entre cidades e paÇos: memÓrias da educaÇÃo de … · como princesa imperial, e que se estendeu...

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Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa Universidade Federal da Paraíba 15 a 18 de agosto de 2017 ISSN 2236-1855 5266 ENTRE CIDADES E PAÇOS: MEMÓRIAS DA EDUCAÇÃO DE DUAS PRINCESAS BRASILEIRAS Jaqueline Vieira de Aguiar 1 Introdução Meus Caros Paes Estimo que chegassem bem; eu estou boa, mas tenho tido muitas saudades suas. O Bevilacqua veiu hontem ás 9 horas, e sahiu á 1, e dice que tinhamos dado boa lição, e deixou-me uã -Air Suisse- para estudar toda para amanhan. [...] Esta cartinha não pôde ir hoje, porque a barca partiu às 11 ½, e nós esperámos pelo Valdetaro para corrigir os rascunhos e fazernos escrever. Adeus meus Caros Paes, recebam muitas saudades e deitem a sua benção à Sua filha affectuosa Isabel Christina. S. Christovão em 11 de abril de 1856. P.S. Saudades á Josefina; Minha Roza e Domitilia beijam a mão de Mamãe (ISABEL, 1856). No ano de 1856, do Paço de São Cristóvão, localizado na província do Rio de Janeiro, sede da Corte do Império do Brasil, Isabel, a Princesa carioca, escreve aos pais, o Imperador D. Pedro II e a Imperatriz D. Teresa Cristina. A menina de nove anos faz uso de uma folha de papel duplo, não pautado e da cor branca. O papel encontra-se amarelado, traz as marcas de dobradura para acondicionamento em envelope e apresenta, na parte superior esquerda, o desenho de um amor perfeito amarelo e preto preso a um caule e duas folhas. Há ainda a presença de uma margem à esquerda, provavelmente realizada por sua autora. Com letra cursiva e bem desenhada, Isabel descreve os principais fatos ocorridos no dia anterior, os quais foram elegidos como dignos de serem informados aos pais. Ela escreve em primeira pessoa do plural: “[...] O Bevilacqua veiu hontem [...] e dice que tinhamos dado boa lição...” (ISABEL, 1856) e, ainda: “[...] nós esperámos pelo Valdetaro para corrigir os rascunhos e fazer-nos escrever. [...]” (ISABEL, 1856). Assim, fica claro que estava acompanhada, e provavelmente de sua irmã, Leopoldina, um ano mais nova, com a qual compartilhava as lições diárias. Isabel também confirma que realizou as atividades educacionais com o mestre de Música, Bevilacqua, e com o mestre Valdetaro, responsável pelo ensino de Instrução 1 Doutoranda em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. Professora de História da SEEDUC/RJ. E-Mail: <[email protected]>.

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Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 5266

ENTRE CIDADES E PAÇOS: MEMÓRIAS DA EDUCAÇÃO DE DUAS PRINCESAS BRASILEIRAS

Jaqueline Vieira de Aguiar1

Introdução

Meus Caros Paes Estimo que chegassem bem; eu estou boa, mas tenho tido muitas saudades suas. O Bevilacqua veiu hontem ás 9 horas, e sahiu á 1, e dice que tinhamos dado boa lição, e deixou-me uã -Air Suisse- para estudar toda para amanhan. [...] Esta cartinha não pôde ir hoje, porque a barca partiu às 11 ½, e nós esperámos pelo Valdetaro para corrigir os rascunhos e fazer–nos escrever. Adeus meus Caros Paes, recebam muitas saudades e deitem a sua benção à Sua filha affectuosa Isabel Christina. S. Christovão em 11 de abril de 1856. P.S. Saudades á Josefina; Minha Roza e Domitilia beijam a mão de Mamãe (ISABEL, 1856).

No ano de 1856, do Paço de São Cristóvão, localizado na província do Rio de Janeiro,

sede da Corte do Império do Brasil, Isabel, a Princesa carioca, escreve aos pais, o Imperador

D. Pedro II e a Imperatriz D. Teresa Cristina. A menina de nove anos faz uso de uma folha de

papel duplo, não pautado e da cor branca. O papel encontra-se amarelado, traz as marcas de

dobradura para acondicionamento em envelope e apresenta, na parte superior esquerda, o

desenho de um amor perfeito amarelo e preto preso a um caule e duas folhas. Há ainda a

presença de uma margem à esquerda, provavelmente realizada por sua autora. Com letra

cursiva e bem desenhada, Isabel descreve os principais fatos ocorridos no dia anterior, os

quais foram elegidos como dignos de serem informados aos pais. Ela escreve em primeira

pessoa do plural: “[...] O Bevilacqua veiu hontem [...] e dice que tinhamos dado boa lição...”

(ISABEL, 1856) e, ainda: “[...] nós esperámos pelo Valdetaro para corrigir os rascunhos e

fazer-nos escrever. [...]” (ISABEL, 1856). Assim, fica claro que estava acompanhada, e

provavelmente de sua irmã, Leopoldina, um ano mais nova, com a qual compartilhava as

lições diárias. Isabel também confirma que realizou as atividades educacionais com o mestre

de Música, Bevilacqua, e com o mestre Valdetaro, responsável pelo ensino de Instrução

1 Doutoranda em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. Professora de História da SEEDUC/RJ. E-Mail: <[email protected]>.

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Elementar e História Sagrada2. No pós-escrito há menção a Rosa de Sant’Anna e Domitilia

Francisca, as damas, servidoras da Casa Imperial, que trabalhavam em seus quartos.

A carta da Princesa Isabel acima citada foi enviada aos pais com o objetivo principal de

informar as atividades desenvolvidas por ela e sua irmã no cotidiano das lições ao qual

estavam submetidas. Este artigo pretende analisar as especificidades da formação recebida

pelas Princesas Isabel e Leopoldina, duas mulheres educadas para governar (AGUIAR, 2015).

Para tanto, foram selecionados como fontes documentais de pesquisa o diário e as cartas das

meninas, cujos escritos apresentam relevantes informações sobre o processo de formação

educacional das Princesas, iniciado em 1850, logo após o reconhecimento oficial de Isabel

como Princesa Imperial, e que se estendeu até o ano de 1864, quando elas se preparavam

para o casamento.

O diário e as epístolas das Princesas, elegidos como fontes para o estudo em pauta,

pertencem ao Arquivo Grão Pará, porém, os demais documentos consultados integram o

acervo do Arquivo da Casa Imperial do Brasil, do Arquivo Nacional e da Biblioteca Nacional,

todos localizados no estado do Rio de Janeiro. Por meio desses objetos da cultura material

escrita é possível conhecer parte do que é vivido e ensinado às Princesas durante sua

trajetória educacional, assim como seus segredos, anseios, angústias e expectativas. Os

documentos foram lidos nessa perspectiva, utilizando-se as referências, métodos e conceitos

sugeridos nas obras organizadas pelas autoras que tratam da temática relativa à escrita

epistolar, entre elas, Bastos, Cunha e Mignot (2002), Gomes (2004) e Sierra Blas (2003).

Segundo Sierra Blas (2003, p. 28-29), para compreender a história da cultura escrita é

preciso avançar, ao mesmo tempo, em três histórias diferentes e complementares: “A história

da obra, como manuscritos e objetos impressos, a história de normas, recursos e usos da

escrita e a história da maneira como lemos”. Além disso, a história da cultura escrita abrange

o campo da história social, visto ser objeto de estudo das relações que se estabelecem em

diversas situações e tempos vividos, englobando “sistemas de escrita, formas gráficas e

processos de produção de testemunhos escritos, por um lado, e as estruturas

socioeconômicas das sociedades que por outro lado, elaboram, utilizam e manipulam estes

produtos culturais” (Idem, 2003, p. 29). Cunha corrobora os escritos de Sierra Blas ao

afirmar que “cartas e diários são tratados como práticas sociais que partilham da constituição

de um regime de sensibilidades, ou seja, da construção da história de indivíduos que, nos

2 Cf. Livro de Assentamento dos Mestres de Sua Majestade o Imperador e Sereníssimas Senhoras Princezas – 1833-64- Mordomia da Casa Imperial – Códice 01 – Volume 81- Arquivo Nacional; e diário da Princesa Isabel –Arquivo Grão Pará.

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segredos da intimidade, se inventam pela escrita de si e pela escrita para os outros” (2013, p.

115).

Durante a análise das cartas, principal meio de comunicação da população letrada

oitocentista, notou-se que elas carregam consigo aspectos intrínsecos e extrínsecos

relacionados a todo um protocolo epistolar da época. Nesse sentido, buscou-se analisar não

só o conteúdo, mas também as especificidades da materialidade das cartas.

Para Mignot (2002, p. 115), as cartas “constituem-se em documentos que permitem

compreender itinerários pessoais e profissionais de formação, seguir a trama de afinidades

eletivas e penetrar em intimidades alheias”. Gomes (2004, p. 19) confirma que a escrita

epistolar “implica uma interlocução, uma troca, sendo um jogo interativo entre quem escreve

e quem lê — sujeitos que se revezam, ocupando os mesmos papéis através do tempo”.

É nesse universo que a pesquisa apresentada está inserida. Ela convida o leitor a “viajar

no tempo” e buscar indícios para compreender como ocorria a educação de mulheres

governantes, cujas pistas encontram-se presentes na própria expressão da cultura escrita

oitocentista: as cartas.

O cotidiano educativo das Princesas brasileiras

Figura 1 – Ferdinand Krumholz. Pedro Afonso, sentado no colo de sua mãe, a Imperatriz Teresa Cristina, e

cercado por suas duas irmãs, Isabel e Leopoldina, 1850. Óleo sobre tela. Rio de Janeiro, Brasil.3

3Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Afonso_de_Bragan%C3%A7a_e_Bourbon#/media/File:A_imperatriz_e_filhos.jpg. Acesso em 21 mar. 2017.

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A vida das Princesas brasileiras Isabel e Leopoldina (Figura 1), passou a mudar

determinantemente após a perda do irmão, o Príncipe Imperial Pedro Afonso que falecera em

9 de janeiro de 1850, na Fazenda de Santa Cruz, uma das residências de verão da Família

Imperial. Na Figura 1, também é possível conhecer uma das últimas imagens de Pedro

Afonso ainda em vida, no colo de sua mãe, a Imperatriz D. Teresa Cristina, e ladeado pelas

irmãs, as Princesas Isabel (em pé) e Leopoldina (sentada).

Tudo indica que a imagem retratada na Figura 1 seja da Fazenda de Santa Cruz, onde a

Família Imperial havia passado o Natal e a chegada do “Ano Bom”, comemorações do fim do

ano de 1849. O fragmento abaixo é de uma epístola enviada do Paço de São Cristóvão, por D.

Pedro II, em resposta à tragédia do falecimento do Príncipe Imperial, informada pelo Senhor

Teixeira Macedo, responsável pela fazenda naquela semana. Na ocasião, encontravam-se na

residência de veraneio a Imperatriz D. Teresa Cristina e os três filhos do casal: Pedro Afonso,

Isabel e Leopoldina.

Senhor Macedo. Dê as ordens necessárias para que, com toda a comodidade, venham para S. Cristóvão esses filhos que me restam, e estimo mais que a vida... Foi o golpe o mais fatal que poderia receber, e decerto a ele não resistiria se não me ficassem ainda mulher e duas crianças, que tenho a educar para que possam fazer a felicidade do país que as viu nascer, e é [...] também uma de minhas consolações4.

Como se verifica na mensagem, Isabel e Leopoldina passaram a significar ainda mais

para seu pai, o Imperador do Brasil, afinal, foram as únicas herdeiras que lhe restaram. Na

carta o soberano confessa que, apesar do “golpe” recebido, precisaria resistir educando suas

filhas “para que possam fazer a felicidade do país que as viu nascer”. Ou seja, mesmo naquele

momento difícil, o Imperador se revelava preocupado com a educação das duas filhas. Ele

estava consciente de que a condição ocupada por Isabel como herdeira da Coroa brasileira

exigiria uma instrução à altura do cargo que ocuparia no futuro. Afinal, a ela não seriam

suficientes os ensinamentos das primeiras letras e das “prendas domésticas”, como

estabelecia a Constituição e permitiam os pais das meninas que estudavam no século XIX5.

No dia 10 agosto de 1850, no Paço do Senado, com a presença de 79 deputados e 31

senadores integrantes da Assembleia Geral Legislativa, ocorreu a solenidade do

reconhecimento de Isabel como sucessora de D. Pedro II ao Trono e à Coroa do Brasil, de

acordo com os artigos 116 e 117 da Constituição, dando continuação à dinastia fundada por D.

Pedro I. A Assembleia foi presidida pelo Barão de Monte Santo, que se incumbiu da tarefa de

4 Solicitação de D. Pedro II a Joaquim Teixeira Macedo, enviada em janeiro de 1850. MACEDO apud BARMAN, 2005, p. 45.

5 Cf. Decreto Imperial de 15 de outubro de 1827.

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explicar aos presentes o motivo daquela sessão. Ao consultar a opinião dos presentes sobre o

assunto, todos responderam ser favoráveis ao reconhecimento de Isabel como a Princesa

Imperial (VIEIRA, 1989, p. 21-22). Abaixo, encontra-se a redação dada ao Auto do

Reconhecimento, lavrado em duplicata e assinado por todos os presentes.

Saibam quantos este instrumento virem, que no ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, de mil oitocentos e cincoenta, vigésimo nono da Independência e do Império do Brasil, aos dez dias do mês de agosto, pelas onze horas da manhã, nesta mui leal e heróica cidade do Rio de Janeiro, no paço do senado, onde se reuniram as duas câmaras de que se compõe a assembléia geral legislativa do mesmo Império, estando presentes 31 senadores e 79 deputados, sob a presidência do Exmo. barão de Monte Santo, para se fazer o reconhecimento da Princesa Imperial, na conformidade da constituição, título quarto, capítulo primeiro, artigo quinze, parágrafo terceiro, se procedeu ao ato solene do dito Reconhecimento, e a Senhora Dona Isabel-Cristina-Leopoldina-Augusta-Micaela-Gabriela-Rafaela-Gonzaga, Princesa Imperial, Filha legítima e primeira Filha existente do Senhor Dom Pedro Segundo, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, e da Senhora Dona Teresa Cristina Maria, Imperatriz, Sua Mulher, nascida aos vinte e nove de julho de mil oitocentos e quarenta e seis, e Batizada aos quinze dias do mês de novembro do dito ano, na Imperial Capela desta Corte, pelo Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor Dom Manoel do Monte Rodrigues de Araújo, bispo diocesano, capelão-mor de Sua Majestade Imperial, conde da Irajá; pela assembléia geral legislativa foi reconhecida por sucessora de Seu Augusto Pai no trono e na corôa do Império do Brasil, segundo a ordem de sucessão estabelecida na constituição, título quinto, capítulo quarto, artigo cento e dezessete, com todos os direitos e prerrogativas que pela mesma constituição competem ao Príncipe Sucessor do trono. E para perpétua memória se lavrou este Auto em duplicado, na conformidade da lei, para os fins nela declarados, o qual foi lido pelo Exmo. Snr. Manoel dos Santos Martins Vellasques, segundo secretário do senado, em voz inteligível, perante a assembléia geral legislativa, cujos membros abaixo vão assinados; e eu José da Silva Mafra, primeiro secretário do senado escrevi e subscrevi (a) — José da Silva Mafra — Barão de Monte Santo6 [Grifo meu].

Com o reconhecimento de Isabel como herdeira presuntiva, a sucessão ao Trono e à

Coroa estava novamente assegurada. Na sua falta, Leopoldina assumiria a função de

Imperatriz do Brasil e, por esse motivo, também deveria estar apta a receber essa nobre

missão, razão pela qual as duas foram educadas da mesma forma.

Por ocupar a primeira posição na linha sucessória, Isabel era consideravelmente mais

cobrada em suas atitudes, conforme se verificará adiante. E após o seu reconhecimento

oficial como Princesa Imperial sua vida mudou significativamente, a começar pela

comemoração do seu aniversário que, a partir de então, se transformou numa grande

6Auto de Reconhecimento da Princesa Isabel, apud VIEIRA, 1989, p. 21.

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festividade ao receber o título de grande Gala7. A data do nascimento da Princesa herdeira

adquiriu maior importância no calendário oficial do Império, ganhando o status das festas

cívicas, como o dia do “Fico”, da maioridade de Pedro II e da abertura e encerramento da

Assembleia (DAIBERT JR, 2007, p. 60).

D. Pedro II, o “Monarca Educador”8, principiou pessoalmente o ensino das “primeiras

letras” às filhas e futuras soberanas, mas, com o passar do tempo, percebeu a importância da

contratação de alguns mestres, o que foi incentivado por sua madrasta, a Imperatriz viúva D.

Amélia, que morava no Palácio das Janelas Verdes, em Lisboa. A viúva de D. Pedro I - e IV de

Portugal - aconselhava o enteado, a quem tratava como filho, a dar instruções às filhas

contratando “mestres de Português, de Geografia, de Cálculo...” e advertindo que “ouviu

dizer” que no Rio havia mestres muito bem colocados, os quais poderiam “ir duas ou 3 vezes

por semana a S. Cristóvão para as diferentes lições.” (AMÉLIA, 1854). Na ocasião, ela

lembrava, ainda, que “uma das primeiras coisas a ensinar às crianças é o Catecismo,” o que

D. Pedro II deve ter ouvido com muita atenção. A educação religiosa certamente estava em

seus planos, pois confirmava os laços do Império com a Igreja Católica. Sobre a profissão de

professor ou mestre, Vasconcelos (2005) traz importantes considerações:

[...] também chamados de mestres particulares ou mestres que davam lições “por casas”, eram mestres específicos de primeiras letras, gramática, línguas, música, piano, artes e outros conhecimentos, que visitavam as casas ou fazendas sistematicamente, ministrando aulas a alunos membros da família, ou agregados, individualmente. Não habitavam nas casas. [...] Eram pagos pela família pelos cursos que ministravam (VASCONCELOS, 2005, p. 12-13).

Entre os primeiros mestres contratados por D. Pedro II, em 1850, para a missão de

educar suas filhas, estavam: Luiz Aleixo Boulanger, de Caligrafia e Geografia; Alexandre

Antonio Vandelli, de Botânica e Ciências Naturais; Candido José de Araújo Vianna, também

conhecido como “Mestre Sapucahy”, de Língua Portuguesa, Literatura e Latim; e Fortunato

Mazziotti, de Música. Em 1854, Francisco Crispiniano Valdetaro, de Instrução Elementar e

História Sagrada, passou a compor o quadro de professores (AGUIAR, 2015).

Mesmo contando com um seleto grupo de educadores, o Imperador não se conteve e

iniciou a busca por uma preceptora. Dessa forma, ele também estaria atendendo às tradições

da Corte portuguesa, cuja determinação era a de que, ao completar sete anos de idade, o

príncipe herdeiro tivesse um aio ou preceptor responsável por sua formação educacional

7 Cf. Decreto número 674 de 15 de julho de 1850, apud VIEIRA, 1989, p. 21. 8 Conceito apresentado em trabalho anterior disponível em: AGUIAR, Jaqueline Vieira de. D. Pedro II: o Monarca

Educador. In: XVII Encontro de História da ANPUH - Entre o Local e o Global. Nova Iguaçu: ANPUH RJ, 2016. v. 1. p. 1-13.

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(BARMAN, 2005, p. 57-58). A prática educativa de crianças nobres e principescas ocorria no

âmbito doméstico, afirma Vasconcelos (2005, p. 12-13). Em seus estudos, a autora explica as

especificidades da profissão de preceptor:

eram mestres ou mestras que moravam na residência da família, às vezes, estrangeiros, contratados para a educação das crianças e jovens da casa (filhos, sobrinhos, irmãos menores). Por vezes, encontram-se preceptores denominados de aios ou amos, aias ou amas, principalmente quando se trata da nobreza portuguesa. Ainda encontramos preceptoras atuando como governantas da casa, ou seja, não só administrando a educação das crianças, como administrando também a casa. Os mestres preceptores caracterizam-se pelo fato de viverem na mesma casa de seus alunos, constituindo-se, assim, dentro da realidade da educação doméstica, naqueles que parecem ter o maior custo para as famílias, sendo encontrados nas classes mais abastadas (VASCONCELOS, 2005, p. 12-13).

Para realizar a educação das Princesas no âmbito privado de sua residência e ainda

administrar os demais mestres, o Imperador precisava de uma preceptora habilitada,

também denominada aia ou governanta, que poderia até morar no local, se assim fosse

necessário. Todavia, um cargo de tão grande importância precisava ser ocupado por alguém

que inspirasse confiança e fosse capaz de exercê-lo, o que o levou a convidar D. Amélia, “sua

mãe”, em quem confiava e que já havia dado provas de sua capacidade ao educar a própria

filha, Maria Amélia9. Mas o convite feito à Imperatriz viúva não foi aceito, talvez porque

tenha chegado no momento em que ela estava sem condições físicas e psicológicas devido à

perda da única filha.

Não se sabe exatamente a data do primeiro convite feito pelo Imperador para que D.

Amélia se encarregasse da educação das Princesas, mas acredita-se que seja anterior ao mês

de setembro de 1853. Isso porque, em 13 de outubro do mesmo ano, em resposta a uma

missiva enviada por ele um mês antes, D. Amélia afirmou não poder aceitar o convite para

educar suas “netas” e sugeriu que D. Teresa Cristina, a mãe das meninas, se encarregasse da

função juntamente com as damas das duas Princesas, orientação não acatada pelo soberano,

ainda que, de acordo com os manuais de etiqueta da França, a educação das meninas fosse de

responsabilidade das mulheres e, de preferência, da mãe (BARMAN, 2005, p. 57-58).

Mesmo não aceitando o convite de D. Pedro II para educar as Princesas, D. Amélia

colocou-se à disposição dos pais das meninas para dar alguns conselhos gerais sobre

educação e enfatizou sua experiência no assunto. Porém, observou sabiamente que “a

maneira de aplicar os mesmos conselhos são diferentes segundo as individualidades das

crianças...” (AMÉLIA, 1853). Além disso, buscou tranquilizar o Imperador ao se incumbir da

9 Sobre o assunto ver BRAGANÇA, 2009.

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tarefa de “escolher na Europa uma dama capaz sob todos os aspectos de se encarregar da

educação de suas 2 filhas” (Idem), o que será tema de diversas missivas trocadas entre eles

durante aproximadamente três anos.

As qualidades da candidata a ocupar o cargo de preceptora das Princesas podem ser

conhecidas por meio de uma das primeiras cartas encontradas sobre o assunto e enviada pelo

soberano a sua “mãe”. Na missiva, D. Pedro II é enfático: aquela que ocuparia a função de

preceptora ou aia, deveria ser

[...] alemã, católica romana e religiosa, viúva, sem filhos menores, maior de quarenta annos, sem pretenção, nem direito a esses de qualidade nenhuma sem interesses na Europa sabendo bem as línguas mais usadas, também entendendo o portuguez ou que venha depois de saber alguma coisa d’elle, para não estar sem ocupação quando aqui chegar; tendo genio docil maneiras delicadas e conhecendo perfeitamente os diversos misteres em que as senhoras passão as suas horas vagas. Quanto á instrução não exijo muito porque as minhas filhas hão de ter os mestres [...] (PEDRO II, 1853).

A busca da Imperatriz viúva por uma preceptora parecia interminável, até que ela

resolveu pedir ao “filho” que encarregasse também sua irmã, a Princesa Francisca de

Joinville, a fazer essa procura, lembrando ainda que a Princesa poderia recorrer à sua sogra,

a “virtuosa Rainha Maria Amélia”10 e que, se não encontrasse uma alemã, como parecia ser a

preferência do Imperador, talvez na França fosse mais fácil essa escolha. E D. Amélia,

fazendo questão de advertir: “o que tu queres é uma senhora para ser aia e não uma simples

professora ou governanta”, pedia que ele orientasse a irmã na busca por uma candidata com

o perfil definido, acrescentando também que ambas deveriam se comunicar, em caso de

resposta positiva, para que, então, cessassem as buscas (AMÉLIA, 1854).

Francisca vivia na Inglaterra e era casada com o Príncipe de Joinville, filho do Rei

destronado Luís Felipe, da França. Quando solicitada, a irmã de D. Pedro II indicou sua

antiga dama, Luísa Margarida Portugal de Barros, a Viscondessa de Barral, que outrora a

auxiliara a se inserir na Corte francesa. Assim, a Princesa Francisca enviou uma carta ao

irmão informando as qualidades da Viscondessa e as possíveis exigências para que aceitasse o

cargo.

Ao tomar conhecimento das qualificações da candidata, D. Pedro II não hesitou em

entrar em contato com Luísa Margarida, por meio do mordomo Paulo Barbosa que

intermediou a contratação da futura aia das Princesas, a Viscondessa de Barral. Logo que

recebeu o convite, “Luísa Margarida, uma mulher à frente de seu tempo, não respondeu de

10Maria Amélia Teresa de Bourbon foi Rainha dos franceses entre 1830 e 1848. Após a Revolução de 1848, na França, exilou-se com sua família em um sítio na cidade de Claremont, região do sul da Inglaterra.

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imediato, preferindo negociar um excelente ordenado, casa e carruagem Imperial a sua

disposição” (AGUIAR, 2012, p. 248).

Após impor todas as condições necessárias à aceitação do cargo, a preceptora

respondeu afirmativamente e chegou ao Rio de Janeiro já na condição de Condessa de Barral,

título recebido por parte do marido com a morte do pai dele. Luísa Margarida Portugal de

Barros foi contratada por D. Pedro II como Encarregada da Educação das Princesas, em

setembro de 1856, passando a dirigir a formação educacional das Princesas herdeiras Isabel e

Leopoldina. Seu ordenado era de 1:000$000 réis mensais, com direito a casa alugada e

carruagem da Casa Imperial11. De acordo com estudo anterior, além de coordenar o trabalho

dos mestres, ela também ensinava Geografia, História, Literatura, Filosofia, Caligrafia,

Dança, Música e as Línguas francesa e inglesa (AGUIAR, 2015). A primeira semana de aula

das Princesas com a aia foi registrada no diário da Princesa Isabel e pode ser conhecida a

seguir:

9 de 7bro 1856 Veio hoje pela primeira vez minha aia a Condessa de Barral e dei com Ella principio ao estudo da lingua Franceza, dei lição de piano; as três horas fomos passear á quinta, e de tarde estudei a lição de piano” DIÁRIO DA PRINCESA ISABEL, 1856). 10 de 7bro 1856 Estudei piano, passiei na quinta e vendo uns pintinhos apoderei-me de um d’elles sem reflectir que não tenho direito sobre a propriedade alheia. Indagando, soube que pertencião a uã pobre preta, prometti-lhe 2$000, ella aceitou o negocio, e ficamos ambas satisfeitas. Chegando porem a caza, a Condessa tanto me fallou na afflição da pobre gallinha que ficou sem seus filhinhos, que interneceu meu coração, mandei levar os pintos à gallinha, 1$000 à preta e satisfeita e sem remorso vim contente do passeio (DIÁRIO DA PRINCESA ISABEL, 1856).

O fato relatado no dia 10 de setembro de 1856 ocorreu no contorno da Quinta da Boa

Vista, no Rio de Janeiro, residência das Princesas, onde circulavam pessoas pertencentes às

mais variadas classes sociais, inclusive às mais baixas. Quando fez o registro em seu diário, a

Princesa tinha dez anos e aprendeu, com a intervenção da preceptora, que ninguém deve

apropriar-se das “coisas alheias”, mesmo se esse alguém for a Princesa Imperial e herdeira de

todo um Império, como era o seu caso. Sua atitude inicial ao se deparar com o pintinho foi

ficar com a ave, o que é natural para qualquer criança. Mesmo assim, ela não se apropriou de

imediato – primeiro buscou saber quem era o proprietário do pintinho para então realizar o

negócio. Essa atitude da Princesa revela um pouco de sua personalidade em processo de

formação, demonstrando que, apesar da pouca idade, já era autônoma e decidida.

11 O vencimento mensal de Luísa Margarida era bastante superior ao de todos os mestres – ganhava num mês quase o que eles recebiam num ano.

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Mas, quando retornou ao Paço e informou à Condessa o ocorrido, a preceptora buscou

enternecer o coração de sua discípula, levando-a a refletir e a se preocupar com o pintinho

separado da mãe e, sobretudo, com a “pobre preta,” certamente oriunda das classes menos

favorecidas e que havia perdido seu bem. Isabel, então, acatou os ensinamentos da aia,

mostrando toda a sua obediência e desfez o negócio, como recomendou a Condessa de Barral.

Além de enobrecer o coração da Princesa, a aia também afastava qualquer indício de

tirania, tão nocivo a um monarca. Compreende-se, então, que a Condessa desempenhava seu

papel da melhor forma possível, moldando o caráter das Princesas e contribuindo

decisivamente com a formação das futuras soberanas.

Quando chegou ao palácio, em setembro de 1856, a Condessa de Barral recebeu o

manual de instruções intitulado: “Atribuições da Aia”. De acordo com esse documento, as

Princesas deveriam estudar durante todos os dias do ano e até nos feriados santos e festivos,

nos quais era solicitado que realizassem leituras “pias” e/ou “instrutivas”, o que pode ser

conferido no texto transcrito abaixo,

Levantar ás 7 no inverno e 6 no verão. Até as 7 ½, hora da missa, vestir, rezar e, no verão, enquanto não vão para a missa, ler cathecismo ou algum livro pio. 8 almoço; meio dia recordação do préparo das lições, leituras instructivas com a Aia e lições; descanso de meia hora conversando com a Aia, e continuação das lições até 2 horas; jantar; descanso como ao meio-dia até 3 ½; até 5 ½, nos mezes de Dezembro, Janeiro e Fevereiro, _ 5, nos de Março, Abril, Agosto, Setembro, Outubro, Novembro, e 4 ½ nos de Maio, Junho, e Julho _ preparo das lições; passeio d’ uma hora; descanso de meia hora; até as 8 preparo das lições, e leituras instructivas, ou conversa com a Aia, conforme chegar o tempo; ceia, e às 9 ½ devem estar deitadas. Nos domingos e dias santos de guarda, desde às 9 até a hora da missa, que ouvimos juntos, cathecismo e leituras pias, e depois do descanso que se segue ao passeio, o qual poderá começar mais cedo, contanto que o sol não esteja ainda ardente, ou saião de carro devendo também então ir a Aia em sua companhia, recordação do preparo das lições e leituras instructivas ou conversa com a Aia, conforme chegar o tempo. Desde ½ hora depois do jantar até o passeio brincarão e a Aia poderá não estar presente até chegar o tempo. Os [dias] de festa nacional serão empregados da mesma maneira, à exceção das leituras pias substituídas pelas outras. As leituras instructivas devem ter relação com as matérias ensinadas, sendo ora em portuguez, ora em qualquer das outras linguas. As visitas que (...) procurarem as princezas serão recebidas unicamente nos domingos; nas festas de guarda e nacionaes; nos dias dos seus annos; nos dos nossos; nos de seus nomes e nossos, e em qualquer outra ocasião que eu determinar, à excepção dos creados de honra e serviço. Só haverá férias em Petropolis, onde talvez seja alterada a distribuição do tempo. (ATRIBUIÇÕES DA AIA, [1857]).

O cotidiano educativo de Isabel e Leopoldina era intenso. Os horários de repouso e

lazer permitidos às Princesas foram constantemente incentivados pela tia das meninas, a

Princesa Francisca, mas esses momentos eram altamente controlados pela aia, ocorrendo

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geralmente em horários pré-estabelecidos e após o término de algumas lições, conforme

determinação de D. Pedro II no documento “Atribuições da Aia”.

Quando chegavam os meses mais quentes do ano, as Princesas viajavam de São

Cristóvão, residência oficial das meninas, para a moradia de verão, o Palácio Imperial de

Petrópolis. A estadia em Petrópolis também era marcada por dias inteiros de estudo, com

alguns intervalos para as brincadeiras. Abaixo, encontram-se trechos de três cartas de Isabel,

informando algumas das ocasiões de divertimentos com a irmã na serra petropolitana.

Petropolis, 15 de março de 1855. Minha cara Maman [...] Dei bem minha lição do Valdetaro, só me falta escrever. Volhe contar o que fiz hontem, joguei o jogo do tocador, da varinha do desparate, da brazinha, com a Totonia, D. Maria e a Chica. Comemos peru, e fizemos a saude a Maman com champanha [...] Isabel Christina (ISABEL, 1855). Petropolis, 14 de março de 1859. Meus Caros Paes. Estimarei muito saber como estão. Eu estou boa mas não fui ao banho. Agora está trovejando. Não recebi ainda a sua carta porque ainda é cedo. Hoje fizemos um arco, e quem é vencedor das argolhinhas, passa por baixo do arco com os outros e tem 1 bocado de açucar em pedra [...] Isabel Christina (ISABEL, 1859). [Petropolis] 29, de Xbro de 1859. Meu querido Papae. Passei bem o dia. De manhaã fomos ao banho. De tarde no jardim dei uã queda, mas não tenho nada, senão uma arranhadura na cabeça [...]Isabel Christina (ISABEL, 1859).

Nessas missivas escritas por Isabel aos pais, em papéis ornados com ramos e flores em

alto relevo e personalizadas com seu nome e Coroa, é possível conhecer um pouco das

brincadeiras ocorridas no cotidiano das Princesas, quase sempre no jardim do Palácio.

Sempre havia alguma criança para brincar com as filhas do Imperador e, em meio a uma

travessura e outra, também se machucavam, mas, no caso acima citado, sem graves

ferimentos. Na fotografia a seguir, encontram-se a Princesa Isabel, em um dos momentos de

lazer ao ar livre e rodeada por meninas; e Dominique, o único menino sentado no galho da

árvore, filho da preceptora, a Condessa de Barral.

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Figura 2 – Princesa Isabel no jardim, rodeada por crianças –C. 1860. Fotografia. Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, Brasil.

As atividades determinadas no documento “Atribuições da Aia” deveriam ser realizadas

pelas filhas do soberano sob a orientação da Condessa de Barral, “pois o sucesso do roteiro

educativo, dependia de sua atuação como preceptora. Ela precisava cuidar para que todas as

tarefas estabelecidas fossem realmente desempenhadas pelas Princesas” (AGUIAR, 2015, p.

113). Muitas eram as atividades da Condessa de Barral que, desde o início, já havia solicitado

uma auxiliar, também chamada institutrice, que chegou da Europa no ano seguinte à sua

contratação. A institutrice havia sido indicada pela Rainha Maria Amélia Teresa de Bourbon,

conforme fragmento da epístola abaixo transcrita.

Claremont, 7 de fevereiro de 1857. Meu caro sobrinho, Devo lhe dizer que segundo o desejo que você me exprimiu em sua carta de 15 de dezembro de 1856, Madame Templier aceita o posto que você a propõe e tendo alguns arranjos de família a terminar antes de se expatriar por muitos anos, ela só partirá pelo navio em 9 de maio, para se colocar à disposição da Condessa de Barral para a ajudá-la a preencher a importante tarefa de educar suas caras filhas. A partir do que você me escreveu eu a assegurei que você teve a bondade de pagar sua viagem [...]. De sua dedicada santa e amada Maria Amélia (MARIA AMÉLIA, 1857).

A carta da Rainha Maria Amélia, enviada em 7 de fevereiro de 1857, foi escrita com

tinta preta numa folha de papel duplo na cor branca. A missivista não obedeceu a margem

esquerda e ocupou aproximadamente 90% do papel da carta, que foi assinada. Em seu

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conteúdo encontram-se detalhes sobre a futura institutrice, que já tinha data marcada para

tomar o navio (pago pelo Imperador) e colocar-se à disposição da Condessa de Barral.

Segundo Lacombe (1989, p. 33), a Rainha exilada também escreveu para Luísa Margarida a

respeito da auxiliar, afirmando “[...] ela sabe muito bem que lhe será subordinada em tudo

que lhe for indicado e pedido”12. Na mesma carta, descreve a candidata dizendo “ela tem um

rosto regular, sem ser bonita, é piedosa, bem instruída, simples em suas maneiras e sem

pretensões”13.

A chegada da institutrice francesa ao Brasil foi registrada no diário da Imperatriz D.

Teresa Cristina, em 3 de junho de 1857: “Chegou [...] La Templier” (DIÁRIO DA

IMPERATRIZ D. TERESA CRISTINA). Assim, Mlle Victorine Templier tornou-se “empregada

na educação das Princesas”, auxiliando a preceptora em tudo o que fosse necessário e ainda

ministrando lições de Francês, Dança e Música. Seu vencimento era de 350$00014 réis

mensais.

De acordo com Vieira (1989, p. 27), a Condessa de Barral dedicava-se mais à Princesa

Isabel, e Mlle Templier, à Princesa Leopoldina, informação não confirmada nas cartas

consultadas. Todavia, encontrou-se uma missiva de Luísa Margarida à Imperatriz, enviada

em janeiro de 1860, na qual a preceptora faz reclamações sobre o mau comportamento da

Princesa Leopoldina com todos, mas principalmente com a auxiliar francesa. A carta, escrita

com tinta preta em folha de papel duplo na cor branca, encontra-se visivelmente amarelada

devido à ação do tempo.

7 de Janeiro de 1860 Senhora, Eu não queria hoje escrever a Vossa Majestade porque não desejava causar-lhe o desprazer de Lhe dizer que não estou contente do comportamento de sua Alteza a Senhora Princesa D. Leopoldina, mas por outro lado julgo do meu dever prevenir Vossa Majestade do que se passa e devo dizer que Ella tem tratado mal a todos, principalmente á pobre Mlle Templier que sem o mais leve motivo incorreu a sua aversão como Ella o diz. Fique Vossa Majestade bem persuadida que a pobre senhora não faz nada pª merecer isso, e que até é mais paciente do que eu. [...] São horas de fechar esta carta beijo com todo o respeito a mão de Vossa Majestade. Condessa de Barral Mtas saudades à Snra D. Josefina (CONDESSA DE BARRAL, 1860).

Na carta, a preceptora participa à Imperatriz D. Teresa Cristina sobre o mau

comportamento da Princesa Leopoldina, que estava com seus treze anos de idade, e, em

plena adolescência, vivia seu momento “rebelde” como qualquer outra menina de sua faixa

etária. Os Imperadores eram bem rígidos tanto na educação moral como na educação

12 Carta da Rainha Maria Amélia (França) à Condessa de Barral (Apud LACOMBE, 1989, p. 33). 13 Idem. 14 Cf. Livro de Pagamentos dos Servidores da Casa Imperial. AGP - L. 110 - 1858-1859.

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intelectual das Princesas. Em três epístolas enviadas pelo monarca às filhas, no período de

1859 a 1862, são encontrados alguns exemplos de como ele dirigia a educação de Isabel e

Leopoldina.

Recife 18 de 10bro de 1859 1 da madrugada. Cara Izabel [...] Mande me dizer o que indica que uma equação é do 2º grau, e qual a formula de resolvel-a. Fale-me também dos logaritimos dizendo-me o que são e para que servem. Quando responderes não entraves senão contigo mesma, tendo-me escrito o Candido Baptista que já lhe explicou estas matérias [...] (PEDRO II, 1859). Rio 28 de março de 1861 Minhas Caras Filhas [...] Ahi vae um abraço por boas festas e domingo terão as caixinhas de amêndoas que eu mesmo escolherei para serem bonitas. Não me conterão só com a figura geometrica; quero também uma semana, pelo menos, de lições muito bem dadas [...] (PEDRO II, 1861).

Rio, 17 de Janeiro de 1862 Isabel, As suas notas não forão como desejo que ellas sejão sempre. Já encomendei o livro botanico que talvez possa ir amanhaã. Mando-lhe os jornais francezes para lerem as noticcias científicas. [...] Ainda não tive tempo opportuno para ver a sua resolução do problema algébrico; mas hei de talvez mandar-lhe até sábado as minhas observações esperando que não se descuide dos problemas que lá deixei. Attente sua Mana para também procurar resolvêl-os, e quando ella o peça não lhe negue as explicações que julgue poder dar. Adeus! Mando-te a benção de seu Pae extremoso. Lembranças a seus creados. Pedro (PEDRO II, 1862).

Nesse primeiro extrato de carta, observa-se que D. Pedro II estava em viagem às

províncias do “Norte”, realizada entre os meses de outubro de 1859 e janeiro de 1860. Mesmo

estando distante, ele procurava educar as Princesas enviando-lhes questões de Matemática e

ainda conferindo se a disciplina ministrada pelo mestre Candido Baptista havia sido bem

sucedida.

Dois anos depois, mais uma vez ele cobra as lições de Matemática por meio de epístola.

A cobrança agora voltava-se para o ensino da Geometria. Nessa correspondência, D. Pedro II

,o “Pai/Mestre”,15 ensina e exige como um mestre, mas também deixa transparecer o amor e

o carinho de um pai que não se importava em perder alguns momentos de seu precioso

tempo ao se dignar a comprar pessoalmente as “caixinhas de amêndoas”, com o objetivo de

presentear as filhas - e também alunas - no domingo próximo.

No terceiro fragmento de carta, enviado no ano de 1862, D. Pedro II menciona

novamente o ensino da Matemática e também fala do livro de Botânica que havia

encomendado. Além disso, dava exemplos da importância de se estar bem informado. Ele lia

15 Sobre o assunto ver: AGUIAR, Jaqueline Vieira de. D. Pedro II: o pai/mestre das Princesas. Encontros (Rio de Janeiro), v. Ano 10, p. 59-72, 2012.

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os jornais franceses e enviava-os à filha, para que ela também se informasse sobre os avanços

científicos. Afinal, como futura sucessora, precisava estar atenta ao que acontecia no Brasil e

no mundo. Também nessa correspondência o Imperador solicitava à Isabel para que

ajudasse sua irmã, Leopoldina, na resolução dos “problemas algébricos”. Mas Isabel e

Leopoldina não se ocupavam apenas do ensino de Matemática, Biologia e outras disciplinas

voltadas para as “ciências e letras”. Elas também eram educadas com as “prendas

domésticas”, como a música, a dança, a pintura, a costura e o bordado, posto que fosse

valorizada a mulher oitocentista que dominasse tais conhecimentos. Em algumas cartas de

Isabel encontram-se comentários sobre alguns trabalhos manuais confeccionados por ela em

sua casa, no Paço de São Cristóvão:

SC. 3 de Outubro de 1859. [...] Minha Querida Mamãe, Eu passei bem o dia. O Borges foi quem veiu, mas o Valadão não. Eu acho que elle disse hontem que não vinha senão amanhãa. E Mamãe eu lhe peço perdão se fiz mal. Hoje eu Cortei um cueiro de flanella para os ingeitados. Como eu o queria fazer de noite pensei que mamãe não se zangaria ao menos muito, de que eu cozesse uns pontos grandes (ISABEL, 1859). SC. 4 de Outubro de 1859. “Minha querida Mamãe. [...] Eu passei bem o dia. O Valadão veiu hoje. Eu já dei hontem e hoje o pão-de-ló aos seus meninos canarios e já tem para amnhãa. Hontem eu comecei o trabalho para o Monsenhor Narciso. É um véo para o calyse. A marqueza e o maquez de’Itanhaem esteve hoje aqui e viu-nos dansar a varsovianna e a Polka [...] Eu hontem já dei as minhas lições. No sábado eu hei de ver se arranjo um mappa das notas da semana para lhe mandar e tambem do Papae. Tomára não mandar mais mappas porque He sinal que Meus Caros Paes já estão de volta. Hoje a noite alinhavei uã touca, Cortei um roupão, alinhaveil-o um pouco, como não estava bem cortado, Cortei um outro, mas não tive tempo de alinhaval-o. Tenho medo de que mamãe se zangue d’isto porque eu lhe prometti que não cozia de noite. Mas hontem foi com pontos não pequenos e hoje alinhavei. Perdoe-me a letra e a ortographia” (ISABEL, 1859). SC. 8 de 8bro de 1859. “Minha querida Mamãe. [...] eu me esqueci de lhe dizer uã cousa no outro dia, eu tive mamãe, uã vontade tal de cozer de noite que não pude cozi. No outro dia eu ia cozer mas a Condessa não quis que eu cozesse porque mamãe tinha prohibido. Esperarei que Mamãe me perdoará. Estes dias eu tenho só alinhavado. Isso eu acho que não é máo” (ISABEL, 1859). SC. 11 de Outubro de 1859. “Minha querida Mamãe. [...] Hoje alinhavei uã coisinha e chuliei um vestidinho d’uma bonequinha” (ISABEL, 1859). SC. 17 de Outubro de 1859. “Minha querida Mamãe. [...] “Hoje bordei com a Madame Diémert” (ISABEL, 1859).

Nas cartas acima citadas, Isabel mostra seu talento para as “prendas domésticas” e

parece gostar do que faz, apresentando-se como uma “costureira perfeccionista”. Na carta ela

informa que não estava satisfeita com a peça cortada e, por esse motivo, decidiu cortá-la

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novamente, comprovando sua dedicação e preocupação com a qualidade do trabalho

realizado. Em alguns trechos das cartas ela pede perdão à mãe por “coser” à noite. Em

muitos dos casos a costura/bordado era uma doação de caridade, o que pode parecer um

gesto pequeno, mas é nobre, afinal, a Princesa Imperial arranjava tempo durante a noite -

provavelmente para não atrapalhar as lições diárias - e colocava seu conhecimento à

disposição dos mais necessitados, ao cortar um cueiro para um bebê enjeitado. Um gesto de

amor e preocupação com o próximo, qualidade que deve ter um governante, por ser

responsável por reger vidas das mais diferentes classes sociais e pertencentes a uma mesma

nação.

Conclusão

Quando viajavam ou estavam envolvidos com os compromissos administrativos do

Império do Brasil, era por meio de cartas que os soberanos, D. Pedro II e D. Teresa Cristina,

tomavam ciência da vida cotidiana de suas filhas, Isabel e Leopoldina, principalmente sobre o

que era ensinado às meninas, já que, após a perda do Príncipe Imperial Pedro Afonso, elas se

tornaram as únicas herdeiras da Coroa e do Trono do Brasil e precisavam ser preparadas

para um dia assumirem tais responsabilidades com o seu país.

D. Pedro II contratou mestres das mais complexas disciplinas para instruir suas filhas.

As Princesas foram educadas durante quatorze anos com diversas disciplinas voltadas para as

“ciências e letras”, comumente proporcionadas aos homens, e com “prendas domésticas”,

destinadas às mulheres. A formação educacional das Princesas ocorreu na “casa”, ou seja, no

espaço doméstico do Paço de São e do Palácio Imperial de Petrópolis. Foram de grande

relevância as atuações da preceptora e do Imperador, empenhados em transformar as

Princesas em futuras soberanas.

As memórias das Princesas Isabel e Leopoldina, registradas em diário e cartas das

próprias meninas, falam do processo educacional ao qual estiveram submetidas entre 1850 e

1864. E, de acordo com esses escritos, ainda que as Princesas tenham recebido a mesma

educação, Isabel sempre se destacava nas lições diárias, em relação à irmã Leopoldina. Como

Princesa Imperial também era a mais comprometida em informar o seu cotidiano educativo,

a mais cobrada pelo Imperador, a mais dedicada nas lições e, consequentemente, a mais bem

preparada para assumir a monarquia brasileira.

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Referências

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