era uma pai numa ilha tropical chamada oásis. as duas irmãs, … · 6 - sim, viajar é mesmo...

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1 Era uma vez duas meninas que viviam muito felizes com o pai numa ilha tropical chamada Oásis. As duas irmãs, Estrela de oito anos e Concha de doze anos, adoravam morar nesta ilha, pois viviam muito perto do mar. O pai das duas meninas, o senhor André, era mergulhador de caça submarina e trabalhava para um hotel local. A Estrela, a Concha e o pai viviam numa cabana colorida, agradável e acolhedora construída por ele, mesmo junto à praia. Todos os dias, assim que regressavam a casa, vindas da escola, as meninas faziam rapidamente os seus

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Page 1: Era uma pai numa ilha tropical chamada Oásis. As duas irmãs, … · 6 - Sim, viajar é mesmo muito divertido, mas eu já estou cansado de viajar e gostava de ficar aqui algum tempo

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Era uma

vez duas

meninas que

viviam muito

felizes com o

pai numa ilha

tropical

chamada Oásis.

As duas irmãs, Estrela de oito anos e Concha de

doze anos, adoravam morar nesta ilha, pois viviam muito

perto do mar.

O pai das duas meninas, o senhor André, era

mergulhador de caça submarina e trabalhava para um

hotel local.

A Estrela, a Concha e o pai viviam numa cabana

colorida, agradável e acolhedora construída por ele,

mesmo junto à praia.

Todos os dias, assim que regressavam a casa,

vindas da escola, as meninas faziam rapidamente os seus

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deveres e corriam para a praia, o sítio favorito delas para

as suas brincadeiras.

Nesta ilha, o clima era muito agradável, com muito

sol e calor, o que convidava as duas meninas a darem uns

grandes mergulhos naquele imenso mar.

Como era limpa e transparente aquela água!

Era tão bom e divertido nadar junto dos peixes e

ver assim, de tão perto, aquele mundo fantástico e

infindável que é o fundo do mar!

Todos os dias, as duas irmãs partiam para uma

aventura que era a

descoberta de

muitas belezas ali

existentes.

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Ali, elas viam

conchas fantásticas e

brilhantes que

apanhavam para a sua,

já enorme, coleção.

Viam também

maravilhosos corais,

anémonas e algas que

bastante agitadas pelo movimento dos peixes, que por ali

passavam, se balançavam ainda mais quando as meninas

nadavam junto delas.

Certo dia, quando acabavam de observar uma

pequena estrela-do-mar, eis que surge por entre as algas

um peixinho muito vistoso devido às suas belas cores.

- Olha que peixinho tão lindo! - disse a Estrela

muito entusiasmada para a sua irmã.

- Sim, tens razão! É um peixinho maravilhoso!

Nunca tínhamos visto um peixinho assim como este, com

tantas cores. - respondeu a Concha, deslumbrada com o

brilho e as cores do pequeno peixe.

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- Repara Concha, tem exatamente as mesmas cores

do arco-íris. Vamos chamar-lhe peixinho Arco-Íris. -

sugeriu a Estrela. (3º ano)

Percebendo que estavam a falar dele o peixinho

Arco-Íris começou a fazer habilidades: saltou para fora da

água, pôs a cauda de fora, abanou a cauda para cima e

para baixo e nadou para trás.

A Estrela e a Concha ficaram muito contentes

quando viram o peixe a fazer todas aquelas habilidades.

De repente, o peixinho Arco-Íris começou a falar:

- Olá! Eu sou o peixinho Arco-Íris porque o meu

corpo tem todas as cores do arco-íris: vermelho, cor de

laranja,

amarelo, verde,

azul, anil e

violeta. E

vocês? O que

são e como se

chamam?

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- Eu

chamo-me

Estrela e a

minha irmã

chama-se

Concha e

somos meninas

humanas.

- Nós temos 8 e 12 anos. E tu, quantos anos tens?

- Eu tenho 30 anos, mas só vivo aqui ao pé desta

praia há dois dias. Antes disso vivia a viajar! Já vi muitos

lugares.

- Uau! Então já deves conhecer muitos sítios! –

disse a Concha.

- Nós já moramos aqui há muito tempo aqui, desde

que nascemos! E os nossos pais e avós também sempre

viveram aqui. – contou a Estrela. - Viajar deve ser muito

divertido!

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- Sim, viajar é mesmo muito divertido, mas eu já

estou cansado de viajar e gostava de ficar aqui algum

tempo. Só tenho de arranjar uma casa.

- Podias ficar connosco lá em casa, nós temos um

aquário que pode ser só para ti. – propôs a Concha.

- Todos os dias à tarde vimos à praia e podemos

trazer-te a nadar no mar.

- Que bom! Obrigada! Eu gostava muito.

A Estrela foi à areia buscar o seu balde de brincar,

encheu-o com água e o peixinho Arco-Íris saltou lá para

dentro.

As duas meninas foram para casa e despejaram o

peixinho no

aquário. Ele

gostou muito

da sua casa

nova.

Para

agradecer às

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duas meninas

resolveu

contar-lhes

histórias sobre

as suas viagens.

- A

minha primeira viagem foi no oceano Atlântico que era

azul-escuro e lá os peixes eram todos muito coloridos. Foi

lá que eu conheci a minha amiga Catarina, a baleia cor-

de-rosa, que tinha uns olhos pretos muito grandes e uma

boca vermelha enorme. (1º ano)

- Uma baleia cor-de-rosa? As baleias nã

o são cor-de-rosa! - exclamaram as meninas muito

espantadas.

- Pois a minha amiga Catarina era dessa cor. –

respondeu o peixinho. E continuou a contar a sua história.

- Conheci a Catarina ao largo dos Açores, um

conjunto de nove ilhas situadas no oceano Atlântico. Ela

era ainda um mamífero bebé que andava por ali aos

saltos, a brincar com as algas e as conchinhas. Era muito

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curiosa e

destemida e,

quando me viu,

aproximou-se e

cumprimentou-

me. Ficámos

logo amigos

inseparáveis. A partir desse dia fazíamos tudo juntos.

- Uau! Ter uma baleia como amiga deve ser

especial. - afirmou a Estrela.

- E ainda por cima cor-de-rosa. - acrescentou a

Concha.

- Querem saber como ficou ela cor-de-rosa? -

perguntou o Arco-Íris. E perante o ar curioso das meninas

continuou.

- Numa manhã de sol, enquanto brincávamos com

as algas, a Catarina perguntou-me se queria ver algo

espantoso. Eu respondi-lhe logo que sim e começámos a

mergulhar em direção ao fundo do oceano. Mergulhámos,

mergulhámos até que ficou tudo muito escuro e um

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bocadinho assustador. Continuámos a descer e, de

repente, vi muitas luzes coloridas. Eram vários feixes de

luzes que serpenteavam pela escuridão. Era um

espetáculo verdadeiramente magnífico!

As meninas olhavam para o peixinho, muito atentas

ao que ele contava e, cada vez mais curiosas, para

desvendar o mistério da baleia cor-de-rosa.

- À medida que nos aproximávamos do fundo,

reparei numa rocha com uma grande abertura. Entrámos

cautelosamente e, enquanto percorríamos a gruta, vimos

algumas algas e muitos cristais coloridos e brilhantes. Ao

fundo da gruta brilhava um cristal grande e cor-de-rosa. A

Catarina explicou-me que, da primeira vez que esteve

nesta gruta, tocou no cristal com a sua barbatana pequena

e delicada e foi assim que ficou dessa cor.

- Esta história é incrível! - exclamou a Estrela.

- Ainda te lembras onde fica essa gruta? -

perguntou a Concha.

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- Esse

segredo não

posso

revelar, pois

prometi à

Catarina e ao

tubarão preto

que nunca contaria a ninguém a localização da gruta. -

respondeu o peixinho.

- Havia tubarões na gruta? Que emocionante! -

disse a Concha muito surpreendida.

O Arco-Íris continuou a história embalado pelo

entusiasmo das meninas.

- O tubarão preto era o guardião da gruta secreta.

Há muitas gerações que o segredo do cristal era guardado

pela sua família. Tinha sido assim com o seu pai, o avô, o

bisavô… Por isso quando o tubarão nos viu na gruta

perseguiu-nos furiosamente. Nós, muito assustados,

fugimos por uma abertura no cimo da gruta e nadámos

sem parar até chegarmos à superfície. O tubarão

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continuou a perseguir-nos. De repente, ouviu-se um

barulho ensurdecedor. A Catarina ficou muito agitada.

A Estrela e a Concha ouviam a história, cada vez

mais curiosas em saber como acabava aquela aventura.

- Sabem que as baleias estão em vias de extinção? -

perguntou o Arco-Íris. Não era triste se elas

desaparecessem dos nossos oceanos? - E, por momentos,

o peixinho interrompeu a sua narrativa e ficaram os três a

pensar nessa hipótese terrível. Foi a Concha que,

quebrando o silêncio, pediu:

- Mas conta-nos, por favor, como escaparam do

tubarão preto.

- O

barulho que

ouvimos vinha

dos baleeiros,

uns barcos

enormes

utilizados para

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pescar baleias. São enormes e assustadores. Eu nunca

tinha visto nenhum. Felizmente, para nós, o tubarão ficou

preso nas redes do barco. Eu continuei a nadar

rapidamente mas, a Catarina não me seguiu, continuava

imóvel no oceano.

- Catarina, nada depressa! - gritei-lhe eu. - Foge! -

mas a minha amiga não se mexeu.

- Arco-Íris, temos de ajudar o tubarão. - pediu-me a

Catarina. Eu e a minha família já fomos perseguidos pelos

baleeiros que capturaram a minha avó, nunca mais a

vimos.

- Mas nós os dois não conseguimos. Temos de

pedir ajuda. - disse-lhe eu. - Então, nadei e pedi a todos os

peixes das redondezas que nos ajudassem. Todos juntos

conseguimos romper as redes e o tubarão preto fugiu.

Nadámos para longe dali e, quando já estávamos em

segurança, o tubarão agradeceu muito a nossa ajuda.

Pediu-nos que nunca revelássemos a localização da gruta

e, como nós prometemos, ele regressou à sua casa no

fundo do oceano. A Catarina voltou para junto da sua

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família e eu,

dias depois,

despedi-me e

continuei a

minha viagem.

Nunca esqueci

a minha amiga

baleia cor-de-

rosa.

Concha e Estrela sentiram pena do peixinho. Tinha

sido uma boa ideia trazê-lo para casa. Que aventuras

emocionantes ele já tinha vivido! (2º ano)

Na manhã seguinte, ao raiar do sol, a Estrela e a

Concha, correram para junto do aquário, pois estavam

ansiosas para ver o seu novo amigo.

- Olá, como é fim de semana, que tal um mergulho

matinal? – perguntou a Estrela com um sorriso rasgado.

- Boa ideia! Apetece-me mesmo esticar as

barbatanas. – respondeu o peixinho radiante.

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E,

num ápice,

as meninas

colocaram

o peixe

Arco-Íris

no balde

com água e

seguiram em direção ao mar percorrendo o imenso areal.

A manhã estava esplêndida, soprava uma suave

brisa marinha, pairava no ar um aroma de frescura que os

envolvia a todos. A praia estava deserta, apenas se ouvia

os gritos longínquos das gaivotas. As duas irmãs

pousaram, cuidadosamente, o peixinho na água que, de

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imediato, presenteou as duas espectadoras com fantásticas

acrobacias.

Deliciadas com o peixinho, nem se aperceberam

que ao longe navegava um vulto lilás que parecia querer

chamá-los à atenção. De repente, o vulto deu um salto e

verificaram que se tratava de um mamífero, ou seja, um

golfinho. A cor invulgar do golfinho deu a entender ao

peixinho que poderia ser um mensageiro relacionado com

a sua aventura vivida ao largo dos Açores.

O peixe Arco-Íris, nadou, nadou até alcançar o

golfinho. Assim que o alcançou, este apresentou-se e

disse ao que vinha.

- Olá! O meu nome é Golfinho Lilás, tenho este

nome porque toquei no radioso cristal lilás…

- Ah! Já estou a ver de onde vens…- interrompeu o

peixinho Arco-Íris.

- Deixa-me continuar, porque eu tenho pouco

tempo e trago-te uma mensagem importante.

O Golfinho Lilás entregou-lhe a mensagem

enrolada dentro de uma garrafa e avisou-o que a mesma

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tinha que ser

lida em

privado. Em

seguida, o

golfinho

desapareceu no

imenso oceano,

sem pronunciar mais nada.

As meninas esperavam-no à beira mar, muito

curiosas com tudo o que se estava a passar. Mas, qual não

foi o seu espanto quando verificaram que o peixinho

nadava numa direção oposta à delas. O peixinho dirigiu-

se para uma pequena baía de modo a ler a mensagem

sozinho. Desenrolou o papel e leu o seguinte:

Peixinho, meu amigo!

Há cristais, com novas core.

Vem daí ter comigo,

já sabes, ao largo dos Açores!

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E, num ápice, a mensagem auto destruiu-se,

ficando apenas uma gota de água brilhante. O peixinho,

por momentos, ficou indeciso, mas não podia recusar tão

aliciante convite. Então nadou até à beira do mar e disse

às meninas:

- Desculpem, mas eu tenho que partir, recebi uma

mensagem mágica que não posso recusar.

- Mas que tipo de mensagem? – questionaram as

meninas cheias de curiosidade.

- Daquelas do tipo... Secretas! Adeus e obrigado

por tudo.

O peixinho Arco-Íris partiu rumo à gruta e

demorou cerca

de uma semana

a lá chegar.

No

momento da

chegada, tinha

à sua espera a

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grande amiga Catarina, o guardião da gruta e até o

mensageiro Lilás. Foi um reencontro muito emocionante.

Foi convidado a entrar na gruta. Ele nem queria

acreditar no que os seus olhitos viam, a gruta estava

iluminada, as conchas tinham várias cores e feitios,

existiam pequenas pérolas por toda a parte e um tapete

fofo de algas cobria o chão da gruta.

Por fim, os seus amigos ofereceram-lhe o mais belo

de todos os cristais, o cristal com as cores do arco-íris,

transportado numa maravilhosa concha.

O peixinho ficou encantado e sem palavras para

descrever a emoção que sentia ao receber tão grandioso

presente, o cristal que deu origem às suas cores.

Meu dito, meu feito, este conto saiu perfeito!

(4º ano)