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ENTRE A IMPOSSIBILIDADE E A CRIAO DO INDITO VIVEL: A EXPERINCIA DO LABORATRIO TERRITORIAL DE MANGUINHOS Marcelo Firpo de Souza Porto (marcelo.firpo@ensp.fiocruz.br) marcelo.firpo@ensp.fiocruz.br Ftima Pivetta (pivettaf@ensp.fiocruz.br) pivettaf@ensp.fiocruz.br

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Fiocruz. Foto de Satlite, 1999 Ponte Rio- Niteri Centro da Cidade Ilha do Fundo

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TERRITRIO: MANGUINHOS 13 Comunidades 13 Comunidades 50.000 habitantes 50.000 habitantes 3,7 hab./dom. 3,7 hab./dom. 2 regio mais poluda 2 regio mais poluda Renda mdia per capita: R$ 148,00 Renda mdia per capita: R$ 148,00 IDH = 0,606 IDH = 0,606 155 a posio de 161 155 a posio de 161 Multiplicidade de situaes de risco (refinaria, vias de trnsito pesado e atropelamentos, enchentes, violncias...) Multiplicidade de situaes de risco (refinaria, vias de trnsito pesado e atropelamentos, enchentes, violncias...) Dificuldades de acesso Dificuldades de acesso Comunidade Gueto Zona de Sacrifcio Complexo Faixa de Gaza

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FORMAS DE OCUPAO EM MANGUINHOS ---------------------------------------------- ------ FORMAS DE OCUPAO EM MANGUINHOS ---------------------------------------------- ------ polticas habitacionais - remoo de populaes, principalmente da zona sul, envolvendo as trs instncias: municipal, estadual e federal; construo de conjuntos habitacionais; criao de Parques Proletrios (dcada de 1940), incluindo uma proposta para o Amorim polticas habitacionais - remoo de populaes, principalmente da zona sul, envolvendo as trs instncias: municipal, estadual e federal; construo de conjuntos habitacionais; criao de Parques Proletrios (dcada de 1940), incluindo uma proposta para o Amorim migrao a partir de outras comunidades onde ocorreram incndios ou inundaes migrao a partir de outras comunidades onde ocorreram incndios ou inundaes migrao do nordeste brasileiro migrao do nordeste brasileiro invases em grupos ou individuais invases em grupos ou individuais

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Etapas da ocupao Etapas da ocupao 1904 - Parque Oswaldo Cruz / Morro do Amorim 1904 - Parque Oswaldo Cruz / Morro do Amorim 1941 - Parque Carlos Chagas 1941 - Parque Carlos Chagas 1951 / 1955 - Parque Joo Goulart, Vila Turismo, CHP-2, Vila Unio 1951 / 1955 - Parque Joo Goulart, Vila Turismo, CHP-2, Vila Unio 1990 / 2002 - Conjuntos Nlson Mandela, Samora Machel, Mandela de Pedra, Embratel (Samora II), Comunidade Vitria de Manguinhos (Conab) 1990 / 2002 - Conjuntos Nlson Mandela, Samora Machel, Mandela de Pedra, Embratel (Samora II), Comunidade Vitria de Manguinhos (Conab) Mudana do padro de ocupao: processos desorganizados por populaes excludas, reconhecimento do lugar pela cooptao poltica clientelstica, processos organizados por movimentos populares, e finalmente a gesto da ocupao pelo poder poltico do crime organizado. Mudana do padro de ocupao: processos desorganizados por populaes excludas, reconhecimento do lugar pela cooptao poltica clientelstica, processos organizados por movimentos populares, e finalmente a gesto da ocupao pelo poder poltico do crime organizado.

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1904 1950 1990 2000

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LABORATRIO TERRITORIAL DE MANGUINHOS ---------------------------------------------------- LABORATRIO TERRITORIAL DE MANGUINHOS ---------------------------------------------------- O verdadeiro poder aquele capaz de impor o mtodo de deciso [Alier, 2005] Princpios Solidariedade humanizadora de Freire Pressuposto Construo compartilhada de conhecimentos sobre o territrio a partir de uma comunidade ampliada de pares Desafio terico e prtico C onstruir uma PS emancipatria que potencialize a autonomia dos sujeitos individuais e coletivos na capacidade de se compreenderem a si mesmos, os territrios que vivem e a possibilidade de interferirem nos processos que os conformam (por exemplo, polticas pblicas urbanas, de educao, sade e meio ambiente...) Objeto de atuao Anlise de problemas de sade e ambiente em espaos urbanos a partir da articulao de saberes entre pesquisadores de vrios campos e moradores do lugar (jovens estudantes do ensino mdio bolsas PROVOC- e lideranas comunitrias) que formam uma comunidade ampliada de pares para a pesquisa-ao

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LABORATRIO TERRITORIAL DE MANGUINHOS ---------------------------------------------------- Configura-se como observatrio local, uma instncia de mediaes e intervenes pedaggicas de suporte participao, na esperana do rompimento das barreiras e construo do indito vivel (Paulo Freire) Configura-se como observatrio local, uma instncia de mediaes e intervenes pedaggicas de suporte participao, na esperana do rompimento das barreiras e construo do indito vivel (Paulo Freire) Visa potencializar conhecimentos e prticas, atravs de conceitos e metodologias articuladas em torno do imperativo tico de responder s demandas sociais (De Negri) de populaes excludas e vulnerveis Visa potencializar conhecimentos e prticas, atravs de conceitos e metodologias articuladas em torno do imperativo tico de responder s demandas sociais (De Negri) de populaes excludas e vulnerveis Rene pesquisadores de diferentes unidades da FIOCRUZ e reas de conhecimento, e moradores (jovens bolsistas PROVOC e lideranas comunitrias), cujos saberes e vivncias so confrontados na constituio de ciclos comunicativos: produo circulao apropriao do conhecimento Rene pesquisadores de diferentes unidades da FIOCRUZ e reas de conhecimento, e moradores (jovens bolsistas PROVOC e lideranas comunitrias), cujos saberes e vivncias so confrontados na constituio de ciclos comunicativos: produo circulao apropriao do conhecimento Rompimento de barreiras institucionais: Rompimento de barreiras institucionais: * fragmentao e distanciamento das polticas pblicas das necessidades da populao; * Mudana cultural das instituies: participao como ao dialgica; reconhecimento da complexidade e das dinmicas sociais da sociedade atual; romper com discursos e prticas normativos, descontextualizados e que no potencializam o crescimento dos sujeitos do lugar

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Princpios Transversais EIXOS CONCEITUAIS ESTRUTURANTES Comunicao - participao: processo dialgico para a produo, circulao, anlise e (re)apropriao do conhecimento e da informao promover a constituio de ncleos ou comunidades discursivas; Comunicao - participao: processo dialgico para a produo, circulao, anlise e (re)apropriao do conhecimento e da informao promover a constituio de ncleos ou comunidades discursivas; Perspectiva Territorialista: Perspectiva Territorialista: * territrio como conceito sntese, * espao fsico e relacional, * complexidade, poder e polticas pblicas * interdisciplinaridade e transetorialidade; Abordagem ecossocial: integrao dos problemas de sade e ambiente compreender o territrio em sua complexidade - viso sistmica e integrada das dimenses fsicas, geolgicas, geogrficas e ecolgicas formadas por processos histricos e sociais Abordagem ecossocial: integrao dos problemas de sade e ambiente compreender o territrio em sua complexidade - viso sistmica e integrada das dimenses fsicas, geolgicas, geogrficas e ecolgicas formadas por processos histricos e sociais

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ESTRATGIAS METODOLGICAS CONSTRUO DE MAPAS TEMTICOS Mapa da histria das comunidades e da regio: lgica das ocupaes, histria scio-ambiental e fases histricas de desenvolvimento Mapa da comunicao: meio ambiente versus ambiente dividido ao meio Mapa da Sade Ambiental: Confrontao do conhecimento tcnico-cientfico (PDU, FEEMA etc.) versus vivncias do lugar. Rudos, atropelamentos, vandalismos

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CENRIOS DAS (IM)POSSIBILIDADES DIANTE DE VULNERABILIDADES ESTRUTURAIS CENRIO 1: Presena da Refinaria de Petrleo CENRIO 1: Presena da Refinaria de Petrleo Acidente ampliado em 1991 Reao inicial: indignao e protestos Reao inicial: indignao e protestos Reao posterior: defesa das benesses Reao posterior: defesa das benesses (Im)Possibilidades Atuais: PDU e investimentos locais negociados; fechamento da refinaria deixando passivo ambiental e disputas para novas ocupaes irregulares versus construo de projeto alternativo para gerao de emprego, formao profissional, atividades culturais, rea de estudos para recuperao ambiental, museu do petrleo, entreposto de biodiesel...(UFRJ, FIOCRUZ, Governos Federal/Estadual/Municipal, ONGs e populao local...) Limites estruturais: Fragmentao e disputa poltica entre nveis de governo; poderio econmico da empresa e financiamento de polticos; vulnerabilidade da populao local; distanciamento da prefeitura e PDU artificial.

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CENRIO 2: Riscos e Violncia * PDU: Rudo Oficial (vias intensas, fbricas...) versus Rudo Real (som e quebra das pedras de coca e maconha...) * Violncia da Polcia versus Polcia da Violncia (justia local) Caso do assalto ao bolsista e perdas de referncias fundamentais: quem so os bandidos ? (Im)Possibilidades: Uso do disque-denncia e ouvidorias; enfrentamento da economia ilegal das drogas e sua expanso nos territrios da excluso; ampliao das alternativas de renda, lazer e educao para jovens em situaes de risco; humanizao e recuperao de pessoas infratoras no sistema prisional... Limites estruturais: Corrupo da instituio policial e descrena dos instrumentos existentes como o disque-denncia; aparelhismo e clientelismo poltico junto s instituies, inclusive assemblia legislativa; fragmentao e disputa poltica entre nveis de governo; poderio econmico da refinaria e financiamento de polticos nas campanhas eleitorais; discriminao social dos presos impedindo possibilidades de ressocializao; abandono de crianas e jovens em famlias de pais separados e trabalhadores de baixa renda...

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O meio ambiente para mim o ambiente dividido ao meio (continuao da resposta aps insistncia da entrevistadora) o ambiente dividido entre lugar sujo e limpo, lugar de rico e de pobre, de quem pode e quem no pode

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PARA CONCLUIR: RESPOSTAS INCONCLUSAS, CAMINHOS INCERTOS, PISTAS PARA O INDTO VIVEL No existem respostas simples nem imediatas No existem respostas simples nem imediatas Problemas de elevada complexidade com limites estruturais importantes que caracterizam as vulnerabilidades scio- ambientais do lugar, cujas mudanas dependem de mudanas estruturais (poltica segurana pblica, financiamento eleitoral, planejamento urbano e territorial, cultura institucional, modelo de desenvolvimento econmico, relaes comerciais internacionais...) Problemas de elevada complexidade com limites estruturais importantes que caracterizam as vulnerabilidades scio- ambientais do lugar, cujas mudanas dependem de mudanas estruturais (poltica segurana pblica, financiamento eleitoral, planejamento urbano e territorial, cultura institucional, modelo de desenvolvimento econmico, relaes comerciais internacionais...) Necessidade de trabalhar com respostas imediatas (apoio a jovens em situaes de risco social, atendimento sade para jovens e mulheres vtimas da violncia, programas de mergncia para enchentes) sem cair em polticas normativas, clientelistas e mantenedoras das lgicas de dependncia e excluso. Necessidade de trabalhar com respostas imediatas (apoio a jovens em situaes de risco social, atendimento sade para jovens e mulheres vtimas da violncia, programas de mergncia para enchentes) sem cair em polticas normativas, clientelistas e mantenedoras das lgicas de dependncia e excluso.

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PARA CONCLUIR: RESPOSTAS INCONCLUSAS, CAMINHOS INCERTOS, PISTAS PARA O INDTO VIVEL Desafios: Desafios: * Sustentabilidade das iniciativas (exemplo PROVOC/DLIS) * Reconhecimento histrico do lugar e sentimento de pertencimento; construo de cenrios, de vontades coletivas de mudanas e interferncias nas lgicas e funcionamento das polticas pblicas * Contraposio de realidades: o dentro e o fora das favelas, das instituies, dos saberes. Exemplos: ida a Paraty com os jovens da escola Politcnica do PROVOC * Uso das novas tecnologias de informao e comunicao: internet e infoquiosques, georreferenciamento, vdeos, territrio virtual como estratgia de produo do territrio real, construo de um jogo tipo MPRPG... * Enfrentar o abominvel e o impossvel pela construo compartilhada e solidria de conhecimentos: ampliar a capacidade dos sujeitos (pesquisadores, moradores, tcnicos das instituies...) de compreenderem e lidarem consigo mesmo e com o contexto a partir da tica, da necessidade e do desejo do outro. * Na emergncia da descoberta (do lugar, do outro, de si mesmo...) a renovao da esperana e a possibilidade do indito vivel: jovens e comunidades excludas pensando e construindo o futuro alternativo para seu territrio