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Escola Estadual de Educação Profissional - EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Meio Ambiente Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

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Escola Estadual deEducação Profissional - EEEPEnsino Médio Integrado à Educação Profissional

Curso Técnico em Meio Ambiente

Gestão Ambiental eDesenvolvimento Sustentável

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Governador

Vice Governador

Secretário Executivo

Assessora Institucional do Gabinete da Seduc

Cid Ferreira Gomes

Francisco José Pinheiro

Antônio Idilvan de Lima Alencar

Cristiane Carvalho Holanda

Secretária da Educação

Secretário Adjunto

Coordenadora de Desenvolvimento da Escola

Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC

Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

Maurício Holanda Maia

Maria da Conceição Ávila de Misquita Vinãs

Thereza Maria de Castro Paes Barreto

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GESTÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

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Meio Ambiente – Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Unidade I – Introdução à gestão ambiental

Certamente você já ouviu muitas vezes alguém falar em “Desenvolvimento

Sustentável”, mas o que ele significa para você? Qual é o sentimento que você tem

quando ouve o termo Desenvolvimento Sustentável? Medo? Esperança?

Pessimismo? Um futuro melhor? Bem, para entender por que o tema

Desenvolvimento Sustentável passou a ocupar espaço diário na mídia e a fazer

parte das nossas conversas, causando diferentes sentimentos nas pessoas, é preciso

analisar as mudanças ocorridas nos últimos séculos.

1.1 Conceito, objetivos e aspectos históricos

Vamos voltar no tempo e imaginar como era a vida dos cowboys no Velho Oeste dos

Estados Unidos. Os filmes nos mostram que o meio de transporte utilizado na época eram

os cavalos e as diligências, com carros puxados por cavalos. Vamos imaginar um filme

mostrando três vaqueiros que resolveram viajar até uma cidade distante e embarcaram

numa diligência. A diligência não oferecia serviços de bordo e era preciso viajar várias

horas para chegar a um povoado onde tivesse um bar ou um hotel, onde os passageiros

poderiam se alimentar e pernoitar. Para passar o tempo e enfrentar o tédio da viagem, os

vaqueiros beberam uma garrafa de uísque. E o que fizeram com a garrafa vazia? Jogaram

pela janela! E o cocô dos seis cavalos que puxavam a diligência onde foi depositado? Ao

longo do caminho e nas ruas da cidade por onde passaram!

Para descansar dos solavancos da diligência, foram feitas algumas paradas ao longo

de um rio e nas pequenas cidades que passaram, quando então os vaqueiros puderam

desfrutar dos serviços do restaurante e dormir numa cama de hotel. Na manhã seguinte,

descansados e tendo reposto os mantimentos, a diligência seguiu viagem. Podemos ver

desperdício de água no banho e de comida no restaurante, pois era barato e fácil de obter.

Ao longo do caminho, quando estragou a roda do “veículo”, o próprio cocheiro, o

condutor da diligência, foi capaz de repará-la, pois a tecnologia era simples e de domínio

dos usuários.

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Agora vamos avançar no tempo e ver outro filme, o que mostra o transporte dos

primeiros três astronautas que chegaram à Lua. Eles viajaram na cápsula da espaçonave,

um espaço semelhante ao de uma diligência. Mas na espaçonave, além de não ter serviço

de bordo, não existia a possibilidade de descer para espichar as pernas e lavar o rosto nas

águas do rio, ou de dormir numa cama de hotel. Repor os mantimentos na manhã seguinte,

de que forma? Todos os suprimentos necessários para a viagem tiveram que ser levados da

Terra. Desperdiçar água ou alimentos? De jeito nenhum! Os recursos eram limitados, se

algum deles comesse um pouco mais do que a ração do dia, faltaria comida ao final da

viagem. E os resíduos gerados com as refeições, urina e fezes dos astronautas, onde foram

armazenados? Sim, porque diferentemente dos vaqueiros da diligência, os astronautas não

podiam jogar os dejetos pela janela.

Enquanto no velho oeste existia uma área enorme desabitada, os recursos eram

abundantes, a tecnologia era simples e o consumo de energia era pequeno, na espaçonave

acontecia justamente o contrário. O espaço físico dentro aeronave era mínimo, os

astronautas trabalhavam, comiam, faziam suas necessidades fisiológicas e dormiam no

mesmo local. A tecnologia era a mais sofisticada da época. A energia dos cavalos foi

substituída por sofisticados equipamentos para colocar e manter a espaçonave no trajeto

entre o Planeta Terra e seu satélite, a Lua. E, muitos produtos e equipamentos foram

desenvolvidos exclusivamente para permitir a sobrevivência dos astronautas nesta viagem.

O exemplo da vida no velho oeste e na espaçonave ilustra as mudanças ocorridas

nas últimas décadas em nossas vidas. Se compararmos como viviam nossos avós e como

vivemos hoje, iremos perceber que: diminuiu o espaço com o aumento da população e a

formação das regiões metropolitanas; diminuíram as reservas de recursos não-renováveis,

como o carvão, o petróleo e outros minerais; aumentou o consumo de energia e de lixo per

capita e está cada vez mais difícil encontrar um local adequado para armazenar os resíduos

gerados. Em outras palavras, podemos dizer que o desenvolvimento se tornou menos

sustentável, ou insustentável, pois os recursos não-renováveis irão acabar dentro de mais

alguns anos; o consumo e o preço da energia vêm aumentando e poderá chegar num ponto

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em que se torne insuficiente para atender à demanda e; o lixo gerado viaja cada vez para

mais longe. Além do problema de espaço, de consumo de energia e da geração de lixo,

existem vários outros aspectos que são abordados na discussão da construção do

desenvolvimento sustentável1.

Cezar Loureiro/ Ag. Globo.

1.2 Evolução da questão ambiental no mundo

A relação entre crescimento econômico e ambiente natural apresenta conflitos desde

há muito tempo. Mas a degradação dos recursos naturais renováveis e não-renováveis, a

1 Desenvolvimento Sustentável – é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade dasgerações futuras atenderem às suas próprias necessidades. Fonte: Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento(2008).

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Foto anterior:

...Nos fins de semana de sol, a orla fica tão apinhada que parece não haver outro programa na cidade.Com o passar das horas, porém, o cenário maravilhoso se esvai. Lá pelo início da tarde, no trajetoentre o calçadão e o mar, é grande a possibilidade de o banhista tropeçar numa casca de coco, pisarnum palito de churrasco ou ter de espantar pombos que disputam restos de comida na areia. (Veja.com– Cidades - Edição 2141 / 2 de dezembro de 2009)

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poluição (água, solo, ar) e a criação de situações de risco de desastres ambientais se

intensificaram nas últimas décadas. Vamos analisar a constituição dos fatos a partir da

década de 1960, com o que é considerado um marco na história da gestão ambiental, a

publicação do livro Primavera Silenciosa2 (Silent Spring).

Na década de 1960, Raquel Carson lançou, em 1962 exatamente, o livro Primavera

Silenciosa. Esse livro se refere à compreensão das interconexões entre o meio ambiente, a

economia e as questões relativas ao bem-estar social. Nessa década ocorreu um incremento

da preocupação ambiental com o impacto das atividades antrópicas sobre o meio ambiente.

No final dos anos de 1960, um grupo de cientistas que assessorou o chamado Clube

de Roma3, utilizando-se de modelos matemáticos, alertou sobre os riscos de um

crescimento econômico contínuo, baseado em recursos naturais não-renováveis. O

relatório Limites ao Crescimento (The limits of growth), elaborado pelo grupo de cientistas

e publicado em 1972, foi um sinal de alerta que incluía projeções, em grande parte, não

cumpridas, mas teve o mérito de conscientizar a sociedade para os limites da exploração

do planeta. O documento do Clube de Roma foi muito importante para despertar a

consciência ecológica mundial, pois colaborou para que, em julho de 1972, fosse realizada

a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em

Estocolmo, na Suécia.

A década de 1970 ficou conhecida como a década da regulamentação e do controle

ambiental, ou seja, a época do “comando-controle”. Após a Conferência de Estocolmo, em

1972, as nações começaram a estruturar seus órgãos ambientais e a estabelecer suas

legislações, visando o controle da poluição ambiental. Poluir passou a ser considerado

2 Silent Spring é um livro escrito por Rachel Carson e publicado pela editora Houghton Mifflin em Setembro de 1962. O livroé amplamente creditado como tendo ajudado no lançamento do movimento ambientalista.( Josie Glausiusz. (2007), BetterPlanet: Can A Maligned Pesticide Save Lives? Discover Magazine. Page 34). O livro documentou o efeitos deletérios dos pes-ticidas no ambiente, particularmente em aves. Carson disse que tinha sido descoberto que o DDT causava a diminuição da es-pessura das cascas de ovos, resultando em problemas reprodutivos e em morte. Também acusou a indústria química de dissemi-nar desinformação e de se aceitar as argumentações dessa indústria de maneira pouco crítica.( http://pt.wikipedia.org) 3 O Clube de Roma é um grupo de pessoas ilustres que se reunem para debater um vasto conjunto de assuntos relacionados apolítica, economia internacional e, sobretudo, ao meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. Foi fundado em 1968. Tor-nou-se um grupo muito conhecido em 1972 devido à publicação do relatório elaborado por uma equipe do MIT, contratadopelo Clube de Roma e chefiada por Meadows intitulado Os Limites do Crescimento, que vendeu mais de 30 milhões de có-pias em 30 idiomas, tornando-se o livro sobre meio ambiente mais vendido da história. (Meadows et al. - " The limits ofgrowth " - Universe Books. Nova York, 1972.)

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crime em diversos países. Na mesma época, a crise energética, causada pelo aumento do

preço do petróleo, trouxe à discussão dois novos temas que, mais tarde, ajudaram, e muito,

a luta daqueles que se preocupavam com a proteção do meio ambiente. Ou seja, foram

discutidas questões relativas à racionalização do uso de energia e à busca por combustíveis

mais puros, oriundos de fontes renováveis. Ao mesmo tempo, as primeiras tentativas de

valorização energética de resíduos unem dois dos temas de maior evidência nessa década:

meio ambiente e conservação de energia. O conceito de desenvolvimento sustentável

começa a surgir no painel de temas em discussão. Assim, em 1978, na Alemanha, surge o

primeiro selo ecológico, o Anjo Azul, destinado a rotular produtos considerados

ambientalmente corretos.

Na década de 1980, entrou em vigor uma série de legislações específicas que

visavam controlar a instalação de novas indústrias e estabelecer exigências para as

emissões das indústrias existentes. Nessa época surgem as empresas especializadas na

elaboração de Estudos de Impacto Ambiental 4 e de Relatórios de Impacto Ambiental.

Contudo, o maior enfoque era dado sobre o controle da poluição no “final do tubo”,

ou seja, tratava-se o efluente, o resíduo ou a emissão. Essa atitude apresentava o controle

ambiental como um custo adicional para a empresa. Os resíduos perigosos passam a

ocupar lugar de destaque nas discussões sobre a contaminação ambiental. Alguns acidentes

de grande impacto, como a explosão de uma indústria química na Índia (Bhopal, em

1984), o vazamento na usina nuclear na Ucrânia (Chernobyl, em 1986), na então União

Soviética; o derramamento de petróleo no mar do Alasca (Exxon Valdez, em 1989), e a

constatação da destruição progressiva da camada de ozônio que circunda a Terra e a

protege de algumas faixas de radiações solares, trazem finalmente a discussão dos temas

ambientais para o dia-a-dia do homem comum.

Ainda na década de 1980, a proteção ambiental, que era vista sob um ângulo

4 Impacto Ambiental – Segundo Resolução do CONAMA nº 001/86, art. 1º, trata-se de qualquer alteração das propriedades fí-sicas, químicas e biológicas do ambiente natural, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividadeshumanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econô-micas; as biotas; as condições estéticas e sanitárias, do ambiente natural; e a qualidade dos recursos ambientais. Fonte: CONA-MA (2008).

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defensivo, estimulando apenas soluções corretivas baseadas no estrito cumprimento da

legislação, começa a ser considerada pelos empresários como uma necessidade, pois reduz

o desperdício de matérias-primas e assegura uma boa imagem para uma empresa que adere

às propostas ambientalistas.

A década de 1980 se encerrou com uma globalização das preocupações com a

conservação do meio ambiente. Dois exemplos dessa preocupação global são o “Protocolo

de Montreal”, firmado em 1987, que bane toda uma família de produtos químicos (os

clorofluorcarbonos ou CFCs) e estabelece prazos para sua substituição, e o “Relatório da

Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento”, instituída pela

Assembleia Geral das Nações Unidas. Este último, também chamado de Relatório

Brundtland5, em razão do nome de sua coordenadora, foi publicado em 1987, sob o título

de Nosso Futuro Comum, que permitiu disseminar mundialmente o conceito de

Desenvolvimento Sustentável.

O Relatório Brundtland é considerado um marco no processo de debate sobre a

interligação entre as questões ambientais e o desenvolvimento, pois ele faz um alerta para

a necessidade de as nações unirem-se na busca de alternativas para os rumos vigentes do

desenvolvimento, a fim de evitar a degradação em nível planetário. Afirma também, que o

crescimento econômico que não melhora a qualidade de vida das pessoas e das sociedades

não poderia ser considerado desenvolvimento. De forma paralela, o Relatório Brundtland

também mostra que seria possível alcançar um maior desenvolvimento sem destruir os

recursos naturais, conciliando crescimento econômico com conservação ambiental.

No Relatório Brundtland foi definido o conceito de Desenvolvimento Sustentável

como sendo aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a

possibilidade das gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades. Esse conceito,

que foi desenvolvido no final da década de 1980, só ganhou força a partir da Conferência

Mundial de Desenvolvimento e Meio Ambiente, realizada no Rio de Janeiro, em 1992.

5 Relatório Brundtland - Indicada pela ONU, a primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, chefiou a ComissãoMundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento para estudar as questões ambientais, após a ONU retomar esse debate noinício da década de 1980.

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Após a Rio-92, como ficou conhecida a conferência de cúpula da ONU, a sociedade em

geral e as empresas em particular passaram a compreender a necessidade de implementar

uma nova visão de desenvolvimento econômico, algo que pudesse garantir a produção de

bens e serviços e, ao mesmo tempo, atender às necessidades básicas do ser humano e

preservar o meio ambiente. Em síntese, o conceito de desenvolvimento sustentável é

composto por três importantes dimensões: a econômica, a social e a ambiental.

Podemos dizer que o desenvolvimento industrial, ao longo dos anos, trouxe

impactos positivos, mas, também, diversos impactos negativos à sociedade. Hoje, o

planeta sente e se ressente desses impactos negativos. A rápida deterioração do ambiente

natural, a destruição da camada de ozônio, as alterações climáticas, o efeito estufa6, a

chuva ácida, a destruição das florestas, a morte dos lagos, a destruição das regiões de

montanha, o lixo em excesso, os desperdícios de toda ordem, a pobreza, a miséria e a fome

são apenas alguns dos itens que precisam ser considerados na atual agenda de prioridades

do planeta Terra. Portanto, esse é o lado negativo do desenvolvimento industrial que

precisa ser equacionado.

Utilizando o conceito de Desenvolvimento Sustentável, o Relatório Brundtland

tentou considerar os dois lados da questão relativa ao desenvolvimento econômico. Em seu

sentido mais amplo, a estratégia de desenvolvimento sustentável visa promover a

harmonia entre os seres humanos e entre a humanidade e a natureza. A busca do

desenvolvimento sustentável requer:

um sistema político que assegure a efetiva participação dos cidadãos no processo

decisório;

um sistema econômico capaz de gerar excedentes e know-how técnico em bases

confiáveis e constantes;

6 Efeito Estufa – fenômeno natural que tem a função proteger o planeta do esfriamento demasiado que impediria a vida na Ter-ra. Se não estivesse envolvido pelos gases que o mantém aquecido, nosso planeta estaria congelado. Porém, a emissão de gasestem aumentado a espessura desta camada e isto vem causando um aquecimento demasiado, que ameaça o equilíbrio climáticoda Terra. O efeito estufa dificulta a saída de calor da Terra, o que permite o desenvolvimento de diversas espécies de seres vi-vos.

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um sistema social que possa resolver as tensões causadas por um desenvolvimen-

to não-equilibrado;

um sistema de produção que preserve a base ecológica do desenvolvimento;

um sistema tecnológico que busque constantemente novas soluções;

um sistema internacional que estimule padrões sustentáveis de comércio e finan-

ciamento; e

um sistema administrativo flexível e capaz de se auto-corrigir.

A partir da definição de desenvolvimento sustentável pelo Relatório Brundtland, em

1987, é possível perceber que tal conceito não diz respeito apenas ao impacto da atividade

econômica no meio ambiente. Desenvolvimento sustentável se refere, principalmente, às

consequências dessa relação na qualidade de vida e no bem-estar da sociedade, tanto

presente quanto futura.

Atividade econômica, meio ambiente e bem-estar da sociedade formam o tripé

básico no qual se apoia a ideia de desenvolvimento sustentável. A aplicação do conceito à

realidade requer, no entanto, uma série de medidas, tanto por parte do poder público como

da iniciativa privada, assim como exige um consenso internacional.

Figura 1: Desenvolvimento Sustentável – equilíbrio entre o econômico, o social e o ambiental

Segundo o Relatório Brundtland, uma série de medidas deve ser tomada pelos

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Estados nacionais:

1. limitação do crescimento populacional;

2. garantia de alimentação em longo prazo;

3. preservação da biodiversidade e dos ecossistemas;

4. diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias que

admitem o uso de fontes energéticas renováveis;

5. aumento da produção industrial nos países não-industrializados para a base de

tecnologias ecologicamente adaptadas;

6. controle da urbanização selvagem e integração entre campo e cidades menores; e

7. satisfação das necessidades básicas.

Internacionalmente, as metas propostas pelo Relatório são as seguintes:

1.as organizações do desenvolvimento devem adotar a estratégia de

desenvolvimento sustentável;

2. a comunidade internacional deve proteger os ecossistemas supranacionais como a

Antártica, os oceanos e o espaço;

3. as guerras devem ser banidas; e

4. a ONU deve implementar um programa de desenvolvimento sustentável.

Como foi possível observar, o conceito de desenvolvimento sustentável é uma frase

simples, mas suas implicações são profundas. Entretanto, seu maior significado é o

seguinte: devemos colocar nosso modo de vida atual em um alicerce que seja baseado em

gerar renda e não em terminar com os ativos (WILLUMS; GOLÜKE, 1992).

Portanto, o desenvolvimento sustentável trata de como aprender a valorizar, manter

e desenvolver o nosso patrimônio ambiental (ou capital natural) de tal maneira que

possamos viver de sua renda e não de seu capital.

Ainda nos anos de 1980, mais precisamente em 1989, em Basiléia, Suíça, é firmado

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um convênio internacional que estabelece as regras para os movimentos transfronteiriços

de resíduos; dispõe sobre o controle da importação e exportação e proíbe o envio de

resíduos para países que não possuam capacidade técnica, legal e administrativa para

recebê-los. É a Convenção de Basiléia, já ratificada por muitos países, criada, entre outras

razões, para coibir o comércio de resíduos tóxicos que são descartados em países menos

desenvolvidos.

Na década de 1990, a sociedade se encontrava um pouco mais preparada para

internalizar os custos da qualidade de vida e pagar o preço de manter limpo o ambiente em

que vive. As pessoas passaram a se dar conta da importância de manter o equilíbrio

ambiental e de entender que o efeito nocivo de um resíduo ultrapassa os limites da área em

que foi gerado ou disposto.

A “Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento”,

conhecida também como Cúpula da Terra ou Rio-92, realizada de 3 a 14 de junho de 1992,

na cidade do Rio de Janeiro, resultou em dois importantes documentos: a Carta da Terra

(também conhecida como Declaração do Rio) e a Agenda 21.

Em 2002, ocorreu a Rio+10, em Joanesburgo, na África do Sul. Eventos como esse

mostraram que, no final do Século XX e início do Século XXI, a questão ambiental

ultrapassou os limites das ações isoladas e localizadas, para se constituir em uma

inquietação de toda a humanidade. A preocupação com o uso parcimonioso das matérias-

primas escassas e não-renováveis, a racionalização do uso de energia

e a opção pela reciclagem, que combate o desperdício, convergem para uma abordagem

mais ampla e lógica do tema ambiental que pode ser resumida pela expressão “qualidade

ambiental”.

Portanto, nos anos de 1990, pudemos perceber que ocorreu uma mudança de

enfoque com a gestão ambiental ou gestão ecoeficiente. Pudemos observar que o foco

passou a ser otimizar todo o processo produtivo, buscando reduzir o impacto ambiental.

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Surgiu o conceito de prevenção, fazendo uso de tecnologias mais limpas7, menos

poluentes ou perigosas, assim como o conceito do “ciclo de vida” do produto, que é a

busca por tornar-se ecologicamente correto, desde o nascimento do produto até o seu

descarte ou com o reaproveitamento do mesmo. Ocorreu o surgimento do Ecodesign, que

passa a ser inserido como uma importante ferramenta para uma produção sustentável.

A introdução de novos conceitos, como: Certificação Ambiental, Atuação

Responsável e Gestão Ambiental, tende a modificar a postura reativa que marcava, até

recentemente, o relacionamento entre as empresas, de um lado, e os órgãos de fiscalização

e as ONGs atuantes na questão ambiental, de outro. Uma nova postura, baseada na

responsabilidade solidária, começa a relegar a um segundo plano as preocupações com

multas e autuações, que vão sendo substituídas por um maior cuidado com a imagem da

empresa.

A década de 1990 assistiu, também, entrar em vigor, em 1992, as normas britânicas

BS 7750 – Specification for Environmental Management Systems (Especificação para

Sistema de Gestão Ambiental), que serviram de base para elaboração de um sistema de

normas ambientais em nível mundial. Entrar em vigor essas normas internacionais de

gestão ambiental, que constituem a série ISO 14000,

e a integração entre elas e as normas de gestão da qualidade, série ISO 9000, foi o

coroamento de uma longa caminhada em prol da conservação do meio ambiente e do

desenvolvimento em bases sustentáveis. Assim, para as empresas, a questão ambiental

deixa de ser um tema-problema, para se tornar parte de uma solução maior: a

Credibilidade da Empresa junto à sociedade através da qualidade e da competitividade de

seus produtos.

No Século XXI, ocorreu em Joanesburgo, na África do Sul, a Conferência Rio+10,

com objetivo de avaliar os resultados obtidos nos dez anos seguintes à Conferência do Rio

de Janeiro. As repercussões das iniciativas estabelecidas no evento, então, envolveram7 Tecnologias Mais Limpas (Cleaner Tecnologies) – conjunto de soluções que começam a ser estabelecidas e disseminadas,por sua ampla utilização, a fim de prevenir e resolver problemas ambientais, seguindo o princípio de proteger e conservar oambiente natural, evitando o desperdício de recursos e a degradação ambiental, almejando o desenvolvimento sustentável. Fon-te: CEBDS (2001).

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governos e empresas com metas de alcançar o Desenvolvimento Sustentável no Século

XXI. Normas ambientais internacionais, como as da série da ISO 14000, e o

estabelecimento de conceitos como Responsabilidade Ambiental Corporativa e

Ecoeficiência são exemplos de ações no meio empresarial. As discussões sobre o

Protocolo de Kyoto, para redução das emissões de gases com impactos negativos como o

efeito estufa, sinalizam esforços governamentais.

É nesse contexto de discussões que, paralelamente, é articulada e desenvolvida a

chamada gestão ambiental. No meio empresarial, ela evolui de forma a, inicialmente,

atender às regulamentações do setor público e, posteriormente, às exigências dos

stakeholders8 e da sociedade como um todo. A questão ambiental é vista, então, não mais

como uma forma de responder a questões legais, mas como fator de competitividade,

conquista de mercado e manutenção, em médio e longo prazo, da produção.

No Século XXI as empresas tendem a incorporar a gestão ambiental em suas

práticas, não apenas de forma reativa, mas pró-ativa. O efeito da produção é avaliado

desde a seleção da matéria-prima até o descarte dos resíduos pelo consumidor, passando

pelo melhor aproveitamento dos insumos e resíduos lançados no ambiente.

Esse tipo de perspectiva na produção, mais do que trazer resultados em termos ambientais,

é uma gestão que reduz desperdícios de recursos e, em geral, diminui custos, derrubando o

conflito entre economia e ecologia, ou seja, o mito de que uma gestão ambientalmente

responsável é incompatível com o aspecto econômico.

1.3 Desenvolvimento sustentável e crescimento econômico

Os avanços ocorridos na área ambiental quanto aos instrumentos técnicos,

políticos e legais, principais atributos para a construção da estrutura de uma política

de meio ambiente, são inegáveis e inquestionáveis. Nos últimos anos, saltos quantitativos

8 Stakeholder – é traduzido para o português como “partes interessadas” e refere-se a todos os envolvidos, direta ou indireta-mente num processo temporário (projeto) ou duradouro (empresa). São pessoas ou grupos capazes de influenciar ou ser in-fluenciados pelos resultados estratégicos alcançados. Os stakeholders de uma empresa são os seus fornecedores, funcionários,clientes, comunidade do entorno, etc. Fonte: Nascimento (2008).

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foram dados, em especial no que se refere à consolidação de práticas e formulação de

diretrizes que tratam a questão ambiental de forma sistêmica e integrada.

Assim, o desenvolvimento da tecnologia deverá ser orientado para metas de

equilíbrio com a natureza e de incremento da capacidade de inovação dos países

em desenvolvimento, e o programa será atendido como fruto de maior riqueza, maior

benefício social eqüitativo e equilíbrio ecológico. Meyer (2000) enfoca que, para esta

ótica, o conceito de desenvolvimento sustentável apresenta pontos básicos que devem

considerar, de maneira harmônica, o crescimento econômico, maior percepção com os

resultados sociais decorrentes e equilíbrio ecológico na utilização dos recursos naturais.

Assume-se que as reservas naturais são finitas, e que as soluções ocorrem

através de tecnologias mais adequadas ao meio ambiente. Deve-se atender às necessidades

básicas usando o princípio da reciclagem. Parte-se do pressuposto de que haverá uma

maior descentralização, que a pequena escala será prioritária, que haverá uma maior

participação dos segmentos sociais envolvidos, e que haverá prevalescência de estruturas

democráticas. A forma de viabilizar com equilíbrio todas essas características é o grande

desafio a enfrentar nestes tempos.

Neste sentido, Donaire (1999) diz que o retorno do investimento, antes, entendido

simplesmente como lucro e enriquecimento de seus acionistas, ora em diante, passa,

fundamentalmente, pela contribuição e criação de um mundo sustentável.

1.4 Conservação do meio ambiente

Nas últimas décadas observamos o crescimento da compreensão de que cada vez

mais o desenvolvimento econômico e a proteção ambiental devem se apoiar em objetivos

compartilhados. A degradação do meio ambiente e dos recursos naturais são eventos que

devem ser evitados e minimizados quando buscamos o desenvolvimento econômico e a

riqueza que todos desejamos.

Os fatos em nosso país indicam que a pobreza, o crescimento populacional e

industrial se combinam para causar impactos negativos sobre os ecossistemas e a

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população. A urbanização desordenada e os acidentes ambientais, cada vez mais frequentes

e intensos, dão lugar ao aumento da contaminação do ar, da água e do solo, causando o

aumento da incidência das enfermidades, degradação dos materiais e das perdas

financeiras.

O Poder Público, consciente da responsabilidade de proteger os cidadãos e os

recursos naturais, têm exigido que os impactos ambientais negativos sejam minimizados e

controlados, através da criação e aplicação de legislações ambientais severas. Cada vez

mais, os Procuradores da Justiça têm instaurado Ações Civis Públicas visando punir os

infratores e reparar os danos ambientais. Neste sentido, o Gestor Ambiental têm um papel

fundamental a cumprir, auxiliando as empresas na busca da eficiência ambiental.

Cada vez mais os profissionais das diversas áreas da gestão ambiental são

requeridos pelas empresas para atuarem em sistemas de gestão e de controle ambiental. Na

maioria dos casos, a interdisciplinaridade de conhecimentos necessários para a gerência de

meio ambiente requer a constituição de uma equipe multidisciplinar de profissionais

especialistas.

Neste sentido, para suprir a demanda de mercado e treinar profissionais que desejam

atuar como Técnicos de Meio Ambiente, o contínuo aperfeiçoamento e exercício

profissional são fundamentais para o desenvolvimento dessa atividade, considerando a

complexidade do assunto em questão.

1.5 Atuação responsável e racional com os recursos naturais renováveis

Processos de produção de conhecimento têm oportunizado o despertar de práticas

positivas e pró-ativas, que sinalizam o desabrochar de métodos e de experiências que

comprovam, mesmo que em um nível ainda pouco disseminado, a possibilidade de fazer

acontecer e tornar real o novo, necessário e irreversível, caminho de mudanças para a

melhor conservação do meio ambiente.

Isto é corroborado por Souza (1993) ao dizer que as estratégias de marketing

ecológico, adotadas pela maioria das empresas, visam a melhoria de imagem tanto da

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empresa quanto de seus produtos, através da criação de novos produtos verdes e de ações

voltadas para a proteção ambiental.

Desse modo, o gerenciamento ambiental passa a ser um fator estratégico que a alta

administração das organizações deve analisar.

Neste contexto, as organizações deverão incorporar a variável ambiental no aspecto

de seus cenários de produção e serviços e na tomada de decisão, mantendo assim uma

postura responsável de respeito à questão ambiental.

Empresas experientes identificam resultados econômicos e resultados estratégicos

do engajamento da organização na causa ambiental. Estes resultados não se viabilizam de

imediato, há necessidade de que sejam corretamente planejados e organizados todos os

passos para a interiorização da variável ambiental na organização para que ela possa

atingir o conceito de excelência ambiental, trazendo com isso vantagem competitiva.

Os dez passos necessários para a excelência ambiental segundo Elkington & Burke,

apud Donaire (1999) são os seguintes:

"1 - Desenvolva e publique uma política ambiental.

2 - Estabeleça metas e continue a avaliar os ganhos.

3 - Defina claramente as responsabilidades ambientais de cada uma das áreas e do

pessoal administrativo (linha de assessoria).

4 - Divulgue interna e externamente a política, os objetivos e metas e as

responsabilidades.

5 - Obtenha recursos adequados.

6 - Eduque e treine seu pessoal e informe os consumidores e a comunidade.

7 - Acompanhe a situação ambiental da empresa e faça auditorias e relatórios.

8 - Acompanhe a evolução da discussão sobre a questão ambiental.

9 - Contribua para os programas ambientais da comunidade e invista em

pesquisa e desenvolvimento aplicados à área ambiental.

10 - Ajude a conciliar os diferentes interesses existentes entre todos os

envolvidos: empresa, consumidores, comunidade, acionistas etc."

A primeira dúvida que surge quando considerarmos a questão ambiental do ponto de

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vista empresarial é sobre o aspecto econômico. Qualquer providência que venha a ser

tomada em relação à variável ambiental, a ideia é de que aumenta as despesas e o

consequente acréscimo dos custos do processo produtivo.

Donaire (1999) refere que "algumas empresas, porém, têm demonstrado que é

possível ganhar dinheiro e proteger o meio ambiente mesmo não sendo uma organização

que atua no chamado “mercado verde”', desde que as empresas possuam certa dose de

criatividade e condições internas que possam transformar as restrições e ameaças

ambientais em oportunidades de negócios”.

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Unidade II – Teoria da gestão ambiental

A gestão ambiental não é um conceito novo nem mesmo uma necessidade nova. O

homem sempre teve de interagir responsavelmente com o meio ambiente. Nos casos em

que tal não ocorreu, o homem teve de enfrentar as consequências nefastas da sua atuação.

A acumulação indiscriminada de resíduos que se verificou na Idade Média, com a

consequente poluição da água e do ar, resultou em gravíssimos problemas de saúde

pública. A industrialização veio agravar este problema ao contribuir de forma bastante

acentuada para a poluição do meio ambiente.

Até ao final da década de oitenta e início da década de noventa, a gestão ambiental

era em grande parte tratada caso a caso, como resultado da pressão popular ou de algumas

medidas legislativas. O ambiente era tratado caso a caso por equipes técnicas e jurídicas,

responsáveis pelas questões reguladoras.

Durante a década de 90 surgiram diversas normas e regulamentos relativos à

implementação de sistemas de gestão ambiental, salientando-se a mundialmente a Norma

ISO 14001:1996 e o EMAS – Eco-Management and Audit Scheme no nível europeu.

A gestão ambiental é a arte de se alinhar ações humanas às forças e resistências

potenciais ou existentes (incluindo seus poderes de autodepuração e recuperação) da

própria natureza, convertendo as ameaças ambientais em riscos gerenciáveis. Dessa forma,

consegue-se levar, por meio de intervenções sistêmicas, a relação homem/natureza a uma

nova estabilidade benéfica, embora longe, possivelmente, do equilíbrio original. Na

maioria dos casos, a gestão ambiental não objetiva a restauração perfeita dos ecossistemas

ou sua manutenção num estado de preservação permanente (sem contribuírem às

atividades extrativistas). A gestão ambiental preconiza, primordialmente, a intervenção do

ser humano na natureza.

Talvez um conceito mais completo – porque inclui aspectos positivos da questão

ambiental (novos mercados, melhorias em eficiência e outros) – seja a seguinte definição:

O Sistema de Gestão Ambiental (SGA), como parte da administração geral, é a estrutura

que orienta, segundo a visão institucional, o empenho ambiental da organização e que

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incentiva respostas sinérgicas para as oportunidades e os riscos apresentados pela

globalização atual da vida.

Os sistemas de gestão ambiental foram projetados para permitirem, a uma empresa

ou organização, integrar uma abordagem planeada, coordenada e organizada para a gestão

dos efeitos das suas atividades, produtos e serviços, sobre o meio ambiente.

Ajudar no controle das condições ambientais é indiscutivelmente uma

responsabilidade de todos e não somente de uma pessoa ou grupo de pessoas. Todos

devemos contribuir para a preservação do ambiente, incluindo empresas, agências

governamentais e o público em geral.

Na sua maioria, as indústrias e empresas têm processos ou produtos que utilizam

nas suas instalações e que potencialmente podem ter um efeito negativo sobre o meio

ambiente, constituindo assim uma preocupação na luta pela melhoria das condições

ambientais.

Uma solução para auxiliar as empresas a cumprir o seu papel no controlo de

potenciais impactes ambientais é a implementação de um sistema de gestão ambiental

(SGA). Os sistemas de gestão ambiental desempenham um papel importante na

determinação do sucesso ambiental de uma empresa.

A adesão a um sistema de gestão ambiental beneficia a empresa de diversas formas.

Uma delas, talvez a mais evidente, está relacionada com a percepção que o público e

outras organizações têm da empresa. Através do reconhecimento público da utilização de

um SGA, a empresa pode demonstrar e assegurar a todas as partes interessadas que conduz

os seus negócios de forma amiga do ambiente. Os clientes que têm a percepção de lidarem

com uma empresa com um SGA integrado podem sentir-se mais confortáveis com o fato

de saberem que estão se relacionando comercialmente com uma empresa amiga do

ambiente e, assim, criarem maiores oportunidades de negócio.

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Componentes da gestão empresarial evidenciando a componente ambiental:

Fig. 2 - Componentes da gestão empresarial

Os SGA são um passo na direção certa para a diminuição dos impactos sobre o

ambiente. Com efeito, estes servem de enquadramento às empresas para manterem e

melhorarem as suas contribuições e impactos sobre o meio ambiente.

Um SGA pretende, assim, melhorar o desenvolvimento econômico global das

empresas através do aumento do seu desempenho ambiental.

2.1 Legislação ambiental

A Legislação Ambiental brasileira foi pautada dentro das normas do Direito

Ambiental, que por definição é o “Conjunto de princípios, institutos e normas

sistematizadas para disciplinar o comportamento humano, objetivando proteger o meio

ambiente”.

Assim são Princípios Fundamentais norteadores da aplicação da legislação

ambiental:

a) Princípio da Prevenção ou Precaução: Este é o maior e mais importante ordenamento

jurídico ambiental, considerando que a prevenção é o grande objetivo de todas as normas

ambientais, uma vez que, desequilibrado o meio ambiente a reparação é na maior parte

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das vezes uma tarefa difícil e dispendiosa. Os instrumentos da Política Nacional do Meio

Ambiente (Licenciamento, EIA, zoneamento) estão fundados nesse princípio.

b) Princípio da Cooperação: Significa dizer que todos, o Estado e a Sociedade, através de

seus organismos, devem colaborar para a implementação da legislação ambiental, pois não

é só papel do governo ou das autoridades, mas de cada um e de todos nós.

c) Princípio da Publicidade e da Participação Popular: Importa afirmar que não se admite

segredos em questões ambientais, pois afetam a vida de todos. Tudo deve ser feito,

principalmente pelo Poder Público, com a maior transparência possível, e de modo a

permitir a participação na discussão dos projetos e problemas dos cidadãos de um modo

geral.

d) Princípio do Poluidor-pagador: Apesar de um princípio lógico, pois quem estraga deve

consertar, infelizmente ainda não é bem aceito na prática, ficando para o Estado esta

obrigação de recuperar e para a sociedade o prejuízo, e para o mau empreendedor somente

o lucro.

Para orientar o Gestor Ambiental no desempenho de suas funções é importante ter

uma orientação das principais normas do Direito Ambiental. Assim enumera-se a seguir a

principal legislação ambiental federal de interesse do empresário de qualquer segmento

produtivo do país. Inicia-se com a Constituição de 1988 e segue com os instrumentos

legais em ordem cronológica, indicando o tema a que se refere e o assunto ou obrigações

pertinentes.

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Principais normas do Direito Ambiental:

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2.2 Licenciamento ambiental

O processo de licenciamento inicia com uma carta consulta ambiental apresentada

pelo interessado ao órgão de controle ambiental, com a finalidade de verificar a viabilidade

de localização. Por exemplo, uma construtora pretende construir um Shopping Center

numa região da cidade e consulta o órgão ambiental municipal sobre a viabilidade de

executar a obra no referido local. O órgão público terá o prazo de 15 dias para se

manifestar sobre essa consulta.

Uma vez considerado viável, será então iniciado o processo de licenciamento

ambiental, que inclui a emissão de três licenças: LP (Licença Prévia), LI (Licença

Instalação) e LO (Licença de Operação):

Licença Prévia – nesta fase o órgão licenciador irá elaborar o Termo de Referência

para a realização do EIA/RIMA. Esse Termo é o Estudo de Impacto Ambiental, que faz

uma análise dos impactos ambientais de uma ação proposta e das suas alternativas. O

resumo desse estudo com as principais conclusões é denominado RIMA – Relatório de

Impacto Ambiental. Durante tal processo será produzido o Relatório de Controle

Ambiental, um documento que descreve o empreendimento, o processo de produção e

caracteriza as emissões geradas nos diversos setores do empreendimento (ruídos, efluentes

líquidos, emissões atmosféricas, ruídos e resíduos sólidos). Posteriormente é vistoriado o

local do empreendimento e promovida uma audiência pública, em que todos os

interessados poderão se manifestar pró ou contra o empreendimento. Os resultados da

audiência pública irão subsidiar a tomada de decisão sobre a liberação ou não da LP.

Licença Instalação – autoriza o início da construção do empreendimento e a

instalação dos equipamentos. A execução do projeto deve ser feita conforme o modelo

apresentado. Se houver alterações na planta ou nos sistemas instalados deve ser

formalmente enviada ao órgão licenciador para avaliação. A concessão da LI implica no

compromisso do interessado em manter o projeto final compatível com as condições de

seu deferimento.

Licença de Operação – autoriza o funcionamento do empreendimento. Deve ser

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requerida quando a empresa estiver edificada e após a verificação da eficácia das medidas

de controle ambiental estabelecidas nas condicionantes das licenças anteriores. Nessas

licenças estão determinados os métodos de controle e as condições de operação. A

concessão da LO implica no compromisso do interessado em manter o funcionamento dos

equipamentos de controle da poluição, de acordo com as condições de seu deferimento.

2.3 Auditoria ambiental

A economia atual, preocupada com o meio ambiente, já não mais aceita produtos

ambientalmente inviáveis e poluentes. Respeitando as atuais regras, aumentam as chances

de negócios para as empresas, principalmente com países do primeiro mundo onde esta

preocupação já está sujeita a legislações mais rígidas. Em decorrência desses fatores, a

Auditoria Ambiental está cada vez mais sendo utilizada como uma ferramenta avaliadora

do desempenho ambiental das empresas e tornando a gerência de meio ambiente um setor

de status na estrutura organizacional.

Para Sales (2001), a Auditoria Ambiental pode ser genericamente definida como o

procedimento sistemático através do qual uma organização avalia suas práticas e

operações que oferecem riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para

averiguar sua adequação a critérios preestabelecidos (requisitos legais, normas técnicas

e/ou políticas, práticas e procedimentos desenvolvidos ou adotados pela própria empresa

ou pela indústria a qual pertence). Para Malucelli (2004), as auditorias, quanto ao cenário

de aplicação, podem ser enquadradas em duas situações: a primeira onde há o interesse

próprio da empresa e a outra onde a iniciativa é de terceiros ou órgãos ambientais.

Rovere et al. (2001) definem o objetivo da auditoria ambiental através de sua

classificação. Dentre as categorias mais aplicadas destacam-se: auditoria de desempenho

ambiental, auditoria de Sistema de Gestão Ambiental, auditoria de certificação, auditoria

de descomissionamento (descommissioning), auditoria de responsabilidade (due

dilligence), auditoria pontual e, auditoria de conformidade legal (compliance).

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Unidade III – Política ambiental na empresa

3.1 Sistemas de gestão ambiental (SGA)

Um Sistema de Gestão Ambiental – SGA (Environmental Management System –

EMS) é definido como o conjunto de procedimentos que irão ajudar a organização a

entender, controlar e diminuir os impactos ambientais de suas atividades, produtos e/ou

serviços. Está baseado no cumprimento da legislação ambiental vigente e na melhoria

contínua do desempenho ambiental da empresa, isto é, não basta estar dentro da lei, mas

deve haver, também, uma clara decisão de melhorar cada vez mais o seu desempenho com

relação ao ambiente natural (SENAI, 2000, p. 8).

Segundo Tibor e Feldman (1996, p. 20),

[...] seus elementos incluem a criação de uma política ambiental, o estabelecimento de objetivos e

alvos, a implementação de um programa para alcançar esses objetivos, a monitoração e medição de

sua eficácia, a correção de problemas e a análise e revisão do sistema para aperfeiçoá-lo e melhorar

o desempenho ambiental geral.

Um SGA eficaz pode possibilitar às organizações uma melhor condição de

gerenciamento de seus aspectos e impactos ambientais, além de interagir na mudança de

atitudes e de cultura da empresa. Pode, também, alavancar os resultados financeiros da

mesma, uma vez que atua na melhoria contínua de processos e serviços.

3.2 Instrumentos para gestão ambiental em pequenas e médias empresas

A norma ISO 14001 prevê a implementação de 17 elementos para uma gestão

eficaz, baseados em uma série de boas práticas e ferramentas ambientais (p.ex. avaliação

de impactos ambientais, conscientização, monitoramento, preparação para emergência,

auditoria), da qualidade (baseado na Norma ISO 9001: 1994) e empresariais (p.ex.

gerenciamento por objetivos, análise da visão das partes interessadas) da época. Tais

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práticas, elementos e ferramentas são descritos a seguir.

Política Ambiental - a empresa deve definir uma política ambiental que contemple

os compromissos à prevenção da poluição, melhoria contínua e conformidade aos

requisitos legais e outros assumidos. A norma avança ao requerer

o envolvimento da alta administração no comprometimento com esta política.

Aspectos Ambientais - a empresa deve identificar e avaliar os aspectos e impactos

ambientais decorrentes de suas atividades, produtos e serviços, contemplando as situações

acidentais e emergenciais. Tal requisito contempla as ferramentas de avaliação de impacto

(p.ex. Matrizes de Impacto Ambiental) e de análise de riscos ambientais (p.ex. APR,

FMEA, HAZOP).

Requisitos legais e outros requisitos - a norma requer um procedimento para

identificação e acesso aos requisitos legais e outros pertinentes às atividades, produtos e

serviços da empresa. Tal requisito se torna essencial para redução de risco de multas e

penalidades diante de pendências legais.

Objetivos e metas - a empresa deve definir objetivos e metas visando a melhoria

contínua, a prevenção da poluição e a implementação da Política Ambiental definida. Tal

requisito é um avanço diante da gestão ambiental vigente anteriormente, pois havia um

patamar de desempenho ambiental desejado, e a gestão se esgotava nele. A partir do SGA,

a empresa deve buscar melhorar sempre o seu desempenho ambiental, procurando alinhar

a gestão ambiental com a gestão estratégica empresarial.

Treinamento, conscientização e competência - a norma requer a definição de

mecanismos para identificação e provisão de treinamento e competências ambientais. Ela

inova ao exigir procedimentos para garantir a conscientização de todo o pessoal, incluindo

terceiros.

3.3 Atitudes e percepções das pequenas empresas quanto ao meio ambiente e asustentabilidade

A gestão ambiental começou a ser implantada nas organizações (empresas, órgãos

públicos e não governamentais) por pressões externas, seja por força de legislações ou

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resultado de mobilizações da população. As primeiras medidas implantadas visavam tratar

os resíduos sólidos que eram jogados na natureza ou nos cursos d’água. Esta função era

exercida nas organizações por funcionários pouco qualificados e consideradas como uma

despesa para a organização. A tarefa de recolher os resíduos e dar um destino mais

adequado do que simplesmente jogá-los na natureza cabia a setores operacionais como a

produção, a manutenção ou a limpeza. Posteriormente, a função de recolher resíduos foi

sendo agregada de outras responsabilidades, como o tratamento de efluentes e de emissões

gasosas.

Analisando-se a estrutura organizacional era possível observar que esta função

passou a ser exercida por setores de produção, qualidade ou saúde, segurança e meio

ambiente, mas ainda com um caráter operacional. Se alguém da diretoria fosse perguntado

sobre os resíduos gerados pela sua organização, provavelmente diria que desconhecia, mas

que alguém na organização estava cuidando disto. A gestão ambiental nas pequenas e

médias empresas era vista como um centro de custos, ou seja, uma função que deveria ser

exercida para atender a legislação ambiental. Sendo um custo, esta atividade não tinha a

mesma importância das demais atividades que agregavam valor ao produto.

3.4 Responsabilidade social empresarial

As pequenas e médias empresas geralmente são integrantes da cadeia de suprimento

de uma grande empresa e, portanto, o seu produto é um insumo, uma pequena parte do

produto adquirido pelo consumidor, o qual raramente identifica os nomes dos integrantes

da cadeia de suprimento daquele produto que ele está adquirindo.

Dispondo de menos recursos que as grandes empresas e estando menos expostas ao

controle dos órgãos de controle ambiental e às cobranças das ONGs e dos consumidores

finais, as pequenas e médias empresas tendem a ter um pior desempenho ambiental do que

as empresas que estão na ponta da cadeia de produção. O impacto ambiental da produção

industrial de uma pequena empresa é menor do que o de uma grande, mas o somatório dos

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impactos ambientais das pequenas empresas integrantes de uma cadeia de fornecimento

poderá ser mais significativo do que o impacto causado pela grande empresa que coordena

esta cadeia de suprimento.

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Unidade IV– Normas ambientais Internacionais. (Norma ISO 14000 de Gestão

Ambiental)

A International Organization for Standardization – ISO9. Com sede em Genebra, na

Suíça, a ISO possui mais de 130 países membros que participam, com direito a voto, das

decisões ou, apenas, como observadores das discussões. Alguns países são representados

por entidades governamentais ou vinculadas ao governo, como por exemplo, o American

National Standards Institute – ANSI que é a entidade membro dos Estados Unidos e a

Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, que é do Brasil.

A ISO está estruturada em aproximadamente 180 Comitês Técnicos (TCs), cada um

dos quais é especializado em minutar normas em uma área particular. A ISO desenvolve

normas em todos os setores industriais, exceto nos relacionados à engenharia elétrica e

eletrônica, às quais são desenvolvidas pela International Electrotechnical Commission –

IEC, sediada também em Genebra, que possui mais de 40 países-membros. As nações-

membros formam grupos técnicos de assessoramento, Technical Advisory Groups – TACs,

que contribuem com informações aos comitês técnicos como parte do processo de

desenvolvimento das normas.

4.1 Histórico

As questões ambientais assumiram nos últimos anos um papel primordial no comér-

cio internacional, tendo como conseqüência o surgimento de Normas e Certificações Am-

bientais, em âmbito nacional, regional e internacional. Surgem no final da década de 70 os

rótulos ecológicos, os quais constituem a certificação ambiental de produtos que, muitas

vezes, utilizados para fins puramente comerciais, já contribuíam para alertar os consumi-

dores sobre a estreita relação existente entre as atividades econômicas e a natureza. Com o

9 ISO – International Organization for Standardization é uma organização não governamental internacional especializada, fun-dada em 1946 com o objetivo de reunir órgãos de normalização de diversos países e criar um consenso internacional normativode fabricação, comércio e comunicações. Fonte: Standards Development (2008).

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passar dos anos, esses rótulos ou selos ecológicos passaram a ter um significado naciona-

lista, constituindo barreiras técnicas e comerciais.

Em 1991, por ocasião da Segunda Conferência Mundial da Indústria sobre a gestão

do Meio Ambiente, foi formulada pela Câmara de Comércio Internacional a Carta Empre-

sarial para o Desenvolvimento Sustentável, reunindo 16 princípios de gestão ambiental,

que indicam os compromissos a serem assumidos pelas empresas e constituem a referência

internacional de estratégia ambiental. É a partir desse documento que a gestão ambiental é

identificada, por várias empresas, como um importante fator de sucesso, assegurando a

aceitação dos produtos interna e externamente, sendo muitas vezes um fator decisivo para

a sobrevivência de muitas delas. É nesse mesmo ano que se cria a Fundação Brasileira

para o Desenvolvimento Sustentável, com aproximadamente 20 empresas, cujo objetivo é

conscientizar os empresários para a necessidade de incluir a questão ambiental no ge-

renciamento de suas atividades.

Ficando cada vez mais eminente a necessidade de uma normalização internacional,

no âmbito da Organização Internacional de Normalização - ISO, com sede em Genebra,

Suíça, tem início em outubro de 1991 o Strategic Advisory Group on Environment -

SAGE. Após dois anos de atividades, o SAGE vem propor, através de um relatório final, a

criação de um novo Comitê Técnico, ISO/TC-207, dentro do conceito de desenvolvimento

industrial auto-sustentável, tendo o objetivo de desenvolver normas e guias sobre "Siste-

mas de Gestão Ambiental" e sobre ferramentas gerenciais para o meio ambiente.

A partir dessas recomendações, em março de 1993, o Conselho da ISO aprovou a

criação do TC 207, dando início aos trabalhos de elaboração da nova ISO Série 14000,

baseados na norma BS 7750: Specification for Environmental Management Systems, que

está em vigor no Reino Unido desde 1993.

A ISO define uma norma como um acordo documentado contendo especificações

técnicas ou outros critérios precisos a serem utilizados uniformemente como uma regra,

diretriz ou definição de características, a fim de assegurar que os materiais, produtos,

processos e serviços sejam adequados a sua finalidade. As normas são formuladas com o

objetivo principal de facilitar o comércio internacional, aumentando a confiabilidade e a

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eficácia das mercadorias e serviços (Fonte: <www.iso.ch>).

A série de normas de qualidade ambiental - ISO 14000 - trata dos Sistemas de Ges-

tão Ambiental, base para o Sistema de Certificação. Essas novas normas vêm dar continui-

dade às normas de Qualidade & Produtividade (ISO 9000) e, da mesma forma, se tornar-

se-ão obstáculos comerciais para as empresas que concorrem ou pretendam concorrer no

mercado internacional. Produtos com pretensão à qualidade requerem um processo produ-

tivo com qualidade ambiental, visando a diminuir desperdícios, efluentes e consumo de

energia.

Depois que uma versão preliminar de alguma norma é votada por todos os países-

membros, ela é publicada em forma de norma internacional, podendo ser adotada na

íntegra ou com modificações. Alguns países desenvolvem um processo paralelo de análise

da versão internacional quanto à viabilidade de sua aceitação, enquanto estão sendo

desenvolvidas pela ISO, acelerando o processo de sua adoção, adotando-as como

compulsórias.

Os esforços de normatização realizados pelos diversos países eram muito restritos a

ensaios e amostragens que atendessem aos padrões legais, como por exemplo, a

homologação pela British Standards Institution – BSI, em março de 1992, da norma BS

7750, já desativada, a qual criou procedimentos para se estabelecer um sistema de gestão

ambiental nas organizações no Reino Unido. A norma BS 7750 estabelece um paralelo

ambiental com a norma britânica de gestão da qualidade BS 5750, introduzida em 1979,

que serviu de base para a elaboração das normas internacionais da série ISO 900010 de

gestão da qualidade e garantia da qualidade. Em 1996 foi lançada a série designada de ISO

1400011

10 ISO 9000 – é a série de normas que descrevem os elementos básicos e a orientação para a implementação de um sistema dequalidade. Fonte: ISO 9000 – Sistemas de Qualidade (2008).11 ISO 14000 – é a série de normas que tem como objetivo a criação de um sistema de gestão ambiental que auxilie as organi -zações a cumprirem seus compromissos assumidos com o ambiente natural, estabelecendo, também, as diretrizes para as audi-torias ambientais, avaliação de desempenho ambiental, rotulagem ambiental e análise do ciclo de vida dos produtos. Fonte:ISO 14000 – Gestão Ambiental (2008).

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4.2 Objetivos e abrangência

A série de normas ISO 14000 tem como objetivo a criação de um sistema de gestão

ambiental que auxilie as organizações a cumprirem seus compromissos assumidos com o

ambiente natural. Além disso, em função do processo de certificação, tanto das

organizações quanto de seus produtos e serviços, ser reconhecido internacionalmente,

possibilitam às organizações distinguirem-se daquelas que somente atendem à legislação

ambiental.

As normas da série ISO 14000 também estabelecem as diretrizes para as auditorias

ambientais, avaliação de desempenho ambiental, rotulagem ambiental e análise do ciclo de

vida dos produtos, já citados anteriormente, possibilitando a transparência da organização

e de seus produtos em relação aos aspectos ambientais, viabilizando harmonizar os

procedimentos e diretrizes aceitos internacionalmente com a política ambiental adotada

pela mesma.

As normas da série ISO 14000 mantêm a mesma numeração no Brasil, precedida do

designativo NBR da ABNT, sendo elas:

As Normas de Gerenciamento Ambiental (SC1) estabelecem os principais elementos

de um sistema de gestão, tais como a política ambiental a ser adotada pela empresa, o pla-

nejamento, implantação e operação, monitoramento e ação corretiva, executando uma aná-

lise crítica da gestão visando ao aprimoramento contínuo.

A Auditoria Ambiental (SC2) será enfocada de quatro maneiras: Princípios de Audi-

toria Ambiental, Procedimentos, Qualificação de Auditores e outras investigações ambien-

tais.

A Rotulagem Ambiental (SC3) irá tratar dos princípios para certificação, autodecla-

ração e os princípios para programas de certificação, visando à formulação de normas diri-

gidas à padronização no campo da rotulagem ambiental. Esta área irá definir os princípios

e a prática para as declarações e os rótulos ambientais (selo verde), bem como as metodo-

logias de implementação, verificação e certificação.

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A Avaliação do Desempenho Ambiental (SC4) irá avaliar genericamente o desempe-

nho e a avaliação ambiental de um dado Setor Industrial, tendo como objetivo a normaliza-

ção dos critérios e metodologias a serem utilizadas pelas empresas para medir, avaliar e

comunicar seu desempenho ambiental visando a orientar sua política de investimentos ou a

obtenção de certificação específica.

A Avaliação do Ciclo de Vida (SC5) englobará quatro aspectos: os princípios gerais

e procedimentos para análise de ciclo de vida, a análise do inventário geral para o ciclo de

vida, a análise para o inventário específico para o ciclo de vida e a avaliação do impacto

do ciclo de vida. Tem como objetivo avaliar os efeitos ambientais associados a um produ-

to, processo ou atividade, através da identificação e quantificação da energia consumida,

dos materiais usados, da água consumida e resíduos liberados no meio ambiente. Esta ava-

liação irá englobar todo o ciclo de vida do produto, processo ou atividade desde a extração

dos recursos naturais, processamento, fabricação, transporte, uso, reutilização, reciclagem

e disposição final.

Os Termos e Definições (SC6) irão harmonizar as diferentes definições utilizadas,

onde foram inicialmente estabelecidas quatro categorias de conceitos, abrangendo os con-

ceitos específicos, os comuns, os relacionados às áreas adjacentes e os conceitos de lingua-

gem geral. Essa clareza nas definições dos termos se faz necessária já que a norma será in-

ternacionalmente aplicada.

Os Aspectos Ambientais em Normas de Produtos (WG 01) visam à preparação de

um documento que chame a atenção dos envolvidos na elaboração de normas de produto e

suas diretrizes para incluírem os possíveis efeitos ambientais, positivos ou negativos, vi-

sando à redução dos impactos adversos desses processos.

Na execução das normas, as mesmas passam por vários estágios: estágios prelimina-

res, estágio proposta, estágio preparatório, estágio comentário e estágio de aprovação.

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4.3 Participação do Brasil na ISO

Com o objetivo de acompanhar os trabalhos que foram realizados nos vários comitês

responsáveis pela formulação da ISO 14000 surgiu no Brasil o Grupo de Apoio à Normali-

zação Ambiental - GANA, instituído no âmbito da Associação Brasileira de Normas Téc-

nicas - ABNT, visando a avaliar as consequências dessas normas sobre as atividades indus-

triais do país. Da mesma forma, o GANA visou a proposição de alternativas que se adap-

tem à realidade brasileira, sem prejudicar o objetivo maior de conservar e proteger a natu-

reza. Nesse sentido, o GANA abriga empresários, instituições de pesquisa e ensino, órgãos

públicos e técnicos, que vêm participando em todas as fases do processo de formulação da

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nova norma. Desde sua fundação, o GANA/ABNT vem representando o país em todas as

reuniões de cada um dos seis subcomitês da ISO 14000.

O Instituto Nacional de Metrologia Normalização e Qualidade Industrial - INME-

TRO também definiu, em seu planejamento estratégico, um amplo compromisso com a

questão ambiental. Segundo Bueno e Richa (1995): "No que concerne à certificação ambi-

ental, cabe ao INMETRO estabelecer a estrutura para o credenciamento de organismos de

certificação de sistemas de gestão ambiental, de organismos de certificação ambiental de

produtos e de auditores ambientais, garantindo o alinhamento às referências internacionais

em todas as etapas e processos".

Para tanto foi criada a Comissão de Certificação Ambiental (CCA), ligada ao Comi-

tê Brasileiro de Certificação (CBC), com o objetivo de estabelecer as diretrizes gerais para

seu funcionamento, bem como dos grupos de trabalho que vierem a ser formados, elabo-

rando procedimentos, critérios e regulamentos. Esta comissão é composta por representan-

tes de entidades com atuação relevante na área ambiental brasileira, tais como UFRJ,

ABNT, FURNAS, INMETRO, CETESB, etc.

Atualmente a CCA conta com três grupos de trabalhos, Grupo A que trata dos crité-

rios para credenciamento de organismos de certificação ambiental; Grupo B que responde

sobre a qualificação e certificação de auditores ambientais e credenciamento de organis-

mos de treinamento de auditores ambientais e Grupo C respondendo sobre a certificação

de produtos (INMETRO, 1996).

A intensa participação do Brasil junto ao Comitê Técnico 207, responsável pela for-

mulação da ISO 14000, resultou na aceitação do Brasil como sede da IV Reunião Plenária,

conjugada com reuniões de todos os Subcomitês e Grupos Técnicos de Trabalho da referi-

da norma, prevista para a última semana de junho de 1996. Essa reunião plenária será a

maior e mais importante realizada até hoje pelo TC 207, pois nela as normas mais relevan-

tes sob a ótica da certificação (ISO 14001 e 14004) estarão sendo elevadas à categoria de

Norma Internacional, bem como as relacionadas com os princípios e procedimentos de au-

ditoria ambiental (ISO 14010, 14011 e 14012. As demais estarão sendo objeto de discus-

sões finais (ABNT, 1995).

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Essa atuação do Brasil na elaboração das novas normas de Gerenciamento Ambien-

tal ISO 14000 representa uma resposta coerente à polêmica entre os países desenvolvidos e

em desenvolvimento em relação à proteção ambiental na empresa. O Brasil poderá compa-

tibilizar a necessidade de crescimento econômico e a busca pela qualidade do meio, desde

que simultaneamente estabeleça uma política nacional de meio ambiente, pois apesar de

necessária, a ISO 14000 não será suficiente. Os países em desenvolvimento devem se utili-

zar da experiência vivida pelos países desenvolvidos, onde a forte atuação do estado vem

impulsionando os investimentos e o consequente avanço tecnológico, voltados para a pro-

teção ambiental.

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Unidade V – Sistemas ambientais

5.1 Tecnologias limpas

A grande vantagem das tecnologias “limpas” está na possibilidade de reverter um

custo em benefício. Ou seja, o que seria antes tratado como um problema (gastos adicio-

nais para evitar emissões ou para pagar compensações, caso a redução de emissões não

seja técnica ou economicamente viável) passa a ser uma vantagem (ganhos de rendimento

ou produtividade). Trata-se, portanto, de uma das tais situações win-win que entraram no

nosso vocabulário recentemente, onde o ganho de competitividade ocorre concomitante-

mente ao ganho social.

Mas uma pergunta acaba sempre incomodando: se a tecnologia limpa é a mais dese-

jável tanto para a empresa quanto para a comunidade, por que ela não é adotada em larga

escala? Por que a necessidade de programas específicos para sua difusão?

Existem várias respostas diferentes para essa pergunta. Antes de tudo é fundamental

lembrar que as estruturas produtivas são bastante heterogêneas, ainda mais no caso de paí-

ses de industrialização periférica ou tardia (como o Brasil). Essa heterogeneidade estrutu-

ral é o resultado de desigualdades e desequilíbrios entre os vários setores, que acentuam

diferentes padrões tecnológicos. Exemplo claro disso está na gritante diferença entre algu-

mas atividades do setor manufatureiro que exigem elevada incorporação de tecnologia (a

maioria dos bens de consumo duráveis que incorporam inovações microeletrônicas, por

exemplo), com outras onde o dinamismo na incorporação de tecnologia é menos presente

(como em várias áreas tradicionais do setor de bens de consumo de não-duráveis). Além

disso, percebe-se a coexistência, no mesmo setor, de firmas bastante avançadas tecnologi-

camente (como algumas empresas voltadas para a exportação, ou filiais de transnacionais),

que tentam acompanhar - ainda que defasadamente - o progresso técnico gerado nos países

centrais, com empresas bastante atrasadas tecnologicamente, geralmente voltadas para

atender o mercado interno (em particular, em áreas onde a qualidade do produto ainda não

é tão importante para a concorrência).

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As oportunidades para a difusão de tecnologias limpas variam, portanto, enorme-

mente. Em setores onde a disparidade tecnológica entre as firmas componentes é muito

grande, existe um grande espaço de avanço simplesmente através da melhoria nas formas

de produção das empresas mais defasadas. Nesse caso, o papel da política pública é facili-

tar a transferência dessas tecnologias, tanto através de difusão (muitas vezes o problema

está no desconhecimento de novas técnicas) como criando mecanismos de financiamento e

outros incentivos ao aperfeiçoamento tecnológico. Um exemplo ainda pouco explorado no

Brasil refere-se ao uso de políticas de compras do governo; nesse caso, pode-se estipular

critérios mínimos de controle de produção para que a empresa seja habilitada a participar

de licitações públicas, obtenção de concessões, etc.

Uma situação mais complicada refere-se aos setores onde as possibilidade de “ga-

nho-ganho” são muito reduzidas. Ou então, em setores onde o capital instalado é relativa-

mente recente, e a adoção de tecnologias “redutoras de custos” exigiria investimentos pe-

sados sobre um parque instalado que ainda não foi financeiramente depreciado. A situação

agrava-se quando a capacidade de financiamento da empresa é menor, situação típica de

pequenas e médias empresas: ainda que haja conhecimento de formas mais eficientes de

produção, as restrições de capital ou escala impedem a sua adoção, e o máximo que se

consegue em termos de gestão ambiental é a adoção de controles de “fim de tubo” que só

representam aumento nos custos de produção (logo, menor competitividade).

Deve-se ter claro essa limitação: nem sempre a melhoria da qualidade ambiental po-

derá ser redutora de custos. O papel do formulador de política (tanto do governo quanto

das associações industriais) será exatamente identificar tais situações onde a perda de com-

petitividade é potencial, a fim de apresentar medidas compensatórias.

Um esquema elaborado por Chudnovsky et al. (1997) em um estudo sobre a indús-

tria argentina, mostra as ações de gestão ambiental a nível empresarial classificadas esque-

maticamente em três grupos:

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Uso de tecnologias“limpas”

Otimização deprocessos

Tratamento “fim detubo”

Adoção de (novos)processos produtivos demenor impactoambiental.

Desenvolvimento deprodutos ou processoscom características“ecológicas”.

Otimizar e elevar aeficiência de processos.

Reaproveitamento deinsumos, subprodutos eresíduos sólidos/mudanças de matérias-primas ou insumos.

Tratamento eficaz deefluentes líquidos,emissões atmosféricas eresíduos sólidos e semi-sólidos.

As circunstâncias que levam à adoção das tecnologias limpas e otimização de

processos estão normalmente associadas a indústrias de processo contínuo, onde a redução

de efluentes pode representar uma economia considerável de custos (menor desperdício =

maior lucro). O exemplo mais óbvio está no complexo sucroalcooleiro: o

reaproveitamento da vinhaça transformou um enorme problema em uma solução. Ainda no

mesmo setor, a utilização do bagaço da cana como fonte de energia reduz o problema de

resíduos sólidos (embora as formas convencionais de queima da biomassa possam gerar

outros problemas, relacionados à poluição atmosférica - uma área que tem merecido

esforço de pesquisa é exatamente a melhoria na eficiência energética e redução de

emissões na queima de biomassa). Outros exemplos estão no complexo papel e celulose,

química, metalurgia, etc.

5.2 Minimização de custos

Até o final dos anos 80 a gestão ambiental era considerada apenas como agregadora

de custos para as empresas, já que o seu único propósito era descartar o mais rápida e

economicamente os resíduos, de modo a atender aos requisitos legais, fixados

unilateralmente por organismos governamentais distanciados da realidade tecnológica e

econômica das empresas.

Naquele momento, o perfil do profissional ambiental era portanto eminentemente

técnico e orientado apenas a solução dos problemas no final do processo (efluentes,

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emissões e resíduos sólidos) resultantes dos processos industriais, na maioria das vezes

sem nenhum envolvimento com o processo gerador dos mesmos, ou mínimo

conhecimento das causas de sua geração. Cabia ao profissional apenas resolver o

problema”viabilizando simultaneamente e unilateralmente a redução dos custos de

tratamento e disposição.

A partir do estabelecimento dos princípios da qualidade total, e do surgimento da

série de normas internacionais ISO 9000, o conceito de defeito e de re-trabalho foram

incorporados à linguagem das empresas. De lá para cá o conceito de defeito foi

gradualmente sendo associado à poluição e o de tratamento e disposição final dos resíduos

ao conceito de re-trabalho. Então surgiu o conceito e a prática da produção mais limpa ou

prevenção da poluição como forma de reduzir os resíduos na fonte, minimizando o defeito

poluição” e, consequentemente o re-trabalho envolvido em seu tratamento e disposição

final. Esta mudança foi assimilada com sucesso na maioria dos países industrializados, já

que a mesma alterou a percepção da gestão ambiental de agregadora de custos para fator

de competitividade por meio da minimização de custos na produção, melhoria da imagem

da empresa, prevenção de acidentes ambientais e seus custos inerentes, melhoria da

comunicação com as partes interessadas (especialmente no que se refere ao diálogo com os

órgãos de normalização, fiscalização e controle ambientais), entre outros.

A ênfase da gestão ambiental na prevenção da poluição ou produção mais limpa

trouxe consigo as seguintes mudanças:

Da apatia para: preocupação do grande público;

Do interesse local para: interesse global;

Do tratamento final de tubo para: prevenção da poluição;

Do isolamento para: envolvimento da alta administração;

De conformidade legal para: melhoria contínua;

Dos custos ambientais para: vantagem competitiva;

Das relações antagônicas e isolacionistas entre indústria e governo para: coo-

peração e participação.

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5.3 Reciclagem

A reciclagem é o termo geralmente utilizado para designar o reaproveitamento de

materiais beneficiados como matéria-prima para um novo produto. Muitos materiais po-

dem ser reciclados e os exemplos mais comuns são o papel, o vidro, o metal e o plástico.

As maiores vantagens da reciclagem são a minimização da utilização de fontes naturais,

muitas vezes não renováveis; e a minimização da quantidade de resíduos que necessita de

tratamento final, como aterramento, ou incineração.

O conceito de reciclagem serve apenas para os materiais que podem voltar ao estado

original e ser transformado novamente em um produto igual em todas as suas característi-

cas. O conceito de reciclagem é diferente do de reutilização. O reaproveitamento ou reuti-

lização consiste em transformar um determinado material já beneficiado em outro. Um

exemplo claro da diferença entre os dois conceitos, é o reaproveitamento do papel.

O papel chamado de reciclado não é nada parecido com aquele que foi beneficiado

pela primeira vez. Este novo papel tem cor diferente, textura diferente e gramatura dife-

rente. Isto acontece devido a não possibilidade de retornar o material utilizado ao seu esta-

do original e sim transformá-lo em uma massa que ao final do processo resulta em um

novo material de características diferentes.

Outro exemplo é o vidro. Mesmo que seja "derretido", nunca irá ser feito outro com

as mesmas características tais como cor e dureza, pois na primeira vez em que foi feito,

utilizou-se de uma mistura formulada a partir da areia.

Já uma lata de alumínio, por exemplo, pode ser derretida de volta ao estado em que

estava antes de ser beneficiada e ser transformada em lata, podendo novamente voltar a ser

uma lata com as mesmas características.

A palavra reciclagem ganhou destaque na mídia a partir do final da década de 1980,

quando foi constatado que as fontes de petróleo e de outras matérias-primas não renová-

veis estavam se esgotando rapidamente, e que havia falta de espaço para a disposição de

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resíduos e de outros dejetos na natureza. A expressão vem do inglês recycle (re = repetir, e

cycle = ciclo).

Como disposto acima sobre a diferença entre os conceitos de reciclagem e reapro-

veitamento,em alguns casos, não é possível reciclar indefinidamente o material. Isso acon-

tece, por exemplo, com o papel, que tem algumas de suas propriedades físicas minimiza-

das a cada processo de reciclagem, devido ao inevitável encurtamento das fibras de celulo-

se.

Em outros casos, felizmente, isso não acontece. A reciclagem do alumínio, por

exemplo, não acarreta em nenhuma perda de suas propriedades físicas, e esse pode, assim,

ser reciclado continuamente.

No Brasil os recipientes para receber materiais recicláveis seguem o seguinte pa-

drão:

Azul: papel/papelão

Vermelho: plástico

Verde: vidro

Amarelo: metal

Preto:madeira

Laranja: resíduos perigosos

Branco: resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde

Roxo: resíduos radioativos

Castanho: resíduos orgânicos

Cinza: resíduo geralmente não reciclável, misturado ou contaminado, não sendopossível de separação.

5.4 Recuperação

A recuperação de resíduos objetiva recuperar frações ou algumas substâncias que

possam ser aproveitadas no processo produtivo desde que em condições econômicas mais

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ou menos vantajosas e representa um serviço benéfico à sociedade, independente da renta-

bilidade, Tocchetto (1999). Os metais constituem bons exemplos de recuperação a partir de

seus resíduos.

O Brasil tem áreas de excelência no que se refere à recuperação e revalorização dos

resíduos sólidos, como a recuperação de alumínio. Mas, segundo o professor da Escola Po-

litécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), José Renato Baptista Lima, ainda há

deficiências.

Lider do ranking mundial de reciclagem de latas, o país apresenta uma recuperação

interessante também de sucata e de papel, todavia, ainda há muitos resíduos industriais que

não são recuperados. O próprio esgoto doméstico ainda não é tratado adequadamente no

Brasil, criticou Lima. “Boa parte do país não tem rede de esgoto. Isso é um problema de

poluição real. Os rios brasileiros acabam ficando com a qualidade muito comprometida em

função disso.”

Na avaliação do especialista do departamento de Minas e Petróleo da Poli-USP, os

aterros sanitários, embora sejam uma solução importante, porque dão uma destinação final

ao lixo, significam, por outro lado, uma das piores alternativas, porque “implicam em per-

da de terreno, poluição de uma certa área, custos astronômicos de transporte e deposição.

Tudo isso é ruim”.

5.5 Incineração e disposição

O processo de incineração utiliza a combustão controlada para degradar

termicamente materiais residuais. Os equipamentos envolvidos na incineração garantem

fornecimento de oxigênio, turbulência, tempo de residência e temperatura adequados e

devem ser equipados com mecanismos de controle de poluição para a remoção dos

produtos da combustão incompleta e das emissões de particulados, de SOx e NOx.

É necessária a correta disposição dos resíduos sólidos resultantes (cinzas) após a

incineração. Quando componentes orgânicos são incinerados, concentrações de metais

aumentam nas cinzas e processos de estabilização ou inertização podem ser

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necessários para evitar a sua liberação para o meio ambiente. As cinzas devem ter sua

composição analisada para que seja determinado o melhor método de disposição.

Normalmente são utilizados aterros industriais.

Monitoramento Necessário: Emissões atmosféricas, temperatura, tempo,

oxigenação, composição das cinzas.

5.6 Produto verde e suas características

O produto verde é aquela mercadoria ou serviço de forte apelo ambiental. Para um

produto verde ser considerado como tal, toda a matriz produtiva ao qual está relacionado

deve estar de acordo com as normas ambientais vigentes. Para a divulgação desse tipo de

produto ou serviço utiliza-se uma estratégia de marketing específica, ou marketing verde.

O marketing verde é o processo de venda de produtos ou serviços com apelo

ambiental. É uma ferramenta poderosa, mas precisa ser bem executado, do contrário

poderá acarretar em enormes danos a confiabilidade da organização.

Os selos verdes podem ser utilizados para comprovar a qualidade ambiental

anunciada. Não basta dizer ser verde, não é suficiente parecer verde, a empresa terá que ser

realmente verde e ter clientes verdes, assim todos saem ganhando.

O Marketing Verde não se limita à divulgação dos atributos verdes do produto (feito

de material reciclado, baixo consumo energético...), ele orienta a estratégia da organização

para que ela seja ambientalmente correta. O marketing verde não se restringe ao

Departamento de Marketing, envolve os departamentos de P&D, Recursos Humanos,

Educação, etc. É a imagem da organização que sensibiliza os consumidores.

Segundo Ottman (1997), uma organização que deseja utilizar o marketing verde

deve obedecer aos seguintes princípios:

Ser genuína – a estratégia geral da organização deve estar de acordo com a estra-

tégia de marketing. Vender aquilo que anuncia.

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Educar seus clientes – mais importante do que informar ao cliente o que a organi-

zação está fazendo, é desenvolver ações para alertar e mostrar caminhos da cons-

trução de um desenvolvimento mais sustentável, de desenvolver ações visando

salvar o Planeta.

Dar oportunidade de participar – estimule o envolvimento e a conscientização e

chame os seus clientes para participar das ações da sua organização, juntando

forças, para desenvolver ações que contribuam para a construção de um mundo

melhor.

A publicidade ambiental deve providenciar informações detalhadas e úteis ao

consumidor. Deve apresentar os benefícios reais do produto, estabelecendo um contexto,

uma referência. Por exemplo, não basta dizer que a máquina de lavar louça gasta nove

galões de água por ciclo, o consumidor não saberá se isso é muito ou é pouco. Mas, se

apresentar esta informação dentro de um contexto, mostrando que o padrão é de 12 galões,

então o consumidor irá perceber que aquela máquina é econômica no consumo de água,

quando comparada com o padrão.

Outro aspecto que deve ser observado é o uso de termos técnicos, pois

frequentemente as informações prestadas são incompreensíveis, o que decepciona o

consumidor que busca informações.

Os selos verdes atestam que um produto causa menor impacto ambiental em relação

a outros “comparáveis” disponíveis no mercado. O objetivo é incentivar a melhoria

ambiental de produtos, processos e serviços, mediante a mobilização das forças de

mercado.

Em 1979 surgiu na Alemanha o primeiro processo de rotulagem ambiental, o selo

denominado de Blue Angel (anjo azul). Durante os anos de 1980 vários países lançaram

programas semelhantes, incluindo os Estados Unidos e França.

Os produtos verdes, que receberão o selo verde12, devem ser:

12 Selo Verde – é um rótulo colocado em produtos comerciais, trazendo informações que asseguram que eles não foram produ-zidos às custas de um bem natural que foi degradado ou que seu uso, embalagem ou o resíduo que dele resultar, não irão causar

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Duráveis – com um maior ciclo de vida irá evitar a geração de mais resíduos e a

extração de mais matéria-prima para a produção de novos produtos.

Não tóxicos ou estar em processo de redução significativa da sua toxicidade.

Utilizar materiais reciclados – se o produto utilizar alguma parte de material reci-

clado estará economizando matéria-prima nova, e ao mesmo tempo estimulando

o mercado de reciclados.

Mínimo de embalagens – a embalagem deve ter a função apenas de proteção do

produto.

malefício ambiental. Assim, atestam que um produto causa menor impacto ambiental em relação a outros “comparáveis” dispo-níveis no mercado. Fonte: Brasil (2008a)

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Meio Ambiente – Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

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Hino do Estado do Ceará

Poesia de Thomaz LopesMúsica de Alberto NepomucenoTerra do sol, do amor, terra da luz!Soa o clarim que tua glória conta!Terra, o teu nome a fama aos céus remontaEm clarão que seduz!Nome que brilha esplêndido luzeiroNos fulvos braços de ouro do cruzeiro!

Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!Chuvas de prata rolem das estrelas...E despertando, deslumbrada, ao vê-lasRessoa a voz dos ninhos...Há de florar nas rosas e nos cravosRubros o sangue ardente dos escravos.Seja teu verbo a voz do coração,Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!Ruja teu peito em luta contra a morte,Acordando a amplidão.Peito que deu alívio a quem sofriaE foi o sol iluminando o dia!

Tua jangada afoita enfune o pano!Vento feliz conduza a vela ousada!Que importa que no seu barco seja um nadaNa vastidão do oceano,Se à proa vão heróis e marinheirosE vão no peito corações guerreiros?

Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!Porque esse chão que embebe a água dos riosHá de florar em meses, nos estiosE bosques, pelas águas!Selvas e rios, serras e florestasBrotem no solo em rumorosas festas!Abra-se ao vento o teu pendão natalSobre as revoltas águas dos teus mares!E desfraldado diga aos céus e aos maresA vitória imortal!Que foi de sangue, em guerras leais e francas,E foi na paz da cor das hóstias brancas!

Hino Nacional

Ouviram do Ipiranga as margens plácidasDe um povo heróico o brado retumbante,E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,Brilhou no céu da pátria nesse instante.

Se o penhor dessa igualdadeConseguimos conquistar com braço forte,Em teu seio, ó liberdade,Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada,Idolatrada,Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívidoDe amor e de esperança à terra desce,Se em teu formoso céu, risonho e límpido,A imagem do Cruzeiro resplandece.

Gigante pela própria natureza,És belo, és forte, impávido colosso,E o teu futuro espelha essa grandeza.

Terra adorada,Entre outras mil,És tu, Brasil,Ó Pátria amada!Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada,Brasil!

Deitado eternamente em berço esplêndido,Ao som do mar e à luz do céu profundo,Fulguras, ó Brasil, florão da América,Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra, mais garrida,Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;"Nossos bosques têm mais vida","Nossa vida" no teu seio "mais amores."

Ó Pátria amada,Idolatrada,Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símboloO lábaro que ostentas estrelado,E diga o verde-louro dessa flâmula- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,Verás que um filho teu não foge à luta,Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,Entre outras mil,És tu, Brasil,Ó Pátria amada!Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada, Brasil!

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