ergonomia e qualidade de vida bloco 02

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ERGONOMIA E QUALIDADE DE VIDA BLOCO 02 EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

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Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

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Page 1: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

ERGONOMIA E

QUALIDADE DE VIDA

BLOCO 02

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Page 2: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02
Page 3: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

SUMÁRIO

Unidade 05. Ergonomia Física......................................................................... 04

Unidade 06. Fisiologia do Trabalho.............................................................. 18

Unidade 07. Biomecânica............................................................................... 28

Unidade 08. Antropometria............................................................................. 40

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Page 4: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

03EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Apresentação

Neste segundo Bloco vamos nos aprofundar no estudo da

Ergonomia, de forma a compreender um pouco mais as suas especifici-

dades e as consequências de sua aplicação para a saúde e qualidade de

vida das pessoas.

Assim, veremos a importância dos princípios fisiológicos,

biomecânicos e antropométricos para o entendimento da Ergonomia

Física e de como ela pode melhorar a qualidade de vida das pessoas no

trabalho.

Page 5: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

ERGONOMIA FÍSICA

ERGONOMIA E

QUALIDADE DE VIDA

UNIDADE

05

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Page 6: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

ERGONOMIA FÍSICA

Caro(a) Aluno(a);

Nesta Unidade apresentaremos a linha de estudo da Ergono-

mia Física e como ela se aplica na prática diária das empresas e colabo-

radores. Para isso, será importante associar de forma integrada os

conhecimentos desta Unidade 5 com os conhecimentos da Unidade 6,

fechando um ciclo de estudo que lhe permita entender a linha de racio-

cínio básica da Ergonomia Física dentro dos ambientes corporativos.

Bom estudo!

Introdução

Conforme estudamos, a definição aceita pela ABERGO leva em

conta 3 fatores: o que se sabe sobre o trabalhador, o posto de trabalho e

atividades de trabalho e a máquina ou ferramentas utilizadas neste

trabalho; o entendimento das mudanças possíveis de serem realizadas

em um posto de trabalho; os critérios da ação ergonômica. Desta for-

ma, a inter-relação destes 3 fatores permite-nos dizer que a Ergonomia

é uma ciência que exige uma convergência entre vários aspectos do

conhecimento sobre o produto, o trabalhador, os meios de produção e

a organização de todo o sistema.

Assim, para uma Ergonomia de qualidade, presume-se que

seja necessário o entendimento principalmente da antropometria físi-

ca, da fisiologia do trabalho, da psicologia experimental e da higiene

ocupacional.

Você deve lembrar que, na Ergonomia, é o trabalho (posto de

trabalho, ferramentas e maquinários, meio ambiente e organização do

Unidade 05. Ergonomia Física. 05

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Page 7: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

06

sistema) que se adapta ao trabalhador. Entretanto, para isso, o primeiro

questionamento a fazer é para conhecer quem é este trabalhador e

quais suas características comuns que podem influenciar no processo

de trabalho.

Para uma ordenação nesse campo, empregamos uma classifi-

cação dos conteúdos, sugerida pela International Ergonomics Associa-

tion (IEA): ergonomia física, cognitiva e organizacional.

Para simplificar essa divisão, subdividiremos a Ergonomia

Física em Ergonomia do Posto e Ergonomia Ambiental, formando

assim nossa divisão de conteúdos, conforme figura a seguir (Figura 1).

Conforme citado por Másculo e Vidal (2011, p. 24), esta classifi-

cação tem apenas finalidades didáticas, para compreensão de concei-

tos. Uma realidade de trabalho é um sistema complexo em que cada um

dos aspectos intervém a seu modo, porém, de forma interdependente

ou sistêmica. Assim sendo, podemos formar uma base de conhecimen-

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

fig. 01

Unidade 05. Ergonomia Física.

Page 8: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

07

to em Ergonomia por meio dos constituintes físicos, cognitivos e orga-

nizacionais, mas sem esperar que cada um desses elementos influa de

forma isolada e comportada na realidade complexa do trabalho.

Um trabalhador de 1,75m não tem como alcançar ade-

quadamente uma estante situada a 2,10m do chão. Se o fizer,

certamente seu manuseio será impróprio, podendo causar

queda própria ou do objeto manuseado. Vemos aqui que as

perdas materiais e os acidentes podem ter a mesma origem. Porém,

este trabalhador entende que não poderá derrubar os produtos que

pretende retirar da estante. Por falta de uma escada ou acessório equi-

valente, pode ser levado a improvisar com o que esteja disponível. O

acessório inadequado poderá, também, causar os mesmos problemas –

ou piores!

Destaca-se, portanto, a importância da Ergonomia Física,

porém, sem deixar de tratar outros itens como a organização do traba-

lho ou a Ergonomia Cognitiva, pois a falta de um deles irá agravar uma

inadequação estudada na Ergonomia Física.

Se observarmos o exemplo dado há pouco, não basta disponi-

bilizar um acessório fixo para o trabalhador de 1,75m, pois ele pode ser

substituído futuramente por outro funcionário de maior ou menor esta-

tura. E não se pode conceber, no mundo do trabalho, a filtragem da

mão de obra de trabalho pelo uso de uma variável antropométrica,

como a sua estatura ou, em outra situação, o peso de uma pessoa.

A Ergonomia Física

Conforme mencionado por Silva (2009, p. 19), a Ergonomia

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAUnidade 05. Ergonomia Física.

Page 9: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

Física atua sobre os aspectos físicos de uma atividade de trabalho, não

se limitando à teoria, pois nas atividades reais e concretas, o trabalho

exige do corpo do trabalhador várias formas de atividades e posturas

ao longo da jornada de trabalho. Ainda segundo a ABERGO citada por

Silva (2009, p. 19), “A Ergonomia física visa um equilíbrio entre as exi-

gências do trabalho aos limites e capacidades do homem”.

Já para Baú (2002, p. 130) “a Ergonomia Física envolve as carac-

terísticas da anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica

em relação à atividade física”, os quais serão abordados na Aula 06. A

Ergonomia Física busca adequar as demandas exigidas pela atividade

de trabalho às características do corpo humano (do trabalhador) por

meio de uma relação mais correta possível, denominada de interfaces.

Estas, por sua vez, geram o que na Ergonomia chamamos de SHTM:

Sistema – Homem – Tarefa – Máquina.

Ergonomia do Posto de Trabalho

Conforme dito anteriormente, a subdivisão da Ergonomia Físi-

ca apresenta-nos a Ergonomia do Posto de Trabalho, que trata de toda

a estrutura do posto de trabalho, desde o layout até o maquinário e

ferramentas, sempre a relacionando com a interface e visando a redu-

ção do Risco Ergonômico e a melhoria da produtividade e qualidade do

produto. Segundo Cury (2000, p. 236):

O layout corresponde ao arranjo de diversos postos de trabalho

nos espaços existentes na organização, envolvendo além da

preocupação de melhor adaptar as pessoas ao ambiente de

trabalho, segundo a natureza da atividade desempenhada, a

arrumação dos móveis, máquinas, equipamentos e matérias

primas.

0508EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Unidade 05. Ergonomia Física.

Page 10: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

09

Segundo Lellis (2010, p. 3), “uma boa disposição de móveis e

equipamentos resulta em uma maior eficiência de dos fluxos de traba-

lho e uma melhoria na própria aparência do local”. Já para Iida (2005, p.

192), o enfoque ergonômico reduz as exigências biomecânicas e ele-

vam a qualidade de vida no trabalho, gerando resultados positivos apli-

cados tanto na concepção das linhas de montagem quanto na elabora-

ção de produtos e ferramentas de trabalho.

As atividades e estratégias de trabalho devem ser planejadas às

possibilidades e características antropométricas e fisiológicas do traba-

lhador. Nisso consiste o estudo da Fisiologia do Trabalho e da Biomecâ-

nica, que serão estudadas na Aula 6. Tanto as inadequações antropo-

métricas quanto as fisiológicas geram um desequilíbrio na interface

homem x sistema x tarefa, expondo trabalhadores a um maior risco de

acidentes ou adoecimentos.

Quando as exigências da atividade de trabalho estão acima das

capacidades do corpo do trabalhador em realizá-las, classificamos

esta situação como uma sobrecarga da atividade de trabalho.

Ergonomia Ambiental

De acordo com Iida (2005, p. 147) na relação entre o homem e o

seu posto de trabalho, este pode ser definido como sendo a menor

unidade produtiva de uma empresa. Ao analisar das mais variadas for-

mas um posto de trabalho, destaca-se a análise ergonômica, na qual o

ser humano (trabalhador) está no centro das atenções, inserido em um

contexto ambiental que, via de regra, influenciará a sua capacidade

produtiva, assim como os riscos aos quais este trabalhador se expõe a

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAUnidade 05. Ergonomia Física.

Page 11: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

10

acidentes de trabalho e desenvolvimento de agravos.

Dessa forma, fatores ambientais do posto de trabalho devem

ser analisados e mensurados frequentemente, destacando-se que os

mesmos devem ser analisados pela ótica do conforto do trabalhador, e

não do risco de adoecimento.

Assim, enquanto uma análise do ruído para levantamento de

situações insalubres estabelece que o nível máximo de exposição do

trabalhador por 8 horas de trabalho é de no máximo 85dB, para fins

Ergonômicos deve-se observar a situação de conforto, principalmente

em ambientes de exigência intelectual, concentração e de atenção

(como salas de controle, por exemplo), onde o limite máximo de ruído

aceito será de 65dB. Já quanto à temperatura do ambiente de trabalho,

estabelece-se que esta permaneça entre 20 e 22 graus centígrados no

inverno e de no máximo 25 a 26 graus centígrados no verão, respeitan-

do-se uma faixa de umidade relativa do ar de aproximadamente 40% a

60% (LELLIS, 2010, p. 5).

Índices de iluminamento devem respeitar a NBR

5413 - Norma Técnica da ABNT (Associação Brasileira de

Normas Técnicas), que estabelece o quão iluminado deve ser o

posto de trabalho, de acordo com a natureza de cada tarefa de trabalho.

A iluminação de um posto de trabalho não é igual em

toda a extensão da empresa. Um banco, por exemplo, deve ter

um nível de iluminamento variando de 300 a 750 lux nas áreas

de atendimento aos clientes (caixas, gerentes, etc.). Porém, na

recepção do banco, estes índices variam de 100 a 200 lux.

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Unidade 05. Ergonomia Física.

Page 12: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

11EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Em escritórios, o posicionamento do computador

deve ser feito sempre evitando que o trabalhador fique de

frente para uma janela (gerando ofuscamento pela iluminação

vinda do exterior), ou de costas para ela (podendo gerar reflexos no

monitor). Cuidados com o posicionamento da fonte de luz devem ser

tomados, evitando assim as sombras da cabeça do trabalhador sobre

sua mesa de trabalho.

Como dissemos, a divisão da Ergonomia Física em Ergonomia

do Posto de Trabalho e Ergonomia de Ambiente foi apenas didática. As

ações e resultados da intervenção do profissional sobre a Ergonomia

Física poderão produzir alterações nos postos de trabalho, das mais

simples até as de grande contexto estrutural, devendo-se levar em

conta todo o processo de relação do trabalhador com o sistema de

trabalho e com as máquinas e ferramentas, em um contexto mais

abrangente do ambiente de trabalho.

fig. 02

Unidade 05. Ergonomia Física.

Page 13: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

12EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Na prática, essas modificações podem ter um custo muito varia-

do, dependendo de como foi a concepção do posto de trabalho e quais

as demandas e necessidades da atividade de trabalho. Conforme visto

na nossa primeira aula, postos de trabalho onde foram trabalhadas a

Ergonomia de Concepção terão mais facilidade de adaptação, caso seja

necessário. Montadoras de automóveis, por exemplo, atualmente reba-

tem o veículo na linha de montagem para a vertical, a fim de que o

trabalhador tenha facilitado o seu acesso ao fundo do veículo. Numa

planta em que não exista esse processo, qualquer intervenção física

demandará de altos investimentos, os quais provavelmente só ocorre-

rão em situações extremas.

Assim, a aplicação das alterações propostas na Ergonomia

Física, na prática, nem sempre será de fácil aceitação pela diretoria de

uma empresa. Ela será resultante de um bom diagnóstico ergonômico

associado à capacidade de argumentação, resistência às contestações e

muito conhecimento técnico do processo de produção.

Nesta Aula, começamos a tratar de uma forma

mais prática da Ergonomia. Assim, quando observamos a dis-

tribuição dos mobiliários, máquinas e ferramentas de trabalho,

estamos falando da Ergonomia Física. Não podemos nos esquecer da

relação deste posto de trabalho com o trabalhador e com a forma como

ele trabalha, o que caracterizamos como a interface HOMEM –

SISTEMA – MAQUINA – TAREFA.

Glossário

dB: decibel – unidade de medida de intensidade do som.

Iluminamento: capacidade de mensurar a iluminação de um determi-

Unidade 05. Ergonomia Física.

Page 14: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

13EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

nado ambiente.

Interface: relação.

Lux: unidade de medida de iluminamento.

Rebater um veículo: virar ou girar um veículo; mudar o veículo de pla-

no.

SHTM: Sistema Homem-Tarefa-Máquina estudado na Ergonomia, no

qual se observa o relacionamento do trabalhador (homem) com a sua

atividade de trabalho (tarefa) e suas ferramentas, mobiliários e máqui-

nas de trabalho.

Umidade relativa do ar: é a relação entre a quantidade de água exis-

tente no ar (umidade absoluta) e a quantidade máxima que poderia

haver na mesma temperatura (ponto de saturação).

Referências

Ÿ CURY, A. Organização & Métodos. São Paulo: Atlas, 2000.

Ÿ GONÇALVES, A; VILARTA; R. Qualidade de vida e Atividade Física.

Barueri, SP, Manole, 2004.

Ÿ GRANDJEAN, E. Manual de Ergonomia: adaptando o trabalho ao

homem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

Ÿ IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2.ed. São Paulo: Blucher,

2005.

Ÿ LELLIS, J.; MARQUES, A.; TAVARES, E.; SOUZA, J.; MAGALHÃES, J. A.

A Ergonomia como um fator determinante no bom andamento da

produção: um estudo de caso. Revista Anagrama, São Paulo. Ano

4, Edição 1, set – Nov 2010.

Ÿ LUONGO, J.; FREITAS, G. F. Enfermagem do Trabalho. São Paulo:

Rideel, 2012.

Unidade 05. Ergonomia Física.

Page 15: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

14EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Ÿ MÁSCULO, F. S.; VIDAL, M. C. Ergonomia: trabalho adequado e

eficiente. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.

Ÿ SANTOS, C. M. D. Móveis ergonômicos. Revista proteção. São

Paulo: MPF Publicações. ed. 93, ano XII, p. 62-65. set.1999.

Ÿ SILVA, A. G. L. A contribuição da Ergonomia na qualidade de vida

no trabalho. 2009. Monografia de Especialização. Universidade

Cândido Mendes. Rio de Janeiro. 2009.

Ÿ VERONESI JUNIOR, J. R. Fisioterapia do Trabalho: cuidando da

saúde funcional do trabalhador. São Paulo: Andreoli, 2008.

Ÿ VIDAL, M. C. R.; PEREIRA, M. V. S. C. A Ergonomia participativa como

alicerce para a certificação de competências. Abergo 2002, v. 1, p.

232, 2002

Ÿ WISNER, A. Por dentro do trabalho: ergonomia, método e técnica.

Tradução Flora Maria Gomide Vezzá. São Paulo: FTD / Oboré, 1987.

Lista de imagens

fig.01: autoral.

fig.02: autoral.

Fim daFim da

Unidade!Unidade!Fim da

Unidade!

Se você prestou atenção, já deve Se você prestou atenção, já deve

saber tudo sobre esse conteúdo. saber tudo sobre esse conteúdo.

Continue estudando. Nos vemos Continue estudando. Nos vemos

na próxima unidade.na próxima unidade.

Se você prestou atenção, já deve

saber tudo sobre esse conteúdo.

Continue estudando. Nos vemos

na próxima unidade.

Unidade 05. Ergonomia Física.

Page 16: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

15EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAUnidade 05. Ergonomia Física.

"Acredita no melhor ... tem um objectivo para

o melhor, nunca fiques satisfeito com menos

que o teu melhor, dá o teu melhor, e no longo

prazo as coisas correrão pelo melhor."

HENRY FORD

Page 17: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

FISIOLOGIA

DO

TRABALHO

ERGONOMIA E

QUALIDADE DE VIDA

UNIDADE

06

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Page 18: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

FISIOLOGIA DO TRABALHO

Caro(a) Aluno(a);

A Aula 6 dará prosseguimento direto ao conteúdo que vimos

anteriormente na Ergonomia Física, sendo parte integrante deste.

Assim, abordaremos aspectos relacionados ao funcionamento do

corpo humano perante as situações de trabalho, principalmente no que

se refere ao comando neuromuscular, e como esses processos influen-

ciam na qualidade de vida dos trabalhadores e na exposição aos riscos

ocupacionais.

Bom estudo!

Introdução

Durante a realização das atividades da vida diária, observamos

a utilização de todo um sistema em prol do movimento humano. Seja

nas atividades mais simples e rotineiras de nossas casas, ou até mesmo

nas atividades mais complexas de algumas profissões: o sistema mus-

culoesquelético está lá, atuante e respondendo aos estímulos gerados

pelo nosso sistema nervoso para que possamos atingir os resultados

esperados.

E é com esse entendimento que devemos começar a perceber

nosso corpo, como uma ferramenta que realiza movimentos. A partir

dessa constatação, se queremos inserir esse corpo em um meio de tra-

balho, com máquinas, ferramentas e outras pessoas ao redor, temos

que entender como ele funciona e como responde às tantas variáveis

possíveis nesse ambiente de trabalho. Se a Ergonomia procura adaptar

o ambiente em que estamos às características das pessoas lotadas

Unidade 06. Fisiologia do Trabalho. 17

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Page 19: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

18

neste ambiente, esse entendimento se torna fundamental.

Tendo como objetivo final das adaptações do ambiente de

trabalho, de forma mais resumida, a melhoria das condições de traba-

lho visando o aumento da qualidade de vida das pessoas, não podemos

simplesmente ir realizando modificações no meio, sem saber como

estas modificações irão influenciar na resposta das pessoas que estão

nesse meio e, portanto, sem saber se realmente irão melhorar a quali-

dade de vida destas pessoas.

Para isso, vamos iniciar falando sobre a Fisiologia do Trabalho,

que nada mais é do que estudar como o corpo humano responde aos

diferentes estímulos do meio ocupacional, de acordo com as diferentes

características de trabalhos: comércio, indústrias, linhas de montagem,

prestação de serviços, etc.

Fisiologia do Trabalho

As ações de trabalho do ser humano dependem dos comandos

neurais (raciocínio, memória e comando motor) associados aos movi-

mentos que ele realiza durante suas atividades de trabalho. A realização

dessa atividade de trabalho por um trabalhador inicia-se pelo comando

do seu Sistema Nervoso Central (SNC) para realizá-la. O SNC é forma-

do pelo conjunto de órgãos responsáveis pela percepção do ambiente,

interpretação dos estímulos e elaboração de uma resposta. Já ao Siste-

ma Nervoso Periférico (SNP), cabe a função de transmitir essas infor-

mações das diferentes partes do corpo (órgãos como coração, pul-

mões, músculos, glândulas, olhos, pele, etc.) até o SNC, e vice-versa.

O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal. O encé-

falo, por sua vez, se divide em telencéfalo (hemisférios cerebrais), dien-

céfalo (tálamo e hipotálamo), cerebelo e tronco cerebral (mesencéfalo,

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Unidade 06. Fisiologia do Trabalho.

Page 20: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

19

ponte e bulbo), conforme observamos na Figura 1.

Já o SNP é formado pelos nervos motores e sensitivos. Enquan-

to estes transmitem os impulsos nervosos de sensibilidade (tátil, térmi-

ca, visual, sonora, dolorosa, etc.), aqueles transmitem a resposta a esses

estímulos, geralmente impulsos nervosos motores, provocando o estí-

mulo de glândulas e músculos.

A seguir, na Figura 2, apresentamos a esquematização de todo

o sistema nervoso, caracterizando as funções de cada um.

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

fig. 01

Unidade 06. Fisiologia do Trabalho.

Page 21: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

Cabe ao sistema musculoesquelético receber os estímulos do

Sistema Nervoso Periférico para efetivar o movimento necessário à

realização do trabalho, por meio da contração muscular. Porém, para

que esta contração muscular ocorra, uma série de processos fisiológi-

cos devem estar ocorrendo simultaneamente.

Cada músculo do nosso corpo é formado por milhares de fibras

musculares, que atuam de forma independente durante a contração

muscular. Assim, para que o músculo se contraia e realize um determi-

nado movimento, é necessário que cada fibra muscular receba um

estímulo nervoso (sinapse motora). A quantidade de fibras musculares

que são estimuladas é diretamente proporcional à determinação de

força e potência do movimento.

Para que essas fibras musculares realizem as contrações repeti-

das vezes durante o dia, é necessária uma reserva energética, denomi-

0520EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

fig. 02

Unidade 06. Fisiologia do Trabalho.

Page 22: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

21

nada ATP. O ATP é formado a partir de um processo metabólico dentro

das próprias fibras musculares, principalmente nas suas respectivas

mitocôndrias. Para tal, precisa realizar uma equação química envolven-

do a glicose e o oxigênio. Se a capacidade aeróbica do sujeito é peque-

na, haverá uma falta de oxigênio para gerar ATP. Assim, após um deter-

minado tempo de contrações musculares, havendo falta de energia de

reserva na fibra muscular (ATP), o músculo entrará em fadiga, reduzin-

do a sua capacidade motora e gerando um sub-produto nocivo à pró-

pria fibra muscular: o ácido lático.

A fadiga muscular é um dos importantes contribuintes para a

ocorrência de acidentes de trabalho e principalmente para o

aumento das doenças ocupacionais. O trabalhador em fadiga

sobrecarrega seu corpo, principalmente as estruturas musculares,

favorecendo a ocorrência de lesões nos tendões (tendinites), nas bur-

sas (bursites) e nas articulações (atrites e artroses).

O processo metabólico para a produção de energia

(ATP) inicia-se com a digestão e absorção dos nutrientes dos

alimentos. Dentre eles, as moléculas de carboidratos são utili-

zadas sob a forma de glicose (C6 H12 O6) como fonte primária para

esta reação química. Quando a glicose entra na célula é imediatamente

degradada em 2 partes, denominadas piruvato (C3 H4 O3), produzin-

do-se 2 ATPs. Essas moléculas de piruvato por sua vez, serão metaboli-

zadas novamente, associando-se ao oxigênio (6O2), já dentro das

mitrocôndrias das células, em reações químicas chamadas de Ciclo de

Krebs e Cadeia Respiratória, quando produzirão como resultado final

água (6H2O), gás carbônico (6CO2) e energia (32ATPs).

Saiba mais em: http://slideplayer.com.br/slide/386962/

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAUnidade 06. Fisiologia do Trabalho.

Page 23: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

22

Trabalho muscular estático e dinâmico

Segundo Grandjean (2005, p. 15), existem dois tipos de traba-

lho muscular: o trabalho muscular estático e o trabalho muscular dinâ-

mico. O trabalho muscular dinâmico caracteriza-se pela sequência de

contrações e relaxamentos de um músculo (ou de um grupo de múscu-

los), gerando repetidas alterações de tamanho das fibras musculares.

Normalmente, este tipo de contração muscular está associado a um

movimento. Já o trabalho muscular estático, por sua vez, caracteriza-se

por uma contração prolongada das fibras musculares, mantendo-as

por períodos de tempo sem alterar o seu tamanho. Este tipo de contra-

ção está mais associado à manutenção de uma postura.

Conforme já estudamos nesta Aula, a capacidade do indivíduo

em realizar o trabalho muscular depende da reserva energética (ATP)

em suas fibras musculares, que por sua vez dependem da quantidade

de glicose e oxigênio que chegam até cada fibra muscular. Porém, como

tais substâncias chegam aos músculos?

É pela circulação sanguínea, dispersos no sangue, que a glicose

e o oxigênio chegam até cada uma das fibras musculares do nosso

corpo, permitindo que as suas organelas produzam o ATP. Por isso, uma

boa irrigação sanguínea é muito importante para a realização de uma

atividade de trabalho que exija movimentos ou posturas por longos

períodos de tempo.

Ocorre que no trabalho muscular estático, “os vasos sanguíne-

os são pressionados pela pressão interna do tecido muscular, de forma

que o sangue não consegue mais fluir pelo músculo” (GRANDJEAN,

2005, p. 16). Assim, devemos entender que as contrações musculares

estáticas, ou seja, a manutenção de uma determinada postura, deve ser

evitada por períodos prolongados, pois sobrecarrega o sistema múscu-

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Unidade 06. Fisiologia do Trabalho.

Page 24: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

23EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

lo-esquelético, acelerando o processo de fadiga (ABRAHÃO, 2009, p.

95).

As atividades de trabalho de um trabalhador dificilmente

serão em sua totalidade estáticas ou dinâmicas. Haverá sem-

pre uma mescla de ações musculares. Porém, há diversas situ-

ações nas quais pode haver um claro predomínio do tipo de tra-

balho muscular. Como a atividade de trabalho muscular estática é

mais penosa para o organismo do trabalhador, dá-se mais importância

a essa.

Dentre tantas situações de trabalho caracterizadas como cons-

tituídas por componentes estáticos de atividade de trabalho, podemos

destacar as atividades abaixo:

- ter que segurar objetos com as mãos, à frente do tronco, normalmente

com elevação do ombro;

- ficar em pé, parado, por longos períodos de tempo;

- empurrar ou puxar objetos pesados;

- inclinar a cabeça para trás para observar um processo de trabalho.

fig. 03fig. 04

Unidade 06. Fisiologia do Trabalho.

Page 25: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

24EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Já no trabalho muscular dinâmico, devido aos processos cícli-

cos de contração e relaxamento, os músculos agem como uma bomba

de pressão sobre os vasos sanguíneos, fazendo com que o aporte de

sangue aumente, permitindo a maior produção de ATP pelo maior apor-

te de glicose e oxigênio, desde que o indivíduo apresente boas capaci-

dades aeróbicas, conforme visto anteriormente. (IIDA, 2005, p. 71).

Assim, se compararmos uma atividade de trabalho semelhante,

realizada de duas formas, ou seja, uma com predomínio de atividade

muscular estática e outra com predomínio de atividade muscular dinâ-

mica, constataremos que na atividade muscular estática haverá um

maior consumo de energia, uma exigência por maior frequência cardía-

ca e necessidade de períodos de recuperação de fadiga mais longos

(GRANDJEAN, 2005, p. 18).

Segundo Baú (2002, p. 165), o exercício aeróbico exige do orga-

nismo melhores condições de transporte dos componentes fundamen-

tais para a manutenção da atividade muscular (glicose e oxigênio).

Assim, a prática de atividade física regular resulta em benefícios meta-

bólicos, cardiovasculares, respiratórios, psicológicos e ao próprio refor-

ço muscular postural.

Por isso é importante refletir em como incentivar a prática de

exercícios físicos aeróbicos pelos colaboradores da empresa em que

você trabalha, seus familiares e, é claro, você mesmo.

O Sistema Nervoso Central coordena as atividades do

nosso corpo, estimulando a ação por meio da contração muscular. Esta,

por sua vez, necessita do aporte constante de oxigênio e nutrientes

para manter a capacidade de atividade muscular necessária para reali-

zarmos nossas atividades cotidianas, ocupacionais ou não.

Unidade 06. Fisiologia do Trabalho.

Page 26: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

25EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Glossário

ATP: Molécula orgânica, denominada Adenosina Tri-fosfato; conside-

rada base da reserva energética de uma célula, visto a capacidade de

liberar energia durante o seu uso (sua quebra). Após a liberação desta

energia, a molécula de ATP passa a ser uma molécula de ADP (Adenosi-

na di-fosfato), sem capacidade de reserva energética.

Comando Neural: Controle do Sistema Nervoso para o envio ou rece-

bimento de impulsos nervosos com finalidades variadas (um cálculo

matemático, memorizar uma data ou um evento, perceber a superfície

de um tecido ou ainda controlar um movimento).

Mitocôndrias: Organela celular responsável pela transformação de

glicose e oxigênio em ATP.

Nervos: Formados pelo conjunto de axônios dos neurônios.

Sinapse: Transmissão do impulso nervoso de um neurônio para outro,

ou de um neurônio para uma fibra muscular.

Referências

Ÿ ABRAHÃO, J.; SZNELWAR, L.; SILVINO, A.; SARMERT, M.; PINHO, D.

Introdução à Ergonomia: da Prática à Teoria. São Paulo: Blucher,

2009.

Ÿ BAÚ, L. M. S. Fisioterapia do Trabalho: ergonomia, legislação e

reabilitação. Curitiba: Clãdosilva, 2002.

Ÿ GRANDJEAN, E. KROEMER, K. H. E. Manual de ergonomia: adap-

tando o trabalho ao homem. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

Ÿ IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Blucher,

2005.

Unidade 06. Fisiologia do Trabalho.

Page 27: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

26EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Lista de imagens

fig.01: Anatomia do SNC:

http://www.gentequeeduca.org.br/sites/default/files/importadas/img/plano-de-

aula/ensino-medio/cerebro-plano.gif

fig.02: Esquematização do Sistema Nervoso. Autoral.

fig.03 e 04: Exemplos de atividades de trabalho estático:

br.freepik.com

Fim daFim da

Unidade!Unidade!Fim da

Unidade!

Se você prestou atenção, já deve Se você prestou atenção, já deve

saber tudo sobre esse conteúdo. saber tudo sobre esse conteúdo.

Continue estudando. Nos vemos Continue estudando. Nos vemos

na próxima unidade.na próxima unidade.

Se você prestou atenção, já deve

saber tudo sobre esse conteúdo.

Continue estudando. Nos vemos

na próxima unidade.

Unidade 06. Fisiologia do Trabalho.

Page 28: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

27EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAUnidade 06. Fisiologia do Trabalho.

“Que os vossos esforços desafiem as impos-

sibilidades, lembrai-vos de que as grandes

coisas do homem foram conquistadas do

que parecia impossível.”

Charles Chaplin

Page 29: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

BIOMECÂNICA

ERGONOMIA E

QUALIDADE DE VIDA

UNIDADE

07

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Page 30: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

BIOMECÂNICA

Caro(a) Aluno(a),

Dando continuidade aos nossos estudos, a Biomecânica traba-

lhará em conjunto com os princípios teóricos da Fisiologia do Trabalho

na aplicação prática da Ergonomia Física.

Assim, poderemos entender melhor os movimentos e posturas

realizados pelo ser humano em suas atividades diárias, visando sempre

a redução dos riscos de acidentes e doenças, com consequente impac-

to na sua qualidade de vida.

Vamos lá?

Introdução

Você sabe o que é a Biomecânica?

A Biomecânica é uma ciência que procura analisar e explicar os

movimentos realizados pelos seres humanos nas suas mais variadas

atribuições, interpretando as forças musculares, as alavancas, os ângu-

los articulares e as posturas adotadas para a execução desses movi-

mentos. Segundo Baú (2002, p. 168) “muito do conhecimento da Ergo-

nomia aplicada ao trabalho advém do estudo da mecânica da máquina

humana”.

O estudo da Biomecânica em conjunto com a Ergonomia Física

é importante porque, muitas vezes, a estrutura do posto de trabalho

(mobiliário, layout, ferramentas de trabalho) é inadequada, gerando

sofrimento e ocasionando adoecimento do trabalhador, ou mesmo

acidentes de trabalho. Assim, ao estudarmos a Biomecânica dos movi-

Unidade 07. Biomecânica. 29

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Page 31: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

30

mentos humanos, principalmente dos relacionados ao trabalho, e apli-

carmos esse estudo à prática do dia-a-dia, associado aos conhecimen-

tos da Fisiologia do Trabalho e de tudo que envolve o gasto energético

e a fadiga muscular, possibilitamos um melhor entendimento de como

o trabalhador pode produzir mais, preservando-se mais e, principal-

mente, promovendo sua saúde ao longo dos anos.

Aplicações da Biomecânica

Para realizar um movimento ou até mesmo para manter uma

determinada postura, utilizamos da contração muscular, que age sobre

uma articulação, alcançando o resultado esperado. Esta ação funciona

com base no princípio de alavancas.

Alavancas

Na Mecânica, as alavancas são compostas por um eixo e por

forças (de potência e de resistência) que atuam sobre um segmento

rígido, fazendo com que este gire sobre o seu eixo. Este princípio das

alavancas, no corpo humano, parte do pressuposto de que todo centro

articular é o eixo de uma alavanca, e os ossos representam os segmen-

tos rígidos. Por fim, esta correlação finaliza-se com a ação das forças

sendo representadas pela força muscular gerada pelo indivíduo (força

de potência) e pela resistência que deve ser vencida para que o movi-

mento ocorra (força de resistência), conforme você pode visualizar

melhor na Figura 1.

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Unidade 07. Biomecânica.

Page 32: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

31

As alavancas podem ser classificadas de acordo com o posicio-

namento de suas estruturas (eixo, força), conforme Iida (2005, p. 74-75):

a) alavanca Interfixa: também chamada de alavanca de 1ª ordem; o

eixo (também chamado de ponto-fixo) está localizado entre a aplicação

das forças de potência e de resistência;

b) alavanca Interpotente: chamada de alavanca de 2ª ordem; a aplica-

ção da força de potência está localizada entre o eixo e a aplicação da

força de resistência;

c) alavanca Inter-resistente: chamada de alavanca de 3ª ordem; a

aplicação da força de resistência está localizada entre o eixo e a aplica-

ção da força de potência.

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

R

F

E

E: Eixo Articular

F: Força Muscular (Força de Potência)

R: Peso (Força de Resistência)

BF: Braço de Força de Potência - distância entre o eixo articular e a inserção muscular

BR: Braço de Resistência - distância entre o eixo articular e a resultante da força peso

do segmento dou da força externa

fig. 01

Unidade 07. Biomecânica.

Page 33: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

A distância entre a resultante das forças (seja de potência ou de

resistência) até o eixo da alavanca é denominada braço de alavanca ou

braço de força. Assim, o braço de alavanca da resultante das forças de

potência passa se chamar braço de potência, enquanto que o braço de

alavanca da resultante das forças de resistência passa a ser denominado

braço de resistência.

Em um mesmo sistema de alavanca observamos que, quanto

maior for um braço de força, menor será a necessidade de se fazer força

para gerar o movimento nesta alavanca, e vice-versa (Figura 3).

0532EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

fig. 02

fig. 03

BRAÇO DE FORÇA MAIOR

BRAÇO DE FORÇA MENOR

EXIGÊNCIA MUSCULAR MENOR

EXIGÊNCIA MUSCULAR MAIOR

Unidade 07. Biomecânica.

Page 34: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

33

Você pode estar se perguntando sobre como isso é aplicado na

rotina diária. Vejamos o item a seguir.

A Biomecânica do dia-a-dia

Ao aplicarmos isso na mecânica do movimento humano, come-

çamos a entender por que devemos adotar determinadas condutas e

posturas para realizarmos as atividades de trabalho se quisermos pro-

mover a nossa integridade física, prevenindo-nos de lesões osteomus-

culares.

Ao segurarmos uma caixa com as mãos, devemos man-

tê-la o mais próximo possível do nosso centro articular. Se os

braços ficarem estendidos para frente ao segurar a caixa, o

sistema de alavancas de resistência terá um grande braço de

resistência a ser vencido pelas forças musculares (força de

potência), que possuem um pequeno braço de potência (distância

entre o centro articular e a inserção dos tendões geradores de força). Ao

trazer a carga para próximo do corpo, reduz-se o braço de resistência,

diminuindo também a exigência de forças musculares para vencerem a

resistência gerada no sistema.

A Figura 4 ilustra as formas de transportar cargas manualmente

à frente do corpo.

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

fig. 04

Unidade 07. Biomecânica.

Page 35: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

34

As boas posturas são sempre recomendadas por todos os pro-

fissionais da área da saúde, não somente para as atividades de trabalho,

mas em todas as nossas situações cotidianas, como no estudo, no lazer

e nos momentos de descanso.

Quando estamos tratando da postura de trabalho, muitas

vezes o trabalhador se submete a um posto de trabalho sem caracterís-

ticas ergonômicas, tendo que se adaptar às características do posto de

trabalho, quando o correto, como você deve lembrar, é o posto de tra-

balho se adaptar às características do trabalhador.

Segundo Iida (2005, p. 165) existem 3 situações de trabalho nas

quais a má postura pode gerar consequências danosas ao trabalhador:

Ÿ Em situações de trabalho estático, nas quais o trabalhador tem que

permanecer com um determinado segmento na mesma posição por

longos períodos de tempo;

Ÿ Em situações de trabalho em que há grandes exigências de força

muscular (por exemplo, no transporte manual de objetos pesados);

Ÿ Em situações de trabalho dinâmico, que exigem movimentações

desfavoráveis, como a elevação dos braços acima da linha dos

ombros, ou rotações e/ou inclinações de coluna vertebral, principal-

mente se estiver manuseando cargas.

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Unidade 07. Biomecânica.

fig. 05

Page 36: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

35EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

No quadro a seguir, Grandjean e Kroemer (2005, pp. 31-33)

apresentam algumas recomendações práticas para se evitar a sobrecar-

ga muscular nos postos de trabalho, reduzindo a possibilidade de lesão

do trabalhador.

As lombalgias são responsáveis por 15 a 20% de todas

as notificações de doenças ocupacionais e aproximada-

mente um quarto dos casos de invalidez prematura. As perdas

que resultam são elevadas e os pagamentos de dias perdidos de

trabalho, tratamentos e indenizações por invalidez, custam vários

milhões de reais. Será que o investimento em pesquisa, prevenção ori-

entação precisa de algum outro argumento para nossos empresários,

legisladores e gestores públicos?

Unidade 07. Biomecânica.

Page 37: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

36EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Baú (2002, p. 168) e Abrahão et. al. (2009, p. 95) fazem reco-

mendações também relacionadas à postura de trabalho, convergindo

na linha de orientar o trabalhador a realizar suas atividades de trabalho

de forma que as suas articulações sejam mantidas em posição neutra o

tanto quanto possível, pois são nestas situações que as respectivas

musculaturas terão melhor capacidade de exercer força, reduzindo a

probabilidade de outras compensações musculares e/ou posturais que

gerem má postura.

Deve-se evitar a flexão (inclinação anterior) do tronco,

pois a parte superior do corpo de um adulto pesa, em média,

40Kg. Quanto mais para frente o tronco é inclinado, mais difícil

é para os músculos e ligamentos das costas manter a parte superi-

or do corpo em equilíbrio, gerando estresse e fadiga. Esse efeito é mais

facilmente identificado na parte inferior das costas (lombar) e tende a

ser potencializado se o sujeito estiver carregando uma carga extra com

as mãos à frente do corpo.

Tanto os membros superiores quanto a coluna vertebral devem

receber maior atenção quanto às situações de análise da biomecânica

ocupacional, pois são esses segmentos que mais são utilizados nas

atividades de trabalho. Enquanto nos membros superiores os principais

problemas estão relacionados à sobrecarga de músculos e tendões, na

coluna vertebral, além da musculatura paravertebral que pode ser

sobrecarregada, são os discos intervertebrais que podem levar o traba-

lhador ao sofrimento. Mas esse já é um assunto para outra unidade...

Unidade 07. Biomecânica.

Page 38: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

37EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Nesta unidade aprendemos que, apesar de cada

pessoa ter um biótipo distinto, o corpo humano apresenta um

padrão biomecânico bem definido. Isso permite padronizar algumas

situações de trabalho de forma a contribuir com o rendimento do tra-

balhador, permitindo um menor esforço, além de reduzir o risco de

lesão do trabalhador.

Glossário

Discos Intervertebrais: Estrutura cartilaginosa presente na articulação

intervertebral com função de amortecer os impactos nesta articulação

e auxiliar na mecânica de estabilização dos movimentos articulares.

Lesões osteomusculares: lesões nas estruturas articulares relaciona-

das aos ossos, cartilagens articulares, músculos, tendões ou demais

estruturas ao redor da articulação (ligamentos, bursas, nervos, etc.).

Mecânica: Área da Física que tem por objetivo o estudo das forças e

suas ações.

Postura: Posição do corpo em relação ao meio em que se encontra.

Tronco: Segmento anatômico formado pela região cervical, torácica,

abdominal e pélvica dos seres humanos.

Referências

Ÿ ABRAHÃO, J.; SZNELWAR, L.; SILVINO, A.; SARMERT, M.; PINHO, D.

Introdução à Ergonomia: da Prática à Teoria. São Paulo: Blücher,

2009.

Ÿ BAÚ, L. M. S. Fisioterapia do Trabalho: ergonomia, legislação e

Unidade 07. Biomecânica.

Page 39: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

38EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

reabilitação. Curitiba: Clãdosilva, 2002.

Ÿ GRANDJEAN, E. KROEMER, K. H. E. Manual de ergonomia: adap-

tando o trabalho ao homem. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

Ÿ IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2 ed. São Paulo: Blucher,

2005

Lista de imagens

fig.01: Correlação dos componentes mecânicos de uma alavanca atuando sobre o

sistema musculoesquelético para a realização do movimento ou da manutenção de uma

postura. Modificado de http://www.gease.pro.br/artigo_visualizar.php?id=227

fig.02: Modificado de:

http://www.estimulacaoneurologica.com.br/ckfinder/userfiles/images/Informacoes/19.j

p g , h t t p : / / w w w . g e a s e . p r o . b r / I m a g e s / F i g u r a 3 . j p g e

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/fisica/imagens/alavan28.jpg

fig.03: Correlação da exigência de força diante do tamanho do braço de força de um

mesmo sistema de alavanca. Autoral.

fig.04: Formas correta e incorreta de transportar cargas.

https://juhbergerms.files.wordpress.com/2013/05/abaaabrv4aj-1.png

fig.05: br.freepik.com

Fim daFim da

Unidade!Unidade!Fim da

Unidade!

Se você prestou atenção, já deve Se você prestou atenção, já deve

saber tudo sobre esse conteúdo. saber tudo sobre esse conteúdo.

Continue estudando. Nos vemos Continue estudando. Nos vemos

na próxima unidade.na próxima unidade.

Se você prestou atenção, já deve

saber tudo sobre esse conteúdo.

Continue estudando. Nos vemos

na próxima unidade.

Unidade 07. Biomecânica.

Page 40: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

39EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAUnidade 07. Biomecânica.

"Acredita no melhor ... tem um objectivo para

o melhor, nunca fiques satisfeito com menos

que o teu melhor, dá o teu melhor, e no longo

prazo as coisas correrão pelo melhor."

HENRY FORD

Page 41: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

ANTROPOMETRIA

ERGONOMIA E

QUALIDADE DE VIDA

UNIDADE

08

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Page 42: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

ANTROPOMETRIA

Caro(a) Aluno(a),

Nesta aula estudaremos a Antropometria, fechando o bloco

dedicado ao estudo da Ergonomia Física e demais áreas inseridas nesse

contexto.

Estudando a Antropometria e associando aos conhecimentos

já adquiridos da Fisiologia do Trabalho e da Biomecânica, você enten-

derá de forma mais objetiva a aplicação prática das orientações feitas

na Ergonomia Física, principalmente no que se refere à distribuição do

layout, das máquinas e ferramentas de trabalho e da inserção do traba-

lhador neste contexto.

Preparado(a) para começar? Bom estudo!

Introdução

A Antropometria não se trata simplesmente das medidas do

corpo humano. Seria muito simplório tratar da Antropometria desta

forma.

Atualmente, as indústrias procuram personalizar ao máximo

seus produtos, buscando manter uma linha de produção em série. Isso

só é possível graças a uma grande quantidade de avaliações antropo-

métricas, que buscam mensurar os segmentos corporais de homens e

mulheres das mais diferentes origens, estipulando padrões – e variáveis

para estes padrões – que possam ser adaptáveis dentro de um grande

grupo.

Nas demais empresas (de comércio e de serviços), essa linha de

raciocínio também se faz presente, visto que não é possível selecionar

Unidade 08. Antropometria.41

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Page 43: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

42

trabalhadores conforme características físicas pré-definidas. O planeja-

mento dos postos de trabalho de acordo com uma característica física

padrão do brasileiro auxilia de forma significativa na capacidade de

ajustes destes postos de trabalho. Além disso, auxilia também na pre-

venção de gastos posteriores com adaptações improvisadas na tentati-

va de compensar algum desajuste do posto de trabalho em relação à

característica antropométrica do trabalhador ou, ainda, no tratamento

de distúrbios osteomusculares ocasionados pela tentativa, pelo traba-

lhador, de atuar em um posto de trabalho não concebido nem tão

pouco adaptável às suas demandas físicas e às suas atividades de traba-

lho.

Antropometria

Segundo Baú (2002, p. 196), a Antropometria se refere à medi-

ção do tamanho e das proporções do corpo humano, afetando dimen-

sões e proporções dos objetos que utilizamos e dos meios nos quais

nos situamos.

Apesar de entendermos como ideal um dimensionamento de

postos de trabalho ou ferramentas, equipamentos e maquinários de

trabalho que fosse feito de acordo com as características individuais

dos trabalhadores, Veronesi Junior (2008, p. 43) faz a ressalva que isso

seria inviável, tanto do ponto de vista prático-produtivo quanto do

econômico. Desta forma, os levantamentos antropométricos são reali-

zados para atender uma parcela da população, preferencialmente, a

maioria.

Entretanto, essas medidas não podem ser feitas pela simples

avaliação média de uma determinada faixa da população. É importante

ressaltar a funcionalidade que um posto de trabalho deve ter e as exi-

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Unidade 08. Antropometria.

Page 44: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

43

gências ocupacionais para as quais ela está sendo concebida. Para um

posto de trabalho que se pretende chancelar como ergonômico, não

basta simplesmente ser capaz de atender um grupo de pessoas altas e

outro grupo de pessoas baixas. É necessário entender qual desses gru-

pos deve ser o foco e adaptar as dimensões do posto de trabalho para a

maior quantidade possível do grupo oposto.

Se as alturas das portas fossem projetadas de acordo com a

média da população, muitas pessoas teriam sérias dificuldades e

problemas relacionados à segurança para transitar entre cômodos

diferentes, pois frequentemente bateriam suas cabeças nas portas ao

tentar passar por elas.

Para isso, faz-se a análise dos dados

antropométricos mensurados por meio da

distribuição percentil. Ou seja, ao se adotar

uma cadeira de escritório com percentil 90,

subentende-se que esta cadeira atenderá a

90% da população geral, excluindo-se os 5%

mais altos e os 5% mais baixos.

Segundo Grandjean e Kroemer

(2005, p. 35), “as maiores diferenças nas

dimensões corporais ocorrem em função da

diversidade étnica, do sexo e da idade das pessoas [...] devendo um

posto de trabalho adequar-se a maioria dos usuários, homens e mulhe-

res, entre 20 e 65 anos de idade”.

Veronesi Junior (2008, p. 43) faz uma consideração importante

sobre a Antropometria:

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

fig. 01

Unidade 08. Antropometria.

Page 45: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

O levantamento antropométrico de determinada população é

um instrumento importante em estudos ergonômicos, forne-

cendo subsídios para dimensionar e avaliar máquinas, equipa-

mentos, ferramentas e postos de trabalho e, ainda, verificar a

adequação deles às características antropométricas dos traba-

lhadores, dentro de critérios ergonômicos adequados, para que

a atividade realizada não se torne fator de danos à saúde e des-

conforto ao trabalhador.

O ajuste do posto de trabalho e de seus componentes às carac-

terísticas físicas provocam no trabalhador uma percepção de um ambi-

ente de trabalho seguro, confiável e bem dimensionado, diminuindo

sensivelmente os índices de acidentes de trabalho, de desconforto e de

fadiga (ABRAHÃO et al, 2009, p.108).

Para Baú (2002, p. 198), os seres humanos são classificados em

3 grandes grupos, conforme Quadro 1, a seguir:

0544EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Unidade 08. Antropometria.

Page 46: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

45

Antropometria Estática

Na antropometria estática, as aferições são feitas com o corpo

dos avaliados parados, ou com pouca movimentação, tendo sua aplica-

ção para projetos de assentos, mesas, equipamentos pessoais, etc.

(IIDA, 2005, p.116). A maior parte das tabelas antropométricas existen-

tes foi feita a partir da Antropometria Estática. Os dados dessas tabelas

devem ser usados para a concepção de postos de trabalho no qual o

trabalhador não necessite realizar muitos movimentos.

Essas medidas vêm sendo feitas há décadas, em muitos países

europeus e nos Estados Unidos da América. Exatamente por se tratar

de populações diferentes, são observadas diferenças nos resultados

encontrados, pois as amostras avaliadas podem ter origens diferentes.

Antropometria Dinâmica

Já na Antropometria dinâmica, são avaliados os alcances dos

movimentos de cada parte do corpo, observando-se o espaço necessá-

rio para executar uma determinada atividade de trabalho (IIDA, 2005, p.

110). A Antropometria dinâmica é voltada para as medidas funcionais,

nas quais observam-se as velocidades, ritmos e movimentos necessári-

os no posto de trabalho, além da possível demanda de força feita pelo

trabalhador. Sua aplicação se dá em projetos de ferramentas de traba-

lho e postos de trabalho nos quais o trabalhador tenha que se movi-

mentar frequentemente.

Ressalta-se que, cada vez mais, os postos de trabalho identifi-

cam que as avaliações antropométricas não devem levar em considera-

ção somente o segmento responsável pela execução da tarefa de traba-

lho. Todos os complexos relacionamentos dos movimentos articulares

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAUnidade 08. Antropometria.

Page 47: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

46

são interpretados, para que se possa ter uma correlação da antropome-

tria mais próxima da real. É o que se denomina como antropometria

funcional.

Você sabia que a Antropometria se faz presente nas mais dife-

rentes situações do nosso cotidiano? Seja na roupa que vestimos,

na cadeira em que sentamos ou no armário onde guardamos as

louças da cozinha, no cabo das panelas, na caixa de frutas.... É certo

que algumas projeções são feitas pensando-se mais no impacto finan-

ceiro do que no conforto (como no espaço entre bancos de ônibus ou

aviões), mas mesmo assim, a Ergonomia Física, por intermédio da

Antropometria, esteve presente na concepção destes projetos.

Aplicações Práticas da Antropometria

Uma das aplicações mais práticas da Antropometria à Ergono-

mia Física está na criação virtual de modelos com a finalidade de identi-

ficar a interface entre o modelo de trabalhador e o posto de trabalho

proposto, seus mobiliários, ferramentas e maquinários. Desta forma,

projetam-se os movimentos a serem executados pelos trabalhadores

em um determinado posto de trabalho, suas posturas e seus alcances

necessários para a execução das atividades laborais. A partir do resulta-

do da aplicação deste modelo, faz-se modificações no projeto do posto

de trabalho a fim de que ele seja construído atendendo às característi-

cas físicas da grande maioria dos trabalhadores que futuramente traba-

lharão neste local.

É a aplicação prática da idéia de Ergonomia de Concepção,

conforme estudado na Aula 1. Ou seja, criar um posto de trabalho que

permita ser adaptado aos trabalhadores, proporcionando-lhes um

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Unidade 08. Antropometria.

Page 48: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

47EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente, solucionando

os conflitos entre o humano e o tecnológico (VERONESI JUNIOR, 2008,

p.46).

Iida (2005, p. 138-140) apresenta 5 princípios que permitem

uma melhor aplicação prática das medidas antropométricas, conforme

Quadro 2, a seguir:

Unidade 08. Antropometria.

Page 49: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

48EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Conforme relatam Grandjeam e Kroemer (2005, p.47-48), é

muito importante estabelecer as características estruturais dos postos

de trabalho, como a altura da superfície de trabalho ou o dimensiona-

mento de vão livre de uma sala de trabalho. A Figura 1 apresenta as

alturas de mesas de trabalho recomendadas para trabalhos em pé, de

acordo com a exigência de trabalho (trabalho leve, trabalho pesado ou

trabalho de precisão):

Para as atividades de trabalho realizadas sentadas, Baú (2002,

p. 204) faz algumas considerações importantes, visando orientar os

trabalhadores para o melhor ajuste da cadeira e da mesa de trabalho,

assim como dos cuidados que cada trabalhador deve ter com sua pos-

tura:

Ÿ O posicionamento de cabeça e pescoço deve apresentar no máximo

30º de flexão, sendo que o ideal seria um posicionamento próximo

de 10º de flexão, posição em que a musculatura dos olhos está na

posição de menor exigência;

Ÿ O ângulo do quadril deve estar entre 100 e 110º, utilizando-se o

100 - 119

(95 - 105)

TRABALHO DE

PRECISÃO

TRABALHO

LEVE

90 - 95

(85 - 90)

75 - 90

(70 - 85)

105 - HOMENS

98 - MULHERES

TRABALHO

PESADO

ALTURA DO

COTOVELO

fig. 02

Unidade 08. Antropometria.

Page 50: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

49EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

encosto do assento, o que reduz significativamente a sobrecarga

dos discos intervertebrais lombares;

Ÿ O ângulo do joelho deve estar entre 90 e 120º, pois ângulos meno-

res reduzem o fluxo sanguíneo na região poplítea do joelho, alteran-

do o retorno venoso;

Ÿ Braços na posição vertical, alinhados com o tronco, formando um

ângulo de 90º a 110º no cotovelo; antebraços devem sempre estar

apoiados em pelo menos 1/3 da sua extensão;

Ÿ Punhos devem estar com um alinhamento natural aos antebraços,

sem posicionamentos de flexão ou extensão extremos (admite-se

no máximo 20º de variação).

A relação existente entre a Antropometria e a Ergono-

mia torna-se muito importante a partir do surgimento de

sistemas complexos de trabalho, principalmente naqueles

em que as dimensões físicas do homem são fundamentais para a pro-

dução com segurança, conforto e qualidade.

Entretanto, o dimensionamento do posto de trabalho também

é importante para o desenvolvimento de produtos industrializados

como mobiliários, automóveis, equipamentos e ferramentas, necessi-

tando de um aumento na precisão e automatização das técnicas de

medida para uma melhor definição do tamanho humano e da mecânica

do espaço de trabalho, assim como das roupas e equipamentos.

Com o estabelecimento das relações espaciais em coordena-

das tridimensionais, associando a engenharia, a biomecânica e a antro-

pometria, uma nova variedade de fenômenos podem vir a ser investiga-

dos, como os procedimentos diagnósticos, a construção de próteses ou

a simples confecção de uma roupa. Leia mais sobre esse assunto em:

http://segurancanotrabalho.eng.br/ergonomia/11.pdf

Unidade 08. Antropometria.

Page 51: Ergonomia e qualidade de vida bloco 02

50EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Para adequar uma ferramenta, mobiliário ou

maquinário de trabalho às diferentes pessoas, com característi-

cas físicas tão distintas, faz-se necessário a padronização dos

projetos de concepção dos postos de trabalho de acordo com a nature-

za da tarefa e o estabelecimento de padrões de posturas adequadas à

realização das atividades laborais de forma confortável, segura e pro-

dutiva por parte dos trabalhadores.

Glossário

Cômodos: Ambientes de uma casa.

Gigantismo: Desenvolvimento exagerado da estrutura física de uma

pessoa.

Gordura subcutânea: camada de gordura localizada abaixo da derme.

Mensurar: medir, avaliar.

Nanismo: Alteração no desenvolvimento de um indivíduo, provocan-

do deficiência no crescimento em estatura.

Percentil: Cada um dos cem grupos em que se dividam os resultados

de observação de uma variável, ordenados por ordem crescente; o

grupo mais baixo será o primeiro percentil e, assim, sucessivamente.

Próteses: Um dispositivo ou aparelho que tem a finalidade de substitu-

ir um órgão; um membro artificial que suprirá as funções da parte

perdida.

Região poplítea: nome dado à região posterior do joelho.

Referências

Ÿ ABRAHÃO, J.; SZNELWAR, L.; SILVINO, A.; SARMERT, M.; PINHO, D.

Unidade 08. Antropometria.

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51EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Introdução à Ergonomia - da Prática à Teoria. São Paulo: Blücher,

2009.

Ÿ BAÚ, L. M. S. Fisioterapia do Trabalho: ergonomia, legislação e reabi-

litação. Curitiba: Clãdosilva, 2002.

Ÿ GRANDJEAN, E. KROEMER, K. H. E. Manual de ergonomia: adap-

tando o trabalho ao homem. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

Ÿ IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Blucher,

2005.

Ÿ VERONESI JUNIOR, J. R. Fisioterapia do Trabalho: cuidando da

saúde funcional do trabalhador. São Paulo: Andreoli, 2008.

Lista de imagens

fig.01: br.freepik.com

fig.02: Alturas de bancadas de trabalho

para atividades realizadas em pé.

br.freepik.com

Fim doFim do

Bloco!Bloco!Fim do

Bloco!Se você prestou atenção, já deve Se você prestou atenção, já deve

saber tudo sobre esse conteúdo. saber tudo sobre esse conteúdo.

Na dúvida, releia as unidades.Na dúvida, releia as unidades.

Até as próximas aulas!Até as próximas aulas!

Se você prestou atenção, já deve

saber tudo sobre esse conteúdo.

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Até as próximas aulas!

Unidade 08. Antropometria.

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52EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Unidade 08. Antropometria.

"Acredita no melhor ... tem um objectivo para

o melhor, nunca fiques satisfeito com menos

que o teu melhor, dá o teu melhor, e no longo

prazo as coisas correrão pelo melhor."

HENRY FORD

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EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA