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ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO EM IDOSOS LONGEVOS ASSISTIDOS PELA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA Recife 2016 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GERONTOLOGIA MESTRADO ACADÊMICO

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ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO EM IDOSOS

LONGEVOS ASSISTIDOS PELA ESTRATÉGIA DE SAÚDE

DA FAMÍLIA

Recife

2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

EM GERONTOLOGIA

MESTRADO ACADÊMICO

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MARIA DE FÁTIMA LIMA KNAPPE

ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO EM IDOSOS

LONGEVOS ASSISTIDOS PELA ESTRATÉGIA DE SAÚDE

DA FAMÍLIA

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Gerontologia do Centro

de Ciências da Saúde da Universidade

Federal de Pernambuco, como requisito

parcial para a obtenção do título de Mestre

em Gerontologia.

Linha de pesquisa: Envelhecimento e

Saúde.

Orientador: Antônio Carlos Gomes do Espirito Santo

Co-orientadora: Márcia Carréra Campos Leal

Recife

2016

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MARIA DE FÁTIMA LIMA KNAPPE

ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO EM IDOSOS LONGEVOS

ASSISTIDOS PELA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA

Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia do Centro

de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, submetida à defesa pública e

aprovada pela banca examinadora em 03 de fevereiro de 2016.

____________________________________________________

Prof. Dr. Antônio Carlos Gomes do Espirito Santo (Orientador)

_____________________________________________________________

Profª. Drª Ana Paula de Oliveira Marques (Membro Titular Interno)

______________________________________________________________

Profª Drª Ana Márcia Tenório de Souza Cavalcanti (Membro Titular Externo)

______________________________________________________________

Profª. Drª. Carla Cabral dos Santos Accioly Lins (Membro Suplente Interno)

______________________________________________________________

Profª. Drª. Albanita Gomes da Costa de Ceballos (Membro Suplente Externo)

Recife

2016

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A Peter Knappe, in memorian, meu amado pai e a Fernando Knappe Pimentel, meu amado

filho, minha ascendência e minha descendência. Os dois tesouros que Deus me concedeu a

honra de cuidar em seus processos distintos: envelhecimento e morte de um lado e

desenvolvimento e nascimento de outro. Pude, assim, provar a existência de um amor puro,

que se sustenta apenas no fato de ser amor. Assim, dedico não apenas esse trabalho, mas toda

a minha existência a vocês, eternas fontes de minha inspiração.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por ser meu guia, me fazendo andar por caminhos seguros, por me dar forças para

seguir adiante em meios às adversidades (e não foram poucas!), por me sustentar nos

momentos de fraqueza e por me presentear com inúmeras bênçãos ao longo da minha

trajetória.

A meu Pai, por ser meu grande mestre na vida e na geriatria, ele que me inspirou na escolha

da especialidade, me fez apaixonar pelos idosos mais frágeis e me ensinou a cuidar, a ser

paciente e a amar sem medidas. Hoje sei que, de alguma forma, de onde ele está, ele continua

"cuidando" de nós.

A minha amada mãe, pelo exemplo de mulher guerreira e dedicada à família, pela profissional

de saúde componente, que sempre foi para mim uma inspiração, pelo incentivo nas horas

difíceis e por todo amor a mim dedicado.

Ao meu marido, que é meu parceiro, amigo, companheiro, meu amor, tão carinhoso e

engraçado, o meu porto seguro. Agradeço por toda sua compreensão nesses anos, conciliar

um trabalho exaustivo com mestrado e família não é fácil, pelo colo nas horas de dor, pelos

sorrisos constantes que iluminam meus dias e por cuidar de mim.

A Fernando, meu filhote, pelo comportamento exemplar, vem crescendo de maneira saudável

e feliz, contribuiu bastante com esse trabalho em suas horas abençoadas de sono.

A minha família linda, os mais próximos e os distantes, pelo incentivo e por toda

compreensão pelas horas de ausência. E, também, pela ajuda em cuidar de Fernando (quando

acordado, não deixa ninguém descansar!), em especial a Vovó Zita, Vovó Terezinha, Vovó

Silvinha e a babá Vera, o quarteto fantástico.

A Márcia, por ter sido mais do que uma simples co-orientadora, por ser amiga, por sempre me

apoiar nos projetos, por me ouvir e por compartilhar conhecimentos sobre a Gerontologia. Ela

foi muito importante para mim durantes os últimos anos da faculdade, pois eu estava

angustiada em meio à doença de meu pai e, nesse momento, ela me deu ouvidos (na

universidade, poucos queriam saber de meus problemas…), me deu o ombro e as mãos para

caminhar, serei sempre grata. Como co-orientadora, ela foi presente desde a escolha do tema

até a fase final da revisão da dissertação. Sem palavras para agradecer por tudo!

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E não tem como falar de Márcia, sem pensar em Ana Paula. Agradeço por ser mais do que

professora, por ser também uma amiga e contribuir com meu conhecimento na Gerontologia,

na metodologia cientifica e nos ensinamentos para vida.

A Antônio Carlos, meu orientador, por tanto contribuir com esse trabalho, pelo cuidado no

arranjo das palavras, pelos alertas e “chamadas à realidade” nas horas certas e pela

organização na construção de fluxogramas e calendários na fase de coleta dos dados.

A todos os professores do programa, por compartilhar tanto conhecimento de forma didática,

sendo todos acessíveis e de fácil convivência.

Aos meus queridos colegas de mestrado, cada um me marcou de uma maneira especial, me

ensinando algo diferente e na multidisciplinaridade da Gerontologia aprendemos juntos.

Aos amigos do trabalho, sou grata pelo suporte dado, pela compreensão e pelas palavras de

incentivo.

Ao grupo de pesquisa, Envelhecimento Bem-sucedido, pela união e pela dedicação ao longo

de toda a construção do projeto e, principalmente, pelo empenho na fase de conclusão da

coleta de dados.

Às equipes das unidades de Saúde da Família, em especial às ACS, que tanto nos ajudaram na

identificação dos idosos sorteados, nos acompanhando durante as vistas domiciliares.

E, finalmente, aos idosos, por compartilharem conosco a maneira de como estão

envelhecendo: com ou sem sucesso, com ou sem limitações, com ou sem sofrimentos,

independentemente, sempre eram solícitos e amáveis com o grupo. Seremos sempre gratos

pela contribuição com os dados do trabalho e pelas boas histórias. Agradeço também aos seus

familiares pela delicadeza de nos receberem de forma receptiva em suas casas.

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“ O meu sonho é morrer jovem com uma idade bem avançada”

Jeanson

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RESUMO

Diante do incremento da expectativa de vida e do aumento expressivo de idosos longevos ao

redor do mundo, surge a necessidade de se refletir sobre a maneira de como esses indivíduos

têm alcançado uma idade mais avançada. Espera-se, com o avanço do campo médico e das

tecnologias atuais, que o ser humano, além de superar a expectativa de vida, atinja um

envelhecimento bem-sucedido. Deste modo, foi proposto o estudo atual com objetivo de

avaliar o envelhecimento bem-sucedido em idosos longevos assistidos pela Estratégia de

Saúde da Família, utilizando quatro modelos diferentes, compostos por critérios físicos,

psicológicos e sociais. Trata-se de um estudo analítico de corte transversal, cujos dados foram

coletados nas Unidades de Saúde da Família da microrregião 4.2 do município do Recife, em

Pernambuco. Na caracterização de envelhecimento bem-sucedido considerou-se a ausência de

condições crônicas de saúde, independência funcional e cognitiva, engajamento e satisfação

com a vida e saúde auto-percebida. Os quatros diferentes modelos propostos foram

comparados entre si, com o modelo de Rowe e Kahn e com o envelhecimento bem-sucedido

auto-referido. Como fatores associados foram analisados dados sócio-demográficos,

morbidades diagnosticadas em prontuário e apoio social. Participaram do estudo 172 idosos

longevos, a média de idade foi de 85,51 anos, havendo predominância do sexo feminino

(80,2%), de viuvez (69,2%), baixa escolaridade (43,6%) e baixos níveis de renda (76,7%). A

doença mais prevalente foi a hipertensão arterial (73,3%) seguida pela diabetes (33,7%) e

situação previdenciária mais comum foi a de aposentado (68,0%). A prevalência de

envelhecimento bem-sucedido correspondeu a 39%, variando conforme modelos empregados,

sendo: modelo 1 (4,1%), modelo 2 (2,9%), modelo 3 (14,0%), modelo 4 (18,0%), segundo o

modelo de Rowe e Kahn (8,1%) e envelhecimento bem-sucedido auto-referido (87%). Na

avaliação de fatores relacionados ao envelhecimento bem-sucedido, foi observado

significância estatística para idade (p=0,032), situação previdenciária (p=0,01639), depressão

(p=0,00011), diabetes (p=0,01203) e doenças neurológicas (p=0,00001). Por sua vez, na

análise dos modelos isolados, foi encontrado relação estatística para situação previdenciária

no modelo 2 (p=0,027), escolaridade no modelo 3 (p=0,0117) e situação conjugal no modelo

4 (p=0,023). A prevalência de envelhecimento bem-sucedido foi expressivamente menor entre

os modelos biomédicos, sendo maior quando avaliado sob uma perspectiva focada nos

modelos psicossociais e no modelo geral proposto pelo estudo, se aproximando dos elevados

índices de EBS auto-referido e de satisfação com a vida encontrados na amostra. Acredita-se,

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assim, que os modelos que mais se relacionam ao envelhecimento bem-sucedido em idosos

longevos são os psicossociais, devendo ser dada ênfase na sua aplicação em pesquisas nesse

subgrupo. Espera-se que, a partir desse conhecimento, sejam adotadas medidas que

promovam um envelhecimento baseado em medidas de bem-estar com participação social,

independência e autonomia.

PALAVRAS-CHAVE: Envelhecimento. Saúde do idoso. Longevidade. Idosos de 80 anos ou

mais.

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ABSTRACT

Faced with the increase in life expectancy and significant increase in the oldest old around the

world, there is a need to reflect on the way of how these individuals have reached an older

age. It is expected, with the advancement of the medical field and current technologies, the

human race, in addition to exceeding the life expectancy, reaches a successful aging. Thus, it

was proposed the current study to assess successful aging in the oldest old assisted by the

Family Health Strategy, using four different models, composed of physical, psychological and

social criteria. This is an analytical cross-sectional study, with data collected in the health

units of micro Family 4.2 of the city of Recife, in Pernambuco. The characterization of

successful aging was considered the presence of chronic health conditions, cognitive and

functional independence, engagement and satisfaction with life and self-perceived health. The

four different proposed models were compared with each other, with the model of Rowe and

Kahn and with the successful aging self-reported. As associated factors were analyzed socio-

demographic data, morbidity diagnosed in medical records and social support. The study

included 172 oldest old, the average age was 85.51 years, with a predominance of females

(80.2%), widowed (69.2%), low education (43.6%) and low levels income (76.7%). The most

prevalent disease was hypertension (73.3%) followed by diabetes (33.7%) and most common

social security situation was the retired (68.0%). The prevalence of successful aging was 39%,

varying according models employed, as follows: model 1 (4.1%), model 2 (2.9%), model 3

(14.0%), model 4 (18.0%), according to the model of Rowe and Kahn (8.1%) and successful

aging self-reported (87%). In evaluating factors related to successful aging, statistical

significance was observed for age (p = 0.032), social security situation (p = 0.01639),

depression (p = 0.00011), diabetes (p = 0.01203) and neurological diseases (p = 0.00001). In

the analysis of separate models, statistical relationship was found for social security situation

in the 2 model (p = 0.027), education at 3 model (p = 0.0117) and marital status at 4 model (p

= 0.023). The prevalence of successful aging was significantly lower among biomedical

models, being higher when assessed from a perspective focused on the psychosocial models

and overall model proposed by the study, approaching the high levels of self-reported EBS

found in the sample. It is believed therefore that the models most related to successful aging

in the oldest old are the psychosocial and should be given emphasis on its application in

research in this subgroup. It is expected that from this knowledge, measures are taken in order

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to promote an aging based on wellness measures with social participation, independence and

autonomy.

KEY WORDS: Aging. Health of the elderly. Longevity. Aged, 80 and over.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Página

Figura 1: Características dos modelos de envelhecimento bem-sucedido

conforme evolução da faixa etária

29

Figura 2: Mapa das microrregiões (MR) de Recife/PE

33

Figura 3: Componentes do Envelhecimento bem-sucedido de idosos

longevos na cidade de Recife-PE, 201

37

Figura 4: Diagrama ilustrativo que descreve os modelos de Envelhecimento

bem-sucedido de idosos longevos

41

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LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1: Distribuição das pessoas com 80 anos ou mais cadastradas

nas USF da MR 4.2, Recife, 2015

34

Tabela 2: Características sócio-demográficas e apoio social

de idosos longevos assistidos pela ESF da MR 4.2, Recife-PE, 2015

44

Tabela 3: Componentes dos critérios de Envelhecimento bem-sucedido

de idosos longevos assistidos pela ESF da MR 4.2, Recife-PE, 2015

46

Tabela 4: Envelhecimento Bem-sucedido de idosos longevos

assistidos pela ESF da MR 4.2, Recife-PE, 2015

47

Tabela 5: Envelhecimento Bem-sucedido X variáveis sócio-demográficas

e apoio social de idosos longevos assistidos pela ESF da MR 4.2,

Recife-PE, 2015

48

Tabela 6: Envelhecimento Bem-sucedido X Morbidades diagnosticadas

em prontuário de idosos longevos assistidos pela ESF da MR 4.2,

Recife-PE, 2015

49

Tabela 7: Envelhecimento Bem-sucedido X EBS auto-referido e EBS de Rowe

Kahn de idosos longevos cadastrados pela ESF da MR 4.2, Recife-PE, 2015

50

Tabela 8: Envelhecimento Bem-sucedido avaliados pelos modelos 1,2,3 e 4

X variáveis sociodemográficas de idosos longevos assistidos pela ESF

da MR 4.2, Recife-PE, 2015

51

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LISTA DE APÊNDICES E ANEXOS

Página

Apêndice A: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) 70

Apêndice B: Roteiro da pesquisa 72

Anexo A: Parecer do Comitê de Ética 79

Anexo B: Carta de Anuência 81

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AVD – Atividades de vida diária

EBS – Envelhecimento bem-sucedido

ESF – Estratégia de Saúde da Família

EUA – Estados Unidos da América

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MR – Microrregião

PPGERO – Programa de Pós-Graduação em Gerontologia

PPGISC – Programa de Pós-Graduação Integrado em Saúde Coletiva

RPA – Regiões Político-Administrativas

SOC – Seleção, otimização e compensação

UFPE – Universidade Federal de Pernambuco

USF – Unidades de Saúde da Família

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SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO 18

2- REFERENCIAL TEÓRICO 21

2.1. EPIDEMIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO E LONGEVIDADE 21

2.2. LONGEVIDADE NO BRASIL 23

2.3. ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO 24

2.4. ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO EM IDOSOS LONGEVOS 27

2.5. FATORES ASSOCIADOS AO ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO 29

3- OBJETIVOS 31

3.1. GERAL 31

3.2. ESPECÍFICOS 31

4- MÉTODO 32

4.1. TIPO DE ESTUDO 32

4.2. LOCAL DO ESTUDO 32

4.3. POPULAÇÃO E AMOSTRA 34

4.4. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO 36

4.5. CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO 36

4.6. ELENCO DAS VARIÁVEIS 36

4.7. INSTRUMENTOS DA PESQUISA 42

4.8. COLETA DOS DADOS 42

4.9. ANÁLISE DOS DADOS 42

4.10. ASPECTOS ÉTICOS 43

5- RESULTADOS 44

6- DISCUSSÃO 53

7- CONSIDERAÇÕES FINAIS 61

REFERÊNCIAS 62

APÊNDICES 70

ANEXOS 79

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18

1- INTRODUÇÃO

O Envelhecimento da população é um fenômeno mundial e vem ocorrendo no

Brasil nos últimos anos de maneira expressiva. Segundo os dados do último Censo

realizado no Brasil em 2010, a mudança do perfil demográfico pode ser observada pelo

alargamento do topo da pirâmide com crescimento da população com 65 anos ou mais,

que era de 4,8% em 1991, passando a 5,9% em 2000 e chegando a 7,4% em 2010

(IBGE,2010).

Dentro do grupo das pessoas idosas, aquelas com idade igual ou maior que 80

anos, denominadas de longevos ou "muito idosos", constituem o segmento populacional

que experimenta maior crescimento em todo o mundo. De acordo com o Censo 2010,

existiam cerca de 20.590.597 idosos no Brasil e o grupo de idosos com 80 anos ou mais

representava cerca de 14% do total de idosos, sendo o segmento populacional que mais

cresce (IBGE, 2010).

Esta tendência demográfica acarreta implicações políticas, sociais, médicas e

econômicas (DIPIETRO et al., 2012). Para Ferrari apud Lourenço et al., (2012), este

grupo etário apresenta características morfofisiológicas, psicológicas e socioeconômicas

diferenciadas de outros indivíduos, inclusive de idosos mais jovens. Essa diferença é

representada pelo aumento na incidência de doenças crônicas o que torna essa

população vulnerável à maior dependência funcional e social. Sendo assim, o

envelhecimento bem-sucedido, com saúde geral e autonomia preservadas, torna-se, cada

vez mais, um objetivo a ser perseguido por essa população (DIPIETRO et al., 2012).

Envelhecimento bem-sucedido (EBS) é uma das ideias mais consolidadas da

Gerontologia. Inspirou vários pesquisadores a criarem termos filiados como

envelhecimento saudável, positivo, ativo, produtivo e eficaz (KATZ; CALASANTI,

2014). Um dos conceitos mais bem difundidos é de Rowe e Kahn (1987). Esses autores

consideram que o envelhecimento bem-sucedido inclui três elementos: baixa

probabilidade de doenças e de incapacidades relacionadas às mesmas; alta capacidade

funcional cognitiva e física e engajamento ativo com a vida.

Entretanto, não há definição consensual de envelhecimento bem-sucedido,

estando a subjetividade do conceito relacionada à individualidade e às diferenças

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19

socioculturais (TEIXEIRA; NERI, 2008). Diversas revisões de literatura têm sido

publicadas nos últimos anos com objetivo de avaliar questões conceituais e

classificatórias, modelos disponíveis e fatores associados (PHELAN; LARSON, 2002;

DEPP; JESTE, 2006; BOWLING, 2007; HUNG et al, 2010; COSCO et al, 2013). Pode-

se dizer que as bases teóricas para explicar o envelhecimento bem-sucedido possuem

dois pilares principais: os modelos biomédicos e os psicossociais.

As teorias biomédicas definem o envelhecimento bem-sucedido em termos de

otimização de expectativa de vida com ênfase na ausência de doenças e na manutenção

da independência física e mental. Enquanto isso, as teorias psicossociais ressaltam a

satisfação com a vida e a participação social, além de aspectos como senso de controle

sobre a vida, presença de autoestima e capacidade de desenvolvimento de estratégias

adaptativas para o enfretamento de problemas (BOWLING; DIEPPE, 2005).

Vários estudos vêm sendo realizados para avaliar o envelhecimento bem-sucedido

em diversas partes do mundo, incluindo modelos uni e multidimensionais (TATE et al.,

2003; ARIAS-MERINO et al., 2012; DOYLE et al., 2012; MENG; D’ARCY, 2014;

GUREJE et al., 2014; KOK et al., 2015; COSCO et al., 2015). No Brasil, é observada

uma escassez de estudos sobre este tema, principalmente, em relação aos que avaliam a

epidemiologia do fenômeno e os seus fatores associados. A maioria deles constituem

trabalhos de revisão da literatura, abordando questões de natureza conceitual

(TEIXEIRA; NERI, 2008; LIMA et al., 2008; SILVA et al., 2010).

De acordo com a produção científica disponível, a longevidade tem sido

considerada como um dos indicadores de envelhecimento bem-sucedido. Há autores que

enxergam nos centenários o melhor exemplo de EBS, partindo da premissa de que

chegaram ao extremo limite da vida humana. E, ainda devido à constatação de que, ao

contrário do que se difunde, os estudos identificam 30 a 50% dos centenários em

condições clínicas relativamente boas (SIKORA, 2000). Ainda assim, para além da

longevidade, sabe-se que o envelhecer bem envolve múltiplos fatores, incluindo os de

ordem individual, psicológica, biológica e social. (TEIXEIRA; NERI, 2008)

O aprofundamento do conceito de envelhecimento bem-sucedido, sob uma

perspectiva multidimensional, traz várias implicações para a saúde pública. Bowling e

Dieppe (2005) defendem que, além do enfoque biomédico de prevenção de doenças e

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20

promoção de saúde, principal foco da política atual, os longevos devem ser estimulados

a participar de atividades que promovam qualidade de vida, recebendo incentivos para a

construção de uma participação social ativa dentro da comunidade.

Devido à necessidade crescente de se promover um envelhecimento com bem-

estar e com manutenção de autonomia e independência, se faz necessário aprofundar o

estudo do tema e são primordiais pesquisas que trabalhem com essa população mais

vulnerável: os idosos longevos.

No Brasil, nas últimas duas décadas, vem crescendo as políticas de atenção à

saúde do idoso e observa-se uma participação cada vez maior da Estratégia de Saúde da

Família (ESF) na instituição de medidas de prevenção de doenças neste grupo etário,

ainda que incipiente na promoção de um envelhecimento bem-sucedido.

Com a presente investigação, pretende-se contribuir para a readequação da

assistência prestada a essa população, orientando o direcionamento de recursos

públicos, principalmente no que se refere a medidas de prevenção de agravos e de

dependência funcional, à promoção de um envelhecimento com bem-estar e ao estímulo

à participação social. Ademais, é esperado que esse conhecimento possa fornecer

substrato aos profissionais de saúde na tomada de decisões, uma vez que o

conhecimento sobre a configuração atual do envelhecimento dos longevos é

fundamental para a prestação dos cuidados de saúde a este segmento.

Portanto, o objetivo desse estudo foi avaliar o envelhecimento bem-sucedido em

idosos longevos, utilizando quatro modelos diferentes, compostos por critérios físicos,

psicológicos e sociais e identificar possíveis fatores associados, tendo como referência a

população adstrita às unidades de saúde da família (USF) da Microrregião (MR) 4.2 do

município de Recife/PE. Neste sentido, foram definidas as seguintes perguntas

norteadoras: como os idosos longevos tem alcançado o envelhecimento bem-sucedido?

Que fatores associados e que modelos estão relacionados a este envelhecimento?

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21

2- REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. EPIDEMIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO E LONGEVIDADE

Segundo Camarano e Kanso (2011), um indivíduo envelhece na medida em que a

sua idade aumenta. O envelhecimento é um processo irreversível, natural e individual

que depende da genética e do meio ambiente. Já o envelhecimento populacional ocorre

quando aumenta a participação da população idosa no total da população. É um

processo que depende da redução da taxa de fecundidade da população associado à

redução da mortalidade.

O envelhecimento populacional há algumas décadas era exclusivo de países

desenvolvidos, entretanto, nos últimos anos, vem se expandindo para o resto do mundo,

incluindo o Brasil (FELIX, 2009). Até o final da década de 1970, a estrutura etária da

população brasileira apresentava o perfil predominantemente jovem. A tendência a um

estreitamento da base da pirâmide, o que reflete o declínio da fecundidade, já era

observado no Censo Demográfico 1980 e esse padrão se intensificou nas décadas

seguintes. O alargamento do topo da pirâmide por sua vez foi observado mais

recentemente com crescimento da população com 65 anos ou mais, que era de 4,8% em

1991, passando a 5,9% em 2000 e chegando a 7,4% em 2010.

Esse crescimento continuará a ocorrer nos próximos anos, estima-se que a proporção

de idosos atingirá 28% da população em 2050, perfazendo uma população 64 milhões de

indivíduos. (IBGE, 2009) A expectativa de vida atual no Brasil é de 71,25 anos para

homens e 78,51 anos para as mulheres. A projeção é que em 2030 essa expectativa de

vida aumente para 75,28 no sexo masculino e 82 anos no sexo feminino, atingindo em

2060 os valores de 78,03 e 84,42, respectivamente. (IBGE, 2013)

Com essa mudança demográfica, observa-se uma modificação dos padrões de

mortalidade, invalidez e morte. Esse processo de transformação é denominado de

transição epidemiológica, cuja característica principal é o declínio de doenças

infecciosas associado ao incremento de doenças crônico-degenerativas e suas sequelas.

(CHAIMOWICK; CAMARGO, 2011)

Percebe-se, assim, que o envelhecimento populacional é muito mais amplo do que

apenas uma modificação de distribuição da população na pirâmide etária, pois altera a

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vida dos indivíduos, as estruturas familiares, a demanda por políticas públicas e a

distribuição de recursos na sociedade (CAMARANO; KANSO, 2011)

Marafon (2003) e Cruz (2004) definiram como idosos longevos aqueles que

possuem 80 anos ou mais. São utilizados também os termos “muito idosos ou mais

idosos” (CAMARANO, 2004). Em países desenvolvidos, os mais idosos (expressão

“oldest old”) são considerados os idosos acima de 85 anos, já que a expectativa de vida

é maior nesses países (XIE et al., 2008). Esse subgrupo chama atenção na gerontologia

por ser a população que mais cresce no mundo e por apresentar características

heterogêneas. Enquanto muitas pessoas acima de 80 anos apresentam padrões esperados

de declínio na saúde e na capacidade funcional, outros parecem mais resistentes aos

fatores fisiológicos, emocionais e ambientais (DIPIETRO, 2012).

E, diante dessa constatação, vem um dos grandes questionamentos: o que leva os

idosos longevos ultrapassarem a expectativa de vida da população geral e, em algumas

situações, alcançarem idades extremas, como nos casos dos centenários e

supercentenários?

Um dos caminhos para se esclarecer essa pergunta é conhecendo melhor a

dinâmica demográfica e os padrões de saúde desse grupo. Sendo assim, crescem os

estudos realizados em longevos e centenários em todo o mundo com objetivo de

comparar o papel dos fatores genéticos e do meio ambiente na determinação das

chances de se viver até o limite extremo da vida humana (TURRA, 2012).

Estudos com gêmeos sugerem que os determinantes genéticos são responsáveis

por cerca de 25% da expectativa de vida, deixando os demais 75% para os fatores

potencialmente modificáveis (HERSKIND et al., 1996). Um dos genes interligados à

longevidade, cujos efeitos para o risco de doenças cardiovasculares, doença de

Alzheimer e mortalidade total já foram demonstrados em pesquisas anteriores, é o gene

da apolipoproteína E (EWBANK, 2001). Entretanto, ainda sabe-se pouco sobre outras

variantes genéticas que possam ter efeito na longevidade a nível populacional (TURRA,

2012).

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Os fatores modificáveis, por sua vez, também não estão claramente elucidados,

tanto os associados à idade avançada, como aqueles relacionados à boa saúde física

(YATES et al., 2008).

A manutenção de atividade física regular, a redução de níveis pressóricos e o

controle da frequência cardíaca e da glicemia são fatores relacionados à sobrevida tardia

(BENETOS et al., 2005). Yates et al. (2008), em estudo prospectivo, concluíram que,

além do exercício físico e do controle da pressão arterial, a abstinência do fumo e o

controle de peso associam-se a maior esperança de vida, à boa saúde e a manutenção da

funcionalidade entre os homens com idade mais avançada.

Em relação ao perfil de saúde dos idosos longevos, os estudos demonstram que

grande parte deles são acometidos por doenças crônicas. Evert et al. (2003) avaliaram o

perfil de morbidade de centenários e encontraram cenários diversos, concluindo que

existem várias rotas para alcançar a longevidade excepcional. Dos indivíduos

analisados, apenas 19% estavam livres de doenças crônicas, 38% apresentavam

patologias antes dos 80 anos (considerados como sobreviventes) e a maioria (43%)

apresentavam doenças iniciadas após os 80 anos.

Entretanto, apesar do número elevado de doenças crônicas, a avaliação da

capacidade funcional desse subgrupo demonstra que muitos deles ainda se mantêm

ativos. Vale salientar que, a prevalência da incapacidade funcional dos idosos como um

todo vem diminuindo ao longo de estudos de coortes sucessivos, revelando que os

indivíduos não são apenas estão vivendo mais, mas também estão se mantendo

funcionais por mais tempo (CHRISTENSEN et al., 2008).

Sendo assim, as pesquisas sugerem que os processos de envelhecimento são

modificáveis e o avanço tecnológico e médico são fatores importantes para que o

incremento da expectativa de vida seja acompanhado por independência funcional

(CHRISTENSEN et al., 2008).

2.2. LONGEVIDADE NO BRASIL

A literatura nacional é escassa na descrição desse subgrupo de indivíduos,

dificultando a descrição do perfil do idoso longevo brasileiro. A maioria dos estudos são

epidemiológicos e descrevem as características locais da população, havendo

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concentração das publicações nas regiões Sul e Sudeste. Uma metanálise realizada em

Porto Alegre-RS demonstrou a existência de poucos estudos que avaliam a capacidade

funcional em idosos acima de 80 anos, apesar de ter havido um incremento nas

pesquisas publicadas nos últimos anos (LOURENÇO et al., 2012).

Um estudo executado na cidade de Encruzilhada do Sul-RS avaliou a saúde dos

“muito idosos” no meio rural e encontrou elevadas taxas de doenças associadas, de uso

de medicações e de dependência funcional (MORAIS, 2007). Na Bahia, foi realizado

uma pesquisa para avaliar aspectos relacionados à longevidade em Santa Inês-BA,

município com a taxa mais elevada de idosos no estado. Os fatores associados ao

envelhecimento saudável foram bons hábitos de vida, dieta hipocalórica e história

familiar de longevidade (MOREIRA et al., 2007).

Outro estudo realizado em Siderópolis-SC concluiu que idosos acima de 80 anos

apresentavam um número significativo de patologias relatadas e declínio cognitivo

significativo (HELUANY, 2007). Portanto, viver mais pode significar o confronto com

incapacidades, dependência, necessidade de cuidados prolongados, institucionalização,

perda de papéis sociais, isolamento, solidão e depressão. Sendo assim, um grande

desafio para a longevidade é conseguir uma sobrevida prolongada associada à qualidade

de vida (MAUÉS et al., 2010).

Nesse contexto, surge a importância do conceito de envelhecimento bem-

sucedido. É desejável que o envelhecimento ocorra com manutenção da autonomia,

funcionalidade, bem-estar e participação social (LIMA et al., 2008).

2.3. ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO

A definição de EBS, apesar de bem consolidada e discutida há mais de meio

século por gerontólogos, desde sua primeira definição por Havighurst (1961), ainda é

bastante controversa. Nos últimos anos, diferentes teorias de EBS têm sido propostas.

Os principais temas emergentes relacionam-se a modelos biomédicos, psicossociais ou a

combinações destes. Havendo ainda estudos sobre a visão leiga, ou seja, a própria

percepção do idoso sobre o envelhecimento bem-sucedido (BOWLING; DIEPPE,

2005).

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Tal diversidade de conceitos é vista em recente revisão sistemática realizada por

Cosco et al. (2014) que encontraram 105 definições operacionais para EBS. Os critérios

físicos estavam presentes em quase a totalidade dos estudos (92,4%), enquanto que

engajamento com a vida em 49,5% e bem-estar em 48,6%. A frequência de EBS foi

bastante heterogênea, variando entre um e 90%.

Estudiosos têm debatido sobre as formas de medi-lo e os processos de promovê-lo.

Além disso, é questionado se o “sucesso” deve ser definido objetiva ou subjetivamente,

qual é o papel da cultura nessa construção e se o EBS é um processo ou um resultado

(PRUCHNO, 2015). Muitas das preocupações enfrentadas pelos modelos de EBS

também foram experimentados na operacionalização do conceito de Fragilidade; por

exemplo, utilizando componentes do modelo, tais como a dependência funcional, como

preditor em alguns estudos e como um resultado em outros (COSCO et al., 2014).

Além disso, o envelhecimento bem-sucedido não deve ser visualizado a partir de

uma perspectiva estática. O envelhecimento é um processo dinâmico e influenciado por

fatores sociais e por relações interpessoais (STOWE; COONEY, 2014). Nesse sentido,

Bowling e Dieppe (2005) destacam que o envelhecimento bem-sucedido precisa ser

encarado não apenas multidimensionalmente, mas como um estado ideal a ser

construído num continuum de realização, ao invés de avaliações normativas simplistas

de sucesso ou falha.

Como já foi abordado anteriormente, o conceito mais difundido é o de Rowe e

Kahn (1987). Os autores estruturaram um modelo de envelhecimento bem-sucedido e

incluíram três elementos fundamentais: baixa probabilidade de doenças e de

incapacidades relacionadas às mesmas; alta capacidade funcional cognitiva e física e

engajamento ativo com a vida. É um conceito firmado sobre aspectos físicos, sendo o

modelo biomédico mais extensamente utilizado.

Esse conceito foi aplicado em várias populações, mas foi alvo de inúmeras

críticas. Lupien e Wan (2004) argumentam que a definição operacional utilizada por

Rowe e Kahn (1997) no MacArthur Study não permite que alguns idosos com

incapacidade funcional sejam considerados como bem-sucedidos, percebendo-se, assim,

uma tendência elitista do conceito e restrita a uma pequena parcela da população.

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Quando essa definição é utilizada em idosos longevos, percebe-se que é ainda mais

limitante.

Isso pôde ser observado por Motta et al. (2005) que testaram os critérios de Rowe

e Kahn (1997) em uma amostra de 603 centenários na Itália. Mesmo com funções

físicas e cognitivas intactas, esses idosos haviam encerrado suas atividades profissionais

e sociais e, dessa forma, apesar da longevidade e estilo de vida saudável, esses

centenários não poderiam ser considerados bem-sucedidos segundo o modelo.

No Estudo de Centenários da Geórgia, quando se utilizou o conceito de Rowe e

Kahn (1997) apenas 15% dos octogenários e nenhum centenário foi considerado como

bem-sucedidos. Quando utilizado um conceito alternativo, por sua vez, composto por

saúde subjetiva, percepção do status econômico e felicidade, 62% dos octogenários e

48% dos centenários preencheram critérios de envelhecimento bem-sucedido (CHO;

MARTIN; POON, 2012).

Apesar das críticas, o modelo Rowe e Kahn (1987) é o mais aceito para conceituar

o envelhecimento bem-sucedido por ter sido vastamente utilizado em pesquisas ao redor

do mundo. Além disso, pode ser considerado um modelo de abordagem

multidimensional ao associar o componente social às variáveis de saúde física (JEON et

al., 2012).

É importante salientar que, além dos modelos com ênfase na função física, existe

uma diversidade de publicações sobre os modelos psicossociais. A satisfação com a

vida é considerada um dos pilares dos componentes psicológicos (FISHER, 1992)

associado com saúde auto-percebida, otimismo (DEEP; JESTE, 2006) e resiliência

(PHELAN; LARSON, 2002). Outro conceito importante para as teorias psicológicas do

EBS foi criado por Baltes (1991) e se refere a uma sequência de seleção, otimização e

compensação (SOC). Segundo esse construto, o indivíduo buscaria continuamente uma

maneira adaptativa de lidar com as perdas relacionadas à idade por meio de estratégias

psicológicas, através recursos internos (BALTES; SMITH, 2003).

Os modelos sociais se referem ao funcionamento social participativo com enfoque

nas relações interpessoais positivas e na integração social (BOWLING; DIEPPE, 2005).

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27

Além disso, está relacionado à manutenção de atividades produtivas, seja ela

remunerada ou voluntária (ROWE; KAHN, 1997).

Embora sejam diferentes, os conceitos biomédicos e psicossociais para o

envelhecimento bem-sucedido não são mutuamente exclusivos nem tão pouco

excludentes, já que existem teorias multidimensionais utilizando componentes de ambos

(BOWLING; DIEPPE, 2005).

Diante da heterogeneidade de conceitos e de maneiras diversas de medir seus

componentes, é observada uma variedade nas frequências de EBS pelo mundo e se torna

bastante difícil a comparação desses dados. Deep e Jeste (2006) em sua revisão

encontraram uma prevalência média de 35,8%, variando entre 0,4 e 95%.

Estudo realizado nos Estados Unidos da América (EUA) calculou a prevalência

de EBS, através do conceito de Rowe e Kahn (1987), nos anos de 1998, 2000,2002 e

2004 e a frequência encontrada não ultrapassou 11,9% (MCLAUGHLIN et al., 2010).

Enquanto, na Europa, a prevalência média foi de 8,5%, apresentando grande variação

dependendo do país avaliado: Dinamarca obteve a maior frequência (21,1%) e Polônia a

menor (1,6%) (HANK, 2011). A prevalência no Canadá, por sua vez, foi de 37,2%

(MENG; D’ARCY, 2014).

No Brasil, Rosa (2007) avaliou o EBS de idosos da comunidade de Barra Funda –

RS. Foram considerados com envelhecimento bem-sucedido os idosos que declararam

ausência de doenças crônicas, independência quanto à capacidade funcional, ausência

de déficit cognitivo, bem-estar espiritual, apoio social e resiliência superior. O estudo

concluiu que 30,3% dos idosos daquela cidade eram pertencentes ao grupo de

envelhecimento bem-sucedido.

2.4. ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO EM IDOSOS LONGEVOS

Os modelos de EBS propostos atualmente não são apropriados para serem

extrapolados no subgrupo de longevos, pois os mesmos possuem um risco elevado de

adoecimento e de incapacidades. A função física influencia diretamente as medidas

subjetivas de bem-estar em idosos mais jovens; no entanto, essa relação não costuma ser

linear nos idosos acima de 80 anos, exibindo uma relação paradoxal entre esses

componentes (GONDO, 2012).

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28

Sendo assim, em idosos longevos, o EBS pode coexistir com doenças e limitações

funcionais à medida que mecanismos psicológicos e sociais compensatórios são

utilizados (YOUNK, FRICK, PHELAN, 2009).

Knappe et al. (2015) em recente revisão integrativa concluíram que os modelos

biomédicos não foram capazes de definir com precisão o EBS nessa população, uma vez

que, nos estudos que enfatizaram esse componente, a prevalência de EBS foi próxima a

zero. Observando uma prevalência tão baixa em idosos que preenchem um critério

óbvio de sucesso, que é a própria longevidade, se percebe o equívoco de priorizar os

aspectos biomédicos. Os autores sugerem que ênfase seja dada a modelos que

privilegiem componentes psicossociais.

É observada uma clara redução nas taxas de EBS com o avançar da idade. Estudo

realizado no México encontrou as seguintes prevalências: 18,9% entre as pessoas com

idades entre 60-69 anos, 3,9% entre 80-89 anos e apenas 1% entre aquelas com 90 anos

ou mais (ARIAS-MERINO et al., 2012). A prevalência de EBS costuma ser bastante

heterogênea em longevos, devido a modelos diversos, a variações culturais e a

metodologia de análises diferentes, variando de 0 a 62,3%, sendo menor nos modelos

com ênfase nos aspectos físicos (KNAPPE et al., 2015).

Assim, Gondon (2012) propõe uma teoria modificada para o EBS de um modelo

único para um modelo ajustável a faixa etária. Para avaliações em idosos jovens devem

ser considerados modelos biomédicos, uma vez que se encontram em melhor saúde

física, sendo independentes e mantendo fortes interações sociais. À medida que vai

ocorrendo perdas no papel social, a partir dos 75 anos, os modelos psicológicos parecem

ser os mais adequados, principalmente os modelos de compensação emocional, como o

SOC. Para idosos longevos, onde a funcionalidade está reduzida, são necessários

modelos psicológicos não-lógicos, baseados em sensação de bem-estar, conforme

ilustrado na Figura 1.

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2.5. FATORES ASSOCIADOS AO ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO

A compreensão sobre os fatores sociais e ambientais que determinam um

envelhecimento bem-sucedido dentro de uma população é de extrema relevância para

que sejam adotadas medidas de promoção de saúde e bem-estar (GUREJE et al., 2014).

Para Meng e D’arcy (2014), os fatores relacionados ao EBS foram: menor idade,

ser casado, praticar atividade física, melhor percepção de saúde, satisfação com a vida e

uso de cálcio no mês anterior. Para Guréje et al. (2014), ser homem, não fumar, ter

contato com amigos e participar de atividades comunitárias estão associados ao sucesso.

Enquanto que, para Arias-Merino (2012), os fatores seriam sexo masculino, ser casado e

possuir maiores níveis de escolaridade.

No Brasil, um estudo realizado em Porto Alegre - RS investigou fatores

associados ao envelhecimento bem-sucedido em 400 idosos socialmente ativos.

Verificou-se que relações familiares e de amizade, saúde e bem-estar percebido,

capacidade funcional e suporte psicossocial estiveram associados ao EBS (DUARTE;

Figura 1 – Características dos modelos de envelhecimento bem-sucedido

conforme evolução da faixa etária

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BIDONE, 2005). Na mesma cidade em 2009, outro grupo de pesquisadores

encontraram associação com participação em atividades de lazer, sendo considerados

fator protetor a renda familiar (CHAVES et al, 2009).

Na faixa etária dos longevos poucos estudos avaliam os fatores de casualidade.

Formiga et al. (2011) encontraram relação com menor número de morbidades, menor

risco de quedas e menor risco de desnutrição, além de escores mais elevados de

qualidade de vida.

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3- OBJETIVOS

3.1 GERAL

- Avaliar o envelhecimento bem-sucedido em idosos longevos assistidos pela Estratégia

de Saúde da Família (ESF).

3.2 ESPECÍFICOS

- Caracterizar a amostra estudada segundo variáveis sócio-demográficas, apoio social,

morbidades diagnosticadas em prontuários, comprometimento cognitivo, depressão,

funcionalidade, saúde auto-percebida, engajamento e satisfação com a vida;

- Avaliar o envelhecimento bem-sucedido utilizando quatro modelos diferentes

compostos por critérios físicos, psicológicos e sociais;

- Comparar os modelos de envelhecimento bem-sucedido entre si;

- Comparar o envelhecimento bem-sucedido estimado pelos modelos propostos com o

envelhecimento bem-sucedido auto-referido;

- Comparar o envelhecimento bem-sucedido estimado pelos modelos propostos com o

envelhecimento bem-sucedido definido por Rowe e Kahn;

- Verificar a associação entre envelhecimento bem-sucedido e as variáveis

independentes do estudo.

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4- MÉTODO

4.1. TIPO DE ESTUDO

Trata-se de um estudo analítico, quantitativo, de corte transversal. Este tipo de

estudo permite produzir instantâneos da situação de saúde de uma população ou

comunidade, baseados na avaliação individual, possibilitando a produção de indicadores

globais de saúde para o grupo investigado. Este tipo de desenho tem como vantagens o

baixo custo, a simplicidade analítica e o alto potencial descritivo, fornecendo subsídios

ao planejamento de ações e serviços em saúde (ALMEIDA FILHO; ROUQUAYROL,

2006).

4.2. LOCAL DO ESTUDO

A cidade do Recife encontra-se dividida em seis Regiões Político-Administrativas

(RPA), que por sua vez, são subdivididas em três microrregiões (MR) cada uma. A

investigação foi realizada na RPA 4 centrando-se na MR 4.2 que compreende os bairros

do Engenho do Meio e Torrões (figura 1). No primeiro, predominam as casas

residenciais unifamiliares de padrão médio, conquanto no segundo a predominância é de

famílias de baixa renda (RECIFE, 2005). A rede pública de serviços de saúde da RPA-4

compreende unidades dos diversos níveis de atenção.

Além da diversidade socioeconômica verificada nos bairros da Microrregião

escolhida em questão, condição que fortalece a validade externa da pesquisa, a escolha

justifica-se pelo fato de ser a RPA-4 um território onde se acha instalado o Campus

Recife da Universidade Federal de Pernambuco, constituindo-se em campo de ensino e

de pesquisa desta instituição de ensino superior, mediante acordos firmados com a

Secretaria de Saúde do Recife. Esta condição de proximidade geográfica, associada ao

acúmulo de informações aportado pela experiência de atuação institucional na área em

questão, contribui para a inserção de práticas em prol da melhoria da qualidade de vida

da pessoa idosa.

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Figura 02 – Mapa das microrregiões do Recife

Fonte: Plano Municipal de Saúde - Recife, 2005.

A MR 4.2 localiza-se na porção centro-oeste de Recife, possui uma extensão

territorial de 2,5 Km2 e dista 7,5 Km do Marco Zero da cidade. Segundo dados do censo

de 2010, a MR 4.2 possuía uma população de 42.226 habitantes, perfazendo 2,75% da

população do Recife. O número de pessoas acima de 60 era equivalente a 4.319, o que

correspondia a 10,23% da população. De acordo com a tabela 1, verifica-se que a

população acima de 80 anos ou mais cadastradas na atenção básica era de 485.

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Tabela 1 – Distribuição das pessoas com 80 anos ou mais cadastradas nas USF da MR

4.2, Recife, 2015

Equipe de Saúda Família N (Total)

Engenho do Meio 251

Roda de Fogo Cosirof 76

Roda de Fogo Macaé 32

Roda de Fogo Sinos 20

Sitio das Palmeiras 106

TOTAL 485

Fonte: Unidades de Saúde da Família / RPA 4.2. Recife, 2015

4.3. POPULAÇÃO E AMOSTRA

A população de referência foi constituída por pessoas idosas (80 anos e mais), de

ambos os sexos, não institucionalizadas, assistidas pelas unidades descritas

anteriormente, perfazendo um total de 485.

Para dimensionamento da amostra, foi realizado um estudo piloto, com 30

participantes que serviu para cálculo da prevalência do fenômeno a ser avaliado: o

envelhecimento bem-sucedido na população e o desvio padrão. Foi utilizada a fórmula

abaixo:

Onde:

n = Número de indivíduos na amostra

Za/2 = Valor crítico que corresponde ao grau de confiança desejado

= Desvio-padrão populacional da variável estudada

E = Margem de erro

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Para a amostra do estudo em questão temos que:

Z/2 = 1,96

E = 5,4345

Então fazendo os cálculos o tamanho da amostra foi de 127. Entretanto, foi

aplicado um fator de correção para população finita (N=485).

Onde:

n = Número de indivíduos na amostra

N = Total Populacional

Za/2 = Valor crítico que corresponde ao grau de confiança desejado.

= Desvio-padrão populacional da variável estudada.

E = Margem de erro

Assim, após os cálculos o tamanho da amostra mínimo para nosso estudo seria,

aproximadamente, de 101. Entretanto, por fazer parte de um projeto maior, a amostra

final de idosos foi de 172.

Os cálculos acerca do tamanho amostral foram fundamentais para dar segurança

aos pesquisadores que estavam trabalhando com um número de indivíduos suficientes

para explicar o fenômeno analisado naquela população.

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4.4. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Ter idade mínima de 80 anos;

Estar cadastrado em uma das Unidades de Saúde da Família da Microrregião

4.2;

Apresentar condições de saúde que permitam a prestação das informações

solicitadas ou dispor de um acompanhante que possa fazê-lo;

Aceitar participar da pesquisa preenchendo o Termo de Consentimento Livre

e Esclarecido diretamente ou através de um responsável legal.

4.5. CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Foram excluídos os idosos institucionalizados e aqueles assistidos pelo programa

de assistência domiciliar (SAD) do município.

4.6. ELENCO DAS VARIÁVEIS

A variável dependente do estudo correspondeu ao envelhecimento bem-sucedido

(EBS). Para preenchimento da variável EBS foram usados os fundamentos do modelo

de Rowe e Kahn (1997): dois componentes físicos (ausência de condições crônicas de

saúde; independência funcional e cognitiva) e um componente social (engajamento com

a vida). Além disso, foram acrescentados mais dois elementos psicológicos: satisfação

com a vida (BALTES, 1990) e saúde auto-referida (DEPP E JEST, 2005). Foram

considerados os longevos com EBS os que preencherem três desses cinco critérios.

Abaixo descrevemos de forma esquemática os componentes do EBS através de critérios

físicos, psicológicos e social (figura 2).

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- Condições crônicas de saúde: as morbidades foram avaliadas através da

análise dos prontuários dos pacientes nas unidades segundo as seguintes categorias:

Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), Diabetes Mellitus (DM), doenças

cardiovasculares, osteoporose, osteoartrose, doenças neurológicas, doenças respiratórias

e neoplasias. Para caracterização de depressão, foi utilizada uma escala denominada

GDS – Geriatric Depression Scale - Abreviada de Yesavage (YESAVAGE, 1983).

Preencheram a pontuação para EBS os que apresentaram ausência de todas as doenças.

- Independência Funcional e Cognitiva: a funcionalidade foi avaliada através

do Índice de Barthel (MAHONEY; BARTHEL, 1965), que examina as atividades

básicas em 10 itens (alimentar-se, movimentar-se da cadeira para a cama, higiene

pessoal, usar o banheiro, tomar banho, caminhar, subir e descer escadas, vestir-se,

controle vesical e controle fecal), numa pontuação que varia de 0 a 100. Para descrição

do comprometimento cognitivo foi realizado o MMSE – Mini Mental Scale

Figura 3 – Componentes do Envelhecimento bem-sucedido de idosos longevos na cidade de

Recife-PE, 2016.

Envelhecimento

bem-sucedido

Componentes

físicos

Componentes

psicológicos

Componente

social

Ausência de

doenças

crônicas

Independência

Funcional e

Cognitiva

Satisfação com

a vida

Saúde auto-

percebida

Engajamento

com a vida

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Examination (FOLSTEIN; FOLSTEIN; MCHUGH, 1975) validado para o Brasil por

Bertolucci (1994). Foram considerados como idosos com envelhecimento bem-sucedido

os que apresentaram independência funcional ou dependência leve (pontuação acima ou

igual a 90 no Índice de Barthel) e ausência de comprometimento cognitivo.

- Satisfação com a vida: foi aplicada uma escala de satisfação com a vida

(ESV) elaborada com o objetivo de avaliar o julgamento que as pessoas fazem sobre o

quão satisfeito encontram-se com suas vidas. A versão original era composta por 5

itens, variando de 1 (discordo totalmente) a 7 (concordo totalmente) (DIENER et al.,

1985). Para interpretação dos resultados: entre 30 e 35 são os considerados muito

satisfeitos com a vida; entre 25 e 29 são os que possuem alta pontuação para satisfação

com a vida; entre 20 e 24, pontuação média para satisfação com a vida; entre 15 e 19

ligeiramente abaixo da média na satisfação com a vida; entre 10 e 14 insatisfeito e entre

5 e 9 são os extremamente insatisfeitos com a vida. Para o conceito de EBS foram

considerados os que pontuaram acima ou igual a 20.

- Saúde auto-percebida: foi aplicada uma escala de 5 pontos (excelente, muito

bom, bom, regular ou ruim). Foram considerados como preenchendo o critério de EBS

os idosos que referiram sua saúde como boa, muito boa ou excelente.

- Engajamento com a vida: os autores Rowe e Kahn (1997) consideraram

como engajamento com a vida as relações sociais e as atividades produtivas. Arias-

Merino (2012) em um estudo realizado no México propuseram considerar como

"indivíduos engajados com a vida” os participantes que relataram fazer qualquer

trabalho remunerado durante a última semana da entrevista ou qualquer trabalho

voluntário. Além de relatar qualquer uma destas conexões sociais: ser casado, viver

em companhia com um parente ou amigo e participar de alguma celebração religiosa

rotineira. Essa foi a mesma classificação considerada para análise deste estudo.

As variáveis independentes analisadas foram:

- Dados sócio-demográficos:

Sexo – masculino ou feminino;

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39

Faixa Etária – considerada em anos completos, a partir da data de nascimento e

coleta de dados, ou seja, na data da visita domiciliar;

Escolaridade – foi questionado sobre anos de estudo;

Estado conjugal – casado(a) ou em união consensual, solteiro(a) ou sem

companheiro (a), viúvo(a) e separado(a) ou divorciado(a);

Renda – renda do idoso(a) em salários mínimos vigentes no momento da

investigação;

- Morbidades diagnosticadas em prontuário

- Apoio social: o apoio social foi avaliado através de 6 dos 10 itens da escala de

Redes Sociais de Lubben (1988), correspondentes àqueles validados para o Brasil por

Ribeiro (RIBEIRO et al., 2012). Esse instrumento foi desenvolvido especificamente

para pessoas idosas e constitui um dos mais utilizados junto desta população. A LSNS-6

(LSNS - Lubben Social Network Scale) tem por base dois conjuntos de questões que

avaliam as relações familiares e as relações de amizade. Os itens incluídos no primeiro

conjunto são: Considerando as pessoas de quem é familiar por nascimento, casamento,

adoção, etc… (1) “Quantos familiares vê ou fala pelo menos uma vez por mês, (2) “De

quantos familiares se sente próximo de tal forma que possa ligar-lhes para pedir ajuda?”

e (3) “Com quantos familiares se sente à vontade para falar sobre assuntos pessoais?”.

Estes três itens são repetidos em relação aos amigos, incluindo aqueles que vivem na

vizinhança do respondente. A pontuação total da escala resulta do somatório dos 6 itens,

a qual vai de 0 a 30 pontos, sendo que as respostas a cada um dos itens variam numa

escala entre 0 e 5. De modo a classificar os idosos em relação às suas redes sociais, foi

considerado como baixo apoio social e risco de isolamento social, a pontuação abaixo

de 12.

Outra variável avaliada foi a definição auto-referida de EBS, sendo formulada

aos entrevistados a seguinte pergunta: Foi questionado aos entrevistados: “no momento

o(a) senhor(a) acha que está envelhecendo com sucesso? ou envelhecendo com um bom

envelhecimento?”

Os modelos de EBS propostos pelo estudo foram formados a partir da conjunção

dos componentes físicos, psicológicos e social (figura 3).

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40

- Modelo EBS 1: presença dos cinco componentes: dois físicos (ausência de

condições crônicas de saúde e independência funcional e cognitiva), dois elementos

psicológicos (satisfação com a vida e saúde auto-referida) e um componente social

(engajamento com a vida).

- Modelo EBS 2: presença de quatro elementos (ênfase no componente físico):

dois físicos (ausência de condições crônicas de saúde e independência funcional e

cognitiva), um elemento psicológico (satisfação com a vida ou saúde auto-referida) e

um componente social (engajamento com a vida).

- Modelo EBS 3: presença de quatro elementos (ênfase no componente

psicológico): um físico (ausência de condições crônicas de saúde ou independência

funcional e cognitiva), dois elementos psicológicos (satisfação com a vida e saúde auto-

referida) e um componente social (engajamento com a vida).

- Modelo EBS 4: presença de três componentes: um físico (ausência de

condições crônicas de saúde ou independência funcional e cognitiva), um elemento

psicológico (satisfação com a vida ou saúde auto-referida) e um componente social

(engajamento com a vida).

Page 41: ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO EM IDOSOS ......envelhecimento bem-sucedido. Deste modo, foi proposto o estudo atual com objetivo de avaliar o envelhecimento bem-sucedido em idosos longevos

41

Figura 4 – Diagrama ilustrativo que descreve os modelos de Envelhecimento bem-sucedido de

idosos longevos propostos pelo estudo

Page 42: ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO EM IDOSOS ......envelhecimento bem-sucedido. Deste modo, foi proposto o estudo atual com objetivo de avaliar o envelhecimento bem-sucedido em idosos longevos

42

4.7. INSTRUMENTOS DA PESQUISA

Foi aplicado o questionário da pesquisa a cada participante do estudo, além das

escalas já enumeradas (APÊNDICE 1). O estudo atual faz parte do “projeto guarda-

chuva” denominado “Envelhecimento bem-sucedido em idosos longevos e fatores

associados”.

4.8. COLETA DOS DADOS

Participaram do estudo 04 mestrandos do Programa de Pós-graduação em

Gerontologia (PPGERO) e 02 do Programa de Pós-graduação Integrado em Saúde

Coletiva (PPGISC), vinculados à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Todos

treinados e supervisionados pela autora da pesquisa.

A seleção da amostra ocorreu através de sorteio (amostra aleatória) após estudo

piloto realizado nas unidades. A captação dos idosos ocorreu por intermédio dos agentes

comunitários de saúde (ACS). Após esse contato inicial, os mesmos foram avaliados em

domicílio pelos pesquisadores.

No primeiro momento, após informação sobre a pesquisa e o preenchimento do

termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE - APÊNDICE 1), foi aplicado o

questionário da pesquisa com perguntas relacionadas aos dados sócio-demográficos e

sobre estado de saúde (APÊNDICE 2). Além disso, foram preenchidas as escalas para

avaliação de depressão, capacidade cognitiva, capacidade funcional, bem como os

demais elementos já descritos para avaliação do envelhecimento bem-sucedido. Os

dados foram coletados com o próprio idoso e/ou com seu acompanhante no caso de

incapacidade cognitiva.

4.9. ANÁLISE DOS DADOS

Finalizada a etapa de aplicação dos questionários e das escalas, foram montadas

tabelas de frequência com a distribuição da população estudada segundo as variáveis

independentes e a variável dependente (envelhecimento bem-sucedido) com vistas ao

estabelecimento do perfil epidemiológico e ao cálculo da prevalência de EBS. Essa

prevalência foi descrita globalmente e em seguida pelos modelos propostos pelo estudo.

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43

Para a verificação da magnitude e da direção da associação entre EBS e os

fatores possivelmente associados à sua ocorrência, foi utilizado teste Qui-Quadrado e o

teste Exato de Fisher.

4.10. ASPECTOS ÉTICOS

O estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade

Federal de Pernambuco (CAAE nº 34900514000005208) (ANEXO 03). Atendendo aos

requisitos pré-estabelecidos na resolução 466/12 do Ministério da Saúde, referente ao

desenvolvimento de pesquisa científica envolvendo seres humanos, resguardando os

princípios éticos da justiça, beneficência e da não maleficência.

Declaramos expressamente não haver conflito de interesse no presente estudo.

Esta pesquisa não constou com qualquer tipo de apoio financeiro, público ou privado,

em nenhuma fase de seu desenvolvimento.

Todos os participantes da pesquisa foram orientados sobre os objetivos da

pesquisa e foram colocados pelos pesquisadores os possíveis riscos envolvidos com a

coleta antes da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE -

APÊNDICE 2).

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5- RESULTADOS

Foram avaliados 172 idosos longevos, a média de idade foi 85,51 anos

(DP=4,396), variando entre 80 e 100 anos. A tabela 2 descreve a amostra segundo as

variáveis sócio-demográficas. A faixa etária menor que 85 anos correspondeu a 46,5%

da amostra, aproximando-se da faixa entre 85 e 90 anos (37,2%). Observou-se maior

frequência do sexo feminino (80,2%), sendo a viuvez a situação conjugal mais comum

(69,2%).

A raça predominante foi a branca (40,1%) seguida pela parda (37,8%). Com

relação à escolaridade, verificou-se que a maioria possuía baixo nível de instrução:

30,2% eram analfabetos e 43,6% apresentavam entre 1 e 4 anos de estudos. Na

avaliação da renda, se observou baixos níveis socioeconômicos, uma vez que 76,7% dos

participantes possuíam renda entre 1 e 2 salários mínimos, sendo a situação

previdenciária mais comum a aposentadoria (68%).

A religião mais presente foi a católica, correspondendo a 66,3% dos

participantes. Em segundo lugar, a religião mais encontrada foi a evangélica (29,1%). O

apoio social foi considerado presente em 74% dos idosos.

Tabela 2 – Características sócio-demográficas e apoio social de idosos longevos

assistidos pela ESF da MR 4.2, Recife-PE, 2015.

Variáveis N

(N=172)

Frequência

(%)

Idade

80-84 anos 80 46,5%

85 |- 90 anos 64 37,2%

90 ou mais 28 16,3%

Sexo

Masculino 34 19,8%

Feminino 138 80,2%

Situação conjugal

Solteiro (a) 16 9,3%

Casado ou tem companheiro (a) 31 18,0%

Viúvo (a) 119 69,2%

Separado (a) ou divorciado (a) 6 3,5%

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Raça

Branca 69 40,1%

Preta 33 19,2%

Amarela 5 2,9%

Parda 65 37,8%

Escolaridade

Analfabeto 52 30,2%

1-4 anos 75 43,6%

5-8 anos 30 17,4%

9-11 anos 13 7,6%

Acima de 11 anos 2 1,2%

Renda

Sem renda 0 0

Menor ou igual a 1 salário mínimo (Até R$ 788,00) 22 12,8%

Entre 1-2 salários mínimos (De R$789,00 a R$1.576,00) 132 76,7%

Entre 2-4 salários (Entre R$ 1.577,00 a R$ 3.152,00) 15 8,7%

Mais de 4 salários (Mais de R$ 3.153,00) 3 1,7%

Situação Previdenciária

Aposentado (a) 117 68,0%

Aposentado (a) / Pensionista 8 4,7%

Pensionista 47 27,3%

Religião

Católica 114 66,3%

Evangélica 50 29,1%

Espírita 4 2,3%

Sem Religião ou sem declarar 4 2,3%

Apoio social *

Presente 74 74%

Ausente 26 26%

*Não foi possível avaliar Apoio social em idosos com comprometimento cognitivo (N=100)

Na tabela 3, são destacados os componentes do envelhecimento bem-sucedido,

sendo verificado que a independência cognitiva esteve presente em pouco mais da

metade dos idosos longevos (58,1%), assim como a independência funcional (56,4%). A

ausência de doenças crônicas, por sua vez, ocorreu em pequena parcela dos

participantes (15,1%). As doenças mais prevalentes foram a hipertensão arterial

sistêmica (73,3%) e a diabetes (33,7%), seguidas pelas doenças cardiovasculares,

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osteoporose e osteoartrose. Na avaliação de sintomas depressivos através do GDS,

observou-se uma prevalência de depressão elevada em idosos longevos (21,5%).

Na avaliação dos componentes psicológicos, também descritos na tabela 3, se

observou a presença de satisfação com a vida na maioria dos participantes (84%).

Entretanto, na avaliação de percepção de saúde auto-percebida, os níveis foram

insatisfatórios em 62% dos idosos, por considerarem sua saúde como regular ou

péssima. O componente social refletido pelo engajamento com a vida esteve presente na

maioria dos participantes (94%).

Tabela 3 – Componentes dos critérios de Envelhecimento bem-sucedido de idosos

longevos assistidos pela ESF da MR 4.2, Recife-PE, 2015.

Variáveis N

(N=172)

Frequência

(%)

Independência Cognitiva (componente físico)

Presente 100 58,1%

Ausente 72 41,9%

Independência Funcional (componente físico)

Presente 97 56,4%

Ausente 75 43,6%

Doenças crônicas (componente físico)

Ausente 26 15,1%

Presente 146 84,9%

Depressão 36 20,9%

HAS 126 73,3%

DM 58 33,7%

Doenças cardiovasculares 39 22,7%

Osteoporose 38 22,1%

Osteoartrose 37 21,5%

Doenças neurológicas 28 16,3%

Doenças respiratórias 14 8,1%

Neoplasias 5 2,9%

Satisfação com a vida (componente psicológico) *

Presente 84 84%

Ausente 16 16%

Saúde auto-percebida (componente psicológico) *

Satisfatória 38 38%

Insatisfatória 62 62%

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Engajamento com a vida (componente social) *

Presente 94 94%

Ausente 6 6%

*Não foi possível avaliar esses componentes em idosos com comprometimento cognitivo (N=100)

A prevalência de envelhecimento bem-sucedido na amostra analisada foi de

39%. Conforme descrito na tabela 4, os modelos EBS 1 que exigia a presença dos cinco

componentes e o modelo EBS 2 formado por quatro componentes com ênfase no

modelo físico foram os que apresentaram menor prevalência: 4,1% versus 2,9%. O

modelo EBS 3 formado por quatro componentes com ênfase no modelo psicológico foi

observado em 14%. O modelo EBS 4 que exigia apenas três componentes foi o mais

prevalente, estando presente em 18%.

Tabela 4- Envelhecimento Bem-sucedido de idosos longevos assistidos pela ESF da MR

4.2, Recife-PE, 2015.

Variáveis N

(N=172)

Frequência

(%)

Envelhecimento Bem-sucedido

Presente 67 39,0%

Ausente 105 61,0%

Modelos de Envelhecimento Bem-sucedido

Modelo EBS 1 (presença de 5 componentes) 7 4,1%

Modelo EBS 2 (presença de 4 componentes com ênfase

no modelo físico)

5 2,9%

Modelo EBS 3 (presença de 4 componentes com ênfase

no modelo psicológico)

24 14,0%

Modelo EBS 4 (presença de 3 componentes) 31 18,0%

Envelhecimento Bem-sucedido por Rowe e Kahn

Presente 14 8,1%

Ausente 157 91,3%

Envelhecimento Bem-sucedido auto-percebido*

Presente 87 87%

Ausente 13 13%

*Não foi possível avaliar EBS auto-percebido em idosos com comprometimento cognitivo (N=100)

Pela análise do conceito tradicional de envelhecimento bem-sucedido de Rowe e

Kahn nota-se que pequena parcela dos idosos longevos avaliados fecharam os critérios

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de EBS, apenas 8,1%. Em contrapartida, ao avaliar o conceito de EBS auto-referido

observa-se uma prevalência elevada (87%), conforme ilustrado na tabela 4.

Na avaliação dos dados sócio-demográficos, como possíveis fatores associados

ao envelhecimento bem-sucedido, foi observado significância estatística para idade

(p=0,032) e situação previdenciária (p=0,01639), apresentado na tabela 5.

Tabela 5- Envelhecimento Bem-sucedido X variáveis sócio-demográficas e apoio social

de idosos longevos assistidos pela ESF da MR 4.2, Recife-PE, 2015.

ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO

AUSENCIA

DE EBS EBS

P-Valor

N % N %

Idade 80-84 anos 46 57,5% 34 42,5% 0,032*

85 |- 90 anos 36 56,3% 28 43,8%

90 ou mais 23 82,1% 5 17,9%

Sexo Masculino 17 50,0% 17 50,0% 0,1403*

Feminino 88 63,8% 50 36,2%

Situação

conjugal

Ser casado(a), ter

companheiro(a)

16 51,6% 15 48,4% 0,2341*

Não ser casado(a)

ou sem

companheiro(a)

89 63,1% 52 36,9%

Escolaridade Analfabetos 34 65,4% 18 34,6% 0,0864*

Baixa

Escolaridade

39 52,0% 36 48,0%

Alta Escolaridade 32 71,1% 13 28,9%

Renda Menor ou igual a 1

salário mínimo

14 63,6% 8 36,4% 0,3288**

Entre 1-2 salários

mínimos

78 59,1% 54 40,9%

Entre 2-4 salários 10 66,7% 5 33,3%

Mais de 4 salários 3 100,0% 0 ,0%

Raça Branca 49 71,0% 20 29,0% 0,1332**

Preta 16 48,5% 17 51,5%

Amarela 3 60,0% 2 40,0%

Parda 37 56,9% 28 43,1%

Religião Católica 68 59,6% 46 40,4% 0,9827**

Evangélica 31 62,0% 19 38,0%

Espírita 3 75,0% 1 25,0%

Sem Religião ou

Sem Declarar

3 75,0% 1 25,0%

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Situação

Previdenciária

Aposentado (a) 70 59,8% 47 40,2% 0,0163**

Aposentado (a) e

Pensionista

8 100,0% 0 ,0%

Pensionista 27 57,4% 20 42,6%

Apoio Social † Presente 23 23% 51 51% 0,6283**

Ausente 10 10% 16 16%

OBS: Há índício de associação estatística nos casos em que o P-Valor for menor que 0,05

* Foi utilizado o Teste Qui-Quadrado

** Foi Utilizado o Teste Exato de Fisher

† Não foi possível avaliar Apoio Social em idosos com comprometimento cognitivo (N=100)

Ao analisar a presença de morbidades diagnosticadas em prontuário, nota-se a

relação estatística significativa com depressão (p=0,001), diabetes (p=0,012) e doenças

neurológicas (p=0,001), como demonstra a tabela 6.

Tabela 6- Envelhecimento Bem-sucedido X Morbidades diagnosticadas em prontuário

de idosos longevos assistidos pela ESF da MR 4.2, Recife-PE, 2015.

ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO

Ausência de EBS

EBS P-Valor

N Freq % N Freq %

Depressão

20 55,6% 16 44,4% <0,001*

HAS 76 60,3% 50 39,7% 0,74555*

DM 43 74,1% 15 25,9% 0,01203*

Doenças

cardiovasculares 23 58,98% 16 41,02% 0,76282*

Osteoporose 26 68,4% 12 31,6% 0,29089*

Osteoartrose 26 70,3% 11 29,7% 0,19405*

Doenças

Neurológicas

27 96,4% 1 0,36% <0,001**

Doenças

Respiratórias 6 43,9% 8 57,1% 0,14534

Neoplasias 4 80,0% 1 20,0% 0,64964**

OBS: Há índício de associação estatística nos casos em que o P-Valor for menor que 0,05

* Foi utilizado o Teste Qui-Quadrado ** Foi Utilizado o Teste Exato de Fisher

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Na comparação dos modelos de Rowe e Kahn e de EBS auto-referido com o

conceito proposto pelo estudo, se percebe que ambos estiveram relacionados

estatisticamente com EBS, conforme ilustrado na tabela 7.

Tabela 7- Envelhecimento Bem-sucedido X EBS auto-referido e EBS segundo Rowe e

Kahn de idosos longevos cadastrados pela ESF da MR 4.2, Recife-PE, 2015.

ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO

Ausência de EBS EBS P-Valor

N Freq % N Freq %

EBS auto-referido† Presente 25 28,7% 62 71,3% 0,01897*

Ausente 8 61,5% 5 38,5%

EBS segundo Rowe

e Kahn (1987)

Presente 2 14,3% 12 85,7% <0,001**

Ausente 103 65,2% 55 34,8%

OBS: Há índício de associação estatística nos casos em que o P-Valor for menor que 0,05

* Foi utilizado o Teste Qui-Quadrado ** Foi Utilizado o Teste Exato de Fisher

† Não foi possível avaliar EBS auto-percebido em idosos com comprometimento cognitivo (N=100)

Na tabela 8, é demonstrada a análise dos modelos EBS 1, 2, 3 e 4

individualmente com os dados sócio-demográficos. Observa-se que houve significância

estatística para situação previdenciária no modelo EBS 2 (p=0,027), escolaridade no

modelo EBS 3 (p=0,0117) e situação conjugal no modelo EBS 4 (p=0,023).

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Tabela 8 - Envelhecimento Bem-sucedido avaliado pelos modelos 1, 2, 3 e 4 X variáveis sociodemográficas de idosos longevos assistidos pela

ESF da MR 4.2, Recife-PE, 2015.

Modelo EBS 1 Modelo EBS 2 Modelo EBS 3 Modelo EBS 4

Presença Ausência Presença Ausência Presença Ausência Presença Ausência

N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) N (%) N (%)

Idade 80-84 anos 3(3,8%) 77(96,3%) 3(3,8%) 77(96,3%) 13(16,3%) 67(83,8%) 15(18,8%) 65(81,3%)

85 |- 90 anos 3(4,7%) 61(95,3%) 2(3,1%) 62(96,9%) 9(14,1%) 55(85,9%) 14(21,9%) 50(78,1%)

90 ou mais 1(3,6%) 27(96,4%) 0(0,0%) 28(100,0%) 2(7,1%) 26(92,9%) 2(7,1%) 26(92,9%)

P-Valor 0,951 0,591 0,488 0,233

Sexo Masculino 3(8,8%) 31(91,2%) 0(0,0%) 34(100,0%) 4(11,8%) 30(88,2%) 10(29,4%) 24(70,6%)

Feminino 4(2,9%) 134(97,1%) 5(3,6%) 133(96,4%) 20(14,5%) 118(85,5%) 21(15,2%) 117(84,8%)

P-Valor 0,117 0,26 0,681 0,054

Situação

Conjugal

Estar casado (a) ou

ter companheiro (a)

1(3,2%) 30(96,8%) 0(0,0%) 31(100,0%) 4(12,9%) 27(87,1%) 10(32,3%) 21(67,7%)

Não estar casado (a)

ou não ter

companheiro (a)

6(4,3%) 135(95,7%) 5(3,5%) 136(96,5%) 20(14,2%) 121(85,8%) 21(14,9%) 120(85,1%)

P-Valor 0,793 0,287 0,852 0,023

Escolaridade Analfabetos 3(5,8%) 49(94,2%) 0(0,0%) 52(100,0%) 4(7,7%) 48(92,3%) 11(21,2%) 41(78,8%)

Baixa escolaridade 3(4,0%) 72(96,0%) 5(6,7%) 70(93,3%) 15(20,0%) 60(80,0%) 13(17,3%) 62(82,7%)

Alta escolaridade 1(2,2%) 44(97,8%) 0(0,0%) 45(100,0%) 5(11,1%) 40(88,9%) 7(15,6%) 38(84,4%)

P-Valor 0,677 0,036 0,0117 0,758

Raça Branca 2(2,9%) 67(97,1%) 3(4,3%) 66(95,7%) 8(11,6%) 61(88,4%) 7(10,1%) 62(89,9%)

Preta 2(6,1%) 31(93,9%) 0(0,0%) 33(100,0%) 7(21,2%) 26(78,8%) 8(24,2%) 25(75,8%)

Amarela 0(0,0%) 5(100,0%) 0(0,0%) 5(100,0%) 1(20,0%) 4(80,0%) 1(20,0%) 4(80,0%)

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Parda 3(4,6%) 62(95,4%) 2(3,1%) 63(96,9%) 8(12,3%) 57(87,7%) 15(23,1%) 50(76,9%)

P-Valor 0,84 0,648 0,559 0,179

Renda Menor ou igual a 1

salário mínimo

1(4,5%) 21(95,5%) 1(4,5%) 21(95,5%) 4(18,2%) 18(81,8%) 2(9,1%) 20(90,9%)

Entre 1-2 salários

mínimos

5(3,8%) 127(96,2%) 4(3,0%) 128(97,0%) 20(15,2%) 112(84,8%) 25(18,9%) 107(81,1%)

Entre 2-4 salários 1(6,7%) 14(93,3%) 0(0,0%) 15(100,0%) 0(0,0%) 15(100,0%) 4(26,7%) 11(73,3%)

Mais de 4 salários 0(0,0%) 3(100,0%) 0(0,0%) 3(100,0%) 0(0,0%) 3(100,0%) 0(0,0%) 3(100,0%)

P-Valor 0,935 0,86 0,333 0,443

Situação

Previdenciária Aposentado (a) 4(3,4%) 113(96,6%) 1(0,9%) 116(99,1%) 18(15,4%) 99(84,6%) 24(20,5%) 93(79,5%)

Aposentado (a) /

Pensionista

0(0,0%) 8(100,0%) 0(0,0%) 8(100,0%) 0(0,0%) 8(100,0%) 0(0,0%) 8(100,0%)

Pensionista 3(6,4%) 44(93,6%) 4(8,5%) 43(91,5%) 6(12,8%) 41(87,2%) 7(14,9%) 40(85,1%)

P-Valor 0,574 0,027 0,46 0,278

Religião Católica 6(5,3%) 108(94,7%) 4(3,5%) 110(96,5%) 13(11,4%) 101(88,6%) 23(20,2%) 91(79,8%)

Evangélica 1(2,0%) 49(98,0%) 1(2,0%) 49(98,0%) 9(18,0%) 41(82,0%) 8(16,0%) 42(84,0%)

Espírita 0(0,0%) 4(100,0%) 0(0,0%) 4(100,0%) 1(25,0%) 3(75,0%) 0(0,0%) 4(100,0%)

Sem Religião ou

Sem Declarar

0(0,0%) 4(100,0%) 0(0,0%) 4(100,0%) 1(25,0%) 3(75,0%) 0(0,0%) 4(100,0%)

P-Valor 0,728 0,912 0,549 0,521

Apoio Social † Presente 7(9,5%) 67(90,5%) 4(5,4%) 70(94,6%) 21(28,4%) 53(71,6%) 19(25,7%) 55(74,3%)

Ausente 0(0,0%) 26(100,0%) 1(3,8%) 25(96,2%) 3(11,5%) 23(88,5%) 12(46,2%) 14(53,8%)

P-Valor 0,104 0,753 0,084 0,05 OBS: Há indício de associação estatística nos casos em que o P-Valor for menor que 0,05

† Não foi possível avaliar Apoio Social em idosos com comprometimento cognitivo (N=100)

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53

6- DISCUSSÃO

Na amostra dos idosos longevos avaliada, foi observado predomínio de idosos

com idade entre 80 e 85 anos, do sexo feminino e com situação conjugal de viuvez. Esta

condição segue a tendência da pirâmide etária brasileira. No Censo de 2010, os

octogenários representavam 84,7% deste subgrupo, os nonagenários representavam

14,5% e os centenários não chegavam a 1% (IBGE, 2010). Na cidade do Recife, capital

do estado de Pernambuco, de um total de pouco mais de um milhão e meio de

habitantes, os longevos perfaziam 28.953 (sendo 8.611 homens e 20.342 mulheres), o

que correspondia a 1,88% da população.

A feminização do envelhecimento no Brasil é observada, por sua vez, desde o

Censo de 1991. Na ocasião as mulheres correspondiam a 54% da população de idosos,

passando para 55,1% em 2000. Essa diferença é explicada pelos diferenciais de

expectativa de vida entre os sexos, a mulher vivendo em média oito anos a mais do que

os homens (IBGE, 2002). A maior longevidade das mulheres provavelmente é

justificada pelo fato de se encontrarem menos expostas à mortalidade por causas

externas (acidentes e violência), além de serem mais cuidadosas com a saúde, buscando

com maior frequência os serviços de atendimento (SALGADO, 2002).

Essa diferença entre a proporção de mulheres e homens é ainda mais expressiva

à medida que avança a idade. Na população com 70 anos ou mais, o número de

mulheres supera o dos homens em cerca 16 pontos percentuais em termos relativos

(42,1% versus 57,9%) segundo IBGE (2009).

A predominância da população feminina entre os idosos tem repercussões

importantes em termos sociais, uma vez que grande parte delas ainda apresentam

menores níveis de escolaridade e são viúvas, estando a viuvez ainda relacionada à

solidão e a viver só em nossa cultura (CAMARANO, 2002). A viuvez elevada

encontrada nessa amostra, por conseguinte, seguiu a tendência do número elevado de

mulheres e se aproxima com os estudos epidemiológicos realizados com essa população

(PORCIÚNCULA et al., 2014; PEREIRA et al., 2014; FONTES et al., 2013;

LOURENÇO, 2011).

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54

A amostra analisada apresentava, ainda, idosos com baixos níveis de

escolaridade e baixa renda, sendo a aposentadoria a situação previdenciária mais

comum. Tais variáveis também convergiram para os dados já publicados anteriormente

em inquéritos sócio-demográficos (PORCIÚNCULA et al., 2014; PEREIRA et al.,

2014; FONTES et al., 2013; LOURENÇO, 2011).

Vale salientar que o nível educacional dos idosos no Brasil é extremamente

baixo, principalmente entre as mulheres. Isso é decorrente das características da

sociedade e das políticas de educação nas décadas de 1930 e 1940, época em que o

acesso à escola era muito restrito. Considerando o número médio de anos de estudo dos

idosos responsáveis pelo domicílio, o valor encontrado em 2000 foi de apenas 3,4 anos -

3,5 anos para os homens e 3,1 anos para as mulheres (IBGE, 2002). O nível de

analfabetismo, consequentemente, ainda é bastante elevado. Chama atenção que o peso

relativo dos idosos no conjunto dos analfabetos vêm crescendo nos últimos anos,

passando de 34,4% para 42,6% entre os anos de 1999 a 2009 (IBGE, 2010).

Apesar dos idosos ainda apresentarem menores níveis de renda do que o restante

da população se observa um crescimento do rendimento médio nominal entre os Censos

de 1991 e 2000 (IBGE, 2002). É provável que esse incremento no rendimento esteja

relacionado com expansão dos programas sociais, como o Benefício de Prestação

Continuada da Assistência Social - BPC-LOAS, que levou renda aos que não detinham

aposentadoria. Isso pode ser corroborado já que na amostra em questão não foi

observado nenhum idoso sem renda, entretanto não foi possível diferenciar da amostra

quem detinha aposentadoria ou o benefício BPC-LOAS.

A nível local, Porciúncula et al. (2014) realizaram investigação em Recife sobre

o perfil sócio-epidemiológico de longevos, encontrando uma amostra bastante

semelhante à do estudo atual: a maioria formada por mulheres (77,4%), apresentando

baixo nível de escolaridade, viúvas e tendo a aposentadoria como principal fonte de

renda.

A independência cognitiva é considerada um dos elementos do critério físico do

envelhecimento bem-sucedido. A cognição é um elemento fundamental para o conceito,

pois ela está relacionada à autonomia, à satisfação com a vida e a avaliações subjetivas

de qualidade de vida.

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55

Entretanto, foi observada uma elevada frequência de comprometimento

cognitivo (41,9%) na amostra em questão. A associação de comprometimento cognitivo

com idade mais avançada é prevista pelo aumento de casos de demência nessa faixa

etária. Uma revisão publicada recentemente revelou uma prevalência variando de 18 a

38% entre os idosos acima de 85 anos (GARDNER et al., 2013).

Ferreira (2006) encontrou uma frequência de comprometimento cognitivo de

23,8% em idosos longevos na cidade de São Paulo, taxa menor do que a encontrada no

estudo atual. Tal situação pode estar relacionado ao fato de Ferreira (2006) ter utilizado

12 como ponto de corte isolado sem utilizar com referência a escolaridade. Isso não

ocorreu no estudo em questão, pois foram considerados os pontos de corte da

classificação de escolaridade de Bertolucci (BERTOLUCCI, 1994).

A manutenção da capacidade funcional, assim como a independência cognitiva,

é um fator considerado importante para a avaliação do EBS. Os idosos da amostra

foram considerados independentes em 56,4% dos casos, segundo a escala de Barthel.

Formiga et al. (2011) aplicaram a escala em idosos com 85 anos, no estudo Octabaix, e

encontraram uma média de 98,6 em idosos com EBS sugerindo independência versus

76,8 para idosos sem EBS. Nostary et al. (2012), no estudo Vitality 90 +, ao estudarem

os nonagenários encontraram que 39,2% eram independentes para 5 atividades de vida

diária (AVD). Apesar de ser uma escala internacionalmente consolidada, poucos

estudos brasileiros a aplicam, dificultando a comparação com dados regionais. Estudo

realizado em 2013 com muito idosos na Bahia observou um grau de independência de

80,4%, porém medido pela escala de Katz (BRITO et al., 2013). Outro estudo realizado

em Minas Gerais observou que os longevos apresentaram uma capacidade funcional

muito boa ou boa em 71,3% dos casos através de avaliação própria realizada pelos

pesquisadores (NOGUEIRA et al., 2010).

Apesar da comparação com estudos que avaliaram a funcionalidade por meio de

domínios e de escalas diferentes, é notório que a prevalência de independência

funcional foi menor na nossa amostra. Isso provavelmente pode ter ocorrido pela alta

prevalência de comprometimento cognitivo e pela elevada presença de comorbidades.

Outro elemento do componente físico descrito por Rowe e Kahn é a ausência de

doenças. No subgrupo avaliado, foi observado um elevado percentual de presença de

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56

morbidades referidas em prontuário (84,9%). Tendo como doenças mais prevalentes a

hipertensão arterial sistêmica (73,3%) e a diabetes (33,7%). Portanto, podemos

considerar os dados obtidos similares aos encontrados na literatura (IBGE, 2009;

NOSTARY et al., 2012)

Na avaliação de sintomas depressivos através do GDS, observou-se uma

prevalência de depressão elevada na amostra avaliada (21,5%), corroborando com a

afirmação de Xavier et al. (2001) em que a depressão apresenta frequência elevada em

idosos longevos e se relaciona com menor satisfação com a vida e pior qualidade de

vida, acarretando um forte impacto para a saúde pública.

No tocante ao estudo realizado por Silva et al (2015) com idosos longevos

acompanhados pela Estratégia Saúde da Família na cidade de Marília-SP, os valores de

frequência de hipertensão, diabetes e depressão foram 65,2%, 17,9% e 29,5%,

respectivamente, dados semelhantes aos encontrados no presente estudo.

A avaliação do envelhecimento bem-sucedido na amostra em questão revelou

uma frequência de 39%, prevalência considerada elevada para o subgrupo analisado. No

entanto, gostaríamos de ressaltar que na literatura foi observado disparidade entre os

dados de prevalência com valores de 0 a 62,3%, sendo que as menores frequências

estiveram relacionadas aos modelos biomédicos (KNAPPE et al., 2015)

Isso pode ser percebido na análise dos modelos propostos pelo estudo que variou

entre 4,1% e 18%, totalizando 39% da amostra como fechando critérios para

envelhecimento bem-sucedido. Os modelos EBS 1 e EBS 2 que seguiam uma

abordagem biomédica apresentaram as menores prevalência: 4,1% e 2,9%. Enquanto

que EBS 3 com ênfase no modelo psicológico foi observado em 14%. Quando foi

solicitada apenas presença de apenas um critério físico, um critério psicológico

associado ao critério social, para preenchimento do modelo EBS 4, a frequência foi

maior (18%).

A proposição de modelos alternativos de EBS na avaliação do idoso longevo é

uma tendência entre os estudos publicados (NOSTARY at al., 2014; GONDO, 2012;

CHO et al., 2012). Nostary et al (2012) avaliaram a prevalência de EBS entre

nonagenários através de seis modelos multidimensionais, incluindo componentes

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físicos, sociais e psicológicos. A taxa de prevalência variou entre 1,6 a 18,3%, taxas

similares às encontradas no estudo atual.

Na amostra analisada, quando se aplicou os critérios de EBS propostos por

Rowe e Kahn, apenas uma pequena parcela apresentou (8,1%), pois, assim como os

modelos EBS 1 e EBS 2, a ênfase é dada aos componentes físicos. É importante frisar

que nos modelos atuais vem sendo dada menor ênfase a capacidade funcional e a

ausência de doenças crônicas como elemento de EBS em idosos longevos.

Os modelos biomédicos possuem limitações para analisar o fenômeno entre os

longevos, pois na maioria dos estudos realizados com esses modelos, eles não são

capazes de alcançar todas as metas necessárias para serem considerados como vivendo

com envelhecimento bem-sucedido. E, diante disso, se percebe a distorção do próprio

conceito, uma vez que a própria longevidade é considerada marcador do EBS. Outra

crítica é a pouca correspondência da sua prevalência com a opinião subjetiva do idoso

em estudos publicados. Ademais, a elevada prevalência de doenças crônicas nesse

grupo é outro fator que restringe o uso desses modelos em idosos longevos.

Na avaliação dos componentes psicológicos, a satisfação com a vida esteve

presente na maior parte dos participantes (84%). Os níveis elevados de satisfação com a

vida são encontrados em diversos estudos realizados em idosos no Brasil (JOIA et al.,

2007; RUIZ et al., 2007). Essa tendência é também descrita entre idosos longevos,

apesar de elevados índices de incapacidade funcional, havendo, assim, uma relação

paradoxal entre saúde física e bem-estar psicológico (GONDO, 2012). Essa relação foi

visualizada no presente estudo, evidenciando que o mesmo seguiu a mesma tendência

das recentes publicações internacionais.

Entretanto, na avaliação de percepção de saúde auto-percebida, 62% dos idosos

consideraram sua saúde como regular ou ruim, entendemos que provavelmente a

percepção da saúde como mais negativa pela maioria dos participantes pode estar

relacionada à elevada prevalência de morbidades associadas, uma vez que, no contexto

cultural brasileiro, a saúde ainda é visualizada a partir do prisma biomédico, não através

do conceito mais amplo defendido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que

inclui o bem-estar mental e social.

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Outro fator que pode estar relacionado com a percepção da saúde como mais

negativa é o baixo nível de renda. Dados do IBGE (2009) sugerem que os idosos mais

pobres declararam saúde ruim/muito ruim em maior proporção do que os idosos dos

estratos de rendimentos mais elevados: 20% entre os que recebiam até 1 salário mínimo

(SM) per capita versus 5% entre os mais de 3 SM. Sendo assim, Nostary (2012)

encontrou dados bem diferentes da nossa realidade em estudo realizado na Finlândia,

63,4% dos nonagenários consideravam sua saúde como boa ou regular. Apesar de não

haver descrição sobre a renda dos participantes neste estudo, é provável que os idosos

tenham maiores níveis de renda do que brasileiros por se tratar de um país

desenvolvido.

O engajamento com a vida esteve presente na maioria dos participantes (94%),

elemento do componente social, sendo medido por meio da atividade produtiva, através

do trabalho remunerado ou voluntário e de conexões sociais. Em relação à descrição

sobre as formas de conexões sociais, foram encontradas diversas entre os estudos:

contato com amigos e parentes, cuidar de crianças ((DEPP; JESTE, 2006); encontro

com crianças frequentes e manter contato telefônico com familiares e amigos

(NOSTARY et al., 2012); ser casado ou morar com parente/amigo e participar de

atividade religiosas com constância (ARIAS-MERINO et al., 2014)

Vale salientar que a escolha dos autores pelos critérios sociais de Arias-Merino

et al. (2014) ocorreu, pois, a investigação aconteceu no México, país cuja economia se

assemelha com o Brasil e que também apresenta disparidades sociais. A prevalência de

engajamento com a vida no México foi 48,5%, dado bastante divergente do nosso. Isso

provavelmente pode ser justificado, pois a população estudada por eles foi de idosos

mais jovens (acima de 60 anos), apresentando menos comprometimento funcional,

sendo capazes de morar só quando necessário fato mais incomum no idoso longevo.

Além disso, no presente estudo os idosos institucionalizados foram excluídos,

favorecendo a manutenção de valores mais elevados de conexões sociais presentes.

Na amostra analisada, o conceito de EBS auto-referido apresentou uma maior

prevalência (87%) quando comparado a encontrada através dos modelos propostos

(39%). Bowling e Dieppe (2005), em levantamento realizado na Grã-Bretanha,

encontraram que 75% dos participantes se classificaram como envelhecimento com

sucesso, frequência similar à encontrada no estudo.

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A visão positiva de idosos longevos acerca de seu envelhecimento parece estar

relacionada à espiritualidade, já que amostra analisada apenas 2,3% referiram não

possuir religião, e à manutenção da capacidade cognitiva, já que os idosos com

comprometimento cognitivo foram excluídos dessa avaliação. Outro fator que parece

estar relacionado à boa percepção de EBS é a percepção da longevidade como marcador

de sucesso, independente das condições de saúde e funcionais. Investigação realizada

por Martin et al. (2015) encontrou dados semelhantes, em que os níveis de EBS auto-

relatado foram mais elevados entre os “muito idosos” quando comparado com os idosos

mais jovens.

O estudo atual identificou como fatores associados com significância estatística

ao EBS: idade (p=0,032), situação previdenciária (p=0,016), depressão (p=0,001),

diabetes (p=0,012) e doenças neurológicas (p=0,001). Enquanto que, na análise dos

modelos isolados, foi encontrado relação estatística para situação previdenciária no

modelo EBS 2 (p=0,027), escolaridade no modelo EBS 3 (p=0,0117) e situação

conjugal no modelo EBS 4 (p=0,023).

Destacamos que os fatores associados ao envelhecimento bem-sucedido foram

pouco estudados na população dos “muitos idosos”, o que dificulta a comparação dos

dados. Vale salientar que as variáveis encontradas possuem relação com estudos

anteriores. Nostary et al. (2012) encontraram relação de EBS com idade mais jovem,

maior nível educacional e entre os casados. No entanto, para Formiga et al. (2011) os

fatores associados ao EBS foram: menor número de morbidades, menor risco de quedas

e menor risco de desnutrição, além de escores mais elevados de qualidade de vida.

Observou-se que a maioria dos idosos apresentava apoio social presente (74%),

evidenciando a presença da família e de amigos nas relações sociais do idoso longevo,

entretanto essa variável independente não apresentou correlação estatística com EBS. É

provável que tal fato tenha ocorrido, pois em idosos com comprometimento cognitivo

não foi possível avaliar essa variável.

O estudo apresenta vários pontos a serem destacados. Primeiro, a escolha da

temática que é bastante atual e cujos descritores e componentes apresentam diversidade

de conceitos, sendo necessário aprofundar ainda mais o estudo na área. Segundo, a

identificação dos longevos para constituir a população de análise, pois apesar de serem

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o subgrupo populacional com maior crescimento no Brasil, ainda são poucos os estudos

publicados sobre esse segmento. Terceiro, se relaciona a extensa revisão de literatura

realizada para construção dessa pesquisa, o que culminou na proposição de modelos

multidimensionais que incluíram componentes físicos, psicológicos e sociais.

Entretanto, reconhecemos que o estudo possui limitações. O uso de auto-relato

em algumas avaliações dos componentes sociais e psicológicos é considerado um fator

limitante, bem como a necessidade de exclusão dos participantes com

comprometimento cognitivo para essas análises, entretanto essas escolhas ocorreram

decorrente da própria natureza subjetiva dos elementos analisados em questão. Outra

restrição do estudo relaciona-se ao seu tipo de corte, por ser de análise transversal, as

associações são horizontais e não permitem o estabelecimento de causalidade, apenas

podemos inferir associação entre as variáveis.

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7- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os dados descritos no estudo possuem um rico poder de análise, desde o perfil

do idoso longevo residente na cidade do Recife-PE até a avaliação dos componentes e

descritores do EBS com proposição de modelos multidimensionais e a identificação de

seus fatores associados.

A prevalência de envelhecimento bem-sucedido na amostra analisada foi

altamente dependente do modelo aplicado, apresentando menores taxas quando foram

considerados os modelos com ênfase nos critérios físicos e o de Rowe e Kahn. Nos

modelos com ênfase nos critérios psicossociais e no modelo geral do estudo, a

prevalência foi maior, indicando maior aproximação destes com os elevados índices de

EBS auto-referido e de satisfação com a vida encontrados na amostra.

Acredita-se, assim, que os modelos que mais se relacionam ao EBS no grupo

analisado sejam os relacionados a uma perspectiva psicossocial, uma vez que entre os

participantes existe uma elevada prevalência de doenças crônicas e de incapacidade

funcional.

Portanto, se faz necessário estudos prospectivos a fim de estabelecer melhor o

comportamento desses indivíduos ao longo dos anos, a relação entre EBS com

mortalidade a fim de avaliar possíveis fatores protetores, além de procurar determinar os

fatores causais relacionados ao fenômeno.

Além disso, é importante aprofundar a discussão sobre o tema a fim de instituir a

nível individual e populacional medidas de cuidados à saúde e que estimulem o bem-

estar e a participação social. É ainda imprescindível que sejam estabelecidas metas de

promoção de EBS na saúde pública. Não apenas para as próximas gerações, mas,

principalmente, para a geração atual de longevos, os desbravadores, que conseguiram

algo parecia distante há décadas atrás.

É possível alcançar a longevidade com envelhecimento bem-sucedido, mas

nessa população, ao invés de modelos que ressaltem a ausência de doença e a alta

capacidade funcional, a ênfase deve ser dada aos modelos psicossociais.

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70

APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(PARA MAIORES DE 18 ANOS OU EMANCIPADOS - Resolução 466/12)

Convidamos o (a) Sr. (a) para participar como voluntário (a) da pesquisa:

Envelhecimento bem-sucedido em idosos longevos e fatores associados, que está sob

a responsabilidade do (a) pesquisador (a) Márcia Carréra Campos Leal - Endereço para

contato: Departamento de Medicina Social da UFPE - Av. Prof. Moraes Rego, s/n.

Cidade Universitária. Recife – PE. CEP: 50670-901, E-mail:

[email protected], Telefone: (81): 21268550.

Este Termo de Consentimento pode conter informações que o/a senhor/a não entenda.

Caso haja alguma dúvida, pergunte à pessoa que está lhe entrevistando para que o/a

senhor/a esteja bem esclarecido (a) sobre sua participação na pesquisa. Após ser

esclarecido (a) sobre as informações a seguir, caso aceite em fazer parte do estudo,

rubrique as folhas e assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é

sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa o (a) Sr. (a) não será

penalizado (a) de forma alguma. Também garantimos que o (a) Senhor (a) tem o direito

de retirar o consentimento da sua participação em qualquer fase da pesquisa, sem

qualquer penalidade.

O objetivo avaliar o envelhecimento bem-sucedido em idosos maiores de 80

anos e os fatores associados a esse envelhecimento. O (a) Sr. (a) responderá a uma

entrevista sobre a sua condição física e emocional por meio de instrumento de avaliação

da área de envelhecimento.

O estudo poderá trazer risco como o possível constrangimento para o senhor (a)

durante a entrevista. Porém, poderá trazer benefícios, como por exemplo, melhorias

para a qualidade de vida do idoso, pois ajudará a aumentar os conhecimentos na área da

assistência ao idoso não institucionalizado, além disso, durante a entrevista o senhor (a)

poderá fazer perguntas e esclarecer suas dúvidas.

As informações desta pesquisa serão confidenciais e serão divulgadas apenas em

eventos ou publicações científicas, não havendo identificação dos voluntários, a não ser

entre os responsáveis pelo estudo, sendo assegurado o sigilo sobre a sua participação.

As informações (entrevistas) serão armazenadas em armário particular, sob a

responsabilidade da pesquisadora, no endereço acima informado, pelo período de 5

anos.

O (a) senhor (a) não pagará nada para participar desta pesquisa. Se houver

necessidade, as despesas para a sua participação serão assumidos pelos pesquisadores

(ressarcimento de transporte e alimentação). Fica também garantida indenização em

casos de danos, comprovadamente decorrentes da participação na pesquisa, conforme

decisão judicial ou extra-judicial.

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71

Em caso de dúvidas relacionadas aos aspectos éticos deste estudo, você poderá

consultar o Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da UFPE no

endereço: (Avenida da Engenharia s/n – 1º Andar, sala 4 - Cidade Universitária, Recife-

PE, CEP: 50740-600, Tel.: (81) 2126.8588 – e-mail: [email protected]).

____________________________________

Assinatura do pesquisador responsável

CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO VOLUNTÁRIO

(A)

Eu, _____________________________________, CPF _________________, abaixo

assinado, após a leitura (ou a escuta da leitura) deste documento e de ter tido a

oportunidade de conversar e ter esclarecido as minhas dúvidas com o pesquisador

responsável, concordo em participar do estudo Envelhecimento bem-sucedido em

idosos longevos e fatores associados, como voluntário (a).

Fui devidamente informado (a) e esclarecido (a) pelo(a) pesquisador (a) sobre a

pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e

benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar o meu

consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade (ou

interrupção de meu acompanhamento/ assistência/tratamento).

Local e data __________________

Assinatura do participante: __________________________

Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimentos sobre a pesquisa e o

aceite do voluntário em participar. (02 testemunhas não ligadas à equipe de

pesquisadores):

Nome:

Assinatura:

Nome:

Assinatura:

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72

APÊNDICE B – ROTEIRO DA PESQUISA

Nº DO QUESTIONÁRIO: _______

A) DADOS PARA IDENTIFICAÇÃO:

01. Nome:__________________________________________________________

__________________________________________________________________

02. Nº Prontuário: ______________ (ACS responsável: _________________)

USF: _____________________________

Endereço:__________________________________________________________

_____________________________________________________________________

Telefones para contato:__________________________________________________

03. Em caso de comprometimento cognitivo, responsável por oferecer as informações (nome e

parentesco) : ________________________________________________________________

Entrevistador: _____________________ Data da entrevista: ___/___/___

B) FATORES SÓCIOECONÔMICOS E DEMOGRÁFICOS

04. Data de Nascimento: ____/___/_____ 05. Idade (anos completos): _____

06. Sexo (1) Masculino (2) Feminino

07. Situação Conjugal

(1) Solteiro (a)

(2) Casado ou tem companheiro (a)

(3) Viúvo (a)

(4) Separado (a) ou divorciado (a)

08. Qual sua escolaridade?

(anos de estudo com aprovação)

(1) Analfabeto

(2) 1-4 anos

(3) 5-8 anos

(4) 9-11 anos

(5) Acima de 11 anos

09. Rendimento mensal individual:

(1) Sem renda

(2) Menos de 1 salário mínimo (Até R$ 788,00)

(3) De 1-2 salários mínimos (De R$789,00 a

R$1.576,00)

(4) De 2-4 salários (De R$ 1.577,00 a R$ 3.152,00)

(5) Mais de 4 salários (Mais de R$ 3.153,00)

10. Raça

(1) Branca

(2) Preta

(3) Amarela

(4) Parda

(5) Indígena

11. Religião

(1) Católica Apostólica Romana (2) Evangélica (3) Espírita

(4) Outras: ___________________ (5) Sem religião ou sem declarar

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C) ESCALAS DE AVALIAÇÃO COGNITIVA

12. Mini-Exame do Estado Mental – MEEM

INSTRUÇÕES:

Fonte: FOLSTEIN, 1975.

Pontuação MEEM: _____

Classificação de comprometimento cognitivo segundo escolaridade

Analfabetos Igual ou abaixo de 13

Baixa e média escolaridade (1-8 anos) Igual ou abaixo de 18

Alta escolaridade Igual ou abaixo de 26

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Classificação final ( ) Ausência de comprometimento

cognitivo

( ) Presença de comprometimento

cognitivo

Fonte: BERTOLUCCI, 1994.

D) ESCALAS DE AVALIAÇÃO FUNCIONAL

13. Índice de Barthel

Pontuação

ALIMENTAÇÃO

0. Dependente. Necessita ser alimentado por outra pessoa.

5. Necessita de ajuda para cortar a carne, passar manteiga, porém, é

capaz de comer sozinho.

10. Independente. Capaz de comer por si só em tempo razoável (A

comida pode ser preparada por outra pessoa)

BANHO

0. Dependente. Necessita de algum tipo de ajuda ou supervisão.

5. Independente. Capaz de se lavar inteiro, de entrar e sair do banho sem

ajuda e de fazê-lo sem que outra pessoa supervisione.

HIGIENE PESSOAL

0. Dependente. Necessita alguma ajuda com o cuidado pessoal

5. Independente. Realiza todas atividades de higiene pessoal sem ajuda

(barbear, dentes, rosto, cabelo)

VESTIR-SE

0. Dependente. Necessita de alguma ajuda.

5. Necessita ajuda, mas consegue fazer uma parte sozinho.

10. Independente. Capaz de vestir-se e despir-se sem ajuda (incluindo

botões, zíper, laço, etc.).

INTESTINO

0. Incontinente (ou necessita de enemas). Mais de um episódio semanal

de incontinência.

5. Episódios ocasionais de incontinência (uma vez por semana).

10. Continente (não apresenta episódios de incontinência).

SISTEMA URINÁRIO

0. Incontinente ou cateterizado.

5. Episódios ocasionais de incontinência (máximo uma vez em 24 h).

10. Continente (por mais de 7 dias).

USO DO SANITÁRIO

0. Dependente.

5. Necessita ajuda parcial, mas consegue fazer algumas coisas sozinho.

10. Independente (senta-se, levanta-se, penteia-se, limpa-se, veste-se sem

ajuda).

TRANSFERÊNCIA (cadeira-cama e vice e versa)

0. Incapaz. Não tem equilíbrio para manter-se sentado.

5. Grande ajuda física (uma ou duas pessoas), consegue sentar-se.

10. Pouca ajuda (verbal ou física)

15. Independente (não necessita qualquer ajuda, mesmo que utilize

cadeira de rodas).

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Fonte: MAHONEY; BARTHEL, 1965.

Pontuação: _____

Classificação de funcionalidade

Dependência ( ) Menor que 90

Independência ( ) Igual ou maior que 90

E) AVALIAÇÃO DE HUMOR

14. Escala de Depressão Geriátrica – GDS (as perguntas não podem ser alteradas,

deve-se perguntar exatamente o que consta no instrumento)

INSTRUÇÕES: Para cada questão, escolha a opção que mais se assemelha ao que você

está sentindo nas últimas semanas.

1. Você está basicamente satisfeito com sua vida? Sim ( ) Não ( )

2. Você se aborrece com frequência? Sim ( ) Não ( )

3. Você se sente inútil nas atuais circunstâncias? Sim ( ) Não ( )

4. Você prefere ficar em casa a sair e fazer coisas novas? Sim ( ) Não ( )

5. Você sente que sua situação não tem saída? Sim ( ) Não ( )

6. Você tem medo que algum mal vá lhe acontecer? Sim ( ) Não ( )

7. Você acha que sua situação é sem esperanças? Sim ( ) Não ( )

8. Você acha maravilhoso estar vivo? Sim ( ) Não ( )

9. Você sente que sua vida está vazia? Sim ( ) Não ( )

10. Você sente que a maioria das pessoas da mesma idade

está melhor que você?

Sim ( ) Não ( )

11. Você se sente com mais problemas de memória do que a

maioria das outras pessoas?

Sim ( ) Não ( )

12. Você deixou muitos de seus interesses e atividades? Sim ( ) Não ( )

13. Você se sente de bom humor a maior parte do tempo? Sim ( ) Não ( )

14. Você se sente cheio de energia? Sim ( ) Não ( )

15. Você se sente feliz a maior parte do tempo? Sim ( ) Não ( )

TOTAL DAS RESPOSTAS EM NEGRITO GDS______

Fonte: YESAVAGE, 1983.

14. Classificação de depressão

Ausência de depressão ( ) Abaixo de 5

Depressão menor ( ) Entre 5-10

Depressão maior ( ) Acima de 10

MOBILIDADE (deambulação em superfícies planas)

0. Imóvel.

5. Independente na cadeira de rodas, incluindo os cantos.

10. Caminha com a ajuda (verbal ou física) de uma pessoa.

15. Independente (mas pode utilizar qualquer auxiliar da locomoção, ex:

bengala, muleta, andador).

ESCADAS

0. Incapaz.

5. Necessita ajuda (verbal ou física) ou supervisão.

10. Independente (Sobe/desce escadas com apoio do corrimão ou

dispositivos auxiliares da marcha, ex: bengala, muleta).

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F) SATISFAÇÃO COM A VIDA

15. Escala de satisfação com a vida

Encontra a seguir cinco afirmações com as quais pode concordar ou discordar. Utilizando a

escala de 1 a 7 abaixo indicada, refira o seu grau de acordo com cada item colocando o

número apropriado na linha que precede cada um deles. Procure ser sincero nas respostas que

vai dar. Eis a escala de 7 pontos:

1 – totalmente em desacordo

2 – em desacordo

3 – mais ou menos em desacordo

4 – nem de acordo nem em desacordo

5 – mais ou menos de acordo

6 – de acordo

7 – totalmente de acordo

1. Em muitos aspectos, a minha vida aproxima-se dos meus ideais. 1 2 3 4 5 6 7

2. As minhas condições de vida são excelentes. 1 2 3 4 5 6 7

3. Estou satisfeito com a minha vida. 1 2 3 4 5 6 7

4. Até agora, consegui obter aquilo que era importante na vida. 1 2 3 4 5 6 7

5. Se pudesse viver a minha vida de novo, não alteraria pratica- 1 2 3 4 5 6 7

mente nada.

Soma: _______

15. Classificação de satisfação com a vida

Satisfeito com a vida ( ) Entre 30-35 : muito satisfeito

( ) Entre 25-29: alta pontuação para satisfação

( ) Entre 20-24: pontuação média para satisfação

Insatisfeito com a vida ( ) Entre 15-19: abaixo da média para satisfação

( ) Entre 10-14: insatisfeito

( ) Entre 5-9 : muito insatisfeito

Fonte: DIENER et al., 1985.

G) ENGAJAMENTO COM A VIDA (ITEM 16)

- Atividades produtivas:

Durante a última semana você realizou algum trabalho remunerado ou qualquer trabalho

voluntário? ( ) Sim ( ) Não

- Conexões sociais:

Você é casado(a) ou possui algum companheiro (a) ? ( ) Sim ( ) Não

Você mora em companhia com um parente ou amigo? ( ) Sim ( ) Não

Você participa de alguma celebração religiosa rotineira? ( ) Sim ( ) Não

16. Classificação engajamento com a vida

Respondeu pelo menos 1 SIM ( ) Presente

Todas as respostas NÃO ( ) Ausente

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H) APOIO SOCIAL

17. Avaliação do apoio social - Escala Breve de Redes Sociais de Lubben

FAMÍLIA: Considerando as pessoas de quem é familiar por nascimento, casamento,

adoção, etc…

1. Quantos familiares vê ou fala pelo menos uma vez por mês?

[ ] 0 Nenhum [ ] 1 Um [ ] 2 Dois [ ] 3 Três ou quatro

[ ] 4 Cinco a oito [ ] 5 Nove ou mais

2. De quantos familiares se sente próximo de tal forma que possa ligar-lhes para

pedir ajuda?

[ ] 0 Nenhum [ ] 1 Um [ ] 2 Dois [ ] 3 Três ou quatro

[ ] 4 Cinco a oito [ ] 5 Nove ou mais

3. Com quantos familiares se sente à vontade para falar sobre assuntos pessoais?

[ ] 0 Nenhum [ ] 1 Um [ ] 2 Dois [ ] 3 Três ou quatro

[ ] 4 Cinco a oito [ ] 5 Nove ou mais

AMIGOS: Considerando todos os seus amigos, incluindo aqueles que vivem na sua

vizinhança…

1. Quantos amigos vê ou fala pelo menos uma vez por mês?

[ ] 0 Nenhum [ ] 1 Um [ ] 2 Dois [ ] 3 Três ou quatro

[ ] 4 Cinco a oito [ ] 5 Nove ou mais

2. De quantos amigos se sente próximo de tal forma que possa ligar-lhes a pedir

ajuda?

[ ] 0 Nenhum [ ] 1 Um [ ] 2 Dois [ ] 3 Três ou quatro

[ ] 4 Cinco a oito [ ] 5 Nove ou mais

3. Com quantos amigos se sente à vontade para falar sobre assuntos pessoais?

[ ] 0 Nenhum [ ] 1 Um [ ] 2 Dois [ ] 3 Três ou quatro

[ ] 4 Cinco a oito [ ] 5 Nove ou mais

Pontuação final : ______

Fonte: RIBEIRO, 2012

17. Classificação apoio social

Boa rede de apoio social ( ) Maior ou igual a 12

Rede de apoio insuficiente – risco de

isolamento social

( ) Abaixo de 12

I) AUTO AVALIAÇÃO

18. Avaliação de saúde auto-percebida:

O (a) senhor (a) diria que sua saúde é:

(1) Excelente (2) Muito boa (3) Boa

(4) Regular (5) Ruim

18. Classificação de saúde auto-percebida

( ) Boa ( 1 – 2 – 3 )

( ) Não satisfatória ( 4 – 5 )

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19. Auto-definição de envelhecimento bem-sucedido: No momento o senhor (a) acredita que está envelhecendo com sucesso? ou envelhecendo bem?”

(1) Sim

(2) Não

J) REVISÃO PRONTUÁRIOS A CERCA DE CO-MORBIDADES

20. Avaliação de doença crônica

HAS (0) Ausente

(1) Presente

DM (0) Ausente

(1) Presente

Doenças cardiovasculares (0) Ausente

(1) Presente

Osteoporose (0) Ausente

(1) Presente

Osteoartose (0) Ausente

(1) Presente

Doenças neurológicas (0) Ausente

(1) Presente

Doenças respiratórias (1) Ausente

(2) Presente

Neoplasia (1) Ausente

(2) Presente

Classificação de doenças crônicas

( ) Presente (lembrar de pontuar depressão se presente)

( ) Ausente

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ANEXO A - PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA

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ANEXO B - CARTA DE ANUÊNCIA