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ESPECIAL EDIçÃO EpiReumaPt O RETRATO DAS DOENÇAS REUMÁTICAS EM PORTUGAL

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Page 1: EpiReumaPt O retratO das em pOrtugal - reumacensus.org · • Indicado no tratamento da Espondilite Anquilosante ativa grave em doentes adultos que ... as quais está indicado e os

ESPECIAL EdiçÃO

EpiReumaPtO retratO das dOenças reumáticas em pOrtugal

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AbbVie, Lda.Estrada de Alfragide, 67 Alfrapark - Edifício D | 2610-008 Amadora | Telf. 211 908 400 | Fax. 211 908 403Contribuinte e Matrícula na Conservatória do Reg. Com. da Amadora n.º 510 229 050 | Capital Social 4.000.000€

• Indicado no tratamento da Espondilartrite Axial grave Sem Evidência Radiográfica de EA em doentes adultos, mas com sinais objetivos de inflamação por PCR elevada e / ou por MRI, que tiveram uma resposta inadequada, ou que são intolerantes aos medicamentos anti-inflamatórios não esteroides.3

• Indicado no tratamento da Espondilite Anquilosante ativa grave em doentes adultos que tiveram uma resposta inadequada à terapêutica convencional.3

• Humira também está indicado na Artrite Reumatoide, Artrite Idiopática Juvenil Poliarticular, Artrite Psoriática, Psoríase, Doença de Crohn, Doença de Crohn Pediátrica e Colite Ulcerosa.

* Solução Global: Humira na Espondilartrite Axial (Artrite Psoriática, Espondilite Anquilosante – EA – e Espondilartrite Axial sem Evidência Radiográfica de EA). ** HUMIRA foi aprovado na SpA Axial grave sem Evidência Radiográfica de EA em 2012. 1 – Haibel H, et al., “Efficacy of Adalimumab in the Treatment of Axial Spondylarthritis Without Radiographically Defined Sacroiliitis”, Arthritis Rheum 2008; 58:1981–1991. 2 – Rudwaleit M, et al.,“The Early Disease Stage in Axial Spondylarthritis: Results from the Germand Spondyloarthritis Inception Cohort”, Arthritis Rheum 2009; 60:717–727. 3 – RCM HumiraPCR – Proteína C Reativa; MRI – Ressonância Magnética Nuclear

HUMIRA, CANETA (Adalimumab)INFORMAÇÕES ESSENCIAIS COMPATÍVEIS COM O RCMNome do medicamento: Humira 40 mg solução injetável em caneta pré-cheia. Composição Qualitativa e Quantitativa: Cada caneta pré-cheia para injetáveis de 0,8 ml para dose única contém 40 mg de adalimumab. Indicações Terapêuticas: Humira, caneta em adultos está indicado na artrite reumatoide ativa moderada a grave, espondilartrite axial grave sem evidência radiográfica de EA, artrite psoriática ativa e progressiva, espondilite anquilosante ativa grave, colite ulcerosa ativa moderada a grave, doença de Crohn ativa moderada a grave, psoríase crónica em placas, moderada a grave; em crianças ou adolescentes está indicado na artrite idiopática juvenil poliarticular ativa a partir dos 2 anos de idade e na doença de Crohn ativa grave a partir dos 6 anos de idade. Posologia e modo de administração: O tratamento com Humira deve ser iniciado e supervisionado por médicos especialistas experientes no diagnóstico e tratamento das patologias para as quais está indicado e os doentes devem receber um cartão de segurança especial. Administração por via subcutânea. Adultos: Na artrite reumatoide, artrite psoriática, espondilite anquilosante, espondilartrite axial sem evidência radiográfica de EA e artrite idiopática juvenil poliarticular (idades entre os 13 e 17 anos) a dose recomendada de Humira caneta é de 40 mg de adalimumab, em semanas alternadas, em dose única, devendo manter-se o tratamento com metotrexato; Na doença de Crohn e na psoríase, a dose de indução inicial recomendada é de 80 mg de adalimumab, seguida de 40 mg em semanas alternadas, uma semana após a dose inicial. Na doença de Crohn pode, se houver necessidade, ser usada inicialmente a dose de 160 mg na semana 0 (quatro injeções num dia ou duas injeções por dia em dois dias consecutivos), e de 80 mg na semana 2; Na colite ulcerosa a dose recomendada de indução é de 160 mg de adalimumab na Semana 0 e de 80 mg na Semana 2. A dose de manutenção é de 40 mg em semanas alternadas. Alguns doentes, com diminuição de resposta terapêutica, podem beneficiar com uma dose de 40 mg todas as semanas. Idosos: Não é necessário efetuar ajustes posológicos. Humira não foi estudado em doentes com insuficiência renal e/ou hepática. População pediátrica (dos 2 aos 12 anos de idade): Na artrite idiopática juvenil poliarticular a dose recomendada de Humira é de 24 mg/m2 de área de superfície corporal, em semanas alternadas até um máximo de 20 mg de adalimumab (entre 2 e <4 anos) e até um máximo de 40 mg de adalimumab (entre 4-12 anos), sendo o volume de injeção selecionado com base na altura e peso das crianças. Para adolescentes a partir dos 13 anos de idade, a dose de 40 mg de Humira é administrada em semanas alternadas independentemente da área de superfície corporal; Na doença de Crohn pediátrica a dose recomendada de Humira em doentes pediátricos (com peso inferior a 40 kg) é de 40 mg na semana 0, seguida de 20 mg em semanas alternadas; (com peso superior a 40 kg) é de 80 mg na 1ª semana, seguida de 40 mg em semanas alternadas; Pode ser usada, para uma resposta mais rápida à terapêutica, uma dose de indução de 80 mg ou 160 mg, seguida de 40 mg ou 80 mg respetivamente. Contraindicações: Hipersensibilidade à substância ativa ou a qualquer dos excipientes. Tuberculose ativa ou outras infeções graves, nomeadamente, sepsia e infeções oportunistas. Insuficiência cardíaca moderada a grave (classe III/IV da NYHA). Advertências e precauções especiais: Em caso de infeções (Os doentes devem ser cuidadosamente monitorizados para despiste de infeções, incluindo tuberculose, antes, durante e após o tratamento com Humira), infeções graves (ex. tuberculose, infeções bacterianas, fúngicas, parasitárias, virais invasivas ou outras infeções oportunistas - a administração de Humira deve ser interrompida se um doente desenvolver uma nova infeção grave), reativação da hepatite B, efeitos neurológicos, reações alérgicas, imunossupressão, doenças linfoproliferativas e neoplasias, reações hematológicas, vacinação (doentes tratados com Humira podem receber vacinas concomitantes, exceto vivas), insuficiência cardíaca congestiva, processos autoimunes, administração concomitante de biológicos DMARDS ou antagonistas-TNF, intervenções cirúrgicas, obstrução do intestino delgado. Nos idosos com mais de 65 anos de idade a frequência de infeções graves foi superior à de doentes com idade inferior a 65 anos. Interações medicamentosas com anakinra e abatacept. Efeitos indesejáveis: As reações adversas mais frequentemente notificadas incluem infeções (tais como nasofaringite, infeção do trato respiratório superior e sinusite), reações no local da injeção (eritema, prurido, hemorragia, dor ou edema), cefaleias e dor musculoesquelética. Foram notificadas reações adversas graves com Humira. Antagonistas-TNF, tais como Humira, atuam no sistema imunitário e a sua utilização pode afetar os mecanismos de defesa contra infeções e cancro. Durante o tratamento com Humira, foram também notificadas infeções fatais e potencialmente fatais (incluindo sepsia, infeções oportunistas e TB), reativação de HBV e várias neoplasias (incluindo leucemia, linfoma e HSTCL). Foram também notificadas reações graves hematológicas, neurológicas e autoimunes, incluindo casos raros de pancitopenia, anemia aplástica, perturbações desmielinizantes do sistema nervoso central e periférico, lúpus, doenças tipo lúpus e síndrome de Stevens-Johnson. Revisão do texto: Set2013 (V120). Representante local do titular da AIM - AbbVie, Lda. Estrada de Alfragide, 67 - Alfrapark - Edifício D - 2610-008 Amadora, Portugal. Medicamento Sujeito a Receita Médica Restrita. Regime especial de comparticipação – 100% (Despacho n.º 18419/2010, de 2/12, na sua redação atual e Despacho n.º 4466/2005, de 10/02 na sua redação atual). As indicações colite ulcerosa e espondilartrite axial ainda não são comparticipadas. Consultar o Resumo das Características dos Medicamentos antes de prescrever e sempre que necessite de informações complementares. Para mais informações deverá contactar o representante local do titular da AIM.

Nem todos os doentes com SpA Axial Sem Evidência Radiográfica progridem para Espondilite Anquilosante mas ...1

... ambas as condições

apresentam sintomas

de doença semelhantes.2

Indicado também na Espondilite Anquilosante (EA) ativa grave desde 2006, permitindo melhoria significativa nos sinais e sintomas da doença e qualidade de vida.3

HUMIRAPrimeiro Biológico**

aprovado na SpA Axial graveSem Evidência Radiográfica de EA

HUMIRA UMA SOLUÇÃO GLOBAL*

NA ESPONdILARtRItE AxIAL (SpA Axial)

PT/H

UR/04

14/00

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AF_Anuncio_AxialSpA_220x280.indd 1 14/06/23 13:19

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Mais de metade da população por-tuguesa sofre de, pelo menos, uma manifestação de doença reumática, revela o estudo conduzido pela So-ciedade Portuguesa de Reumatologia (SPR) que, durante 27 meses, percor-reu o país de Norte a Sul, incluindo as Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores, para traçar o retrato das doen-ças reumáticas no nosso país. Limi-tação, incapacidade, reforma ante- cipada e perda de qualidade de vida são algumas das consequências associadas às doenças reumáticas que são também causa frequente de internamento hospitalar e de neces-sidade de apoio domiciliário.Nesta edição especial da revista Mé-dico News, os coordenadores do es-tudo – Profs. Doutores Jaime Branco e Helena Canhão - descrevem cada um dos passos do desenvolvimento do EpiReumaPt, apontam os princi-pais obstáculos à sua realização e refletem sobre os resultados obtidos. Tratando-se de um projeto transver-

sal a várias direções da SPR, o atual e antigos presidentes da sociedade lembram os esforços para obten-ção de financiamento para colocar o estudo no terreno, assim como as pequenas e grandes conquistas que tornaram possível a sua realização.Também nesta edição, vários espe-cialistas ativamente envolvidos no EpiReumaPt comentam o atual cená-rio epidemiológico em algumas das áreas patológicas estudadas, desde a osteoartrose às espondilartrites.A escassez e má distribuição de reu-matologistas no território nacional é uma das realidades que, no Epi-ReumaPt, salta à vista, assim como algumas desigualdades regionais no que respeita ao subdiagnóstico. Sem querer entrar em grande deba-te político, o diretor-Geral da Saúde, Dr. Francisco George, assume que há ainda muito a fazer pela Reuma-tologia nacional e que há vontade política para fazer a especialidade progredir.

O retratO das dOenças reumáticas em pOrtugal

Diretor ComercialMiguel Ingenerf Afonso [email protected]

Coordenadora do ProjetoCátia Jorge [email protected]

Diretora de Publicidade Conceição Pires [email protected]

Assessora Comercial Sandra Morais [email protected]

Agenda [email protected]

Equipa Editorial Andreia Pereira [email protected]

Catarina Jerónimo (Coordenadora)[email protected]

Nuno Coimbra (Fotógrafo)[email protected]

Patrícia [email protected]

Ricardo Gaudêncio (Fotógrafo)[email protected]

Sofia Filipe [email protected]

Produção & DesignJoana Lopes [email protected]

Cátia Tomé[email protected]

Diretora de Marketing Ana Branquinho [email protected]

Redação e Publicidade Av. Infante D. Henrique, 333 H, 37, 1800-282 Lisboa T. 218 504 065 Fax 210 435 935 [email protected], www.newsfarma.pt

Pré-press e impressão RPO

Depósito legal 355998/13Tiragem 20 000 exemplaresPreço 3€

A reprodução total ou parcial de textos ou fotografias é possível, desde que indicada a sua origem (News Farma) e com autorização da Direção. Os artigos de opinião são da inteira responsabilidade dos seus autores.

Publicação isenta de registo na ERC, ao abrigo do Decreto Regulamentar 8/99, de 9/06, Artigo 12º nº 1 A.

Edição

Médico News é um projeto da News Farma, de periodicidade bimestral e dirigido a profissionais de saúde. News Farma é uma marca da Coloquialform, Lda.

ESPECIAL

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MÉDICO NEWS

patrOcinadOres desta ediçÃO

sumáriO

14 23

301 8

20

22

24

26

27

36

38

10

10 “Como país Civilizado, não podemos pensar apenas nas doenças que matam”Prof. Doutor Jaime Branco

14 “É na doença CróniCa não transmissível que temos os piores indiCadores de saúde”Prof.ª Doutora Helena canHão

18 “Há muito a fazer, isso É verdade”Dr. francisco GeorGe

20 “o epireumapt permite a obtenção de dados epidemiológiCos rigorosos e representativos da população geral”Prof. Doutor JorGe soares

22 “a spr deu o apoio neCessário para que o epireumapt pudesse progredir”Dr. rui anDré santtos

22 “a mudança vai sempre depender da vontade polítiCa”Dr. auGusto faustino

23“indispensável e singular”Dr.ª ViViana taVares

24 “somos pouCos e estamos mal distribuídos”Prof. Doutor João eurico fonseca

26 reumatologia, “uma espeCialidade proporCionadora de notáveis ganHos de saúde”Dr. luís maurício santos

27 prevalênCia de espondilartrites “está dentro do expeCtável”Prof. Doutor fernanDo Pimentel

27 “Cumprir prazos sem derrapagens orçamentais”Dr.ª nélia GouVeia

28 12,2% da população adulta portuguesa tem osteoporoseDr.ª ana maria roDriGues

30 “a osteoartrose não É um proCesso fisiológiCo assoCiado ao envelHeCimento, É uma doença”Dr. alexanDre sePriano

36 um Comentário a partir dos Cuidados de saúde primáriosDr. rui cernaDas

38 artrite reumatoide afeta 0,7% dos portuguesesProf.ª Doutora Helena canHão

28

22 27

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MÉDICO NEWS

epireumapt

um sOnhO antigO, uma necessidade atual

As doenças reumáticas (DR) representam o grupo de doenças mais frequentes nos países desenvolvidos, assim como um importante pro-blema médico, social e económico.Definem-se como doenças e alterações do sis-tema musculosquelético de causa não traumá-tica, constituindo, na sua globalidade, um grupo que conta mais de uma centena de entidades clínicas distintas, com vários subtipos.Estas doenças podem ser agudas, recorrentes ou crónicas e afetam pessoas de todas as ida-des e de ambos os sexos. São causa frequente de incapacidade e, quando não diagnosticadas e/ou tratadas atempadamente, podem ocasio-nar graves e desnecessárias repercussões físi-cas, psicológicas e familiares.O Programa Nacional Contra as Doenças Reu-máticas, publicado em 2004, pela Direção-Geral da Saúde, reconheceu que as DR são o primei-ro motivo de consulta nos Cuidados de Saúde

FORAM ExCLuíDOS9 INDIvíDuOS POR TEREM

IDADE <18 ANOS

Fonte de dados

PoPulação PortugueSa com iDaDe ≥ 18 aNoS(7.719.986 PESSOAS, CENSOS 2001)

3.ª FaseREvISãO DOS DIAGNóSTICOS E ANáLISE DE DADOS

3.198 INDIvíDuOS COM DIAGNóSTICO DE DR

679 INDIvíDuOS “SAuDávEIS”

1.ª FaseENTREvISTAS PORTA-A-PORTA:

screeNiNg DE quEIxAS REuMáTICAS(10.661 INDIvíDuOS)

screeNiNg POSITIvO DE quEIxAS REuMáTICAS:

7.450 inDivíDuos

+ 20% “SAuDávEIS”: 702 inDivíDuos

epiReumapt

POPuLAçãO REPRESENTATIvA

RECRuTAMENTO - 10.661 INDIvíDuOS ADuLTOS

2.ª Fase3.886 ConsulTAs CoM REuMATologisTA:

quEIxAS REuMáTICAS AuTO-REPORTADAS:

3.653 inDivíDuos

SAuDávEIS: 233 inDivíDuos

Primários e são também a principal causa de incapacidade temporária para o trabalho e de reformas antecipadas por doença/invalidez. As-sim, as DR têm um importante impacto negati-vo em termos de saúde pública, com tendência crescente, tendo em conta os atuais estilos de vida e o aumento da longevidade da população.Era, portanto, essencial conhecer a correta pre-valência deste grupo de doenças em Portugal, daí que um dos principais objetivos do Programa Nacional Contra as Doenças Reumáticas fosse precisamente a realização do EpiReumaPt. Depois de desenhada a metodologia do estu-do, de redigido o protocolo e de criada a marca reumacensus, foram definidas parcerias e pla-neados os procedimentos, tendo como ponto de partida, o conhecimento das dificuldades e dos potenciais obstáculos. Conseguidos os apoios e o financiamento, e depois de sete longos anos de trabalhos preparatórios, o EpiReumaPt/

/ReumaCensus foi para o terreno, em setembro de 2011.Com o objetivo principal de determinar a pre-valência das DR em Portugal, o estudo teve ainda como missão identificar os fatores socio-

CONSEguIDOS OS apOIOS E O fINaNCIaMENtO, E DEpOIS DE SEtE lONgOS aNOS DE trabalhOS prEparatórIOS, O EpIrEuMapt/rEuMaCENSuS fOI para O tErrENO, EM SEtEMbrO DE 2011.

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demográficos, socioeconómicos e clínicos as-sociados ao diagnóstico de cada doença, bem como a determinação do impacto destas na qualidade de vida, função e capacidade laboral dos doentes. O EpiReumaPt é, assim o primeiro estudo na-cional, de larga escala, alguma vez realizado em Portugal, sobre doenças reumáticas.

DuraNtE OS 27 MESES DE trabalhO NO tErrENO, 190 ENtrEvIStaDOrES rECrutaraM 10.661 pOrtuguESES DE fOrMa alEatórIa, NuM INquÉrItO pOrta a pOrta, EM 366 lOCalIDaDES DE NOrtE a Sul DO paíS, INCluINDO aS rEgIõES autóNOMaS Da MaDEIra E DOS açOrES

Prevalência dasdoenças reumáticas

as mulheres Portuguesassão mais afectadas Pelas dr

ConhECiMEnTo PRévio DE DRPREvAlênCiA DE DR AuToREPoRTADA

DiAgnósTiCo finAl DE DRPREvAlênCiA DE DR

21,2%

56%

PREvAlênCiA DE DR nAs MulhEREs

64,1%PREvAlênCiA DE DR nos hoMEns

47,1%

lombalgia

fibromialgia

osteoartrose do Joelho

osteoartrose da mão

osteoartrose da anca

osteoPorose

Patologia Periarticular

artrite reumatoide

esPondilartrites

lúPus eritematososistémico

Polimialgia reumática

gota

29,6%

3,1%

15,8%

13,8%

3,0%

17,0%

19,1%

1,2%

2,0%

0,2%

0,1%

0,08%

26,4%

1,7%

12,4%

8,7%

2,9%

10,2%

15,8%

0,7%

1,6%

0,1%

0,1%

1,3%

22,8%

0,1%

8,6%

3,2%

2,9%

2,6%

12,0%

0,3%

1,2%

0,04%

0,06%

2,6%

PREvAlênCiA gERAl

epireumapt no terrenoDurante os 27 meses de trabalho no terreno, 190 entrevistadores recrutaram 10.661 portu-gueses de forma aleatória, num inquérito porta a porta, em 366 localidades de Norte a Sul do país, incluindo as Regiões Autónomas da Ma-deira e dos Açores. Desta primeira fase de en-trevistas, os participantes que tinham reportado

sintomas de doença reumática, assim como 20% dos “saudáveis”, foram convidados para uma consulta médica com um reumatologista num dos 254 Centros de Saúde das diversas áreas de residência dos participantes.Apoiada por uma unidade Móvel devidamente equipada para as consultas e exames comple-mentares de diagnóstico, uma equipa constituí-da por médicos reumatologistas, enfermeiros e técnicos de Radiologia esteve envolvida no Epi-ReumaPt. Ao todo, 95 reumatologistas colabo-raram voluntariamente no projeto, contribuindo com um total de 3886 consultas da especiali-dade.Com o Alto patrocínio da Presidência da Repú-blica, o epireumaPt contou com financiamento proveniente de identidades públicas e privadas e representa hoje uma importante fonte de dados não só para a Reumatologia como para várias outras especialidades médicas.

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MÉDICO NEWS

Prevalência de doenças reumáticas Por nuts ii

os doentes com artrite reumatóidereferem Pior qualidade de vida (eq5d)

0,8

0,75

0,7

0,65

0,6

0,55

0,5

Lomb

patperi

oaop

FmaR

spa

Gota

Les

melhor

pior

EnTiDADEs REsPonsávEisSociedade Portuguesa de ReumatologiaFaculdade de Ciências Médicas – universidade Nova de Lisboauniversidade CatólicaDireção Geral da Saúde

APoios CiEnTífiCosFaculdade de Medicina da universidade de LisboaFaculdade de Medicina da universidade do PortoFaculdade de Medicina da universidade de CoimbraSociedade Espanhola de ReumatologiaInstituto Superior de Estatística e Gestão de Informação – universidade Nova de Lisboa

PARCEiRos soCiAisLiga Portuguesa Contra as Doenças ReumáticasANEA – Associação Nacional de Espondilite AnquilosanteANDAI – Associação Nacional de Doentes com Artrite e outros Reumatismos Infantis e JuvenisANDAR – Associação Nacional de Doentes com Artrite ReumatoideAPO – Associação Portuguesa de OsteoporoseAPOROS – Associação Nacional contra a OsteoporoseMYOS – Associação Nacional contra a Fibromialgia e Síndrome de Fadiga Crónica

PATRoCinADoREs/ ColAboRAçõEs: Direcção-Geral da Saúde; Governo Regional dos Açores; Governo Regional da Madeira; Fundação Calouste gulbenkian; laboratórios Pfizer lda.; Merck Sharp&Dohme; Abbott Laboratórios Lda.; Roche Farmacêutica química Lda.; Fundação Astra Zeneca; D3A Medical Systems; Servier; Bial; Happybrands GALP Energia; Germano de Sousa, Centro de Medicina Laboratorial; Fundação Champalimaud; CAL Clínica; Açoreana Seguros; ANAFRE; ANMP; Clínica Médica da Praia da vitória; Particulares.

CoM o AlTo PATRoCínio DE suA ExCElênCiA o PREsiDEnTE DA REPúbliCA

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os doentes reumáticos são os doentes crónicos que rePortam Pior qualidade de vida (eq5d)

0,9

o,85

0,8

0,75

0,7

0,65

0,6

0,55

0,5

alergias

dGastdCard

dment

dpulmdneur

neoplasias

melhor

pior

dReuma

os doentes reumáticostêm mais internamentos hosPitalares

os doentes reumáticos têm maisnecessidade de aPoio domiciliário

internamento hospitalar: últimos 12 m indivíduos com DR

Cuidados domiciliários nos últimos 12 mesesa indivíduos com DR

Cuidados domiciliários nos últimos 12 mesesa indivíduos sem DR

internamento hospitalar: últimos 12 m indivíduos sem DR

utilizou-se um modelo de regressão logístico multivariado onde se incluíram as variáveis sexo, escalão etário, NuTS II e escolaridade

utilizou-se um modelo de regressão logístico multivariado onde se incluíram as variáveis sexo, escalão etário, NuTS II e escolaridade

sim

não

sim

não

sim

não

sim

não

11,3%

88,62%

2,68% 0,09%

97,32% 99,91%

5,50%

94,50%

A diferença entre os grupos é significativa(p< 0.001; or= 2.045)

A diferença entre os grupos é significativa(p< 0.001; or= 2.045)

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MÉDICO NEWS

objetivo de Recrutamento

Médico News | Já era antiga a necessidade de termos dados nacionais sobre as doenças reumáticas. A partir de que momento o proje-to começou a ganhar forma?Prof. Doutor Jaime branco | O projeto surgiu há muito tempo, antes provavelmente de eu ser reumatologista. A existência de números nacionais sobre uma patologia tão frequen-te como a doença reumática sempre foi uma grande necessidade. Havia alguns dados, mas a nível regional. Não tínhamos a ideia exata de qual era o peso epidemiológico da doença reu-mática no nosso país. Por norma, ajustávamos os nossos dados aos de países semelhantes, como a Grécia, a Espanha, a Itália e a França, nos quais já havia estudos epidemiológicos. Ainda assim, e apesar de acreditarmos que a nossa realidade estaria muito próxima da des-ses países, há sempre variáveis que podem in-fluenciar os padrões epidemiológicos.Em 2004, no contexto da Década do Osso e da Articulação (2000-2010), foi criado, no âm-bito do Plano Nacional de Saúde, o Programa Nacional Contra as Doenças Reumáticas (PN-

“cOmO país civilizadO, nÃO pOdemOs pensar apenas nas dOenças que matam”

apesar de não se mostrar surpreendido com os dados que apontam que mais de 50% da população portuguesa sofre, pelo menos, de uma doença reumática, o Prof. doutor Jaime branco assume que algumas variações regionais podem ter “leituras engraçadas”. ainda no rescaldo da apresentação dos resultados do epireumaPt, o principal coordenador do primeiro e único estudo epidemiológico sobre as doenças reumáticas em Portugal adianta que há ainda um longo caminho a percorrer para melhorar os cuidados prestados aos doentes. desde logo, o aumento do número de reumatologistas nos hospitais e a formação contínua dos médicos de medicina geral e familiar.

prOf. dOutOr Jaime BrancO a prOpósitO dO pesO epidemiOlógicO das dOenças reumáticas

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CDR), que previa, entre os seus principais obje-tivos, a realização de um estudo epidemiológi-co a nível nacional.A partir de então eu e a Prof.ª Helena Canhão começámos a trabalhar nesse projeto, até porque queríamos dar seguimento ao esforço do Prof. viana de queiroz (que foi o primeiro coordenador do PNCDR) para que este estudo pudesse avançar.

MN | O financiamento foi sempre o maior en-trave?Jb | Começámos por fazer o desenho geral, prevendo os vários cenários, conforme os re-cursos que fomos obtendo, quer financeiros, quer materiais, quer humanos. O PNCDR, em si, não tinha financiamento, pelo que o passo seguinte foi procurar financiamento por outras vias. Procurámos apoio na Sociedade Portu-guesa de Reumatologia (SPR), contudo, preci-sávamos, inevitavelmente de outros parceiros, como a Faculdade de Ciências Médicas, que apoiou o projeto desde o início, a Direção Geral da Saúde, que se revelou fundamental em ter-mos financiamento e o ceSoP da universidade Católica Portuguesa.Portanto, este enquadramento foi-se manten-do, mas foi durante o período da direção do Dr. Rui André da SPR que nós conhecemos um maior implemento, um bocadinho devido tam-bém à maior dinâmica que a mudança de mi-nistro do Professor Correia de Campos para a Dr.ª Ana Jorge incutiu a estes programas. Essa dinamização fez com que nós ganhássemos um segundo fôlego, programámos várias tare-fas, nós e os vários programas que existiam, como era o caso da Diabetes.

Mn - Qual foi o passo seguinte?Jb – A partir daí, conseguimos avançar bas-tante. Estruturámos o modelo do estudo e pu-blicámos o protocolo na Acta reumatológica Portuguesa. Conseguimos ganhar um concur-so da Direção-Geral de Saúde para entidades sem fim lucrativo, (que foi a SPr), o que, de acordo com os nossos cálculos, cobria mais ou menos metade dos custos do estudo. Angariámos, junto da indústria farmacêutica, de particulares, da Fundação Calouste Gulbenkian, o resto do financiamento e arranjámos apoios vários como a Galp, o Laboratório Germano de Sousa, etc. Depois disto tudo, conseguimos arrancar a 19 de setembro de 2011 para o ter-reno com duas fases. uma primeira fase de entrevistas feitas em casa a 10 661 pessoas, por um conjunto entrevistadores não médicos, formados por nós e pelo CESOP, munidos de ins-

trumentos eletrónicos de apoio. Numa segunda fase, uma parte das pessoas entrevistadas em casa (3886) foram convocadas para uma con-sulta de Reumatologia.

Mn | Essas pessoas eram convocadas porque apresentavam sinais de doença reumática?Jb | A seleção era feita automaticamente pelo próprio sistema informático. As pessoas que tinham algum sinal ou sintoma de doença reu-mática ou já estavam a tomar medicação, eram referenciadas para a consulta. Além disso eram também selecionados 20% dos indivíduos “nor-mais” ou seja, daqueles que, na primeira fase, não aparentavam ter doença reumática.As consultas de Reumatologia eram realizadas nos Centros de Saúde das várias localidades com o apoio da unidade Móvel, onde podiam fazer radiografias, medição da densidade óssea e colheita de sangue, assim como medição da tensão arterial, da altura, do peso. Dados que vão muito para além das doenças reumáticas.

Mn | Destes doentes que foram chamados para consulta, era muito elevada a taxa de subdiag-nóstico?Jb | A prevalência encontrada no estudo foi de 56%, contudo, apenas 22% estavam já diagnosti-cados com uma doença reumática.

Mn | Como serão trabalhados estes dados?Jb | Neste momento, temos um call centre, onde uma equipa de seis pessoas está a fazer con-tactos de follow-up aos indivíduos inquiridos e avaliados. Isto é único, dispomos agora de

uma coorte nacional (continente e regiões au-tónomas dos Açores e Madeira) da qual vamos retirar muitos dados relevantes. Temos mate-rial que dará origem a muitos trabalhos de in-vestigação.No futuro pretendemos transformar estes da-dos numa base muito mais ampla do que ape-nas a doença reumática. A ideia é transformar-mos isto numa coorte de doença crónica não transmissível, é o que estamos neste momento a fazer. Este é o futuro.

Mn | E quanto ao presente?Jb | Falando do presente, o trabalho em campo terminou dentro do prazo previsto. Teve uma duração de 27 meses e foi concluído a 20 de dezembro do ano passado. Portanto foi de 19 de setembro de 2011 a 20 de dezembro de 2013. Depois disso, tivemos 9 meses de traba-lho intenso, de limpeza da base de dados, es-tatística, informática, trabalho epidemiológico e confirmação de resultados. Neste momento, tudo isso está concluído e os nossos números estão todos limpinhos, mas não estão todos trabalhados, já que são mais de 10 milhões de dados.

Mn | Em termos de recursos humanos, quantas pessoas estiveram envolvidas no estudo?Jb | O EpiReumaPt envolveu mais de 190 entre-vistadores, 254 centros de saúde, durante todo o trabalho mobilizámos 7 enfermeiros, 3 técnicos de radiologia, 5 motoristas. Os médicos reuma-tologistas fizeram um trabalho extraordinário, 95 acabaram por fazer graciosamente consultas.

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MÉDICO NEWS

REsulTADos EPiREuMAPT

Mn | Alguns destes dados o surpreende parti-cularmente ou no fundo correspondem ao que era esperado?Jb | O facto de mais de 50% da população por-tuguesa ter, pelo menos, uma doença ou queixa reumática é surpreendente, não para mim que faço Reumatologia desde 1982 e portanto já vão lá 32 anos, mas para quem não faça ideia nenhu-ma é absolutamente surpreendente. Claro que não estamos a falar de doenças reumáticas to-das com a mesma gravidade, porque estas tem um largo espectro de gravidade. umas são pato-logias ligeiras outras são patologias mais graves, umas são patologias degenerativas outras infla-matórias, a maioria crónicas, mas também temos aqui com um peso de quase 16% de patologia peri-articular, que na generalidade não é crónica, é aguda. Nós procurámos sempre que a consulta não fosse distanciada da entrevista inicial mais de 15 dias, no máximo 3 semanas, exatamente para não perdermos a patologia aguda. Há aqui alguns números que podem surpreender--me, nomeadamente, algumas variações regionais que nós ainda não trabalhámos e que eu ainda não queria aprofundar muito. Mas tenho a certeza de que esses dados terão leituras engraçadas. A osteoporose tem números impressionantes. A osteoartrose está dentro do que nós esperá-vamos e acompanha precisamente o envelheci-mento da população.As autoridades têm de dar atenção a isto, às doenças reumáticas e a outras doenças cró-nicas. Não podemos pensar só nas doenças que matam. Não podemos, como país civiliza-do, pensar só na investigação das doenças que matam, isso é um sinal de subdesenvolvimento tremendo. A ideia de que só se pode ter dinheiro para a SIDA, para a doença cardiovascular, para o cancro, com todo o respeito para essas pato-logias, está errada. quando eu era jovem interno de Reumatologia, já ouvia o meu patrão, o Prof. viana queiroz, e o diretor do serviço, o Prof. Fer-nando Pádua, repetirem aquilo que era a mensa-gem, já nessa altura, da Organização Mundial de Saúde, “é importante dar mais anos à vida, isto é, aumentar a longevidade, mas também é impor-tante dar mais vida aos anos”.Poucos dias depois da apresentação oficial dos resultados do EpiReumaPt, foram apresentados, pela Gulbenkian os dados sobre a saúde dos por-tugueses. Aquilo que me choca é que, de acordo com este relatório, cinco anos depois da reforma, as pessoas estão doentes. Na Holanda há um intervalo de 15 anos, o que significa que as pes-soas envelhecem com muito mais qualidade.

ConTinuAM A fAlTAR REuMATologisTAs nos hosPiTAis

Mn | no contexto da Reumatologia o que é que falta fazer em termos políticos?Jb | Falta colocar Reumatologistas nos hospitais, falta a formação contínua de médicos de família. A minha direção da SPR, de 2002 a 2004, começou um intercâmbio com a Associação de Médicos de Clínica Geral, agora chamada Associação de Medi-cina Geral e Familiar, em que na altura o Dr. Luís Pis-co era o presidente. Tivemos variadíssimas ações em conjunto de que resultou um pequeno manual de bolso sobre doenças reumáticas, “regras de Ouro em reumatologia”, que até pensaram fazer para outras especialidades, sendo que teve sete edições, uma delas feita pela própria Direção-Geral de Saúde. Além disso, desde então, eu e a Dr.ª Ma-nuela Costa, que era na altura a minha Secretária

Geral Adjunta, fazemos, anualmente, pelo menos, uma escola de Medicina Geral e Familiar, houve um ano em que até fizemos duas. a última edição foi em novembro de 2014 em Peniche.

Mn | Quem trata os doentes reumáticos nas zonas do país onde não há reumatologistas?Jb | Nos locais onde não há reumatologia, esse es-paço é ocupado por outras especialidades e isso é sobretudo pouco benéfico para os doentes. estou a falar da medicina interna e da sua fixação com as doenças autoimunes, mas só as do foro reu-matológico. Curiosamente, no contexto da doen-ça reumática, esses especialistas têm preferência pelo lúpus eritematoso sistémico e pela artrite reumatoide. Nunca ouvi falar de um internista que se preocupasse em tratar um doente com osteoar-trose. A artrite reumatoide mais o lúpus dá 0,8%, então e os outros 55%? E o pior é que, em muitos hospitais, utilizam esta sua pretensa aptidão para obstruir a contratação de reumatologistas.

Mn | Essa preferência está relacionada com o uso de terapêutica biológica?Jb | Provavelmente não está longe da verdade. É engraçado que só os Gastrenterologistas têm au-torização para prescrever terapêutica biológica a indivíduos com doença inflamatória do intestino. No entanto, toda a gente pode prescrever terapêu-tica biológica a indivíduos com doença reumática inflamatória. Isto para mim só tem um nome: des-respeito. Corremos o risco de estar a tratar doentes fora da indicação terapêutica. A SPR já mostrou os seus registos, aliás, pioneiros no país, de doentes medicados com agentes biológicos, contudo, con-tinuamos à espera dos registos dos colegas da Me-dicina Interna. Se estão a prescrever dentro da indi-cação, então não há nada a esconder ou a recear.

O EpIrEuMapt ENvOlvEu MaIS DE 190 ENtrEvIStaDOrES, 254 CENtrOS DE SaúDE, DuraNtE tODO O trabalhO MObIlIzáMOS 95 rEuMatOlOgIStaS, 7 ENfErMEIrOS, 3 tÉCNICOS DE raDIOlOgIa, 5 MOtOrIStaS

call centre

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MÉDICO NEWS

objetivo de Recrutamento

Médico news | ficou surpreendida com os re-sultados do EpiReumaPt?Prof. Doutora helena Canhão | Não fiquei mui-to surpreendida, na medida em que estamos a falar de patologias que estão muito relacio-nadas com a dor e com a incapacidade. Se pensarmos bem, já todos nós tivemos dores osteoarticulares e dores musculares e, portan-to, estes 56% abrangem as doenças inflama-tórias crónicas graves, como o lúpus, a artrite reumatoide, mas também abrangem a lombal-gia, a osteoporose e a osteoartrose. Todas es-tas patologias estão, por um lado, associadas aos nossos estilos de vida. Estamos cada vez mais sedentários, passamos os dias sentados com uma má postura à frente do computador e por isso, os resultados não são assim tão surpreendentes. Por outro lado, vivemos cada vez mais tempo, temos uma população mais envelhecida, pelo que, a prevalência de patolo-gias como a osteoartrose e a osteoporose tem tendência para aumentar. Os índices nacionais de saúde têm vindo a melhorar ao longo dos anos. O melhor exem-plo disso é a redução drástica da mortalidade infantil, assim como da mortalidade asso-ciada às doenças infeciosas ou até mesmo à doença cardiovascular. A melhoria destes indicadores levou a um aumento da sobrevi-vência da nossa população que está cada vez mais próxima da esperança de vida das po-pulações do Norte da Europa. O problema, é que os últimos dez anos de vida da população portuguesa são marcados por uma péssima qualidade de vida.

Mn | é neste aspeto que nos diferenciamos dos norte-europeus?hC| Sem dúvida. Penso que esta realidade está relacionada com o baixo nível socioeconómi-co, as baixas reformas, o fraco apoio social. Tudo isto está na origem da má qualidade de vida. Os idosos fazem uma alimentação mais deficiente, ficam confinados ao espaço domi-ciliário, perdem massa muscular e, inevitavel-mente, desenvolvem doença osteoarticular, assim como outras patologias crónicas. Tendo ossos e músculos mais fracos, desenvolvem fragilidades, sofrem fraturas, ficam acamados e passam assim os últimos anos das suas vi-das. É na doença crónica não transmissível que temos os piores indicadores de saúde.

Mn | Esta realidade foi percetível nos resulta-dos do EpiReumaPt?hC | quando começámos a analisar os primei-ros dados do estudo foi essa a situação que

“É na dOença crónica nÃO transmissível que temOs Os piOres indicadOres de saúde”

coautora do epireumaPt, a Prof.ª doutora helena canhão reconhece que a prevalência de 1,6% de espondilartrites e de 1,7% de fibromialgia está acima das estimativas. Em declarações à revista médico news, a reumatologista do hospital de santa maria alerta para as elevadas taxas de subdiagnóstico, sobretudo nas zonas limítrofes dos grandes centros urbanos, assim como para a falta de apoios sociais aos doentes que desenvolvem incapacidade associada à doença reumática.

prOf.ª dOutOra helena canhÃO

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MÉDICO NEWS

nos saltou à vista. Neste estudo transversal, acabámos por recolher mais dados do que aqueles que dizem respeito apenas à doença reumática. Ficámos com dados sobre as dife-rentes terapêuticas que as pessoas estavam a fazer, com dados da pressão arterial, dislipide-mia, glicemia, ficámos com um retrato econó-mico do agregado familiar. Da avaliação global desses dados percebemos claramente que há uma desvalorização das doenças que não ma-tam no imediato, mas que tornam os doentes incapazes.No futuro, o objetivo é elaborar um estudo longitudinal, ao qual pensámos chamar, ini-cialmente de co-ReumaPt, mas que virá a chamar-se de EpiDoc, ou seja, epidemiologia das doenças crónicas. Na verdade, começá-mos a perceber que temos matéria para fazer um estudo sobre outras doenças que nos vai permitir fazer uma articulação com outras es-pecialidades.

Mn | foi por esse motivo que toda a logística relacionada com o estudo transitou da socie-dade Portuguesa de Reumatologia para a fa-culdade de Ciências Médicas?hC | Sim, a sede da SPR é um espaço ótimo, amplo, no entanto, já não tinha condições para manter seis pessoas a fazer contactos telefó-nicos em simultâneo. Isto porque, apesar de estar concluída a fase da recolha de dados transversais no terreno, continuamos a con-tactar os participantes do estudo no sentido de fazermos um seguimento do seu estado de saúde.Esse foi um dos motivos por que mudámos para a Faculdade de Ciências Médicas. Por outro lado, estamos agora num espaço acadé-mico, com grande diversidade e que nos per-mite uma melhor aproximação às outras espe-

cialidades. Obviamente que o nosso interesse principal são as doenças reumáticas, contudo temos uma colheita de informação que pode interessar a muita gente e por isso queremos estabelecer parcerias com outras sociedades e com o meio académico e começar a desenvol-ver estudos que ultrapassam a Reumatologia. Nomeadamente as doenças mentais, as doen-ças cardiovasculares e as doenças respirató-rias.

Mn | o EpiReumaPt evidencia também a des-proporção entre o número de doentes reu-máticos e o número de reumatologistas. Do ponto de vista político, acredita que está dado aqui o sinal de alerta?hC | Acho que sim. Ao contrário do que acon-tece em França, onde há imensos reumatolo-gistas, em Portugal, a Reumatologia foi sempre uma especialidade pequena e muito limitada apenas às doenças reumáticas mais graves. Neste momento, sabemos que são necessá-rios mais reumatologistas para dar cobertura a todos os doentes que precisam de acompa-nhamento diferenciado.Por outro lado, este estudo permitiu-nos tam-bém constatar algo que já conhecíamos, que é a concentração de reumatologistas no litoral do país e a escassez de especialistas no inte-rior.

o REuMATologisTA PoDE fAzER A DifEREnçA

Mn | De que forma o reumatologista pode fa-zer a diferença na abordagem de um doente reumático?hC | As doenças reumáticas não causam gran-de mortalidade no imediato como um enfarte ou uma doença oncológica e portanto, parte--se do princípio de que podem ser tratadas por qualquer médico. No entanto, quando estamos a tratar os doentes sabemos perfeitamente que podemos fazer a diferença porque temos acesso aos conhecimentos mais atuais, à ex-periência adequada e a formas de tratamento que são importantes para o doente. Na quali-dade de reumatologista, tenho de assumir que não sei tratar uma hipertensão da mesma for-ma que um cardiologista.

Mn | Mas há uma boa percentagem de doen-tes que podem ser seguidos no âmbito dos Cuidados de saúde Primários?hC | Nomeadamente as artroses e as osteo-poroses primárias podem ser acompanhadas nos Cuidados de Saúde Primários. Mas há ain-

da muito trabalho a fazer. Idealmente, deveria ocorrer uma consulta anual ou semestral com um especialista. Todo o seguimento, entre es-sas consultas, deveria ser feito pelo médico de família. Mas para tal, é fundamental existir uma maior comunicação entre os dois níveis de cuidados. Infelizmente, de uma forma geral, a comunicação entre os cuidados hospitalares e os cuidados primários tem sido muito defi-citária. O Prof. Jaime Branco com outros reu-matologistas e colegas de Clinica Geral e Me-dicina Familiar têm desenvolvido o projeto das escolas de Reumatologia para os médicos de

O prOblEMa, É quE OS últIMOS DEz aNOS DE vIDa Da pOpulaçãO pOrtuguESa SãO MarCaDOS pOr uMa pÉSSIMa qualIDaDE DE vIDa

aS DOENçaS rEuMátICaS NãO CauSaM graNDE MOrtalIDaDE NO IMEDIatO COMO uM ENfartE Ou uMa DOENça ONCOlógICa E pOrtaNtO, partE- -SE DO prINCípIO DE quE pODEM SEr trataDaS pOr qualquEr MÉDICO

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família e tem trabalhado muito no sentido de formar e educar os profissionais dos cuidados primários. Mas, mesmo assim, há uma má co-municação entre as especialidades, continua a haver dificuldade de acesso à especialidade, assim como há erros de referenciação que não estamos a conseguir ultrapassar.

Mn | isso quer dizer que há um atraso na refe-renciação para a Reumatologia?hC | Temos as duas situações. Ou seja, doen-tes que são referenciados tardiamente e quan-do chegam até nós já estão num estado avan-çado da doença. No caso da doença reumática inflamatória situações destas podem ser muito graves pois temos tratamentos que interferem na evolução da doença e que atrasam a inca-pacidade. quando o doente chega ao reumato-logista já com elevado nível de incapacidade, então não há muito que possamos fazer por ele. Neste grupo de doentes nós podemos fa-zer a diferença pois temos acesso a terapêu-ticas modificadoras da doença enquanto o médico de família apenas pode tratar a sinto-matologia. Às vezes, os doentes chegam numa fase de pré-reforma e, na verdade, se tivessem chegado mais cedo, nós poderíamos ter evita-do essa reforma precoce.Por outro lado, há doentes que podem ser se-guidos pelo médico de família e que são refe-renciados para a especialidade sem necessi-dade.

Mn | foi relevante a taxa de subdiagnóstico encontrada no EpiReumaPt?hC | A taxa de subdiagnóstico foi particular-mente relevante nas zonas limítrofes dos gran-des centros. São, geralmente, pessoas que têm um poder económico mais baixo e que não têm acesso ao médico, apesar de não estarem a uma distância muito grande das cidades. Para todas essas pessoas que identificámos, ten-támos escrever cartas para os seus Médicos de Família e, em alguns casos, tentámos refe-renciar para a consulta de Reumatologia mais próxima da área de residência. Havia casos graves e muito evidentes de doenças reumáti-cas e não só, que não estavam ainda diagnos-ticados, o que me leva a crer que não é apenas de reumatologistas que essas pessoas preci-sam. Não podemos esquecer que estivemos nos cantos mais remotos do país, completa-mente isolados, e onde não chega a Reumato-logia (nem outras especialidades). Foi também nessas zonas (a par das zonas limítrofes de grandes cidades que referi acima) que encon-trámos maior taxa de subdiagnóstico.

Mn | o que diferencia o EpiReumaPt de outros estudos epidemiológicos nacionais?hC | O que diferencia é a metodologia. É co-mum fazermos estudos à porta dos Centros de Saúde em que os utentes são inquiridos sobre determinado tipo de doenças. Com os resultados desses inquéritos calcula-se uma prevalência. No entanto, os utentes que vão ao Centro de Saúde não representam a população portuguesa. Essas pessoas procuram unida-des de saúde porque estão doentes, logo há um grande risco de enviesamento dos resulta-dos. É mais provável encontrarmos um doente reumático, ou hipertenso ou diabético à porta de um Centro de Saúde do que na rua ou num centro comercial.Aqui tivemos o cuidado de recolher uma amos-tra representativa da população portuguesa com os 10 661 indivíduos entrevistados em casa pelo CESOP da universidade Católica e quase 4000 desses indivíduos avaliados em consulta por reumatologistas que confirmaram os diagnósticos.O facto de termos dados robustos e que têm muitas variáveis para lá das doenças reumá-ticas, é muito importante para percebermos qual o verdadeiro impacto da doença, de uma maneira geral.Penso que esta é uma forma diferente de fazer investigação clínica e em epidemiologia.

Mn | ficou de fora a artrite idiopática juvenil.hC | infelizmente ficou, apesar de ser uma das áreas que mais me interessa e em que sempre trabalhei. Ficou de fora, por um lado, porque a questão das autorizações e da logística ne-cessária para a inclusão de crianças no estu-do era muito mais complicada. Depois porque era muito mais fácil identificar e entrevistar doentes adultos. o que fizemos foi perguntar se em cada casa havia alguém com patologia reumática iniciada na infância. Mas acabámos por não ter muitos casos. No entanto, temos os doentes reumáticos pediátricos identificados nas consultas hospitalares e no Registo Nacio-nal das Doenças Reumáticas. Embora sejam dados que podem estar um pouco enviesados, não me parece que fujam muito da realidade portuguesa.

Mn | Que outros estudos podem partir dos da-dos recolhidos?hC | Há uma enorme variedade de estudos que podem ser efectuados. Fizemos um levanta-mento das terapêuticas alternativas a que as pessoas recorrem, desde a osteopatia, à acu-punctura. É importante conhecermos também

esta realidade e perceber exatamente o que é que as pessoas estão a fazer em termos tera-pêuticos. Também nesse contexto pretende-mos explorar os dados sobre a adesão à tera-pêutica. Ou seja, saber não só o que o médico prescreve, mas essencialmente o que é que o doente toma efetivamente. vamos também avaliar o impacto da doença reumática ao ní-vel da incapacidade, da reforma antecipada, do desemprego e até da mortalidade. vamos tam-bém tentar compreender quais são as comor-bilidades mais frequentes, como a ansiedade, a depressão, etc. enfim, temos uma infinidade de dados que nos permitem fazer vários tipos de estudos no futuro.Os custos económicos das doenças crónicas serão também uma prioridade. Está também previsto o estudo sobre os custos económicos diretos e indiretos das doenças reumáticas. Neste contexto, temos a colaboração da Fa-culdade de Economia da universidade Nova de Lisboa (Prof. Doutor Pedro Pita Barros) e da Fa-culdade de Economia da universidade Católica (Prof. Doutor Miguel Gouveia).

fAlTAM APoios soCiAis

Mn - Quais são as principais limitações na abordagem dos doentes reumáticos?hC - Temos grandes carências em re-lação aos apoios sociais. No futuro isso será cada vez mais um problema. Temos uma população envelhecida e, portanto, as doenças reumáticas terão um peso cada vez mais significativo. um doente que tem uma fratura precisa de cuidados hospitalares durante um período limitado, mas depois vai para casa. Incapacitado, mas vai para casa. É nessa fase que te-mos maiores limitações. Não há apoio social, nem cuidados domiciliários, nem uma rede de fisioterapia para todos os que necessitam. A família continua a ser o su-porte fundamental, mas cada vez mais é difícil aos familiares darem o apoio que os idosos necessitam. vamos ter no futuro que reinventar novas formas de lidar com as doenças crónicas e com o envelheci-mento da população.

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Médico News | Qual a importância de dispormos agora de dados nacionais numa área como a Reu-matologia, cuja prevalência é tão significativa?Dr. francisco george | O estudo EpiReumaPt per-mite-nos efetuar um retrato da doença em Portu-gal, monitorizar a situação e apresentar medidas de prevenção e controlo no sentido de inverter a tendência de crescimento das doenças reumáticas. Estas doenças podem ser agudas, ou crónicas, atin-gindo os dois sexos e pessoas de todas as idades. No seu conjunto, as doenças reumáticas são das prin-cipais responsáveis pelos custos com a Saúde, quer diretos, como consultas, medicamentos ou cuidados de reabilitação, quer indiretos. Assim, estudo como o presente permitem conhecer a situação real em Por-tugal e, desta forma, empreender os esforços neces-sários para controlar a morbilidade e a mortalidade causados por doenças reumáticas, melhorar a qua-lidade e a vida do doente reumático. No seguimento destas investigações, em meados de maio deste ano, será apresentado um estudo mais aprofundado so-bre a prevalência. Mn | De acordo com o EpiReumaPt, 56% dos portu-gueses sofrem de alguma manifestação de doença reumática. Este valor aproxima-se daquele que era estimado com base em estudos internacionais?fg | Apesar de se reconhecer que a verdadeira di-mensão do problema causado pelas doenças reu-

máticas não era conhecida com rigor em Portugal, anteriores estudos epidemiológicos realizados no País evidenciavam já que as doenças reumáticas te-riam uma prevalência alta, mas sem esta dimensão. Os dados obtidos a partir do estudo EpiReumaPt, le-vado a cabo pela sociedade Portuguesa de reuma-tologia, revelaram que a prevalência destas doenças constitui a primeira causa de incapacidade tempo-rária em Portugal.

Mn | sendo um grupo de doenças tão prevalente, ficou também claro, no EpiReumaPt, a escassez e má distribuição de especialistas no território nacional. De que forma este problema pode ser corrigido?fg | São precisamente os dados agora conhecidos que permitem analisar e implementar medidas cor-retivas da situação, entre elas as que dizem respeito aos recursos humanos formados para tal.

Mn | A elevada taxa de subdiagnóstico foi outra rea-lidade reportada neste estudo, nomeadamente em zonas muito próximas dos grandes centros urbanos. Quais as potenciais justificações para esta realidade?fg | Mais uma vez é uma questão de informação dos cidadãos na perspetiva da participação e de formação e treino de médicos, enfermeiros e ou-tros especialistas.

Mn | Do ponto de vista político, estes dados po-dem ser um ponto de partida para tomada de deci-sões de saúde. na sua perspetiva, o que falta fazer pela Reumatologia nacional?fg | De política como política pura não me pronuncio habitualmente, uma vez que não ocupo um cargo político. Reconheço, porém, que a vontade política para fazer progredir a Reumatologia é determinante. Há muito a fazer, isso é verdade.

Mn | segundo os autores do estudo, o EpiReu-maPt é uma fonte inesgotável de informação que é transversal a outras especialidades. Que utilidade podem ter estes resultados no futuro?fg | Os dados e as informações, uma vez analisa-dos produzem novos conhecimentos que, por sua vez, fundamentam decisões. Indiscutível.

“há muitO a fazer, issO É verdade”

sobre o impacto dos resultados do epireumaPt na tomada de decisões políticas, o diretor-geral da saúde prefere não se pronunciar, contudo, garante que há vontade política para fazer progredir a reumatologia. em declarações à revista Médico News, o dr. francisco george assume que as doenças reumáticas são a principal causa de incapacidade no país e, portanto, “há muito a fazer” para melhorar as condições de vida dos doentes.

dr. franciscO geOrge cOmenta resultadOs dO epireumapt

SãO prECISaMENtE OS DaDOS agOra CONhECIDOS quE pErMItEM aNalISar E IMplEMENtar MEDIDaS COrrEtIvaS Da SItuaçãO

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MÉDICO NEWS

Médico News | o que motivou o apoio e patro-cínio da fundação Calouste gulbenkian (fCg) no projeto EpiReumaPt? Prof. Doutor Jorge soares (Js) | As doenças reumáticas têm um impacto negativo em ter-mos de saúde pública e registam uma preva-lência crescente. Portanto, tendo em conta os atuais estilos de vida e o aumento de longevi-dade da população, pareceu-nos de toda a re-levância o apoio à realização do projeto EpiReu-maPt, já que esta iniciativa permite a obtenção de dados epidemiológicos, rigorosos e repre-sentativos da população geral.

Mn | Em que consistiu o apoio da fCg?Js | a Fcg apoiou financeiramente o projeto EpiReumaPt entre 2011 e 2013.

Mn | o que representa este projeto para a fCg, uma vez que existem inúmeras iniciativas ao abrigo do Programa gulbenkian inovar em saúde?Js | Para a FCG, o EpiReumaPt representa um projeto com mérito e que merece ser financiado.

Mn | o Programa gulbenkian inovar em saúde mantém uma preocupação constante em rela-ção a estas questões epidemiológicas?Js | As questões epidemiológicas têm interesse público e global. O Programa Gulbenkian Ino-var em Saúde da FCG não pretende, contudo, envolver-se em todas as questões e projetos de âmbito epidemiológico.

Mn | Como comenta os resultados e conclu-sões do projeto EpiReumaPt? E em que aspeto o conhecimento destes dados poderá ajudar a resolver alguns problemas associados às doenças reumáticas que, em Portugal, regis-tam uma prevalência de 56%?Js | A obtenção de dados epidemiológicos so-bre padrões, fatores associados e consequên-cias adversas das doenças reumáticas é funda-mental para servir de base a iniciativas de saúde pública neste campo e políticas sectoriais que devem constituir uma necessidade prioritária nos dias de hoje.

“O epireumapt permite a OBtençÃO de dadOs epidemiOlógicOs rigOrOsOs e representativOs da pOpulaçÃO geral”

após a publicação dos dados do primeiro inquérito nacional sobre doenças reumáticas, o Prof. doutor Jorge soares, diretor do Programa gulbenkian inovar em saúde, fala do projeto epireumaPt e explica as razões que motivaram o apoio institucional e financeiro da Fundação Calouste Gulbenkian.

prOf. dOutOr JOrge sOares recOnhece que “questões epidemiOlógicas têm interesse púBlicO e glOBal”

a fCg apOIOu fINaNCEIraMENtE O prOjEtO EpIrEuMapt ENtrE 2011 E 2013

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“a spr deu O apOiO para que O epireumapt pudesse prOgredir”

“a mudança vai sempre depender da vOntade pOlítica”

o Dr. Rui André santos, ex-presidente da sPr (biénio 2008-2010), confessa que, durante o seu mandato, foram reunidas “as condições para que a equipa do Prof. doutor Jaime branco pudesse avançar” com o projeto epireumaPt.

o Dr. Augusto faustino assume que a sua direção não teve uma intervenção direta no EpiReumaPt e que, nessa altura, “a preocupação foi identificar necessidades nas quais estava incluído o desenvolvimento de um estudo epidemiológico de larga escala”.

“A SPR apenas foi uma entidade facilitadora, por-que, na verdade, só apadrinhou e deu todo o apoio necessário para que o EpiReumaPt pudesse pro-gredir. O projeto deve-se à iniciativa e ao empenho do Prof. Doutor Jaime Branco, que é o grande anga-riador e dinamizador do EpiReumaPt”, confessou o antigo presidente da SPR. “Na altura em que assu-

mi a direção da SPR, o projeto ainda se encontra-va numa fase embrionária. Todo o desenvolvimen-to ‘gestacional’ deste projeto decorreu desde 2008 e ficou consolidado em 2014, ano em que foram publicados e divulgados os primeiros resultados do EpiReumaPt”, concretiza o Dr. Rui André Santos, salientando que, durante o seu mandato, foi adqui-rida a viatura e foram angariados apoios do Estado e da indústria farmacêutica, alguns dos quais já ti-nham sido “pedidos em mandatos anteriores”. “Po-rém, o ano de 2008 correspondeu a uma fase de consolidação em que se percebeu se o projeto iria efetivamente avançar”, completou. Este especialis-ta considera que o projeto EpiReumaPt “é fantásti-co”, porque “permitiu e continuará a permitir a reco-lha de dados” sobre a realidade portuguesa na área das doenças reumáticas. “A colheita de dados, em-bora tenha sido uma tarefa hercúlea, acabou por ser bem-sucedida e bem organizada. Este projeto fa-

cilita, agora, uma série de iniciativas paralelas, no-meadamente, estudos e investigações sobre diver-sas áreas.” Em termos gerais, o Dr. Rui André San-tos admite que o epireumaPt permite “identificar as doenças que existem, quais as principais, em que estado estão os doentes, onde se localizam e para onde se devem dirigir os profissionais de saúde”. o especialista também considera que o conhecimen-to desta realidade “é fundamental para concentrar recursos onde são efetivamente necessários”. O es-pecialista indica que este projeto “é inédito”, já que, até ao momento, nunca outra iniciativa tinha conse-guido reunir uma quantidade de dados nesta ordem de grandeza. “Já houve um projeto semelhante mas de muito menor dimensão na cidade do Porto. No entanto, o EpiReumaPt tem a capacidade de refle-tir uma realidade nacional, tendo, para isso, sido re-crutada uma amostra muito alargada de doentes”, finalizou o Dr. rui andré Santos.

“Na altura em que assumi a presidência da direção da SPr havia a preocupação de identificar neces-sidades e de fazer reformas internas na própria es-trutura da sociedade. e de facto, isso foi feito”, afir-ma o Dr. Augusto Faustino, referindo-se à aquisição de novas instalações da sociedade, “com melhores

condições de trabalho”, e à disponibilidade de um secretariado a tempo inteiro.em termos científicos, “foi nessa altura que identi-ficámos a necessidade de afirmar a reumatologia enquanto especialidade. Neste contexto, foi desen-volvido um conjunto de projetos, entre os quais o saber que Faz Mover e iniciámos aquilo que veio a ser o ReumaPt, ou seja, um registo de doentes reu-máticos”, acrescenta o reumatologista do IPR.Desde as fases mais iniciais do EpiReumaPt, o ob-jetivo já era “obter respostas para algumas ques-tões que nos eram colocadas”. Agora que essas respostas existem, o Dr. Augusto Faustino acredita que só vai mudar “aquilo que as pessoas quiserem que mude”. “A nós, reumatologistas, os resultados não causam grande surpresa porque, no dia-a--dia, na consulta, cada um de nós vai fazendo a

sua própria estatística. Estes dados servem ape-nas para consubstanciar uma realidade que nós já conhecíamos, isto é, a enorme prevalência das doenças reumáticas e o impacto que têm na vida das pessoas”. A grande dúvida é se os dados serão devidamente interpretados e valorizados por quem decide e se “há vontade política para minimizar o impacto das doenças reumáticas” e para “aumen-tar de forma equitativa e transversal” o número de reumatologistas em Portugal. Por outras palavras, o especialista considera que “a mudança vai sem-pre depender da vontade política”.“Nós sabemos o valor destes resultados, mas tam-bém sabemos que isso pode, perfeitamente, ser ignorado, à semelhança do que tem acontecido em relação a outras realidades já demonstradas e igualmente importantes”, sublinha.

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Relativamente ao EpiReumaPt, a Dr.ª viviana Ta-vares lembrou que não foi um percurso fácil e que, pelo caminho, teve algumas vicissitudes. O projeto que começou a ser planeado em 2004, só em 2010 foi lançado com o apoio da DGS e em 2011 foi para a rua.“Trata-se, de facto, de um estudo de grande dimen-são, que envolveu mais de 10 000 participantes, reunindo uma amostra representativa da popula-ção portuguesa. A equipa de entrevistadores cor-reu todos os distritos do continente e das regiões autónomas. Foram avaliados por reumatologistas perto de 4000 participantes e, portanto, a logística e a organização de um estudo como este não é nada fácil”. Aliás, acrescentou a Dr.ª viviana Tavares, “te-ria sido absolutamente impossível se não fosse a dedicação e o esforço da equipa de investigação, particularmente os Profs. Jaime Branco e Helena Canhão e a Dr.ª Nélia Gouveia”.Na sua apresentação, a Dr.ª viviana Tavares elogiou ainda todos os reumatologistas que participaram ativamente no terreno. “Somos uma especialidade pequena que conta com cerca de 150 especialistas e, destes, 100 colaboraram, sem qualquer tipo de remuneração no trabalho no terreno”.

"indispensável e singular"“o epireumaPt era um sonho antigo da sociedade Portuguesa de reumatologia (sPr) e dos reumatologistas pela importância que tinha conhecermos a prevalência das doenças reumáticas em Portugal, assim como as repercussões na qualidade de vida dos doentes e os custos associados quer sociais, quer económicos tanto para a sociedade como para os doentes”, afirmou a Dr.ª viviana Tavares, presidente da direção da SPR, à data da apresentação oficial dos resultados do estudo, em setembro de 2014, em Lisboa.

Segundo a Dr.ª viviana Tavares este trabalho não teria sido possível de concretizar sem o apoio da população portuguesa, que aderiu muito bem a este projeto, e sem o apoio dos Centros de Saúde e das ARS, que facilitaram a aproximação às pes-soas. "Os resultados mostram, de alguma forma, aquilo que já prevíamos. Isto é, as doenças reumáticas têm uma elevada prevalência, têm um forte im-pacto na qualidade de vida dos doentes e repre-sentam um peso importante em termos de custos económicos". Segundo a Dr.ª Viviana tavares ficou também confirmada a má cobertura pela parte dos reumatologistas, e, portanto, um subdiagnóstico das doenças reumáticas em algumas zonas do país, algumas delas até bem perto de Lisboa. Com este projeto EpiReumaPt, "conseguimos colocar as doenças reumáticas no mapa". Ou seja, "quando fa-zemos planeamento em saúde, não podemos pen-sar apenas nas doenças que matam, mas também naquelas que são causa de grande morbilidade". "O EpiReumaPt não acaba aqui. Este foi apenas a primeira parte deste estudo transversal, contudo, a partir daqui vamos seguir com um estudo longitu-dinal", concluiu.

Prof. Doutor Jaime Branco, Dr.ª graça Freitas, Dr.ª Viviana Tavares e Prof. Doutor sérgio gulbenkian, na apresentação dos resultados do epireumaPt

"OS rESultaDOS MOStraM, DE alguMa fOrMa, aquIlO quE já prEvíaMOS. IStO É, aS DOENçaS rEuMátICaS têM uMa ElEvaDa prEvalêNCIa, têM uM fOrtE IMpaCtO Na qualIDaDE DE vIDa DOS DOENtES E rEprESENtaM uM pESO IMpOrtaNtE EM tErMOS DE CuStOS ECONóMICOS"

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O EpIrEuMapt vEIO DEMONStrar quE a artrItE rEuMatOIDE tEM uMa prEvalêNCIa quE quaSE DuplICa aquIlO quE CalCulávaMOS

Segundo o Prof. Doutor João Eurico Fonseca, atual presidente da Sociedade (2014-2016), o estudo evidencia a falta de especialistas no país, o que pode refletir-se em algumas assimetrias regionais no que respeita ao diagnóstico e tratamento das doenças reu-máticas. “Há muito que este estudo estava pensado, simplesmente estávamos à espera do timing perfeito. O Prof. Jaime Branco e a Prof.ª He-lena Canhão fizeram um excelente e rigoro-so trabalho, com uma elevada capacidade técnica e científica tanto no que respeita à elaboração do desenho do estudo, como na gestão dos dados recolhidos”, afirma o Prof. Doutor João Eurico Fonseca, reforçando também a capacidade que os dois principais autores do estudo tiveram para atrair finan-ciamento para o projeto.O atual presidente da direção da SPR consi-dera, igualmente relevante, a participação de quase todos os reumatologistas portugue-ses. “Este aspeto é absolutamente extraor-dinário pois é muito raro conseguirmos uma participação tão intensa noutros contextos”.Depois dos esforços das direções anteriores em manterem o estudo no terreno e em levá-

-lo até ao fim, a missão da atual direção é “ajudar a equipa de investigação a publicar estes resultados, promover o debate públi-co em torno dos dados e divulgar, de forma acessível, na comunicação social, a realidade das doenças reumáticas em Portugal”. Além disso, o presidente da SPR considera im-portante a exploração da base de dados da “forma mais inteligente e rentável possível, alargando a participação a todos os investi-gadores interessados”.O especialista considera ser também prio-ritária a análise comparativa entre o retrato epidemiológico português com o de outros países para “percebermos se há diferenças que devam despertar preocupação”.De acordo com o Prof. Doutor João Eurico Fonseca, há sempre variantes que podem condicionar a prevalência das doenças reu-máticas. Ou seja, a diversidade epidemiológi-ca é motivada por vários aspetos, tais como a genética, aspetos relacionados com o perfil das populações, com o clima, a alimenta-ção”. Daí a importância de comparar a reali-dade nacional com a de outros países.A nível local, “a exploração dos resultados do epireumaPt pode servir de base de entendi-mento relativamente aos aspetos logísticos para o tratamento das doenças reumáticas”. Por outras palavras, “é com base nestes re-sultados que conseguimos antecipar as me-didas que permitem que os doentes tenham acesso ao diagnóstico atempado, ao trata-mento correto e aos cuidados de que neces-sitam”, acrescenta.Este último ponto continua a ser uma ques-tão delicada no nosso país, já que é agora mais evidente a falta de reumatologistas. “Na realidade, somos poucos e estamos mal distribuídos. Precisamos de ter reuma-tologistas em todos os hospitais distritais e em todos os grandes hospitais da região de Lisboa e do Porto. Não se compreende que existam vários hospitais nos grandes centros urbanos onde não existem reumatologistas”, sublinha o Prof. Doutor João Eurico Fonse-ca, adiantando que a falta de médicos nestas regiões está relacionada com as diferenças

regionais que foram encontradas em relação ao subdiagnóstico, ao atraso do diagnóstico e da terapêutica adequada da doença reu-mática. “A longo prazo, isso vai causar sofri-mento, incapacidade e, em ultima análise, o consumo de mais recursos”, alerta.De todas as doenças reumáticas estudadas no epireumaPt, a prevalência de artrite reu-matoide foi a que causou maior surpresa ao presidente da SPR. “Tínhamos antecipado que fosse um pouco mais baixa, tendo em conta alguns estudos regionais feitos em Es-panha e com base num estudo regional feito há uns anos em Setúbal. Mas, efetivamente, nunca tivemos acesso a dados corretos. O epireumaPt veio demonstrar que a artrite reumatoide tem uma prevalência que quase duplica aquilo que calculávamos. Isto é mui-to importante pois reflete-se na logística do tratamento destes doentes”, refere.

“sOmOs pOucOs e estamOs mal distriBuídOs”Depois do esforço das direções anteriores da SPR em obter financiamento para manter o projeto no terreno e levá-lo até ao fim, a missão da nova direção, presidida pelo Prof. doutor João eurico fonseca passa por ajudar os investigadores a publicarem os resultados do epireumaPt.

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“Durante o nosso mandato demos supor-te a toda a logística do evento e fomos, como não poderia deixar de ser, o suporte financei-ro do Estudo, uma vez que as verbas, nomea-damente da Direção-Geral da Saúde, só che-gavam depois de executadas as despesas”, lembra o reumatologista do Hospital do Divi-no Espírito Santo, em Ponta Delgada. “Tive-mos a oportunidade, em conjugação com a coordenação científica do estudo, de o afirmar do ponto de vista político, promovendo uma sessão na Assembleia da República peran-te a Comissão Parlamentar de Saúde, em que estiveram presentes deputados de todos os

partidos com assento parlamentar. Relevamos o impacto das doenças reumáticas em Portu-gal e a importância que para nós, Reumatolo-gistas, e para o estado, de termos o retrato fi-dedigno da prevalência das doenças reumáti-cas em Portugal”, acrescenta. Além disso, a carrinha móvel esteve nas ins-talações da Assembleia da República onde os Deputados puderam familiarizar-se com as diferentes componentes do EpiReumaPt. No âmbito das comemorações dos 40 anos da SPR que acompanharam, de forma transver-sal, o mandato do Dr. Luís Maurício Santos, o EpiReumaPt foi sempre sublinhado, nomeada-mente no xv Congresso Português de Reuma-tologia, evento que contou com um intercâm-bio científico, muito profícuo, com as Socieda-des Espanhola e Brasileira de Reumatologia.

EPiREuMAPT nAs ilhAs

“Dada a dimensão verdadeiramente nacional do Estudo, foi possível, também, realizá-lo nos Açores e na Madeira com uma dimensão de amostra que permitiu a comparação dos resul-tados dessas Regiões com o ocorrido a nível nacional”, explica o reumatologista que exer-ce a sua profissão nos açores, onde serão bre-vemente apresentados os dados mais “escru-tinados”. Segundo o Dr. Luís Maurício Santos, esses resultados seguiram a tendência nacio-nal, com valores de prevalência mais baixos no que diz respeito à fibromialgia e osteoporose e mais altos no que diz respeito às espondilar-trites.O especialista lembra que este estudo, “per-mitindo caracterizar, por região, as patologias mais prevalentes, determinará a necessária distribuição de reumatologistas pelo País, que se quer mais equitativa”. O Dr. Luís Maurício Santos defende que deverá ser o reumatolo-gista o especialista a tratar os doentes reumá-ticos. Pois tal “permite, com custos mais baixos, as-sumidos nas suas diferentes componentes, a reintegração na vida funcional normal do

Dr. luíS MauríCIO SaNtOS SublINha quE a rEuMatOlOgIa “tEM DE SEr vISta para alÉM Da vISãO Curta E IMEDIata DO quaNtO gaSta”. tEM DE SEr, pElO CONtrárIO, “aSSuMIDa COMO uMa ESpECIalIDaDE prOpOrCIONaDOra DE NOtávEIS gaNhOS EM SaúDE”

doente reumático, com tudo o que isso acar-reta, nomeadamente, em termos de absentis-mo laboral”.Em conclusão, o Dr. Luís Maurício Santos su-blinha que a Reumatologia “tem de ser vista para além da visão curta e imediata do quanto gasta”. Tem de ser, pelo contrário, “assumida como uma especialidade proporcionadora de notáveis ganhos em saúde”.

reumatOlOgia, “uma especialidade prOpOrciOnadOra de nOtáveis ganhOs em saúde”

também a direção liderada pelo Dr. luís Maurício santos, no biénio 2010-2012, assumiu o epireumaPt como um projeto estratégico para a sociedade Portuguesa de reumatologia.

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O reumatologista do Hospital de Egas Moniz acredita que os resultados são sobreponíveis aos valores estimados com base em estudos epide-miológicos realizados noutros países europeus. “Sabíamos que a prevalência das espondilartrites poderia chegar a 1,5%, pelo que, os 1,6% encon-trados na população portuguesa estão dentro do expectável”, sublinhou. Relativamente a eventuais padrões epidemiológicos, será interessante ava-liar o grupo como um todo mas também, as várias doenças que o compõem em particular. O espe-cialista lembra que os resultados do EpiReumaPt mostram uma prevalência de 2% no sexo feminino e de 1,3% no sexo masculino. De facto, contraria-mente à espondilite anquilosante que apresenta

prevalência de espOndilOartrites “está dentrO dO expectável” no epireumaPt, as espondiloartrites (espondilite anquilosante, a atrite reativa, a artrite psoriática, as artrites associadas à doença inflamatória do intestino - colite ulcerosa e doença de crohn) foram estudadas como um todo. neste contexto, "percebe-se o impacto epidemiológico que este grupo de doenças representa em termos globais”, afirma o Prof. Doutor fernando Pimentel.

uma prevalência mais elevada no sexo masculino, “essa predominância dilui-se quando avaliamos os valores globais das espondilartrites”, uma vez que, em outras doenças deste grupo, o sexo fe-minino é o mais afetado. No que respeita à idade do aparecimento dos primeiros sintomas, o Prof. Doutor Fernando Pimentel recorda que o final da adolescência e o início da idade adulta é o período em que, por norma, se desenvolvem as espondi-loartrites. Pela prevalência que assumem e pelo facto de se iniciarem em idades jovens será muito importante uma correta avaliação destes doentes para minimizar o impacto em termos de capaci-dade para o trabalho e de qualidade de vida em geral. No que respeita à idade do aparecimento

“cumprir prazOs sem derrapagens Orçamentais”gestora do projeto desde que a dgs deu luz verde para o epireumaPt avançar, a Dr.ª nélia gouveia trabalhou em exclusivo, durante quatro anos, para que nada falhasse. Geriu financiamentos, logística, recursos humanos e uma rede de contactos externos, de forma “apertada, rigorosa e exigente”.

De mapa na mão e com a ajuda de uma equipa de back office, traçou o percurso da unidade mó-vel e das equipas multidisciplinares que sema-nalmente percorreram Portugal de uma ponta à outra. O resultado está à vista: os prazos foram cumpridos, “sem derrapagens orçamentais ou temporais”. E o segredo foi, segundo a Dr.ª Nélia Gouveia, a gestão a tempo inteiro, em articulação estreita com os dois coordenadores do estudo: os Profs. Doutores Jaime Branco e Helena Canhão, e a colaboração e extrema dedicação de uma extensa equipa multidisciplinar. Com protocolos tão existentes e com uma logística tão complexa “conseguir concretizar, no terreno, um estudo a nível nacional implicava, sem dúvida uma gestão igualmente exigente e rigorosa. Foram, portanto, quatro anos de trabalho intenso e altamente cro-nometrado, que implicaram a calendarização de visitas pelo país inteiro com equipas multidiscipli-nares rotativas compostas por uma enfermeira,

um técnico de radiologia, pelo menos um médi-co reumatologista, e um motoristas da unidade móvel. “Tudo teve de ser muito bem planeado em função da disponibilidade de todos os interve-nientes para minimizar entraves que obrigassem a interrupção do projeto por alguns dias”, acres-centa. A par dos obstáculos que diariamente iam surgindo no terreno, sobretudo nas zonas mais isoladas do país, a gestora do projeto confessa que as principais dificuldades não foram de na-tureza prática, mas sim burocrática. “Em primeiro lugar tentámos perceber como é que, em Portu-gal, se desenvolvia um projeto desta dimensão. A lei sobre investigação clínica que estava em vigor, deixava os estudos observacionais numa zona cinzenta, além disso, o desenho do estudo tinha muitas particularidades e, portanto, as pró-prias autoridades e entidades que contactámos para validar os procedimentos, muitas vezes não tinham respostas claras para nós e muitas ve-

zes encontrámos soluções conjuntas”, descreve. agora com os resultados na mão, o desafio fu-turo será a sua publicação e “o reconhecimento de quem tutela”. Até porque, “ é legítimo que o investimento público aplicado neste estudo, na geração de evidência, tenha um retorno directo para a sociedade, neste caso específico na to-mada de decisões que melhorem a prestação de cuidados aos doentes no âmbito da Reumatolo-gia”, sublinha.

dos primeiros sintomas, o Prof Doutor Fernando Pimentel recorda que o final da adolescência e o início da idade adulta o período em que, por nor-ma, se desenvolvem as espondiloartrites.

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dr.ª ana maria rodrigues // reumatologista do Hospital do santo espirito da ilha Terceirainvestigadora do epireumaPt

12,2% da pOpulaçÃO adulta pOrtuguesa tem OsteOpOrOse

figura 1- Analise da frequência de osteoporose, fraturas de fragilidade e fatores de risco nas mulheres por-tuguesas pós-menopausicas

figura 2- Análise sobre reporte do consumo de terapêuticas anti-osteoporóticas nas mulheres portuguesas em pós-menopausa.

1Cooper C, Campion G, Melton LJ, 3rd. Hip fractures in the elderly: a world-wide projection. Osteoporos Int 1992; 2: 285–9.2Delmas PD, Fraser m. european union challenges member states to fight the ‘silent epidemic’ of osteoporosis. eurohealth, vol. 4, No. 4, Autumn 1998. Available at: [http://www.osteofound.org/press_centre/pdf/oste_in_europe.pdf.].

A osteoporose é uma doença óssea sistémica, ca-racterizada por diminuição da massa óssea, maior fragilidade óssea e maior susceptibilidade a fratu-ras. As fraturas de fragilidade (colo do fémur, coluna vertebral e punho) constituem a complicação clini-camente mais grave da osteoporose. A prevalência das fraturas osteoporóticas aumenta exponencial-mente com a idade e difere entre os sexos1. Estu-dos europeus revelam que oito em cada 20 (40%) mulheres e 3 em cada 20 (15%) dos homens irão sofrer uma ou mais fraturas osteoporóticas ao lon-go da sua vida2. Após os 65 anos de idade, o risco de fratura aumenta exponencialmente e a frequên-cia de fraturas nas mulheres é duas a três vezes superior à dos homens.No maior estudo sobre a prevalência de doenças reumáticas em Portugal -epireumaPt - verificou--se que 12,2% da população adulta portuguesa tem osteoporose (definida pela presença de oP em densitometria óssea ou história de fratura de fragilidade). Contudo, a prevalência de osteoporo-se nas mulheres portuguesas acima dos 50 anos, pós-menopáusicas, é significativamente superior sendo de 39,3%. Estas mulheres têm também

uma elevada prevalência de fraturas de fragilidade (17,7%) (figura 1). Quando analisamos o consumo de medicação anti-osteoporótica, verificamos que apenas 14,8% das mulheres pós-menopáusicas com osteoporose reportam estar sob terapêutica e 18,7% reportaram ter feito terapêutica no passado (figura 2).

Em conclusão, a osteoporose em Portugal é um problema de saúde pública. No estudo EpiReumaPt verificou-se uma elevada prevalência de fraturas osteoporóticas. Apesar do melhor conhecimento desta doença por parte dos profissionais de saúde e pela população continuamos a verificar um sub-tratamento da mesma.

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“NO EStuDO EpIrEuMapt OS DOENtES fOraM DIagNOStICaDOS atravÉS DE CrItÉrIOS ClíNICOS Ou raDIOlógICOS, NãO DEIxaNDO DE SEr IMprESSIONaNtE a ElEvaDa prEvalêNCIa DESta DOENça NO NOSSO paíS”

diológicos, não deixando de ser impressionante a elevada prevalência desta doença no nosso país”, adianta.Os primeiros dados sugerem também algumas assimetrias regionais no que respeita à preva-lência da osteoartrose, contudo, as causas que estão na origem deste “fenómeno” ainda não são conhecidas. Essa análise será feita no futu-ro, assim como o estudo do impacto da doença em termos de custos, de qualidade de vida e de incapacidade para os doentes.“Além da avaliação transversal destes doentes iremos constituir uma coorte de osteoartrose do joelho. Essa nova fase do estudo já está em curso no call centre que foi criado na Faculdade de Ciências Médicas, onde um conjunto de cola-boradores está a contactar os participantes que integram as várias coortes que, entretanto foram formadas”.

Já a taxa de subdiagnóstico foi mais elevada do que inicialmente se estimava, com cerca de 15% dos diagnósticos de osteoartrose feitos em pes-soas que desconheciam sofrer desta doença. “O conceito de que a artrose é uma consequência natural do envelhecimento está errado e pode ser uma das justificações para o seu subdiag-nóstico. A osteoartrose é uma doença que tem de ser identificada e devidamente tratada”, de-fende o interno de Reumatologia do Centro Hos-pitalar de Lisboa Ocidental (CHLO), Hospital de Egas Moniz, e investigador do EpiReumaPt.Depois da lombalgia e da doença peri-articular, a osteoartrose é a terceira patologia reumática que apresenta maior prevalência em Portugal. Relativamente à localização, “a osteoartrose do joelho é a mais frequente, com uma prevalência de 12,4%, de seguida a da anca, 8,7% e, por fim, a da mão, 2,9%”, afirma o Dr. alexandre Sepriano que, no âmbito do EpiReumaPt, esteve especial-mente envolvido no estudo dos dados em torno desta patologia.Estes resultados estão em sintonia com as ex-trapolações que eram feitas a partir de estudos realizados em países com características se-melhantes às de Portugal, no entanto, a utiliza-ção de critérios distintos para o diagnóstico de osteoartrose condiciona números muito díspares. “Em alguns desses estudos, o diagnóstico foi es-tabelecido com base em critérios clínicos – dor, rigidez, – noutros, era feito com base em critérios radiológicos – grau de destruição da articulação”, descreve o médico interno de Reumatologia do Hospital de Egas Moniz, relatando alguma dispari-dade entre os vários trabalhos realizados. “estas diferenças têm dificultado muito o es-tudo epidemiológico da osteoartrose, na me-dida em que, alguns doentes apresentam dor e disfunção, que não corresponde a alterações radiográficas muito significativas, assim como alguns doentes não apresentam qualquer quei-xa articular, mas revelam lesões indicadoras de oestoartrose na avaliação radiográfica”, explica. “No estudo EpiReumaPt os doentes foram diag-nosticados através de critérios clínicos ou ra-

“a OsteOartrOse nÃO É um prOcessO fisiOlógicO assOciadO aO envelhecimentO, É uma dOença”

de acordo com os resultados do epireumaPt, 12,4% dos portugueses têm osteoartrose do joelho, 8,7% da anca e 2,9% da mão. na perspectiva do Dr. Alexandre sepriano, estes números são reveladores do elevado impacto da osteoatrose em Portugal.

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osTEoARTRosE

A osteoartrose é uma doença articular de-generativa, em que ocorre uma destruição progressiva da articulação por processos que ainda não estão totalmente esclareci-dos. o resultado final é a lesão da cartila-gem, embora “saibamos, hoje, que outras estruturas articulares estejam envolvidas na fisiopatologia da doença, nomeadamente o osso subcondral, a membrana sinovial, a cápsula articular e os ligamentos”, esclarece o Dr. Alexandre Sepriano. No fundo, há um conjunto de mecanismos que levam à falên-cia da articulação como um todo e que cul-minam na destruição da cartilagem articular.A idade avançada e a obesidade são os prin-cipais fatores de risco para a osteoartrose que, “afeta particularmente a população fe-minina”.Dor, rigidez articular e disfunção para as atividades diárias são as queixas mais fre-quentemente reportadas por quem sofre de osteoartrose.Por explicar está também a componente

inflamatória da doença. “Este tem sido um tema de grande debate no seio da comu-nidade científica”. Poderá, de facto, haver um papel da inflamação, em particular na progressão da doença. Contudo, alterações biomecânicas sobretudo a nível do osso subcondral poderão ter um papel prepon-derante sobretudo na fase inicial da doença.Apesar do elevado impacto pessoal e social da ostaoartrose, o Dr. Alexandre Sepriano salienta que ainda não existe nenhum tra-tamento que comprovadamente interfira na história natural da doença e que permita tra-var a sua progressão. “Contudo podemos, e devemos, oferecer aos doentes o alívio sintomático existindo para esse fim várias opções terapêuticas (entre outras o parace-tamol, anti-inflamatórios não esteroides , os fármacos de sintomáticos de ação lenta e efeito retardado como a glucosamina, Con-droitina , diacereína e a viscosuplementação com derivados do ácido-hialurónico), assim como o tratamento das comorbilidades.

prevalênCia (%)

osteoartrose do joelHo 12,4

osteoartrose da mão 8,7

osteoartrose da anCa 2,9

“EStaMOS pEraNtE uMa patOlOgIa prEvalENtE, MuItaS vEzES SubDIagNOStICaDa E MuItaS vEzES DESvalOrIzaDa. Na vErDaDE, EStaS pESSOaS têM, DE faCtO, DOENça artICular COM rEpErCuSSãO fuNCIONal"

subDiAgnósTiCo

A taxa global de subdiagnóstico, estimada com base no número de novos casos identificados, foi cerca de 15%, sendo mais elevada na re-gião Centro (18,3%) e no Alentejo (17,9%). “Po-demos considerar várias razões para que isso aconteça, desde logo a crença popular de que o reumatismo é uma consequência natural do envelhecimento. Este conceito acaba por levar a uma desvalorização das alterações que vão ocorrendo nas articulações, assim como a uma acomodação aos sintomas, à limitação e à inca-pacidade gerados pela doença”, revela. Tratan-do-se de uma patologia que surge, geralmente, em idades mais avançadas, a osteoartrose não deixa de ser uma “causa de perda de qualidade de vida e de capacidade para exercer as ativida-des do dia-a-dia”. O Dr. Alexandre Sepriano considera urgente desmistificar a ideia de que a osteoartrose é um fenómeno normal que faz parte da velhice e alerta para a necessidade de identificar e de tratar devidamente a doença. “Estamos perante uma patologia prevalente, muitas vezes sub-diagnosticada e muitas vezes desvalorizada. Na verdade, estas pessoas têm, de facto, doença

articular com repercussão funcional, conso-mem recursos de saúde (consultas, medica-mentos, próteses, etc) e têm um maior risco de envelhecimento sem qualidade de vida.grande parte dos doentes identificados no âm-bito do estudo foram referenciados para a con-sulta nos Cuidados de Saúde Primários, sendo que, as situações mais graves foram encami-nhadas para o Centro de Reumatologia mais próximo da área de residência dos doentes.“Na osteoartrose, assim como noutras Doen-ças Reumáticas, o envolvimento dos médicos de Medicina Geral e Familiar é essencial, sendo

fundamental manter uma boa articulação entre os dois níveis de cuidados de saúde – os primá-rios e os hospitalares”, sublinha o Dr. Alexandre Sepriano.De uma forma global, o Dr. Alexandre Sepriano considera que o epireumaPt veio confirmar o elevado impacto da osteoartrose em Portugal, tanto no que respeita aos números, como nos dados sobre o impacto na qualidade de vida. “Já sabíamos que a ostoeartrose é uma das pato-logias que mais interfere na qualidade de vida dos doentes, o EpiReumaPt vem trazer-nos os dados nacionais que há muito faltavam”.

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dr. rui Cernadas// Vice-presidente do concelho Diretivo da Ars do Norte, iP

O envelhecimento da população é um fenó-meno mundial, sendo considerado como uma conquista da longevidade. Este problema na Europa e particularmente em Portugal, assume porém uma enorme gravidade sob todos os pontos de vista.O Regulamento (Eu) Nº 282/2014 do Parla-mento Europeu e do Conselho de 11 de mar-ço de 2014 relativo à criação de um terceiro programa de ação da união no domínio da saúde (2014-2020) e que revoga a Decisão nº 1350/2007/CE, publicado em março de 2014 no Jornal oficial da união europeia, sublinha exatamente o contexto de “sociedade em en-velhecimento”, para recordar que a promoção da saúde e a prevenção da doença pode per-mitir “aumentar o número de “anos de vida saudável”, num cenário em que as doenças crónicas são responsáveis por mais de 80% da mortalidade prematura europeia!Prolongar ou promover a saúde e a atividade das pessoas, envolvendo-as na gestão da sua saúde, produzirá efeitos favoráveis sobre a própria saúde, a produtividade, a competitivi-dade e a qualidade de vida, diminuindo ainda constrangimentos orçamentais públicos.Esta questão coloca a tónica na necessidade de cuidados, crescente e evidenciada quando ocorre compromisso da capacidade funcional individual, aumentando a responsabilidade so-bre os cuidadores, sejam a família ou o sistema social e de saúde. O programa de ação europeu atrás citado é inequívoco, quando entre outras recomenda-ções sublinha:• melhoria do acesso a conhecimentos clíni-

cos especializados;• informação sobre patologias específicas e

facilitação da aplicação dos resultados de investigação;

• introdução ou desenvolvimento de ferra-mentas para melhoria dos cuidados de saú-de e segurança dos doentes;

• melhoria da literacia no domínio da saúde, o que vale por dizer, de todos, profissionais do setor, doentes e cuidadores.

O médico de família, como prestador da as-sistência em primeira linha, deve promover o

um cOmentáriO a partir dOs cuidadOs primáriOs…

envolvimento do doente, da família e dos cui-dadores na integração de cuidados.As doenças reumatológicas são muito preva-lentes em países desenvolvidos, causando in-capacidade e prejuízo da saúde e da qualidade de vida, com tendência crescente dado o au-mento da longevidade da população e atuais estilos de vida. Mas estas doenças podem ser agudas, recor-rentes ou crónicas, atingindo pessoas de todas as idades. Sendo causa frequente de incapa-cidade, as doenças reumáticas, quando não identificadas ou tratadas atempada e adequa-damente, podem condicionar outras repercus-sões físicas, psicológicas, familiares, sociais e económicas.

aS DOENçaS rEuMatOlógICaS SãO MuItO prEvalENtES EM paíSES DESENvOlvIDOS, CauSaNDO INCapaCIDaDE E prEjuízO Da SaúDE E Da qualIDaDE DE vIDa, COM tENDêNCIa CrESCENtE DaDO O auMENtO Da lONgEvIDaDE Da pOpulaçãO E atuaIS EStIlOS DE vIDa

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De resto, são bem conhecidos no SNS e na Segurança Social os impactos dos números associados às doenças reumatológicas: em número de consultas, em procura de cuidados (consultas e urgências) agudos e crónicos, em número de dias de absentismo, em volume de incapacidade e reforma ou aposentação por doença, em consumos de medicamentos, meios diagnósticos e fisioterapia, hidroterma-lismo, índices de referenciação hospitalar… Entre as doenças crónicas, os doentes reumá-ticos são os que se queixam de pior qualida-de de vida e as suas co-morbilidades cons-tituem, em muitos casos, problema clínico adicional no plano da iatrogenia e dos efeitos secundários.O enquadramento da dor reumática, em Por-tugal, confirma que os doentes com dor cró-nica não encontram um acesso fácil aos ser-viços de saúde, em especial, quando é preciso referenciação hospitalar.Com efeito, o atendimento destes doentes é garantido predominantemente ao nível dos Cuidados Primários, havendo dados que apontam para um número à volta dos 20% a serem seguidos por especialistas hospitala-res e talvez 1% ligados a unidades de dor. Adi-cionalmente a especialidade de Reumatologia mantêm ainda uma cobertura muito assimé-trica do território nacional e na rede hospitalar do SNS. Em boa hora a Sociedade Portuguesa de Reu-matologia decidiu pôr de pé o “EpiReumaPt”, um Estudo Epidemiológico das Doenças Reu-máticas em Portugal. O “EpiReumaPt” foi um estudo epidemiológico, observacional, trans-versal, com a duração de 4 anos, reunindo uma amostra invulgarmente representativa da população portuguesa (mais de 10600 indiví-duos), em Portugal Continental, nos Açores e na Madeira.O objetivo principal do estudo foi o de calcu-lar a prevalência das doenças reumáticas em Portugal e ainda o de estimar ou identificar fatores sociodemográficos e clínicos associa-dos ao diagnóstico de cada patologia, estimar prevalências previamente não diagnosticadas, determinar o impacto na qualidade de vida,

função e capacidade laboral. Ou seja, dar corpo e alma ao Programa Nacional Contra as Doen-ças Reumáticas.A Administração Regional do Norte associou--se à medida do que lhe foi solicitado e apro-veita esta oportunidade para endereçar aos promotores do Estudo, à Sociedade Portugue-sa de Reumatologia e ao Prof. Doutor Jaime Branco os melhores cumprimentos e vivas felicitações, agora que o maior estudo realiza-do em Portugal sobre doenças reumáticas foi concluído e apresentado. Os números de síntese do estudo valem por si próprios e dispensam comentários.Tomamos a liberdade de os sumariar:• Prevalência de 64% no sexo feminino e de

47% no sexo masculino;• Prevalência final de 56%; • 2,5 vezes mais depressão entre os doentes

reumáticos;• 3 vezes mais ansiedade entre os doentes

reumáticos;• maior incidência de internamento hospitalar

entre os doentes reumáticos;• Pior reporte de qualidade de vida entre os

doentes crónicos;• 440 mil euros de custos com fisioterapia;• 204 milhões de euros em perdas de produti-

vidade por absentismo em doentes reumá-ticos.

• 3,3 mil milhões de euros de custos totais com consultas em doentes reumáticos;

• 5 mil milhões de euros de custos totais com consultas.

Podendo definir-se como doenças e alterações funcionais do sistema musculo-esquelético de causa não traumática, incluem também as doenças inflamatórias do citado sistema, mas ainda do tecido conjuntivo e dos vasos, as doenças degenerativas das articulações peri-féricas e da coluna vertebral, as doenças meta-bólicas ósseas e articulares e peri-articulares.Em jeito de aproximação à conclusão, diria que as doenças reumáticas, no seu vasto conjunto, representam uma muito vasta gama de pa-tologias com características, apresentações, evoluções e consequências diversificadas, im-plicando uma preocupação dos profissionais e

dos serviços de saúde. Esta transversalidade justifica, assim, um trabalho redobrado que envolva também os médicos do trabalho e as implicações profissionais nas doenças reu-máticas, os médicos de família no diagnóstico precoce e na devida valorização das queixas dos doentes e os médicos hospitalares no processo de referenciação que garanta a con-tinuidade e a integração dos cuidados assis-tenciais.É por todas estas razões que o estudo constitui um documento estrutural importante na políti-ca de saúde – coerente e alicerçada em dados desejadamente nacionais e do mundo real – e pode melhorar o nível da gestão da qualidade em saúde.

O atENDIMENtO DEStES DOENtES É garaNtIDO prEDOMINaNtEMENtE aO NívEl DOS CuIDaDOS prIMárIOS, havENDO DaDOS quE apONtaM para uM NúMErO à vOlta DOS 20% a SErEM SEguIDOS pOr ESpECIalIStaS hOSpItalarES E talvEz 1% lIgaDOS a uNIDaDES DE DOr

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Segundo a Prof.ª Doutora Helena Canhão, este resultado pode ter duas interpretações: se tivermos como base estudos realizados no Norte da Europa e nos Estados unidos da América que apontam prevalências de 1%, então podemos entender que a prevalência nacional, agora encontrada, está um pouco abaixo. Podemos, inclusivamente suspeitar que, nos países do Sul da Europa, a artrite reumatoide é menos prevalente”. Todavia, “se tivermos em conta os dados de estudos pre-viamente realizados em algumas regiões do nosso país, que revelavam taxas de prevalên-cia na ordem dos 0,3 a 0,4%, então podemos considerar que os valores do EpiRemaPt es-tão acima do estimado”, justificou a coautora do estudo. Apesar das eventuais discrepâncias, a espe-cialista garante que os dados obtidos no Epi-ReumaPt são os que mais se aproximam da realidade, tendo em conta “a rigorosa metodo-logia deste trabalho epidemiológico”. Com um intervalo de confiança entre 0,52 e 0,95 para a artrite reumatoide, a Prof.ª Doutora Helena Canhão considera que 0,7% de prevalência global é o valor mais exato. quanto às dife-renças regionais encontradas no Alentejo e no Algarve, onde a artrite reumatoide teve preva-lências de 1,8% e 1,2%, respetivamente, a es-

pecialista justifica-as com o facto de, nestas regiões, terem sido entrevistadas menos pes-soas, logo, o intervalo de confiança é mais alar-gado. “Neste momento, temos de estudar me-lhor os números para confirmarmos se há, de facto, esta diferença regional e que fatores po-derão estar na sua origem. Para já, penso que ainda é um pouco prematuro tirarmos grandes conclusões destes dados iniciais”.Não é contudo precipitado afirmar que a artri-te reumatoide é a doença reumática que surge associada a uma maior incapacidade e a uma menor qualidade de vida. Com o aparecimento de terapêuticas biológicas, esta realidade ten-de a melhorar. “Neste momento, conseguimos controlar uma maior percentagem de doentes com artrite reumatoide, isto é, conseguimos abrandar a progressão da doença, travando, ao mesmo tempo, a sua evolução para a incapa-cidade”, referiu, acrescentando que tal também terá reflexo na melhoria da qualidade de vida dos doentes.Até ao aparecimento destes agentes, as te-rapias convencionais permitiam manter con-trolados alguns doentes, porém, para os re-fratários aos tratamentos clássicos não havia muitas alternativas. “É, pois, para esse grupo de doentes que os medicamentos biológicos representam uma revolução”, concluiu.

artrite reumatOide afeta 0,7% dOs pOrtuguesesde acordo com os resultados do epireumaPt, a prevalência global de artrite reumatoide é de 0,7%. como é já sabido, a doença afeta mais a população feminina do que a masculina, facto que ficou também confirmado neste estudo (1,1% de prevalência nas mulheres e 0,3% nos homens), como explica a Prof.ª Doutora helena Canhão.

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• Indicado no tratamento da Espondilartrite Axial grave Sem Evidência Radiográfica de EA em doentes adultos, mas com sinais objetivos de inflamação por PCR elevada e / ou por MRI, que tiveram uma resposta inadequada, ou que são intolerantes aos medicamentos anti-inflamatórios não esteroides.3

• Indicado no tratamento da Espondilite Anquilosante ativa grave em doentes adultos que tiveram uma resposta inadequada à terapêutica convencional.3

• Humira também está indicado na Artrite Reumatoide, Artrite Idiopática Juvenil Poliarticular, Artrite Psoriática, Psoríase, Doença de Crohn, Doença de Crohn Pediátrica e Colite Ulcerosa.

* Solução Global: Humira na Espondilartrite Axial (Artrite Psoriática, Espondilite Anquilosante – EA – e Espondilartrite Axial sem Evidência Radiográfica de EA). ** HUMIRA foi aprovado na SpA Axial grave sem Evidência Radiográfica de EA em 2012. 1 – Haibel H, et al., “Efficacy of Adalimumab in the Treatment of Axial Spondylarthritis Without Radiographically Defined Sacroiliitis”, Arthritis Rheum 2008; 58:1981–1991. 2 – Rudwaleit M, et al.,“The Early Disease Stage in Axial Spondylarthritis: Results from the Germand Spondyloarthritis Inception Cohort”, Arthritis Rheum 2009; 60:717–727. 3 – RCM HumiraPCR – Proteína C Reativa; MRI – Ressonância Magnética Nuclear

HUMIRA, CANETA (Adalimumab)INFORMAÇÕES ESSENCIAIS COMPATÍVEIS COM O RCMNome do medicamento: Humira 40 mg solução injetável em caneta pré-cheia. Composição Qualitativa e Quantitativa: Cada caneta pré-cheia para injetáveis de 0,8 ml para dose única contém 40 mg de adalimumab. Indicações Terapêuticas: Humira, caneta em adultos está indicado na artrite reumatoide ativa moderada a grave, espondilartrite axial grave sem evidência radiográfica de EA, artrite psoriática ativa e progressiva, espondilite anquilosante ativa grave, colite ulcerosa ativa moderada a grave, doença de Crohn ativa moderada a grave, psoríase crónica em placas, moderada a grave; em crianças ou adolescentes está indicado na artrite idiopática juvenil poliarticular ativa a partir dos 2 anos de idade e na doença de Crohn ativa grave a partir dos 6 anos de idade. Posologia e modo de administração: O tratamento com Humira deve ser iniciado e supervisionado por médicos especialistas experientes no diagnóstico e tratamento das patologias para as quais está indicado e os doentes devem receber um cartão de segurança especial. Administração por via subcutânea. Adultos: Na artrite reumatoide, artrite psoriática, espondilite anquilosante, espondilartrite axial sem evidência radiográfica de EA e artrite idiopática juvenil poliarticular (idades entre os 13 e 17 anos) a dose recomendada de Humira caneta é de 40 mg de adalimumab, em semanas alternadas, em dose única, devendo manter-se o tratamento com metotrexato; Na doença de Crohn e na psoríase, a dose de indução inicial recomendada é de 80 mg de adalimumab, seguida de 40 mg em semanas alternadas, uma semana após a dose inicial. Na doença de Crohn pode, se houver necessidade, ser usada inicialmente a dose de 160 mg na semana 0 (quatro injeções num dia ou duas injeções por dia em dois dias consecutivos), e de 80 mg na semana 2; Na colite ulcerosa a dose recomendada de indução é de 160 mg de adalimumab na Semana 0 e de 80 mg na Semana 2. A dose de manutenção é de 40 mg em semanas alternadas. Alguns doentes, com diminuição de resposta terapêutica, podem beneficiar com uma dose de 40 mg todas as semanas. Idosos: Não é necessário efetuar ajustes posológicos. Humira não foi estudado em doentes com insuficiência renal e/ou hepática. População pediátrica (dos 2 aos 12 anos de idade): Na artrite idiopática juvenil poliarticular a dose recomendada de Humira é de 24 mg/m2 de área de superfície corporal, em semanas alternadas até um máximo de 20 mg de adalimumab (entre 2 e <4 anos) e até um máximo de 40 mg de adalimumab (entre 4-12 anos), sendo o volume de injeção selecionado com base na altura e peso das crianças. Para adolescentes a partir dos 13 anos de idade, a dose de 40 mg de Humira é administrada em semanas alternadas independentemente da área de superfície corporal; Na doença de Crohn pediátrica a dose recomendada de Humira em doentes pediátricos (com peso inferior a 40 kg) é de 40 mg na semana 0, seguida de 20 mg em semanas alternadas; (com peso superior a 40 kg) é de 80 mg na 1ª semana, seguida de 40 mg em semanas alternadas; Pode ser usada, para uma resposta mais rápida à terapêutica, uma dose de indução de 80 mg ou 160 mg, seguida de 40 mg ou 80 mg respetivamente. Contraindicações: Hipersensibilidade à substância ativa ou a qualquer dos excipientes. Tuberculose ativa ou outras infeções graves, nomeadamente, sepsia e infeções oportunistas. Insuficiência cardíaca moderada a grave (classe III/IV da NYHA). Advertências e precauções especiais: Em caso de infeções (Os doentes devem ser cuidadosamente monitorizados para despiste de infeções, incluindo tuberculose, antes, durante e após o tratamento com Humira), infeções graves (ex. tuberculose, infeções bacterianas, fúngicas, parasitárias, virais invasivas ou outras infeções oportunistas - a administração de Humira deve ser interrompida se um doente desenvolver uma nova infeção grave), reativação da hepatite B, efeitos neurológicos, reações alérgicas, imunossupressão, doenças linfoproliferativas e neoplasias, reações hematológicas, vacinação (doentes tratados com Humira podem receber vacinas concomitantes, exceto vivas), insuficiência cardíaca congestiva, processos autoimunes, administração concomitante de biológicos DMARDS ou antagonistas-TNF, intervenções cirúrgicas, obstrução do intestino delgado. Nos idosos com mais de 65 anos de idade a frequência de infeções graves foi superior à de doentes com idade inferior a 65 anos. Interações medicamentosas com anakinra e abatacept. Efeitos indesejáveis: As reações adversas mais frequentemente notificadas incluem infeções (tais como nasofaringite, infeção do trato respiratório superior e sinusite), reações no local da injeção (eritema, prurido, hemorragia, dor ou edema), cefaleias e dor musculoesquelética. Foram notificadas reações adversas graves com Humira. Antagonistas-TNF, tais como Humira, atuam no sistema imunitário e a sua utilização pode afetar os mecanismos de defesa contra infeções e cancro. Durante o tratamento com Humira, foram também notificadas infeções fatais e potencialmente fatais (incluindo sepsia, infeções oportunistas e TB), reativação de HBV e várias neoplasias (incluindo leucemia, linfoma e HSTCL). Foram também notificadas reações graves hematológicas, neurológicas e autoimunes, incluindo casos raros de pancitopenia, anemia aplástica, perturbações desmielinizantes do sistema nervoso central e periférico, lúpus, doenças tipo lúpus e síndrome de Stevens-Johnson. Revisão do texto: Set2013 (V120). Representante local do titular da AIM - AbbVie, Lda. Estrada de Alfragide, 67 - Alfrapark - Edifício D - 2610-008 Amadora, Portugal. Medicamento Sujeito a Receita Médica Restrita. Regime especial de comparticipação – 100% (Despacho n.º 18419/2010, de 2/12, na sua redação atual e Despacho n.º 4466/2005, de 10/02 na sua redação atual). As indicações colite ulcerosa e espondilartrite axial ainda não são comparticipadas. Consultar o Resumo das Características dos Medicamentos antes de prescrever e sempre que necessite de informações complementares. Para mais informações deverá contactar o representante local do titular da AIM.

Nem todos os doentes com SpA Axial Sem Evidência Radiográfica progridem para Espondilite Anquilosante mas ...1

... ambas as condições

apresentam sintomas

de doença semelhantes.2

Indicado também na Espondilite Anquilosante (EA) ativa grave desde 2006, permitindo melhoria significativa nos sinais e sintomas da doença e qualidade de vida.3

HUMIRAPrimeiro Biológico**

aprovado na SpA Axial graveSem Evidência Radiográfica de EA

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