midiáticos eambientes virtuais a serviço da aprendizagem e daaquisição do conhecimento [18].

    Independentemente do contexto social e dainovação tecnológica de cada época, a escola fezpouco uso das tecnologias inovadoras. Em umabreve retrospectiva no uso das tecnologias naeducação, constatamos [15] que nos anos setenta, omarco tecnológico na educação ergueu-se em meioàs técnicas audiovisuais e a tecnologia educativa.

    Os anos oitenta e noventa foram marcados pelaintrodução da informática educativa, as mídiasaudiovisuais e a introdução das TIC. Aprenderinformática educativa, trabalhar com softwareeducativo, pressupunha que o professor levasse osalunos para o laboratório de informática e contasse

    com o auxilio de um técnico em informática, que, emmuitos casos, acabava substituindo o professor.O professor, de forma geral, pouco se apropriou dosrecursos de informática no seu trabalho docente,porque não foi capacitado para tal, ou o acesso aolaboratório de informática na escola foi um grandeempecilho.

    Naquela época, o maior desafio para os docentes eraaprender a usar os dispositivos de informática. Aalfabetização digital passou a ser uma necessidadeem todos os setores da sociedade e não poderia serdiferente na escola. Mas, a partir dos anos dois mil,

    5  Educadores da Catalunha, Espanha como Dolors Reig,

    Lozano, Roser. 

    os avanços nos processos comunicacionais mediadospelas TIC alteraram o acesso à informação e aoconhecimento, como mencionado anteriormente, e

    as inúmeras possibilidades de produção deconhecimento, da construção, criação, participação edivulgação presentes na web 2.0, transcendem aalfabetização digital para o letramento digital. Emoutras palavras, trata-se da aquisição decompetência digital, que se constrói a partir doponto de vista cultural, tecnológico instrumental,cognitivo, colaborativo e comunicacional. Trata-se deaprender com a tecnologia (TAC) e não apenasaprender a tecnologia (TIC).

    As tecnologias nunca estiveram tão presentes na salade aula, como na atualidade, mas elas estão sendoutilizadas muito mais pelos alunos do que pelosprofessores. Se há vinte anos atrás, para aprender amanusear o computador e a navegar em umsoftware educativo os jovens eram encaminhadospara o laboratório de informática da escola, poispoucos eram os que possuíam computadores emsuas residências, hoje é exceção encontrar um jovemque não saiba manusear um computador e que nãopossua um celular com acesso a internet.

    O barateamento da tecnologia, a facilidade de acesoa internet, a convergência das mídias, vemtransformando a comunicação entre os jovens e ainstalação da cultura digital. Estar constantemente

    conectado na internet é uma condição natural damaioria de nossos jovens, o mundo virtual é parteintegrante da vida deles.

    As criticas à escola, há algum tempo, vem incidindosobre o distanciamento que ela apresenta emrelação à sociedade. Embora a escola tradicionaltenha sofrido modificações, ao longo da história, ométodo teórico-expositivo ainda é o predominante,os conteúdos utilizados e as formas de transmissãoda informação e conhecimento, via de regra, seresumem à linguagem da mídia impressa e aoescrito- visual.

    A inserção de novas linguagens e contextos virtuaisna sala de aula é uma necessidade urgente. A escolaapresenta-se desatualizada, seja em seus conteúdosou na metodologia de ensino frente aos desafiosimpostos pelas TIC, dos quais nossos jovens possuemrazoável destreza. No entanto, há necessidade deeducar os jovens para um novo olhar sobre osambientes virtuais que compõem o ciberespaço e asTIC. Aos docentes cabem analisar o potencial dasTecnologias da Informação e Comunicação (TIC) emdireção a se tornarem Tecnologias para aAprendizagem e Conhecimento (TAC).

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    4.  Aula midiatizada e Aprendiz imersivo

    A aula midiatizada não é aquela que possui toda

    pirotecnia midiática, mas a que agrega ao ambientefísico da aula também os ambientes virtuais. Amboscompõem o espaço da aula presencial. Estáconcebida sob a perspectiva de uma metodologiavoltada para a pesquisa e, neste sentido, professor ealunos são os pesquisadores. Pesquisadores deconteúdos de uma temática proposta pelo professor,mas que também pode ser designada em conjuntocom os alunos.

    Até o presente, a sala de aula da maioria das escolasnão possui acesso à internet e quando é possívelacessar, apenas ao professor lhe é concedido odireito. Normalmente, o acesso e a pesquisa nainternet são realizados pelo aluno no laboratório deinformática. Os conteúdos midiáticos disponíveis naaula são selecionados pelo professor e projetadospara os alunos através do datashow na tela. Osalunos apenas observam, são expectadores e, comotal, limitam-se a visualizar e a discutir com oprofessor o conteúdo projetado. Esta condiçãorestrita de acesso dos alunos aos ambientes virtuaise conteúdos midiáticos apenas no laboratório deinformática, se deve ao alto custo doscomputadores, à falta de conexão à internet e àcultura escolar, distante da presença das TIC na salade aula.

    Os avanços da tecnologia e a convergência dasmídias permitiram que os computadores passassemde dispositivos fixos, normalmente comunitários, adispositivos móveis e pessoais como os notebooks.Recentemente a convergência das mídiasrevolucionou os formatos dos dispositivos, fazendo aintegração de várias mídias em um único aparelho,como o caso do telefone celular, com as suasdiferentes funções.

    Dentre estas inovações a que nos chama a atençãopara a sua utilização na educação são os tablets

    6·.

    Possuem portabilidade excelente, o que permite

    utilizá-los em diferentes espaços físicos e emdistintos contextos. É um recurso ideal para serutilizado pelos alunos e pelo professor na sala deaula, pois agrega várias funções, como: registro,

    6 Tablet PC  ou tablete é um dispositivo pessoal em formato

    de prancheta que pode ser usado para acesso à internetorganização pessoal, visualização de fotos, vídeos, leiturade livros, jornais e revistas e para entretenimento com

     jogos. Apresenta  uma tela touchscreen  (tela sensível aotoque) que é o dispositivo de entrada pr incipal. A ponta dosdedos ou uma caneta aciona suas funcionalidades. É umnovo conceito: não deve ser igualado a um computadorcompleto ou um smartphone, embora possua

    funcionalidades de ambos. (wikipedia-http://pt.wikipedia.org/wiki/Tablet) 

    banco de dados, projetor audiovisual, máquinafotográfica, filmadora, leitor de e-books, acesso ainternet, apontamentos, entre outros. É leve e não

    ocupa um espaço maior do que o de um caderno é,sobretudo, interativo.

    Parece que os tablet podem deixar os laboratóriosde informática na escola obsoletos e desnecessários,uma vez que não só as principais funções docomputador podem ser realizadas no tablet comacesso a internet, mas as anotações, agenda, livros etoda gama de recursos necessários para ensinar eestudar.

    A aula poderá ser realizada com uma infinidade derecursos a serem explorados pelo professor e pelosalunos. Neste artigo não vamos explorar estaspossibilidades, mas adiantamos que o maior desafiodo professor para desenvolver seu trabalho docentena “aula mediatizada” consiste em, de fato, permitir

    que seus alunos participem ativamente e de formacolaborativa da construção da aula. Não se trata aquide trazer para a aula um conteúdo pronto eacabado. No passado, não dispúnhamos dainfinidade de recursos e conteúdos acessíveis edisponíveis de forma gratuita e em tempo real, comodispomos hoje nos ambientes virtuais, e toda gamade TAC, como: as redes sociais, recursoseducacionais abertos (REA), blogs, wikis, podcast,vídeos, imagens, museus virtuais, e-books

    interativos, bibliotecas, ambientes imersivos, e-books interativo etc.

    Resulta impossível para o professor dar conta dainfinidade de possibilidades e, neste sentido, o alunoexercerá um papel importantíssimo. De posse de seutablet ele ajudará o professor, na sala de aula, apesquisar os conteúdos e as informações necessáriaspara formar um fórum de discussão, reflexão edebate que, inevitavelmente, convergirá para aconstrução colaborativa do conhecimento.

    O contexto educacional na sociedade doconhecimento apontava para a necessidade de o

    professor ser um pesquisador, reconhecendo nele apostura de produtor de conhecimentos sobresituações vividas em sua prática docente [19]. Nasociedade híbrida, além do professor continuar a serum pesquisador reflexivo [20] será um mediador eum curador dos conteúdos pesquisados pelosalunos. De tal sorte que a ele caberá selecionar osconteúdos pesquisados em aula, identificar comocada aluno está concebendo o conhecimentoproposto, mapear os conceitos discutidos e fazer asíntese. Uma tarefa nada fácil de ser realizada,sobretudo porque a cultura escolar pauta-se mais naideia que o professor “dá aula” do que o professor

    “faz a aula”, claro, com os alunos.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Tablethttp://pt.wikipedia.org/wiki/Tablethttp://pt.wikipedia.org/wiki/Tablet

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    Dentro deste contexto, a sala de auladeixa de ser uma estrutura atomista–   de núcleo único - para assumir a

    diversidade de núcleos. Deixa de serum único locus para se tornar umterritório-mapa. ([21], p. 7)

    À medida que os alunos participam ativamente daconstrução da aula - aspecto perfeitamenteplausível, dada a pertinência das linguagens maispróximas do aluno e de certa forma desafiadoras -há o desencadeamento de um processo de reflexão.O fato de ele trazer os conteúdos e conhecimentos eos mesmos serem discutidos pelos colegas e peloprofessor estabelece uma relação reflexiva entre apesquisa realizada, a proposta de ensino e aconstrução do conhecimento.

    Podemos dizer que este aluno reflexivo faz umaimersão na aula, quando ele perpassa as paredesfísicas da sala de aula, adentra no mundo virtual,extrai o que for relevante para a aula e volta parainteragir e interatuar na construção, no fazer a aulacom o professor.

    Os processos educacionais são complexos, nãosomos ingênuas a ponto de propor que as TAC, ostablets ou outros recursos midiáticos, por si só,garantam interações significativas e a construção doconhecimento na escola. Há necessidade de delinear

    um projeto pedagógico que tenha como objetivoformar os professores para o letramento digital,conhecer e extrair o melhor proveito das TAC.

    CONCLUSÃO

    À guisa de conclusão podemos inferir que a escolanecessita urgentemente rever seus processos deensino. Não é nova a preocupação em torno desteproblema, mas na história da humanidade nunca nosdeparamos com transformações, em todos ossetores sociais, tão profundas como estamosvivendo com a evolução da tecnologia,especialmente com a internet. Nossos jovens foram

    afetados diretamente por estas transformações ecom ela a cultura digital passou a fazer parteintegrante de seu cotidiano.A maioria das inovações decorrentes das TIC não sãomeras novidades, descartáveis e reversíveis. Elasvêm alterando as formas de comunicação,construção de conhecimento, a politica, a ética e aestética. O alcance global, a integração dos meios decomunicação e a interatividade potencial estãomudando para sempre a nossa cultura [1].

    Neste contexto social, a escola híbrida deve serpensada com seriedade. A apropriação da tecnologiano espaço escolar deve ser acompanhada por uma

    nova cultura de ensino e aprendizagem, para alémda cultura escolar tradicional. Os novos meios

    apontados no decorrer deste artigo associados ametodologias diferenciadas de ensino poderãoproporcionar um aprendizado mais significativo,

    através da internalização de novos sistemassimbólicos, que favoreçam ao mesmo tempo umnovo estilo de pedagogia. A pedagogia voltada paraaprendizagens personalizadas e aprendizagenscoletivas, em rede.

    Ao professor caberá despertar o espiritoinvestigativo de seus alunos, a curadoria dosconteúdos e conhecimentos trazidos por todos naaula, porque a sala de aula se apresentará semfronteiras e este contexto convidativo paratransformar o aluno expectador e passivo em umaprendiz imersivo.

    Caberá aos governantes e agentes educacionaisrepensar politicas publicas que favoreçam aimplantação de projetos educacionais voltados aatender os desafios que se impõe à sociedadehíbrida.

    REFERÊNCIAS

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