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ENTREVISTA' ~ArthÍJrKàlichman' & Cristi~n~"'G. Meirel~ ~ ~ o< ' " CRT DST / AIDS-SP CONVIDA A COMUNIDADE PARA TESTE DE VACINA ANTI-HIV A epidemia de HIV/AIDS está fazendo 20 anos, com 237.580 casos noti- ficados no Brasil, dos quais 110.845 no Estado de São Paulo. Diante da magnitude da epide- mia, que atinge principalmente países em desenvolvimento, a melhor estratégia para seu contro- le é o desenvolvimento de uma vacina segura, eficaz e acessível. Atualmente, diversas vacinas en- contram-se em estudo, com ensai- os planejados para 2003. O pro- cesso de criação de um produto vacinal é complexo e exige, além de um árduo trabalho de labora- tório propriamente dito, a sensibi- lização e a mobilização de volun- tários para testar a eficácia do pro- duto. Na entrevista a seguir. o co- ordenador do Programa Estadual de DST/AIDS-SPe diretor do Cen- tro de Referência e Treinamento DST/AIDS (CRT DST/AIDS), Artur Kalichman, e a coordenadora de Educação Comunitária da unida- de de pesquisa do CRT DST/AIDS, Cristiane Gonçalves Meireles da Silva, comentam as expectativas relacionadas à participação do CRT DST/AIDS na Rede de Ensaios de Vacinas anti-HIV (HVTN). Como- }U.Yg.úv o- COlWu0 pc;urOvo- CR T pcwtfci.pc;ur eLo- ttVTN? Artur Kalichman: O HVfN, criado em 1999, é uma iniciativa fi- nanciada pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, com o objetivo de otimizar o processo de busca e viabilização de um produto vacinal anti-HIV, seja apoiando pes- quisas sociocomportamentais ou de vacinas propriamente ditas. A rede, constituída por 30 sites (locais de pesquisa) em todo o mundo, pode ser considerada a iniciativa mais ar- rojada e abrangente do ponto de vista internacional de desenvolvimen- to de vacinas para AlDS. O CRTfoi convidado a participar da Rede de Ensaiosde Vacinasanti-HIVem 2000, por Mauro Schetter,da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e passou a integrar o HVfN em 200 I . <9 qUh ve;pv~Ov Ov pCLl"t't-dpa.çáo- cUv ~ltlM,ção- V\.Ov ttVTN? A K: É uma prioridade da Coor- denação Nacional de DST / AlDS e da Coordenação Estadual de DST/AlDS de São Paulo participar do esforço internacional de busca de uma vaci- na anti-HIV Fazerparte dessarede sig- nifica, em primeiro lugar, atestar nos- sacapacidadede realizarpesquisasde alta complexidade. Além disso, é inte- ressanteconhecer e acompanhar os processosrelativosao produto em tes- te desde o início, pois, se o mesmo for validado, provavelmente podere- mos negociar seu custo a um valor acessívelou propor um esquema de transferência da tecnologia. De qual- quer forma, diante da abrangência da epidemia, a descoberta de uma vaci- na anti-HIV eficazé prioridade. O Bra- sil. como uma referência mundial na luta contra a AlDS, não poderia dei- xar de Integrar e márcar presença efe- tiva nessecircuito internacional. Q~ e1tudoy e1tão- ~ ~oiNidoy V\.&C'RT DSTI AIDS-SP? A K: O CRTDST/AlDS-SP e o Pro- jeto PraçaXI. da Universidade Federal do Rio de Janeiro, coordenado por Mauro Schechter.estãorealizandones- te momento um estudo sociocompor- tamental, com a finalidade de conhe- cermelhor a dinâmicada infecçãopelo Difev0f"\t"~ do: qUh occrre- C011'lIo- $j'Vupo- ~~0rnI .pouq~tY'~ 01WoiN~ he:tet"~ f»<Mp~~ ~tit!M1UV oporturddade de. se- co-nhecer mclho-v ~ popuIação-~v~ ~ et:t'~peJ..a, e;p~ Artur Kalichman HIV na população heterossexual nas cidadesde SãoPaulo e Riode Janeiro. Queremos identificar os fatores que determinam o desejOdos voluntários de participarde pesquisasde testesde vacinas contra o HIV, saber quantas pessoasse infectaram durante o perí- odo da pesquisae quais são os fatores que expõem osvoluntários ao riscode infecção.Aliado a isso,queremos ava- liar nossa capacidade de recrutar e acompanhar por um ano 400 volun- tários(I 00 homens e I 00 mulheresem São Paulo e I00 homens e 100 mu- lheresno Riode Janeiro) como forma , de preparação para um futuro estudo de vacina em Fase111. Embora o tama-

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ENTREVISTA'

~ArthÍJrKàlichman'& Cristi~n~"'G.Meirel~~ ~ o< ' • • " •

CRT DST / AIDS-SPCONVIDA ACOMUNIDADE PARATESTE

DE VACINA ANTI-HIVA epidemia de HIV/AIDS

está fazendo 20 anos,com 237.580 casos noti-

ficados no Brasil, dos quais110.845 no Estado de São Paulo.Diante da magnitude da epide-mia, que atinge principalmentepaíses em desenvolvimento, amelhor estratégia para seu contro-le é o desenvolvimento de umavacina segura, eficaz e acessível.Atualmente, diversas vacinas en-contram-se em estudo, com ensai-os planejados para 2003. O pro-cesso de criação de um produtovacinal é complexo e exige, alémde um árduo trabalho de labora-tório propriamente dito, a sensibi-lização e a mobilização de volun-tários para testar a eficácia do pro-duto. Na entrevista a seguir. o co-ordenador do Programa Estadualde DST/AIDS-SPe diretor do Cen-tro de Referência e TreinamentoDST/AIDS (CRT DST/AIDS), ArturKalichman, e a coordenadora deEducação Comunitária da unida-de de pesquisa do CRTDST/AIDS,Cristiane Gonçalves Meireles daSilva, comentam as expectativasrelacionadas à participação do CRTDST/AIDS na Rede de Ensaios deVacinas anti-HIV (HVTN).

Como- }U.Yg.úv o- COlWu0

pc;urOvo- CR T pcwtfci.pc;ur eLo-ttVTN?

Artur Kalichman: O HVfN,criado em 1999, é uma iniciativa fi-nanciada pelo Instituto Nacional deSaúde dos Estados Unidos, com oobjetivo de otimizar o processo debusca e viabilização de um produtovacinal anti-HIV, seja apoiando pes-quisas sociocomportamentais ou devacinas propriamente ditas. A rede,

constituída por 30 sites (locais depesquisa) em todo o mundo, podeser considerada a iniciativa mais ar-rojada e abrangente do ponto devista internacional de desenvolvimen-to de vacinas para AlDS. O CRTfoiconvidado a participar da Rede deEnsaiosde Vacinasanti-HIVem 2000,por Mauro Schetter,da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro, e passoua integrar o HVfN em 200 I .

<9 qUh ve;pv~Ov OvpCLl"t't-dpa.çáo- cUv

~ltlM,ção- V\.Ov ttVTN?A K: É uma prioridade da Coor-

denação Nacional de DST/AlDS e daCoordenação Estadual de DST/AlDSde São Paulo participar do esforçointernacional de busca de uma vaci-na anti-HIVFazerparte dessarede sig-nifica, em primeiro lugar, atestar nos-sacapacidadede realizarpesquisasdealta complexidade. Além disso,é inte-ressanteconhecer e acompanhar osprocessosrelativosao produto em tes-te desde o início, pois, se o mesmofor validado, provavelmente podere-mos negociar seu custo a um valoracessívelou propor um esquema detransferênciada tecnologia. De qual-quer forma, diante da abrangência daepidemia, a descoberta de uma vaci-

na anti-HIVeficazé prioridade. O Bra-sil. como uma referência mundial naluta contra a AlDS, não poderia dei-xar de Integrar e márcar presença efe-tiva nessecircuito internacional.

Q~ e1tudoy e1tão- ~~oiNidoy V\.&C'RT DSTI

AIDS-SP?A K: O CRTDST/AlDS-SPe o Pro-

jeto PraçaXI. da Universidade Federaldo Rio de Janeiro, coordenado porMauroSchechter.estãorealizandones-te momento um estudo sociocompor-tamental, com a finalidade de conhe-cermelhor a dinâmicada infecçãopelo

Difev0f"\t"~ do: qUhoccrre- C011'lIo- $j'Vupo-

~~0rnI.pouq~tY'~

01WoiN~ he:tet"~f»<Mp~~ ~tit!M1UV

oporturddade de. se-co-nhecer mclho-v ~

popuIação-~v~ ~et:t'~peJ..a, e;p~

Artur Kalichman

HIV na população heterossexualnascidadesde SãoPauloe Riode Janeiro.Queremos identificar os fatores quedeterminam o desejOdos voluntáriosde participarde pesquisasde testesdevacinas contra o HIV, saber quantaspessoasse infectaram durante o perí-odo da pesquisae quaissão os fatoresque expõem osvoluntários ao riscodeinfecção.Aliado a isso,queremos ava-liar nossa capacidade de recrutar eacompanhar por um ano 400 volun-tários(I 00 homens e I 00 mulheresemSão Paulo e I00 homens e 100 mu-lheresno Riode Janeiro) como forma

, de preparação para um futuro estudode vacina em Fase111.Embora o tama-

nho da amostra não tenha sido calcu-lado para fazer inferência de incidên-cia da população em geral, casoocor-ra alguma infecção nos voluntdrios,teremos também um dado de incidên-ciada infecção nessapopulação. A pes-quisa denominada "prqjeto HM - Ho-mem/Mulher" vem sendo desenvolvi-da no Riodesde outubro passado; emSão Paulo, o ensaio começou em ja-neiro deste ano

Q ucú.:Y o-y veq ~o-y pCtYOv.\0tOYJI\..CUI"/M1Il! voUu1t-cM--(,o- cio-

PVoje:tcH-lM?A K: Para participar do prqjeto,

os voluntdrios devem ter entre I 8 e 60anos de idade, não ser portadores doHIV,manter relação sexual com pesso-as do sexo oposto hd pelo menos doisanos, residir na drea metropolitana deSão Paulo ou do Riode Janeiro e nãofazer uso de drogas injetdveis. O re-crutamento deverá ser concluído noprimeiro semestre deste ano e o estu-do terá duração de um ano.

POY qU0'OvPeM1~t0YV[;como ioco- ctp~ Ov

popuLcu,:õvo-1wter~?A K: Diferentemente do que

ocorre com o grupo homossexual,existem pouquíssimos trabalhos en-volvendo heterossexuais. Essapesqui-sa scra uma oportunidade de se co-nhecer melhor essa população cadavez mais atingida pela epidemia

Co-m.o-~M- ~recrutadov os- voUu1t-cM--[oy

pCtYCi/o- Projeto-HM?Cristiane Gonçalves: A prin-

cípio, o recrutamento está sendo re-alizado a partir dos usudrios que pro-curam o Centro de Orientação eAconselhamento Sorológico (COAS)e o Ambulatório de DSTdo CRTDST/AIDS-SPPara facilitar a comunicaçãoentre a instituição e a comunidadesobre as pesquisas em andamento,e inclusive possibilitar a ampliação darede de voluntários, o CRTDSTIAIDS-SPdispõe de um educador comuni-tário, função pela qual respondo des-de o início deste ano.

E Wl! qU0' ~0 Ci/educação- com~á,viw?

C G: A educação comunitária tempor finalidade dar suporte à comuni-dade em torno de iniciativas de pes-quisa em vacinas anti-HIV e estudospreparatórios, estabelecendo ummodelo participativo. A educaçãocomunitária visa obter articulaçãocom a sociedade civil. contribuir parao aprimoramento do conhecimentoacerca das questões técnicas, éticas epolíticas relacionadas às vacinas nacomunidade, garantir a existência docomitê de assessoramento comunitá-rio (CAC), intermediar questões entrea pesquisa e os membros do CACrealizar interlocução com a mídia, pro-mover eventos vinculados ao tema eatividades de treinamento e capacita-ção voltados à comunidade. É pormeio da educação comunitária queo site iráassegurar amplo suporte paraa comunidade e fortalecer as relaçõesde confiança entre ambos

Q~ c;r.;t'LN~ ,\er'M-~o1vi.dcv".- pelw

educação- ~cM--iw?C G: Realizaremos reuniões e se-

mindrios abertos à comunidade, nosquais serão discutidos pontos impor-tantes do protocolo de pesquisa.Alémdisso, estão previstas atividades comprofissionaisda drea de DST/AlDSparaque eles conheçam, acompanhem ereMam sobre temas emergentes, tan-to do ponto de vista técnico comoético No dia I 8 de março foi realiza-do o primeiro encontro aberto à co-munidade sobre vacinas anti-HIV

A educação- ~cM--Ú;Vtesn/por ~ cW..r

w:pMt0Cv~0mItMno- de. ~vvGW de.

PeM1u.Ucv 0YV[; v~ CLt'\.W-

HIV0~pvep(M'~6v(,oy,

e$~ /M1Il! modclo-pCLrt'Ldpcú'vvo-.

Cristiane Gonçalves

co-m.o-,\er'cL-o-~~o-do-y

voUu1t-cM--[oy cio- Projeto- HM?C G: Eles deverão comparecer

à instituição três vezes, com inter-valos de seis meses entre uma eoutra visita, Na primeira visita, se-rão convidados a realizar vários exa-mes (sífilis, hepatites B e C HIV),além de responder a um questio-nário sociocomportamentaL Duran-te o período do estudo, os voluntá-rios serão ainda convidados a parti-cipar de oficinas mensais, nas quaisreceberão informações sobre a prá-tica de sexo seguro e preservativos,A equipe do estudo está disponívelpara responder à demanda no quese refere à participação no estudoou ao aconselhamento sobre asquestões de DST/AlDS.

f ~0 per~ect'LNOv d.0 .\0

t~CtY /M1Il! 'produro- v~~~0CUt&?

A K: O CRTDST/AlDSfoi convida-do pelo HVfN a participar de um pro-tocolo de um produto vacinal em faseI. previsto para ser realizado no final doprimeiro semestre deste ano. Estamossó começando; esperamos realizarváriaspesquisasnos próximos anos.•

,Para obter mais informaçõessobre o Projeto HM, entre emcontato com o Centro deReferência e Treinamento doDST/AIDS-Sp, que fica naRua Santa Cruz, 81,Vila Mariana, São Paulo,CEP 04121.000.> .Tel. (11) 5087.9'S3?. :.> r

De segunda J: sextà-fêi'ra:~. :'i::;,'cía,{Sh}tS 20h.' ,'.,.:,,'4:t:~;?;r;: