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Economia Clube de Permuta completa 5 anos com mais de 300 empresas associadas em seis cidades e 55 milhões de reais de negócios gerados da troca www.revistaviverbrasil.com.br Leonardo Bortoletto e Daniela Brandão: rede intrincada M ENTREVISTA RODRIGO PACHECO, PRESIDENTE DA CCJ: “APROVAR A REFORMA NÃO É MISSÃO FÁCIL” ARTIGO PCO REFORMAS NÃO PODEM SUBIR NO PALANQUE para você!

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Economia

Clube de Permuta completa 5 anos com mais de 300 empresas associadas em seis cidades e

55 milhões de reais de negócios gerados

da troca

www.revistaviverbrasil.com.br

Leonardo Bortoletto

e Daniela Brandão: rede

intrincada

M

ENTREVISTA RODRIGO PACHECO, PRESIDENTE DA CCJ: “APROVAR A REFORMA NÃO É MISSÃO FÁCIL”

ARTIGO PCO REFORMAS NÃO PODEM SUBIR NO PALANQUE

para você!

Rua Brás Melilo, 91Vila Nova Conceição - SPTel.: 11 3063.0572 www.biadoria.com.br

BAILARINA DA NATUREZA

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Editorial CONEXÃO EM PAUTA

A segunda edição de maio da revista Viver Brasil é a pe-núltima antes da realização do Conexão Empresarial, maior evento de fomento ao setor produtivo realizado em Minas Gerais, a se realizar entre os dias 8 e 11 de junho, em Tiradentes. Pelo oitavo ano consecutivo, a VB provoca a boa discussão sobre o momento reunindo, no mesmo ambiente, representan-tes dos mais diversos setores da economia e uma série de líderes políticos que representam Mi-nas e Brasil de hoje.

Não adianta fugir nem cor-rer, quem responde pelo país ou a administração pública são os eleitos pelo voto em 2014 e 2016. São esses os responsá-veis pelas mudanças que tanto precisamos. Sendo os donos da bola que vão mudar as regras, só ter um mínimo de imaginação para supor o que vai dar. Nessa direção, o evento se torna ainda mais imprescindível para sentir as expectativas e as realidades de cada setor.

Nos últimos dias o Brasil tem entra-do em estado de

choque cada vez maior com as descobertas e o tamanho dos assaltos cometidos por agentes públicos e privados. Impressio-nante! É bilhão pra cá, bilhões pra lá que ninguém fala mais em roubo de milhares ou milhões. A turma está em outro patamar.

As estratégias são tão ricas e camufladas, se fosse feito com Sazon e dentro das regras, iria ter sucesso certo. Como o siste-ma é sujo e cada dia mais visível, a tendência é passar por um refinamento de práticas e mais inteligência nos desvios. Caso contrário, todo mundo preso ou com o rabo preso.

Deus queira que esse ce-nário seja diferente e que, por algum milagre divino, as coisas possam realmente mudar. Por mais que transformações pro-fundas sejam impossíveis no curto prazo, outras práticas me-nos abusivas e sacanas podem surgir. Mas só vão acontecer com muita pressão, gente nas ruas e nas redes sociais. Como tem dado os sinais positivos da Lava Jato. Nas páginas a seguir, mais uma edição cheia de infor-mações pra você. Até a próxima!

Viver Brasil é uma publicação da VB Editora e Comunicação Ltda. São Paulo: rua Joaquim Floriano, 397 - 2º andar - Itaim Bibi CEP: 04534-011 – Tel.: (11) 2127-0000/ 3198-3695

Minas Gerais: rodovia MG–030, 8.625, torre 2, nível 4, Vale do Sereno, Nova Lima, MG – CEP: 34000-000 – (31) 3503-8888 - www.revistaviverbrasil.com.br

Tiragem quinzenal 50.000 exemplares

Diretor-geral Paulo Cesar de OliveiraDiretor Gustavo Cesar Oliveira

Editora-geral Maria Eugênia Lages

Redação Eliane Hardy, Fernando Torres, Lucas Rocha e Miriam Gomes Chalfi n

Repórteres colaboradores Flávio Penna e Sueli Cotta

Equipe de arte Adroaldo Leal, Gilberto Silva, Luciano Cabral e Samuel Matos

Revisão Maria Ignez Villela

EstagiáriosGuilherme Aroeira e Maíra Leni

Articulistas Hermógenes Ladeira, José Martins de Godoy, Olavo Machado, Paulo Paiva e Wagner Gomes

Fotografi a Agência i7

Analista comercial Sumaya Mayrink

Departamento comercial (MG) (31) [email protected]

Impressão Log&Print Gráfi ca e Logística S.A.

[email protected]

Gustavo Cesar Oliveira, diretor

gustavocesaroliveira gco_brasil

VIVER Entre....

16 Entrevista

22 Economia

24 Conjuntura

28 Capa

34 Memória

36 Veículos

42 Viver Minas

46 Saúde

52 Turismo

62 Eventos

= COLUNAS12 Coluna do PCO

14 Entre Aspas

40 Semi & Novos

49 Viver Melhor

50 Cantinho do Chef

58 Zoom

= ARTICULISTAS20 Paulo Cesar de Oliveira

26 José Martins de Godoy

32 Sérgio Murilo Braga

66 Hermógenes Ladeira

Nº 197 - 19 de maio de 2017 Foto Capa Pedro Vilela/Agência i7

[email protected]

VIVER Maio 19 - 2017

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esign.com.br

Fale Conosco

Mães empoderadasA reportagem ficou maravilhosa! A repórter Miriam Gomes Chalfin deu uma grande colaboração para as mulheres que buscam um parto humanizado. Eu e meus filhos ficamos muito orgulhosos de estar na capa. Os meninos estão se divertindo! Muito obrigada.

GABI SALLIT

Muito sensível e emocionante a matéria sobre parto humanizado. Adorei conhecer as histórias dessas mulheres empoderadas que lutaram para ter seus filhos da forma mais natural possível. Que muitas outras mulheres se sintam motivadas a viver essa experiência maravilhosa!

LUIZA DE BARROS ALCÂNTARA

Pronto para o diálogoBom conhecer um pouco do trabalho do deputado Newton Cardoso Jr. e saber como as coisas acontecem no Congresso. Espero que ele seja feliz com o texto do Refis e que mudanças cheguem a tempo de salvar o país desta grande crise.

HUMBERTO DE SOUZA PIRES

Inovar e mudar sempreMuito legal a matéria sobre inovação na moda, do repórter Lucas Rocha. Fiquei curiosa em conhecer os produtos veganos criados pela designer Luisa Jordá. O mercado precisa de novas ideias, tanto para quem faz, quanto para quem consome.

ANA MARTA PESSOA RAMOS

Fora do quadradoMaravilhoso o editorial de moda da revista Viver Fashion, com as tendências para o próximo verão. Produção e fotos de arrepiar. Parabéns!

JÚLIA GARCIA DE PAULA

Prontos para voarAdorei a matéria com os destaques do concurso Ready to go. Muito bom ver o talento desses jovens e saber o que pensam sobre moda.

PAULO LUIZ ALMEIDA PASSOS

Que legal saber o que esses talentosos criadores pensam sobre moda e criatividade! Gostei de ver os modelos

Rodovia MG–030, 8.625, torre 2, nível 4, Vale do Sereno, Nova Lima, MG CEP: 34000-000

E-mail: [email protected]

Poderosas

Parto em casa, na banheira... Mulheres que tiveram assistência humanizada falam sobre a experiência transformadora

mãeswww.revistaviverbrasil.com.br

Gabriella Sallit com Francisco, João

M

para você!

ENTREVISTA NEWTON CARDOSO JR., DEPUTADO FEDERAL:“A REFORMA TRABALHISTA FOI UM PASSEIO”

ARTIGO PCO ‘MÃE DAS REFORMAS’ FICA PARA TRÁS

Para anunciar: Tel.: (31) 3503-8888 Fax: (31) 3503-8888Releases: [email protected]: Tel: (31) 3503-8860

Comentários sobre o conteúdo editorial da Viver Brasil, sugestões e críticas a matérias. Cartas e mensagens devem trazer o nome completo e o endereço. Além do nome do autor, o e-mail também poderá ser publicado. Por razões de espaço ou clareza, os textos poderão ser publicados resumidamente

criados por eles, que saem totalmente do comum. A moda tem que se renovar sempre. Parabéns e sucesso a todos!

VIRGÍNIA LOURENÇO PIRES

ZoomEsta coluna é a seção de que mais gosto na revista. Sempre traz novidades, pessoas om boas ideias, iniciativas diferentes. Acho que é um estímulo a todos nós!

SÔNIA DE PAULA CAMPOS

Que legal a iniciativa da Confraria Feminina de Cerveja, divulgada na coluna Zoom. De fato, as mulheres entendem bastante da bebida, colocam a mão na massa e sabem conversar sobre o assunto.

APOLO MELLO GARCIA

Viver on-line

CANÇÕES DE SUCESSO - Com grandes sucessos do samba, Diogo Nogueira se apresenta dia 27, às 21h, no Grande Teatro Teatro do Palácio das Artes. In-gressos: R$ 55 a R$ 110. Informações: (31) 4003-1212.

XUCHÁ - Os fãs da eterna rainha dos baixinhos já podem comemorar. No dia 27, a capital mineira recebe a loira no BH Hall. A apresentação faz parte da turnê O retorno de Dengue, Praga e as

Paquitas, que resgata ícones que mar-caram a infância de muitos belo-hori-zontinos. Ingressos: R$ 60 a R$ 400. Informações: (31) 3209-8989.

VISÃO MINEIRA - A exposição Guignard e a paisagem mineira – O antes e o de-pois estará em cartaz até 11 de junho, na Galeria de Arte do Centro Cultural Mi-nas Tênis Clube. De terça a sábado, das 10 às 20h. A entrada é franca. Informa-ções: (31) 3516-1027.

PASSEIO CULTURAL

Quer saber as novidades que rolam no mundo da moda e da beleza e o que será forte na próxima estação? Siga o Instagram da revista Viver Fashion e saia por aí esbanjando estilo e bom gosto!

Siga a Viver no Instagram, (@viverbrasilrevista) e no Facebook (facebook.com/revistaviverbrasil) e fi que por dentro das novidades.

ACESSADAS

1. Pronto para o diálogo

2. Zoom

3. Mães empoderadas

@revistaviverfashion

Cachoeira Boa Vista, em Ipoema (MG)ENVIADA POR: LUISA LIMA

É a sua vez de mostrar que tem faro jornalístico. Fo to grafou uma cena inusitada? Saiba como participar em nosso site www.revistaviverbrasil.com.br

Confira a programação completa em www.tudobh.com.br

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A recente declaração do ex-presidente Fernando Henrique de que o apresentador Luciano Huck seria um nome na polí-tica não repercutiu bem, saindo alguns comentários de que estaria gagá. Piorou quando quis confundir a opinião pública falando de Huck como novo, ao lado do prefeito de SP, João Doria Jr., que está se tornando o grande nome para 2018. Para quem não se lembra, FHC foi contrário à candidatura

de João Doria, pois defendia a candidatura de Andrea Matarazzo, que acabou saindo do PSDB. E João ganhou no primeiro turno pela primeira vez na história.

VIVER Maio 19 - 201712

Fernando Henrique está gagá

Macron, mais novo da história

Agora Emmanuel Macron foi eleito presidente da França aos 39 anos de idade. Como tem uma mulher 24 anos mais velha que ele, pode ser que ela consiga estancar os desejos alucinados que o presidente Macron venha ter. Não seria surpresa se Macron quisesse atropelar o Congresso e pensasse em ter mais quatro anos.

Jovens que se deram mal No Brasil tem dois presidentes

que deram muito trabalho ao país pela idade com que assumiram a presidência. De um lado, o udenista Jânio Quadros, e do outro, um pessedista, o ex-governador de Alagoas Fernando Collor, que tinham pouco mais de 40 anos. Jânio queria poder absoluto e renunciou com seis meses achando que o Congresso não aceitasse a renúncia e fi zesse ele voltar com todos os poderes. Collor achou que podia governar sem o Congresso e podia roubar à vontade; ganhou um golpe branco e renunciou para não ser cassado.

Cadê a militância? Fora do governo, o número de

militantes que acompanham o PT está minguando cada vez. Nem os encontros promovidos pelo partido para fortalecer a imagem do ex-presidente Lula têm atraído a militância. O depoimento de Lula em Curitiba foi uma prova disso. A CUT e o MST falaram em colocar 50 mil pessoas na cidade, mas pouco mais de 5 mil foram atraídas para a manifestação e todas ligadas aos movimentos sociais.

POR PAULO CESAR DE OLIVEIRA

O atual presidente do Atlético, Daniel Nepomu-ceno, vai disputar a reeleição e as suas chan-ces são absolutas para um segundo mandato. Além da boa administração, inclusive com as fi nanças do clube, o bom desempenho do time é fator que vai levar Nepomuceno à reeleição.

Reeleição no Atlético

Master Turismo no show do U2A Master Turismo terá camarote nos dois shows do U2 no estádio do Morumbi, em São Paulo. As apresen-tações, nos dias 19 e 22 de outubro, celebram o 30º aniversário do lançamento do álbum The Joshua Tree. Ao todo, serão 800 m², com localização privilegiada, open bar e food, Dj e banda, que vai tocar antes e após o show. “O camarote Master é uma oportunidade para as empresas levarem seus clientes, parceiros e/ou fun-cionários numa experiência diferenciada e especial”, destaca Fernando Dias, presidente do Grupo Master.

Tião Mourão

Renato Araújo/ABr

Gilberto Silva

A primeira dama de São Paulo, a artista Bia Doria, que busca na natureza a matéria-prima de seu trabalho, vai expor suas esculturas na Basílica Papal de São Paulo Fora da Muralha (Basilica Papale di San Paolo Fuori le Mura), em Roma. A mostra, sob a curadoria de Livia Bucci, da Galeria Spazio Surreale, foi aberta no dia 15 de maio e segue em cartaz até 15 de junho.

Desde que o nome do empresário Alberto Salum foi citado como nome provável defendido pelo pre-sidente da Fiemg, Olavo Machado Jr., para suce-dê-lo, o assunto começou a ganhar espaço entre os empresários mineiros. Salum foi presidente do Sindicato da Construção Pesada (Sicepot-MG) e é presidente dos conselhos de Meio Ambiente e In-fraestrutura da Fiemg. Para Salum, quando se faz parte de um grupo, o importante é prestar um bom

serviço e apoiar o presidente, e é isso que ele faz em relação a Olavo Ma-chado. O importante é fazer com que a entidade seja forte.

Reconduzido para mais um mandato à frente da Sia-mig, o empresário Mário Campos tem pela frente con-tinuar com o processo de modernização e adequação do setor ao mercado brasileiro e internacional. Mário Campos entende que as empresas precisam estar preparadas para as mudanças globais, já que o setor possui uma agenda ampla, que precisa ser explorada. O mundo precisa do açúcar do Brasil, o país precisa do setor sucroenergético e o dilema é que o setor sucroenergético não tem recursos para aumentar a produção de cana.

Angela Gutierrez criou um coral com crianças de Ouro Preto, entre os programas de extensão cultural do Museu do Oratório. No dia 20 de maio, os jovens ouro-pretanos se apresentam no Mu-seu de Sant’Ana, em Tiradentes, outra iniciati-va marcante de Angela Gutierrez. Será no largo aberto ao lado do prédio da cadeia colonial da cidade, como parte integrante do conjunto ar-quitetônico criado pelo museu.

VIVER Maio 19 - 2017 13

Dilemas do setor sucroenergético

Coral

Licitação no BB Segue a novela de apuração da

denúncia de favorecimento, pelo BB, à Multi Solution no processo de licitação, que garantiria o seu acesso ao contrato de 500 milhões de reais por ano. Fala-se que a empresa favorita do BB recebeu notas maiores do que duas concorrentes que, segundo os próprios julgadores, apresentaram as mesmas falhas que ela nas propostas de negócio que fizeram ao gigante estatal. Parece que o presidente do BB vai ser colocado na frigideira.

Slogan para 2018 Lula segue repetindo Lula na

sua costumeira estratégia de contradizer os fatos. Não cola mais. O político que mais angariou a simpatia do povão nos tempos modernos, após se meter em um cenário de falcatruas, agora dá-se ao luxo de não mais precisar de marqueteiros ao cunhar o slogan de sua próxima campanha eleitoral, e sem meias palavras vai estimulando seus fiéis seguidores a cantar: “Lula, ladrão, roubou meu coração”.

Livro de Simone A psicoterapeuta Simone

Demolinari lançou seu novo livro Verdade oculta – Vida íntima das emoções, pela editora Letramento, dia 18 de maio, no Pátio Savassi. Simone, que é mestra em anomalia comportamental, fala de assuntos inerentes à existência humana como paixão, ciúme, mentira, inveja, traição, consumismo e depressão.

Bia Doria expõe em Roma

Eleição na Fiemg

Colaboração: Ana Cortez, Eliane Hardy, Flávio Penna e Sueli Cotta

Divulgação

Pedro Vilela/Agência i7

Pedro Vilela/Agência i7

Rafael Pereira

O rombo no orçamento da União de 139 bilhões de reais tem praticamente paralisado as obras e os investimentos no país. Só no Ministério dos Transpor-tes, no primeiro trimestre, o volume de recursos caiu 2,4 bilhões de reais em relação a igual período do ano passado. Em 2016, a pasta havia investido, até abril, 5,1 bilhões de reais e, neste ano, foram 2,7 bilhõess. Só no Ministério da Defesa, o corte foi de 73%, enquanto no Ministério das Cidades, os investimentos caíram 60%. Com a dificuldade enfrenta-da pelo governo em retomar os rumos da economia, as previsões de investimentos vão ficando para depois. Pelo menos 1,6 mil obras estão paradas e, apesar das promessas, o governo não conseguiu retomá-las.

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Fotos: divulgação PMDB/MG

Tião Mourão

Divulgação

Entre Aspas

Desde que deixou claro seu interesse em assumir o governo de Minas, o vice-governador Antônio Andrade (PMDB) foi isolado. Esse dis-tanciamento com o PT o deixa praticamente fora do governo, como tem dito a seus aliados. E a bri-ga está longe de terminar. Andrade, que também é presidente do diretório estadual do PMDB, pode estender seu mandato se a direção nacional do partido decidir pela continuidade de Romero Jucá no cargo. Se isso acontecer, a aliança entre PT e PMDB nas eleições do ano que vem dificilmen-te irá se repetir. A bancada estadual, que apoia Fernando Pimentel, quer reverter a situação e tra-balha pela aliança. Mas, até lá, outros obstáculos também terão que ser transpostos.

O presidente da Fiemg, Olavo Ma-chado Jr., tem aproveitado os even-tos de que participa para defender a convocação de nova Constituinte. O argumento é de que, passadas três décadas, a Constituição de 1988 acar-retou aumento excessivo da carga tributária. Na época da promulga-ção, havia expectativa de que o país cresceria muito e haveria recursos de sobra para pagar benefícios. Não foi o que ocorreu. O desenvolvimento não veio na velocidade desejada, a conta chegou e tem de ser paga. Para ele, a inadequação da Constituição “é escancarada pela quantidade de ‘pu-xadinhos’ que abrigou ao longo dos últimos 29 anos. Desde que foi pro-mulgada, já recebeu 95 emendas”.

Para marcar o início de sua gestão à frente da Associação Mineira dos Mu-nicípios, o prefeito de Moema, Julvan Lacerda (PMDB), pretende levar pelo menos 200 prefeitos para a 20ª Marcha, convocada pela Confederação Nacional dos Municípios em Brasília. A pauta de reivindicações tem dez itens conside-rados prioritários, como o veto ao Im-posto Sobre Serviços (ISS), as reformas previdenciária e tributária e emendas ao Fundo de Participação dos Municípios. Julvan pretende se reunir com a bancada federal mineira e com os três senadores que representam o estado para pedir apoio a essas reivindicações.

A ESTRATÉGIA DO VICE

CONSTITUINTE JÁ

MARCHA POR APOIO

VIVER Maio 19 - 2017

POR SUELI COTTA | [email protected]

“Um político deve saber que o povo só quer a verdade”

(Mário Covas)

ECONOMIA PARADA

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A bancada federal mineira reclama da falta de um representante do estado no governo Temer. Fez e faz pressão e ainda não se conforma em ficar de fora do primeiro escalão. Mas teve o apoio do governo na indicação do deputado federal Rodrigo Pacheco (PMDB) para assumir a Comissão de Constituição e Justiça, uma das mais importantes da Câmara dos Deputados e por onde passam praticamente todos os projetos que tramitam no Congresso Nacional. E é nesta função que o parlamentar mineiro tem mostrado porque foi escolhido pela bancada para o Ministério da Justiça. O seu trabalho tem sido elogiado até pela oposição. O episódio com o governo foi superado, segundo Pacheco, que acredita que a base do presidente Michel Temer é forte, mesmo que nem sempre ela siga a orientação do governo.

Como presidente de uma das principais comissões da Câmara federal, a de Constituição e Justiça, o senhor tem sido muito assediado, inclusive por políticos e empresários mineiros. O senhor é muito pressionado?A presidência da Comissão de Constituição e Justiça acaba por exigir uma participação efetiva

Postura de escutar

Entrevista Rodrigo PachecoNo comando da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara federal, o deputado trabalha para unir o PMDB, diz que base do governo não está enfraquecida e defende cautela com relação à reforma da Previdência

SUELI COTTA

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Fotos: Rodrigo Lima

em diversos temas. Tem sido muito natural receber o contato, a visita e telefonemas de diversos segmentos, inclusive da política. Tenho recebido a classe política de modo geral. Aumentaram consideravelmente os contatos e esse relacionamento em razão da CCJ.

A bancada mineira estava defendendo o nome do senhor para o Ministério da Justiça, o que acabou não acontecendo. Esse fato azedou o relacionamento da bancada com o presidente Michel Temer?Absolutamente, não. Isso não gerou qualquer tipo de ranhura ou desgaste na relação com o governo. Eu compreendi a prerrogativa pessoal do presidente na escolha do ministro. Isso para mim é um fato superado, como é também para o presidente da República, com quem eu já me encontrei várias vezes depois desse acontecimento.

O presidente Temer tem dificuldade em garantir os votos necessários para a reforma da Previdência e muitos deputados da base, inclusive do PMDB, não acompanham o governo. Onde o governo está falhando com a sua base?Eu me considero da base do governo naquilo que for de interesse do país. Naquilo que não concordar, tenho liberdade para votar contra o governo. Não acho que esteja havendo algum tipo de falha por parte do governo porque essa matéria especificamente, que é a reforma da Previdência, acaba por gerar muita polêmica porque é uma reforma muito impactante e, por mais que o governo tenha uma base consolidada, em razão da natureza da matéria, haverá pontos de vista diversos e isso precisa ser construído com diálogo dentro da Câmara. Acredito que agora, encerrada a votação na

Comissão Especial da PEC que discute a reforma da Previdência, a base vai se articular para chegar a um bom termo. Não considero que a base esteja enfraquecida, até porque o governo aprovou matérias importantes nos últimos meses. Foram matérias de interesse do país. A resistência precisa ser identificada, quem vai votar sim, quem vai votar não e, no momento da votação, se chegar a uma conclusão. O discurso agora é o de uns são contra, outros a favor, outros dizem que precisam refletir, que é preciso melhorar o texto para votar a favor. Não considero que a base esteja enfraquecida porque o presidente conseguiu aprovar a PEC do Teto dos Gastos Públicos, conseguiu aprovar a terceirização, a reforma trabalhista com uma maioria muito significativa, muito além do que era necessário, e agora vem esta prova de fogo com a votação da reforma da Previdência. Nós vamos identificar se a base está realmente forte ou não nesta votação da reforma da Previdência.

O senhor acredita na aprovação da reforma da Previdência?Em relação à reforma da Previdência, eu quero fazer um estudo a respeito do relatório votado na Comissão Especial. Mas hoje não é missão fácil a aprovação da reforma da Previdência. Não porque a base esteja enfraquecida. Por mais que a base queira contribuir com o governo, o tema é espinhoso e recomenda cuidados. É preciso ter muita cautela, examinar os pormenores dessa PEC para entender se ela deve ou não ser aprovada. Se você me perguntar se acredito ou não na aprovação, não vou responder porque é preciso uma reflexão sobre o conteúdo da proposta.

Entrevista

Rodrigo Pacheco

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“Eu me considero da base do governo

naquilo que for de interesse do país. Naquilo que não

concordar, tenho liberdade para votar

contra o governo”

VIVER Maio 19 - 2017

O senhor está sendo muito pressionado em relação a essa votação?Recebo tantos pedidos para aprovação quanto para rejeição da reforma da Previdência. Muitas pessoas me pedem para votar a favor, com a compreensão de que, se não houver uma reforma da Previdência, o país vai quebrar, vai acabar levando o Brasil junto e muita gente, em razão do interesse próprio e isso é legítimo, especialmente os servidores públicos, que são contra a aprovação da PEC. Tenho recebido sugestões, pedidos dos mais variados tipos, tanto para sim, quanto para não. Não me sinto pressionado, em absoluto, até porque a minha postura é a de ouvir sempre e dialogar, de decidir de acordo com o que a minha consciência recomenda e aquilo que eu compreendo que seja o melhor e mais necessário para o país. E é isso que vai pautar a minha decisão em relação à reforma da Previdência.

Praticamente todos os projetos, inclusive os mais polêmicos, passam pela Comissão de Constituição e Justiça. Como o senhor está conduzindo as discussões?Nós temos 6 mil projetos de lei e proposta de emenda constitucional. Nós temos trabalhado muito. A CCJ é a única comissão da casa que tem três reuniões por semana, nas terças, quartas e quintas-feiras. Nós temos imprimido um ritmo muito acelerado de votações. Obviamente que existem os mais polêmicos, como a PEC 282 do Senado, sobre a reforma política, que determina o fim das coligações e trata da cláusula de barreira, que trata do desempenho dos partidos. Nós estamos aguardando a chegada do projeto que trata do fim do foro privilegiado por prerrogativa

de função, que é um tema muito polêmico no Brasil, também tem o projeto de abuso de autoridade votado no Senado. As reformas da Previdência e tributária também passam pela comissão e, na realidade, todos os temas passam pela CCJ. Isso faz dela a comissão mais importante da Câmara dos Deputados e, por isso, temos que ter tanta responsabilidade na condução dos trabalhos, e é o que temos tido, inclusive com a adesão dos deputados no plenário, seja os deputados da esquerda ou vinculados à direita, temos tido um ambiente muito produtivo de discussão.

O PMDB em Minas Gerais está dividido. A bancada estadual apoia o governador Fernando Pimentel (PT) e o vice-governador Antônio Andrade (PMDB) tem dito que está cada vez mais distante do governo. Como a bancada federal se posiciona nesse processo?O PMDB é um partido muito grande, é o maior partido em Minas e, entre os PMDBs, o de Minas é o maior do Brasil. O partido tem uma importância muito significativa e, entre os 167 prefeitos, 118 vice-prefeitos, 1.080 vereadores, 13 deputados estaduais, seis federais, um senador e um vice-governador, é natural que um partido desse tamanho tenha divergências ideológicas e políticas. Nós não podemos potencializar essas divergências a ponto de virar um acirramento e desunião no partido. Tenho absoluta convicção de que o partido, em 2018, no ano das eleições, estará unido dentro do propósito de lançamento de candidatura própria ao governo do estado, com uma chapa muito forte para deputado federal e deputado estadual. Não tenho dúvida acerca da união do PMDB e de agregar outras lideranças, outras forças partidárias no

Entrevista

Rodrigo Pacheco

18

“Minha postura é a de ouvir sempre e dialogar, de decidir de acordo com o que a minha consciência recomenda”

VIVER Maio 19 - 2017

projeto comum de candidatura própria ao governo do estado. Essa é a minha pretensão, é para isso que trabalho, para unir o PMDB. Essas divergências não podem ser potencializadas para além do que é efetivamente a razão de ser delas. São divergências momentâneas.

Em 2018, o senhor acredita que o PMDB vai se descolar do PT e vai lançar candidatura própria?Não necessariamente. Isso tem que ser indagado, inclusive, com os deputados estaduais, que formam a base de governo. No momento oportuno, quando se fizerem as articulações políticas, é preciso ter a postura de que o partido terá candidatura própria e isso, não necessariamente, se conflitará com o governo atual. Vai depender do cenário do ano que vem. Nós temos que estabelecer como tese principal, que é o pensamento da maioria no PMDB de Minas Gerais, a de candidatura própria, com uma chapa forte de deputados federais e estaduais, agregando todos aqueles com afinidade ideológica, com o propósito comum em um projeto único.

Isso passa pela definição da presidência do partido em Minas. Como está esse processo?A presidência do partido tem que ser definida primeiro no âmbito nacional do PMDB. A executiva nacional tem que decidir se prorrogará o mandato dos atuais mandatários dos partidos nos estados ou se haverá eleição. Tanto uma, quanto outra solução, por mim será respeitada. Nós temos que aguardar a decisão da executiva nacional para decidir isso. Se prorrogar o mandato da executiva nacional, o mandato das executivas estaduais também será prorrogado. Se houver eleição este ano, então vamos inclusive com a

possibilidade de ter chapa única, porque o PMDB se une nas dificuldades.

O que se percebe é que existe um PMDB em Minas que apoia o governador Fernando Pimentel e outro, liderado pelos deputados federais, que está fechado com o vice-governador Antônio Andrade. É esse o PMDB mineiro?Eu repito que existem divergências momentâneas, que devem ser respeitadas. Existe um PMDB que constitui base do governo do estado, que está na Assembleia Legislativa, tem o PMDB que é da base do presidente Michel Temer. Michel Temer e Fernando Pimentel são antagônicos. Esse PMDB, por mais divergências que possa ter, tem que se respeitar e é esse respeito recíproco que constitui a alma do PMDB. O PMDB dos deputados estaduais faz parte da base do governador Fernando Pimentel, o PMDB dos deputados federais é da base de apoio do presidente Michel Temer.

O clima no país continua muito tenso e parece estar dividido entre os que apoiam o ex-presidente Lula e os que são a favor da Lava Jato e do juiz federal Sergio Moro. Como o senhor analisa este cenário?Considero que a Lava Jato está cumprindo um papel fundamental de passar o país a limpo. É uma operação policial que tem seus próprios controles judiciais. A interferência política na Lava Jato deve ser mínima ou nenhuma. Quero acreditar que não haverá interferência política na Lava Jato, muito embora ela atinja a classe política, mas isso é algo inevitável e deve continuar, obviamente, respeitando os limites de toda e qualquer operação policial e de toda e qualquer decisão judicial. Os limites estão na Constituição federal e na lei.

Entrevista

Rodrigo Pacheco

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“A Lava Jato está cumprindo um papel

fundamental de passar o país a limpo. É uma operação policial que

tem seus próprios controles judiciais”

VIVER Maio 19 - 2017

Fotos: Rodrigo Lima

VIVER Maio 19 - 2017

Reforma da PrevidênciaDeficitário ou superavitário? Esse tem sido o eixo prin-

cipal da discussão em torno da reforma previdenciária. Os números que sustentam os dois enunciados são tão distan-tes, que tornam esta discussão sem sustentação, quase um bate-boca de botequim.

Quem tem sustentado o discurso do superávit são, curiosamente, os grupos que mais se beneficiam das altas aposentadorias. Garantem que, ao contrário do que diz o governo, há dinheiro de sobra no sistema, tanto que o governo lança mão de parte dele para cobrir despesas de outros setores. Apelam para o velho e surrado discurso de que fariam melhor os governantes se fossem atrás de sonegadores, se cortassem os subsídios setoriais que re-duzem impostos sobre a folha de pagamento e reafirmam o jurássico discurso de sobretaxar fortunas como forma de assegurar mais recursos para a Previdência Social. Por fim, fechando a inconsistência demagógica de sua oposi-ção, a velha cantilena de que as mudanças em discussão penalizam os mais pobres e asseguram vantagem dos mais ricos. Comportamento típico de quem flatula no eleva-dor e olha para quem está a seu lado tentando imputar- lhe a culpa pelo incômodo.

Na outra ponta, o governo, que sustenta a existência de um enorme déficit que supera os 150 bilhões de reais no Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e outros tantos bilhões no regime próprio, que cobre a aposentadoria e pensão dos servidores públicos. Só para se ter uma visão da distorção entre os gastos de um regime e outro, levanta-mento realizado pelo jornal Estado de S. Paulo no ano pas-sado mostrou que a União gastava, anualmente, 164 mi-lhões de reais para pagar 1.170 aposentadorias e pensões para ex-deputados federais, ex-senadores e dependentes de ex-congressistas, valor equivalente ao despendido para bancar a aposentadoria de 6.780 pessoas com o benefício

médio do INSS, de 1.862 reais. A aposentadoria média de um ex-parlamentar, levando em conta também os que se aposentam proporcionalmente, é de 14.100 reais. Isso tal-vez explique a histeria com que grupos de parlamentares e servidores combatem a reforma.

Os números mostram que reformas são inevitáveis e, quanto mais rápidas vierem, melhor para o país. Pode haver certo exagero do governo em apontar que ou é a re-forma ou é o fim do mundo. Não chega a tanto. Até porque a reforma não resolve de imediato o déficit, mas assegura uma fonte para garantir um fluxo de gastos constante com a aposentadoria. Gasto este que tende a aumentar com o natural envelhecimento da população e a queda na taxa de natalidade. Com os anos, teremos menos cidadãos na ativa para sustentar os que já aposentaram ou que estão prestes a adquirir o direito de fazê-lo. Esta é uma realidade que não pode ser desprezada. O assunto precisa ser tratado com mais responsabilidade, com menos demagogia.

Os debates parlamentares sobre o tema não podem subir no palanque. O governo está impondo urgência na discussão e votação de um tema indigesto e que, se for empurrado para ano eleitoral, perde qualquer chance de aprovação. Talvez se nossos parlamentares fossem mais responsáveis, menos demagogos e oportunistas, a reforma pudesse ser fatiada e levada com um pouco mais vagar. Temer, falem dele o que quiserem e convenhamos, há muito a se falar, está tendo a coragem de enfrentar o tema, dando todo respaldo à sua equipe. Sua impopularidade, por paradoxal que pareça, sustenta esta coragem. Sabe que as mudanças poderão trazer-lhe reconhecimento futuro. Sem elas não há outro caminho para ser parte da história.

Além da questão política, Temer e sua equipe sabem que há o problema econômico. É urgente criar as condi-ções para começarmos a crescer. Retomar o desenvol-vimento, os empregos, é condição indispensável para reduzirmos o déficit previdenciário. Sem receita não há como cobrir despesas. Enfim, senhores parlamentares, senhores sindicalistas, senhores que se dizem líderes sem que sejam, é hora de responsabilidade. Chega de circo. É hora de tratar os temas complexos com a responsabilidade que eles exigem.

Paulo Cesar de Oliveira, jornalista

Paulo Cesar de Oliveira

A reforma não resolve de imediato o déficit, mas assegura uma fonte para garantir um fluxo de gastos com a aposentadoria

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Viva grandes experiências.

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FERNANDO TORRES

O anúncio de que o BDMG irá re-duzir os juros de financiamento em até 4,5% soou como um so-

pro de entusiasmo para o empresaria-do mineiro. Audaciosa, a ação inclui 1 bilhão de reais em subsídios, sendo que 70% deles vêm de recursos pró-prios do banco. A expectativa é de que o abatimento da alíquota ajude a aquecer a economia do estado, que amargou em 2016 o terceiro ano con-secutivo de queda no PIB, mais pre-cisamente -2,6%, segundo dados da Fundação João Pinheiro.

Com a estimativa de atingir 5 mil novos clientes, especialmente micro e pequenas empresas, a medida deve abranger 30 produtos ligados às estra-tégias do BDMG e alinhados à política de desenvolvimento do estado. Entre eles o Geraminas Social, com foco em regiões com baixo Índice de Desen-volvimento Humano (IDH), em que o percentual mensal de juros cai de 1,69% para 1,55% ao mês. Já a redução do Geraminas, voltado para capital de giro, foi de 1,89% para 1,71% ao mês. “Também queremos fomentar a eco-nomia da cultura e do conhecimento, com o Minas Criativa, que terá, a par-tir de agora, taxa de 1,60% ao mês”, in-

forma o presidente do banco, Marco Aurélio Crocco. Outros pontos de des-taque são a economia verde e a mo-dernização tecnológica.

As deduções do spread são re-flexo direto da queda consecutiva da taxa básica de juros (Selic) pelo Ban-co Central. “No caso do BDMG, ainda fizemos captações com custos mais baixos, reduzimos as despesas inter-nas e aumentamos a previsão de de-sembolso para este ano, de 1,4 bilhão de reais para 1,55 bilhão”, relata Croc-co. O presidente também menciona que, desde 2015, o banco tem bus-cado resgatar o D da sigla Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, induzindo setores estratégicos para a transformação produtiva do estado. “O objetivo do BDMG é ser capaz de gerar desenvolvimento por meio de escolhas intencionais, resgatando seu papel indutor”, afirma.

Nesse sentido, as estratégias para 2017 se baseiam em progra-

mas transversais e em diversas áre-as, como inovação e agronegócio; e desenvolvimento social e regional. “Lançamos, por exemplo, edital para hospitais filantrópicos e apresenta-mos crédito especial para empresas localizadas em municípios com IDH menor que a média do estado”, enu-mera Crocco. O banco ainda reto-mou o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira, o Funcafé, e, para os próxi-mos meses, prepara o lançamento de novo produto para o setor rural e de um programa para universidades.

O pacote integra o programa Mais Investimentos, criado recente-mente pelo governo estadual e anun-ciado pelo governador Fernando Pimentel em março. As ações, já en-caminhadas para a Assembleia Le-gislativa, incluem criação de fundos estaduais, por meio de projetos de lei, para captar recursos destinados a in-vestimentos e à renegociação de dívi-das de contribuintes.

Túlio Pagnan/divulgação

Visando micro e pequenas empresas, BDMG anuncia redução na taxa de financiamento em 30 produtos

Cor te nos juros

VIVER Maio 19 - 2017

ECONOM IA

MARCO AURÉLIO CROCCO:missão de gerar

desenvolvimento

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LUCAS ROCHA

A cidade histórica de Tiradentes será palco mais uma vez para a oitava edição especial do Cone-

xão Empresarial, entre os dias 8 a 11 de junho. Considerado um dos mais importantes eventos do gênero, o en-contro repete a fórmula de sucesso reunindo empresários, políticos, lí-deres dos mais variados setores e for-madores de opinião para participar de uma intensa e diversificada progra-mação que inclui debates, rodas de conversa, além das variadas opções de entretenimento e lazer.

Um dos pontos altos, a plenária de palestras e discussões que aconte-ce na sexta-feira promete movimen-tar o evento com pautas que são de extrema importância para o nosso contexto, incluindo a situação políti-

ca, econômica e até moral, na qual o país se encontra atualmente. “A oita-va edição do Conexão Empresarial já começa positiva pelo significado do número oito que representa o infinito, a renovação. Em um momento difí-cil e tenebroso pelo qual passamos no Brasil, reunir esses grandes nomes dos mais diferentes setores para questio-nar e refletir sobre as problemáticas e possíveis soluções para a retomada do desenvolvimento é de extrema impor-tância”, afirma Gustavo Cesar Olivei-ra, diretor do grupo VB Comunicação, responsável pela idealização e realiza-ção do encontro.

Entre os nomes mais aguarda-dos, destaque para o economista e presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Paulo

Rabello de Castro, que, além da ex-periência à frente do seu atual cargo, conta com vasto conhecimento a res-peito do setor empresarial, previsões econômicas e análises de mercado. Em homenagem às personalidades que mais se destacaram em suas áre-as de atuação, o Conexão Empresarial realizará mais uma edição do prêmio É assim que se faz.

Para a edição 2017 do evento, a or-ganização investe na diversificação de temas e setores abordados na progra-mação, trazendo nomes premiados para o encontro. É o caso do designer mineiro Gustavo Greco. Conhecido como “domador” de leões de Cannes, ele participa de um bate-papo no sá-bado no espaço multiuso. Inclusive, o local escolhido é uma das grandes

Promovido pelo grupo VB Comunicação, Conexão Empresarial volta a Tiradentes em edição especial para discutir

e refletir a situação do país

Brasil em pauta

VIVER Maio 19 - 2017

CONJ U NTU RA

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apostas para incentivar o networking e os momentos de descontração entre os convidados. “O Conexão Empre-sarial é muito importante por ser um tempo de troca de informações entre participantes que têm muito a acres-centar para a sociedade. Isso sem fa-lar da importância em abordar temas atuais da política, economia e a opor-tunidade de convivência em um local tão especial quanto Tiradentes”, ana-lisa Marco Antônio Castello Branco, diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Mi-nas Gerais (Codemig).

Sem poupar esforços para garan-tir o conforto de seus convidados, a infraestrutura promete surpreender os participantes desde o momento de partida da capital mineira em di-reção à cidade histórica, nos ônibus executivos da Saritur. Referência em saúde, a Unimed-BH estará presen-te com profissionais especializados, postos de atendimento e helicópteros para transporte em caso de urgência. A hospedagem fica a cargo das melho-res pousadas do local, além da tradi-cional Pequena Tiradentes que recebe a maior parte das atividades.

O Minas Tênis Clube levará um cronograma de esportes e outras ativi-dades, a exemplo de ioga e o mindful-ness. O Sistema Fecomércio também marca presença com seus profis-sionais para sessões de quick mas-sage, oficinas de automaquiagem, workshop de imagem, pessoa e estilo

para ambientes corporativos. Outro nome que prestigiará o Conexão Em-presarial é o do artista plástico minei-ro, Carlos Bracher que sorteará uma de suas obras.

Tendo no currículo grandes fes-tas e celebrações que contaram com shows de Daniela Mercury, Tiago Abravanel, Sidney Magal e Fábio Jr, a organização, este ano, promete ani-mar o público com shows de Gabrie-la Pepino, ABBA – Tribute Gold Band e apresentação do tradicional Minas ao luar oferecido pelo Sesc. “Um dos principais ganhos destes anos de his-tória do Conexão Empresarial é poder ver o envolvimento de grandes em-presas que acreditam na importância do evento e fazem questão de partici-par por acreditar que essas conexões entre as pessoas fortalecem o desen-volvimento do nosso estado e país”, fi-naliza Gustavo Cesar Oliveira.

Fotos: Pedro Vilela/Agência i7

VIVER Maio 19 - 2017

POUSADA Pequena Tiradentes: sede

do evento

SALÃO recebe jantares e shows

PLENÁRIAterá temas diversifi cados

Revisitando a Escandinávia

VIVER Maio 19 - 2017

José Martins de Godoy

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A Noruega possui o mais elevado IDH e a maior renda per capita do mundo. Quando lá vivi, já era um país rico e a sua riqueza aumentou com a descoberta de petróleo no mar do Norte. Em vez de gastança, formaram um fundo so-berano gigantesco para garantir o padrão das futuras gera-ções. Ressalta-se o zelo que a Noruega tem com a educação. Relato um fato que, à época, me pareceu estranho: na uni-versidade, em Trondheim, eu dividia um escritório com um pesquisador muito qualificado. Tinha mestrado e feito um estágio de longa duração nos EUA. Um belo dia, despediu--se dizendo que iria ser professor de ensino médio (laerer, em norueguês), num daqueles vales do país. Perguntei: por quê? Disse-me que a possibilidade de contribuir para o país, atuando na educação básica, seria maior, a remuneração a mesma e o status na sociedade um diferencial. Pensei: quando teríamos a mesma situação no Brasil?

A Finlândia sobressai por ter um dos melhores resulta-dos na área da educação do planeta. Entre os fatores críticos de sucesso citam-se a alta qualificação dos professores, a remuneração elevada e o apreço que a sociedade lhes de-dica. A Suécia é mais conhecida entre nós pela indústria, cinema, bom futebol etc. Ressalto dois fatos interessantes: a) o gasto anual com um deputado sueco custeia apenas 24 dias de um deputado brasileiro. Um deputado sueco recebe uma moradia funcional de 32 m2, espartana, enquanto o nosso “representante” recebe um apartamento de 250 m2, com mobiliário de luxo; b) recentemente, um deputado recebeu severas críticas e puxão de orelha por ter usado, em benefício próprio, milhas acumuladas no cartão que o estado fornece para uso gratuito em transportes públicos no país. Gastou-as para pagar amendoins, uma refeição, vinho, água, além de 8 bilhetes de trem para viagens de caráter pessoal. Tudo isso somou 3,8 mil reais. Como a im-prudência foi considerada grave, opinião pública e mídia bateram pesado. Pediu desculpas e prometeu não repetir tal façanha. A Dinamarca ostenta a posição de ter os polí-ticos menos corruptos do mundo. A remuneração de um deputado é de 23 mil reais/mês, enquanto a de um pedreiro

ou um chofer de ônibus é de 18mil reais/mês. Um deputado recebe um cartão gratuito para ônibus e trens públicos e também uma ajuda de custo para contratar funcionários no valor de 2,8 mil reais/mês. Essa ajuda é para ratear custos de funcionários com três outros deputados. E a população ainda acha que os parlamentares têm muitos privilégios.

Aqui, um deputado ou um senador custa ao país cerca de 23 mi de reais/ano, cobrindo salário, verba de 97 mil reais para contratar até 20 funcionários e o chamado “co-tão” para passagens, combustíveis, despesas de viagens e de divulgação do mandato, correio etc. O custo de um parlamentar na Finlândia, Suécia e Dinamarca, respectiva-mente, é de 2,25, 2,12 e 1,49 mi de reais/ano. É espantosa a diferença. Ah, se a diferença entre o custo brasileiro e o de outros países pudesse ser usada na educação! Ainda mais: para que 513 deputados, 81 senadores? Grande número de integrantes de assembleias legislativas dos estados? A medida do tamanho do estado está explicitada nos 33 mil integrantes do foro privilegiado.

Um parlamentar escandinavo se elege com o propósito de servir ao povo e não de ser servido. A honestidade nesses países é uma caraterística marcante, conquistada por meio da justiça social. E não se consegue isso sem instrução e educação (altamente priorizadas nesses países), o que proporciona plena condição de o povo exercer a cidadania. Qualquer ato reprovável é motivo de manifestações con-tundentes. Governos ruins, raros, são defenestrados nas eleições; há alternâncias de poder. Não é como aqui: a ma-nutenção do baixo nível de escolaridade elegeu coronéis, no passado, e elege demagogos, embusteiros e manipu-ladores, atualmente. Outro fator importante é a vigilância da mídia, que é independente e combativa ao extremo. Conclui-se que precisamos de muita luta para passar o país a limpo (há sempre um Gilmar Mendes de plantão para defender os “injustiçados”), a fim de melhorarmos nossa posição no ranking da honestidade dos países (hoje amar-gamos o desconfortável 79º lugar).

José Martins de Godoy, engenheiro pela UFMG, dr. engenheiro pela Norges

Tekniske Hogskole, ex-diretor da Escola de Engenharia da UFMG, cofundador

do INDG, instituidor e integrante do Conselho de Administração Superior da

Fundação de Desenvolvimento Gerencial (FDG), presidente do Conselho de

Administração do Instituto Aquila. Visite www.blogdogodoy.com

Governos ruins, raros, são defenestrados nas eleições; há alternância de poder

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VIVER Maio 19 - 201728

FERNANDO TORRES

No princípio, era a permuta. Para nossos ancestrais, fazer negócios significava trocar

uma mercadoria por outra, o grão de trigo colhido pelo peixe pesca-do; o trabalho pelo sal; o gado pela terra. Até que o homem descobriu o metal e, depois de cunhado, passou a comercializá-lo como moeda. E aí veio o dinheiro em papel, o cheque, o cartão de crédito... e a crise. Em tempos de recessão e instabilidade, o bom e velho escambo volta à cena e se mostra como alternativa para girar o capital sem colocar a mão no bolso – ou, ao menos, reduzir os gas-tos em espécie.

Em Belo Horizonte, o intercâm-bio de produtos e serviços ganhou status de investimento para dois empresários. De ramos diferentes, Leonardo Bortoletto e Paulo Cesar Alkimim Oliveira perceberam que a barganha tinha potencial como mo-delo de negócio e desenvolveram o Clube de Permuta. Mais do que uma simples troca de favores, a du-pla coordena uma elaborada rede de permuta multilateral focada em em-presas (veja mais no quadro). O pulo do gato é que A não precisa trocar com B. “Ao vender algo, o associa-do fica com crédito no Clube e pode usá-lo quando outro associado ofere-

cer algo que lhe interesse, realmente transformando a permuta em dinhei-ro”, esclarece Bortoletto.

Com cinco anos completos este mês, a agremiação já expandiu para cinco franqueados, em Montes Cla-ros, Juiz de Fora, Araxá, Piracicaba (SP) e Vitória (ES). Fechou 2016 com o expressivo crescimento de 70%, em um total de 340 associados que mo-vimentaram 18 milhões de reais nas seis cidades. Para 2017, a meta é ele-var o valor para 34 milhões e com o dobro de associados, em dez muni-cípios. Mas a expressão “clube” não foi escolhida à toa. O seleto círculo, formado apenas por indicação, com-

ESPECIAL

EU TROCO, TU TROCAS, ELES TROCAM

COM MAIS DE 300 EMPRESAS ASSOCIADAS EM SEIS CIDADES, CLUBE DE PERMUTA COMPLETA CINCO ANOS E APOSTA

NA ECONOMIA DO ESCAMBO PARA GERAR CAPITAL

CAPA

VIVER Maio 19 - 2017 29

trou para o clube em 2015. Desde en-tão, já vendeu em torno de 3 milhões de reais para outros associados. E re-cebeu tudo em permuta. A princípio, pode parecer mau negócio, mas, nes-sa “brincadeira”, Guimarães levou um apartamento no Vale do Sereno, ainda na planta, da Unit Engenharia, com projeção de mercado de 1,9 mi-lhão de reais. Mais: adquiriu um Ford Mustang V8. “Também faço retiradas para a empresa, como materiais de limpeza, uniforme dos funcionários e serviços de advogado. Para o ano que vem, estou pensando até em tro-car de contador”, conta ele. Nos gas-tos do dia a dia, como pessoa física, Guimarães também usufrui da moe-da interna do clube, o Permutz (PZ$): usa os restaurantes parceiros, como Porcão, Haus München e Rokkon, atualiza o guarda-roupa na loja Klus e viajou com a família para um resort de luxo na ilha de Comandatuba, na Bahia. “Estou negociando agora uma viagem para Dubai”, adianta.

A permuta caiu tanto no gos-to do empresário que ele decidiu se tornar franqueado do clube em Juiz de Fora. “A grande vantagem é o que se tornou o slogan do grupo: você compra o que precisa e paga com o que você tem”, propagandeia ele. É claro que, nesse jogo, muita gen-te acaba adquirindo coisas que não compraria em reais. “Mas é um con-sumo inteligente. Não estava preci-sando do apartamento, por exemplo, porém, foi um bom investimento”, contorna ele. Além disso, o serviço de fornecedores pode ser ótimo ne-gócio para empresas, evitando re-tiradas do caixa. “Em vez de gastar 15 mil reais de uniformes, centralizei os gastos em um parceiro”, diz Gui-marães, e completa: “Seria ótimo se outros de meus distribuidores dire-tos aderissem”.

Quem também é fiel ao inter-câmbio multilateral é Alexandre Pe-nido, dono da construtora Versátil.

Fotolia

O CLUBE EM NÚMEROS

R$ 55 milhões em negócios realizados

7.442 negócios concretizados entre

360 associados

R$ 6 milhões em veiculação de mídia

+ de 58 mil refeições

+ de 3,5 mil diárias em hotéis

+ de 2 mil m² em áreas prontas

+ de 200 mil m² em loteamentos

+ de 120 eventos (casamentos, batizados,

aniversários e corporativos)

+ de 270 eventos de relacionamento

entre os associados

Fonte: Clube de Permuta

preende um mix de empresas que vai de construtoras, hotéis, restauran-tes, bufês de festa, galerias de arte, advogados, contadores, arquitetos, academias, lojas de decoração, lo-jas de roupas, empresas de seguran-ça, agências de viagem, entre outros. Semanalmente, parte do grupo se reúne em almoços ou jantares em-presariais promovidos pela diretoria. Detalhe: nada de gerentes, mas sim os próprios donos ou diretores exe-cutivos. “Esses encontros, limitados a 22 pessoas, quebram barreiras, for-talecem o relacionamento, a base do clube, e geram novos negócios entre os associados”, conta Alkimim.

Para quem ainda não entendeu o know-how da rede, o exemplo do empresário Flávio Guimarães pode clarear as ideias. Dono da empresa AluClass, fornecedora de esquadrias de alumínio para os segmentos de construção civil e decoração, ele en-

Associado há três anos, ele iniciou a empreitada comercializando lotes do empreendimento Escarpas Inter-nacional, às margens do lago de Fur-nas, usados em créditos com mídia e publicidade. A parceria deu tão cer-to que, dentro da empresa, a regra é sempre orçar com o clube antes de fechar qualquer negócio, com o ob-jetivo de poupar recursos o máximo possível. “Já entramos com imóveis em troca de serviços necessários para a empresa, como café da ma-nhã dos funcionários de obra, advo-gado e contabilidade. Como pessoa física, mobiliei praticamente minha casa inteira à base de permuta, com móveis da Sava e eletrodomésticos da Suggar, e fiz a festa de aniversário do meu filho em parceria com o bufê Casa do Sol. Meu lema passou a ser deixar o dinheiro para última instân-cia”, relata o empresário.

Como as permutas são comer-cializadas a preço de mercado, sem custos inflacionados, a transação também gera lucratividade. “É como se eu tivesse feito uma venda em es-pécie, mas gerando recursos em pro-dutos e serviço, um bom negócio para o faturamento da empresa”, ra-ciocina Penido, que calcula já ter co-mercializado 2,3 milhões de reais. Outra vantagem, segundo ele, é o movimento de patrimônio imobili-zado, que poupa diretamente em ca-pital ativo. Um exemplo recente foi a compra de catracas inteligentes para um empreendimento. “Passeando pelo site do clube, vi a oferta dispo-nível. Solicitei o orçamento e estava mais vantajoso do que no mercado. Fechei na hora”, conta. Engajado em aumentar a lista de parceiros, Penido já indicou oito possíveis associados. “Recentemente, precisei de serviços de paisagismo para um empreen-dimento, mas o clube não tinha ne-nhum parceiro. Consegui fechar uma permuta bilateral por fora e já indi-quei a empresa.”

30

ESPECIALCAPA

VIVER Maio 19 - 2017

O crescimento do Clube de Per-muta, aliás, não é apenas em movi-mentação de Permutz, mas também em associados. Em 2012, a agre-miação começou com 30 empresas em Belo Horizonte. Hoje, são 150. “Nosso negócio se tornou impor-tante para os empresários que pen-sam fora da caixa e é motivado pela crise. Só no primeiro trimestre deste ano, crescemos 140% acima do mes-mo período do ano passado”, relata Leonardo Bortoletto. A expansão se reflete em ganhos para os próprios sócios. Conforme o contrato, 10%

de cada transação é revertida como comissão. Além disso, todos os as-sociados pagam uma anuidade de 2,25 mil reais. “Ao entrar, a empresa recebe um limite de operação, valor definido de acordo com o porte da empresa e seu potencial de compra e venda”, explica Alkimim.

As franquias, por sua vez, geram capital ao clube por meio de royal-ties. Mas a promessa de retorno é muito mais rápida do que em outros modelos de negócio. “Além de o in-vestimento inicial ser muito baixo, em pouco mais de um ano já atin-

PERMUTA BILATERAL Apenas dois envolvidos Interesse mútuo Troca acontece em um só momento Mesmo valor em produtos

PERMUTA MULTILATERAL Possibilidade de mais de dois envolvidos Aceita interesses diferenciados Troca pode acontecer em vários momentos Produtos de valores diferentes

ENTENDA A DIFERENÇA

FLÁVIO GUIMARÃES:apartamento e Mustang V8

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gimos 90 associados”, conta Paulo Santiago, franqueado da unidade de Montes Claros, cuja meta é crescer 20% em 2017. Segundo ele, o produ-to foi muito bem aceito no Norte de Minas, que já tinha prática bem es-tabelecida na permuta bilateral, mas esbarrava na dificuldade de interes-se mútuo entre A e B. “O clube am-pliou o leque de negociações e todo o formato de condução da opera-ção, valorizando o relacionamento entre empresários. A empresa que pertence ao grupo se transforma em referência”, diz. Por lá, o mix de as-sociados segue a proposta da matriz e inclui desde construtoras até res-taurantes e escritórios de advocacia e contabilidade, com algumas espe-cificidades como maison de noivas e dentista. “Vamos do grande empre-sário ao micro. O importante é que a empresa valorize o clube como im-portante para seu faturamento”, de-fine Santiago.

De volta a Belo Horizonte, essa é a lógica do casal Bernardo Santa-na e Daniela Brandão, proprietários da loja de decorações Arca Concei-to, no Vila Paris. Eles iniciaram as operações com apenas 100 mil reais de crédito, oferecendo móveis e ou-tros adornos, mas já movimentaram 300 mil. “Geramos demanda e via-bilizamos negócios que não existi-

riam pelos moldes tradicionais. Em contraponto, também adquirimos produtos que não iríamos ter se ti-véssemos que desembolsar dinhei-ro”, relata. Entre as trocas, Santana destaca uma viagem para o spa Es-paço Águas Claras, em Macacos, lo-cação de computadores, bufês de almoço para decoradores e arquite-tos, cursos de treinamento, material de limpeza e verba de mídia digital. “Atualmente, estou em negociação para adquirir um terreno em Escar-pas do Lago”, adianta ele.

E aí chegamos à intrincada rede promovida pelo Clube de Permuta. Afinal, quem comercializa os lotea-mentos de Escarpas é o já nosso co-nhecido Alexandre Penido, que, por sua vez, está interessado em nego-ciar 600 mil reais em pele de vidro e esquadrias de alumínio com Flá-vio Guimarães, da AluClass, para um prédio no Funcionários. Como vi-mos, Guimarães atira para vários la-dos, mas sempre está na churrascaria Porcão, do Grupo Meet. Seu dono, o empresário Fernando Junior, outro associado, calcula ter vendido 15 mil rodízios em lotes de gifts cards mo-vimentando 2 milhões de reais. “Já utilizei créditos em publicidade, con-sultoria de gestão, gráfica, segurança e material de limpeza”, enumera.

Com um produto de fácil con-sumo, inclusive para as reuniões do clube, e custo baixo de insumos, Fernando defende que a estratégia estimula investimentos. “O sistema me deixa mais corajoso, me permi-te arriscar mais ou fazer coisas que só faria em longo prazo. A percep-ção do gasto é menor”, afirma. Um exemplo: recentemente, ele com-

prou um imóvel comercial pelo clube e o revendeu fora dele, logo em seguida. “Fiz dinheiro vivo”, resume. Justamente, esta é a ideia. Permuta = dinheiro, gra-na, bufunfa.

OS EMPREENDEDORESLeonardo Bortoletto e Paulo Cesar Alkimim

PAULO SANTIAGO,franqueado em Montes Claros:interesses diferenciados

Jailson Soares/divulgação

VIVER Maio 19 - 2017

Remédio amargo, mas necessárioA necessidade de reformas no sistema previdenciário

brasileiro, visando seu equilíbrio financeiro e atuarial, não é nenhuma novidade e tampouco pode se dizer inspirada em tendências ideológicas ou partidárias.

Sob o governo FHC, em dezembro de 1998, a Emenda Constitucional nº 20/1998, apesar de tímida, promoveu reformas, tanto no Regime Geral de Previdência Social, quanto nos Regimes Próprios de Previdência Social (servi-dores públicos).

No governo Lula, em seu primeiro ano de mandato, novas reformas, também tímidas, foram introduzidas no sistema previdenciário brasileiro pela Emenda Constitu-cional nº 41/2003.

O equilíbrio do sistema previdenciário envolve direi-tos futuros, distantes décadas dos tempos atuais. Trata- se, portanto, de matéria republicana, visando perenizar, no tempo e no espaço, a garantia da aposentadoria, assegurados a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho.

Agora, o governo Temer, certamente sob a pacificadora inspiração de um mandato único, sem pretensões à ree-leição, traz propostas de reformas profundas e estruturais em nosso sistema previdenciário, que visam muito mais que garantir o pagamento dos atuais benefícios, mas que, acima de tudo, buscam assegurar a futura perenidade pre-videnciária. Porém, com o caminhar da atual proposta de reformas da Previdência Social, instalou-se um caloroso debate: em síntese, nosso sistema previdenciário seria su-peravitário ou deficitário ?

Os detratores das reformas defendem que nosso sis-tema seria superavitário, sustentando que, consideradas todas as fontes de custeio da seguridade social (art. 195, da Constituição Federal) – que inclui, além da Previdência, a saúde (SUS) e a assistência social – arrecadadas mês a mês, perfazem valor superior ao universo dos atuais benefícios previdenciários concedidos.

De sua feita, os defensores das reformas argumentam que as fontes de custeio da seguridade social, por também incluir a saúde e a assistência social, não são capazes de suprir os atuais benefícios previdenciários, gerando su-

cessivos déficits, agravados, ainda mais, pelo processo de envelhecimento populacional, provocado pelo aumento da expectativa de vida e pela queda da taxa de fecundidade.

Contudo, ao que parece, a ninguém interessa colocar o “dedo na ferida”. É que o sistema de Previdência, seja ele público ou privado, se caracteriza pela acumulação gradual e periódica de capitais. Vale dizer, trata-se de uma poupança durante a vida laboral ativa (através das diversas fontes de custeio), para a formação, ao final, de um capital capaz de garantir o benefício, quando cessada a força pro-dutiva do indivíduo.

Trata-se de uma projeção atuarial e de sinistralidade. Ou seja, quanto maior o valor e o tempo das contribuições, melhores serão as condições de aposentação e menor impacto terá a sinistralidade (benefícios precoces, por in-validez, morte etc) para a universalidade dos beneficiários.

Contudo, desde a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), pelo Decreto-Lei 72, de 1966, que unificou os institutos de aposentadoria e pensão então existentes, todos os valores recolhidos e que deveriam inte-grar o capital garantidor da aposentadoria dos contribuin-tes foram desviados para outros fins.

Vale dizer, além das profundas alterações no campo etário, que sacrificam o sistema, o desvio de décadas de contribuições, que deveriam integrar o fundo previdenci-ário, inviabiliza o sistema que, evidentemente, não pode sobreviver da mera relação mensal entre as contribuições dos ativos e os benefícios devidos aos inativos.

Culpados, todos os gestores públicos que, na busca da perpetuação, desviaram os recursos previdenciários, por cinco décadas, para outros fins que, certamente, mais aten-diam suas pretensões para manter-se no poder.

Enfim, a relação mensal entre contribuições dos ativos e benefícios dos inativos não é capaz de perenizar o sis-tema, já que ao lado do envelhecimento da população, a grande “ferida” é retratada no histórico desvio dos fundos previdenciários, que deveriam formar o capital para garan-tir as aposentadorias, mas que não mais existem e, ainda que saibamos os culpados, pouco importa, porque agora a profunda e longeva “ferida” deve receber um remédio mais amargo, mas que tenha efetivo poder de cura e possa pacificar definitivamente o sistema.

Sérgio Murilo Braga – presidente da Caixa de Assistência dos Advogados de MG

Sérgio Murilo Braga

O desvio de contribuições inviabiliza o sistema

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FERNANDO TORRES

Dois de alguns dos bairros mais novos de Belo Horizonte têm a assinatura do engenheiro Lúcio

Assumpção. Do alto de seus 87 anos, e ainda na ativa, ele liderou o loteamen-to do Cidade Nova, na região Nordes-te, e do Castelo, na Pampulha, entre as décadas de 1960 e 1970. Personalidade de nome forte em Minas, ele também foi presidente do BDMG e secretário da Fazenda no governo Rondon Pa-checo, diretor de obras da Usiminas e engenheiro da Cemig, além de ser o inventariante do lendário caso da he-rança do médico e empresário Antô-nio Luciano Pereira Filho.

Lúcido e cheio de lembranças, As-sumpção conta que as origens do Ci-dade Nova remetem à fazenda Retiro Sagrado Coração de Jesus, antiga pro-priedade de José Cândido da Silveira, que dá nome à via arterial do bairro. O loteamento, feito pela construtora Cinova, aconteceu entre 1966 e 1967, pouco depois da fundação do Ban-co Nacional de Habitação (BNH). “A

proposta era construir casas por meio de financiamento, com lotes de pelo menos 360 m2. Só nos anos 1970, o bairro passou pelo processo de verti-calização”, recorda. Com o sucesso do Cidade Nova, a Cinova fez uma pro-posta de compra para os proprietários das fazendas Serra e São José, área que hoje pertence ao Castelo. Efetivado o negócio, a construtora loteou 1,3 mil lotes, além de construir a avenida que, mais tarde, se chamaria Tancredo Ne-ves. “Também foi um bairro projeta-do para casas, com sucesso enorme. Mas, tempos depois, a prefeitura mu-dou a lei de zoneamento, permitindo a construção de prédios”, conta.

Foi no entremeio entre os dois lo-teamentos que Lúcio Assumpção foi convidado por Rondon Pacheco para presidir o BDMG. Sua gestão, entre 1971 e 1974, ficou marcada pelo fi-nanciamento de muitas empresas agrícolas na produção de cana-de- açúcar, café e algodão. “Mas nossa menina dos olhos é a Fiat, que, em-bora tenha chegado a Betim em 1976, teve boa parte das negociações para a

instalação durante o período em que fui presidente.” O relacionamento de amizade com o governador – “era uma pessoa de extrema seriedade e grande capacidade de ouvir” – levou ao convite para ser secretário da Fa-zenda em 1976, cargo que ocupou por um ano. A parceria se repetiu quan-do Pacheco assumiu a presidência da Usiminas, em 1976, e nomeou As-sumpção como diretor de obras.

Depois de três anos na siderúrgi-ca, o engenheiro decidiu abrir a LSA Empreendimentos, em funciona-mento até hoje. Nesse meio tempo, Assumpção ainda encontrou tempo para presidir a Associação Comercial e Empresarial de Minas entre 1988 e 1990.

Por fim, episódio pitoresco, já nos anos 1980: a divisão de patrimônio de Antônio Luciano para seus 30 fi-lhos, de 26 mulheres diferentes. Esti-mada em mais de 3 bilhões de dólares à época, a fortuna abrangia imóveis urbanos, fazendas, usinas de cana- de-açúcar, hotéis, cinemas e lotea-mentos. “Fui convidado para fazer o inventário por um genro do empre-sário. Trabalhamos por três anos com uma equipe de sete pessoas para fazer a partilha. Foi um processo juridica-mente complexo, que até hoje está em disputa judicial”, conta.

Pedro Vilela/Agência i7

LÚCIO ASSUMPÇÃO: Fiat é menina

dos olhos

Aos 87 anos, Lúcio Assumpção continua na ativa e relembra criação dos bairros Cidade Nova e Castelo, além de atuação no governo

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VIVER Maio 19 - 2017

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Violência urbana faz o mercado de blindagem de automóveis disparar. Tecnologias estão cada vez mais leves

InvioláveisVIVER Maio 19 - 2017

VE ÍCU LOS

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Pedro Viela/Agência i7

EQUIPAMENTO URUDA: fabricação nacional e redução

do peso entre 50 e 80 quilos

NÚMERO

12 mil

novos carros são blindados

por ano no Brasil

Fonte: Abrablin

VIVER Maio 19 - 2017

O avanço da sensação de inse-gurança no Brasil é propor-cional ao aumento de veículos

blindados. Atualmente, o país tem uma frota de pelo menos 160 mil carros encouraçados, número que cresce cerca de 12 mil ao ano, segun-do estimativa da Associação Nacio-nal de Blindagem (Abrablin). Minas ocupa o quarto lugar entre os esta-dos com maior procura pelo serviço, um salto de 35% entre 2015 e 2016. Em Belo Horizonte e na região me-tropolitana, a demanda acompanha o crescimento da criminalidade. No comparativo entre os últimos dois anos, a Secretaria de Estado de De-fesa Social registrou alta de 11% nas ocorrências de roubos com emprego de violên-cia, expansão percentual que impulsiona a busca por proteção.

“Antigamente, a clien-tela era composta apenas de empresários. Hoje, o perfil profissional é bem variado, mas, em Belo Ho-rizonte, pelo menos 70% são mulheres, um público que tem crescido no país todo”, relata o empresá-rio Rodrigo Terra, sócio- proprietário da Safe ATM, empresa especializada com sede no Jardim Canadá. Segundo ele, boa parte das pessoas, inicialmen-te, busca o serviço para o automóvel que transporta crianças. “Mas de-pois de usar e sentir a tranquilida-de de ter um carro blindado, toda a família adere”, garante. Os veículos com maior demanda ainda são os SUVs, mais altos e com suspensão reforçada, e sedãs de luxo (veja qua-dro), mas o temor não escolhe clas-se social. “Hoje, qualquer carro pode ser resguardado, de modelos popu-lares ao Porsche”, completa ele.

Os revestimentos também têm ficado cada vez mais leves e com garantia estendida, sem depreciar o valor do automóvel ou causar de-laminação (bolhas esbranquiçadas nos vidros), problema que reduz a resistência contra balas. Entre as novas tecnologias destaque para a Udura, também chamada de blin-dagem unidirecional, com valores de instalação entre 55 e 85 mil re-ais – quanto maior o carro, mais material e maior o valor do inves-timento. “De fabricação 100% na-cional, a técnica usa um tecido formado por várias camadas sobre-postas de fibra de carbono, o mes-mo material do painel de proteção

cockpit da Fórmula 1. Isso reduz o peso entre 50 e 80 quilos e melhora muito a dirigibilidade, reduzindo o impacto nos sistemas de suspensão e de frenagem, além de ter garantia de dez anos e gerar maior valor de revenda”, descreve Terra.

Em Belo Horizonte, a Safe ATM fornece a Uruda com exclusividade, em ní-vel de proteção III-A, que suporta tiros de submetra-lhadora nove milímetros e revólveres 44 Magnum

(veja quadro). Essa é a categoria mais comum no Brasil e o máximo de resistência permitida pelo Exér-cito para uso de proteção para civis. Aliás, a posse de um veículo blinda-do, novo ou usado, precisa de au-torização do Exército, chancela que deverá constar no Certificado de Re-gistro e Licenciamento de Veículo. O processo ainda exige atestado nega-tivo de antecedentes criminais, emi-tido pela Polícia Civil e pela Justiça Federal, Estadual e Militar.

Com os documentos em mão, a oficina pode iniciar o trabalho.

FERNANDO TORRES

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VE ÍCU LOS

VIVER Maio 19 - 2017

GALPÃO EM NOVA LIMAtem capacidade para 16 veículos simultâneos

O profissional responsável faz uma inspeção detalhada para detectar qualquer problema anterior do veí-culo e, a partir daí, inicia a desmon-tagem. “Fazemos a instalação de manta de aramida, aço inoxidável ou, se o cliente preferir, do kit Udu-ra, e dos vidros blindados”, descre-ve Terra. Segundo ele, os materiais importados costumam ser mais ca-ros que os nacionais, porém, o Brasil produz equipamentos de qualidade, a exemplo do próprio Udura.

A tecnologia escolhida é aplica-da em nove camadas no interior das portas, do teto, das maçanetas, do contorno das rodas, no interior dos para-lamas, no painel corta-fogo e na traseira. O aço, por sua vez, re-cobre áreas muito estreitas, em que a aramida ou o Udura não propor-cionam resistência mecânica, como colunas, pilares, contorno do teto, retrovisor e fechaduras. Já a junção das portas com as bordas de vidro

recebe a dupla proteção overlap, en-quanto as janelas comuns são subs-tituídas por camadas de placas de vidro e polímeros. Após a remonta-gem, a blindadora ainda faz um che-ck-list sobre eventuais problemas no centro gravitacional do automó-vel, que são corrigidos com altera-ções na suspensão.

Empresário do ramo jurídico, Renato N. decidiu blindar os dois carros da família, uma Mercedes e uma BMW, com a tecnologia Uru-da. A família se mudou de São Paulo para Belo Horizonte há nove anos e, embora nunca tenha sofrido episó-dios de assalto ou de violência, o his-tórico com os amigos e a prevenção falaram mais alto. “Estou muito sa-tisfeito com a dirigibilidade. A BMW se comporta praticamente como um carro normal, com pneus e suspen-são originais. Apenas a porta é mais pesada e o vidro, mais grosso, entre 17 e 21 milímetros”, observa.

O aumento da procura também motiva o crescimento do número de empresas especializadas. A pró-pria Safe ATM é fruto do “merca-do do medo”. No mercado desde 2015, a Safe Blindagens negociou a

39VIVER Maio 19 - 2017

QUEM BUSCAHomens

52%Mulheres

48%Empresários

65%Políticos

15%Juízes

8%

Faixa etária: 30 a 49

45%

Fonte: Abrablin / dados consolidados em 2015

VEÍCULOS MAIS BLINDADOS

1º Volkswagen Tiguan 2º Audi Q33º Land Rover Evoque4º Audi A4

5º Toyota Corolla

Artistas/cantores

12%

RODRIGO TERRA (ESQ.) e Sérgio Bruno: fusão

de empresas para dominar o mercado

CHECK-LIST apósblindagem corrige

problemas no centro gravitacional

fusão com a ATM Blindados, funda-da mais de uma década antes, em um cenário, então, apenas promis-sor. “Decidimos juntar a expertise e o conhecimento de negócio da ATM com a tecnologia e a infraestrutu-ra da Safe. Nasceu aí a nova marca”, conta o sócio-proprietário Sérgio Bruno Alves. A joint venture, firma-da em 2016, tem como meta, ainda, dominar o mercado mineiro, já que o galpão, um dos mais modernos da região metropolitana, tem capaci-dade de trabalhar com 16 veículos simultaneamente. “Já estamos blin-dando entre 9 e 12 carros por mês e a expectativa é aumentar essa pro-dução em 200% nos próximos dois anos”, relata Alves.

NÍVEIS DE BLINDAGEM

I - revólver 22 E 38

II e IIA - pistola 9 mm e revólver 357 Magnum

IIIA - submetralhadora 9 mm e revólver 44 Magnum

IV – fuzis AR-15 e FAL (restritos ao Exército)

Materiais importados costumam ser mais

caros que os nacionais, mas o Brasil produz

equipamentos de qualidade”

Rodrigo Terra

Carros, picapes, UTVs e quadriciclos aceleram dia 20 nas estradas de terra da Fazenda do Treme, em Inhaúma, na primeira das cinco etapas do Mineiro de Rally de Velocidade. A competição está de volta depois de seis anos e promete reunir pilotos e navegadores de outros estados,

motivados pelo alto nível técnico e pela chance de encarar percursos desafi adores. O público terá acesso gratuito ao local, assim como à praça da Manga, no centro da cidade próxima a Sete Lagoas, onde será montado o parque de apoio mecânico, que dá a possibilidade de conhecer as máquinas de perto.

VIVER Maio 19 - 201740

Um SUV rápido, muito rápido

Mineiro de Rally de Velocidade está de volta

A fi lial norte-americana da Toyota resolveu criar o SUV mais rápido da história e fez uma versão especial de seu Land Cruiser entrar para o livro dos recordes. Com o motor V8 de 5,7 mil cilindradas preparado e reforçado com duas turbinas

Garrett, Carl Edwards, ex-piloto da Nascar, superou os 370 km/h no retão de quatro quilômetros de uma pista de pouso no deserto de Mojave, na Califórnia. E garantiu que seria possível ir ainda mais rápido se houvesse espaço extra.

POR WILLIAM BONJARDIM

Dica da quinzenaA partir deste mês, a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) passou a ser emitida pelos Detrans com um QR Code, de modo a facilitar a fi scalização e combater fraudes – o documento já havia recebido mudanças em janeiro. Não é necessário correr aos órgãos de trânsito para fazer a troca, que será efetuada quando do vencimento do documento atualmente em posse dos condutores.

Virtus em novembroO encontro de acionistas do

Grupo VW trouxe a confi rmação do que já andava no ar: o Virtus, sedã médio que chega para ocupar espaço entre Voyage e Jetta, será lançado em novembro, construído sob a nova plataforma MQB A0, a mesma do novo Polo. O modelo, aliás, é a principal aposta dos alemães para todo o mercado sul-americano.

Toyota USA/divulgação

RCMG/divulgação

COM RODRIGO GINI

& SEMI NOVOS

JOÃO BATISTA NOGUEIRA: reformulação estratégica

para cada região

42 VIVER Maio 19 - 2017

A todo vapor

REGIÃO DO ALTO PARANAÍBA DRIBLA TEMPOS DIFÍCEIS COM MUITO

TRABALHO E APOIO DA SOCIEDADE

Tendo em suas mãos a respon-sabilidade de olhar por 43 mu-nicípios do Alto Paranaíba,

determinação e trabalho duro não faltam ao engenheiro civil e presi-dente regional da Fiemg, João Ba-tista Nunes Nogueira, para driblar os desafios inerentes às diferentes particularidades da região e a crise que ainda afeta o país.

Após um trabalho árduo de pes-quisa com lideranças dos setores e junto à comunidade, a regional do Alto Paranaíba se prepara para lan-

LUCAS ROCHA

VIVER Maio 19 - 2017 43

MINAS

çar o projeto Perspectivas de Desen-volvimento Socioeconômico do Alto Paranaíba e Noroeste de Minas com a expectativa de que o desenvolvi-mento estratégico atenda impor-tantes demandas da sociedade.

Com as mudanças na política e economia no último ano, qual é a situação atual da região? Houve melhora?

Bom, o que podemos acrescen-tar como mudança neste último ano foi que fizemos um trabalho ainda mais intenso, criando novos projetos estratégicos para a região do Alto Paranaíba. Esse trabalho se iniciou, na verdade, há mais de dois anos e agora segue para ser apre-sentado em Belo Horizonte nas pró-ximas semanas.

Do que tratam esses projetos e quais são os focos deles para o de-senvolvimento da região?

Nós aqui da regional Alto Para-naíba trabalhamos sempre do ponto de vista estratégico. Fizemos um le-vantamento com todos os stakehol-ders e as partes interessadas sobre as necessidades ligadas ao setor indus-trial. A partir disso, nós desenvolve-mos uma atualização de todas nos-sas soluções e propostas tendo em vista a efetividade no resultado. Esse posicionamento e forma de trabalho resultaram em dois grandes proje-tos. O primeiro deles, o Perspectivas de Desenvolvimento Socioeconômi-co do Alto Paranaíba e Noroeste de Minas, foi baseado nesses levanta-mentos buscando o desenvolvimen-to social e econômico priorizando os temas da infraestrutura e logísti-ca, meio ambiente, ambiência eco-nômica e desenvolvimento social. Disso, buscamos dados e demandas de todos os municípios abarcados pela regional sobre rodovias, ferro-vias, desenvolvimento de aeropor-tos, hidrovias e armazenagem, por

exemplo. Foi um trabalho intenso e desafiador onde contamos com o apoio do projeto Sudeste Competi-tivo e que resultou na identificação de 350 obras a serem feitas e quais delas são relevantes para o desen-volvimento da nossa região. Porque não é apenas fazer o que a cidade ou a prefeitura quer, por exemplo, se trata de viabilizar obras que, quan-do acontecerem, vão incrementar a economia, o investimento será re-vertido mais rápido e o resultado é mais importante para a região.

Qual o principal desafio para criar projetos de desenvolvimento que atendam às necessidades da região atualmente?

A gente tem uma realidade no Alto Paranaíba, uma no Noroeste, outra diferente mais especificamen-te na região ao norte dessa parte e temos outra completamente dife-rente na região que estamos cha-mando de Grande Sertão Veredas, onde existe uma carência muito grande. O que a gente percebe com isso? Não dá para promover o de-senvolvimento regional se não tiver três medicamentos distintos, para três pacientes muito distintos. En-tão, a ideia tem sido de se fazer uma reformulação estratégica de desen-volvimento para cada um desses lugares percebendo cada caracte-rística.

Como tem sido a participação e efetividade do Programa de Com-petitividade da Indústria Regional para o Alto Paranaíba?

O programa foi feito para todo o estado e nele foi identificado que no mínimo 80% da economia de Minas era expressa por 21 setores relevan-tes e, desse número, na nossa re-gional, foram identificados que oito desses setores eram importantes e relevantes para o desenvolvimento. Um deles, além dos 21, não era visto

como importante e nem tem núme-ros expressivos, mas que se for in-centivado e fomentado volta a cres-cer e a possuir grande importância, que é o setor de diamantes. Desses oito setores mais um, nós privilegia-mos ações para desenvolver o metal mecânico, o da carne e o de biotec-nologia. Mas, na verdade, a ideia é pensar e atender todos os setores. A gente procura identificar o que fal-ta para que cada setor se fortaleça e se consolide cada vez mais, onde é preciso fazer gestões e que tipo precisa ser feito para que aconteça o adensamento na cadeia produti-va. Tudo isso passa por uma série de ações que vão desde capacitação de empresários e apoio à inovação até acesso a crédito, onde agir faz toda a diferença para esses setores.

Do ponto de vista da governança, têm sido feitos apoios e investi-mentos maiores para os projetos desenvolvidos pela Fiemg?Você vai perceber que, entre a nos-sa regional e as outras, tem uma característica. Nós optamos por de-senvolver um projeto muito mais trabalhoso que vem da base para cima, em que ele chega e incomo-da as lideranças e faz com que elas percebam as necessidades de se modernizar. Do ponto de vista da governança, o que a gente tá ven-do é que as cidades estão pensando cada vez mais em programas não só de governo e gestão, mas pensando em programas estratégicos de de-senvolvimento que abracem todas as áreas envolvendo o público, o privado e o terceiro setor. Outra coi-sa muito importante e que, apesar de trabalhosa nesta etapa inicial, é poder dar a oportunidade à comu-nidade de participar das diferentes formas. Foi muito gratificante ver todas aquelas pessoas propondo soluções e ideias para as melhorias daquele lugar.

VIVER Maio 19 - 201744

Passo a passo para osucesso INCUBADORA DESEMPENHA PAPEL FUNDAMENTAL NA ESTRUTURAÇÃO DE NOVAS EMPRESAS

Em sua essência, uma incuba-dora de empresas tem como principal objetivo apoiar pe-

quenas e microempresas nos pri-meiros meses de vida até estarem prontas para chegar ao momento de conquistar seu espaço no mer-cado. Para a Farol, incubadora de empresas da cidade de Patos de Minas, a missão possui um olhar que vai mais longe por saber a importância do desenvolvimento desses empreendimentos refletin-do diretamente no crescimento do mercado da região.

Fundada em 2002 pelo Centro Universitário de Patos de Minas (Unipam), ainda com o nome de In-cubadora de Empresas de Patos de Minas (IEP), a Farol trocou o nome no último ano com a ideia de de-monstrar sua abrangência que vai além de Patos de Minas, alcançan-do cidades vizinhas e até mesmo Belo Horizonte.

A ideia é que os 30 cursos de graduação e diversos cursos de pós Lato Sensu ofereçam não so-mente um alto índice de empre-

gabilidade, como também uma maior independência profissional com a retenção desse capital inte-lectual na região potencializando exponencialmente as cadeias pro-dutivas. “Nosso trabalho se pauta na capacitação do empreendedor para trabalhar em cinco eixos es-tratégicos desde quando a empresa nasce, sai da incubação e com o di-ferencial de acompanhar e orientar de perto esse momento da saída, seja do ponto de vista financei-ro ou estratégico, como achar um ponto físico para a empresa, por exemplo”, explica Lílian de Cássia Oliveira, gestora de território de inovação da Farol.

A fórmula utilizada pelas in-cubadoras parece ser de sucesso e pode ser vista, principalmente, pe-los números. Em recente pesquisa feita pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empre-endimentos Inovadores (Anprotec), o número de empresas que fecham em seus primeiros meses de vida

chega a 86%, enquanto o percentu-al de empresas fechadas que passa-ram pelo processo de incubadora chega a apenas 5% do total.

Sendo uma incubadora de base mista e tendo nove empresas incu-badas atualmente, a Farol abran-ge os mais diferentes setores, de empresas de tecnologia e softwa-re a editoras de revista em quadri-nho. “A ideia é que eles passem por um monitoramento inicial porque aceitamos desde pessoas que têm somente uma ideia na cabeça até pessoas que já possuem empresas de até três anos. Neste momen-to, vamos assessorá-los para me-lhorar as necessidades que podem ser desde oratória, vendas ou ex-pansão mercadológica”, conta Lí-lian Oliveira. Além dos alunos que frequentam oficinas, workshops, lições técnicas etc, presencialmen-te, a Farol também oferece o for-mato de incubadora a distância, já tendo atendido empresas da capi-tal mineira.

LUCAS ROCHA

Divulgação

LÍLIAN OLIVEIRA: capacitação do empreendedor

MINAS

VIVER Maio 19 - 2017 45

INGREDIENTES (RENDE 2 PORÇÕES)Costelinha:

500 g de costela suína 1 dente de alho 10 g de tempero completo 1 limão 1 galho pequeno de salsão 1 talo de alho-poró fatiado 100 ml de caldo de legumes 100 ml de óleo

Molho barbecue: 75 g de bacon fatiado 75 g de cebola 25 ml de limão 75 g de rapadura ralada 85 g de ketchup 85 g de extrato de tomate 25 ml de vinagre 25 ml de aceto balsâmico 25 ml de shoyu 1 colher de sopa de salsão 1 colher de sopa de alho-poró 1 pitada de curry 1 pitada de páprica picante Pimenta-do-reino moída na hora a gosto

Farofa: 1 ovo cozido picado

Costelinha suína à moda HZ

100 g de abobrinha 1 espiga de milho 50 g de cebola ralada 50 g de alho-poró 100 g de farinha de milho 50 g de bacon Cheiro verde a gosto

MODO DE PREPAROCostelinha: tempere a costelinha com o alho, o tempero completo e o limão. Em uma panela, aqueça o óleo e refogue a costelinha deixando dourar dos dois lados. Acrescente o salsão e o alho-poró, refogue ligeiramente e adicione o caldo de legumes para terminar de cozinhar. Quando a costela estiver quase cozida, destampe a panela e deixe dourar. Transfi ra as costelinhas para a panela do molho barbecue e mexa bem para que todas recebam o molho. Em seguida, transfi ra-as para um refratário e reserve. Barbecue: frite o bacon e, em seguida, acrescente a cebola até que ela reduza completamente. Depois acrescente o ketchup e o extrato de tomate e deixe reduzir até que mude de cor e fi que com uma textura homogênea. Adicione os demais ingredientes e deixe ferver por aproximadamente 5 minutos. Reserve. Farofa: frite o bacon, o alho-poró e a cebola. Acrescente o milho e a abobrinha

e refogue. Em seguida, desligue o fogo e acrescente o ovo, a farinha e o cheiro verde, mexendo ligeiramente para incorporar todos os ingredientes. Montagem: em um prato, coloque dois pedaços de costelinha ao molho barbecue, guarnecido com a farofa e folhas verdes à escolha.

HZ HOTEL E RESTAURANTE (Patos de Minas) Receita fornecida pelo HZ Hotel e Restaurante, na rua Padre Caldeira, 371, bairro Centro. Telefone: (34) 3818-2100.

Fotos: Fred Magno/Agência i7

Divulgação

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FERNANDO TORRES

M.S. não enviou fitas de áudio para seus amigos nem ga-nhou uma série de TV. Mas,

assim como a personagem Hannah Baker, do seriado 13 reasons why, dis-ponível no Netflix, também julgou que o suicídio poderia ser a saída para uma vida de dor e desespero. Aos 17 anos, no auge de um conflito fami-liar, ele entrou em colapso, destruiu a casa, fez vários cortes em seu corpo e ingeriu, de uma vez, 40 comprimidos de tarja preta. Por sorte ou providên-cia, depois de quatro dias em coma, recobrou as forças e, hoje, pode con-tar o depois desta história: “Acordei em estado deplorável e sem lembrar muito bem o que havia acontecido. Fiquei duas semanas em uma casa de recuperação e, diagnosticado com depressão e ansiedade, fui encami-nhado para tratamento com psicólo-

go e psiquiatra”.Embora seja tratado como tabu,

o suicídio é mais frequente do que queremos enxergar. A cada 40 segun-dos, pelo menos uma pessoa no mun-do tira a própria vida, o equivalente a 1 milhão de casos por ano, segun-do a Organização Mundial de Saúde. Mesmo no Brasil, que registra índices abaixo da média – 6 a cada 100 mil, em 2015 –, ocorrem mais de 8 mil ca-sos por ano, uma média de 24 mortes ao dia, de acordo com o Ministério da Saúde. O fenômeno é ainda mais preocupante entre os jovens: na fai-xa etária de 15 a 29 anos, o suicídio é a segunda causa de morte mais recor-rente, de acordo com o Centro de Va-lorização da Vida (CVV), a maior ONG brasileira de prevenção ao suicídio.

Os maiores índices, acima da mé-dia nacional, estão concentrados nas

comunidades indígenas – vide o sui-cídio coletivo entre os índios guarani- kaiowá, no Mato Grosso do Sul, em 2012 – e no Rio Grande do Sul, espe-cialmente nas áreas rurais. Minas, por sua vez, ocupa a 15ª posição, com 5,3 mil casos por 100 mil habitantes. Na região metropolitana, Belo Horizon-te é a recordista em números abso-lutos, segundo estudo da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, com 137 mortes voluntárias em 2013, seguido por Contagem, com 23. Já a maior taxa proporcional é a da pequena Mário Campos: com popu-lação absoluta de aproximadamente 13 mil pessoas, contabilizou três sui-cídios no mesmo ano, atingindo uma taxa de 22,7 por 100 mil.

Qual o motivo de índices tão al-tos? Não há explicações exatas. As razões se embaralham, mas condu-

A cada 40 segundos, alguém aperta esta tecla e dá fim ao jogo da própria vida. Entenda por que isso acontece e saiba como prevenir e remediar

Game over

VIVER Maio 19 - 2017

SAÚ DE

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zem ao fim da esperança e do crédito em si mesmo e na sociedade. O esto-pim pode ser o término do relaciona-mento, a perda do emprego, a morte de um parente, pressão nos estudos, alcoolismo, o diagnóstico de uma doença clínica, dificuldades financei-ras... Mais recentemente, chamou a atenção o “jogo” da Baleia Azul, que pode ter culminado com a morte de um adolescente de 19 anos de Pará de Minas, na região Central. De origem russa, o game social desafia os partici-pantes em 50 etapas autodestrutivas, como furar as mãos com agulhas e fa-zer uma tatuagem com estilete e, por fim, tirar a própria vida.

Também não se pode negar o vínculo entre suicídio e religião, seja como fator protetor ou facilitador. O cristianismo, amparado no manda-mento bíblico “não matarás”, conde-na o ato e o classifica como pecado

desde a Idade Média, quando a Igreja Católica ordenou que o corpo dos sui-cidas fosse entregue às feras e às aves de rapina, e não enterrado. Não por acaso, países com população majori-tariamente cristã têm taxas bem me-nores que as nações asiáticas ou com grande concentração de ateus. Caso da Lituânia, no Leste Europeu, onde o coeficiente de vítimas é de 38,6 por 100 mil habitantes, sete vezes supe-rior à proporção brasileira.

Seja qual for a razão, é muito co-mum que ela esconda fatores bio-lógicos. “Quase a totalidade das pessoas que cometem suicídio apre-senta transtornos psiquiátricos, como depressão, bipolaridade e esquizo-frenia”, afirma o psiquiatra Hum-berto Corrêa, coordenador da Comissão de Estudos e Prevenção de Suicídio da Associação Brasileira de Psiquiatria e professor da Faculdade de Medicina da UFMG. O caso de pesso-as que, conscientemente, entram no Baleia Azul, por exemplo, pode refletir este tipo de transtorno mental ou mesmo de aceitação so-cial, já que, além do desejo de se matar, os participan-tes tendem a acreditar que serão aceitos como são no “desafio”, o que nada mais é que uma forma de pedir socorro.

A depressão, aliás, responde por cerca de 30% dos casos de suicídio, segundo a OMS (veja quadro). Basi-camente, as pessoas que sofrem da doença apresentam alterações na transmissão de serotonina, o neu-rotransmissor responsável pelo hu-mor. A degradação dessa substância química no organismo também está relacionada com o aumento da agres-sividade, da violência e dos impul-sos, fatores determinantes na cartilha de quem tenta se matar. Não raro, o quadro neurológico é genético. “Ter

parentes de primeiro grau que já ten-taram ou cometeram suicídio tam-bém é um fator de risco”, lembra Corrêa.

Foi só a partir do século 18 que o suicídio ganhou interesse da medici-na, passando a ser visto como ato de loucura. No século 20, o ato se enqua-drou como problema de saúde públi-ca. Em maio de 2013, o conceito de “comportamento suicida” chegou ao novo Manual Diagnóstico e Estatís-tico de Transtornos Mentais, o DSM 5, trazendo o assunto definitivamen-te para o rol dos estudos científicos. A reclassificação traz consigo duas vir-tudes. A primeira é que as tentativas de suicídio poderão ser tratadas como tal e não apenas como uma ocorrên-

cia não identificada ou pro-positadamente mascarada nas estatísticas oficiais. A segunda, e mais importan-te, é que a quebra do tabu aumenta a capacidade de prevenção.

“O debate público so-bre o tema hoje é a melhor ferramenta para preve-nir o suicídio em qualquer idade. Existe muito pre-conceito sobre o assun-to, e o silêncio dentro dos lares, escolas, imprensa e na sociedade em geral

só serve para agravar ainda mais as barreiras existentes”, opina Adriana Rizzo, membro voluntária do CVV. Criada há 51 anos, a ONG tem uma rede de voluntários em todo o país disponíveis para atender pessoas an-gustiadas via telefone (141), chat ou e-mail de forma acolhedora e sem críticas. “Nós nos colocamos à dis-posição para compreender por que a pessoa chegou a pensar em tirar a vida. Muitas vezes, a atenção dispen-sada faz com que ela se sinta melhor, reorganize seus ideais e decida conti-nuar a viver”, esclarece Adriana.

A estratégia do CVV – e,

Arte Paulo Werner

NÚMERO

137

pessoas tiraram a própria vida em

Belo Horizonte, em 2013. Em Mário

Campos, índice é de 22,7 por

100 mil

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indiretamente, também do seriado 13 reasons why – é clara: colocar uma pedra sobre o tema e simplesmente evitá-lo não irão fazer com que menos pessoas optem pelo caminho do fim. Na verdade, quanto mais a pessoa fala sobre seus sentimentos e perdas, melhor. Só assim, ela poderá enxergar saídas mais viáveis. Aliás, é um erro pensar que as pessoas que falam em suicídio não o levem a cabo. Pelo con-trário, ao revelar suas intenções elas estão clamando por ajuda.

Há de se levar em conta também as diferenças entre intenção e exe-cução, bem como o nível de letalida-de do método escolhido. Esta é uma hipótese, inclusive, para explicar o maior número de vítimas do sexo masculino em comparação ao femi-nino. “Os homens costumam empre-gar meios mais letais, como armas de fogo e enforcamento. Já as mulheres têm frequência mais elevada de ten-tativas, porém com menos mortes”, compara o psiquiatra José Manoel Bertolote, autor do livro O suicídio e sua prevenção (editora Unesp).

A propósito, as tentativas frustra-das demonstram a ambivalência do comportamento suicida. Afinal, há uma diferença muito grande entre re-almente querer morrer e o desejo de ter uma vida diferente em variados aspectos. Mas elas não devem ser en-caradas como ferramenta para cha-mar a atenção. “Uma tentativa é o principal prelúdio para o suicídio de fato, ou seja, é o principal fator de ris-co. Assim, a vítima deve ser imediata-mente encaminhada para um serviço especializado com o objetivo de tratar o transtorno psiquiátrico, identificar os fatores de risco e se estabelecerem estratégias para reduzi-los”, afirma Humberto Corrêa.

Quebrar a redoma de tabus em que o suicídio foi envolvido pas-sa necessariamente pela mídia e o poder público. “Precisamos de mais campanhas que sensibilizem

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SAÚ DE

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RADIOGRAFIA DO SUICÍDIO

AS PRINCIPAIS CAUSAS

No Brasil, o coefi ciente de mortalidade é de 6 para cada 100 mil habitantes

A média é de 25 casos por dia no país, mais de 8 mil casos por ano

O Rio Grande do Sul concentra o coefi ciente de 10 ocorrências para cada 100 mil habitantes

No segundo lugar, estão as comunidades indígenas do Mato Grosso do Sul, com 8,6 vítimas para cada 100 mil habitantes

Fonte: Ministério da Saúde

Fonte: Suicide and psychiatric diagnosis: a worldwide perspective, de J.M. Bertolote e A. Fleischmann

35,8%Transtornos de

humor (depressão e bipolaridade)

11,6%Transtorno de personalidade

22,4%Transtorno

relacionado à dependência de

substâncias

10,6%Esquizofrenia

as pessoas sobre a importância do problema e a criação de serviços de atendimento específicos para grupos de risco”, clama Corrêa. É o caso, por exemplo, do programa mundial Suicide prevention (Supre), comandado pela OMS e com re-presentantes distribuídos em todo o globo – no Brasil, a sede fica em Campinas (SP). Além de lutar con-tra o preconceito, o projeto busca reduzir o acesso a instrumentos que possam culminar em suicídios, tais

como venenos e armas de fogo.M., o jovem do início desta re-

portagem, descobriu isso em tempo. Em meio à sua confusão mental, ele encontrou forças para seguir a vida. Não é que os problemas simples-mente desapareceram. “Tem dias que não vejo perspectiva para nada. Mas, hoje, não vejo o suicídio como uma saída. A vida é assim, e a gente precisa buscar ajuda e continuar fir-me até que as coisas mudem de ce-nário”, contrapõe ele.

P O R F E R N A N D O T O R R E S

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Estilo militar

Gordura no cérebro

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“Missão dada é missão cumprida”, gritaria o capitãoNascimento na largada do treino de bootcamp. Inspirada no adestramento militar, a nova nomenclatura busca levar o corpo ao limite. “Uma só aula une várias capacidades: força, resistência, fl exibilidade e potência cardiorrespiratória”, descreve o educador físico Vinicius Soares (esq.). Isso signifi ca que o combo pode ser personalizado, por exemplo: TRX + calistenia + corrida. Por aqui, o bootcamp dá as caras no projeto Na Praia, no Alphaville. “Vamos ter sequências de treino funcional, ciclismo e Tac Fit com o peso clubbell”, adianta o coach Lui Pessoa, que coordena duas rodadas do aulão, para um pelotão de cem recrutas, na manhã de sábado, 20 de maio.

A dieta pode prevenir o mal de Alzheimer. Um exemplo do bem é a gordura insaturada, presente em óleos vegetais, castanhas e peixes. “Ela tornaas membranas do sistema nervoso mais maleáveis, permitindo maior comunicação entre os sinais neurológicos”, explica o nutrólogo e geriatra Nelson Iucif Jr., do departamento de geriatria da Associação Brasileira de Nutrologia e palestrante sobre o tema na Jornada Mineira de Nutrologia. A gordura saturada, por sua vez, seria um ativador da demência. “Ela torna as mesmas membranas mais rígidas”, diferencia.

Fotos: Pedro Vilela/Agência i7

Foto

lia

Uma estufa com cultivo de hortaliças e ervas sem agrotóxicos, em pleno shopping center. Acrescente um sacolão chic, que reúne 200 produtores locais, e um restaurante farm-to-table, o Casa Amora, especializado em comidasaudável. A soma engloba a fazenda urbana BeGreen, de 2,7 mil m², inaugurada este mês no Boulevard Shopping. “Queremos reconectar as pessoas aos alimentos e encurtar a distância entre produtor e consumidor, diminuindo o desperdício provocado pelo deslocamento”, diz Giuliano Bitencourt (esq.), um dos idealizadores do complexo. A ideia foi importada do renomado Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), onde Giuliano e seu sócio, Pedro Graziano, conheceram um modelo semelhante. Por aqui, a estufa vai cultivar 20 itens, como manjericão, agrião, rúcula e, o principal produto, alface baby. “Dois pés a 5 reais. É pra levar”, anuncia.

Roça urbana

VIVER Maio 19 - 201750

Formado em belas artes e gastronomia, enveredou pela cozinha profi ssional atuando em restaurantes de renome, como D.O.M. e Chef Rouge, em São Paulo, e O Dádiva e Au Bon Vivant, em BH. Hoje, comanda a cozinha do seu próprio negócio, o Campagne, em Macacos.

INGREDIENTES100 g de bacon bem picado

200 g de cebola bem picada 8 g de alho bem picado

100 ml de vinho do Porto branco 100 ml de vinho Madeira 50 ml de conhaque 500 g de

fígado de frango 4 ovos 15 g de sal Pimenta-do-reino

moída Quatre-épices (mistura de especiarias) 200 g de man-teiga em temperatura ambiente

MODO DE FAZER Refogue o bacon com alho

e cebola até fi carem macios e sem dourar Adicione o vinho do Porto, o vinho Madeira e o conhaque e ferva por um minuto

Desligue o fogo e descanse na frigideira por dez minutos Passe por uma peneira fi na e pressione para extrair o máximo de líquido possível (deve render

190 g aproximadamente) No liquidifi cador, adicione o líquido, o fígado de frango, ovos, sal, pimenta e o quatre- épices Bata até formar um líquido. Ligue novamente o liquidifi cador e adicione a manteiga aos poucos para emulsionar Passe por uma peneira fi na. Distribua o líquido formado em ramequins ou

xícaras que possam ir ao forno Cubra com papel-alumínio

e, cuidadosamente, asse em banho-maria no forno a 150°C até que o patê esteja fi rme. Resfrie imediatamente Para melhor acabamento, cubra o patê com uma fi na camada de manteiga clarifi cada Sirva com baguete, mel, confi t de cebola e pepinos em conserva.

Patêde foie

Rafael TocchettoCampagne Restaurante

Receitas e muito mais nas redes sociais da Viver Gourmet. Siga Facebook: Viver Gourmet / Instagram: @vivergourmet

Fotos: Pedro Vilela/Agência i7

Rua Oriente, 644 - Serra, Belo Horizonte - MG - Brasil

www.verdemusgo.com.br

31 3225.7303

[email protected]@verdemusgo /verdemusgo

DESIGN FLORAL - CENOGRAFIA - MOBILIÁRIO

MARCIA

CH

ARN

IZO

N

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FERNANDO TORRES, DA TURQUIA *

Fotolia

MESQUITA DE SULEIMAN:guardada pelo túmulo

do próprio sultão

Viver Brasil viaja a Istambul e traça um roteiro de cultura, arte, compras e gastronomia por uma das cidades mais cosmopolitas do mundo

Tesouros turcos

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TU R ISMO

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Portal entre o Ocidente e o Orien-te, Istambul, a maior cidade da Turquia, carrega uma herança

transcultural e milenar. A sobreposi-ção de civilizações e o encontro de po-vos a transformaram em um poema épico, repleto de opostos. Minaretes e mesquitas reforçam os símbolos is-lâmicos, enquanto a iconografia cris-tã em museus e igrejas testemunha os tempos áureos do Império Bizantino, sediado em Constantinopla, antigo nome para Istambul. O último século ainda trouxe a modernidade e a laici-dade política, convertendo a metró-pole em epicentro cosmopolita.

Com tanta riqueza histórica e cul-tural, é inconcebível que Istambul – e a Turquia como um todo – esteja vi-vendo uma crise no turismo, devido aos atentados terroristas e à eferves-cência política dos últimos dois anos. No primeiro semestre de 2016, o país registrou queda de 22,9% no fluxo de turistas, sobretudo de brasileiros, que reduziram em 52% o número de check-ins no Aeroporto Internacional Atatürk. Números perturbadores para uma nação que já alcançou 12% do PIB com o turismo.

Preocupada com essa retração, a consultoria de luxo Teresa Perez Tours organizou uma viagem à Tur-quia para jornalistas e agentes, com o intuito de demonstrar o quanto o medo para visitantes é equivocado. A Viver Brasil esteve a bordo e constatou que Istambul continua apaixonante. Além do reforço com segurança nos aeroportos, com dupla passagem pe-los raios X, a cidade vive policiamen-to intensificado – os próprios hotéis instalaram detectores de metais na re-cepção. O período também é mais fa-vorável ao turismo low profile, já que monumentos e ruas normalmente lo-tadas agora se apresentam sem mul-tidões e filas. Além disso, o câmbio se mostra favorável, com 1 lira turca va-lendo em torno de 1 real. Nada disso representa um clima desolador. Ao

contrário, a alegria e a amabilidade dos locais continuam contagiantes.

A VIDA NO BÓSFORO Única cidade do mundo dividida

em dois continentes, Istambul acon-tece às margens do estreito de Bós-foro. Fazer um minicruzeiro pelas curvas do canal, que liga os mares Ne-gro e de Mármara, encabeça a lista de passeios. A navegação revela a fortale-za Rumelihisari, a mesquita Ortaköy Camii, a ponte de Atatürk e as yalis, mansões dos célebres paxás.

Parte da vida moderna de Istam-bul também está à beira do canal. Por ali, está o bairro Bebek, famoso por reunir celebridades turcas em bares e

bistrôs hypados – como o Lucca, que, além de brunch aos domingos, serve massas, queijos, pescados e frutos do mar. Próximo à ponte do Bósforo, que liga o lado europeu e asiático, o bairro Ortaköy é mais turístico. O calçadão para pedestres tem bares, cafés, feiras livres e casas noturnas.

É também nas margens do estrei-to, no distrito de Besiktas, que ficam alguns dos melhores hotéis da cida-de. Palácio otomano do século 19, o Four Seasons at the Bosphorus tem hammam (banho turco) particular e serve desjejum, brunch e coquetéis de frente para o estreito – do cais do hotel saem os melhores tours priva-tivos pelo Bósforo, com direito à

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ÀS MARGENS DO BÓSFORO,os hotéis de luxo Shangri-la e Four Seasons (abaixo)

Fotos: divulgação Shangri-La e Four Seasons

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visita interna da yali do designer Ser-dar Gülgün. Com atmosfera doura-da e opulenta, o Shangri-la tem uma das suítes presidenciais mais caras do mundo, segundo o ranking anual do site Billionaire.com: 30 mil dólares a diária, com direito a 366 metros qua-drados e três terraços privados com vista panorâmica para o Estreito.

Ambos são vizinhos do palácio Dolmabahçe, último reduto do Impé-rio Otomano. Inspirada em Versalhes, a construção do século 19 mistura neoclássico e barroco com grandilo-quência. O palácio tem 45 mil metros quadrados, 403 cômodos, tetos folhea-dos com 14 toneladas de ouro, 131 ta-petes de seda e lustre de 750 lâmpadas.

Tudo isso nada mais é que a “res-posta” dos sultões ao palácio Topka-pi, na região de Sultanahmet, que abrigou o centro do poder por apro-

ximadamente quatro séculos e só foi aposentado quando o império já es-tava em decadência. O complexo de construções e jardins inclui o harém, onde viviam as esposas e concubinas dos sultões, e o museu com peças do tesouro imperial, como o anel de dia-mante de 86 quilates e a adaga de es-meraldas colombianas – bem como excentricidades como o fio da barba de Maomé e o cajado de Moisés.

ARTE SACRA O impressionante acervo histó-

rico e artístico de Istambul está inti-mamente ligado à religião. Do lado cristão, a construção mais singular é a igreja de São Salvador em Chora, do século 5. Hoje transformada em mu-seu, fica um pouco afastada dos sítios históricos, mas apresenta belíssima coleção de mosaicos e afrescos bizan-

tinos, registrada em profusão nos li-vros de arte e história. No século 15, os otomanos cobriram as paredes com gesso, o que permitiu a preservação das obras, os mais importantes da arte bizantina remanescente.

Mas o monumento mais emble-mático é a basílica de Santa Sofia ou Ayasofya (“Sagrada Sabedoria”), tam-bém na região de Sultanahmet. Er-guida no século 6, pelo imperador romano Justiniano, foi considerada a maior igreja cristã até se transformar em mesquita, em 1453, após a queda de Constantinopla. Nessa época, os mosaicos cristãos foram cobertos e o templo ganhou inscrições islâmicas e minaretes. Já no século 20, com o iní-cio da República, transformou-se em museu, o único do mundo a exibir a iconografia de Jesus e Maria ao lado das inscrições de Alá e Maomé.

TU R ISMO

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DOLMABAHÇE:último reduto doImpério Otomano

BASÍLICA SANTA SOFIA(ao lado) e o dualismo

da arte em seu interior

Fotos: Fotolia

Separada de Ayasofya por um par-que, a célebre Mesquita Azul, do sé-culo 17, também impressiona. Além de ser o único templo muçulmano de Istambul com seis minaretes, ela se tornou icônica pelo revestimento in-terior de 21 mil azulejos azuis e ara-bescos pintados à mão. No alto do bairro Eminönü, a Mesquita de Sulei-man, o Magnífico se destaca pela im-ponência, avistada ao longe. Datada do século 16, tem grande importância

PALÁCIO TOPKAPI:centro do poder por

quatro séculos

Liberdade e democracia são valores que definem Minas Gerais. Na nossa Assembleia Legislativa, esses ideais estão sempre presentes no debate, no diálogo e na luta diária pelos interesses de Minas e dos mineiros. Participe! É com você que a Assembleia se torna, cada vez mais, o poder e a voz do cidadão. almg.gov.br

histórica para a Turquia e é guardada pelo túmulo do próprio sultão.

Quem desejar se hospedar em Sultanahmet encontra refúgio em ou-tra unidade do hotel Four Seasons. O prédio, originalmente uma cadeia do início do século 20, oferece luxuosas suítes com terraços privados e o roof-top que dá vista para Ayasofya e para a Mesquita Azul. Nas áreas comuns, o jardim acolhedor é uma extensão do restaurante Seasons, que mescla pra-tos da cozinha turca e mediterrânea.

TRADIÇÃO TURCA Antiga Rota da Seda, a Turquia

tem fama na qualidade, sofisticação e bons preços do comércio desde os tempos bizantinos. O roteiro de des-cobertas pode começar na Orient Handmade Carpets, comandada pela família Sefer há cinco gerações. Estampados com padrões tribais, arabescos ou contemporâneos, os ta-

petes são tecidos fio a fio, de forma que uma peça pode levar um ano para ficar pronta. “A tradição turca diz que a linha do tear deve ser trabalhada na urdidura vertical, com nós contínu-os e circulares, deixando a tapeçaria mais resistente e densa”, conta o pro-prietário e negociante Recep Safer.

Datado de 1461, o Grand Bazaar tem 5 mil lojas com peças de cerâmi-ca, azulejos, joias, lenços de pashmi-na, tapetes e muitos badulaques. O Mercado Egípcio, também conhecido como Mercado de Especiarias, é outro local de peregrinação. Especializado em temperos, frutas secas e condi-mentos, tem cem lojas. Em ambos, a barganha é regra de etiqueta.

Cosmopolita e contemporâneo, o bairro Nisantasi é destino de quem busca por vitrines internacionais. A rua Abdi Ipekçi, a mais estrelada, con-centra lojas como Burberry, Prada, Louis Vuitton, Christian Louboutin,

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Tom Ford e Alexander McQueen. To-das são vizinhas do hotel butique The Sofa, com quartos decorados indivi-dualmente; e o Park Hyatt, em um pa-lacete art decó da década de 1920.

A delicada cerâmica otomana também atravessou séculos e se exibe em várias lojas. Mas, para uma experi-ência realmente autêntica, o indicado é visitar uma olaria em Avanos, na Ca-padócia, a uma hora de voo de Istam-bul pela Turkish Airlines, que guarda o ofício desde o tempo da civilização hitita. A visita ao ateliê da Güray Sera-mik permite ver a fabricação ao vivo, da modelagem da argila no torno à pintura manual, terminando com a hipnotizante loja de jarros, pratos, azulejos e dervixes, monges muçul-manos conhecidos pela cerimônia em que rodopiam em transe místico.

KAFTA OU KEBAB? Comer bem em Istambul é redun-

dância. Seja com aperitivos típicos, como kafta ou kebab, até pratos da cozinha internacional, com uma pi-tada de ingredientes regionais, como iogurte, queijo de cabra, berinjela, passas, damasco e cordeiro, a fartu-ra e o prazer à mesa são estimulados. Vale lembrar que a refeição autêntica nunca se encerra sem um chá ou café turco (diferente do europeu, a bebi-da não é coada), geralmente acom-panhados de turkish delights, espécie

de bala de goma com pistache, mel e água de rosas.

Na cobertura do hotel Marmara Pera, com vista de 360 graus, o Mikla já foi eleito diversas vezes como o me-lhor restaurante da cidade. Além dos pratos a la carte, o chef e proprietário Mehmet Gurs oferece menu-degusta-ção com itens como cordeiro assado com iogurte e repolho; e bife tender-loin assado com berinjela e lentilhas.

O Sunset, em Besiktas, também usa e abusa da vista e investe em de-coração arrojada, como a simula-ção de uma árvore dourada no meio do salão. Dona de uma das melhores adegas de Istambul, a casa se destaca pela cozinha japonesa, entrando para a história como o primeiro sushibar de Istambul, desde 1999. O cardápio também contempla pratos da cozinha turca e contemporânea, com carnes nobres, frutos do mar, massas e riso-tos. Tudo embalado por música em tom de bossa nova.

Encerramos a temporada em Is-tambul no Spago, restaurante do chef austríaco Wolfgang Puck, no topo do hotel The St. Regis. Inaugurada há um ano, a casa é bastante disputada, combinando a linha farm-to-table com as cozinhas americana, asiática e italiana. O jantar é embalado ao som de DJs, uma batida boa que, combina-da à vista do Bósforo, leva, inevitavel-mente, à perda da noção do tempo.

* O jornalista viajou à Turquia a convite da Teresa Perez Tours e da Turkish Airlines

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RESTAURANTE SUNSET: primeiro sushibar e decoração arrojada

GRAND BAZAAR e tapetes turcos fi o a fi o da Orient

Fotos: divulgação

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Transformar o eSuites Savassi Toscanini, antigo Pro-menade Toscanini, em hotel butique dentro de seis meses. Esse é o plano de Érica Drumond, CEO da Vert Hotéis, que acaba de converter a unidade em uma das marcas da com-panhia. “É um hotel que está no coração da cidade e que vai receber tratamento especial, desde menu de travesseiros até arrumação da mala. O hóspede será tratado pelo nome e terá amenities e facilidades para que se sinta especial. É uma conversão valorizando a localização”, explica Érica. O investimento será em torno de 10 mil reais por apartamen-to. Com a nova aquisição, Érica espera aumentar a taxa de ocupação e a diária média, além de transformar o hotel em ponto de entretenimento. “Vamos ativar o bar e o restau-rante num ponto que já é muito nobre para baladas. Espero que o belo-horizontino frequente mais a Savassi por meio do Toscanini”, avisa a empresária, que acaba de assumir a presidência da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (ABIH-MG). No novo posto, ela promete descentralizar e regionalizar a gestão e aumentar o número de associados de 100 para 300 nos dois anos de mandato.

Novo hotel butique

Ensaio petApaixonados por pets não vão resistir: a onda agora é fazer um

ensaio fotográfi co do bichinho e guardar para a prosperidade. A ideia partiu da fotógrafa Rossana Magri, que percebeu o nicho

ao começar a clicar os bichinhos em eventos, contratada por determinada loja ou marca. Já o book particular custa a partir

de 900 reais e conta com cem fotos e álbum. A maior demanda é para ensaios de cães, principalmente os de companhia, como

yorkshire, shih-tzu e bichon. Para não estressar o cãozinho, Rossana divide o trabalho em duas sessões de 40 minutos. “Depois desse tempo, ele não atende mais aos comandos.

Também é preciso deixar o pet se acostumar comigo, com a câmera, o ponto de luz. Quanto mais tranquilo ele fi car, melhores

serão as fotos”, garante a fotógrafa, que também clica gatos.

Fotos: Pedro Vilela/Agência i7

Colaboração: Fernando Torres, Guilherme Aroeira, Maíra Leni e Miriam Gomes Chalfi n

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A arte culinária presente nos

pequenos detalhes.

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Apresentamos José Carlos Almeida, ou simplesmente Zé Carlos, como é conhecido, o homem ao lado, dono do caminhão de abacaxis estacionado próximo à rotatória do Vila Castela. Vindo de Marataízes (ES) para Belo Horizonte em 1994, Zé Carlos mantém a tradição de família de produzir e comercializar o próprio produto há mais de 16 anos – e no mesmo local. “Aprendi com meus pais. Eu e meus irmãos mantivemos isso desde então”, salienta. Questionado sobre segredo do sucesso e da longevidade de seu negócio, ele responde: “É o carinho. Trato bem o meu produto e meu cliente. Procuro sempre fazer o melhor que posso. Tanto que tem pessoas que saem de outros bairros e vêm até aqui só pra comprar comigo.”

O rei do abacaxi

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Apaixonadas pela dança, as sócias Cláudia Resende (esq.) e Diva Antonini (dir.) uniram forças com a dançarina e empresária Adriana Coutinho para inaugurar o projeto Dance Gallery. Reunindo aulas dos mais diversos estilos musicais e até modalidades fitness, o estúdio propõe unir arte, atividades físicas, gastronomia e cultura num casarão histórico

do São Pedro. “Cursos de dança existem aos montes, mas uma iniciativa assim é a primeira na cidade. O imóvel já é muito convidativo por si só, e a gente acredita que não tem como a dança andar sozinha sem estar envolvida com a arte e cultura”, conta Cláudia. Na agenda, workshops, exposições, happy hours e aulas especiais com professores renomados.

Antes de abrir as duas unidades do Espaço DR, uma no Buritis – que completou 17 anos – e outra na Serra, o empresário e cabeleireiro mineiro Dierley Rodrigues passou por momentos árduos. Aos 11 anos, começou a trabalhar para sustentar a mãe e três irmãos mais novos. Após sair de Paraopeba, sua cidade natal, Dierley labutou por muito tempo em casas de famílias, lanchonetes e supermercados, até que surgiu a oportunidade de trabalhar

com o que o fascinava: cabelo e maquiagem. “Eu ‘fugia’ da casa de família onde eu trabalhava e morava todas as segundas à noite para ir a um curso gratuito na Casa do Barbeiro,” conta. Com muita luta e sem nunca perder a esperança, o cabeleireiro possui hoje um dos maiores e mais completos salões de Belo Horizonte, com uma equipe de 85 profissionais, sendo 30 parentes e amigos que ele trouxe do interior de Minas.

Eram três as marcas da cervejaria Inconfidentes, no Jardim Canadá. Até que a cerveja Vinil comprou 100% dos ativos e, agora, aposta em voo solo. “Até 2018, queremos triplicar a produção para 50 mil litros ao mês”, projeta o cervejeiro Fabrício Bastos (esq.). Ele e os sócios investem na retomada do rótulo Baba O’Riley, uma breja de maltes caramelizados que brinda o single da banda The Who. “Foi nossa primeira cerveja. Como a banda vai fazer shows no Brasil este ano, decidimos relançá-la.” Outra bebida roqueira, prevista para julho, é a inédita Hurricane – canção de Bob Dylan sobre o boxeador Rubin Carter – com 8% de teor alcoólico e 75 IBUs, a escala de amargor. “Vai ser uma porrada de lúpulo e álcool”, promete.

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Malte, lúpulo e rock

Cabelo feito e

alma lavada

Baile na academia

Fotos: Pedro Vilela/Agência i7

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VIVER Maio 19 - 201762

O quê 6Prêmio Bom ExemploOnde 6Sede da TV

Criado para reconhecer atividades e pessoas que contribuem positivamente para uma sociedade melhor, foi entregue o Prêmio Bom Exemplo, uma iniciativa da TV Globo Minas, Fundação Dom Cabral, Fiemg e do jornal O Tempo. Escolhidos por um júri, foram contemplados cidadãos, projetos e instituições que foram destaques nas categorias ciência, cultura, economia e desenvolvimento de Minas, educação, esporte, inovação e meio ambiente. Na categoria Cidadania, o vencedor foi escolhido por votação popular. Fotos: Tião Mourão

6 Ângela Gutierrez e Terezinha Machado

6 Lúcia Pereira, Jeiel Junio Santos, Junio Gabriel Santos, Diva Lima, Marta David e José de Paula

6 Gustavo Penna, Cristiana Parizzi de Andrade, Olavo e Terezinha Machado, Lúcio Peres

6 Edvaldo Almada e Olavo Machado Junior

6 Adriana Branco e Ana Luiza Laender

6 Lázaro Luiz Gonzaga, Adriana Machado, Gustavo Penna e Luiz Tito

6 Vivian Santos, Humberto Alves Pereira e Renata do Carmo

6 Adriana Branco, Marcelo Ligere, Ana Laender e Vittorio Medioli

6 Ricardo Santiago e Carlos Mascarenhas

6 José Amaro Siqueira, Isabela Scalabrini e Artur Almeida

VIVER Maio 19 - 2017 63

6Vittorio Medioli e Edson Durão Júdice (Ciência)

6 Marcelo Ligere, Maria Aparecida Carneiro e Paulo Assunção

6 Dayse Resende e Marina Medioli

6 José Luiz Silva, Marcos Gimenez e Miguel Correa Jr.

6 Carolina Ávila, Hellen Mundim e Anaceli Mesquita

6 Olavo Machado, Marina Medioli, Antônio Batista e Marcelo Ligere

6 Miguel Correa Jr. e professor Nivio Ziviani (Inovação)

6 Álvaro Rezende e Marco Antônio Lage

6 Ana Luiza Laender e Maria Dalce Ricas (Meio Ambiente)

6 Marcelo Ligere, Antonio Batista da Silva Junior, Augusto Martins e Ricardo Siqueira

6 Jairo Isaac e Patrícia Nogueira (Educação)

6 Olavo Machado e Vitor Penido

VIVER Maio 19 - 201764

O quê 6Bodas de PrataOnde 6 Montes Claros

A alta sociedade montes-clarense marcou presença nas comemorações das Bodas de Prata da fisioterapeuta Karla Maia Malveira e do cirurgião plástico Dawson Maia Malveira. Após a bonita cerimônia na igreja dos Arautos, o casal, ao lado dos filhos Heitor, Matheus e Pedro, recebeu para uma alinhada recepção nos salões do Buffet Duca & Nazareth. A pedido do casal, os presentes foram trocados por peças de ferro para as estruturas das pilastras da igreja Nossa Senhora das Graças. Fotos: Eudes Carvalho

6 Rebeca e Rafael Brasileiro, Carminha e Rui Brasileiro

6 O casal dançando a valsa

6 Maria Inez Narciso, Raquel Guedes, Theodomiro Paulino e Inês Sá Miranda

6 Wagner e Marinilza Mourão Gomes

6 Genival e Beth Tourinho,Eunice e Edgar Pereira

6 Paulinho Oliveira, Isabela Oliveira, Juliana Laughton D’Angelis, Jane e Cláudio Ladeira 6 Maria Inês Narciso

6 Dawson e Karla Maia Malveira com os filhos Heitor, Matheus e Pedro

6 Fátima Turano e Eliziário Rezende

6 Hércules e Adriana Figueira Costa

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VIVER Maio 19 - 2017

Ponte ou pinguela

Economia e política são irmãs siamesas neste Brasil que abre a cada dia uma crise diferente para seus cida-dãos. Hospitais públicos que não atendem a milhares de pacientes os quais, dia e noite, perambulam de porta em porta em busca de assistência médica. Escolas e universidades degradadas pelos próprios alunos, uma corrupção sistêmica e um inaudito crescimento da violência em todo o país. Não está fácil viver no Brasil nos dias atuais. Os índices de emprego voltam a cair, mantendo mais de 14 milhões de desempregados nesse limbo socioeconômico criado pela maior recessão da história nacional. Os níveis de corrupção, vale ressaltar, alcançam, hoje, números que deixam estarrecidos não apenas os brasileiros, mas todo o mundo.

A divulgação das delações dos controladores da maior construtora do país, srs. Emílio e Marcelo Ode-brecht, veio expor a decomposição moral das relações entre a empresa e o estado e também com uma enorme parcela do mundo político. Este é o quadro do Brasil, estampado pela imprensa nacional em todos os últimos dias. Se vamos às páginas econômicas, o quadro é tam-bém desolador. Pelo menos 20 estados brasileiros estão em grave situação financeira, dependendo de recursos emergenciais da União. A mais grave situação de penú-ria, reconhecida por decreto, é a dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul que não pagam sequer os salários de seus servidores. A dívida pública federal, superando 3 trilhões de reais, já alcança cerca de 75% do PIB de 2016 que, por sua vez, foi infe-rior ao ano de 2015. Se voltamos ao noticiário político, o quadro é mais desalentador ainda.

A demissão do deputado Geddel Vieira Lima, do chamado núcleo duro do governo, não foi um “fato-zinho” como quis dar a entender o presidente Michel Temer no encontro mantido com empresários e in-

vestidores. O fato foi da maior grandeza e suas conse-quências se agravaram com as recentes delações. E, como tudo que está ruim pode piorar, temos agora o Poder Judiciário em conflito com o Legislativo. As duas últimas decisões do STF, uma mantendo o presidente do Senado e a outra devolvendo um projeto de lei ao Congresso para ser refeito, são retrato flagrante desse conflito. Agrava sobremaneira a situação quando os três poderes não se entendem entre si. Temos então um presidente empenhado em acertar, mas cada vez mais solitário, perdendo elementos de sua confiança a cada mês. Além do ministro José Padilha, já são mais oito os investigados pela Lava Jato. A divulgação dos depoi-mentos prestados pelos srs. Emílio e Marcelo Odebrecht foi uma bomba de não sei quantos megatons despejada sobre todos nós. Assustou o empresariado que já inicia seus resmungos diante da crise econômica, como se esperassem um milagre do governo.

Nesta confusão marcada por uma amnésia moral, o governo emprega seus melhores esforços para rea-nimar a economia, mas, trafegando numa pinguela, como disse o ex-presidente Fernando Henrique, corre o risco de cair no rio. E como escrevi no princípio sobre a íntima ligação entre as crises política e econômica, que o empresariado não se iluda sobre este ano que se iniciou. 2017 terá as mesmas incertezas de 2016, agra-vadas pelo quadro de deterioração ética nas relações de outras empresas com o governo, a exemplo do grupo Odebrecht. Espero que se venham a dissipar as pesadas nuvens que sombreiam o poder, sobretudo com relação ao Executivo e o Legislativo. Que o bom senso de todos nos permita atravessar sem maiores tropeços o ano de 2017, chegando então às eleições de 2018, que haverão de promover um saneamento moral nos quadros eleti-vos, enquanto a Lava Jato cuida de enquadrar os demais envolvidos. Se não fomos capazes de construir uma ponte de acordo com os princípios éticos que deveriam nortear as relações republicanas entre empresários e governo, que sejamos salvos então pela pinguela atual que nos permitirá atravessar o rio onde piranhas e cro-codilos estão à espreita.

Hermógenes Ladeira, empresário

Espero que se venham a dissipar as pesadas nuvens que sombreiam o poder, sobretudo com relação ao Executivo e ao Legislativo

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Hermógenes Ladeira

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