entre memÓrias: a criaÇÃo do curso de formaÇÃo … · ademais, se de fato o artigo 59 da ldb...

15
1 ENTRE MEMÓRIAS: A CRIAÇÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO NORMAL FABIANA RODRIGUES 1 INTRODUÇÃO Essa comunicação é parte integrante da pesquisa que está sendo desenvolvida para tese de doutoramento e se insere no campo da História da Educação, especificamente, no viés da História das Instituições Escolares. O trabalho ora apresentado tem por objetivo compreender o processo de criação do Curso de Formação de Professores para o Ensino Normal (CFPEN) que funcionou no Instituto de Educação do Estado da Guanabara (IEGB). Em 1966 o IEGB criou um curso denominado Curso de Formação de Professores para o Ensino Normal CFPEN, o qual tinha por finalidade formar o professor do ensino secundário, mais especificamente para atuar no ensino Normal. O curso teve uma duração efêmera: sua primeira turma teve início em outubro de 1966 e a última turma a se formar foi em 1974, pois, já em 1972 os concursos para ingresso foram suspensos, embora até o ano de 1976 as áreas administrativas continuassem a funcionar. Vale destacar que são raros os estudos e pesquisas que tratam do tema. O CFPEN foi marcado por incertezas, desde sua constituição até o seu término, buscamos nesse trabalho discutir sobre os caminhos e as lutas para a criação do curso. É importante compreender que esse processo foi permeado por debates e embates com o Conselho Federal de Educação, com o Conselho Estadual de Educação e com os jornais da época. Pretende-se, a partir da utilização da História Oral com o cruzamento de outras fontes, investigar quais foram as justificativas para a criação de um curso de ensino superior numa instituição de formação secundária. A pesquisa procura identificar como os agentes que participaram desse processo de criação construíram suas memórias sobre a necessidade e importância desse espaço de formação de professores para o curso Normal. A pesquisa nos possibilitou perceber diferentes justificativas para a criação do curso. No entanto, as diferentes versões para a criação do CFPEN não são tão divergentes entre si, entre elas existe 1 Doutoramento UFRJ, mestre em Educação, Professora da rede estadual do Rio de Janeiro.

Upload: tranquynh

Post on 17-Dec-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ENTRE MEMÓRIAS: A CRIAÇÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO … · Ademais, se de fato o artigo 59 da LDB 4.024/1961 foi incluído para possibilitar a criação do CFPEN, tal acontecimento

1

ENTRE MEMÓRIAS: A CRIAÇÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO DE

PROFESSORES PARA O ENSINO NORMAL

FABIANA RODRIGUES1

INTRODUÇÃO

Essa comunicação é parte integrante da pesquisa que está sendo desenvolvida para tese

de doutoramento e se insere no campo da História da Educação, especificamente, no viés da

História das Instituições Escolares. O trabalho ora apresentado tem por objetivo compreender

o processo de criação do Curso de Formação de Professores para o Ensino Normal (CFPEN)

que funcionou no Instituto de Educação do Estado da Guanabara (IEGB).

Em 1966 o IEGB criou um curso denominado Curso de Formação de Professores para

o Ensino Normal – CFPEN, o qual tinha por finalidade formar o professor do ensino

secundário, mais especificamente para atuar no ensino Normal. O curso teve uma duração

efêmera: sua primeira turma teve início em outubro de 1966 e a última turma a se formar foi

em 1974, pois, já em 1972 os concursos para ingresso foram suspensos, embora até o ano de

1976 as áreas administrativas continuassem a funcionar. Vale destacar que são raros os

estudos e pesquisas que tratam do tema.

O CFPEN foi marcado por incertezas, desde sua constituição até o seu término,

buscamos nesse trabalho discutir sobre os caminhos e as lutas para a criação do curso. É

importante compreender que esse processo foi permeado por debates e embates com o

Conselho Federal de Educação, com o Conselho Estadual de Educação e com os jornais da

época.

Pretende-se, a partir da utilização da História Oral com o cruzamento de outras fontes,

investigar quais foram as justificativas para a criação de um curso de ensino superior numa

instituição de formação secundária. A pesquisa procura identificar como os agentes que

participaram desse processo de criação construíram suas memórias sobre a necessidade e

importância desse espaço de formação de professores para o curso Normal. A pesquisa nos

possibilitou perceber diferentes justificativas para a criação do curso. No entanto, as

diferentes versões para a criação do CFPEN não são tão divergentes entre si, entre elas existe

1 Doutoramento UFRJ, mestre em Educação, Professora da rede estadual do Rio de Janeiro.

Page 2: ENTRE MEMÓRIAS: A CRIAÇÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO … · Ademais, se de fato o artigo 59 da LDB 4.024/1961 foi incluído para possibilitar a criação do CFPEN, tal acontecimento

2

a mesma ideia de ressaltar a excelência do IEGB, fato que se ancora na memória coletiva e

suas representações sobre a instituição estudada.

Um conceito que nos ajuda a entender as representações individuais e coletivas

construídas pelos diferentes agentes, é o conceito de memória. Le Goff (1990), em seu

trabalho sobre memória, infere que é a partir da memória que o homem atualiza o passado ou

representa esse mesmo passado. Através deste trabalho, nos valemos do conceito de memória

coletiva e sua relação com a memória individual. Para tanto, buscamos nos ancorar em outros

autores como Maurice Halbwachs (2003) e Michael Pollack (1989). Procurar investigar a

constituição de um determinado curso numa instituição de prestígio é lidar com as memórias

coletivas construídas em torno da instituição e das vivências e experiências dos agentes que

são objeto de estudo dessa pesquisa.

É a partir dessas vivências e experiências dos agentes, dos documentos oficiais,

notícias de jornais e, principalmente, da História oral que esse trabalho se fundamentou.

Atualmente a História não se faz apenas com documentos escritos e oficiais, como nos lembra

Febvre.

A história faz-se com documentos escritos, sem dúvida. Quando estes existem. Mas

pode fazer-se, deve fazer-se sem documentos escritos, quando não existem. Com

tudo o que a habilidade do historiador lhe permite utilizar para fabricar seu mel, na

falta de flores habituais. Logo, com palavras, signos. Paisagens e telhas. Com as

formas do campo e das ervas daninhas. Com os eclipses da lua e a atrelagem dos

cavalos de tiro. Com os exames de pedras feitos pelos geólogos e com as análises de

metais feitas pelos químicos. Numa palavra, com tudo o que, pertencendo ao

homem, depende do homem, serve ao homem, exprime o homem, demonstra a

presença, a atividade, os gostos e as maneiras de ser do homem (FEBVRE In LE

GOFF, 1990, p. 98).

A história oral na pesquisa é entendida como uma metodologia, em acordo com a

perspectiva de Amado e Ferreira (1996). Segundo as autoras, essa metodologia deve

estabelecer e ordenar os procedimentos de trabalho, funcionando como uma ponte entre a

teoria e a prática.

Um dos grandes benefícios de adotarmos a história oral consiste na sua possibilidade

de compreender o indescritível, ou como denomina Joutard (2000), o “mundo dos

cotidianos”. A história oral pode completar a lacuna deixada pelos documentos escritos,

auxilia na compreensão de uma realidade complexa, como a vivenciada na história da

Page 3: ENTRE MEMÓRIAS: A CRIAÇÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO … · Ademais, se de fato o artigo 59 da LDB 4.024/1961 foi incluído para possibilitar a criação do CFPEN, tal acontecimento

3

educação. Ou como nos lembra Portelli (1997), a história oral evidencia a vida diária e a

cultura material.

CRIAÇÃO DO CFPEN

O CFPEN foi implementado no IEGB a partir do Decreto n° 381, de 02 de abril de

1965, e regulado pela Portaria “F”-SED n° 26, de 20 de junho de 1965, do Conselho Estadual

de Educação da Guanabara (GUANABARA, 1965). A criação deste curso se fundamentou na

LDB 4.024 de 1961, já que, em seu artigo 59, parágrafo único, facultou aos Institutos de

Educação a formação de professores para o curso Normal: “nos institutos de educação

poderão funcionar cursos de formação de professores para o ensino normal, dentro das

normas estabelecidas para os cursos pedagógicos das Faculdades de Filosofia, Ciências e

Letras.” (LDB 4.024/61, art. 59).

A partir do momento em que a legislação apontou que os cursos de formação de

professores para o ensino normal nos Institutos de Educação deveriam seguir os moldes das

Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras, fomentou a ideia de que ocorreria uma

equiparação entre os dois espaços formativos. Ou seja, o CFPEN deveria organizar o seu

curso com os mesmos imperativos do curso das Faculdades de Filosofia que ofertavam o

curso de Pedagogia e, portanto, o diploma deveria ter o mesmo peso.

Ainda sobre a legislação, o professor catedrático Nilson de Oliveira2 nos alertou que o

artigo 59 parágrafo único da LDB 4.024 de 1961 foi inserido na lei para que o IEGB contasse

com um suporte legal para a criação de um curso superior. Para ele, o artigo sofreu influencia

do Lourenço Filho3 que tinha o desejo de criar um curso superior no IEGB e submeteu a

redação do artigo aos demais representantes que discutiam a LDB. A possibilidade da

inclusão do artigo 59 parágrafo único na LDB 4.024/61 para permitir a criação de um curso

superior no IEGB não tem comprovação documental, e além do mais, devemos destacar que o

professor Nilson de Oliveira somente ingressou no IEGB em 1964, posteriormente à

promulgação da LDB 4.024/1961, ou seja, não esteve presente no IEGB durante a elaboração

daquela Lei. É possível que a construção dessa memória tenha como base relatos de outros

2 Entrevista concedida a autora em 25 de junho de 2015. O professor solicitou que não fosse gravada e todas as

observações têm como base as anotações da pesquisadora. 3 Primeiro diretor do Instituto de Educação, cuja gestão se deu entre 1932 e 1937.

Page 4: ENTRE MEMÓRIAS: A CRIAÇÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO … · Ademais, se de fato o artigo 59 da LDB 4.024/1961 foi incluído para possibilitar a criação do CFPEN, tal acontecimento

4

professores e alunos. Para compreender de que forma isso acontece, nos alicerçamos em

Halbwachs (2003), para quem toda memória é coletiva, já que a memória individual tem a

necessidade de tomar emprestado outros fragmentos e espaços para a construção de sua

memória. Ademais, o autor assevera que,

É comum que imagens impostas pelo meio que vivemos, modifiquem a impressão

que guardamos de um fato antigo, de uma pessoa outrora conhecida. Essas imagens

talvez não reproduzam muito exatamente o passado, o elemento ou parcela da

lembrança que antes havia em nosso espírito talvez seja uma expressão mais exata

do fato – a algumas lembranças reais se junta uma compacta massa de lembranças

fictícias (HALBWACHS, 2003, p. 32).

É possível que essas lembranças estejam entremeadas por ficções, mas a partir delas

podemos começar a entender as representações que o professor Nilson de Oliveira tem do

vivido, do real. O programa institucional compreendido à luz de Dubet (2006), nos ajuda a

entender que a socialização dos agentes envolvidos com a instituição inculca habitus4,

saberes, valores e crenças que perpassam a construção da memória coletiva daqueles que

foram entrevistados. Ademais, se de fato o artigo 59 da LDB 4.024/1961 foi incluído para

possibilitar a criação do CFPEN, tal acontecimento pode evidenciar a importância do IEGB

nos rumos educacionais do país, ratificando a necessidade de criação de um curso superior.

Conforme o professor Nilson de Oliveira,5 o debate sobre a criação do CFPEN esteve

diretamente relacionado com a qualidade dos professores catedráticos do IEGB. Os

professores sentiram que não deveriam ficar contidos apenas no curso normal, já que, a seu

juízo, possuíam um grande potencial que não estava sendo bem aproveitado, e juntos

começaram os encaminhamentos para a criação do curso superior. Os docentes que

participaram do debate para a criação do CFPEN eram os catedráticos, professores que para

alçar tal cargo deveriam ter cursado o ensino superior e defendido uma tese, dentre os quais

destacamos: Prof. Vicente Tapajós, Profa. Marion Villas Boas, Prof. José D’Assumpção

Teixeira – diretor do IEGB à época, entre outros.

4 Habitus no sentido que lhe confere Bourdieu (2004, p. 26), “sistema de esquemas adquiridos que

funciona no nível prático como categorias de percepção e apreciação, ou como princípio de classificação e

simultaneamente como princípios organizadores da ação”. 5 O Professor participou do último concurso para catedrático do IEGB no ano de 1964, defendeu oralmente a sua

tese e assumiu a cátedra de Biologia Educacional, e posteriormente tornou-se diretor do IEGB.

Page 5: ENTRE MEMÓRIAS: A CRIAÇÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO … · Ademais, se de fato o artigo 59 da LDB 4.024/1961 foi incluído para possibilitar a criação do CFPEN, tal acontecimento

5

O corpo docente do IEGB era composto por professores conceituados, que primavam

pela publicação de livros, participação em seminários e eventos, além de larga experiência.

Havia ali um grupo de catedráticos verdadeiramente reconhecidos como um corpo docente de

excelência e tal fato pode justificar o anseio por parte desse grupo de pertencer ao ensino

superior. Bourdieu (2013) nos convida a olhar sobre essa questão ao retratar as espécies de

capital e formas de poder no campo universitário, já que em suas análises reconhece que

existem duas espécies de poderes que se opõem. A primeira forma de poder seria o

universitário, que se baseia principalmente na “posse de um capital que se adquire na

universidade (...), e que é detido principalmente pelos professores” (p. 110). A este se opõe o

poder científico medido “ pelo reconhecimento concedido pelo campo científico (...), a

notoriedade intelectual mais ou menos institucionalizada” (p. 111). Ou seja, é possível inferir

que os professores catedráticos do IEGB eram revestidos de um poder científico, reconhecido

pela sociedade, mas ressentiam-se da falta de um poder universitário e, assim, criar um curso

que alçasse o IEGB à condição de instituição de ensino superior poderia conferir a esses

professores o poder universitário.

Já para a Professora D. M., a criação do CFPEN passou pela necessidade de atender a

uma carência do curso normal, pois segundo ela, “o curso normal estava parado em certo

nível, e nós queríamos que uma coisa mais alta acontecesse. Então, surgiu a ideia do CFPEN,

que foi, durante muitos anos, muito bom”. O CFPEN surgiu para viabilizar um

aprofundamento das questões do ensino normal.

Era também a ideia de que faltava alguma coisa para um trabalho mais elevado.

Talvez outro curso, um curso superior desse condições para os nossos alunos terem

maiores possibilidades de trabalhar com êxito. Era isso também. A ideia de

aumentar o conhecimento dos alunos. Um curso que iria complementar tudo que

tinha sido feito antes, durante o curso Normal (...). Algo que elevaria o nível do

aluno. Elevaria o nível do aluno. Num curso superior, seria muito mais positivo o

trabalho do aluno, concreto, de muito sucesso, se ele tivesse um conhecimento

maior do que aquele que ele estava tendo. Não que achassem que não era bom o

curso. Achavam o curso bom, mas queriam mais. Isso também funcionou. Queriam

ampliar os conhecimentos, um pouco mais (D.M6, 2013).

6 Professora Deise Mary Fonseca.

Page 6: ENTRE MEMÓRIAS: A CRIAÇÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO … · Ademais, se de fato o artigo 59 da LDB 4.024/1961 foi incluído para possibilitar a criação do CFPEN, tal acontecimento

6

Indo ao encontro das ideias da professora D.M. (2013), o Jornal do Brasil, caderno B

do dia 15 de dezembro de 1967, publicou uma reportagem intitulada “A grandeza e

decadência de uma profissão” da jornalista Glória Nogueira. Este artigo alertou para a

diminuição do interesse pelo curso normal, inclusive asseverou que estava próximo o dia em

que as crianças não poderiam estudar numa escola primária oficial, não por falta de vagas e

sim de professores. Entre as alternativas aos problemas apresentados pelo curso Normal, a

jornalista apontou o CFPEN e coadunou suas ideias com as da professora D.M. (2013).

Segundo a reportagem

Para corrigir um certo empirismo com o qual são formados os professores das

matérias metodológicas do curso normal, foi criado o CFPEN (Curso de Formação

de Professores para o Ensino Normal), que funciona desde o ano passado no

Instituto de Educação. Este curso de quatro anos e nível universitário formará

professores para os cargos atualmente ocupados por ex-professoras primárias

requisitadas (...). (p. 04)

Algumas questões merecem reflexão. A professora D.M. (2013) afirma que o CFPEN

surgiu para suprir uma lacuna do curso de pedagogia. Para ela

O “x” do problema foi formar professores que pudessem, realmente, trabalhar os

aspectos mínimos da educação do aluno. Porque, considerava-se, àquela altura,

que o curso de pedagogia das universidades não atendia minuciosamente às

necessidades que o professor de turma de crianças, de adolescentes teria.

No entanto, como nos lembra a professora H.V. (2015)7 “a proposta do curso de

Pedagogia da UEG e da UFRJ era formar os técnicos da Educação”. A ideia defendida pela

professora D.M. (2013) pode estar influenciada por questões mais atuais, não podemos

esquecer que, como nos lembra Pollak (1989, p. 6), “o presente colore o passado”, ou seja, a

construção da memória da criação do CFPEN pode estar influenciada por debates mais

recentes sobre o lócus preferencial de formação do professor primário8.

A professora H. V. assevera que a criação do CFPEN estava prevista na Constituição

do Estado da Guanabara. Com a mudança do Distrito Federal para Brasília, instituiu-se o

Estado da Guanabara e emergiu a necessidade de promulgar uma constituição. Segundo esta

7 Professora Hedy Vasconcellos.

8 Vale destacar, que recentemente o Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro, nome dado ao antigo

IEGB, viveu intensos debates sobre qual o curso deve formar o professor dos anos iniciais: o Curso Normal

Superior ou o Curso de Pedagogia? Atualmente no ISERJ funciona o Curso de Pedagogia, por recomendação do

CFE sob forma do Parecer n.6/2006.

Page 7: ENTRE MEMÓRIAS: A CRIAÇÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO … · Ademais, se de fato o artigo 59 da LDB 4.024/1961 foi incluído para possibilitar a criação do CFPEN, tal acontecimento

7

professora “a Constituição do Estado da Guanabara previa um curso específico de formação

para os professores do curso Normal (...) é lá que estava previsto a criação do CFPEN”. No

entanto, observamos que em 1961 foi publicado na Revista Documenta n° 40, o decreto

86/1961 que organizava o sistema Estadual de Educação da Guanabara, no qual o artigo 81

afirma que “o ensino superior, no sistema Estadual de Educação da Guanabara concentrar-se-

á na Universidade do Estado da Guanabara (...).” Ademais, não localizamos nenhum artigo na

Constituição do Estado da Guanabara que possa ter fundamentado a criação do CFPEN. Para

compreender essa questão, devemos pensar na construção da memória e em que bases ela se

ancora. De forma inconsciente é possível que a memória dessa professora tenha se amparado

na suposta legislação para legitimar a criação do CFPEN.

Os diferentes caminhos apresentados até agora para a criação do CFPEN passam pela

questão da construção da memória. Como já afirmamos, memória é um local de embate de

luta para a manutenção ou para a transformação de um passado que está intimamente ligado

ao presente. No mais, podemos afirmar que o lugar social ocupado pelos indivíduos reconstrói

a memória sobre determinado fato, ou seja, devemos lembrar que o presente sempre colore o

passado. As diferentes versões para a criação do CFPEN não são tão divergentes entre si,

entre elas existe a mesma ideia de ressaltar a excelência do IEGB, fato que se ancora na

memória coletiva e suas representações sobre a instituição estudada.

Analisar as memórias de professores e alunos do CFPEN é com certeza compreender

que “no entusiasmo de reviver as lembranças de sua época, [eles] constroem a memória da

instituição de forma seletiva, sem se dar conta de que suas lembranças configuram-se como

lugares de memória” (LOPES, 2008, p. 03). Os sujeitos guardam na memória a relação entre

a qualidade do Instituto de Educação e a necessidade de criação do CFPEN para uma melhor

formação dos professores para o ensino normal. Os agentes procuraram nos marcos legais a

ratificação de suas lembranças, confirmando, dessa maneira, a memória coletiva que se

construiu em torno do IEGB e, consequentemente, do CFPEN.

Houve outras justificativas para a implementação de um Curso de Formação de

Professores para o Ensino Normal no Instituto de Educação do Estado da Guanabara, desde o

mercado de trabalho, a falta de um curso para essa formação, a excelência do IEGB, entre

outros. Nos documentos produzidos pelo IEGB, e pelo Conselho Estadual de Educação, as

Page 8: ENTRE MEMÓRIAS: A CRIAÇÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO … · Ademais, se de fato o artigo 59 da LDB 4.024/1961 foi incluído para possibilitar a criação do CFPEN, tal acontecimento

8

justificativas para a criação do CFPEN se centram na necessidade do mercado de trabalho em

ampliação. Um relatório produzido em 1969 para justificar a existência do CFPEN e,

consequentemente, seu reconhecimento, salienta que, “multiplicam-se as escolas normais;

aumenta a demanda de matrícula nessas escolas; precisa-se do professor qualificado” (IEGB,

1969, p. 02). Outro ponto a favor do CFPEN que, a todo momento, destacou-se nos

documentos oficiais do IEGB foi o fato de a instituição possibilitar aos discentes do CFPEN

um campo experimental único, já que possuía um número grande de turmas do curso normal

onde os alunos poderiam fazer os estágios, coisa que nenhuma faculdade/universidade que

ofertava o curso de Pedagogia proporcionaria aos seus alunos.

O passado e a História também serviram de justificativa para a criação deste curso,

como o professor Nilson de Oliveira fez questão de relembrar. Segundo ele, o CFPEN não foi

a primeira experiência de curso superior instalado no Instituto, a primeira foi a experiência da

UDF. Em 1935 foi criada a Universidade do Distrito Federal (UDF), que apesar do pouco

tempo em que manteve suas atividades (até 1939), teve um importante papel para o ensino

superior. Sua criação esteve intimamente ligada ao movimento da “educação renovada”, que

teve Anísio Teixeira como um dos principais protagonistas. Corroborando a importância da

UDF, no Anuário do IEGB de 1968, o capítulo que trata do CFPEN faz, em seu primeiro

parágrafo, referência ao curso de preparação de professores secundários.

De longa data o preparo e a formação de professôres para o ensino normal foram

aspiração de vários educadores brasileiros e, em 1934, quando se organizou a

primeira Universidade do Distrito Federal, o assunto foi planificado (IEGB, 1968,

p.112).

O documento situa a problemática da formação de professores para o ensino normal,

destacando, ainda, que para o ensino das diferentes didáticas do ensino primário, ainda eram

recrutados professores primários reconhecidos pela sua prática e que deveriam ser possuidores

de algum curso superior. O tom de crítica e a falta de uma preparação específica para o ensino

das didáticas abrem espaço para fundamentar a criação do CFPEN. Percebe-se que a questão

já situada do hiato na formação do professor para o ensino normal não era um problema

recente, era algo que já vinha se prolongando e o IEGB tentou, a partir do CFPEN, resolver

esse problema. Assim, construiu-se mais uma justificativa para a criação urgente do CFPEN:

corrigir um erro histórico do passado.

Page 9: ENTRE MEMÓRIAS: A CRIAÇÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO … · Ademais, se de fato o artigo 59 da LDB 4.024/1961 foi incluído para possibilitar a criação do CFPEN, tal acontecimento

9

Sabemos que a criação do CFPEN não se deu por apenas um dos fatores citados, mas

da relação de vários pontos, interesses de diferentes agentes e fruto da negociação naquele

espaço social, ou seja, a instituição do Decreto de criação do CFPEN originou-se de um

embate entre os diferentes interesses, como nos lembra Faria Filho (1998). No entanto, é

possível considerar que, apesar de diferentes justificativas, a falta de um espaço específico de

formação do professor das matérias pedagógicas para o curso normal foi o principal ponto

para a criação do CFPEN. Não se pode desconsiderar que o sistema educacional brasileiro

estava em expansão e tinha como imperativo formar professores para atender a essa rede

escolar que crescia.

O Decreto “N” do Estado da Guanabara de 02 de abril de 1965 criou o Curso de

Formação de Professores para o Ensino Normal. Já no dia 25 de maio de 1965, o Secretário de

Educação e Cultura do Estado da Guanabara assinou a portaria “E” n° 26 no qual aprovou o

regimento do CFPEN e nomeou a professora Iva Waisberg Bonow como a primeira diretora

do Curso.

Um dos primeiros passos para o efetivo funcionamento do CFPEN foi a elaboração e a

aprovação de um Regimento. Esse Regimento foi produzido pelo setor administrativo do

IEGB e pelo corpo de docentes catedráticos. Em 25 de maio de 1965 foi aprovado pelo CEE

da Guanabara, pelo artigo 1° da portaria “E” n° 26 o regimento do curso. O referido

documento tratou das questões mais importantes para a efetivação do CFPEN, desde os

objetivos, a estrutura pedagógica e curricular, das normas, da organização administrativa,

entre outros.

Sobre a constituição do corpo docente, o regimento asseverou que deveriam ser

compostos pelos professores catedráticos do IEGB, professores efetivos dos cursos normais

do Estado que tivessem cursado o nível superior e, na falta destes professores, universitários e

secundários licenciados por universidades ou faculdades. Vale destacar que sobre a

regulamentação de professores, o IEGB se apoiou no artigo 4 da portaria n°6 de 22 de abril de

1963 do Conselho Federal de Educação, a qual estabeleceu normas para indicação de

professores regentes de nível superior, “quando se tratar de catedrático ou docente livre da

mesma disciplina em escolas oficiais ou reconhecida bastará a prova desta qualidade”. Ou

seja, não haveria necessidade de aprovação dos nomes dos professores catedráticos que

Page 10: ENTRE MEMÓRIAS: A CRIAÇÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO … · Ademais, se de fato o artigo 59 da LDB 4.024/1961 foi incluído para possibilitar a criação do CFPEN, tal acontecimento

10

ministrassem no CFPEN a mesma disciplina que ministravam no curso normal. Um tanto

paradoxal essa interpretação da portaria: Quem pode o menos (curso normal) pode

automaticamente o mais (CFPEN)? A entrevista da professora D. M. traz essa questão quando

a mesma afirma que daria a mesma disciplina no curso normal e no CFPEN:

Como eu estou dizendo a você, eu fiquei com a didática, que eu já tinha dado, e que

eu tive que dar em um nível, evidentemente, muito mais alto, com autores mais

elevados, com experiências mais profundas, porque tinha que ser alguma coisa mais

alta, para formar um professor num nível mais alto. Essa foi a ideia.

Especificamente mais alto. Foi a ideia básica (D.M., 2013).

Sabe-se que apenas os professores efetivos e os auxiliares precisaram de aprovação do

CFE. Nesse momento podemos nos lembrar que as legislações são apropriadas e

ressignificadas pelos agentes que estão vivenciando aquele momento, é possível que a portaria

tenha sido elaborada com uma intencionalidade, mas possibilitou um espaço de manobra

reapropriado e ressignificado pelos agentes responsáveis pela elaboração do regimento do

CFPEN.

A partir das entrevistas podemos compreender de que forma os professores efetivos

dos cursos normais do Estado foram escolhidos para ministrar aulas no CFPEN. Segundo a

professora H.V. (2015) ela foi convidada pelo catedrático da disciplina Biologia Educacional

para ser parte da equipe de professores do CFPEN. Essa professora era regente de turma na

disciplina Biologia Educacional na Escola Normal Julia Kubitschek no período da manhã e

precisou complementar sua renda, por isso solicitou uma vaga no Instituto de Educação da

Guanabara, local no qual seria possível compatibilizar os seus horários. Ao assumir uma

turma do curso Normal no IEGB em 1967 encontrou com o professor Nilson de Oliveira,

catedrático, que a convidou para lecionar no CFPEN. Segundo ela:

(...) O Nilson [professor Nilson de Oliveira] que já tinha assistido uma aula minha

no Júlia [Escola Normal Júlia Kubitschek], falou: não professora, eu quero você

num curso que está começando esse ano, estou formando uma equipe. Foi a partir

desse convite que fui ministrar aula no CFPEN (H.V., 2015).

Duas outras entrevistadas também ingressaram no CFPEN a partir de um convite. A

professora D. M. se pronunciou da seguinte maneira quando questionada sobre seu ingresso:

Eram professores catedráticos que indicaram professores da confiança deles para

assumirem as cátedras. Foi assim. Foram professores do Instituto. Eu, por

exemplo, não era catedrática, e dei didática da linguagem. A minha colega

terminou o curso quando eu não pude ficar, ela também não era catedrática, mas

Page 11: ENTRE MEMÓRIAS: A CRIAÇÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO … · Ademais, se de fato o artigo 59 da LDB 4.024/1961 foi incluído para possibilitar a criação do CFPEN, tal acontecimento

11

foi indicada como uma pessoa de confiança da catedrática. A catedrática não

chegou a lecionar no CFPEN, quem lecionou fui eu. Muitos catedráticos

trabalhavam. Quando não eram os catedráticos, eram os professores do Instituto

de Educação em quem eles confiaram para que tivéssemos essa honra de

trabalhar no CFPEN (D.M., 2013)

A professora E.D.9 (s/d) também foi convidada para fazer parte do corpo docente do

CFPEN. Ela fez Ciências Sociais na Faculdade Nacional de Filosofia da UFRJ e quando se

formou foi ministrar a disciplina Sociologia na Educação da Escola Normal Júlia Kubitschek,

ocasião em que foi convidada pela catedrática de Sociologia Educacional do IEGB, Lia

Tovar, para ministrar a disciplina no CFPEN. Nota-se, com essa forma de ingresso de

docentes no CFPEN, que o hiato na formação do professor para o curso normal também

atingia o CFPEN, visto que não havia um curso que preparasse os professores para as

matérias pedagógicas. Os professores convidados eram aqueles que tinham curso superior e

que, na maioria das vezes, tinham cursado o normal, ao menos todas as professoras citadas

concluíram o curso normal e depois o curso superior. Podemos destacar que o que acabou por

qualificá-las a trabalhar no CFPEN foi a experiência.

Ainda durante o processo de criação do CFPEN, o Diretor Geral do IEGB, professor

Solon Leontsinis, instituiu uma comissão para “estudar tôdas as providencias necessárias para

a instalação e funcionamento do CFPEN, bem como realizar o seu 1° concurso de vestibular”

(Portaria n° 90/EIE, de 1° de agosto de 1966). Essa comissão foi constituída pelos seguintes

professores catedráticos: Heloisa Marinho (presidente); José Teixeira D’Assumpção; Circe de

Carvalho Pio Borges e Dirce Côrtes Riedel (IEGB 1968). Tal comissão se reuniu com

professores catedráticos coordenadores das disciplinas e com professores do curso normal

para fecharem o núcleo comum desejável a todas as modalidades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ânsia em dar início ao CFPEN fez com que o primeiro vestibular ocorresse já no

mês de setembro de 1966 e a primeira turma começasse as aulas em outubro do mesmo ano.

A rapidez com que tudo estava se organizando inviabilizou a oferta de todas as modalidades

9 Professora Eli Diniz, entrevistada pelas professoras Sonia Lopes e Maria Carolina Granato pra o

PROMEMO/ISERJ.

Page 12: ENTRE MEMÓRIAS: A CRIAÇÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO … · Ademais, se de fato o artigo 59 da LDB 4.024/1961 foi incluído para possibilitar a criação do CFPEN, tal acontecimento

12

descritas no Regimento e apenas cinco modalidades foram ofertadas porque apenas os

currículos de Prática de Ensino, Didática da Linguagem, Didática dos Estudos Sociais,

Didática das ciências e Didática da Matemática ficaram prontos a tempo para serem

submetidos ao parecer do Conselho Técnico. O desejo de iniciar rapidamente o curso pode ser

percebido na aprovação do currículo dessas modalidades ter acontecido três dias após o início

das aulas, ou seja, as aulas se iniciaram sem que as modalidades e as disciplinas tivessem sido

aprovadas. Tais fatos sugerem que essa pressa poderia estar ligada ao receio de que se não

iniciassem logo o CFPEN o mesmo poderia não se efetivar. Sabe-se que a legislação

educacional , as leis 5.540 de 1968 e 5.692 de 1971 já estava em elaboração e é possível que

houvesse um receio de que a mesma pudesse inviabilizar o funcionamento do CFPEN. Isso

pode ajudar a compreender como um curso tem início sem um currículo previamente

autorizado.

Em setembro de 1966 foi realizado o primeiro concurso de habilitação para preencher

as vagas oferecidas no Curso. O certame foi amplamente divulgado nos meios de

comunicação. Para uma das antigas alunas entrevistadas, M. L., esse vestibular teve ampla

divulgação no Instituto de Educação e também nos jornais da época. No intuito de corroborar

tal afirmativa, encontramos chamadas para as inscrições no concurso de habilitação nos

jornais Diário de Notícias, Correio da Manhã e Jornal do Brasil em diferentes dias dos meses

de agosto e setembro de 1966.

Esse foi o primeiro passo para o efetivo funcionamento do CFPEN, que ao longo de

sua curta experiência vivenciou momentos turbulentos e de grandes incertezas quando à sua

titulação, seu reconhecimento e sua existência.

Uma pesquisa que se proponha compreender o processo de criação do Curso de

Formação de Professores para o Ensino Normal no Instituto de Educação da Guanabara

privilegiando suas lutas e embates para existir não pode ter como base apenas a documentação

escrita, é preciso se utilizar de entrevistas e depoimentos orais que possam evidenciar a ação e

a relação dos agentes. Precisamos conhecer o indescritível, as representações desenvolvidas

pelos agentes que participaram desse curso, seus sentimentos e a construção dos seus mitos e

lendas.

Page 13: ENTRE MEMÓRIAS: A CRIAÇÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO … · Ademais, se de fato o artigo 59 da LDB 4.024/1961 foi incluído para possibilitar a criação do CFPEN, tal acontecimento

13

Nessa pesquisa contamos com seis entrevistas. Duas foram realizadas pelas

professoras Sonia Lopes e Maria Carolina Granato no âmbito do Projeto Memória (Promemo-

ISERJ). Outras quatro entrevistas foram realizadas pela pesquisadora com base em perguntas

abertas que possibilitam a reflexão e associação de ideias sobre o tema abordado. Entre os

entrevistados, destacamos duas alunas e quatro professores.10 As entrevistas apresentaram um

roteiro de perguntas abertas e, ao final das mesmas, convidamos os entrevistados e expor mais

alguma reflexão ou narrativa que considerasse pertinente.

REFERÊNCIAS

AMADO, Janaína; FERREIRA, Marieta de Moraes. Apresentação. IN: _______ (Orgs.).

Usos e Abusos da História Oral. Rio de Janeiro: FGV, 1996, p. vii- xxv.

BOURDIEU, Pierre. Coisas Ditas. São Paulo: Editora Brasiliense, 2004.

_______. Homo Academicus. Florianópolis: Ed. Da UFSC, 2013.

BRASIL. Lei nº 4.024 de 20 de dezembro de 1961. Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional.

_______. Lei nº 5.540 de 28 de novembro de 1968. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino

superior.

_______. Lei nº 5.692 de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1º

e 2º graus, e da outras providências.

DOCUMENTA, Rio de Janeiro: CFE, n. 40, ago. 1965.

DUBET, François. El declive de la institución. Barcelona: Gedisa, 2006.

FARIA FILHO, Luciano Mendes. A legislação como fonte para a História da Educação: uma

tentativa de interpretação. In: _______ (org.). Educação, modernidade e civilização: fontes

10 Vale ressaltar que um dos entrevistados não permitiu a gravação, conto apenas com as anotações que fiz e

cópia de documentos que o mesmo me entregou.

Page 14: ENTRE MEMÓRIAS: A CRIAÇÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO … · Ademais, se de fato o artigo 59 da LDB 4.024/1961 foi incluído para possibilitar a criação do CFPEN, tal acontecimento

14

e perspectivas de análises para a história da educação oitocentista. Belo Horizonte: Autêntica,

1998, pp. 89-125.

GUANABARA. Diário Oficial do Estado da Guanabara de 02 de setembro de 1966. Dispõe

sobre o primeiro exame de habilitação para o Curso de Professores para o Ensino Normal do

IEGB.

GUANABARA (Estado) Secretaria de Educação e Cultura. Portaria “F”-SED n° 26 de 20

de junho de 1965.

HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo: Vértice, 1990.

IEGB. Regimento do Curso de Formação de Professores para o Ensino Normal, Centro

de Memória Institucional do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, ISERJ, 1965.

_______. Anuário de 1968. Centro de Memória Institucional do Instituto de Educação do Rio

de Janeiro, ISERJ, 1968.

JOUTARD, Philippe. Desafios à História Oral do Século XXI. In: FERREIRA, Marieta;

FERNANDES, Tania; ALBERTI, Verena (Orgs.). História Oral: desafios para o século XXI.

Rio de Janeiro: Editora Fiocruz/ Casa de Oswaldo Cruz/ CPDOC – Fundação Getúlio Vargas,

2000, p. 31-46.

LE GOFF, Jacques. Documento/Monumento. In: _____História e Memória. Tradução

Bernardo Leitão (et al.). Campinas: Editora da Unicamp, 1990.

LOPES, Sonia de Castro. Imagens de um lugar de memória da Educação Nova: Instituto de

Educação do Rio de Janeiro nos anos 1930. Revista Brasileira de Educação (Impresso), v.

13, p. 84-97, jan-abr. 2008.

POLLACK, Michael. Memória, Esquecimento e Silêncio. Revista Estudos Históricos, v. 02,

n° 3, p. 13-51, 1989.

PORTELLI, Alessandro. O que faz a história oral diferente. Projeto História, São Paulo, fev.

1997. Tradução de Maria Therezinha Janine Ribeiro.

Page 15: ENTRE MEMÓRIAS: A CRIAÇÃO DO CURSO DE FORMAÇÃO … · Ademais, se de fato o artigo 59 da LDB 4.024/1961 foi incluído para possibilitar a criação do CFPEN, tal acontecimento

15