equivalência de estímulos em participantes com síndrome de down - efeitos da utilização de...

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47 REVISTA BRASILEIRA DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO / BRAZILIAN JOURNAL OF BEHAVIOR ANALYSIS, 2007, VOL. 3, N O. 1, 47-63 RESUMO O presente trabalho teve o propósito de investigar a formação de equivalência de estímulos com indivíduos portadores de Síndrome de Down. Foram ensinadas discriminações condicionais auditivo-visuais para tais participantes, utilizando pseudo-palavras e manipulando distintamente o número de elementos idênticos (letras) presentes nas palavras em duas condições experimentais. Os estímulos utilizados foram palavras dissílabas do tipo consoante mais vogal. Na primeira das condições experimentais, as palavras apresentavam diferenças múltiplas (uma ou duas letras em comum) e na segunda, diferenças críticas entre si (palavras com três ou quatro letras em comum). Os participantes foram quatro indivíduos com Síndrome de Down. Foram treinadas, por meio de procedimentos de emparelhamento com o modelo, as relações entre palavras ditadas e figuras, e entre palavras ditadas e impressas. Com dois participantes, treinou-se também as respostas de construção por meio da seleção ordenada de cada elemento do estímulo impresso. Foram testadas as nomeações de palavras impressas e figuras e os emparelhamentos entre palavra impressa-figura e figura-palavra impressa. Os resultados sugerem que três dos quatro participantes apresentaram a formação de classes de equivalência nas duas condições experimentais. O outro participante mostrou indícios de formação de classes apenas na primeira condição experimental. Dois participantes apresentaram maiores dificuldades nos treinos e testes da segunda condição. As dificuldades encontradas por eles podem ser atribuídas a controle restrito de estímulos. Palavras-chave: equivalência de estímulos, leitura, similaridade entre os estímulos, controle de estímulos, Síndrome de Down ABSTRACT The present study attempted to investigate stimulus equivalence formation by participants with Down’s syndrome. Participants learned auditory-visual conditional discriminations with pseudo-words and was manipulated the stimulus similarity in two experimental conditions. The stimuli had multiple differences between them in the first condition, and had critical differences between them in the second condition. Four individuals with Down’s syndrome participated. Relations between dictated words and pictures and between dictated and printed words were trained through matching to sample procedures. Two participants also learned responses of constructing the words by the ordinal selection of their elements. Performances tested were naming of printed words and pictures, and matching printed words to pictures and pictures to printed words. Results suggested that three of the four participants formed equivalence classes in both experimental conditions, whereas the other participant showed signs of class formation only in the first experimental condition. Two participants had more difficulties with training and testing in the second condition. The difficulties were attributed to restricted stimulus control. Key words: stimulus equivalence, reading, stimulus similarity, stimulus control, Down’s syndrome EQUIVALÊNCIA DE ESTÍMULOS EM PARTICIPANTES COM SÍNDROME DE DOWN: EFEITOS DA UTILIZAÇÃO DE PALAVRAS COM DIFERENÇAS MÚLTIPLAS OU CRÍTICAS E ANÁLISE DE CONTROLE RESTRITO DE ESTÍMULOS 1 EQUIVALENCE RELATIONS IN CHILDREN WITH INTELLECTUAL DISABILITIES: SEARCH ABOUT PROCEDURES USING STIMULI WITH MULTIPLE OR CRITICAL DIFFERENCES AND RESTRICTED STIMULUS CONTROL 1 Esta pesquisa contou com apoio financeiro do PRONEX/FAPESP (Processo número 03/09928-4), com bolsa de mestrado FAPESP para C.D. e bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq para J.C.R. Os autores agradecem a revisão cuidadosa e as sugestões de dois revisores anônimos que contribuíram para o aprimoramento do texto. Endereço para correspondência: Camila Domeniconi, Laboratório de Estudos do Comportamento Humano, UFSCar, Rodovia Washington Luís, 235. CEP 13565-905, São Carlos, SP. Email: camilad_ [email protected] CAMILA DOMENICONI E JÚLIO C. DE ROSE UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS, BRASIL EDSON M. HUZIWARA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, BRASIL

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REVISTA BRASILEIRA DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO / BRAZILIAN JOURNAL OF BEHAVIOR ANALYSIS, 2007, VOL. 3, NO. 1, 47-63

RESUMOO presente trabalho teve o propósito de investigar a formação de equivalência de estímulos com indivíduos

portadores de Síndrome de Down. Foram ensinadas discriminações condicionais auditivo-visuais para taisparticipantes, utilizando pseudo-palavras e manipulando distintamente o número de elementos idênticos (letras)presentes nas palavras em duas condições experimentais. Os estímulos utilizados foram palavras dissílabas do tipoconsoante mais vogal. Na primeira das condições experimentais, as palavras apresentavam diferenças múltiplas(uma ou duas letras em comum) e na segunda, diferenças críticas entre si (palavras com três ou quatro letras emcomum). Os participantes foram quatro indivíduos com Síndrome de Down. Foram treinadas, por meio deprocedimentos de emparelhamento com o modelo, as relações entre palavras ditadas e figuras, e entre palavrasditadas e impressas. Com dois participantes, treinou-se também as respostas de construção por meio da seleçãoordenada de cada elemento do estímulo impresso. Foram testadas as nomeações de palavras impressas e figuras e osemparelhamentos entre palavra impressa-figura e figura-palavra impressa. Os resultados sugerem que três dosquatro participantes apresentaram a formação de classes de equivalência nas duas condições experimentais. O outroparticipante mostrou indícios de formação de classes apenas na primeira condição experimental. Dois participantesapresentaram maiores dificuldades nos treinos e testes da segunda condição. As dificuldades encontradas por elespodem ser atribuídas a controle restrito de estímulos.

Palavras-chave: equivalência de estímulos, leitura, similaridade entre os estímulos, controle de estímulos,Síndrome de Down

ABSTRACTThe present study attempted to investigate stimulus equivalence formation by participants with Down’s

syndrome. Participants learned auditory-visual conditional discriminations with pseudo-words and was manipulatedthe stimulus similarity in two experimental conditions. The stimuli had multiple differences between them in thefirst condition, and had critical differences between them in the second condition. Four individuals with Down’ssyndrome participated. Relations between dictated words and pictures and between dictated and printed wordswere trained through matching to sample procedures. Two participants also learned responses of constructing thewords by the ordinal selection of their elements. Performances tested were naming of printed words and pictures,and matching printed words to pictures and pictures to printed words. Results suggested that three of the fourparticipants formed equivalence classes in both experimental conditions, whereas the other participant showedsigns of class formation only in the first experimental condition. Two participants had more difficulties withtraining and testing in the second condition. The difficulties were attributed to restricted stimulus control.

Key words: stimulus equivalence, reading, stimulus similarity, stimulus control, Down’s syndrome

EQUIVALÊNCIA DE ESTÍMULOS EM PARTICIPANTES COM SÍNDROME DE DOWN:EFEITOS DA UTILIZAÇÃO DE PALAVRAS COM DIFERENÇAS MÚLTIPLAS OU

CRÍTICAS E ANÁLISE DE CONTROLE RESTRITO DE ESTÍMULOS1

EQUIVALENCE RELATIONS IN CHILDREN WITH INTELLECTUAL DISABILITIES:SEARCH ABOUT PROCEDURES USING STIMULI WITH MULTIPLE OR CRITICAL

DIFFERENCES AND RESTRICTED STIMULUS CONTROL

1 Esta pesquisa contou com apoio financeiro do PRONEX/FAPESP (Processo número 03/09928-4), com bolsa de mestrado FAPESP para C.D. e bolsa de

Produtividade em Pesquisa do CNPq para J.C.R. Os autores agradecem a revisão cuidadosa e as sugestões de dois revisores anônimos que contribuíram para

o aprimoramento do texto. Endereço para correspondência: Camila Domeniconi, Laboratório de Estudos do Comportamento Humano, UFSCar, Rodovia

Washington Luís, 235. CEP 13565-905, São Carlos, SP. Email: camilad_ [email protected]

CAMILA DOMENICONI E JÚLIO C. DE ROSE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS, BRASIL

EDSON M. HUZIWARA

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, BRASIL

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A equivalência de estímulos tem sidoconcebida como um modelo comportamental defunção simbólica (de Rose, 1993; Sidman, 1994;Wilkinson & McIlvane, 2001;) e sua ocorrênciaextensivamente documentada e replicada compopulações de crianças e adultos comdesenvolvimento típico e também com déficitsde desenvolvimento (e.g., Carr, Wilkinson,Blackman & McIlvane, 2000; Lazar, Davis-Lang& Sanchez, 1984; Saunders, Wachter &Spradlin, 1988; Sidman & Tailby, 1982).

A habilidade de formar classes deestímulos equivalentes baseadas em relaçõesarbitrárias entre os estímulos é fundamentalpara o uso da linguagem funcional, para a leituracom compreensão, dentre muitos outroscomportamentos descritos como simbólicos(Mackay & Sidman, 1984; Sidman, 1971,1994; Spradlin & Saunders, 1984).

O procedimento de escolha de acordo como modelo tem sido utilizado para ensinardiscriminações condicionais já que ele permiteo estabelecimento de relações arbitrárias,potencialmente simbólicas entre estímulosfisicamente diferentes. Neste procedimento, oestímulo modelo controla qual o estímulo decomparação funciona como correto (S+) e qual(is) funcionam como estímulo incorreto (S-).Respostas ao estímulo de comparaçãodeterminado experimentalmente para sercorreto, na presença do estímulo modeloespecífico, em geral são seguidas dereforçamento. Respostas aos estímulos definidoscomo incorretos, na presença daqueledeterminado modelo, não são seguidas dereforçamento (e.g., Barros, 1998; Green &Saunders, 1998; Mackay, 1985).

Desta maneira, os treinos permitem oestabelecimento de discriminações condicionaisentre os estímulos modelo e os estímulos de

comparação: um estímulo de comparação podecontrolar uma resposta específica, a dependerde um contexto específico que é determinadopela apresentação do estímulo modelo (Debert,Matos & Andery, 2006). Originalmenteabordado nos experimentos de Lashley (1938),o estabelecimento de tais relações vemrecebendo destaque nos estudos sobrecomportamento simbólico.

O treino pode ser realizado, por exemplo,com elementos de três conjuntos hipotéticos A(A

1, A

2 e A

3), B (B

1, B

2 e B

3) e C (C

1, C

2 e C

3).

No ensino das relações AB, em cada tentativaum estímulo do conjunto A é apresentado comomodelo, e os estímulos do conjunto B sãoapresentados simultaneamente, como estímulosde comparação. Nesse caso, os participantesdevem selecionar o estímulo de comparação B

1

diante do modelo A1, não selecionando os

estímulos B2 e B

3. A escolha de B

1 produz

reforço, enquanto que as escolhas de B2 ou B

3

não possuem conseqüências programadas ou sãoseguidas por conseqüências não reforçadorasconvencionadas para erros. De maneira similar,o reforço é contingente à escolha de B

2 (e rejeição

de B1 e B

3) diante de A

2, e à escolha de B

3 (e

rejeição de B1 e B

2), diante de A

3. No ensino

das discriminações condicionais entre oselementos dos conjuntos A e C, diante de umestímulo modelo A

1, a resposta a ser

diferencialmente consequenciada será a escolhado estímulo C

1 ao invés de C

2 e C

3; do mesmo

modo, as escolhas de C2 e C

3 diante de A

2 e A

3,

respectivamente, também serão reforçadas.Estes treinos estabelecem relações funcionaisentre os elementos estímulos dos conjuntos A,B e C (A

1B

1, A

2B

2, A

3B

3; A

1C

1, A

2C

2, A

3C

3).

Contudo, nem todas as discriminaçõescondicionais constituem relações deequivalência. Relações de equivalência são

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definidas por apresentarem as propriedadesrelacionais de reflexividade, simetria etransitividade (Sidman, 1994; Sidman & Tailby,1982). A reflexividade implica em que a relaçãode um elemento consigo próprio sejaverdadeira, ou seja, a r a (onde a pode serqualquer elemento de um conjunto sobconsideração e r a relação entre ambos). Asimetria é constatada quando, tomados quaisquerdois elementos de um conjunto, a validade de ar b deve implicar, necessariamente, na validadeda relação b r a. Finalmente, se a validade dasrelações a r b e b r c implicar na validade darelação a r c, então estará comprovada atransitividade (de Rose, 1993; Saunders &Green, 1992; Sidman & Tailby, 1982).

Diversos estudos da área têm replicadoresultados positivos de formação de classes deequivalência após treinos de discriminaçãocondicional com indivíduos comdesenvolvimento típico. Contudo, indivíduoscom atraso no desenvolvimento podemnecessitar de maior quantidade de treino oumesmo de procedimentos adicionais, tanto paraa aquisição das discriminações condicionaistreinadas quanto para a demonstração derelações emergentes nos testes (e.g., Devany,Hayes & Nelson, 1986; Eikeseth & Smith,1992). Essa maior dificuldade na aquisição deresultados positivos por indivíduos com atrasono desenvolvimento ficou clara nos resultadosde Devany et al. (1986), que compararam aformação de equivalência em um grupo decrianças com desenvolvimento típico, um grupode crianças com atraso no desenvolvimento ecom repertório de linguagem e um outro grupode crianças com atraso mas que não possuíamrepertório de linguagem. Os resultados deDevany et al. (1986) mostraram que as criançascom desenvolvimento típico aprenderam as

discriminações condicionais treinadas eformaram classes de equivalência. As criançascom atraso no desenvolvimento e com repertóriode linguagem necessitaram de mais treino paraaprender as discriminações condicionaistreinadas, mas também mostraram formação declasses de equivalência. As crianças que nãopossuíam repertório de linguagem, contudo,também necessitaram de mais treino paraaprender as discriminações condicionaistreinadas e não mostraram formação deequivalência, pelo menos na única sessão de testeque foi realizada neste experimento. Essesresultados levaram os autores a sugerir que apresença do repertório de linguagem poderiaser condição necessária para a formação de classesde equivalência.

É possível sugerir que fatores nãorelacionados à presença ou ausência derepertório explícito de linguagem possamexplicar os resultados obtidos por Devany etal. (1986). O controle exercido por aspectosirrelevantes como a posição em que os estímuloseram apresentados, a preferência por estímulosespecíficos em função de história anterior ou ograu de similaridade física entre os estímulossão todos fatores que poderiam ser influenciadono desempenho dos participantes. Ainda,respostas podem ser dadas sob controle demenos aspectos do estímulo do que seriamnecessários para obtenção de respostasacuradas, gerando um padrão de controle sobaspectos restritos dos estímulos. Este tipo decontrole tem sido documentado em criançascom autismo ou atrasos no desenvolvimento(Allen & Fuqua, 1985; Domeniconi, Costa& de Rose, 2001; Lovaas, Koegel &Schreibman, 1979; Lovaas, Schreibman,Koegel & Rehm, 1971; Stromer, McIlvane,Dube, & Mackay, 1993).

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Birnie-Selwyn e Guerin (1997)manipularam a similaridade entre as palavrasutilizadas em treinos de discriminaçãocondicional auditivo-visual e testes de construçãode palavras, a fim de verificar diferenças nosdesempenhos de crianças com desenvolvimentotípico em função desta manipulação. Foramutilizadas 24 palavras como estímulos modelo,todas elas eram iniciadas por encontrosconsonantais (palavras como snow, frog, grow,etc). Já os estímulos de comparação foramarranjados em dois grupos diferentes de palavras,em função dos mesmos modelos: em um dosgrupos (grupo de estímulos com diferençascríticas), as palavras utilizadas como comparaçõescontinham uma ou, no máximo, duas letrasdiferentes do modelo (no exemplo do modelosnow, as comparações foram slow e snap); nosegundo grupo (estímulos com diferençasmúltiplas), as palavras utilizadas comocomparações continham, três ou quatro letrasdiferentes do modelo (por exemplo, com omesmo modelo, snow, as comparações utilizadasforam nice e rest). Os dados obtidos por elesapontaram que as crianças tiveram mais facilidadeem emparelhar palavras diferentes (inseridas notreino com diferenças múltiplas) que palavrasparecidas (treino com diferenças críticas). Emcompensação, elas selecionaram com maisacurácia as letras constituintes daquelas palavrasque foram treinadas em uma condição dediferenças críticas. Os autores discutiram osresultados destacando uma possível ocorrênciade respostas dadas sob controle apenas daprimeira letra de cada palavra, o que tornariaexecutável a tarefa de emparelhamento com omodelo, mas não a de seleção das letrasconstituintes da palavra, no caso da condição comdiferenças múltiplas. Já o emparelhamento como modelo na condição com diferenças críticas

exigiria um olhar para a palavra toda, o queensinaria este tipo de controle, facilitando aposterior resposta de construção dessas palavras.Portanto, a variável manipulada no presenteestudo, ou seja, a similaridade entre os estímulosestaria relacionada com controle por partes ouelementos de estímulos compostos, o que temsido denominado de controle restrito deestímulos.

O presente estudo teve o objetivo deensinar discriminações condicionais auditivo-visuais para participantes com Síndrome deDown, utilizando pseudo-palavras e verificar aemergência de classes equivalentes. Além disso,foram utilizados dois grupos de palavras a fimde verificar os possíveis efeitos do uso de palavrascom diferenças múltiplas ou críticas sobre osdesempenhos individuais nos treinos e testes.Tal objetivo pauta-se na importância de seinvestigar como o treino e a emergência dediscriminações condicionais podem envolveruma multiplicidade de relações e controles entreos estímulos. O conhecimento de algumasdestas variáveis pode permitir adaptaçõesnecessárias para o treino de habilidadesrelevantes aos indivíduos com atraso nodesenvolvimento cognitivo, como é o caso dosparticipantes do presente estudo.

MÉTODO

ParticipantesParticiparam do estudo dois adultos e

duas crianças portadores de Síndrome de Down.A aplicação do teste Peabody Picture VocabularyTest – revised (Dunn & Dunn, 1981) permitiua mensuração da idade mental do participanteatravés da avaliação do seu nível de vocabulárioreceptivo. Informações detalhadas sobre osparticipantes estão apresentadas na Tabela 1.

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A participação no presente estudoocorreu mediante consentimento prévio dospais, atestado pela assinatura do Termo deConsentimento Livre e Esclarecido, submetidoe aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisada instituição.

Local, equipamentos e materiaisAs sessões foram realizadas em uma sala

do Laboratório de Estudos do ComportamentoHumano da Universidade Federal de São Carlos,especialmente designada para esta finalidade,não sujeita a interrupção ou barulhos externos.

Foram utilizados um computador IBM®

com plataforma Windows® e monitor sensívelao toque, fones de ouvido, uma câmerafilmadora, e o software “Lendo e Escrevendoem Pequenos Passos” (Rosa Filho, de Souza,de Rose & Hanna, 1999). Além disso, foramutilizados materiais escolares e pequenosbrinquedos, dispostos em prateleiras de umarmário de madeira, simulando uma pequena“lojinha”.

ProcedimentoAs sessões ocorreram uma vez por dia,

quatro ou cinco vezes por semana, com duraçãomédia de vinte minutos.

Foram utilizados como estímulos palavrasditadas, figuras e palavras impressas (todas comquatro letras, sendo duas sílabas simples, dotipo consoante mais vogal). O procedimentode ensino foi dividido em duas condiçõesexperimentais. Entre as condições foimanipulada a similaridade entre as palavrasimpressas. Durante a Condição de DiferençasMúltiplas (DM) foram utilizadas palavras queapresentavam diferenças múltiplas entre si, ouseja, palavras com uma ou duas letras emcomum (neste caso, pelo menos uma das letrasem comum ocupava posições diferentes em cadapalavra). Na Condição de Diferenças Críticas(DC) foram utilizadas palavras queapresentavam diferenças críticas, ou seja, duasou três letras em comum (com, pelo menosduas delas ocupando a mesma posição em cadapalavra). As palavras utilizadas estãoapresentadas na Tabela 2.

Todos os participantes realizaram primeiroas atividades da Condição Experimental comDiferenças Múltiplas (DM) e depois as daCondição de Diferenças Críticas (DC).

As duas condições experimentais foramplanejadas para serem idênticas em relação aosprocedimentos, atividades e conseqüênciasutilizadas, com diferenças apenas nos estímulos

Participantes(nome fictício)

SelmaPaula

LeandraLuciano

Idadecronológica

20a 6m24a 3m7a 6m

8a 10m

Idade equivalenteao vocabulário*

5a 2m5a 7m2a 1m

4a 10m

Sexo

FFFM

Alfabetização

SimSimNãoNão

Tabela 1

Caracterização dos participantes do estudo quanto à idade cronológica, idade equivalente ao

vocabulário, sexo e alfabetização.

* avaliada através da aplicação do Peabody Picture Vocabulary Test

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utilizados, mas algumas alterações foramnecessárias em função das dificuldadesencontradas por dois participantes, em especialna Condição de Diferenças Críticas (DC), eserão detalhadas abaixo no item: “Procedimentode correção utilizado com Luciano e Leandra”.

Em cada uma das condiçõesexperimentais foram planejadas as seguintesatividades: pré-testes, treinos deemparelhamento palavra ditada-figura, testesde nomeação das figuras, treinos deemparelhamento palavra ditada-palavraimpressa, testes de nomeação das palavras etestes de equivalência entre palavras impressase figuras e vice-versa.

Respostas corretas, tanto em treinosquanto em testes, foram seguidas porconseqüências programadas no computador(palmas, animações sonoras ou mensagens deparabenização) e pelo recebimento de fichas,que eram trocadas por materiais escolares oubrinquedos disponíveis na “lojinha”. Respostaserradas ocorridas durante as tentativas de treinoeram seguidas por mensagens de correção(“Tente outra vez” ou “Não, não é”) e nastentativas de teste produziam apenas a mudançapara uma nova tentativa. As seqüências demodelos, as posições dos estímulos corretos, a

quantidade de vezes que os estímulos apareciamcomo comparações e o tipo de relação testadaem cada tentativa, eram balanceados e dispostossemi-randomicamente.

Condição Experimental com DiferençasMúltiplas (DM)

Pré-testes. Foram realizados pré-testes dasseguintes relações: 24 tentativas deemparelhamento figura-figura (relação BB), 12tentativas de nomeação de palavras (CD), 24de emparelhamento palavra ditada-palavraimpressa (AC) e 24 tentativas deemparelhamentos figura-palavra impressa epalavra impressa-figura (BC/CB). Os pré-testesnão tinham nenhum critério de acerto e tinhamo objetivo de verificar o repertório inicial dosparticipantes nas relações citadas utilizando aspseudo-palavras e figuras do procedimento.

Treinos de emparelhamento palavra ditada-figura (relação AB) e testes de nomeação das figuras(BD). A sessão era iniciada com a apresentaçãode seis tentativas envolvendo a nomeação dasfiguras utilizadas no passo de ensino.

O treino da relação entre palavras ditadase figuras foi realizado gradualmente, inserindo-se as figuras do procedimento uma a uma. Asatividades de treino foram iniciadas comtentativas de emparelhamento utilizandoestímulos definidos, ou seja, palavras jápreviamente relacionadas às respectivas figuras(por exemplo: bolo, uva, relógio, rato). Emseguida, foram inseridos os nomes e figurasindefinidos, ou seja, aqueles não previamenterelacionados entre si, sendo treinada umarelação nome-figura de cada vez, de modo queo participante sempre poderia excluir ascomparações que já conhecia e selecionar acomparação nova, ao ouvir o nome novo. Paraque uma nova relação palavra ditada-figura fosse

Tabela 2

Palavras utilizadas em cada condição

experimental.

Condição Experimental

Diferenças múltiplas

Diferenças críticas

Palavras

KeniXuleRagi

MadoMidaModi

SotaBizuPafo

DamoDimaDomi

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introduzida, o participante deveria exibir umdesempenho estável nas relações palavra ditada-figura ensinadas até aquele momento. O critériopara determinar a estabilidade no desempenhodo participante era um índice de acertos superiora 90% em um bloco contendo 24 tentativas.Os blocos poderiam ser repetidos até que estecritério fosse alcançado, com o limite máximode três repetições por dia de um mesmo bloco.

Esse procedimento foi construído combase nos estudos sobre o responder por exclusãoque demonstraram o potencial tecnológico desteprocedimento (Costa, McIlvane, Wilkinson, &de Souza, 2001; Dixon, 1977; Ferrari, de Rose& McIlvane, 1993).

A sessão era finalizada com a reapresentaçãodas seis tentativas envolvendo a nomeação dasfiguras utilizadas no passo de ensino.

O critério de aprendizagem final (uma vezinseridas todas as seis relações entre os nomes efiguras do procedimento) era de 100% deacertos somente nas tentativas envolvendo oemparelhamento de palavras ditadas e figuras.Esse bloco final (assim como os blocos anteriores,que ainda não continham todas as seis relaçõesentre figuras e palavras ditadas) era repetido atéque o participante alcançasse o critério, com olimite máximo de três repetições por dia. Astentativas de nomeação não possuíam critériode aprendizagem, mas eram repetidas adepender do desempenho do participante natarefa de emparelhamento, uma vez que estavaminseridas ao final das tentativas deemparelhamento.

Treinos e testes de emparelhamento palavraditada-palavra impressa (AC) e testes de nomeaçãodas palavras impressas (CD). Para o treino dasseis relações entre palavra ditada-palavraimpressa foram programados dois blocosconsecutivos de treino. Sendo assim, foram

treinadas três palavras no primeiro bloco e maistrês palavras no bloco seguinte. No primeirobloco de sessões foram ensinadas as palavras“xule”, “ragi” e “sota”, e as palavras “bizu”, “keni”e “pafo” foram treinadas em seguida.

No início de cada sessão eramapresentadas três tentativas de emparelhamentoentre palavra ditada e palavra impressa e trêstentativas de nomeação das palavras impressasque seriam apresentadas naquela sessão. Estastentativas ratificavam o desconhecimento préviodas relações por parte dos participantes, além defornecer uma medida de comparação com osescores obtidos ao final da mesma sessão de treino.

O treino propriamente dito era iniciadocom seis tentativas em que somente o modeloA1 era apresentado e ocorria a inserção gradualdos estímulos de comparação. Dessa maneira,a primeira tentativa continha apenas umacomparação, a segunda apresentava duascomparações e a terceira, três comparações. Emseguida eram apresentadas oito tentativas nasquais estavam presentes os estímulos A1 ou A2como modelos. Depois havia 12 tentativasenvolvendo os estímulos A1, A2 e A3 e,finalmente, 15 tentativas envolvendo todos osestímulos dispostos em ordem quase randômica.Cada um dos blocos de treino possuía comocritério de aprendizagem 100% de acertos. Anão obtenção do critério implicava na aplicaçãodo mesmo bloco de treino até o limite máximode três repetições cada dia.

Cada sessão era encerrada com areapresentação das tentativas deemparelhamento entre palavra ditada e palavraimpressa e nomeação de palavras impressas. Astentativas de nomeação das palavras nãopossuíam critério de aprendizagem, era apenasregistrado o número de palavras lidas peloparticipante após a sessão. Como dito no caso

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do emparelhamento entre palavra ditada efigura, também aqui essas tentativas denomeação de palavras eram repetidas a dependerdo desempenho do participante na tarefa deemparelhamento, uma vez que estavaminseridas ao final das tentativas deemparelhamento.

Pós-testes - Testes de nomeação das palavrasimpressas (CD) e de emparelhamento palavraditada-palavra impressa (AC). Todas as palavrasutilizadas no procedimento foram apresentadasem um bloco de teste composto por seistentativas de nomeação das palavras impressase seis tentativas de emparelhamento palavraditada-palavra impressa.

Testes de emparelhamento palavra impressa-figura e figura-palavra impressa (BC/CB). Ostestes eram constituídos por blocos de dozetentativas. Seis delas continham a figura comomodelo e três palavras impressas comoestímulos de comparação. Além disso, amensagem de voz “aponte a palavra”(emparelhamento figura-palavra impressa) eraapresentada. Nas outras seis tentativas apareciaa palavra impressa como modelo, três figurascomo comparações e a mensagem: “Aponte afigura” (emparelhamento palavra impressa-figura). Os estímulos utilizados foram palavrasimpressas e figuras utilizadas nos treinosdescritos acima.

Os pós-testes das relações AC, BD, CD eBC/CB foram realizados mais de uma vez paraalguns participantes após a repetição do treinode relações pertinentes a estes desempenhos(por exemplo, no caso de um desempenhomuito baixo em um teste de nomeação depalavras, CD, o participante foi expostonovamente ao treino de emparelhamentopalavra ditada-palavra impressa, AC, e ao testeCD). Detalhes sobre quais testes foram

repetidos e para quais participantesencontram-se na sessão de resultados.

As palavras utilizadas nesta condição estãoapresentadas na porção superior da Tabela 2.

Condição Experimental com DiferençasCríticas (DC)

O treino envolvendo palavras comdiferenças críticas seguiu a mesma seqüênciaapresentada para a Condição Experimental comDiferenças Múltiplas (DM), mudando apenasos estímulos. As palavras utilizadas nestacondição estão apresentadas na porção inferiorda Tabela 2.

As palavras “mado”, “mida” e “modi”foram treinadas no primeiro bloco de sessões eas palavras “damo”, “dima” e “domi” foramtreinadas no segundo bloco de sessões damesma condição experimental.

Procedimento de correção utilizado comLuciano e Leandra

Construção dos estímulos impressos a partirda seleção ordenada de cada sílaba componenteda palavra modelo. Após a terceira repetiçãodo primeiro bloco de treino deemparelhamento entre palavra ditada e palavraimpressa foram introduzidas 24 tentativas deconstrução de acordo com o modelo. Dianteda palavra impressa, os participantes deveriamcompor uma palavra idêntica utilizando sílabasimpressas disponibilizadas na tela docomputador. A requisição de “cópia” objetivavacolocar o comportamento dos participantessob controle das unidades menorescomponentes de cada palavra e melhorar osdesempenhos nos treinos de emparelhamentopalavra ditada palavra impressa e nos testes denomeação de palavras. O critério deaprendizagem requerido era de 90% deacertos. Caso o critério não fosse satisfeito o

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treino deveria ser repetido até o limite máximode três repetições por dia. Após a realizaçãodo treino de resposta construída osparticipantes foram novamente expostos aostreinos e testes de emparelhamento palavraditada-palavra impressa, testes de nomeaçãode palavras e testes de emparelhamento figura-palavra impressa, palavra impressa-figura.

RESULTADOS

A análise dos dados foi realizada de acordocom as porcentagens de acertos obtidas por cadaparticipante em cada um dos testes e estárepresentada na Figura 1.

A Figura 1 apresenta os resultadosindividuais de desempenho de cada participantenas seguintes relações testadas antes (pré-testes)e depois dos treinos (pós-testes): nomeação defiguras (BD), nomeação de palavras impressas(CD), emparelhamento palavra ditada-palavraimpressa (AC) e emparelhamento figura-palavraimpressa, palavra impressa-figura (BC/CB). Osresultados apresentados na Figura 1 referem-sesempre ao desempenho demonstrado peloparticipante na última aplicação dos testes. Notexto abaixo está especificado se o participantefoi exposto ao pós-teste mais de uma vez.

As barras de cor cinza representam osresultados obtidos na Condição Experimentalcom Diferenças Múltiplas (DM) e as pretas, osresultados da Condição Experimental comDiferenças Críticas (DC).

Condição Experimental com Diferenças MúltiplasTodos os resultados obtidos nos testes

desta condição experimental estão descritos nasbarras de cor cinza dos gráficos na Figura 1.

Pré-testes. Como pode ser observado nasbarras de cor cinza à esquerda dos dois primeiros

gráficos da Figura 1, as participantes Selma ePaula obtiveram 100% de acertos em todas astentativas do pré-teste com as pseudo-palavras,com exceção para as tentativas de nomeação defiguras (BD), em que ambas não obtiveramacertos, e para as tentativas de teste deemparelhamento palavra impressa-figura,figura-palavra impressa (BC/CB), nas quais aparticipante Selma acertou 65% das tentativase Paula acertou 30% das tentativas.

Os participantes Luciano e Leandrainiciaram o procedimento com porcentagensabaixo do nível do acaso em, praticamente,todas as atividades de pré-testes. Pode-seobservar que nenhum dos dois obteve acertosna nomeação de figuras (BD), de palavrasimpressas (CD) e de emparelhamento palavraditada-palavra impressa (AC). Porcentagens deacertos próximas do nível do acaso tambémforam observadas nas atividades deemparelhamento figura-palavra impressa,palavra impressa-figura (BC/CB). Leandraobteve 30% de acerto e Luciano 25%.

Os resultados apresentados à direita de cadagráfico de Figura 1 são relativos aos dados obtidosapós a realização dos treinos (pós-testes).

Testes de nomeação das figuras (BD). Osparticipantes Selma, Leandra e Lucianoobtiveram 100% de acertos nos testes denomeação das figuras na primeira exposição àsatividades. Paula não nomeou corretamentenenhuma figura e passou novamente pelo treinode emparelhamento palavra ditada-figura epelos testes de nomeação das figuras. Mesmoapós a segunda exposição da participante aostreinos e testes ela nomeou apenas 20% dasfiguras (o resultado representado na Figura 1refere-se à segunda exposição).

Testes de nomeação das palavras impressas(CD). Selma e Paula nomearam todas as palavras

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Figura 2. Porcentagens de acertos em cada uma das relações testadas: nomeação de figuras (BD), nomeação de palavras(CD), emparelhamento palavra ditada-palavra impressa (AC), emparelhamento figura-palavra impressa, palavra impressa-figura (BC/CB). As barras em cor cinza representam os resultados da Condição Experimental com Diferenças Múltiplase as barras pretas representam os resultados da Condição Experimental com Diferenças Críticas.

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impressas, já Leandra não nomeou nenhumapalavra e Luciano apenas uma (16,7% deacerto). Também com Luciano e Leandratentou-se repetir uma vez todo o treino deemparelhamento palavra ditada-palavraimpressa (AC) e refazer o teste de nomeaçãodas palavras (CD), a fim de verificar se esta novaexposição às contingências de treino e testemelhoraria o desempenho do participante. Estamelhora não ocorreu, como pode ser observadono resultado que se refere à segunda exposição,neste caso, idêntico ao obtido na primeira.

Testes de emparelhamento palavra ditada-palavra impressa (AC). As participantes Selma,Paula e Leandra realizaram corretamente 100%das atividades de emparelhamento palavraditada-palavra impressa. Luciano acertou 83,3%das atividades. Os dados de Leandra e Lucianoreferem-se à segunda exposição aos testes. Ostreinos e testes de emparelhamento AC foramrepetidos com estes dois participantes na tentativade melhorar os percentuais obtidos na nomeaçãodas palavras impressas (descritos acima).

Testes de emparelhamento figura-palavraimpressa e palavra impressa-figura (BC/CB). Aparticipante Selma obteve 95% de acerto nasegunda exposição aos testes deemparelhamento BC/CB. Os testes foramrepetidos para verificar se ocorreria a emergênciadesta relação, uma vez que ela havia obtidoescores excelentes nas outras medidas. Osresultados da participante Paula também sereferem à segunda exposição ao teste, na qual elaobteve 83,3% de acertos. Na primeira vez emque realizaram os testes BC/CB, Selma e Paulaobtiveram, respectivamente, 75 e 30% de acerto.

Leandra e Luciano obtiveram 100% deacertos na primeira exposição aos testes BC/CB.

Em geral, observa-se através dos dadosapresentados na Figura 1 que a Condição DM

pareceu ser favorecedora, especialmente para osparticipantes Leandra e Luciano, para aaquisição de repertórios receptivos, como oemparelhamento entre palavras ditadas epalavras impressas (AC). Esta condição tambémfoi favorável à formação de classes entre palavrasimpressas e figuras e vice versa (BC/CB) para oparticipante Luciano.

Já em relação ao repertório expressivo, acondição de treino não pareceu ser tãofavorável, especialmente para Leandra eLuciano, que obtiveram resultados inferioresna nomeação de palavras (CD), quandocomparados à próxima CondiçãoExperimental, embora estas diferenças nãotenham sido significativas.

Condição Experimental com Diferenças CríticasTodos os resultados obtidos nos testes

desta condição experimental estão descritos nasbarras de cor preta dos gráficos na Figura 1.

Pré-testes. As participantes Selma e Paulaapresentaram 100% de acertos nas atividades denomeação das palavras (CD) e deemparelhamento palavra ditada palavra impressa(AC). Novamente as porcentagens mais baixasde acerto puderam ser observadas na nomeaçãodas figuras (nenhuma das participantes nomeoucorretamente nenhuma figura) e nosemparelhamentos figura-palavra impressa palavraimpressa-figura (BC/CB). Neste teste, Selmaacertou 50% das tentativas e Paula, 25%.

Leandra e Luciano, a exemplo do queocorrera na condição DM, não apresentaramacertos na nomeação de figuras (BD), depalavras impressas (CD) e de emparelhamentopalavra ditada-palavra impressa (AC). Nasatividades de emparelhamento figura-palavraimpressa, palavra impressa-figura (BC/CB),Leandra obteve 25% de acerto e Luciano, 30%.

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Novamente, as barras na cor cinzarepresentam os dados obtidos após a realizaçãodos treinos (pós-testes).

Testes de nomeação das figuras (BD). Selmaobteve 100% acertos, Paula nomeoucorretamente 85% das figuras, Leandra 67% eLuciano 100%. Os dados se referem à primeiraexposição aos testes.

Testes de nomeação das palavras impressas(CD). Selma e Paula nomearam corretamentetodas as palavras do procedimento (100% deacerto) na primeira exposição aos testes, Leandranomeou apenas uma palavra (16,7% de acerto)e Luciano duas palavras (33,3% de acerto). Osdados de Leandra e Luciano referem-se à segundaexposição aos testes, após três repetições de todoo treino de emparelhamento palavra ditada-palavra impressa (AC) e a inserção doprocedimento de ensino baseado na construçãodo modelo impresso a partir de seleção ordenadadas sílabas correspondentes. Na primeiraexposição aos testes, os dois participantesobtiveram porcentagens nulas de acerto.

Testes de emparelhamento palavra ditada-palavra impressa (AC). Selma e Paulaemparelharam corretamente 100% daspalavras impressas aos respectivos modelos

auditivos, na primeira exposição aos testes.Leandra e Luciano obtiveram 33,3% de acertoapós a terceira repetição dos treinos e testesde emparelhamento AC e da inserção doprocedimento de ensino baseado na construçãodo modelo impresso a partir de seleçãoordenada das sílabas correspondentes. Naprimeira vez em que realizaram os testes AC,Leandra e Luciano obtiveram,respectivamente, zero e 33,3% de acerto.

Testes de emparelhamento figura-palavraimpressa palavra impressa-figura (BC/CB). Selmae Paula obtiveram respectivamente 100 e 85%de acerto nos testes BC/CB. Os dados de Selmareferem-se à primeira exposição ao teste e os dePaula a segunda exposição (Paula obteve 30%de acerto na primeira exposição). Leandraobteve 90% de acerto e Luciano 25% de acerto,na primeira exposição ao teste.

Pode-se observar em termos detendência geral, a partir da observação dosdados apresentados na Figura 1, que aCondição Experimental com DiferençasCríticas (DC) constituiu uma situação deaprendizagem mais difícil, especialmentepara os participantes Leandra e Luciano, queobtiveram consideravelmente menos acertos

SelmaPaula

LeandraLuciano

Treino AB1418228

Treino AC35

2620

Treino AB86

108

Treino AC44

3932

Condição Experimental comDiferenças Múltiplas (DM)

Condição Experimental comDiferenças Críticas (DC)

Tabela 3

Número de sessões de treino para cada participante até a obtenção do critério de aprendizagem nas

discriminações condicionais.

Participante

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nas tarefas de emparelhamento palavra ditadapalavra impressa (AC) e nos testes deequivalência entre palavras impressas e figurase vice-versa (BC/CB), no caso de Luciano.Apesar destes dados nas tarefas receptivas, osdados de nomeação das palavras (CD) forammelhores nesta condição embora estadiferença não seja significativa.

A Tabela 3 apresenta o número de sessõesde treino necessário para que cada um dosparticipantes atingisse o critério deaprendizagem. A análise dos dadosapresentados nela nos permite fazer maisconsiderações sobre o desempenho dosparticipantes em função das duas condiçõesexperimentais, especialmente sobre qual delasconstituiu uma situação de aprendizagem dediscriminações condicionais mais difícil.

DISCUSSÃO

Quatro participantes com Síndrome deDown realizaram treinos de discriminaçãocondicional entre palavras ditadas e figuras(relação AB) e entre palavras ditadas e impressas(AC). Além destes treinos, dois dosparticipantes realizaram treinos de construçãodas palavras a partir da seleção ordenada dassílabas componentes do modelo em uma dascondições experimentais programadas.Finalmente, todos realizaram testes denomeação das figuras e testes de equivalênciaentre figuras e palavras impressas e vice versa.

O procedimento incluiu a manipulaçãoda similaridade entre as palavras, proposta noestudo de Birnie-Selwyn e Guerin (1997) eforam programadas duas condiçõesexperimentais: condição experimental comdiferenças múltiplas (DM) e condiçãoexperimental com diferenças críticas (DC).

Todos os participantes realizaram primeiro asatividades da condição DM e depois dacondição DC. Essa ordem foi definida com opropósito de proporcionar uma dificuldadecrescente nas atividades realizadas pelosparticipantes, acreditando que pode ser maissimples realizar discriminações condicionaisquando os estímulos são facilmentediscrimináveis (pouco similares) do que realizardiscriminações condicionais com estímulosmuito parecidos.

Alguns estudos trataram da similaridadefísica dos estímulos como uma variávelimportante na estimativa da dificuldade dediscriminação (p.ex. Birnie-Selwin & Guerin,1997; Guttman & Kalish, 1956).Considerando o grau de dificuldade de umatarefa como uma característica que pode seravaliada a partir de uma análise do desempenhodos indivíduos ao executá-la (Oliveira-Castro,Coelho & Oliveira-Castro, 1999), os resultadosobtidos por Luciano e Leandra indicaram quea escolha pela ordem das condiçõesexperimentais foi adequada. De fato, a ordemdas condições experimentais proporcionou umgrau crescente de dificuldade especialmentequando se observa os dados dos testes deemparelhamento palavra ditada e palavraimpressa. Além disso, o número de sessõesnecessário para que cada participante atingisseo critério de aprendizagem para os treinostambém parece sugerir a adequação na ordemde treino utilizada.

Os dados de Luciano e Leandra replicaramos obtidos por Birnie-Selwin e Guerin (1997)no que concerne às porcentagens de acerto nosemparelhamentos entre palavras ditadas eimpressas (relação AC), comparando as duascondições experimentais. Observa-se na Figura1 que ambos obtiveram escores

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significativamente melhores na condiçãoexperimental com diferenças múltiplas que nacondição com diferenças críticas, mesmo comuma maior exposição aos treinos e testes dacondição com diferenças críticas (os escores dacondição com diferenças múltiplas são relativosà segunda exposição e os da condição comdiferenças críticas, à terceira exposição).

Investigações sobre os processos envolvidosna aquisição das habilidades de ler, soletrar ouconstruir palavras têm chamado atenção para anecessidade de analisar detalhadamente ocontrole de estímulos envolvido em alguns errostípicos de leitura e soletração, tendo em vista anecessidade de controle por todos os elementosda palavra, para a obtenção de respostasacuradas (Dube, McDonald, McIlvane &Mackay, 1991; Stevens, Blackhurst & Slaton,1991) e, portanto, mais adaptadas. Ainterpretação dos dados de Luciano e Leandrapermite explanações sobre o tipo de controleque atuou durante as respostas, uma vez que odesempenho de emparelhamento palavra ditadapalavra impressa na condição com diferençasmúltiplas foi muito superior ao desempenhocom diferenças críticas. Pode-se supor que elesresponderam às atividades de ambas ascondições sob controle de algum aspecto restritoda palavra, possivelmente a primeira letra, umavez que este tipo de controle era possível nestacondição e compatível com a produção derespostas acuradas. Na segunda condição,respostas sob controle de aspectos restritos dapalavra eram incompatíveis com a produção derespostas acuradas, uma vez que as palavrasdiferiam em uma ou mais letras. Evidência dotipo de controle que atuou sobre a emissão dasrespostas de escolha nos emparelhamentospalavra ditada palavra impressa é que os escoresverificados na segunda condição experimental

foram significativamente menores que os daprimeira. Além do mais, o número de sessõesde treino necessário para que essesparticipantes atingissem os critérios de acertosestipulados nas sessões de treino deemparelhamento palavra ditada-palavraimpressa foi significativamente maior nasegunda condição experimental, evidenciandoa maior dificuldade encontrada por eles.

Tendo em vista as dificuldadesencontradas por Luciano e Leandra na realizaçãoda discriminação entre palavras com diferençascríticas, além dos procedimentos descritosanteriormente, foi introduzido o procedimentode construção das palavras impressas a partirda seleção ordenada de cada sílaba componenteda palavra modelo. Este procedimento foiutilizado por Dube et. al. (1991) e constituium tipo de resposta diferencial descrito naliteratura como um possível procedimento deremediação nos casos em que o desempenhodo participante leve a suspeita de que ele nãoestá respondendo sob controle de todos oselementos de um estímulo complexo. A tarefade construção de uma palavra visa ensinar oparticipante a atentar para todos os elementosda mesma, uma vez que é muito difícilcompletar a tarefa sem tal discriminação.

A introdução do procedimento deconstrução das palavras não foi suficiente paraque os dados dos dois participantes nas tarefasde discriminação auditivo visual melhorassempara além da porcentagem de acerto que podeser considerada ao acaso (35% de acerto Leandrae 33% de acerto Luciano). Em relação a esteaspecto, pode-se apontar a interferência daquantidade de erros cometidos pelosparticipantes até este ponto do procedimentocomo uma variável que pode ter contribuídopara diminuir a eficácia do procedimento.

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EQUIVALÊNCIA DE ESTÍMULOS E SÍNDROME DE DOWN

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Estudos mostram que, durante a aquisição deuma discriminação, um dos efeitos de umgrande número de respostas ao estímuloincorreto (consideradas experimentalmentecomo erradas) diz respeito ao controle docomportamento do participante por aspectosirrelevantes, conduzindo a um possíveldesempenho persistentemente falho nadiscriminação presente e, talvez, até em outrasrelacionadas (Stoddard & Sidman, 1967;Terrace, 1963a; Terrace, 1963b).

Apesar da grande quantidade de errosapontada no desempenho de dois participantesdurante a condição com diferenças críticas, emrelação aos dados de equivalência de estímulos,três dos quatro participantes mostraram indíciosde estabelecimento de relações de equivalênciaentre palavras impressas e as respectivas figuras,nunca relacionadas durante os treinos, nas duascondições experimentais. O outro participante(Luciano) apresentou tais indícios apenas nostestes da condição com diferenças múltiplas,corroborando com os dados que atestam opotencial tecnológico do procedimento deemparelhamento com o modelo para a formaçãode classes de equivalência, mesmo quando oparticipante apresenta déficits dedesenvolvimento e necessite de uma maiorquantidade de treino, como no presente estudo.

Os resultados de nomeação das palavrasreplicaram os dados da literatura da área deequivalência de estímulos, que mostraram queo repertório receptivo instalado através dostreinos de emparelhamento com o modelo podenão garantir a nomeação dos estímulosenvolvidos nos testes de equivalência, indicandoque talvez sejam repertórios independentes(p.ex., Guess & Baer, 1973; Lee, 1981; Lee &Pegler, 1982; Mackay & Sidman, 1984;Sidman, Willson-Morris & Kirk, 1986). Em

especial, observa-se que Leandra e Lucianonomearam, respectivamente, nenhuma eapenas uma palavra na Condição DM eobtiveram resultados de 100% de acerto nostestes de equivalência. Ainda na Condição DC,Leandra nomeou apenas uma palavra, masobteve 95% de acerto nos testes deequivalência. Os resultados de Selma e Paulanão permitiram essa comparação uma vez queelas já possuíam a habilidade de nomear aspalavras antes dos treinos.

Pesquisas posteriores poderiam serrealizadas com foco na investigação de controlerestrito de estímulos em participantes comatrasos de desenvolvimento, uma vez que opresente estudo soma-se aos estudos anterioresna sugestão de que este tipo de controle podeestar ocorrendo e dificultando a aquisição derelações baseadas em estímulos compostos,como é o caso das palavras (Allen & Fuqua,1985; Domeniconi et al., 2001; Litrownick,McInnis, Wetzel-Prichard & Felipelli, 1978;Lovaas et. al., 1971; Lovaas et al., 1979;Stromer, McIlvane & Dube, 1993).

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PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ANÁLISE DOCOMPORTAMENTO NO BRASIL

BRAZILIAN GRADUATE PROGRAMS IN BEHAVIOR ANALYSIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIACentro de Educação e Ciências Humanas

Universidade Federal de São Carlos

Cursos: MESTRADO E DOUTORADO

Área de concentraçãoComportamento e Cognição

Linhas de Pesquisa1. Análise comportamental da cognição

2. Comportamento social e processos cognitivos

DOCENTES:Almir Del Prette

Antonio Celso de Noronha GoyosAzair Liane Mattos do Canto de Souza

Camila DomeniconiDeisy das Graças de Souza

Elizabeth Joan BarhamJúlio César Coelho de Rose

Lúcia Cavalcanti de Albuquerque WilliamsMaria Stella Coutinho de Alcântara Gil

Rosemeire Aparecida ScopinhoSusi Lippi Marques Oliveira

Zilda Aparecida Pereira Del Prette

Informações adicionais na página da internet: www.ppgpsi.ufscar.brE-mail: [email protected]