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ANÁLISE DE INCERTEZAS EM PROBLEMAS DE ACÚSTICA ATRAVÉS DO MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS Erb Ferreira Lins TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA MECÂNICA. Aprovada por: _______________________________________________ Prof. Fernando Alves Rochinha, D.Sc. _______________________________________________ Prof. Abimael Fernando Dourado Loula, D.Sc. _______________________________________________ Prof. Álvaro Luiz Gayoso de Azeredo Coutinho, D.Sc. _______________________________________________ Prof. Webe João Mansur, Ph.D. _______________________________________________ Prof. Fernando Duda Pereira, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL JULHO DE 2007

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ANÁLISE DE INCERTEZAS EM PROBLEMAS DE ACÚSTICA ATRAVÉS

DO MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS

Erb Ferreira Lins

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS

PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

DOUTOR EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA MECÂNICA.

Aprovada por:

_______________________________________________

Prof. Fernando Alves Rochinha, D.Sc.

_______________________________________________

Prof. Abimael Fernando Dourado Loula, D.Sc.

_______________________________________________

Prof. Álvaro Luiz Gayoso de Azeredo Coutinho, D.Sc.

_______________________________________________

Prof. Webe João Mansur, Ph.D.

_______________________________________________

Prof. Fernando Duda Pereira, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

JULHO DE 2007

ii

LINS, ERB FERREIRA

Análise de Incertezas em Problemas de

Acústica através do Método de Elementos

Finitos [Rio de Janeiro] 2007

VIII, 130 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, D.Sc.,

Engenharia Mecânica, 2007)

Tese - Universidade Federal do Rio de

Janeiro, COPPE

1. Análise de incertezas

2. Acústica

3. Método de Elementos Finitos

I. COPPE/UFRJ II. Título ( série )

iii

"O verdadeiro valor de um pesquisador está em assimilar tanto os resultados

esperados como os resultados inesperados de uma experiência."

Claude Bernard (1813-1878)

iv

AGRADECIMENTOS

Ao prof. Fernando Rochinha, pela dedicação, paciência e confiança

depositada em minha pessoa ao longo deste trabalho;

À Denise e Carolina, que me deram força e motivação para completar esta

jornada;

Aos meus pais, sempre tão presentes e que não mediram esforços para que

eu chegasse até aqui;

Ao prof. Daniel Onofre, cujo apoio e amizade foram decisivos na minha

pós-graduação;

Ao prof. Álvaro Coutinho, pelos ensinamentos que levarei comigo para o

resto da vida;

Ao CNPq e CAPES, pelo financiamento desta pesquisa;

E aos meus grandes amigos, em especial à Shirley Nascimento, Cláudio

Fialho, Marcelo Silva, Leonardo Dantas, Fábio Comes e Leandro Santos, pela

solidariedade e pelo apoio.

v

Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)

ANÁLISE DE INCERTEZAS EM PROBLEMAS DE ACÚSTICA ATRAVÉS

DO MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS

Erb Ferreira Lins

Julho/2007

Orientador: Fernando Alves Rochinha

Programa: Engenharia Mecânica

Neste trabalho, uma metodologia para a análise da propagação de

incertezas em problemas de acústica é proposta. Será analisada a influência da

Variabilidade da impedância sobre o campo de pressão acústica através do

Método da Colocação. A Variabilidade na impedância de um material induz uma

variabilidade no campo de pressão no ambiente e esta relação deve ser

quantificada para o projeto de sistemas de controle passivo de ruído. A

aproximação do campo de pressão no domínio que representa a idealização de

ambientes fechados será feita através do método de Elementos Finitos. Uma vez

que este problema requer grandes recursos computacionais, diversas técnicas para

a diminuição deste requisito serão utilizadas. A análise dos resultados mostrará

que, mesmo em geometria simples, a propagação do nível de incerteza entre a

entrada e a saída pode ser de várias ordens de grandeza.

vi

Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)

UNCERTAINTY ANALISYS IN ACOUSTIC PROBLEMS USING THE

FINITE ELEMENT METHOD

Erb Ferreira Lins

Julho/2007

Advisor: Fernando Alves Rochinha

Department: Mechanical Engineering

In this work, the Finite Element Method is applied in the solution of

acoustic problems where the impedance boundary condition presents some

uncertainty. This Variability induces uncertainty over the pressure field and this

relation should be quantified in order to better design passive noise control

systems. The approximation of pressure field in a closed domain will be done by

the Finite Element Method. Since the solution of a stochastic problem requires a

large amount of computational resources, some techniques are used to reduce the

computational effort required. The results obtained here shows that even small

uncertainty levels in the absorbing boundary conditions could result in large

variability in the pressure field in domain.

vii

Índice

Capítulo 1 Introdução 1

Capítulo 2 Análise de Incertezas 10

2.1 Formulação Básica ......................................................................15

2.1.1 Modelagem estatística dos parâmetros de entrada .............15

2.1.1.1 Processos Estocásticos ...............................................19

2.1.2 Equações diferenciais randômicas.......................................20

2.1.3 Aproximação das variáveis de entrada ...............................21

2.2 O método de Monte Carlo ..........................................................23

Capítulo 3 Elementos Finitos para problemas de Acústica 27

3.1 Equações de Balanço ..................................................................28

3.2 A Equação de Helmholtz ............................................................31

3.3 Formulação de Elementos Finitos ...............................................33

Capítulo 4 O método de Colocação Esparsa 37

4.1 Métodos de Galerkin estocásticos ...............................................37

4.2 Métodos de Colocação ................................................................40

4.3 Seleção dos pontos de colocação .................................................43

4.3.1 Polinômios completos .........................................................43

4.3.2 Grids esparsos ....................................................................46

4.3.3 Bases polinomiais para malhas esparsas.............................47

4.3.4 Softwares utilizados para a análise estocástica ...................52

4.4 Procedimento computacional ......................................................53

viii

Capítulo 5 Resultados 55

5.1 Tubo de Kundt ...........................................................................56

5.2 Cavidade bidimensional ..............................................................74

5.3 Cavidade tridimensional .............................................................80

5.4 Modelo randômico para a impedância não-local .........................82

5.5 Descrição do modelo físico e resultados ......................................87

Capítulo 6 Conclusões e Trabalhos Futuros 94

Apêndice A Outros métodos para análise estocástica 98

A.1 Métodos de perturbação .............................................................98

A.2 Séries de Neumann ...................................................................101

A.3 O método de Elementos Finitos Espectrais ..............................102

A.4 Método de Galerkin Estocástico não Intrusivo - NISG.............114

Formulação de Galerkin Estocástica ...........................................115

Apêndice B O Algoritmo de Smoljak 119

Referências Bibliográficas 122

1

Capítulo 1

Introdução

Acústica é o ramo da física responsável pelo estudo do som, ou seja, a

propagação, geração e receptação de ondas mecânicas em meios gasosos,

líquidos e sólidos. Desta forma, a Acústica tem papel primordial em um

amplo espectro de aplicações: projeto de instrumentos musicais, aplicações

de ultra-som na área médica, mapeamento geológico, ensaios não destruti-

vos, acústica de ambientes abertos ou fechados, influência do som em seres

humanos etc. Modelos matemáticos que descrevem a propagação do som se

baseiam nas leis de conservação de massa e de quantidade de movimento

de um meio contínuo. Leis constitutivas, que descrevem relações entre

determinadas grandezas e características específicas de meios materiais,

também são empregadas. A utilização dessas leis nos sistemas físicos em

que há propagação de ondas mecânicas resulta na chamada equação da

onda acústica (esta nomenclatura mais específica será empregada aqui,

uma vez que a equação da onda governa também a propagação de ondas

luminosas. No entanto, a formulação desenvolvida ao longo deste trabalho

pode ser facilmente estendida para o tratamento deste outro tipo de onda).

Trata-se de uma equação diferencial parcial hiperbólica que relaciona a

pressão com a posição espacial e temporal. A solução analítica fechada

pode ser obtida para certas combinações da geometria do domínio no qual

2

a onda se propaga e das condições de contorno aplicadas. Na maioria das

aplicações, soluções numéricas devem ser utilizadas para obter aproxima-

ções do campo de pressão.

A transformada de Fourier da equação de onda, que permite obter a

distribuição de pressão em determinado domínio de acordo com a freqüên-

cia das fontes de excitação, resulta em uma equação diferencial parcial

elíptica chamada equação de Helmholtz. Esta equação pode ser empregada

na descrição do campo de pressão em sistemas nos quais a propagação de

onda se dá em regime estacionário e em análises no domínio da freqüência.

Nesta última encontram amplo emprego e são feitas de acordo com a fre-

qüência para a qual a propagação deve ser estudada. Assim, pode-se tratar

de problemas de acústica em altas e baixas freqüências e as estratégias de

solução numérica da equação de Helmholtz variam de acordo com essa

freqüência. Convencionou-se neste trabalho caracterizar baixas freqüências

como sendo aquela menores que 1kHz (para mapeamento de leitos oceâni-

cos, por exemplo, usam-se freqüências abaixo de 500Hz) e as altas

freqüências, aquelas de alguns kiloHertzs. A divisão entre essas duas faixas

pode ser nebulosa. Note-se que a faixa de freqüência em que o som é audí-

vel para seres humanos é de 20Hz à 20kHz. Desta forma, aplicações

voltadas à Psicoacústica devem lidar com todo este espectro. A mesma

faixa deve ser considerada quando se trata de conforto sonoro em certos

ambientes nos quais a predição dos níveis de som é importante tanto para

garantir que a intensidade sonora em certas posições do meio alcance um

nível desejado, como no caso de projeto de auditórios ou salas de música,

quanto para se certificar que o nível sonoro não ultrapasse certos limites,

como em fábricas ou cabines de veículos.

Em ambientes fechados, caso ao qual este trabalho se limitará, as

principais formas para a redução de ruído consistem nos controles ativo e

3

passivo de som. Controle passivo se refere à técnica na qual a redução do

nível sonoro é feita, normalmente, através do emprego de painéis compos-

tos por materiais para a absorção de som. Tais materiais transformam em

calor, através de processos dissipativos, parte da energia da onda sonora

que o atinge. Já o controle ativo tenta reduzir o nível sonoro através da

geração de outras ondas sonoras que se superpõem de maneira destrutiva

àquelas geradas pelas fontes de ruído. De maneira geral, o controle ativo de

ruído é mais eficiente nas baixas freqüências, enquanto em médias e altas

freqüências o controle passivo encontra melhor emprego (Milošević et al.,

1998). Nos últimos anos, procuraram-se formas para estender a aplicação

das duas técnicas para faixas de freqüência mais amplas. Apesar dos prin-

cípios básicos do controle passivo serem conhecidos desde o final do século

XIX, seu emprego de maneira mais sistemática só foi possível com o ad-

vento da Simulação Computacional nas últimas décadas. Paralelamente a

este fato, citem-se o desenvolvimento de novos materiais para a absorção

de som e a maior busca por maneiras de reduzir o nível sonoro em ambien-

tes fechados e particularmente em veículos, nos quais a absorção de som

deve ser feita de maneira a maximizar a redução dos níveis de pressão e

ainda obedecer às restrições relativas ao peso da estrutura e do custo de

fabricação. Apesar dos absorvedores tipo Helmholtz resonators serem os

mais utilizados em controle passivo de grandes salas (Everest, 2001), sua

aplicação para estruturas leves é mais complexa (Sacarcelik, 2004), de

forma que a aplicação de uma camada de material para a absorção de som

representa uma alternativa mais interessante. Infelizmente, nesse caso,

surge o problema da caracterização física deste tipo de material, seja ele

fibroso ou poroso. Apesar da existência de alguns modelos empíricos (Vo-

ronina, 1994, 1999) para a caracterização de diversos materiais ainda há

certa dificuldade de se entender de maneira satisfatória o seu mecanismo

4

de dissipação de energia. Além disso, as medições experimentais de propri-

edades como o coeficiente de absorção de som ou a impedância da

superfície esbarram na dificuldade de se obter um arranjo experimental

que minimize os erros de medição e que represente as diversas situações

pelas quais o material vai passar quando em uso prático. Diferentes ângu-

los de incidência da onda sonora, variações de temperatura, da umidade do

ar, bem como a deposição de poeira sobre o material, causam mudanças

em suas propriedades de absorção de som. Em Takahashi et al. (2005) é

mostrada uma revisão das diversas técnicas de medição atualmente dispo-

níveis e sua comparação com alguns modelos físicos mais elaborados.

Nesse contexto, a aplicação de métodos que possam levar em conta a

incerteza de certos parâmetros de absorção, e em particular da impedância

acústica, se faz necessária. O número de trabalhos lidando especificamente

com este tipo de problema na literatura é bastante reduzido, implicando na

necessidade de mais estudos na área. Em Schladitz et al. (2006), é mostra-

da uma aplicação de técnicas estocásticas para a modelagem de material

para controle passivo de ruído. No caso em questão, os pesquisadores gera-

ram um modelo para a microestrutura do material para a absorção

levando-se em conta as formas, diâmetros e distribuição das fibras, porosi-

dade e alguns outros parâmetros para caracterização do material. Diversas

amostras tridimensionais da microestrutura foram geradas e submetidas a

um simulador do tipo Navier-Stokes para obtenção da resistividade da

amostra e, com esta informação, a sua efetividade na absorção de som.

Apesar de a modelagem estocástica ter sido utilizada apenas na geração do

modelo micro-estrutural, a aplicação demonstra a importância com que

este tema tem sido tratado em aplicações industriais. Além do tratamento

dos materiais para absorção, as técnicas que visam à caracterização de

incerteza em problemas de acústica são empregadas em acústica oceânica

5

(onde pode haver grande variação nas propriedades do leito oceânico), na

caracterização geológica de reservatórios, em problemas inversos surgidos

no âmbito da geofísica, distribuição do som devido à variações na intensi-

dade e freqüência da fonte (situação comum quando há geração de ruído

por equipamentos), sistemas de exaustão etc.

Neste trabalho, faz-se amplo uso de simulações computacionais para a

análise e solução dos problemas propostos. A simulação computacional

consiste no uso de sistemas digitais para prever, caracterizar ou descrever

eventos físicos baseados em estruturas matemáticas as quais, pretensamen-

te, fornecem uma descrição de eventos que ocorrem na natureza. Neste

trabalho, serão tratados sistemas pertencentes à sub-área de Mecânica

Computacional, que são especificamente aqueles cuja descrição matemática

será aquela obtida a partir de princípios da Mecânica, em que certas leis de

conservação devem ser respeitadas.

A história da simulação computacional segue de perto a história da

computação e seu emprego corriqueiro pode ser diretamente vinculado à

simultânea disseminação do uso de computadores. É possível que o primei-

ro emprego em larga escala da simulação computacional tenha se dado

dentro do projeto Manhattan, que resultou no desenvolvimento da bomba

atômica. Em 1944, dentro desse projeto, o método de Monte Carlo foi

empregado para a estimativa da trajetória de Nêutrons, informação essen-

cial para descrever o processo de fissão nuclear em cadeia. A simulação

também acompanhou o desenvolvimento de técnicas para a solução das

equações diferenciais resultantes da descrição de sistema físicos, como na

década de 70, quando se generalizou o emprego do método de Elementos

Finitos. Quanto ao futuro, considera-se que o desempenho dos computado-

res continue a aumentar (é possível que a Lei de Moore continue válida, ou

seja, que o poder de processamento continue dobrando a cada 24 meses

6

(Babuška e Oden, 2006)). Desta forma, é de se esperar que a simulação

computacional seja aplicada a um espectro ainda maior de problemas e

com maior nível de sofisticação.

A simulação computacional teve, nas últimas décadas, um profundo

impacto tecnológico e científico. Em várias áreas como engenharia, física,

química e matemática o uso de tal tecnologia transformou a forma como

cientistas descrevem certos sistemas pois permitiu uma compreensão mais

profunda da natureza de certos fenômenos, como bem demonstram os

estudos de climatologia global, escoamentos em grandes escalas e o com-

portamento de fluidos não-newtonianos apenas para citar alguns exemplos.

Paralelamente, diversas teorias puderam ser testadas, diminuindo o tempo

necessário para que certa descrição de um sistema possa ser validada e

posteriormente incluída como uma ferramenta confiável do arcabouço

científico. Modelos envolvendo o estudo em mecânica quântica ou física

nuclear puderam ser testados e validados em um curto espaço de tempo.

Na área de engenharia e tecnologia, nas quais a descrição de sistemas físi-

cos representa uma ferramenta essencial na prototipagem de produtos, o

impacto da Mecânica Computacional foi ainda mais significativo. Diversas

teorias puderam ser aplicadas de maneira prática, o que permitiu maior

rapidez e confiabilidade no design de novos produtos e grande economia

com a diminuição de experimentos em protótipos. Em certos projetos,

como construção de pontes, verificação do comportamento sob impacto de

veículos, resistência de grandes estruturas ou controle ativo de ruído, a

simulação computacional se tornou a principal ferramenta à disposição do

engenheiro, e, por vezes, a única capaz de desempenhar a tarefa à altura.

Uma revisão de diversos empregos, benefícios e problema em abertos na

área de Mecânica Computacional pode ser encontrada em Oden et al.

(2003).

7

Outro aspecto que deve ser ressaltado consiste no grau de confiabili-

dade das simulações computacionais. Recentemente, tem-se destinado

maior atenção à verificação e validação. Enquanto a Verificação pode ser

descrita como o processo de determinar se um modelo computacional re-

presenta de forma adequada o modelo matemático subjacente, a Validação

trata da precisão do modelo matemático em relação ao processo físico real.

A Verificação consiste em dois aspectos. O primeiro deve ser com a correta

execução e escrita do código, ou seja, se o código faz exatamente aquilo

para o que foi projetado. A segunda etapa está relacionada com a precisão

dos resultados, onde se está interessado na diferença entre a solução exata

do problema matemático e a solução obtida com a simulação computacio-

nal. Existe ampla literatura disponível sobre o tratamento e estimativa de

erros em simulações computacionais (Babuška e Oden, 2006; Oden e Pru-

dhomme, 2002).

Já o processo de Validação envolve uma complexidade muito maior e

está diretamente relacionado com a metodologia científica. Este processo

consiste em estabelecer um modelo para descrever certo fenômeno natural,

esquematizar um processo de coleta de dados experimentais, comparação

entre esses dados com a solução matemática obtida a partir do modelo

adotado e aceitar ou rejeitar o modelo físico proposto. Neste caso, diversos

fatores devem influenciar o processo de Validação: a dificuldade de obter

dados experimentais confiáveis, a definição de um modelo que permita o

tratamento de dados com incertezas e a avaliação do erro gerado pelo

modelo proposto são alguns dos aspectos, todos de grande dificuldade, que

devem ser abordados nesta etapa (Babuška et al., 2003).

Além do papel crucial na Validação de modelos, a incerteza associada

a certos fenômenos naturais é uma questão de grande relevância quando se

busca aprimorar a simulação computacional. É possível afirmar que certo

8

nível de incerteza está presente em todos os dados de entrada de qualquer

sistema físico que se deseje analisar. Felizmente, mesmo processos estocás-

ticos podem ser tratados deterministicamente em problemas matemáticos

através da descrição analítica da incerteza, tornando factível a inclusão

deste tipo de dado na simulação computacional. Ainda deve-se fazer a

distinção entre incerteza epistêmica e a aleatória. A incerteza epistêmica

(ou subjetiva ou do modelo) é aquela derivada da falta de conhecimento do

fenômeno físico estudado. Essa incerteza surge devido à ausência de infor-

mação para caracterizar certos materiais, ao pouco entendimento entre as

relações não lineares entre diversos tipos de variáveis etc. e a mesma pode

ser diminuída através de levantamento de dados sobre o fenômeno ou mo-

delos mais elaborados para a descrição de eventos. Outro tipo de incerteza

é aquela conhecida como Variabilidade (incerteza estocástica, aleatória ou

irredutível). Nesse caso, os fenômenos são intrinsecamente aleatórios: o

escoamento turbulento, variação das propriedades do solo, ruídos em cabi-

nes de veículos etc. Uma vez que a validação de modelos determinísticos

exige dados experimentais sem flutuações aleatórias, o limite entre este

dois tipos de incerteza é bastante nebuloso em alguns sistemas (Helton e

Oberkampf, 2004).

O objeto de estudo deste trabalho são as incertezas induzidas nos ní-

veis sonoros em ambientes nos quais o controle passivo de ruído é

empregado e cujo materiais para absorção de som apresentam Variabilida-

de. A aproximação do campo de pressão no domínio que representa a

idealização deste ambiente será feita através de uma Simulação Computa-

cional utilizando o método de Elementos Finitos aplicados à solução da

equação de Helmholtz. Técnicas que permitirão diminuir o elevado esforço

computacional que seria necessário serão detalhadas, permitindo a utiliza-

ção eficiente dos recursos computacionais disponíveis.

9

Esta tese é dividida em 6 capítulos. No capítulo seguinte, faz-se um

breve resumo sobre alguns conceitos da Teoria Estatística e do método de

Monte Carlo que serão úteis ao longo deste trabalho. No capítulo 3, a

formulação determinística para o método de Elementos Finitos para a

solução da equação de Helmholtz é apresentada. Já no capítulo 4, detalha-

se o método da Colocação Estocástica, mostrando seu emprego para a

solução de problemas nos quais certos parâmetros apresentam Variabilida-

de. No capítulo 5, alguns resultados obtidos da aplicação do método da

Colocação Esparsa para a análise da propagação de incerteza serão anali-

sados. Finalmente, apresentam-se algumas conclusões e sugestões para

trabalhos futuros no capítulo final.

10

Capítulo 2

Análise de Incertezas

A maioria das simulações de sistemas físicos em Engenharia é basea-

da em modelos determinísticos. Na maior parte do tempo, o engenheiro ou

matemático que busca uma descrição física dos fenômenos que ocorrem em

determinado processo considera que tem pleno conhecimento das proprie-

dades físicas dos materiais envolvidos, do carregamento aplicado ou da

geometria do meio. Um pouco mais de rigor nesse tipo de análise nos leva

a crer que isso não é de todo verdadeiro. Verificando, por exemplo, a seção

transversal de uma viga de concreto, nota-se sua heterogeneidade mesmo

em nível macroscópico. Defeitos mecânicos de fabricação em uma barra

alteram a sua condutividade térmica em alguns pontos, bem como sua

resistência. Fatores como o atrito podem alterar o carregamento sobre um

cabo de tração de um elevador. Se esse mesmo cabo apresenta desgaste, ele

pode ter seu diâmetro alterado em alguns pontos.

Assim, todos os dados utilizados apresentam algum nível de incerte-

za. Uma das maneiras de melhorar o projeto desses componentes seria

através de uma medição mais aprimorada dos dados. Por exemplo, a resis-

tência de um material pode ser obtida através de um número maior de

ensaios experimentais. Novamente, esses mesmos ensaios apresentarão

certos níveis de incertezas intrínsecos.

11

Para realizar as simulações físicas considerando as incertezas ineren-

tes ao sistema, pode-se aumentar a robustez do projeto considerando

situações extremamente desfavoráveis resultantes da composição de diver-

sas incertezas ou tomar simplesmente os valores médios e aplicar fatores de

segurança pré-estabelecidos. Isto poderia resultar em projetos superespeci-

ficados, com pouca informação sobre a confiabilidade e aumento dos custos

de fabricação e operação.

Uma alternativa seria considerar o tratamento das incertezas, inclu-

indo a modelagem probabilística dentro da própria estrutura matemática e

obtendo respostas com informações estatísticas. Esta modelagem pode ser

feita de duas formas:

a) Uma abordagem estatística na qual uma técnica como a simulação

de Monte Carlo seria aplicada (Rubinstein, 1981), ensaiando um

grande número de amostras dos dados de entrada, e obtendo pro-

priedades estatísticas dos dados de saída.

b) Ou uma abordagem não-estatística, que leva ao tratamento analí-

tico da incerteza. A representação estocástica dos dados de entrada

seria incorporada ao arcabouço matemático do problema e permi-

tiria a obtenção da solução estocástica das equações governantes

do fenômeno.

A primeira técnica é amplamente utilizada devido à facilidade de im-

plementação e robustez. Já a segunda, permite o tratamento mais refinado

dos processos estocásticos, melhor aproveitamento dos recursos computa-

cionais, gerando soluções com informações estatísticas de maior qualidade.

Esses mesmos resultados podem fornecer informações importantes sobre a

confiabilidade e segurança do projeto, resultando em um projeto mais

elaborado.

12

Do ponto de vista computacional, a análise utilizando o método de

Monte Carlo apresenta a grande vantagem da simplicidade de aplicação

uma vez que pouca ou nenhuma alteração do código de simulação é neces-

sária. Assim, os códigos de Elementos Finitos ou Diferenças Finitas podem

ser utilizados diretamente para a obtenção de parâmetros estatísticos a

partir de certo número de amostras. Esta técnica surgiu por volta de 1940,

mas somente com o aumento da capacidade computacional seu uso pode

ser ampliado. Infelizmente, na maior parte dos casos, o número de amos-

tras a ser obtido é muito elevado, tornando o método custoso, e por vezes,

proibitivo. Ainda assim, esta ferramenta é comumente usada como método

de validação de outras técnicas computacionais nessa área.

Dada a existência de um modelo de elementos finitos para um pro-

blema físico e sendo alguns parâmetros desse modelo representados por

variáveis randômicas, um grupo importante de técnicas de solução que

utilizam uma representação matemática da incerteza é denominado, de

maneira genérica, como método de Elementos Finitos Estocásticos. Esta

técnica é considerada uma abordagem não estatística e dois ramos têm se

sobressaído para aplicações práticas. O método da Perturbação é o mais

aplicado, devido à facilidade de implementação. Neste método uma expan-

são em série de Taylor das quantidades estocásticas é feita sobre o valor

médio das mesmas. A eliminação dos termos de mais alta ordem é feita a

seguir e a solução é obtida sem maiores dificuldades. Devido à própria

natureza da expansão e como a solução utilizando os termos acima dos de

segunda ordem é muitas vezes inviável, o método é limitado para sistemas

com pequenas flutuações. O segundo ramo emprega a manipulação do

próprio operador estocástico e tem uma aplicabilidade mais extensa. Nele,

três outras técnicas têm sido grandemente estudadas: a expansão de Neu-

mann, decomposição de Karhunen-Loève e o uso de Polinômios Caos (ao

13

longo deste trabalho, é usada a expressão Polinômios Caos em referência

ao termo criado por Wiener (1938) equivalente ao termo em inglês Poly-

nomial Chaos). Uma revisão da aplicação destas técnicas pode ser

encontrada em Ghanem e Spanos (1999) e nas referências lá contidas.

Recentemente, novas abordagens com características de grande efici-

ência e não intrusividade (ou seja, que requerem pouca ou nenhuma

alteração dos códigos numéricos já existentes) foram desenvolvidas a partir

dos trabalhos de Deb et al. (2001): em Acharjee e Zabaras (2007) e Xiu e

Hesthaven (2005) o processo estocástico é representado por funções com

suporte local compacto. Esta técnica permite o desacoplamento entre os

graus de liberdade espaciais e randômicos e trazendo grande eficiência

computacional à modelagem estocástica.

As abordagens não-estatísticas têm em comum a representação dos

parâmetros que contém incertezas através da discretização do espaço de

suporte da dimensão estocástica. Em Ghanem e Spanos (1991), as incerte-

zas são tratadas como dimensão adicional e expandidas em uma série de

Polinômios Caos. Quando o método de Elementos Finitos é utilizado como

esquema de solução, esta técnica é conhecida como método de Elementos

Finitos Estocásticos Espectrais. A desvantagem desta estratégia reside no

aumento significativo do número de graus de liberdade necessários para a

solução do problema, uma vez que o sistema linear resultante tem dimen-

sões ndof pN N× , onde ndofN representa o número de graus de liberdade

espaciais e pN representa o número de coeficientes dos Polinômios Caos

utilizados para a representação da solução. Já na abordagem utilizada por

Acharjee e Zabaras (2007), a expansão é feita através de funções de supor-

te local e a aproximação dos graus de liberdade da dimensão estocástica é

feita através da solução determinística nos iN pontos de integração do

espaço de suporte. Isso resultará na solução de iN problemas determinísti-

14

cos cada um contendo um sistema linear de dimensões ndofN . Finalmente,

a minimização do número de pontos necessários para a aproximação foi

feita por Xiu e Hesthaven (2005) através da utilização de esquemas mais

elaborados para a interpolação da solução no espaço de suporte estocásti-

co.

A solução de um sistema de equações diferenciais no qual um ou mais

parâmetros variam de forma aleatória deve ser feita em duas etapas. Pri-

meiramente, é necessário caracterizar o componente responsável pela

introdução de incertezas no sistema. Como a incerteza faz parte de todos

os sistemas mecânicos, a questão que deve ser respondida é qual das fontes

de incerteza tem maior influência na solução do sistema. Esta nem sempre

é uma tarefa fácil, devendo o analista basear sua busca em sua intuição e

obter, através de modelos mais simples (uma vez que esta análise, como

será visto a seguir, pode ser muito custosa do ponto de vista computacio-

nal) o impacto de cada uma das fontes de incerteza sobre a solução do

sistema. Definidos quais os parâmetros serão considerados como estocásti-

cos, é necessário descrevê-los matematicamente. A Estatística provê o

arcabouço teórico que deve ser utilizado para tal, no qual poderão ser

encontradas as informações necessárias para caracterizar, mensurar e tra-

tar variáveis aleatórias. A caracterização estatística de parâmetros físicos

pode ser feita com base em dados experimentais através de diversas técni-

cas como a utilização do princípio da máxima entropia (Soize, 2001) ou

com a reconstrução de amostras de um meio físico (Sundararaghavan e

Zabaras, 2004, Ganapathysubramanian e Zabaras, 2007a-b).

Uma vez construída uma descrição estatística dos parâmetros aleató-

rios em um sistema, procede-se à solução do sistema de equações

diferenciais estocásticas resultante. Nesta etapa é empregado qualquer um

dos métodos disponíveis na literatura, como o método da Perturbação,

15

método de Elementos Finitos Estocásticos Espectrais, métodos de Coloca-

ção etc. Finalmente procede-se a análise estatística da solução obtida, seja

com o cálculo dos principais momentos ou mesmo através de uma estima-

tiva de sua função densidade de probabilidade (pdf, do termo em inglês

probability density function).

No decorrer deste trabalho, o termo métodos de Colocação (em in-

glês, o termo equivalente seria Stochastic Collocation method) dirá respeito

à ampla gama de técnicas que utilizam uma representação do espaço de

suporte e que aproximam a solução dentro deste espaço através de técnicas

de interpolação, já o termo método da Colocação Esparsa (Sparse Grid

Collocation) referenciará a técnica de colocação que utiliza, especificamen-

te, uma interpolação esparsa para esta tarefa.

2.1 Formulação Básica

2.1.1 Modelagem estatística dos parâmetros de entrada

Basicamente, podem ser utilizados dois tipos de modelos probabilísti-

cos para a descrição de parâmetros aleatórios: usando um conjunto de

variáveis aleatórias ou através de campos aleatórios. Far-se-á a seguir uma

revisão sucinta desses dois tipos de representação. Mais informações podem

ser encontradas nos trabalhos de Keese (2004) e Elishakoff (1999).

Variáveis estocásticas (neste trabalho, os termos variáveis estocásti-

cas, variáveis randômicas e variáveis aleatórias serão tratados como

sinônimos) permitem uma descrição conveniente de experimentos através

de valores numéricos. Para cada amostra do espaço de eventos é assinalado

um valor numérico. Em termos matemáticos, dado um espaço de probabi-

lidade descrito por ( , , )FΩ onde Ω representa o conjunto de eventos, é

16

uma família σ -álgebra de eventos e : [0,1]F Ω→ é uma medida de proba-

bilidade (um evento de Ω será representado por θ ). Assim, uma variável

estocástica a valores reais é uma função mensurável :X VΩ→ , onde

V = . Portanto, esta variável aleatória pode ser descrita como uma fun-

ção que associa um evento θ no espaço de amostras a um valor na reta

real. Se dV = , então : VΩ→X é um vetor randômico d-dimensional.

Uma variável aleatória (v.a.) X com valores em V = gera uma medida

de probabilidade XF em V , chamada distribuição de probabilidade cumu-

lativa de X , que é definida como ( )XF x = Probabilidade( )X x≤ =

( )P X x≤ . Define-se também, para esta mesma variável, a função densida-

de de probabilidade ( )Xf x tal que ( )

( ) XX

dF xf x

dx= .

Já o valor esperado de uma variável aleatória é definido através da

integral

( ( )) ( ( )) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )X Xg X g X dP g X dF x g X f x dxθ θ

Ω

= = =∫ ∫ ∫

E (2.1)

sendo ( )g X uma função qualquer. Analogamente, os momentos de uma

variável são definidos através do caso particular no qual ( ) kg X X= , onde

0k +∈ N . Para 0k = , o valor esperado é igual a 1. Para 1k = , tem-se a

definição da expectativa matemática:

1 ( ) ( )Xm X X f x dx= = ∫

E (2.2)

e para 1k > , o k -ésimo momento como é definido como

( ) ( )k kk Xm X X f x dx= = ∫

E (2.3)

O k -ésimo momento central corresponde aos valores obtidos quando

a função ( )( ) ( )k

g X X X= − E é empregada, ou seja,

17

( ) ( )( ) ( ) ( )k k

k XX X X X f x dxµ = − = − ∫

E E E (2.4)

de onde se pode inferir que 0 1µ = e 1 0µ = . A variância de X é definida

como o segundo momento central

( ) ( )

( )

2 2

22 22 1

( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( )

XVar X X X X X f x dx

X X m m

= − = −

= − = −

E E E

E E

(2.5)

Finalmente, o desvio padrão de uma v.a. X será dado por Xσ , tal

que:

( )X Var Xσ = (2.6)

No caso de um vetor randômico n-dimensional 1 2( , , , )nX X X= …X , a

função cumulativa de probabilidade conjunta é definida como

1 2 1 1 2 2( , , , ) ( , , , )n n nF x x x P X x X x X x= ≤ ≤ ≤… …X

(2.7)

e a função densidade de probabilidade conjunta como (Elishakoff, 1999)

1 21 2

1 2

( , , , )( , , , )

nn

n

n

F x x xf x x x

x x x

∂=

∂ ∂ ∂…

……

X

X (2.8)

De maneira semelhante ao caso unidimensional da v.a., pode-se calcu-

lar a expectativa matemática de uma função qualquer 1 2( , , , )ng x x x… como

sendo

1 2 1 2 1 2( ( )) ( , , , ) ( , , , )n n ng g x x x f x x x dx dx dx+∞ +∞ +∞

−∞ −∞ −∞

= ∫ ∫ ∫… … … …X

XE (2.9)

Analogamente, define-se a função

1 2( , , , ) ( ( )) ( ( ))k rn i i j jg x x x x x x x= − −… E E de forma a obter ( )k r+ -ésimo

momento central conjunto das variáveis iX e jX

( ) ( )( ( , )) ( ) ( )i j

rk

kr i j i i j j X X i jg x x X E X X E X f dx dxµ

+∞ +∞

−∞ −∞

= = − −∫ ∫E (2.10)

18

Desta forma, podem-se obter os momentos centrais para cada uma

das variáveis isoladamente

[ ]( )( )

0

0

( )

( )

k

k i i

r

r j j

X X

X X

µ

µ

= −

= −

E E

E E

(2.11)

o que é equivalente à expressão dada por (2.4). E para o caso 2k r= = ,

obtem-se as variâncias

( )

( )20

02

i

j

Var X

Var X

µ

µ

=

= (2.12)

É importante definir o momento central de primeira ordem 11µ entre

as duas variáveis, também chamado de covariância de iX e jX

11 ( , ) ( ( ))( ( ))i ji j i i j j X X i jCov X X X E X X E X f dx dxµ

+∞ +∞

−∞ −∞

= = − −∫ ∫ (2.13)

Finalmente, o coeficiente de correlação será obtido pela relação

( , )

( ) ( )i j

ij

i j

Cov X Xr

Var X Var X= (2.14)

e a eq. (2.13) pode ser utilizada para montar a matriz de variância-

covariância como

[ ]

1 1 2 1

2 1 2 2

1 2

( ) ( , ) ( , )

( , ) ( ) ( , )

( , ) ( , ) ( )

n

n

n n nn n

Var X Cov X X Cov X X

Cov X X Var X Cov X XV

Cov X X Cov X X Var X×

=

(2.15)

que tem dimensão n n× . Devido à definição da covariância, a matriz [ ]V é

simétrica, pois ( , ) ( , )i j j iCov X X Cov X X= . Além disso, é possível provar

que o determinante é positivo e que a matriz é positiva semidefinida (Eli-

shakoff, 1999).

19

2.1.1.1 Processos Estocásticos

As variáveis randômicas representam um mapeamento entre um con-

junto de amostras e um número real. Quando uma ou mais variáveis

aleatórias estão associadas a parâmetros determinísticos (como uma posi-

ção em um domínio espacial), elas são chamadas de campos aleatórios.

Quando esta associação se dá com um parâmetro temporal, são chamadas

de processos estocásticos.

Um campo randômico S em uma região dD ⊂ e em um espaço de

probabilidade ( , , )FΩ pode ser interpretado como um conjunto de variá-

veis indexadas por x D∈ ou como uma função dependente de x . Assim, o

campo randômico seria um mapeamento mensurável

( ), : ,x D x Dθ θ×Ω→ ∈ ∈ ΩS (2.16)

Resta associar esta variável a um espaço de probabilidade o que pode

ser feito de duas formas. Uma caracterização probabilística onde o campo

randômico seria um conjunto de variáveis

( ) : ( , ) :x x= ⋅ Ω → S S (2.17)

indexadas por x D∈ . Ou uma caracterização de medida, onde o campo

randômico pode ser definido como uma variável randômica que tem valores

em uma região dD ⊂ . Assim, um evento θ representa uma realização:

(, ) :Dθ⋅ → S (2.18)

Suponha um caso geral onde o campo randômico seja também de-

pendente do tempo, ou seja,

( ), , : , ,x t D T x D t Tθ θ× ×Ω→ ∈ ∈ ∈ ΩS (2.19)

O tratamento usual de campos randômicos consiste em decompô-los

através de uma expansão em variáveis randômicas. Assim, um campo

20

randômico será representado através de uma série que associa funções

descrevendo uma distribuição espacial particular, um peso que determina a

importância daquela distribuição espacial e uma variável randômica nor-

malizada. A expansão mais utilizada consiste na expansão de Karhunen-

Lòeve cuja descrição detalhada pode ser encontrada em Ghanem e Spanos

(1991) ou em Sampaio e Wolter (2001).

2.1.2 Equações diferenciais randômicas

Inicialmente, definem-se matematicamente operadores diferenciais

com propriedades estocásticas em uma de suas dimensões. Seja um espaço

de probabilidade completo ( , , )FΩ e um domínio d-dimensional dD ⊂

limitado pelo contorno D∂ , deseja-se saber qual a função estocástica

( , ) :u u x Dθ≡ Ω× → , tal que para F -q.t.p.1 em Ω , ou seja, a seguinte

equação seja válida q.c.2

( ), ; ( , ),x u f x x Dθ θ= ∈L (2.20)

Sendo as condições de contorno

( ), ; ( , ),x u g x x Dθ θ= ∈ ∂B (2.21)

onde 1( ,..., )dx x x= é um ponto no domínio D . ( ).L é um operador esto-

cástico linear ou não-linear dependente de x . ( ).B é o operador de

contorno, que pode representar as condições de contorno de Dirichlet

( ≡B I ), Neumann ( n≡ ⋅∇B , onde n é o vetor unitário normal ao con-

torno) ou Robin ( 0c n≡ + ⋅∇B I , 0c é uma constante qualquer). Assume-

1 Quase em toda a parte, em inglês almost everywhere

2 Quase certamente, em inglês almost surely

21

se que o problema estará bem posto F -q.t.p., θ ∈ Ω considerando o con-

torno como suficientemente regular.

2.1.3 Aproximação das variáveis de entrada

Antes de buscar a solução da eq. (2.20) é necessário buscar formas de

representar matematicamente o espaço de probabilidade associado à equa-

ção diferencial parcial que permitam utilizar um número finito de variáveis

aleatórias. Se as fontes de incertezas em problemas mecânicos puderem ser

representadas usando um pequeno número de variáveis não correlacionadas

e/ou independentes, esta redução da dimensionalidade do espaço de entra-

da pode muito bem ser aplicada. Ademais, aproximações utilizando séries

de Karhunen-Loève, tendem a representar muito bem sistemas físicos esto-

cásticos utilizando um pequeno número de variáveis randômicas (Sampaio

e Wolter, 2001). Considerando-se então que as funções de entrada randô-

micas possam ser representadas por N variáveis randômicas, pode-se

escrever

( ) ( )

( )

( ) ( )

( )

=

1 2

1 2

1 2

1 2

, ; ( ), ( ), , ( ), ;

( , ) ( ), ( ), , ( ),

, ; ( ), ( ), , ( ), ;

( , ) ( ), ( ), , ( ),

N

N

N

N

x u x u

f x f x

x u x u

g x g x

θ ξ θ ξ θ ξ θ

θ ξ θ ξ θ ξ θ

θ ξ θ ξ θ ξ θ

θ ξ θ ξ θ ξ θ

=

=

=

L L

B B

(2.22)

A imagem Γ do conjunto 1( ) N

i iy ξ θ

== é gerada pela composição das

imagens de cada variável randômica, ou seja, dado que ( )k kξΓ ≡ Ω é a

imagem de kξ , tem-se 1

;N N

kk=Γ = Γ Γ ⊂∏ .

Como a representação expressa por (2.22) consiste de um número fi-

nito de variáveis, é possível utilizar o teorema de Doob-Dynkin (Øksendal,

1998) e afirmar que a solução u da eq. (2.20) pode ser representada pelo

mesmo conjunto de variáveis, ou seja,

22

( ) ( )1 2, ( ), ( ), , ( ), ( , ), ,Nu x u x u y x y x Dθ ξ θ ξ θ ξ θ= = ∈ Γ ∈… (2.23)

Apesar do conjunto y ser definido até aqui de maneira genérica, a

partir deste ponto este é assumido como composto de variáveis indepen-

dentes. Mais tarde, isso permitirá definir o espaço de funções de Hilbert

através do produto tensorial dos espaços de cada variável. Sem perda de

generalidade, também é assumido que esse é um conjunto de variáveis

randômicas reais com média zero e desvio padrão unitário. Assim, conside-

rando que 1( ) N

i iξ θ

= são variáveis randômicas independentes cada qual com

função de densidade de probabilidade :i iρ +Γ → R , a distribuição de pro-

babilidade conjunta será dada por

1

( ) ( ),N

i ii

y yρ ρ ξ=

= ∀ ∈ Γ∏ (2.24)

O problema dado por (2.20) e (2.21) passa a ser uma equação dife-

rencial em (N d+ ) dimensões com a seguinte formulação matemática

( ), ; ( , ), ( , )y x u f y x y x D= ∈ Γ×L (2.25)

( ), ; ( , ), ( , )y x u g y x y x D= ∈ Γ×∂B (2.26)

Para obter a forma fraca do problema acima, define-se um subespaço

de dimensão finita 2 ( )V LρΓ ⊂ Γ correspondente ao espaço de todas as fun-

ções quadrado integráveis em Γ com respeito à medida ( )y dyρ e procura-

se a função ( , ) ( )Vu y x V yΓ∈ tal que

( )( ) , ; ( ) ( ) ( , ) ( ) , ( ) ,Vy y x u v y dy y f y x v y dy v y V x Dρ ρ Γ

Γ Γ

= ∀ ∈ ∈∫ ∫L (2.27)

( )( ) , ; ( ) ( ) ( , ) ( ) , ( ) ,Vy y x u v y dy y g y x v y dy v y V x Dρ ρ Γ

Γ Γ

= ∀ ∈ ∈ ∂∫ ∫B (2.28)

Uma vez caracterizada a fonte de incertezas em um sistema mecânico,

a modelagem estocástica pode ser feita baseada na formulação matemática

23

do sistema, dada pelas eqs.(2.25) e (2.26), ou pela utilização da forma

fraca expressa pelas eqs.(2.27) e (2.28). Diversos estudos foram feitos para

obter a solução para o caso de um sistema sujeito a excitação estocástica e

com operador determinístico (Ghanem e Spanos, 1991).

Neste trabalho será estudado o caso em que o operador diferencial

( ).L é estocástico, situação que traz um grande número de desafios mate-

máticos e computacionais ao pesquisador da área. Apesar do número de

trabalhos para este tipo de problema ser bastante elevado, restam diversas

questões em aberto, algumas das quais serão abordadas aqui.

O método de Monte Carlo será apresentado a seguir. Sua aplicação

dentro do corpo deste trabalho será feita de forma a verificar o método da

Colocação Esparsa utilizado aqui, o qual será tratado com mais detalhe no

capítulo 5. Já outros métodos não estatísticos são apresentados no Apêndi-

ce A.

2.2 O Método de Monte Carlo

O método de Monte Carlo é o método mais utilizado para simulação

computacional de sistemas com dados randômicos. Seu sucesso se deve à

simplicidade, extrema robustez e à facilidade com que lida com qualquer

sistema, mesmo aqueles de grande complexidade. Enquanto os procedimen-

tos não-estatísticos enfrentam diversos problemas no que diz respeito à

dimensionalidade, variabilidade dos parâmetros de entrada e da não linea-

ridade do problema a ser tratado, o método de Monte Carlo consegue

superar essas dificuldades de maneira simples. Desta forma, esse método é

uma ferramenta essencial, tanto na solução de problemas cuja solução

usando abordagens não-estatísticas é uma tarefa complexa, ou para a

avaliação e verificação dos resultados obtidos por outras técnicas.

24

Dado que a solução de determinado problema possa ser encontrada,

seja utilizando métodos analíticos (aproximados ou exatos) ou numéricos

(como o método de Elementos Finitos), o método de Monte Carlo permite

o cálculo de um conjunto de resultados, associado a um conjunto de amos-

tras utilizadas para os dados de entrada, e a posterior obtenção de

propriedades estatísticas como a média, desvio padrão e mesmo a função

distribuição de probabilidade desses resultados.

O principal inconveniente que recai sobre esta técnica consiste no

custo computacional exigido. É de se esperar que quanto maior o número

de soluções utilizadas para obter a resposta, menor a diferença entre os

valores estatísticos obtidos da resposta e aqueles que seriam os valores

estatísticos corretos. Isto confere ao método um elevado custo computacio-

nal, principalmente em sistemas com grande número de graus de liberdade

ou que apresentem algum tipo de não linearidade na solução, caso muito

comum em análises de problemas de engenharia em dinâmica dos fluidos,

interação fluido-estrutura etc. No entanto, o aumento dos recursos compu-

tacionais disponíveis atualmente e a fácil paralelização do método o tem

tornado uma ferramenta cada vez mais atrativa.

A análise usando o método de Monte Carlo se baseia na definição de

probabilidade através de freqüência relativa (Elishakoff, 1999). Nesta defi-

nição, a probabilidade de um evento é medida dividindo-se o número de

ocorrências do evento desejado pelo número de eventos possíveis. Como

variáveis randômicas contínuas podem gerar um número infinito de amos-

tras, um número infinito de análises deveriam ser realizadas. Assim, em um

conjunto finito de análises, os valores esperados para as propriedades esta-

tísticas da resposta terão sempre algum nível de erro. Diversas técnicas

foram desenvolvidas para a minimização deste erro. Técnicas de aceitação-

rejeição e técnicas de redução da variância como estratificação das amos-

25

tras e a amostragem por importância são alguns dos métodos que visam à

minimização do erro estatístico da resposta e a conseqüente redução do

número de análises requeridos para se atingir certo nível de precisão (Schü-

eller, 1997).

Os primeiros trabalhos utilizando esta técnica datam da década de

1940 (um resumo histórico do desenvolvimento desta técnica pode ser

encontrado em Elishakoff, 2003). Na área da engenharia mecânica sua

aplicação tem início nos anos 70, quando o aumento da tecnologia de com-

putadores e do desenvolvimento de técnicas eficientes para a geração de

números aleatórios, dois fatores que somados permitem obter soluções

rápidas e confiáveis para sistemas com características randômicas, se tor-

naram possíveis (Ghanem e Spanos, 1991).

A técnica de Monte Carlo pode ser esquematizada da seguinte forma:

suponha um sistema que receba uma excitação estocástica. Um exemplo

deste tipo de sistema é um ambiente acústico sujeito ao ruído de um equi-

pamento mecânico (excitação randômica). Basicamente amostras da função

de excitação são geradas. Para cada uma destas amostras, a função respos-

ta do processo pode ser calculada (neste caso, resolvendo de forma

aproximada ou numérica a equação de onda em um meio representando o

ambiente de propagação do som).

Supondo um sistema com excitação randômica ( )f t . No caso de um

processo estocástico, a análise utilizando o método de Monte Carlo requer

a obtenção de um conjunto de valores para a função ( )f t . Em um sistema

digital, estes valores seriam tomados em espaços de tempo discretos

( ), , 1,2, ,j jf t t j t j N= ∆ = … através de um gerador de números aleató-

rios. Pode-se também tomar M amostras ( ), 1,2, ,i jf t i M= … . Para cada

amostra seria possível calcular a solução discreta no domínio do tempo

26

( ), 1,2, , , 1,2, ,i jx t i M j N= =… … . Pode-se então obter a resposta média

em casos de sistemas não estacionários e uma estimativa do desvio padrão

na forma (Roberts e Spanos, 2003)

1

1( ) ( )

M

x j i ji

m t x tM =

= ∑ (2.29)

( )21

1( ) ( ) ( )

1

M

x j i j ji

t x t m tM

σ=

= −− ∑ (2.30)

Além dos momentos, é possível estimar a função distribuição de pro-

babilidade, normalmente através de histogramas. métodos mais elaborados

para obter estas funções são técnicas de estimativas de núcleo, que permi-

tem um cômputo mais preciso usando um número menor de amostras. De

qualquer maneira, para obter estimativas precisas das regiões de menores

probabilidades é necessária a utilização de um número bastante elevado de

amostras (normalmente 610N ∼ ).

A precisão das fórmulas (2.29) e (2.30) pode ser calculada levando-se

em conta que as amostras formam um conjunto estatisticamente indepen-

dente. Para valores de M elevados, tem-se que o desvio padrão de ( )x jm t

é dado por

1

( )( ) x j

j

tt

M

σσ = (2.31)

enquanto ( )x jtσ tem desvio padrão

2

( )( )

2x j

j

tt

M

σσ = (2.32)

Logo, a estimativa da média tem uma dispersão maior que a do des-

vio padrão. A principal característica destas propriedades é que a precisão

é inversamente proporcional à M , ou seja, para aumentar a precisão em

um dígito na resposta média é necessário aumentar em 10 vezes o número

de simulações a serem utilizadas no cálculo.

27

Capítulo 3

Elementos Finitos para Problemas de

Acústica

A teoria relacionada à propagação de ondas acústicas está bem fun-

damentada na literatura. No domínio da freqüência, a propagação de tais

ondas é governada pela equação de Helmholtz, cuja solução analítica é

alcançável apenas para certas combinações de domínio e condições de

contorno. Para a grande maioria das situações, uma solução numérica deve

ser utilizada e, dentro deste contexto, o método de Elementos Finitos tem

ampla utilização. A solução numérica utilizando o método de Elementos

Finitos para a equação de Helmholtz apresenta algumas dificuldades decor-

rentes do problema de poluição da solução, causada pela perda de

elipticidade do operador em altas freqüências. Para manter pequeno este

erro, as malhas utilizadas devem ter elementos com tamanhos reduzidos de

acordo com o aumento do número de onda. Ihlenburg e Babuška (1995)

demonstraram que o erro de aproximação he da solução de elementos fini-

tos satisfaz a seguinte desigualdade

3 21 2he C kh C k h≤ + (3.1)

28

sendo 1 2 e C C constantes independentes do número de onda k e do tama-

nho do elemento h . O primeiro termo do lado direito de (3.1) representa o

erro local da solução de elementos finitos enquanto o segundo se refere à

poluição numérica. Tal erro é característico das soluções tipo Galerkin da

equação de Helmholtz e já foi analisado por diversos autores (Ihlenburg e

Babuška, 1995; Irimie e Bouillard, 2001; Ihlenburg, 1998). Vale lembrar,

que há esquemas de elementos finitos como o GLS (do inglês Galerkin

Least Squares) e o método de Galerkin Descontínuo (Alvarez et al., 2006)

que reduzem sensivelmente o erro de poluição. Outros métodos que permi-

tem utilizar malhas menos refinadas, mesmo para números de onda

elevados, estão disponíveis na literatura (ver Strouboulis et al. (2006) e as

referências lá listadas).

Neste capítulo, as equações de conservação de momento e massa para

um fluido sujeito a pequenos deslocamentos serão apresentadas. A partir

dessas equações, será mostrado como derivar a equação de Helmholtz, cuja

formulação fraca também será obtida e utilizada em um esquema de Ele-

mentos Finitos clássico tipo Galerkin. Apesar de esta formulação ter sido

utilizada por diversos autores (Paulino e Rochinha, 2005; Gamallo, 2002),

a condição de contorno representando a impedância é tratada como uma

interação entre diversos pontos do domínio de absorção, forma bastante

diferente do tratamento encontrado na literatura. Tanto os erros de apro-

ximação e de poluição serão minimizados através da diminuição do

tamanho do elemento.

3.1 Equações de Balanço

Dado um fluido compressível ideal, não viscoso, com pequenas per-

turbações no campo de pressão, em um meio 3fΩ ∈ delimitado por um

29

contorno contínuo Γ composto por três partes distintas N D RΓ = Γ ∪ Γ ∪ Γ

tal que D NΓ ∩ Γ = D RΓ ∩ Γ = N RΓ ∩ Γ = ∅ (ver figura 1), a modelagem

deste fluido deve obedecer às seguintes equações (Raichel, 2000; Romero,

2003):

Conservação da massa:

( )

( )2

,1, 0, , 0f

p tt t

tcρ

∂+ ∇⋅ = ∈ Ω >

∂x

v x x (3.2)

Conservação da quantidade de movimento:

( )( )

( ),

, , , , 0f

tp t t t

tρ∂

∇ + = ∈ Ω >∂v x

x f x x (3.3)

Figura 1 – Descrição do modelo

onde ρ é a massa específica do fluido, c representa a velocidade de propa-

gação do som, p é a pressão acústica e f é uma força de massa agindo

sobre o mesmo. Tomando-se o divergente da eq. (3.3), aplicando o opera-

dor t

∂∂

à eq.(3.2) e somando as duas equações resultantes, obtem-se a

equação da onda:

( )

( ) ( )2

22 2

,1, , , , 0f

p tp t f t t

c t

∂−∇ = ∈ Ω >

∂x

x x x (3.4)

30

sendo que f é a excitação acústica. As condições de contorno para a equa-

ção da onda dependem dos diferentes tipos de fronteiras do domínio:

1. Parede rígida: Neste caso, não poderá haver deslocamento do fluido

na direção normal à parede. Da mesma forma, a velocidade nessa di-

reção também será nula e tem-se uma condição de segundo tipo:

N0 em p∇ ⋅ = Γn (3.5)

2. Parede aberta: O domínio se comunica com um meio exterior onde

existe uma flutuação de pressão dada. Desta forma, tem-se uma con-

dição de primeiro tipo, não homogênea:

( ) ( ) D, , em dp t p t= Γx x (3.6)

3. Parede com absorção: Esta é a condição adequada para a modelagem

de uma parede que esteja revestida por uma camada (de espessura

desprezível) de material para a absorção de som. A resposta da mes-

ma a uma excitação do campo de pressão agindo sobre ela é

composta por duas partes: uma parte que reage de acordo com o des-

locamento sofrido e outra que responde às flutuações de velocidade,

ou seja,

Rem p α β= ⋅ + ⋅ Γu n v n (3.7)

onde α e β representam a constante de rigidez e de amortecimento

deste material. u é o deslocamento do fluido. No presente caso, pro-

cura-se utilizar um outro modelo para relacionar a pressão e a

velocidade neste tipo de fronteira, como será visto a seguir.

4. Parede rígida sob aceleração: Neste caso a parede se desloca de ma-

neira cíclica, de forma que pode ser obtida uma condição de

Neumann não homogênea

( ) N, em p s t∇ ⋅ = Γn x (3.8)

31

5. Domínio infinito: Para campos distantes utiliza-se a chamada condi-

ção de Sommerfeld. É uma condição relacionada com o fato de que

fontes devem irradiar energia e que não deverá haver reflexão desta

energia em domínios infinitos. Esse tipo de condição garante a solu-

ção única para a equação de Helmholtz em problemas exteriores nos

quais o domínio contém uma fonte do tipo delta de Dirac. Como nes-

te trabalho se tratará apenas com problemas interiores, não se

entrará em grandes detalhes sobre este tipo de condição.

3.2 A Equação de Helmholtz

Assumindo que os termos de excitação da equação da onda sejam

harmônicos com freqüência angular ω , ou seja, que possa haver uma sepa-

ração na forma

( ) ( )

( ) ( )

( ) ( )

,

,

,

i t

i t

i td d

f t F e

s t S e

p t P e

ω

ω

ω

=

=

=

x x

x x

x x

(3.9)

Devido à linearidade da equação de onda, a aplicação das condições

(3.9) gera uma solução ( ) ( ), i tp t P e ω−=x x e ( ) ( ), i tt V e ω−=v x x . Ao se

aplicar essas equações à eq.(3.4), obtem-se a equação de Helmholtz

( ) ( ) ( )2 2P k P F∇ + =x x x (3.10)

sendo k o número de onda definido por

2

kc

ω π

λ= = (3.11)

e λ é o comprimento de onda. A velocidade do fluido pode ser expressa em

função da pressão levando-se em conta a eq.(3.3)

1

V Piωρ

= ∇ (3.12)

32

No domínio da freqüência, as condições vistas na seção anterior se

tornam

1. Parede rígida:

N0 em P∇ ⋅ = Γn (3.13)

2. Parede aberta:

Dem dP P= Γ (3.14)

3. Parede de absorção:

Rem P i Vαβ

ω

= + ⋅ Γ n (3.15)

4. Parede rígida sob aceleração:

Nem P S∇ ⋅ = Γn (3.16)

Generalizando a eq.(3.15), podem-se definir também os operadores

impedância e admitância acústica em um contorno

( ) ( ) ( )( )P V= ⋅x x x nZ (3.17)

( ) ( )( )( )V P⋅ =x n x xA (3.18)

Finalmente, as condições de contorno que serão aplicadas nos pro-

blemas tratados neste trabalho se restringem a

( ) ( )

( ) ( )

( ) ( ) ( )( )

em

em

em

d D

N N

R

P P

P i V

P i ck P

ρω

ρ

= Γ

∇ ⋅ = ⋅ Γ

∇ ⋅ = − Γ

x x

x n x n

x n x xA

(3.19)

33

3.3 Formulação de Elementos Finitos

Para a utilização de um esquema de Elementos Finitos é necessária a

obtenção de uma forma fraca para a equação de Helmholtz. Tomando a

eq.(3.10), e multiplicando por uma função teste q obtem-se3

( ) ( ) ( )( ) ( )2 2 0, qP k P F q d q VΩ

∇ + − Ω = ∀ ∈∫ x x x x (3.20)

ou

2 2Pqd k Pqd FqdΩ Ω Ω

∇ Ω+ Ω = Ω∫ ∫ ∫ (3.21)

usando o teorema da divergência

2.P qd P qd k Pqd FqdΓ Ω Ω Ω

∇ Γ− ∇ ⋅∇ Ω+ Ω = Ω∫ ∫ ∫ ∫n (3.22)

e dividindo o contorno e aplicando as condições dadas por (3.19) resulta o

seguinte problema variacional: Encontrar PP V∈ tal que

( ) ( ), , qP q q q V= ∀ ∈B L (3.23)

sendo

( ) ( )( )

( )

2,R

N

N

P q P qd k Pqd i ck P qd

q V qd Fqd

ρ

Ω Ω Γ

Γ Ω

= ∇ ⋅∇ Ω− Ω+ Γ

= ⋅ Γ− Ω

∫ ∫ ∫

∫ ∫

x

n

B

L

A

(3.24)

O espaço de funções V será tal que

3 Como a pressão é uma variável complexa, este produto deve ser definido através

pqdΩ

Ω∫ onde q é o conjugado da função teste. Será mantida a forma escrita sem a

barra para a representação do conjugado em todas as integrais derivadas da expressão

(3.20).

34

( ) ( ) ( ) 1 1 ,DP D f f D D D DV H P H P PΓ= Ω = ∈ Ω = ∈ Γx x (3.25)

( ) ( ) ( ) 1 10 0,q f f D D DV H q H q= Ω = ∈ Ω = ∈ Γx x (3.26)

( )1fH Ω é o espaço de Hilbert dado pelo conjunto de funções a valores

complexos com derivadas quadrado integráveis em fΩ :

( ) ( ) ( ) ( )1 2 2: , , ; 1,dimf f f f f

i

fH f f L L i

x

∂ Ω = Ω → ∈ Ω ∈ Ω ∀ = Ω ∂ C (3.27)

As funções de excitação são tais que ( ) ( )2 2 e f N NF L V L∈ Ω ∈ Γ . A

prova da existência e unicidade da solução de (3.23) pode ser encontrada

em Gamallo (2002) e nas referências nele citadas.

Busca-se uma aproximação de elementos finitos de (3.23) através da

utilização de um espaço de dimensão finita hS V⊂ . Supondo que o domí-

nio seja dividido em elementos em forma de hexaedros e que em cada

elemento tenham-se funções de interpolação no espaço 1,0hS , que correspon-

dem às funções polinomiais de grau 1. Procura-se então a solução do

seguinte problema aproximado: Encontrar a solução hh PP S∈ tal que

( ) ( ), , ,h hh h h h P h qP q q P S q S= ∈ ∀ ∈B L (3.28)

sendo 1,0 1,0,h hP P h q q hS V S S V S= ∩ = ∩ . De maneira habitual em formulação

do tipo elementos finitos, admite-se uma interpolação do tipo

( ) ( )

( ) ( )

P

q

=

=

x H x P

x H x Q (3.29)

onde H é uma matriz de interpolação cujas funções de aproximação per-

tencem ao espaço 1,0hS e P é o conjunto de valores nodais da função hP .

Aplicando à (3.28) resultaria

35

( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( )( )( ) ( ) ( )

2

R

N

T T

T

N

d k d

i ck d F d V dρ

Ω Ω

ΓΩ Γ

∇ ∇ Ω− Ω

+ Γ = Ω+ ⋅ Γ

∫ ∫

∫ ∫ ∫

HP HQ HP HQ

x HP HQ HQ x nHQA

(3.30)

e

( )

( )( ) ( )

2

R N

TT T T

T TN

d k d

i ck d F d V dρ

Ω Ω

Γ Ω Γ

∇ ∇ Ω− Ω

+ Γ = Ω+ ⋅ Γ

∫ ∫

∫ ∫ ∫

P H H P H H

x P H H H x nHA

(3.31)

A questão que surge é como buscar uma forma consistente para

( )( )R

T T dΓ

Γ∫ x P H HA . Inicialmente, pode-se considerar que o operador de

admitância possa ser expresso através da matriz complexa A de dimensão

N N× , onde N é o número de graus de liberdade no contorno RΓ , de tal

forma que ( )( ) ( )TT ≡x P APA que pode ser vista como uma função transfe-

rência entre a pressão e a velocidade normal no contorno RΓ .

Continuando o desenvolvimento anterior

( )

( )

2

R

N

TT T T T

N

d k d i ck d

V d F d

ρ

Ω Ω Γ

Γ Ω

∇ ∇ Ω− Ω+ Γ =

⋅ Γ + Ω

∫ ∫ ∫

∫ ∫

P H H H H A H H

x nH H

(3.32)

ou seja,

2( )ik c kρ+ − =K C M P F (3.33)

sendo que

( )

( )

R N

T T

T TN

d d

d V d F d

Ω Ω

Γ Γ Ω

= ∇ ∇ Ω = Ω

= Γ = ⋅ Γ+ Ω

∫ ∫

∫ ∫ ∫

K H H M H H

C A H H F x nH H(3.34)

36

A matriz A terá a forma

1,1 2,1 ,1

2,2

,

,.

N

i j

N N

A A A

A

A

sim A

=

A

(3.35)

onde cada elemento da matriz expressa a relação entre o nó i e o nó j .

Finalmente, tal matriz pode ser obtida a partir da matriz de impedância

Z ,

1−A = Z (3.36)

Para uma condição de contorno tipo Robin, a convergência, existên-

cia e unicidade do esquema de elementos finitos mostrado acima são

apresentadas em Ihlenburg e Babuška (1995) e com mais detalhes em Ga-

mallo (2002).

Outro modelo de impedância que também será utilizado neste traba-

lho consiste em admitir que o a matriz A tem a forma

Z=A I (3.37)

onde I é uma matriz identidade de dimensão N N× . Este é um modelo

simples para a impedância local Z , que será um valor complexo, depen-

dente da freqüência, cuja parte real representa a Resistância do material e

a parte imaginária representa a Reatância.

Maior detalhamento será dado aos modelos de impedância no capítu-

lo 5, quando os mesmo forem analisados em aplicações onde a impedância

acústica é estocástica.

37

Capítulo 4

O Método de Colocação Esparsa

A idéia básica dos métodos de Colocação consiste em obter funções

de interpolação que permitam representar a solução de determinado siste-

ma em função das variáveis randômicas. Analogamente à conhecida técnica

de elementos finitos, a minimização do erro nesse espaço é obtida através

minimização do erro projetado no espaço de aproximação. Uma vez que as

funções de interpolação são ortogonais entre si, o sistema de equações

resultante é desacoplado, tornando necessária apenas a solução de um

conjunto de problemas determinísticos em cada ponto de interpolação do

espaço de suporte (Xiu e Hesthaven, 2005, Ganapathysubramanian e Zaba-

ras, 2007a-b) de maneira muito similar à técnica de Monte Carlo, com a

diferença que as amostras utilizadas para cada solução não são obtidas a

partir de um conjunto aleatório, mas de um conjunto determinístico. Esta

técnica apresenta convergência rápida quando a solução é suave no espaço

de suporte, além de outras interessantes propriedades conforme será visto a

seguir.

4.1 Métodos de Galerkin Estocásticos

A aproximação das equações (2.27) e (2.28) pode ser feita utilizando

o método de Galerkin. Quando a solução é suave no espaço randômico, a

38

convergência desta técnica é bastante acentuada. A aproximação depende

do subespaço VΓ e diversas alternativas podem ser encontradas na literatu-

ra. Babuška et al.(2004, 2005) utilizaram funções contínuas por partes

semelhantes ao método de elementos finitos, Xiu e Hesthaven (2005) fize-

ram uso de grids esparsos para a escolha dos pontos de colocação. Algumas

construções possíveis desse espaço são mostradas a seguir. Dado o espaço

unidimensional para 2 ( )i iLρ Γ

( ) ,

0: , , 1, ,i

ipi p

i m i mW v v span i Nφ ξ

=≡ Γ → ∈ = … (4.1)

onde ( ) m iφ ξ é um conjunto de polinômios ortogonais com respeito ao

produto interno induzido por ( )i iρ ξ , ou seja,

2( ) ( ) ( ) ( ) ( )i i

i i m i n i i mn i i m i id dρ ξ φ ξ φ ξ ξ δ ρ ξ φ ξ ξ

Γ Γ

=∫ ∫ (4.2)

Uma das escolhas possíveis para φ é a utilização de Polinômios Caos

(este tipo de aproximação é tratado no apêndice A.3). Para a construção

do espaço para as N variáveis, toma-se o produto tensorial entre elas, ou

seja,

, ip i pN

pZ Z

≤≡ ⊗

p (4.3)

onde o produto tensorial é definido sobre todas as combinações possíveis

do multi-indexador 1 0( , , ) NNp p += ∈p … satisfazendo

1

N

iip p

== ≤∑p .

Portanto, pNZ é o espaço dos Polinômios Caos N-dimensionais de grau total

p (espaço polinomial completo) e o número de funções base é

( )dim( )p N pN NZ += . Caso se deseje construir esse espaço utilizando o produto

tensorial dos espaços polinomiais unidimensionais obtem-se

,

1, maxi

Np i pN i

iiQ Z p p

=≡ ⊗ = (4.4)

39

Assim, este espaço tensorial de polinômios é criado a partir do espaço

, ii pZ , sendo que a ordem máxima p dos polinômios unidimensionais é a

mesma para todas as dimensões. O número de funções de base é simples-

mente o produto entre as funções de base de cada dimensão, ou seja,

dim( ) ( 1)p NNQ p= + . Nos dois casos, o número de funções de base depende

de p e N e podem crescer até níveis proibitivos para a utilização computa-

cional. Na tabela 1 é mostrado o número de funções de base para alguns

valores de N e p. Nota-se que dim( ) dim( )p pN NZ Q com o aumento de p.

Apesar da alta precisão obtida com os métodos de Galerkin estocásticos,

este fator os torna pouco práticos quando os valores de p ou N forem ele-

vados. Nesses casos, métodos como Monte Carlo acabam se tornando uma

opção mais atrativa do ponto de vista do esforço computacional a ser

realizado.

Tabela 1 – Número de termos na aproximação usando polinômios

de caos e produtos tensoriais completos

N p dim( )pNZ dim( )pNQ

1 3 4

4 15 25 2

10 66 121

1 5 16

4 70 625 4

10 1001 14641

1 7 64

4 210 262144 6

10 8008 1771561

40

4.2 Métodos de Colocação

A partir deste ponto, considera-se que as variáveis de entrada estão

representadas por uma série de Karhunen-Lòeve ou por outra forma qual-

quer que permita representar o campo ou parâmetro randômico utilizando

um conjunto de N variáveis aleatórias. O método de Colocação consiste de

uma aproximação feita por funções polinomiais. A aproximação é construí-

da através do produto tensorial dos polinômios utilizados para cada

dimensão do espaço de suporte da dimensão estocástica. Seja um ponto

( )1, , Ny ξ ξ= … no espaço de suporte N-dimensional NΓ ⊂ , NΠ o espaço

contendo todos os polinômios de dimensão N com coeficientes reais e pNΠ

este mesmo espaço limitado aos polinômios de grau menor que p. Note que

espaço de polinômios de caos pNZ , definido na seção 4.1, está contido em

pNΠ .

Dado o conjunto de pontos 1

M

i iy

=∈ Γ e o conjunto de constantes re-

ais 1

M

i ib

=, deseja-se encontrar o polinômio Il V∈ , sendo IV um subespaço

de NΠ , que satisfaça

( ) , 1, ,i il y b i M= = … (4.5)

Os pontos 1

M

i iy

= são os nós de interpolação e IV é o espaço de inter-

polação. Essa interpolação é langrangiana, uma vez que os valores nodais

representam os próprios valores da função nos pontos de interpolação. No

caso de uma função suave : Nf → a interpolação pode ser vista como

calcular o polinômio de aproximação ( ) If V∈I tal que

( )( ) ( ), 1, ,i if y f y i M= = …I . Fazendo uso dos polinômios de Lagrange é

possível obter uma aproximação para qualquer ponto no espaço Γ através

de

41

1

( )( ) ( ) ( )M

i ii

f y f y L y=

=∑I (4.6)

sendo que os polinômios de Lagrange ( )iL y são dados por

( ) , ( ) , 1 ,i I i j ijL y V L y i j Mδ∈ = ≤ ≤ (4.7)

Assim, se em determinado problema houver um conjunto de valores

( , )iu y x da função ( , )u y x é possível obter uma aproximação ( , )u y x desta

função através do uso da interpolação na forma

1

( , ) ( )( , ) ( , ) ( )M

i ii

u y x u y x u y x L y=

≡ =∑I (4.8)

Para utilizar esta interpolação para um problema com variáveis ran-

dômicas, parte-se do sistema dado pela eq. (2.27)

( )( ) , ; ( ) ( ) ( , ) ( ) , ( ) ,Vy y x u v y dy y f y x v y dy v y V x Dρ ρ Γ

Γ Γ

= ∀ ∈ ∈∫ ∫L (4.9)

Utilizando a interpolação dada por (4.8) 1

( , ) ( , ) ( )M

V i i

i

u y x u y x L y=

=∑ e

escolhendo ( ) ( )jv y L y= se obtêm

1

( ) , ; ( , ) ( ) ( )

( ) ( , ) ( ) , 1, ,

M

i i j

i

j

y y x u y x L y L y dy

y f y x L y dy j M

ρ

ρ

Γ

=

=

∑∫

L

(4.10)

Dada as propriedades da interpolação Lagrangina, resultará em

( ), ; ( , ) ( , ), 1, , ,i i iy x u y x f y x i M x D= = ∈L … (4.11)

De fato, este é um problema determinístico que deve ser resolvido no

ponto iy . Analogamente, para as condições de contorno

( )( ), ; , ( , ) 1, ,i i iy x u y x g y x i M x D= = ∈ ∂…B (4.12)

42

O operador ( ),.iyL , sujeito às condições de contorno dadas por

( ),.iyB , passa a ser um operador espacial e pode ser resolvido da forma

mais adequada, seja utilizando métodos numérico como Elementos Finitos

ou Volumes Finitos ou até mesmo buscando-se a solução analítica, se ela

for possível. Tem-se assim uma solução aproximada para ( , )iu y x em M

pontos de colocação. Comparando com o método de Elementos Finitos

Estocásticos Espectrais (vide apêndice A), observa-se que será necessária a

solução não de um sistema acoplado de dofM N× ( dofN é o número de graus

de liberdade do problema espacial), mas de M sistemas lineares de dimen-

são dofN . Já em uma comparação com a técnica de Monte Carlo, nota-se

que a técnica de solução e a facilidade de implementação são semelhantes,

com as amostras usadas para avaliação não mais obtidas em um gerador

randômico e sim através de seus valores nos pontos de colocação do espaço

de suporte.

Uma vez obtida as soluções ( , )iu y x nos nós de interpolação do espaço

de suporte, as estatísticas da solução podem ser obtidas utilizando, por

exemplo, para o cálculo da média

[ ] =1

( , ) ( , ) ( ) ( )M

i i

i

u y x u y x L y y dyρ= Γ

∑ ∫E (4.13)

A integração será determinada pela escolha dos polinômios de inter-

polação. No entanto, como alternativa, pode-se utilizar um esquema de

quadratura, permitindo avaliar a integral utilizando seu valor em determi-

nados pontos associados a um conjunto de constantes reais denominados

pesos

1

( ) ( )M

i ii

f y dy w f y=Γ

∑∫ (4.14)

43

Este resultado é exato, dependendo da ordem do polinômio p usado

para a interpolação e do número de pontos de integração empregados. Se

forem escolhidos os pontos de integração do esquema de quadratura como

sendo os mesmos que foram utilizados para os nós de interpolação obtem-

se

[ ] =1

( , ) ( , ) ( )M

i i i

i

u y x u y x y wρ=∑E (4.15)

4.3 Seleção dos Pontos de Colocação

Como foi visto, os métodos de Colocação conseguem encontrar uma

solução aproximada para um problema estocástico através da solução de

M problemas determinísticos. Assim, para reduzir o custo computacional,

deve-se fazer uma escolha que permita obter a maior precisão possível com

o mínimo de pontos necessário. Existem duas alternativas amplamente

usadas: conjunto de pontos baseados em produtos de funções polinomiais

completas em cada dimensão ou a utilização de grids esparsos.

4.3.1 Polinômios completos

Para os esquemas de interpolação unidimensionais há disponível

grande embasamento teórico no que concerne à convergência, controle de

erro e unicidade. Quanto à escolha dos pontos de colocação, nós eqüidis-

tantes são muito utilizados em funções contínuas por partes e para funções

periódicas, mas para a aproximação polinomial ou de funções não periódi-

cas, as distribuições nodais baseadas nos nós de Chebyshev são mais

eficientes, pois proporcionam um erro de interpolação mínimo em casos

unidimensionais (Klimke, 2006). Quando o número de dimensões para as

quais esta interpolação deve ser feita é pequeno (interpolação bi ou tridi-

44

mensional, por exemplo), o uso da aproximação usando produtos tensoriais

a partir de polinômios completos unidimensionais pode ser uma boa esco-

lha, tendo em vista a facilidade de implementação (uma aplicação usando

polinômios completos pode ser encontrada em Acharjee e Zabaras, 2007).

Ademais, a escolha dos pontos de interpolação em cada dimensão pode ser

feita de acordo com a função densidade de probabilidade de cada variável

randômica, proporcionando uma maneira de prover o refinamento do espa-

ço de suporte.

A aproximação pode ser feita para cada dimensão i na forma

=

1

( ) ( )im

i i ik k

k

f f aξ=

⋅∑I (4.16)

sendo que a dimensão i tem um conjunto im pontos

( )1, ,i

i i imξ ξξ = … (4.17)

Uma das alternativas para a interpolação é utilizar o polinômio

0, 1

( )im

ki

k k i k

Lξ ξ

ξξ ξ= ≠

−=

−∏ (4.18)

No que concerne à qualidade dessa aproximação é sabido que, para

um interpolante lagrangiano unidimensional ( )M fI que utiliza M pontos

de interpolação, não se pode assegurar que para uma distribuição espacial

arbitrária de pontos haverá convergência uniforme (Klimke, 2006), ou seja,

- ( ) 0Mf f∞→I se M →∞ (4.19)

Dada a função 1nf C +∈ em um intervalo [ ],a b o erro de interpolação

de um ponto neste intervalo será dado pela expansão em série de Taylor

( )

( )

1

0

( )( ) - ( )( )

1 !

n MM

jj

ff x f x x x

n

ξ+

=

= −+ ∏I se n →∞ (4.20)

45

onde [ , ]a bξ ∈ depende da posição x. Para o caso de malhas com nós i-

gualmente espaçados obtem-se

( )

1( 1)

[ , ]

( )- ( ) max ( )

4 1

nM n

a b

hf f f

n ξ

ξξ

++

∞ ∈≤

+I se n →∞ (4.21)

Nos dois casos a magnitude da derivada ( )1nf + pode suplantar os ou-

tros termos da equação. No entanto, há distribuições de nós para as quais

se pode provar que há convergência uniforme se 1[ , ]f C a b∈ . Uma maneira

de quantificar o erro da interpolação em uma dada distribuição nodal é

compará-lo com o erro obtido para outra distribuição para a qual os nós

tenham sido escolhidos de uma forma ótima para a minimização do erro de

interpolação. Definido o polinômio de aproximação ótimo *1( ) n

np f ∈ Π , de

grau n, com a seguinte propriedade

*1( ) ( ) , ( ) n

nf p f f f f∞∞

− ≤ − ∀ ∈ ΠI I (4.22)

A distância de qualquer outro polinômio de aproximação ao polinô-

mio ótimo pode ser medida através da constante de Lebesgue ( )n XΛ como

sendo

( )( )

( )

*

0

( ) ( ) 1n n

n

n i

i

f f f p f X

X L

∞ ∞

= ∞

− ≤ − +Λ

Λ = ∑

I

(4.23)

A constante de Lebesgue não depende da função interpolada, mas

somente da distribuição dos nós, o que permite construir a priori um con-

junto de nós que possuam pequenos valores para essa constante

(Ganapathysubramanian e Zabaras, 2007a; Klimke, 2006). Finalmente,

após a escolha dos pontos a serem utilizados na interpolação e do cálculo

da constante de Lebesgue podem-se obter os limites de erro para a função

polinomial XI . Por exemplo, para as funções de interpolação que utilizam

os nós de Chebyshev-Gauss-Lobatto (uma distribuição nodal que tem a

46

vantagem de produzir seqüências de nós recorrentes de acordo com o au-

mento da ordem polinomial n) os limites de erros são dados por

( ) log( ),X k kf f Cn n f C−

∞− ≤ ∈I (4.24)

A utilização da teoria de interpolação unidimensional para a aproxi-

mação N-dimensional é feita gerando o espaço polinomial IV através do

produto tensorial entre os vários polinômios usados para a representação

de cada dimensão. Desta forma, o produto tensorial para a dimensão N

será

( ) ( )1

1 1

1 2

1 1

1 1

( ) ( ) ( , , )N

N N

m mi N N N

k k k k

k k

f f f a aξ ξ= =

≡ ⊗ ⊗ = ⋅ ⊗ ⊗∑ ∑… … … …I I I (4.25)

A construção desta aproximação é bastante simplificada e intuitiva.

Polinômios de Lagrange utilizados em interpolações unidimensionais po-

dem ser diretamente aplicados e a aproximação é tanto melhor quanto

maior o número de pontos utilizados. O número de pontos necessários para

a avaliação será 1

N

iiM m

==∏ . Se o número de pontos for o mesmo em

cada direção tem-se que NM m= . Este número pode rapidamente se tor-

nar bastante elevado, impedindo que o conjunto de avaliações

determinísticas possa ser efetuado em um tempo computacional razoável.

4.3.2 Grids esparsos

A formação de interpolantes utilizando o produto tensorial de funções

unidimensionais é relativamente fácil, mas sofre do problema de aumento

do número de pontos necessários para a solução em casos multidimensio-

nais. A diminuição deste número de pontos para problemas com maior

dimensionalidade no espaço de suporte randômico, pode ser feita pelo uso

de interpolantes baseados em malhas esparsas. Neste caso, procura-se

realizar a interpolação em dimensões elevadas utilizando o menor número

47

de pontos possível mantendo o erro obtido na interpolação no menor valor

possível. O fundamento de todas as malhas esparsas é o algoritmo de

Smoljak, que realiza a extensão das formulas de interpolações unidimensio-

nais para o espaço multidimensional através de uma forma particular de

produtos tensoriais e permite também que certa propriedade de interpola-

ção seja mantida de acordo com o aumento da dimensão. Uma significativa

redução do número de pontos necessários para a interpolação em relação

ao produto tensorial completo poderá ser obtida desta forma e os pontos

utilizados na aproximação são definidos de uma maneira predeterminada,

de forma que seu cálculo tem impacto pouco significativo no custo compu-

tacional. Duas outras importantes características deste método são o fato

de que a qualidade da aproximação se mantém em um fator logarítmico e a

sua estrutura hierárquica, que pode ser explorada para obter uma aproxi-

mação do erro de interpolação e que facilita o refinamento sucessivo,

melhorando o controle da interpolação. No Apêndice 4 é apresentada uma

breve revisão do algoritmo de Smoljak.

4.3.3 Bases polinomiais para malhas esparsas

Os pontos a serem utilizados para a malha esparsa também devem

ser escolhidos de maneira adequada. Uma vez que o algoritmo de Smoljak

prevê que o conjunto de nós para determinado nível de interpolação tam-

bém pertença ao conjunto de nós de todos os níveis acima deste

( )H H1

, 1,i i

q N q NX X ++⊂ ⇒ ⊂ a melhor escolha certamente recai sobre os

nós de Chebyschev-Gauss-Lobatto. A distribuição desses nós

1, , ,i

i i imX x x i= ∈… é dada por

48

12 1, 1

( 1)cos , 1, ,

1

ii

ij i

i

m i

jx j m

m

π

−= + >

−= − =

−…

e 1 0, se 1iix m= = . A figura 2 (Klimke, 2006) ilustra a distribuição destes

nós para os casos bi e tridimensional. As malhas completas foram geradas

através do produto tensorial dos pontos unidimensionais. Conforme o nível

de interpolação aumenta, o número de pontos requeridos para a malha

utilizando o produto tensorial de pontos unidimensionais cresce considera-

velmente.

A seguir, é descrito um pequeno exemplo de como é realizada a in-

terpolação da função 2 5( , ) (1 ) yf x y x ye−= − no intervalo [ 1,1] x = −

e [0,1]y = . O gráfico desta função é mostrado na figura 3. Esta função é

composta pelo produto de duas funções. Deve-se notar que a parte da

função dependente de x é quadrática.

49

Figura 2 - Pontos de colocação para problemas bi e tridimensionais. À esquerda: pontos

de interpolação do algoritmo de Smoljak. À direita: malha completa.

Figura 3 – Função original ( , )f x y

50

A seguir são mostradas as sucessivas aproximações da função original

de acordo com a ordem do interpolante esparso. Neste caso, foi utilizada a

mesma ordem nas duas direções de interpolação. Como pode ser notado, os

erros de aproximação desta função foram reduzidos à valores muito baixos

utilizando apenas um conjunto reduzido de pontos.

Figura 4 – Aproximação da função ( , )f x y usando diversos níveis de interpolação

Outra importante característica deste tipo de interpolação é o fato de

permitir ordens diferentes de interpolação em cada dimensão do espaço de

aproximação. Na figura 5 é mostrado como a interpolação é realizada

51

quando esta característica é explorada. Como na direção x a função que

deve ser interpolada é quadrática, esta dimensão é aproximada usando um

número menor de pontos. Conforme se pode constatar, os níveis de erro

atingem os valores obtidos na aproximação anterior com um número signi-

ficativamente menor de pontos avaliados.

Figura 5 - Aproximação da função ( , )f x y usando diversos níveis de interpolação e um

esquema adaptativo

52

4.3.4 Softwares utilizados para a análise estocástica

Neste trabalho, diversas ferramentas para a análise do problema esto-

cástico foram utilizadas.

O código para a solução de um problema de Elementos Finitos dado

pela eq.(3.33), com uma matriz de impedância fornecida pelo usuário, foi

escrito em linguagem Fortran90. Como foi de interesse desenvolver tanto

códigos que executassem em computadores executando o sistema operacio-

nal Windows® quanto o Linux, o código foi projetado para ambos os

ambientes usando diretivas de compilação. Particularmente, foi utilizado

em alguns cálculos o cluster de computadores no Núcleo de Computação

de Alto Desempenho (NACAD/UFRJ), de forma que o código foi projeta-

do para a utilização do compilador Intel® Fortran90 disponível naquele

sistema. Para a solução do sistema linear resultante da montagem das

matrizes de Elementos Finitos, foram utilizadas as bibliotecas da IMSL

presentes no ambiente Compaq Visual Fortran (para uso no ambiente

Windows®), o solver PARDISO disponível na biblioteca Intel® Math

Kernel (Linux) e o pacote UMFPACK (Linux/Windows®) descrito em

Davis (2004).

Para a obtenção dos pontos de colocação, cálculo do interpolante es-

parso e interpolação das funções no espaço de suporte foi utilizada a

Sparse Grid Interpolation Toolbox, desenvolvida por W. A. Klimke (2006)

no ambiente MATLAB®. Outros códigos como aqueles necessários para

realizar a análise através de NISG e o Monte Carlo também foram desen-

volvidos na plataforma MATLAB®.

53

4.4 Procedimento Computacional

A figura 6 mostra o procedimento computacional utilizado neste tra-

balho. Com exceção do cálculo da resposta do método de Elementos

Finitos, todas as etapas foram realizadas dentro do ambiente MATLAB®.

Figura 6 – Procedimento computacional

Os diversos problemas tratados no capítulo seguinte diferem basica-

mente na definição da impedância, o que acarreta uma diferença no

número de variáveis no espaço de suporte. Na etapa de solução do proble-

ma de Elementos Finitos, há a opção de se calcular todos os pontos de

interpolação (e conseqüentemente as matrizes de impedância) de determi-

54

nado nível a priori, permitindo que o código de Elementos Finitos possa

ser executado uma única vez a cada nível de interpolação. Desta forma, o

conjunto de soluções desse nível pode ser calculado, por exemplo, em um

cluster de computadores, e os resultados podem ser lidos para a construção

do interpolante em uma etapa posterior. Além disso, não há nenhuma

dependência entre os pontos, o que permite grande facilidade de paraleliza-

ção deste procedimento.

55

Capítulo 5

Resultados

Neste capítulo, mostram-se algumas aplicações do método da Coloca-

ção Esparsa para a análise da propagação de incertezas em problemas de

acústica. Basicamente, esta análise está dividida em duas vertentes: a

primeira concerne à comparação do desempenho do método da Colocação

Esparsa em relação a outros métodos para a análise de incertezas como o

método de Monte Carlo e o NISG (este método está descrito no apêndice

A.4). O interesse reside em verificar se as propriedades estatísticas da

solução do campo de pressão obtidas utilizando o método de Colocação

Esparsa correspondem àquelas obtidas através das outras técnicas. Além

disso, também se avaliará nesta etapa quais são as vantagens da técnica

utilizada aqui em relação aos demais métodos, principalmente no esforço

computacional necessário para obtenção da solução, facilidade de imple-

mentação e de pós-processamento.

Apesar do custo computacional requerido, o método de Monte Carlo

ainda é a ferramenta mais adequada para a verificação dos resultados

obtidos por outros métodos estatísticos. Utilizar-se-á tal método neste

capítulo em problemas nos quais o custo computacional da solução de

Elementos Finitos não é tão elevado ou em que haja uma solução analítica

disponível. Já o método NISG apresenta características muito semelhantes

56

ao método da Colocação Esparsa e fornecerá uma segunda referência para

os resultados obtidos aqui.

A segunda vertente, uma vez validada a metodologia computacional

proposta, corresponde à análise da influência da incerteza na impedância

do material para a absorção de som sobre a distribuição de pressão no

domínio. Neste caso se está interessado em analisar como se dá a propaga-

ção de incerteza dos dados de entrada na resposta do sistema.

5.1 Tubo de Kundt

O tubo de Kundt é um aparato experimental comumente usado para

medida das propriedades acústicas de uma amostra de material. Trata-se

de um dispositivo prático para este tipo de tarefa pois pode ser construído

de maneira simples, em dimensões reduzidas (que permite utilizar amostras

de pequeno tamanho) e requer um número mínimo de equipamentos (Eve-

rest, 2001). Uma montagem típica deste aparato é mostrada na fig. 7.

Basicamente, consiste em um tubo cuja propagação de ondas se dá na

seção longitudinal do mesmo. Em um dos extremos é posicionada uma

fonte acústica (um alto falante) e no outro pode ser utilizado um material

cujas propriedades para absorção de som serão medidas. Admite-se que,

quando excitada, a fonte gere ondas planas que se propagam ao longo do

tubo, sendo apenas parcialmente refletidas pela amostra de material absor-

vente no outro extremo. Após certo tempo, uma onda estacionária é

formada e como a amostra muda a amplitude e a fase da onda que a atin-

ge, é possível calcular a impedância deste material através da medição da

pressão em dois pontos dessa onda estacionária. O aparato pode ser ainda

mais simplificado através da utilização de apenas um microfone, o qual

57

deverá ser deslocado ao longo do tubo para a medição da pressão em dife-

rentes posições.

Existem padrões internacionais para execução do experimento, bem

como alguns detalhes práticos que devem ser seguidos de forma a melhorar

a qualidade dos dados coletados nesse experimento (Cox e D'Antonio,

2004). A posição ideal dos microfones, a forma como as amostras são cor-

tadas e montadas no tubo, modos de evitar que ondas transversais se

estabeleçam no duto e a faixa de freqüência que deve ser utilizada são

algumas das considerações que devem ser levadas em conta para a realiza-

ção do experimento.

Figura 7 - Esquema do tubo de Kundt

Em Schultz et al. (2007a, 2007b) é apresentada uma análise detalha-

da da propagação de incertezas em experimentos para obtenção da

impedância usando o tubo de Kundt. Os níveis de incerteza apresentados

por aqueles autores foram considerados nos experimentos numéricos reali-

zados neste trabalho. No entanto, é necessário ressaltar que a análise de

incertezas, neste caso, não é capaz de tratar dois aspectos considerados

centrais: a Variabilidade espacial e a não localidade da impedância, bem

como a influência do ângulo de incidência da onda plana.

58

Nesta aplicação, deseja-se analisar como se comporta o campo de

pressão neste aparato quando há variabilidade nos valores de impedância

da amostra. Para isso, é tomada uma idealização deste experimento, mos-

trada na fig. 8. Considera-se nesta análise um domínio unidimensional com

uma condição de Dirichlet representando a fonte acústica e uma condição

tipo Robin para representar a impedância da amostra de material. Supon-

do que as propriedades do material absorvente sejam conhecidas, podem-se

obter as seguintes condições de contorno:

0( 0)

( ) 0 em

p x P

dpi p x x L

dx Z

ρω

= =

− = = (5.1)

ou seja, uma pressão harmônica em um extremo e um material para absor-

ção em outro. A solução analítica deste problema é dada por (Crocker,

1998)

0

cos ( ) sin ( )( )

cos sinZ k L x i c k L x

p x pZ kL i c kL

ρ

ρ

− − −=

− (5.2)

Figura 8 – Idealização do experimento

Deve ser notado que o campo de pressão é não linear em relação à

impedância, característica que será verificada mais tarde, quando da análi-

se dos resultados. A solução analítica disponível permitirá a verificação do

método numérico utilizado para a solução do problema espacial. De posse

da eq.(5.2), da qual se pode obter o campo de pressão, e de um número

relativamente elevado de amostras, é possível a obtenção das propriedades

estatísticas da solução do problema com a precisão desejada.

59

A solução de Elementos Finitos será obtida utilizando-se uma malha

unidimensional uniforme com 100n = elementos dispostos ao longo do

comprimento do tubo. As coordenadas dos nós serão tais que

1, 1, , 1k

kx k n

n

−= = +… (5.3)

Na figura 9 é mostrada como estão distribuídos os nós ao longo do

domínio.

Figura 9 - Malha de elementos finitos utilizada

Quanto ao modelo de impedância, se considerará que a mesma seja

composta por uma parte real e outra imaginária na forma

( ) ( ) ( )Z iω α ω ω β ω= + (5.4)

Os dois parâmetros ( ) ( ) e α ω β ω são dependentes da freqüência. Para

facilitar a notação se fará ( ) ( )α ω ω α ω= . Este modelo é bastante conheci-

do na literatura e encontra bastante emprego, uma vez que medições

experimentais fornecem os valores reais e imaginários da impedância. Ape-

sar deste tipo de formulação para a impedância não respeitar certas

condições no que concerne à causalidade do modelo no domínio do tempo

(Berthelot, 2001), esta formulação será utilizada apenas para análise dos

efeitos da incerteza sobre o campo de pressão no domínio espacial.

Neste exemplo, considera-se que o material da amostra de impedância

é a lã de vidro Manville4, para o qual os valores experimentais obtidos para

4 Este tipo de material é bastante comum para absorção de som. No presente caso,

os dados experimentais se referem à lã de vidro fabricada pela empresa norte-americana

Johns Manville Corporation.

60

os parâmetros ( ) ( ) e α ω β ω estão disponíveis em Bermúdez e Rodríguez

(1999) para uma ampla faixa de freqüências. Considera-se que há alguma

incerteza sobre os valores obtidos. Assim, o modelo de impedância propos-

to aqui se torna

( ) ( ) ( ), , ,Z iω θ α ω θ β ω θ= + (5.5)

Supondo que os valores disponibilizados por aqueles autores represen-

tam a média de uma variável estocástica subjacente e, para efeito de

análise, que o desvio padrão destas variáveis é conhecido, pode-se caracte-

rizar estes valores utilizando:

( ) ( ) ( )( )( ) ( ) ( )( )

1

2

, 1

, 1

α ω θ α ω σ ξ θ

β ω θ β ω σ ξ θ

= +

= + (5.6)

1 2 e ξ ξ são duas variáveis randômicas. Analisar-se-ão aqui os casos com o

parâmetro de escala 0,1σ = e 0,2σ = . Os valores numéricos deste parâ-

metro podem ser compreendidos como a flutuação máxima dos valores

reais e imaginário da impedância em torno dos seus valores médios. Esses

níveis de flutuação podem ser considerados conservadores se comparados

com os encontrados em Schultz et al. (2007b). Ainda assim, altos níveis de

incerteza serão obtidos na saída deste problema, conforme será visto a

seguir. Para definir qual a distribuição de probabilidade das variáveis alea-

tórias empregadas pode-se utilizar o principio da máxima incerteza: uma

vez que só se estabeleceu como dados a média e a flutuação de

( ) ( ) e α ω β ω , este princípio estipula que a função distribuição de probabili-

dade das mesmas deve ser tomada como uniforme (Soize, 2001, 2006).

Desta forma, 1 2 e ξ ξ serão consideradas duas variáveis uniformes, com

valores na faixa [ ]1,1− e independentes. Assim e α βσ σ , correspondentes ao

desvio padrão de ( ) ( ) e α ω β ω , são dados por

61

( )( ) ( )

( )( ) ( )

13

13

,

,

std

std

α

β

σ α ω θ α ω σ

σ β ω θ β ω σ

= =

= = (5.7)

Mais tarde, será utilizada como referência para a caracterização do

nível de incerteza a seguinte razão

( ) ( ) 3inr

βασσ σ

α ω β ω= = = (5.8)

que é uma medida de dispersão. No caso das variáveis de entrada

( ) ( ), e ,α ω θ β ω θ esta medida assume um valor constante em toda a faixa

de freqüência. Analogamente, para os dados de saída será utilizada como

variável de referência

[ ]p

outrp

σ=E

(5.9)

sendo e pp σ a pressão e o desvio padrão no duto. O problema será resol-

vido na faixa de freqüência de 1Hz a 2kHz em intervalos de 0,5Hz. Para

cada freqüência, utilizaram-se o método de Monte Carlo, método NISG e o

método da Colocação Esparsa para o cálculo das estatísticas dos resulta-

dos. A tabela 2 resume os parâmetros utilizados para cada um deles.

Tabela 2 – Parâmetros dos métodos utilizados

Método Características Número de Avaliações

(por freqüência)

Monte Carlo Número de amostras: 15000 15.000

NISG 20 20× elementos no espaço de suporte

(4 pontos de integração por elemento) 1.600

Colocação

Máxima ordem da aproximação: 4

Obtenção dos momentos: integração

gaussiana no espaço de suporte

Máximo: 114

62

Ressalte-se que todos os métodos fizeram uso do código de Elementos

Finitos desenvolvido para este trabalho, com exceção do método de Monte

Carlo que utilizou a solução analítica. Note ainda que o método NISG

pode convergir com um número de elementos no espaço de suporte bem

menor que aquele utilizado neste problema. Como se deseja verificar os

resultados obtidos, este número elevado de elementos será utilizado. Por

outro lado, o método da Colocação Esparsa convergiu, na grande maioria

das freqüências calculadas, utilizando somente uma aproximação de ordem

3, que requer apenas 49 avaliações do código de Elementos Finitos.

Dada a representação da eq. (2.23), a resposta ( , , )p x ω θ será uma

função de duas variáveis no espaço de suporte, ou seja,

( ) ( )1 2( , , ) ( , , , )p x p xω θ ω ξ θ ξ θ≈ . Desta forma, para calcular os momentos

desta variável é necessário recorrer a um esquema de integração bidimensi-

onal. No presente exemplo, utilizaremos um esquema de quadratura

numérica utilizando os pontos de Gauss, na forma

( ) ( ) ( ) ( )

( )( ) ( ) ( )

1 2 1 1 2 2 1 2

1 2 1 1 2 21 1

, , ,

,gp gp

n m n m

k k

N N

kn m

n m

p p x f f d d

w w p f f

ω ξ ξ ξ ξ ξ ξ

ξ ξ ξ ξ

+∞ +∞

−∞ −∞

= =

=

=

∫ ∫

∑∑ I

E

(5.10)

onde nw é peso no ponto de integração n e 1 2 e f f representam as funções

densidade de probabilidade de 1 2 e ξ ξ . Desta forma, para a integração

numérica, não se fez uso do código de Elementos Finitos, sendo apenas

necessário avaliar o interpolante esparso para o cálculo do valor da pressão

no ponto de integração 1 2( , )n mξ ξ . Esta etapa corresponde ao pós-

processamento da solução e diferentes métodos para a integração da equa-

ção anterior estão disponíveis como o método de Monte Carlo, por

exemplo.

Os resultados para este problema são mostrados a seguir.

63

Figura 10 – Pressão ao longo do domínio espacial: média e desvio padrão da parte real

para freqüência de 600Hz.

Figura 11 – Pressão ao longo do domínio espacial: média e desvio padrão da parte imagi-

nária para freqüência de 600Hz.

64

Figura 12 – Pressão ao longo do domínio espacial: média e desvio padrão da parte real

para freqüência de 1800Hz.

Figura 13 – Pressão ao longo do domínio espacial: média e desvio padrão da parte imagi-

nária para freqüência de 1800Hz.

Como pode ser notado nas figuras 10 a 13, os métodos utilizados para

esta avaliação concordam muito bem em todo o domínio espacial. Verifi-

car-se-á agora se esta concordância ocorre também para as várias

65

freqüências calculadas. Abaixo é mostrado o comportamento da variável

outr para um ponto no centro e dois outros na proximidade dos extremos

do domínio espacial. As linhas tracejadas horizontais representam o valor

da variável inr utilizada nos parâmetros de entrada. No caso, o desvio

padrão e a média se referem à parte real da pressão.

Figura 14 – Razão [ ]/outr pσ= E para a parte real da pressão em 0,1X = .

Figura 15 – Razão [ ]/outr pσ= E para a parte real da pressão em 0,5X = .

66

Figura 16 – Razão [ ]/outr pσ= E para a parte real da pressão em 0,9X = .

Figura 17 - Razão [ ]/outr pσ= E para a parte imaginária da pressão em 0,1X = . A

região detalhada será mostrada na fig. 18.

67

Figura 18 – Detalhe da região mostrada na fig. 17.

Figura 19 - Razão [ ]/outr pσ= E para a parte imaginária da pressão em 0,9X = .

Note que os resultados obtidos para esta variável utilizando o método

da Colocação Esparsa concordam muito bem com aqueles obtidos usando o

método de Monte Carlo e o NISG, em toda a faixa de freqüência utilizada.

Isto significa que, para este problema, o método da Colocação Esparsa

fornece resultados confiáveis para a análise de incerteza, sendo muito mais

econômico do ponto de vista computacional, uma vez que o número de

68

avaliações do código determinístico do método de Elementos Finitos foi

muito menor que das outras técnicas. Note ainda que, conforme esperado,

há um desvio nos valores de incerteza em relação ao método de Monte

Carlo para as freqüências mais elevadas, conforme pode ser notado no

detalhe mostrado na fig. 18. Isto advém do fato de o método de Colocação

Esparsa e o NISG utilizarem o código de Elementos Finitos, que apresenta

um erro de poluição em elevadas freqüências, enquanto o método de Monte

Carlo fez uso da solução analítica deste problema.

Uma vez verificada a técnica proposta, é feita a seguir uma análise da

incerteza da saída. Nota-se que os níveis de incerteza dos valores de saída

são significativos comparados com os valores de entrada. Na vizinhança de

todas as freqüências próprias deste sistema, os níveis de incerteza na saída

se elevam bastante, como pode ser observado comparando-se os picos e

vales das figuras anteriores com os da fig. 20, a qual mostra a função res-

posta em freqüência para a parte real nos pontos analisados. Por outro

lado esses mesmos níveis alcançam valores bem acima daqueles utilizados

como dado de entrada em diversas faixas freqüências.

Em uma primeira análise, pode-se argumentar que as incertezas se e-

levam nos pontos em que a média [ ] 0p ≅E , dada a razão expressa por

(5.9). De fato, é possível se constatar isso notando que as incertezas no

ponto 0.1X = , para a faixa de 1.2-2.0kHz, são as mínimas obtidas (vide

figura 14) e correspondem à situação em que a Função Resposta em Fre-

qüência (FRF) deste ponto não se anula (vide figura 21). No entanto, há

diversos pontos para a razão outr alcança valores muito superiores aos de

inr , apesar da média da parte real da pressão não tender a zero. Além

disso, deve ser notado que o aumento no nível de incerteza na entrada leva

a um aumento significativo na incerteza da saída.

69

As Funções Resposta em Freqüência média para os três pontos sele-

cionados estão mostradas nas figuras 20 a 22. Nas mesmas figuras, são

apresentadas as regiões de confiabilidade equivalentes a 95%, para os dois

valores da dispersão da entrada. Como se pode notar, esta região de confi-

abilidade tem grande variação ao longo da faixa de freqüência analisada. A

maior contribuição para a avaliação dos níveis de incerteza da resposta,

obtida a partir das funções resposta em freqüência mostradas e de sua

faixa equivalente a 95% de confiança valores amostrados5, é a determinação

de quais combinações entre freqüência/posições no domínio são aquelas

que apresentam o mínimo de incerteza. Essas combinações são as mais

adequadas para a medição da pressão acústica nesse tipo de ensaio. Além

disso, tal informação permite estabelecer níveis de confiabilidade para os

dados medidos experimentalmente, garantido que pontos com menores

níveis de incerteza tenham peso maior no cálculo da impedância acústica

de determinado material. Esta é uma tarefa que deve ser feita na fase de

pós-processamento, ou seja, após a medição experimental da impedância

do material, deve ser calculada a região de confiabilidade e a seguir deve-se

recalcular a impedância, atribuindo maior peso aos dados com menor nível

de incerteza.

Assim, a análise dos resultados mostrados leva a conclusão que as

medições realizadas no tubo de Kundt devem ser bastante criteriosas no

que concerne a posição dos microfones, devendo-se buscar posições para a

colocação dos mesmos que correspondam aos mínimos de outr .

5 Um intervalo de confiança de 95% equivale a dizer que 95% dos valores de uma

amostra se encontram dentro da faixa especificada. Esta faixa equivale àquela obtida do

2,5 ao 97,5 percentil (Montgomery e Runger, 2003).

70

Finalmente, nota-se que à parte da simplicidade aparente do modelo

físico, este problema apresenta características não lineares, conforme tam-

bém já havia sido demonstrado por Schultz et al. (2007b), e de

amplificação das incertezas da entrada em relação à saída. Diferentemente

do método utilizado por aqueles autores, o método da Colocação Esparsa

não apresenta problemas quando o nível de incerteza da entrada é elevado,

o que o torna uma ferramenta muito adequada para a análise desse tipo de

problema.

71

Figura 20 - P

arte real da Função Resp

osta em Freqüência da pressão entre os p

ontos X=0.1,0.5,0.9 e a fonte.

72

Figura 21 - P

arte imaginária da Função R

esposta em

Freqüência da pressão entre os pontos X

=0.1,0.5,0.9 e a fonte.

73

Figura 22 - P

arte imaginária da Função R

esposta em

Freqüência da pressão entre os pontos X

=0.1,0.5,0.9 e a fonte.

74

5.2 Cavidade Bidimensional

Neste problema, trataremos do caso de uma cavidade bidimensional

na qual uma das paredes é revestida com material para absorção de som.

O foco desta análise é realizar uma verificação para atestar a correção do

código. Além disso, este tipo de cavidade bidimensional é muito estudada

na literatura, pois pode representar adequadamente os Helmholtz Resona-

tors, além de ser uma geometria prática tanto para visualização dos

resultados quanto para verificação de modelos de impedância e de elemen-

tos finitos em Acústica (Bermúdez e Rodríguez, 1999). A geometria do

domínio físico utilizado neste problema é mostrada na fig. 23.

(a) (b)

Figura 23 – (a) Geometria da cavidade; (b) malha de Elementos Finitos utilizada. Dimen-

sões em metros

Uma fonte pontual (delta de Dirac) está posicionada no interior da

cavidade e gerará um campo de pressão harmônico nesse meio. A cavidade

tem uma de suas paredes revestidas com material para absorção sonora. A

impedância deste material é definida da mesma forma que foi utilizada na

75

aplicação anterior, inclusive no que se refere ao modelo estocástico, e serão

utilizados os mesmos níveis de incerteza de entrada aplicados ao problema

unidimensional.

A tabela 3 mostra os parâmetros utilizados nos dois métodos para

análise de incerteza. Desta feita, não foi utilizado o método de Monte

Carlo, uma vez que a aplicação anterior demonstrou que o método da

Colocação Esparsa e NISG podem representar adequadamente este tipo de

modelagem estocástica.

Na figuras 24 e 25, são mostrados os resultados para o campo de

pressão nesta cavidade.

Tabela 3 – Parâmetros dos métodos utilizados

Método Características Número de Avaliações

(por freqüência)

NISG 20 20× elementos no espaço de suporte

(4 pontos de integração por elemento) 1.600

Colocação

Máxima ordem da aproximação: 5

Obtenção dos momentos: integração

gaussiana no espaço de suporte

Máximo: 870

76

Figura 24 – Campo de pressão para a freqüência de 400Hz: NISG

77

Figura 25 – Campo de pressão para a freqüência de 400Hz: método de Colocação Esparsa

As figuras 24 e 25 mostram o campo de pressão (valor médio, desvio

padrão e razão outr ) para a solução obtida utilizando-se o NISG e o método

da Colocação Esparsa, respectivamente. Como se pode notar, as duas

técnicas concordam muito bem tanto na parte real como na parte imaginá-

ria. O nível de dispersão aplicada às variáveis de entrada corresponde a

0,1σ = que equivale a 1,480,033 10inr−≅ ≅ . É possível constatar também

que, em se tratando na parte real, a incerteza na saída supera os valores de

entrada em diversas regiões e em todo o domínio, quando se trata da parte

78

imaginária. Outra importante característica que fica bastante explícita no

gráfico da variável outr é o fato desta incerteza apresentar uma distribuição

espacial bastante complexa. No mesmo gráfico podemos notar regiões nas

quais a incerteza é bastante reduzida próximas à regiões nas quais essa

mesma variável assume valores elevados.

Para comparar estas duas técnicas de maneira mais eficiente, 4 pon-

tos nesse domínio foram selecionados e a razão outr foi calculada nesses

pontos para cada freqüência na faixa de 100-600Hz. As localização desses

pontos é mostrada na fig.23a e suas coordenadas são dadas por

1 (0,5;0,5)x = , 2 (0,3;0,7)x = , 3 (0,8;0,2)x = , 4 (0,9;0, 8)x = . Os pontos

foram escolhidos de forma a evitar a proximidade da fonte. Esse resultado

está mostrado na figs. 26 e 27. Como pode ser constatado a partir da aná-

lise desse resultados, há uma excelente concordância entre as duas

metodologias em toda a faixa de freqüência amostrada.

Há grande semelhança entre a análise deste resultado com aquele ob-

tido quando da análise do problema unidimensional. A principal

semelhança consiste no fato de a incerteza aumentar significativamente nas

proximidades das freqüências próprias do sistema. No entanto, pode-se

perceber faixas de freqüências com pouca ou nenhuma proximidade de uma

freqüência própria (400-450Hz, por exemplo) onde a incerteza atinge valo-

res reduzido em alguns pontos do domínio e elevados em outros. Ademais,

é bastante notório que a incerteza da saída supera a incerteza de entrada

em toda a faixa de freqüência quando esta análise é realizada para a parte

imaginária da pressão.

79

Figura 26 – outr da parte real para os 4 pontos selecionados

80

Figura 27 – outr da parte imaginária para os 4 pontos selecionados

5.3 Cavidade Tridimensional

Conforme foi visto anteriormente, para uma análise da propagação de

incertezas se faz necessária a caracterização das variáveis randômicas do

modelo. No caso da impedância de materiais para absorção de som, esta

caracterização estatística esbarra na acentuada complexidade do mecanis-

mo de dissipação de energia sonora realizada pelo material. Apesar dos

diversos modelos existentes que pretendem descrever empiricamente a

81

absorção de materiais porosos (Voronina, 1999), as informações disponíveis

atualmente são bastante restritas.

Uma vez que a descrição física do processo de dissipação não pode ser

feita de maneira precisa, outros métodos devem ser utilizados para descri-

ção deste fenômeno. Caso se consiga uma minimização dos erros de

medição experimental das propriedades acústicas do material, as informa-

ções coletadas podem ser utilizadas para caracterizar o fenômeno de

dissipação subjacente. Assim, mesmo com conhecimento limitado do com-

portamento físico do sistema, ainda será possível estabelecer relações entre

variáveis de entrada e de saída. Esta classe de modelos, conhecidos como

modelos data-driven tem recebido cada vez mais atenção nos últimos anos

devido à necessidade de se obter uma descrição estatística acurada (ou

mesmo determinística) de sistema de elevada complexidade física, à facili-

dade de computação dos dados coletados, à melhoria e diminuição dos

custos de equipamentos para aquisição de dados etc.

Em Ganapathysubramanian e Zabaras (2007b) um modelo data-

driven foi utilizado para gerar uma base de dados experimentais a partir

de certo número de amostras. Tal base serviu como dado de entrada para a

solução das equações diferenciais estocásticas que descrevem o processo de

propagação de calor em meios heterogêneos. Já Faverjon e Soize (2004a,b)

propuseram um modelo data-driven para a descrição da impedância em um

sistema de multicamadas para controle de ruído e um modelo randômico

destinado a aumentar a confiabilidade do modelo algébrico obtido a partir

dos dados medidos experimentalmente.

Nesta aplicação se levarão em conta essas duas abordagens: utilizan-

do-se o modelo randômico proposto por Faverjon e Soize (2004a,b), será

obtida uma base de dados composta de um conjunto de amostras que

simulará a situação em que diversos dados experimentais estão disponíveis.

82

Esses dados servirão de entrada para o modelo de Elementos Finitos esto-

cásticos que representa a impedância em uma placa posicionada em uma

parede de uma cavidade tridimensional. Usando a decomposição de Ka-

rhunen-Loève esta base de dados será representada através de um conjunto

de matrizes relacionando a iteração entre cada nó e um grupo de variáveis

estocásticas gaussianas.

5.4 Modelo Randômico para a Impedância Não-Local

A descrição física da impedância em materiais porosos encontra

grandes dificuldades devido à complexidade da interação fluido-estrutura

entre a matriz porosa e o ar. Tal dificuldade se mantém quando o sistema

analisado é um sistema multicamadas. Este tipo de sistema tem amplo uso

em controle de ruído em freqüências altas e médias em aeronaves, veículos,

sistemas de exaustão etc. Uma descrição detalhada de um dos vários expe-

rimentos para coleta de dados experimentais para uma placa deste tipo

pode ser encontrada em Faverjon e Soize (2004a). Não se entrará em gran-

de detalhamento sobre o procedimento experimental seguido pelos autores,

tarefa já minuciosamente feita no artigo acima citado. A seguir, faz-se uma

pequena descrição do modelo de impedância proposto.

Trata-se de uma camada de material poroso inserida entre duas finas

placas de alumínio. A dimensão deste sistema é de 0,6m×0,4m e o mesmo

é suportado por placas rígidas ao longo de suas extremidades. A seção

transversal do sistema é mostrada na fig. 28. Na figura 29 são mostrados

os pontos utilizados para a medição da velocidade.

83

Figura 28 – Seção transversal da placa

Figura 29 – Localização dos pontos de excitação e medição da velocidade

Os pontos de medição têm a mesma coordenada e x y mas diferem

na coordenada z . Cada um dos pontos da placa externa à câmara recebeu

uma excitação e as velocidades foram medidas nos 25 pontos da placa

interna 2P e nos outros 25 da placa externa 1P de alumínio que recobrem o

meio poroso.

A impedância acústica equivalente do sistema é definida como o ope-

rador integral ( )ωZ , dada pela função à valores complexos ( , , )z ω′x x tal

que

( ) ( ) ( ) ( ) ( )( )

1 2

1 2

, ( ) , , ( )

( , , ) , , d

P P

P P

S

p v v

z v v S

ω ω ω ω

ω ω ω ′′∈

= ⋅ − ⋅

′ ′ ′= −∫ x

x

x x

x x x x

Z

(5.11)

84

sendo que ( , , )z ω′x x é a função densidade da impedância acústica equiva-

lente. 1 2 e P Pv v representam a velocidade no ponto ′x da placa 1 e 2,

respectivamente. p é a pressão no ponto x e S é a superfície de 1P onde a

integral (5.11) é definida.

O modelo local para a impedância foi definido como

( ) ( ) ( )( )1 2, ( , ) , , ,loc P Pp z v v Sω ω ω ω= − ∀ ∈x x x x x (5.12)

e a relação entre as duas representações da impedância dada por

0( , , ) ( , ) ( )locz zω ω δ′ ′= −x x x x x (5.13)

0( )δ ′−x x é a função delta de Dirac. Para a definição de um modelo algé-

brico desta impedância local define-se a função ( ) ( ), , ,zζ ω ω=x x x cujas

partes real e imaginária são dadas por ( ),Rζ ωx e ( ),Iζ ωx tal que

( ) ( ) ( ), , ,R Iiζ ω ζ ω ζ ω= +x x x e a função ( ), ,Rρ ω′x x que corresponde à

normalização de ( , , )Rz ω′x x definida por

( )

( , , )( , , )

, ( , )

R

R

R R

z ωρ ω

ζ ω ζ ω

′′ =

x xx x

x x (5.14)

e para a parte imaginária ( ), ,Iρ ω′x x

( )

( , , )( , , )

, ( , )

I

I

z ωρ ω

ζ ω ζ ω

′′ =

x xx x

x x (5.15)

Logo, é possível obter a seguinte expressão para ( , , )z ω′x x

( )

( )( )

( , , ) , ( , )

, ( , )( , , ) ( , , )

, ( , )R R

R I

z

i

ω ζ ω ζ ω

ζ ω ζ ωρ ω ρ ω

ζ ω ζ ω

′ ′= ×

′ ′ ′+ ′

x x x x

x xx x x x

x x

(5.16)

Utilizando as considerações acima, a análise feita por Faverjon e Soize

(2004a,b) dos dados experimentais obtidos mostrou que para freqüências

abaixo de 300Hz a impedância é não local no espaço. Além disso, para

85

freqüências acima de 300Hz foi possível constatar que a impedância acústi-

ca equivalente experimental pode ser considerada homogênea e isotrópica.

Desta forma a função densidade da impedância acústica equivalente de-

penderá somente da distância ′−x x e a função ( ),Rζ ωx não dependerá

de x . Portanto, a equação (5.16) pode ser reescrita como

( )

( , ) ( ) ( , ) ( , )( )R

R Iz iζ ω

ω ζ ω ρ ω ρ ωζ ω

′ ′ ′− = − + − x x x x x x (5.17)

Aqueles autores definiram os modelos algébricos para ( , )Rρ ω′−x x e

( , )Iρ ω′−x x com base na análise dos dados experimentais disponíveis o

que resultou em

/ ( )( , ) cos(2 / ( ))RLR Re η ωρ η ω πη λ ω−= (5.18)

/ ( )( , ) cos(2 / ( ) ( ))ILI I Ie η ωρ η ω πη λ ω φ ω−= + (5.19)

onde é definido η ′= −x x . Para manter a simplicidade do modelo e

verificando que não há ganho significativo em manter as variáveis

( ), ( ), ( ), ( ) e ( )R R I I IL Lω λ ω ω λ ω φ ω dependentes da freqüência, estas foram

assumidas como sendo constantes em Faverjon e Soize (2004a). No entanto,

com o intuito de aumentar a robustez do modelo, as variáveis , e R I Iλ λ φ

foram consideradas como randômicas. Desta forma, este modelo foi reescri-

to como

/( , ) cos(2 / ( ))RLR Re ηρ η θ πη λ θ−= (5.20)

/( , ) cos(2 / ( ) ( ))ILI I Ie ηρ η θ πη λ θ φ θ−= + (5.21)

A função da impedância será um campo randômico, dependente da

freqüência e da distância entre dois pontos, ou seja,

( )

( , , ) ( ) ( , ) ( , )( )R

R Iz iζ ω

η ω θ ζ ω ρ η θ ρ η θζ ω

= + (5.22)

86

Com base nos dados experimentais, as seguintes funções foram pro-

postas para ( )Rζ ω e ( )Iζ ω

( ) 0

0 0

0

/( )

RbR

R R

max

a

R R R R

R

e

γ

ω ωωζ ω ζ ζ ζ

ω

− = + −

(5.23)

( )

0

4 222 2

( ) 1I II I I

I I

a db c

eζ ω ω ω

ω ω ω ω

= + − + − + (5.24)

e os parâmetros que definem estas funções foram determinados de forma a

minimizar o erro entre os dados experimentais na banda de freqüência

analisada [100,1600]Hz=B . Os valores numéricos foram calculados como

0

0

6 3R

6 3

1,678 10 Pa s/m 2 2

4,717 10 Pa s/m 5303 rad/s 46max

R R

R R R

b

a

ζ γ

ζ ω

= × = =

= × = =

0

3 9 16

25 3 14 6

4,86 10 rad/s 4,7 10 8 10

10 Pa s/m 1,6 10 2,4 10

I I I

I I I

a b

c d e

ω −

= × = × = ×

= = × = ×

Para determinação das funções ( , ) e ( , )R Iρ η θ ρ η θ é necessário estabe-

lecer um modelo para as variáveis estocásticas , e R I Iλ λ φ , o que requer a

definição de suas funções distribuição de probabilidade. O princípio da

máxima entropia foi utilizado para tal tarefa. Com os dados disponíveis

nos experimentos, este princípio estabelece que as funções distribuições de

probabilidade devam ter a forma (Faverjon e Soize, 2004a)

( )

( )

( )

21 2

21 2

21 2

0

0

[ , ] 0

( )

( )

( )

R R

R

I I

I

I

R

I

p C e

p C e

p C eφ φ

µ ξ µ ξλ

µ ξ µ ξλ

φ µ ξ µ ξφ π π

ξ ξ

ξ ξ

ξ ξ

+

+

− −

− −

− −−

=

=

=

1

1

1

(5.25)

onde as constantes assumem os seguintes valores

0 1 2

0 1 2

0 1 2

0,926 -67,377 442,809

1,012 -81,157 662,792

0,008125 -8,337 3,564

R R R

I I I

C

C

C φ φ φ

µ µ

µ µ

µ µ

= = =

= = =

= = =

87

Com as funções definidas, é possível então obter um conjunto de a-

mostras para ( , , )z η ω θ através da equação (5.22). Abaixo estão mostradas

algumas amostras obtidas para a impedância ( , , )z η ω θ em função da dis-

tância η , ao se utilizar o modelo proposto por Faverjon e Soize (2004a).

Figura 30 – Algumas amostras para a impedância ( , , )z η ω θ

obtidas através da equação (5.22)

5.5 Descrição do Modelo Físico e Resultados

Para introduzir este modelo de impedância no presente trabalho, um

conjunto de amostras obtidas através da eq.(5.22) será gerado e representa-

rá os dados pseudo-experimentais disponíveis. Neste ponto, devem-se

buscar alternativas para a representação deste conjunto de dados através

de um espaço de dimensão finita que possa ser utilizado para a aproxima-

ção na representação da impedância. A expansão de Karhunen-Loève é

88

uma das muitas formas que permitem esta representação (Ghanem e Spa-

nos, 1991). Esta expansão apresenta diversas vantagens, dentre as quais a

mais importante corresponde ao fato de que essa representação utiliza um

número mínimo de bases. Uma vez que o número de bases tem relação

direta com o número de variáveis utilizadas para o espaço de suporte da

dimensão estocástica, a economia da representação permitirá uma econo-

mia no número de variáveis estocásticas a serem utilizadas.

O modelo físico a ser representado corresponde a uma cavidade tri-

dimensional na qual uma das paredes é revestida por uma placa

multicamadas como a utilizada por Faverjon e Soize (2004a). Considera-se

uma fonte pontual tipo Delta de Dirac colocada em um dos cantos da

cavidade. A representação do domínio físico utilizado é mostrada na fig.

31a.

(a) (b)

Figura 31 – (a) Geometria da cavidade; (b) malha de Elementos Finitos utilizada.

A malha de Elementos Finitos utilizada é mostrada na fig. 31b e cor-

responde a um conjunto de 1000 elementos tridimensionais na forma de

paralelepípedos com 8 nós e funções de interpolação lineares. O modelo

descrito na seção anterior permite um tratamento não local para a impe-

dância acústica. Assim, as matrizes de impedância e admitância obtida

89

para a forma discreta de das equações diferenciais deste sistema represen-

tam a interação entre os nós da superfície onde há a absorção sonora. A

condição de impedância correspondente à placa foi aplicada na face de um

conjunto de 4×4 elementos posição central da parede oposta à posição da

fonte (fig. 31b). A matriz de impedância tem a forma

( )

1,1 1,2 1,

2,1 2,2

,1 ,

,

N

N N N

z z z

z z

z z

ω θ

=

Z

(5.26)

onde , ,( , , )i j i jz z η ω θ= sendo ,i j i jη ′= −x x . De acordo com o número de

nós utilizados para representar a placa, tem-se 25N = . Nota-se que Z é

simétrica e que só se faz necessário o cálculo de apenas uma das linhas da

matriz (para o presente caso, no qual a distribuição espacial dos nós é

dada pelas coordenadas mostradas na fig. 31b).

Desta forma, é possível calcular certo número de amostras de Z e a

partir desta série de amostras obter uma representação compacta de ma-

neira bastante prática utilizando o método dos retratos (Sampaio e Wolter,

2001). Isto permitirá representar a matriz de impedância utilizando a série

( ) ( )1

, ( ) ( ) ( )i i ii

ω θ ω λ ω ξ θ ω∞

=

= +∑Z Z Z (5.27)

onde ( ) iξ θ é um conjunto de variáveis gaussianas de média nula e desvio

padrão unitário, ( )iλ ω e ( )i ωZ são os autovalores e autovetores do núcleo

de covariância. Utilizando o método dos retratos, esses fatores podem ser

calculados através da solução do seguinte problema de autovalor

λΨ = ΨC (5.28)

no qual as colunas da matriz Ψ serão compostas pelos vetores ( ),iψ η ω ,

que é um ordenamento dos elementos da matriz ( ),i ω θZ na forma de um

90

vetor ( ) 1,1 1,2 1, 2,1 ,, i i i i ii N N Nz z z z zψ η ω =

… … e C é a matriz de

correlação espacial obtida a partir das amostras da impedância. O suporte

de cada variável estocástica da decomposição é ] [,−∞ +∞ . Assim, para a

utilização do método de Colocação Esparsa tal com utilizado neste traba-

lho, este domínio foi truncado para o intervalo [ ]4, 4− + o que equivale a

um intervalo de confiança de 99,994% . A decomposição (5.27) será feita

para cada freqüência que se deseja analisar. De posse da descrição da im-

pedância, o procedimento de solução deste problema pode ser

esquematizado conforme a figura abaixo.

Figura 32 – Fluxograma para a obtenção das propriedades estatísticas

do campo de pressão

O esquema de adaptatividade no espaço de suporte foi utilizado, con-

forme ilustrado na seção 4.3.3. A convergência para este problema foi

91

obtida com a utilização de 10121 pontos de interpolação no espaço de

suporte. Uma vez calculado o interpolante esparso, 20000 amostras de cada

variável estocástica de entrada foram obtidas e o campo de pressão foi

interpolado. Destes 20000 valores do campo de pressão a média e o desvio

padrão foram calculados. As figuras 33 a 38 mostram os resultados espaci-

ais para a malha empregada no que concerne à média e ao desvio padrão

das partes real e imaginária da pressão, para as freqüências de 400 e

500Hz.

Como pode ser constatada, para as freqüências mostradas, a distribu-

ição da incerteza alcança níveis da ordem de 1% para a parte real. Já para

a parte imaginária, esses níveis são de várias ordens de grandeza. Isto se

deve ao fato de a média da parte imaginária da pressão assumir valores

próximos de zero em todo o domínio, diferentemente do que acontece com

a média da parte real. No entanto, analogamente ao caso unidimensional

analisado, tais níveis podem aumentar sem que o valor médio da pressão

tenda a zero (note-se a incerteza nas proximidades da fonte para a fre-

qüência de 400Hz).

Ainda, é possível verificar, principalmente no gráfico da razão outr pa-

ra a parte real, que existem diversas regiões dentro do domínio espacial nas

quais a incerteza alcança valores próximos ao máximo. A distribuição

espacial desta variável apresenta grande complexidade seguindo o exemplo

do mesmo campo obtido para o caso bidimensional. Desta forma, a locali-

zação das regiões de valores elevados ou reduzidos da incerteza não poderia

ser obtida de maneira simples através da mera medição da pressão em

vários pontos do domínio. Desta maneira, a análise estocástica se torna

fundamental para fornecer tal informação.

92

(a) (b)

Figura 33 – Campo de pressão: valores médios para a freqüência de 400 Hz

(a) (b)

Figura 34 – Campo de pressão: desvio padrão para a freqüência de 400 Hz

(a) (b)

Figura 35 – Campo de pressão: razão outr para a freqüência de 400 Hz

93

(a) (b)

Figura 36 – Campo de pressão: valores médios para a freqüência de 500 Hz

(a) (b)

Figura 37 – Campo de pressão: desvio padrão para a freqüência de 500 Hz

(a) (b)

Figura 38 – Campo de pressão: razão outr para a freqüência de 500 Hz

94

Capítulo 6

Conclusões e Trabalhos Futuros

Este trabalho propôs uma metodologia para a análise de propagação

de incertezas em problemas de acústica. Tal metodologia se baseia no uso

de uma representação intuitiva do espaço randômico, de técnicas de colo-

cação que permitem o desacoplamento do sistema de equações diferenciais

obtido em relação ao domínio físico espacial e na utilização de interpolan-

tes eficientes para aproximação do campo de pressão na dimensão

estocástica. Apesar de este trabalho ter limitado sua análise aos efeitos da

incerteza na impedância de materiais para a absorção de som, tal metodo-

logia pode ser diretamente aplicada quando esta incerteza estiver presente

em outros parâmetros físicos do sistema, como na intensidade e freqüência

das fontes acústicas, variabilidade da temperatura do meio fluido etc.

Ficou bastante claro que a solução de problema de acústica levando-

se em conta as incertezas de entrada é um problema computacionalmente

intensivo. Por outro lado, alternativas clássicas como o método de Monte

Carlo, método da Perturbação ou o método de Elementos Finitos Espec-

trais ainda apresentam limitações ora devido à quantidade de recursos

computacionais requeridos ora na capacidade de representar adequadamen-

te problemas com alta Variabilidade na entrada. Por outro lado, a

alternativa proposta aqui para este tipo de análise representa uma impor-

tante ferramenta, pois provou ser eficiente nos exemplos apresentados,

95

reduzindo significativamente o esforço computacional requerido necessário

e ainda assim mantendo um nível de representação adequado dos fenôme-

nos estocásticos, mesmo em face de grandes flutuações nos parâmetros de

entrada.

Diferentemente das outras duas técnicas aplicadas (o método de

Monte Carlo e o NISG), a metodologia utilizada transfere para a etapa de

pós-processamento toda a análise estatística requerida. Uma vez que as

avaliações do código de Elementos Finitos espacial são substituídas pela

avaliação do interpolante esparso, o analista pode empregar diferentes

técnicas de obtenção dos momentos e da função de distribuição de probabi-

lidade, fazendo tantas avaliações quantas achar necessárias para a correta

obtenção desses resultados. O método da Colocação Esparsa apresenta

ainda outras vantagens, dentre elas pode-se citar o fato de ser uma abor-

dagem que requer pouca ou nenhuma alteração dos códigos de Elementos

Finitos já utilizados para problemas de Acústica e acentuada facilidade de

paralelização.

Outro aspecto tratado neste trabalho analisou a influência da Varia-

bilidade da impedância em materiais de absorção sonora sobre o

comportamento do campo de pressão em recintos fechados, informação de

grande importância para o projeto de sistemas de controle passivo de ruí-

do. A maior dificuldade que reside neste tipo de análise é como

caracterizar a incerteza das variáveis de entrada. A correta caracterização

deste tipo de parâmetro físico ainda é objeto de muito estudo e talvez a

alternativa mais atrativa, no presente estado da arte, seja a utilização de

modelos data-driven, nos quais os intrincados fenômenos decorrentes da

absorção sonora em materiais porosos podem ser razoavelmente represen-

tados.

96

Notou-se, nos resultados apresentados aqui, que a incerteza nos pa-

râmetros que definem a impedância de um material de absorção tem um

impacto bastante significativo sobre a incerteza nos níveis de pressão sono-

ra em ambientes fechados e em experimentos para a medição de

propriedades acústicas de materiais para a absorção de som. Desta forma,

tal análise deve ser considerada na realização de medições experimentais,

pois permite estabelecer posições para a tomada de pressão, além de forne-

cer informações vitais sobre a confiabilidade dos dados medidos.

A partir do trabalho desenvolvido aqui, pode-se vislumbrar diversas

alternativas para trabalhos futuros, dentre as quais se podem citar:

a) A obtenção de um modelo data-driven para a impedância, que já

inclua na sua descrição as características estocásticas, representa

uma importante fonte de informação para a caracterização física e

projetos de isolação acústica para qualquer material. Atualmente,

há disponível uma ampla base de dados, obtida a partir de medi-

ções experimentais realizadas pelo grupo SACADS do Laboratoire

de Mecanique et Acoustique (LMA-CNRS, Marseille, França), para

a propagação em baixas freqüências em uma cavidade recoberta

com material para absorção de som (Poffa e Friot, 2004).

b) Avaliação da influência da incerteza em outras variáveis em pro-

blemas de Acústica. Particularmente, a influência da incerteza nas

características da fonte sonora como freqüência, intensidade, fase,

posição etc. sobre a incerteza sobre o campo de pressão.

c) Utilizar somente uma plataforma de desenvolvimento de progra-

mação. Atualmente, os códigos computacionais utilizados neste

trabalho foram desenvolvidos na plataforma MATLAB® e para o

FORTRAN90. A conversão de todos os códigos para FORTRAN90

97

permitirá o uso em clusters de computadores e facilitaria a porta-

bilidade do código entre sistemas.

d) A integração necessária para o cálculo dos momentos do campo de

pressão foi feita neste trabalho através da integração gaussiana

quando o número de dimensões do espaço de suporte era bidimen-

sional e da técnica de Monte Carlo para o problema

tridimensional. A técnica de interpolação utilizando o algoritmo de

Smoljak encontra-se bastante desenvolvida para a integração de

funções multidimensionais (Novak e Ritter, 1996). Uma alternativa

possível para esta integração seria utilizar a própria estrutura do

interpolante esparso do campo de pressão para a obtenção do valor

de sua integral, dada a forma da integração utilizando a eq. (2.4).

Isto permitiria grande economia no pós-processamento e aumento

da precisão dos momentos calculados.

98

Apêndice A

Outros métodos para análise estocástica

A.1 Métodos de perturbação

O método da Perturbação se tornou o método não estatístico mais

aplicado para a análise estocástica devido à simplicidade da técnica e a sua

robustez no tratamento de problemas em sistema sujeitos à pequenas per-

turbações. Alguns trabalhos contendo revisões e notas históricas sobre o

desenvolvimento deste método podem ser encontrados na literatura

(Schuëller, 1997, Ghanem e Spanos, 1999, Elishakoff et al., 1996).

Conforme será visto a seguir, a perturbação estocástica pode ser vista

como uma oscilação em torno do valor médio do sistema, e essas perturba-

ções podem ser obtidas através de uma expansão em série de Taylor do

operador e de outras funções envolvidas na equação diferencial parcial

estocástica. Devido à grande complexidade matemática resultante, apenas

expansões usando um ou dois termos são utilizadas, que permitem o cálcu-

lo do 1º e 2º momentos.

Dado que um processo estocástico tenha sido modelado utilizando-se

n variáveis randômicas. Assim, operador estocástico na eq. (2.25) pode ser

representado como

99

( )( ( ), ) ( ( ), ) ( ( ), )x u x f xξ θ ξ θ ξ θ=L (A.1)

Expandindo ( ( ), )xξ θL e a solução ( ( ), )u xξ θ em torno da média es-

pacial obtem-se

2

1 1 1

( , ) ( ) ( , ) ( , )n n n

i i j

i i ji i j

x x x xξ ξ ξ ξ ξ ξξ ξ ξ= = =

∂ ∂= + + +

∂ ∂ ∂∑ ∑∑L L R R … (A.2)

2

1 1 1

( , ) ( ) ( , ) ( , )n n n

i i j

i i ji i j

u x u x u x u xξ ξ ξ ξ ξ ξξ ξ ξ= = =

∂ ∂= + + +

∂ ∂ ∂∑ ∑∑ … (A.3)

Sendo que ( )ξ θ ξ≡ (a dependência de θ ficará implícita a partir des-

te ponto para melhorar a legibilidade) e ( )( ) ( , )x xξ=L LE representa a

média do operador original, ( , )xξR a parte randômica e com expectativa

nula, ou seja, ( )( , ) 0xξ =RE e ξ é um vetor n-dimensional contendo as

variáveis randômicas com média nula. Se a excitação é considerada como

sendo determinística, que o desvio padrão das variáveis iξ é pequeno em

relação as suas médias e se substituir as expansões (A.2) e (A.3) na eq.

(A.1), obtem-se

( ) ( )

1 1

1 1

1 1

( ) ( , ) ( ) ( , )

( ) ( ) ( ) ( , ) ( , ) ( )

( , ) ( , ) ( )

n n

i i

i ii i

n n

i ii ii i

n n

i ii ii i

x x u x u x

x u x x u x x u x

x u x f x

ξ ξ ξ ξξ ξ

ξ ξ ξ ξξ ξ

ξ ξ ξ ξξ ξ

= =

= =

= =

∂ ∂ + + = ∂ ∂ ∂ ∂ + + + ∂ ∂

∂ ∂ = ∂ ∂

∑ ∑

∑ ∑

∑ ∑

L R

L L R

R

(A.4)

que resulta em um polinômio multidimensional para iξ . Equacionando os

polinômios de mesma ordem com o lado direito da equação e desprezando

o produto entre as flutuações resultará

( )

( )1 1

( ) ( ) ( )

( ) ( , ) ( , ) ( ) ( )n n

i ii i

x u x f x

x u x x u x f xξ ξξ ξ= =

=

∂ ∂ + = ∂ ∂ ∑ ∑

L

L R

(A.5)

100

Que é um sistema de equações que pode ser resolvido para a obten-

ção de ( , ) e ( )u x u xξ . Dependendo da magnitude das flutuações, maiores

ou menores números de termos devem ser incluídos nesta derivação. A

expansão resultante pode ser extremamente complexa e a solução, impossí-

vel de obter. Este fator tem limitado a aplicação da técnica para sistemas

apresentando pequenas flutuações.

Se o número de variáveis aleatórias for elevado, o esforço para o cál-

culo dos momentos de segunda ordem poderá comprometer a

aplicabilidade do método. Neste caso, técnicas para a redução do número

de variáveis podem ser utilizadas, selecionando as variáveis de maior im-

pacto na resposta do problema (aquelas que possuem a covariância mais

elevada). Uma revisão de alguns métodos utilizados para esse fim pode ser

encontrada em Schüller (1997).

Um método melhorado para a técnica de perturbação foi proposto

por Elishakoff et al. (1995). Apesar de ser considerado um método de pri-

meira ordem, ficou demonstrado que ele é mais preciso que os métodos

convencionais de segunda ordem. Isto pode ser alcançado levando-se em

consideração os parâmetros estatísticos de segunda ordem das variáveis de

entrada no cálculo do valor médio da resposta na equação (A.2).

Utilizando cálculo matricial e álgebra de Kronecker, Zhang et al.

(1996) estenderam o método da perturbação para operadores matriciais e

vetoriais tornando sua aplicação mais adequada para problemas de elemen-

tos finitos.

Kaminski (2006) desenvolveu um método da perturbação generaliza-

da que permite o desenvolvimento sistemático da aproximação para ordens

elevadas. A técnica, que faz uso de computação simbólica, foi aplicada para

perturbações até de décima ordem e demonstrou que a convergência de-

pende principalmente da covariância das variáveis randômicas utilizadas. A

101

princípio este procedimento poderia estender o método da perturbação

para o tratamento de problemas com grandes variações. No entanto, o

problema tratado foi bastante simples: uma barra sob tração com módulo

de elasticidade sendo uma variável aleatória. A eficiência da técnica para

problemas complexos ainda não foi provada.

A.2 Séries de Neumann

Enquanto no método de perturbação o operador é expandido em uma

série de Taylor, nos métodos de Neumann o operador é expandido em uma

série convergente em termos da inversa da média do operador. A série de

Neumann é uma série convergente para a inversa dada por

1

0

(1 ) k

k

x x∞

=

− =∑ (A.6)

Para matrizes quadradas a série é dada por

1

0

( ) k

k

I A A∞

=

− =∑ (A.7)

Sendo que I é a matriz identidade de mesma dimensão de A . Esta

série será convergente caso a norma 1A < . Considere a eq. (A.1) cuja

solução é dada por

( )1( ( ), ) ( ( ), ) ( ( ), )u x x f xξ θ ξ θ ξ θ−= L (A.8)

Sendo que 1( ( ), )xξ θ−L representa a inversa do operador ( ( ), )xξ θL .

Como no método de perturbação, expande-se 1( ( ), )xξ θ−L em uma média e

uma parte oscilatória com média nula, ou seja,

( ( ), ) ( ) ( ( ), )x x xξ θ ξ θ= +L L R (A.9)

Se existir a inversa do operador médio ( )xL então 1( ( ), )xξ θ−L pode

ser expandida em uma série convergente na forma

102

( )1 1 1

0

( ( ) ( ( ), )) ( 1) ( ) ( ( ), ) ( )kk

k

x x x x xξ θ ξ θ∞

− − −

=

+ = −∑L R L R L (A.10)

Calcular a inversa do operador pode ser um problema não trivial em

diversos casos. Assim como no método da perturbação, a aplicação desta

técnica pode requerer manipulações simbólicas de grande complexidade. A

aplicação é bastante direta para problemas de elementos finitos, sendo que

o operador que deve ser invertido será a parte média da matriz de rigidez.

Yamazaki et al. (1988) aplicaram o método de Neumann em um problema

de uma placa sujeita a um carregamento determinístico e com variabilida-

de espacial do módulo de elasticidade, notando que este método, associado

com a técnica de Monte Carlo, pode render melhores resultados que o

método de Monte Carlo clássico e que o método de perturbação de 1ª e 2ª

ordens no que se refere à precisão dos resultados a ao custo computacional.

Uma aplicação desta técnica para o caso de uma viga com módulo de

elasticidade randômico, sobre uma fundação randômica e sujeita a um

carregamento randômico é demonstrada por Chakraborty e Dey (1996).

Uma aplicação da expansão para problemas dinâmicos com a integração no

tempo usando o método de Newmark foi feita por Lei e Qiu (2000), mos-

trando bons resultados. Finalmente, Babuška e Chatzipantelidis (2002)

promoveram avanço na técnica ao provar que a existência da solução base-

ada na série de Neumann, bem como sua convergência e estimativas de

erro para problemas elípticos. Os mesmos autores notaram também grande

dificuldade computacional para a aplicação do método.

A.3 O método de Elementos Finitos Espectrais

O método de elementos finitos espectrais (SSFEM, do inglês Spectral

Stochastic Finite Element Method) é um método fundamentado pelos tra-

balhos de Ghanem e Spanos (1991). Neste método, a solução da forma

103

fraca, mostrada em (2.27), é feita selecionando-se um espaço de aproxima-

ção compostos pelos Polinômios Caos (Wiener, 1938). A solução seria uma

série cujas funções de base seriam os polinômios de Hermite (caso se use

variáveis gaussianas para a modelagem dos parâmetros de entrada) e os

coeficientes seriam determinados através de um esquema tipo Galerkin. A

relação entre a função densidade de probabilidade das variáveis randômicas

utilizadas para os parâmetros de entrada e o espaço de aproximação foi

estabelecida por Xiu e Karniadakis (2002) na formulação conhecida como

polinômios de caos generalizados.

A incerteza em um sistema pode estar presente tanto na matriz de

rigidez quanto no vetor de esforços nodais. Nos problemas tratados por

Ghanem e Spanos (1991), a incerteza estava diretamente associada ao

módulo de elasticidade longitudinal. Este caso coincide com a análise do

presente estudo, uma vez que a incerteza na impedância nas condições de

contorno também se reflete sobre a matriz de rigidez. Desta forma, se

seguirá no detalhamento feito por aqueles autores.

Considere que se tem apenas o operador estocástico na eq. (2.27) (re-

petida abaixo), ou seja,

( )( ) , ; ( ) ( , ) ( ) ( ) , ( ) ,Vy y x u v y dy f y x y v y dy v y V x Dρ ρ Γ

Γ Γ

= ∀ ∈ ∈∫ ∫L (A.11)

Tratar-se-á do caso no qual a função do lado direito da equação é de-

terminística e que o operador ( ), ; Vy x uL é linear, de forma que se pode

separá-lo em um componente determinístico e outro randômico para obter

( )( ) ( )[ ]( ) ( , ) , ( ) ( ) ( ) ( )Vy x y x u y x v y dy f x y v y dyρ ρ

Γ Γ

+ =∫ ∫L R (A.12)

( )xL representa um operador determinístico linear e ( , )y xR é um opera-

dor randômico linear. Neste ponto, deve-se considerar que tipo de incerteza

104

tem-se no problema. Pode-se ter incerteza na geometria, no modelo ou nos

parâmetros de entrada. Verificar-se-á somente o caso onde haja incerteza

em determinada propriedade do meio e que esta atue na expressão explici-

ta do operador randômico de maneira multiplicativa, ou seja,

( , ) ( , ) ( )y x y x xα≡R R . Obtem-se

( )( ) ( )[ ]( ) ( , ) ( ) , ( ) ( ) ( ) ( )Vy x y x x u y x v y dy f x y v y dyρ α ρ

Γ Γ

+ =∫ ∫L R (A.13)

Considera-se que o campo randômico ( , )y xα é um dado de entrada e

que sua caracterização estatística esteja completa. Desta forma, sendo o

núcleo de covariância conhecido, uma das possíveis aproximações deste

coeficiente é através de uma série de Karhunen-Loève, truncada em M

termos,

1

( , ) ( ) ( )M

i i ii

y x xα λ ξ θ ψ=

=∑ (A.14)

Aplicando esta expansão em (A.13) obtem-se

( ) ( )[ ]1

( ) ( ) ( ) ( ) , ( )

( ) ( ) ( )

i i i Vi

y x x x u y x v y dy

f x y v y dy

ρ λ ξ θ ψ

ρ

Γ

+

=

∑∫

L R

(A.15)

O campo randômico ( ),Vu y x também deve ser expandido através de

duas projeções sucessivas: uma no espaço x e outra no espaço de probabi-

lidade. Inicialmente busca-se uma representação de elementos finitos para

este operador. Utiliza-se uma forma bastante conhecida para a derivação

das equações de elementos finitos que consiste em multiplicar a eq.(A.15)

por uma função teste ( )w x e integrar os termos no domínio espacial, ou

seja,

105

( ) ( )[ ]1

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) , ( )

( ) ( ) ( ) ( )

i i i V

i

w x y x x x u y x v y dydx

f x w x y v y dydx

ρ λ ξ θ ψ

ρ

=Ω Γ

Ω Γ

+

=

∑∫ ∫

∫ ∫

L R

(A.16)

Rearranjando os termos na equação anterior pode-se obter

( ) ( )[ ]1

( ) ( ) ( ) ( ) , ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( )

i i i Vi

y x x x u y x w x dx v y dy

y v y dy w x f x dx

ρ λ ξ θ ψ

ρ

=Γ Ω

Γ Ω

+

=

∑∫ ∫

∫ ∫

L R

(A.17)

Da forma habitual, uma expansão de elementos finitos para ( ),Vu y x

terá a forma

( ), ( ) ( )Vu y x x y= N U (A.18)

Sendo que ( )xN representa uma matriz composta por funções de in-

terpolação espaciais com suporte compacto. A diferença no presente caso, é

que os coeficientes ( )yU são variáveis randômicas, em vez dos habituais

coeficientes determinísticos. No caso de malhas langrangianas, isso significa

que os valores nodais do campo ( ),Vu y x são descritos de maneira estatísti-

ca, e seus valores serão alterados caso se obtenha uma diferente realização

das propriedades de entrada. Uma interpolação semelhante pode ser admi-

tida para a função teste ( )w x e obtêm-se de (A.18) em (A.17)

( ) [ ]1

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

i i ii

y x x x x y x y dx v y dy

y v y dy x y f x dx

ρ λ ξ θ ψ

ρ

=Γ Ω

Γ Ω

+

=

∑∫ ∫

∫ ∫

N U N W

N W

L R

(A.19)

A aplicação dos operadores ( )xL e ( )xR à matriz de interpolação

( )xN pode ser feita de forma usual para obter o seguinte sistema

01

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )M

i i i

i

y y v y dy y v y dyλ ξ θ ρ ρ=Γ Γ

+ = ∑∫ ∫K K U F (A.20)

106

sendo 0K é uma matriz determinística, composta pelo operador médio

aplicado à matriz de interpolação de elementos finitos espaciais. As matri-

zes iK dependem do operador ( )xR e do modos ( )i xψ . Resta a expansão

do vetor ( )yU . Como a covariância deste campo não é conhecida a priori,

uma expansão do tipo Karhunen-Loève não é possível. Desta forma, os

autores sugerem uma aproximação baseada em um desenvolvimento de

cada elemento ( )U y utilizando Polinômios Caos. Esta expansão foi descrita

por Wiener (1938) e utiliza polinômios de Hermite para as variáveis aleató-

rias gaussianas e fornece uma maneira eficiente de aproximação de

processos randômicos de segunda ordem (ou seja, com variância finita) em

termos de polinômios ortogonais (Xiu e Karniadakis, 2002). Assim, consi-

derando-se que o processo ( )U y é um processo de segunda ordem tem-se

1 1

1

2 1 2

2

3 1 2 3

3

0 0

11

21

31

( )

( ( ))

( ( ), ( ))

( ( ), ( ), ( ))

i ii

i i ii

i i i i

i

U y U H

U H

U H

U H

ξ θ

ξ θ ξ θ

ξ θ ξ θ ξ θ

=

=

=

=

+

+

+

+

∑…

(A.21)

onde 1

( ( ), , ( ))nn i iH ξ θ ξ θ… representa o polinômio de Hermite de ordem n

para as variáveis ( )1( ), , ( )

ni iξ θ ξ θ… . É preciso notar que o vetor

( )1( ), , ( )

ni iy ξ θ ξ θ= … é composto de variáveis com distribuição gaussiana,

independentes, com média zero e desvio padrão unitário (a distribuição

gaussiana foi utilizada por Ghanem e Spanos (1991), depois estendida para

qualquer distribuição por Xiu e Karniadakis (2002)). Esta representação

pode ser reescrita admitindo uma correspondência de um para um dos

polinômios 1

( ( ), , ( ))nn i iH ξ θ ξ θ… em relação à seqüência ( ) ( )i ξ θΨ . Assim,

pode-se reescrever (A.21) como

107

0

ˆ( ) ( ( ))j jj

U Uθ ξ θ∞

=

= Ψ∑ (A.22)

Os polinômios de caos ( )i θΨ apresentam a propriedade da ortogo-

nalidade

2i j i ijδΨ Ψ = Ψ (A.23)

onde ijδ é o delta de Kronecker e ,⋅ ⋅ denota o produto interno no espaço

de Hilbert, determinado pelo suporte das variáveis gaussianas, isto é,

12

( ), ( ) ( ) ( ) ( )

1( )

(2 )

T

n

f g f g W d

W eπ

− ξ ξ

ξ ξ = ξ ξ ξ ξ

ξ =

∫ (A.24)

Note que essa base de polinômios é ortogonal em relação à função pe-

so ( )W ξ , a qual tem a forma da função de distribuição de probabilidade

para um conjunto de variáveis gaussianas n-dimensional independentes.

Para efeitos de computação, o somatório da eq. (A.22) deve ser finito.

Para tal, define-se o número de variáveis aleatórias a serem utilizadas como

sendo M (igual ao número de variáveis aleatórias utilizadas na aproxima-

ção dos parâmetros de entrada) e a ordem de aproximação requerida como

p. A combinação destes dois parâmetros resultaria em P polinômios de

caos M-dimensionais, ou seja,

0

ˆ( ) ( ( ))P

j jj

U Uθ ξ θ=

= Ψ∑ (A.25)

sendo que P será determinado por

1

01

11 ( )

!

p s

rs

P M rs

==

= + +∑ ∏ (A.26)

A caracterização probabilística de ( )U θ estará completa com o cálcu-

lo dos coeficientes ˆjU . Note-se que P depende de M , o número de

variáveis usadas na representação de Karhunen-Loève dos parâmetros de

108

entrada, e de p , a ordem dos polinômios de caos utilizados para a expan-

são da solução. A tabela 4 reproduz alguns valores para esse coeficiente de

acordo com a eq. (A.26). Note que, mesmo para valores moderados dos

parâmetros p e M o número de termos a serem utilizados na expansão

pode crescer várias ordens de grandeza.

Tabela 4 - Valores de P para alguns parâmetros do sistema

p

0 1 2 3 4

2 1 3 6 10 15

4 1 5 15 35 70 M

6 1 7 28 83 210

Para o presente caso, a expansão em polinômios de caos pode ser a-

plicada, lembrando-se que se deve que expandir um vetor, em vez de

apenas uma variável randômica,

( ) [ ]0

( )P

n n Ndofn

y θ ×=

= Ψ∑U U (A.27)

Assim, cada elemento do vetor ( )yU , cuja dimensão corresponde ao

número de graus de liberdade do problema de elementos finitos, é expandi-

do em outro vetor com dimensão igual ao número de polinômios de caos

usados. Escolhe-se também ( )v y como uma das funções do espaço de apro-

ximação dos polinômios de caos para obter a partir de (A.20) e (A.27)

0

1 0

( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) , 0,1, ,

M P

i i i m n

i n

n

y dy

y dy m P

λ ξ θ θ θ ρ

ρ θ

= =Γ

Γ

+ Ψ Ψ

= Ψ =

∑ ∑∫

K K U

F …

(A.28)

109

0

0 1

( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) , 0,1, ,

P M

i i i n mn i

n

y dy

y dy m P

λ ξ θ θ θ ρ

ρ θ

= =Γ

Γ

+ Ψ Ψ

= Ψ =

∑ ∑∫

K K U

F …

(A.29)

Rearranjando e omitindo a dependência de θ para efeito de clareza

0

0 0 1

( )

( ) , 0,1, ,

P P M

m n i i i n mn n i

m

y dy

y dy m P

λ ξ ρ

ρ

= = =Γ

Γ

Ψ Ψ + Ψ Ψ

= Ψ =

∑ ∑∑∫

K K U

F …

(A.30)

As integrais podem ser calculadas no sistema acima utilizando–se a

condição de ortogonalidade dos Polinômios Caos. Pode-se chegar desta

forma à

01

, 0,1, ,M

mn i inm mi

d c m P=

+ = = ∑K K U F … (A.31)

sendo que

2

2

nm nm n

inm i n m

m m

d

c

δ

ξ

= Ψ

= Ψ Ψ

= ΨF F

(A.32)

A equação (A.31) é equivalente ao sistema

100 01 0 1

10 2 2

0

ˆ

ˆ

ˆ

P

P PP PP

U

U

U

=

K K K F

K F

K K F

(A.33)

Ou, de forma compacta

KU = F (A.34)

110

onde K é uma matriz formada por ( 1) ( 1)P P+ × + blocos e cada bloco

com ndof ndofN N× graus de liberdade, sendo ndofN o número de graus de

liberdade do problema de elementos finitos espacial. Cada bloco jkK tem a

forma

01

, , 0,1,...,M

jk kj ijk ii

d c j k P=

= + =∑K K K (A.35)

Já o vetor F é composto pelos vetores kΨF . Uma vez obtida a so-

lução da eq. (A.34), os coeficientes podem ser diretamente aplicados à eq.

(A.27) para obtenção dos momentos e outras propriedades estatísticas da

resposta, em cada um dos graus de liberdade. O sistema de equações em

(A.33) é um sistema acoplado, composto por matrizes por blocos e com

simetria de blocos, pois ijk ikjc c= . Note também que usualmente esquemas

de Elementos Finitos geram matrizes esparsas e com largura de banda

definida. Assim o sistema será esparso tanto em nível de bloco quanto em

nível global, devido ao fato de vários coeficientes ijkc serem nulos. Essas

características levam a um sistema com estrutura especial, que pode ser

aproveitada para a resolução do sistema linear. A figura 39 mostra o pa-

drão de esparsidade típico deste tipo de sistema.

Figura 39 – Padrões de esparsidade da matriz K para 4M = . Aproximação de primei-

ra (esquerda), segunda e terceira ordem (direita) do polinômio de caos.

111

Uma melhor aproximação deste sistema pode ser obtida de duas ma-

neiras. A primeira consiste em melhorar a representação das variáveis de

entrada. Isso implicará no aumento do número de variáveis aleatórias utili-

zadas na aproximação de Karhunen-Loève para os parâmetros de entrada.

A segunda forma é simplesmente aumentar a ordem do maior polinômio

utilizado na representação. A primeira técnica permite levar em conta um

maior nível de flutuação do processo estocástico subjacente. Já a segunda,

permite evidenciar as dependências não lineares deste mesmo processo

(Ghanem e Kruger, 1996).

Há grande eficiência da representação feita pela eq. (A.21) usando

polinômios de Hermite para entradas gaussianas, permitindo uma conver-

gência exponencial conforme mais termos são adicionados à série. No

entanto, para entradas não gaussianas, a convergência ótima é perdida e

para lidar com esse tipo de entrada, Xiu e Karniadakis (2002) propuseram

uma expansão que consiste em polinômios ortogonais da série hipergeomé-

trica de Askey. Assim, tem-se uma generalização da formulação original

dos polinômios de caos de Wiener-Hermite que permite manter a conver-

gência exponencial ótima, de acordo com o tipo de distribuição das

variáveis aleatórias usadas na representação da entrada, utilizando polinô-

mios de Laguerre para distribuições tipo Gama, Legendre para variáveis

uniformes etc.

Sem dúvida, o maior obstáculo à aplicação deste método à problemas

de engenharia consiste em obter a solução do sistema de equações obtido

em (A.33). Os problemas de maior interesse em engenharia consistem de

modelos com elevado número de graus de liberdade para os quais, mesmo a

solução do sistema linear obtido com o esquema de elementos finitos em

termos determinísticos tem grande custo computacional. Este aumento do

sistema linear em 1P + requer estratégias de solução diferenciadas. A

112

maioria dos métodos se aproveita da estrutura de blocos que ocorre nesse

tipo de problema. Ghanem e Kruger (1996) usaram o método de gradientes

conjugados precondicionado como solucionador, sendo que o precondicio-

nador se utiliza do fato que as matrizes de elementos finitos são

diagonalmente dominantes. A técnica proposta por esses autores consegue

diminuir os requisitos de memória necessária para o armazenamento do

sistema para aproximadamente os mesmos valores do problema determinís-

tico, já que a matriz (A.33) não precisa ser explicitamente montada. O

custo computacional também foi bastante reduzido. Outros autores tam-

bém propuseram técnicas para o gerenciamento de dados, esquemas de

precondicionamento, algoritmos eficientes de solução baseados na estrutura

de blocos da matriz (Pellissetti e Ghanem, 2000, Eiermann et al., 2007) e

métodos multinível (Keese, 2003).

Uma vez fundamentada a técnica para diversos tipos de distribuição

estatísticas para os parâmetros de entrada e com o desenvolvimento subse-

qüente de várias abordagens para o tratamento do sistema linear

estendido, diversos pesquisadores fizeram uso do SSFEM para a solução de

problemas de engenharia.

Brzakala e Elishakoff (2001) partiram de um sistema bastante simples

de uma barra com módulo de elasticidade com incerteza e obtiveram solu-

ções analíticas fechadas usando as técnicas de perturbação, perturbação

melhorada, SSFEM e do método da superfície de resposta. A comparação

do erro da média e da variância em relação à solução exata mostrou que o

SSFEM apresenta um dos menores erros, mesmo quando se utiliza apenas

Polinômios Caos de primeira ordem. Outra comparação entre as diversas

técnicas de modelagem computacional estocástica disponíveis pode ser

encontrada em Sudret e Der Kiureghian (2002). Elman et al. (2005) aplica-

ram o SSFEM para problemas envolvendo acústica nos quais a incerteza

113

está presente nas funções de excitação ou nas condições de contorno. O

foco do trabalho está nas técnicas computacionais utilizadas e na proposta

de técnicas para armazenamento e solução do sistema de equações resul-

tantes. Uma análise crítica do potencial do SSFEM para a análise de

confiabilidade foi feita por Sudret e Der kiureghian (2002) que verificaram

que este método tem aplicabilidade duvidosa à problemas que exigem

análise das situações com baixas probabilidades de falha, uma vez que o

cálculo dos eventos de menor probabilidade (nas regiões longe do centro da

distribuição) exige um número de polinômios elevado, o que rapidamente

esgota a capacidade computacional disponível.

Para uma lista sucinta das aplicações desta técnica a diversos tipos

de problemas lineares (vigas, placas, transporte de poluente etc.), proble-

mas transientes (fundações elásticas, dinâmica dos fluidos, equações de

Navier-Stokes etc.), problemas não lineares (Elasto-plástica etc.), aplicação

dos polinômios de caos generalizados, bem como técnica de paralelização

deste método, pode ser encontrada em Keese (2003).

Apesar de o SSFEM ser uma técnica bem fundamentada e com exce-

lentes resultados, há ainda algumas desvantagens neste método. Conforme

visto, sua aplicação ainda enfrenta o problema da dimensionalidade do

sistema estendido. Outra importante característica refere-se ao fato do

esquema SSFEM requerer para sua implementação grandes modificações

dos códigos de elementos finitos já existentes, uma vez que exige a repro-

gramação do cômputo das matrizes de rigidez segundo a forma expressa

pela eq.(A.19). Em razão disso, criar um código que possa lidar com uma

grande variedade de problemas de diferentes áreas ainda é uma questão em

aberto. Também é incipiente a aplicação da técnica para sistemas não

lineares.

114

A.4 Método de Galerkin Estocástico não Intrusivo - NISG

O método de Elementos Finitos estocásticos apresentado a seguir foi

desenvolvido por Deb et al. (2001) e aqui apresentado em uma descrição

semelhante a de Acharjee e Zabaras (2007). Este método envolve a discre-

tização do espaço randômico utilizando elementos finitos e a utilização de

funções de interpolação polinomiais de suporte compacto para aproximar

as funções densidade de probabilidade. Devido às características de apro-

ximação no espaço de suporte e a não intrusividade, esta técnica ficou

conhecida como método de Galerkin Estocástico não Intrusivo (ou NISG,

do inglês Non-Intrusive Stochastic Galerkin).

A modelagem utilizando este método apresenta algumas vantagens

sobre a modelagem utilizando expansão de Polinômios Caos. Dentre elas

podemos citar sua melhor capacidade para tratar de problemas envolvendo

não linearidades, o tratamento de singularidades e de se tratar de uma

abordagem não intrusiva. As funções de base também podem ser reutiliza-

das de outras partes de códigos de elementos finitos, garantindo maior

facilidade de implementação.

A seguir é mostrado como é representado o processo randômico. Su-

ponha a função

( , , ), , ,g t X t Tθ θ∈ ∈ ∈ Θx x (A.36)

O espaço Θ é o espaço de suporte da variável randômica θ . Supondo

que este espaço possa ser gerado através de um conjunto de variáveis ran-

dômicas , 1,...,iy i Nξ= = cuja função densidade de probabilidade

conjunta será dada por

( ) ( )1 i

N

ii

f fξ=ξ = Π ξ (A.37)

115

sendo que ( )i ifξ ξ é a pdf da variável iξ . O espaço Θ é discretizado por

elementos finitos e leva a um novo espaço hΘ onde h é um parâmetro

relacionado ao tamanho do elemento. Esta aproximação pode ser descrita

como

1 2 1 2( , , ) ( , , , ,...) ( , , , ,..., ) ( , , )h hNg x t g x t g x t g x t yθ ξ ξ ξ ξ ξ= ≈ = (A.38)

O processo estocástico terá a então a seguinte representação

1

( , , )Nnos

h hi i

i

g x t y g=

= Φ∑ (A.39)

onde iΦ representa as funções de base com suporte compacto e hig , seus

valores nodais. A figura 40 mostra uma pdf unidimensional discretizada.

Figura 40 - Discretização para uma função densidade de probabilidade unidimensional

Formulação de Galerkin Estocástica

Nesta seção é delineada a implementação desta formulação estocásti-

ca não intrusiva. Supondo o sistema linear

( , ) ( , ) ( , )A y u y b y=x x x (A.40)

onde ( , )A yx é uma matriz estocástica, ( , )b yx é um vetor de forças tam-

bém estocástico e ( , )u yx é a solução desse sistema. No sistema não

intrusivo, essas matrizes são construídas utilizando um espaço de suporte

116

compacto. Considerando agora a solução determinística no ponto específico

jy ou

( ) ( ) ( )j j jA u b=x x x (A.41)

da qual pode ser obtida a solução ju , relacionada ao ponto jy . A partir

desses pontos é possível reconstruir uma aproximação para a solução

( , )u yx . A questão sobre quais pontos jy no espaço randômico deve-se

calcular a solução pode ser respondida levando em consideração que neste

tipo de problema estamos interessados na função densidade de probabili-

dade e nos momentos estatísticos de u . O p -ésimo momento pode ser

calculado como

( )( ) ( ) ( )( ) ( )1

, ,e

nelp p

p

e

M u y f y dy u y f y dy=Θ Θ

= =∑∫ ∫x x (A.42)

onde nel é o número de elementos no espaço de suporte e eΘ representa o

domínio local de cada elemento. Ao se utilizar um esquema de quadratura

gaussiana a integração deve ser calculada utilizando n pontos por elemen-

to, ou seja,

( )( ) ( )1 1

,nel n

p

p k k ke k

M w u y f y= =

=∑∑ x (A.43)

onde ky são as abscissas dos pontos de integração e kw representa seus

pesos. Note que ( ) ( ), k ku x y u= x representa a solução determinística do

problema (A.41) no ponto ky . Daí a terminologia não intrusiva, uma vez

que podemos calcular os momentos estatísticos através de um conjunto de

soluções em pontos predeterminados no espaço randômico, sem nenhuma

alteração da formulação de Elementos Finitos espacial ou temporal já

implementada. Resta calcular a pdf de u , representada por ( )uf y . Inicial-

mente, os valores de u nos pontos nodais do espaço randômico

discretizado devem ser obtidos a partir dos pontos de integração ku . Isto

117

pode ser obtido usando um esquema de projeção local ou global de míni-

mos quadrados. ( )uf ξ pode ser obtida então gerando amostras via Monte

Carlo a partir das pdf das variáveis randômicas de entrada y , seguida de

avaliações de u nesses mesmos pontos. Esta última amostragem pode ser

obtida prontamente a partir da interpolação das avaliações de u já efetua-

das.

Esse esquema de discretização do espaço de suporte segue os esque-

mas de Elementos Finitos tradicionais para domínios espaciais e herda

também todas as suas propriedades, inclusive as características de conver-

gência para os refinamentos h e p (Acharjee e Zabaras, 2007).

O procedimento anterior pode ser esquematizado como:

1. Determinar a pdf das quantidades randômicas de entrada em termos

das variáveis randômicas , 1,...,i i Nξ = e calcular a função densidade

de probabilidade conjunta ( )f y ;

2. Determinar a dimensionalidade do espaço de suporte randômico. De

acordo com a dimensão, discretizá-lo utilizando Elementos Finitos;

3. Para cada ponto de integração, calcular os valores das propriedades

randômicas no ponto de integração do espaço de suporte randômico e

resolver o problema determinístico com esses dados de entrada, ob-

tendo a saída ku ;

4. Calcular os valores de u a partir de ku usando um esquema interpo-

lação local ou global de mínimos quadrados e

5. Calcular os momentos de interesse segundo (A.43).

Em suma, o método consiste em avaliações determinísticas em pontos

específicos do espaço de suporte randômico. Pode-se afirmar que esta téc-

nica é uma estratégia para desacoplar as dimensões randômicas das

espaciais, o que pode se refletir em um significativo ganho computacional.

118

As funções de interpolação do espaço randômico podem ser as mes-

mas utilizadas no domínio espacial, o que traz grande vantagem em termos

de reaproveitamento dos códigos já escritos e validados. Se a dimensionali-

dade do espaço randômico for menor ou igual a 3, Elementos Finitos

normalmente utilizados para discretização espacial podem ser aplicados.

Para o problema de Acústica apresentado neste trabalho, utilizou-se a

eq.(3.33). O objetivo é modelar os parâmetros de absorção como processos

estocásticos, que resultará

( , ) ( , ) ( , )ω θ ω θ ω θ=L P F (A.44)

A solução estocástica ( , )ω θP , encontrada através desta metodologia,

correspondente a aos graus de liberdade de pressão nodal.

119

Apêndice B

O Algoritmo de Smoljak

Dada uma função suave [ ]: 0,1 df → deseja-se fazer uma aproxima-

ção usando um número finito de pontos e sendo a interpolação

unidimensional

=

1

( ) ( )m

mj j

j

f f x L=∑U (B.1)

Os pontos utilizados para esta interpolação constituem o conjunto

( )kΘ (Smoljak 1963). O algoritmo de Smoljak é dado por

( )1,

1

1( ) ( ) ( 1) ,Nq i i

q Nq N q

Nf A f q N

q−

− + ≤ ≤

− ≡ = − ⋅ ⊗ ⊗ ≥ − ∑ i

i iI U U… (B.2)

onde ( )1, , NNi i= ∈i … , 1 Ni i= + +i … , , ( )q NA f é o interpolante esparso

(construído através de produtos das funções unidimensionais), N é o núme-

ro de dimensões e q N− é a ordem de interpolação utilizada. O índice ki

pode ser visto como a ordem de interpolação ao longo da dimensão k. O

algoritmo de Smoljak gera a função de interpolação adicionando uma com-

binação de funções unidimensionais de ordem ki com a restrição que a

soma total i ao longo de todas as dimensões esteja entre 1q N− + e q .

120

Outra forma de verificar esse algoritmo, na qual a estrutura do mes-

mo se torna mais clara, é quando se considera uma seqüência de

aproximações i∆ para gerar o interpolante

( ) ( )1 1

0 1

, 1,

0,

( ) ( ) ( ) ( )N N

i i i

i i i iq N q N

q q

A f f A f f

−≤ =

= ∆ = −

= ∆ ⊗ ⊗∆ = + ∆ ⊗ ⊗∆∑ ∑i i

U U U

… … (B.3)

Para calcular , ( )q NA f é necessário avaliar a função no conjunto de

pontos

( )1, 1 1

1

Ni iN q N

q N q− + ≤ ≤

Θ ≡ = Θ × ×Θi

H …∪ (B.4)

Na construção do algoritmo, todos os resultados gerados em um nível

são reutilizados nas aproximações seguintes. Através da escolha adequada

de nós para a interpolação unidimensional, se pode assegurar que os con-

juntos de pontos gerados em dimensões inferiores estão presentes dentro do

conjunto utilizado por dimensões mais elevadas ( 1i i+Θ ⊂Θ ). Assim, para

estender a interpolação um nível acima somente são necessárias avaliações

nos pontos que são particulares ao conjunto 1i+Θ , ou seja, 1\i i i−∆Θ = Θ Θ .

Para ir da ordem 1q − de aproximação para a ordem q em N dimensões é

necessária apenas a avaliação da função no conjunto de nós

, , 1,q N q N q N−∆ = −H H H

( )

( )

1

1

, 1, ,

,

N

N

i iq N q N q N

q

i iq N

q

∆ ∆ −≤

∆ ∆=

= Θ × ×Θ = ∪∆

∆ = Θ × ×Θ

i

i

H H H

H

∪ (B.5)

A escolha da base de aproximação para o interpolante tem grande

importância no que concerne ao erro, continuidade, suavidade e esforço

computacional da aproximação. Duas escolhas estão presentes na literatu-

ra: funções de aproximação contínuas por partes e funções de base

polinomiais.

121

Ao se utilizar o algoritmo de Smoljak para construir aproximações

multidimensionais usando bases multilineares contínuas por partes para

uma função f N-dimensional que tenha as suas derivadas

1

1N

N

fD f

x x

ββ

β β

∂=∂ ∂…

(B.6)

com 0 1,

NNii

β β β=

∈ =∑ e 1, , 2Nβ β ≤… , ou seja, que a função seja dife-

renciável até segunda ordem em quaisquer das dimensões, o erro de

interpolação pode ser obtido a priori como

( )3( 1)2, 2( ) log

N

q Nf A f M M−−

∞− = O (B.7)

onde H ,dim( )q NM = é o número de pontos de interpolação. Por outro

lado, a construção de interpolantes usando como funções de base polinomi-

ais fornece um erro de interpolação como

( )( 2)( 1) 1

, 2( ) logk Nk

q Nf A f M M+ + +−

∞− = O (B.8)

Note-se que aproximações construídas através de produtos tensoriais

completos usando funções contínuas por partes com P pontos é muito

menos eficiente, sendo o erro da ordem ( )2/NP−O .

122

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