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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU ENTENDENDO A MÚSICA COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO EM SALA DE AULA IVONE PORFÍRIO DA SILVA Prof. Orientador: Vilson Sérgio de Carvalho PIRANGA - MG 2015

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU

ENTENDENDO A MÚSICA COMO INSTRUMENTO

PEDAGÓGICO EM SALA DE AULA

IVONE PORFÍRIO DA SILVA

Prof. Orientador: Vilson Sérgio de Carvalho

PIRANGA - MG

2015

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU

ENTENDENDO A MÚSICA COMO INSTRUMENTO

PEDAGÓGICO EM SALA DE AULA

IVONE PORFÍRIO DA SILVA

Monografia apresentada à

Universidade Cândido Mendes

como parte às exigências para a

conclusão do curso de Pós-

Graduação Lato-Sensu em

Supervisão Escolar sob orientação

do Prof. Dr. Vilson Sérgio de

Carvalho.

PIRANGA - MG

2015

TERMO DE APROVAÇÃO

Monografia apresentada à banca avaliadora para julgamento e aprovação, de

autoria de Ivone Porfírio da Silva, sob o título “ENTENDENDO A MÚSICA COMO

INSTRUMENTO PEDAGÓGICO EM SALA DE AULA”.

_________________________

Aluna

Ivone Porfírio da Silva

__________________________

Professor Orientador

Dr. Vilson Sérgio de Carvalho

Aprovada em: __/__/__

AGRADECIMENTOS

A Deus, em primeiro lugar, pois com sua luz

sempre iluminou nossos caminhos.

Aos meus pais e meu filho que me incentivaram a

buscar novas conquistas e sempre me

ofereceram ajuda sem medir esforços.

A Luís Helvécio, Naisy, pelo incentivo e apoio.

Enfim, a todos que direta ou indiretamente

contribuíram para a realização deste estudo,

minha eterna gratidão.

“Educar-se na música é crescer

plenamente, com alegria.

Desenvolver sem dar alegria não é

suficiente. Dar alegria sem

desenvolver tampouco é educar”.

(Murilo Mendes)

RESUMO

O trabalho com a música na escola não tem como finalidade formar

artistas, mas desenvolver, tanto a linguagem musical, quanto a falada. Uma e

outra devem andar paralelas. O canto e a música são formas expressivas da livre

manifestação da alma infantil. O trabalho realizado através das brincadeiras

cantadas, das cantigas de roda e as diversas canções infantis, despertam e

apuram o senso rítmico, desenvolvem a sensibilidade auditiva e a criatividade. O

presente trabalho buscou analisar as formas de como o professor utiliza a música

na escola, oportunizando práticas educativas, aguçando o entusiasmo e interesse

dos alunos. Sendo uma das grandes preocupações, no terreno da arte, deixemos

que apenas alguns poucos privilegiados tenham esta aptidão, procurando,

portanto desenvolver a capacidade artística de todos os alunos. Os principais

dados coletados através da pesquisa realizada apontam dilemas das mais

diversas ordens, como por exemplo, inovações musicais para interferência na

aprendizagem.

Palavras chave: Música – Ludicidade – Aluno – Aprendizagem – Interação.

METODOLOGIA

Tão importante quanto a realização da pesquisa é a escolha do melhor

método para realizá-la.

Assim Aurélio define método e metodologia:

Método é o procedimento organizado que conduz a um

certo resultado e a metodologia se refere ao conjunto de

métodos regras e postulados utilizados em determinada

disciplina e sua aplicação. (FERREIRA, 2001, p460)

Escolhemos, pois, como metodologia de estudo o método de pesquisa

bibliográfica e entrevistas a professores e alunos. Os resultados de nossa

pesquisa estão registrados no capítulo III - o olhar do supervisor escolar sobre a

musicalidade na escola. Foram também realizados estudos, juntamente com o

corpo docente da escola para montagem de projetos que auxiliassem ao estímulo

do estudo e uso da música para a aprendizagem.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 08

CAPÍTULO I: SURGIMENTO DA MÚSICA .................................................................. 10

1.1 - Origem da Música........................................................................................... 10

1.2 - A Educação Musical no Brasil....................................................................... 14

CAPÍTULO II: O ENSINO DA MÚSICA NA ESCOLA FUNDAMENTAL ...................... 19

2.1 - Dilemas e Perspectivas ............................................................................ 19

2.2 - Reflexões sobre a Educação Musical no Ensino Fundamental

Brasileiro ...................................................................................................................... 22

CAPÍTULO III: O OLHAR DO SUPERVISOR ESCOLAR SOBRE A

MUSICALIDADE NA ESCOLA .................................................................................... 29

3.1 A MÚSICA EDUCA A ALMA .................................................................................. 29

3.1.1 – A importância e o significado das práticas musicais nas

primeiras fases da escolaridade ..................................................................... 31

3.1.2 – Música: Elemento Facilitador da Alfabetização ................................. 35

3.2- ANÁLISE EXPLORATÓRIA DA MÚSICA NA ESCOLA ....................................... 39

CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 44

APÊNDICES ................................................................................................................. 46

INTRODUÇÃO

O presente trabalho propõe focalizar os usos e funções da música como

recurso didático entendendo-a como influente na formação dos indivíduos e qual

papel ela oferece na educação.

O foco desta pesquisa é o trabalho do supervisor escolar no auxílio ao

docente, fornecendo a música como uma técnica diferenciada de ensino, pois

pretende-se com este estudo saber qual é o papel que o professor atribui ao seu

trabalho para a carência de aprendizagem de seu alunado e a partir daí entender

a relação da música com o aprendizado.

No primeiro capítulo, Surgimento da Música, relatarei que ela é advinda

do interesse do homem primitivo pelos movimentos, gestos por eles produzidos e

pelos sons oriundos da natureza. Onde eles aos poucos aprenderam a selecionar

entre a matéria o que produzia sons agradáveis.

Veremos que através de estudos de vários autores, a música é constituída

de vários sons e é como arte e conhecimento sociocultural que ela deve ser

entendida.

Explanarei também como a Educação Musical no Brasil sofreu influências

da música europeia e como era vinculada à igreja.

Mostrarei a resistência à música moderna, pois as situações das artes no

Brasil eram impregnadas às ideias conservadoras.

No segundo capítulo, O Ensino da Música na Escola Fundamental,

veremos os dilemas e as perspectivas, em que a reflexão teórica, a partir do

material escrito sobre educação musical revelou-nos uma acentuada articulação

entre “o falar sobre música” e o “fazer musical”, o que acabaria por apontar sobre

a ótica dos envolvidos no trabalho de campo, para o uso e funções inadequados

da prática musical, em desarmonia com a realidade do aluno e dissonante com o

contexto sociocultural brasileiro.

Abordarei o ensino da música como disciplina inserida no currículo da

escola fundamental que, apresenta-se hoje, como uma área de conhecimento

onde há diversidade de funções e a variedade de abordagens impede a

construção de uma prática educativa democrática, abrangente e formativa.

Mostrarei também, Reflexões sobre a Educação Musical no Ensino

Fundamental Brasileiro, onde são muitos os problemas enfrentados pela área de

educação musical. Dentre eles, consideramos como os de maior importância, a

falta de sistematização do ensino de música nas escolas de ensino fundamental,

e o desconhecimento do valor da educação musical como disciplina integrante do

currículo escolar.

No terceiro capítulo, O Olhar do Supervisor Escolar Sobre a

Musicalidade na Escola, veremos, que é difícil entender e aceitar que o

ensino da música não esteja presente nos currículos das escolas de ensino

regular e percebemos que o processo de conhecimento musical é uma

necessidade, onde o melhor é aprender, construir ou adquirir novos

conhecimentos, por meio do prazer, da estimulação e da vivência.

Descreverei também a música como elemento facilitador da alfabetização,

onde ela é caracterizada como linguagem que se traduz em formas sonoras

capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos e

está presente em todas as culturas fazendo parte da educação há muito tempo.

Esclarecerei que a música desperta na criança um grande prazer, com

caráter lúdico e desafiador. Qualquer criança pode ser seduzida pela música, a

qual torna-se um valioso recurso para a aprendizagem em geral.

Abordaremos a Importância e o Significado das Práticas Musicais nas

Primeiras Fases da Escolaridade, onde se percebe que a educação musical

encontra-se praticamente ausente nas escolas brasileiras. Neste sentido há um

profundo adormecimento, em que a música - elemento fundamental na formação

do aluno, poderia cobrir todo o período da Educação Básica, torna-se apenas

pano de fundo no processo de ensino- aprendizagem para milhares de crianças e

jovens do país.

E para finalizar, tecerei minhas Considerações Finais, uma volta na

possibilidade de (re)ver a música inserida no contexto escolar da Educação

Básica, criando oportunidades iguais para os alunos ampliarem suas perspectivas

e vivências, gerando, assim, o gosto pela música e encorajando-os a expressar-

se por meio dela. Outra consideração importante advinda desta investigação é a

possibilidade de nós, professores, utilizarmos as atividades lúdicas para

conhecermos melhor nossos alunos.

CAPÍTULO I

SURGIMENTO DA MÚSICA

1.1 - Origem da Música

A origem e a evolução da música não são estudadas em um contexto que

tome os mecanismos das mutações genéticas como princípio, mas sim num

contexto que diz respeito às leis e aos mecanismos socioculturais. Consideram-se

as variações de estilos musicais como consequência do aparecimento de novas

regras e/ou de uma mudança nas convenções vigentes do “fazer música”. Os

estilos musicais, embora, normalmente mantenham suas leis formativas dentro de

um contexto cultural, são dinâmicos e evoluem constantemente, adaptando-se a

novas situações culturais.

Há hipóteses que na medida em que o crânio dos primeiros hominídeos foi

crescendo, formou-se na região da garganta uma caixa de ressonância adequada

à voz, a posição da laringe baixou e nossos sistemas sensoriais e motores se

aperfeiçoaram. Tudo isso resultou em uma plataforma adequada para o

desenvolvimento da fala. Existe, contudo um componente importante neste

fenômeno co-evolutivo amplamente ignorado por alguns pesquisadores: a música.

“A música é um dos fenômenos mais intrigantes da humanidade. Nossa

sensibilidade ao tempo, nossa tendência a ordenar informação auditiva e nossa

habilidade em classificar e imitar padrões sonoros são característica únicas dos

seres humanos”. 1

Trata-se assim de habilidades musicais que formam os mecanismos essenciais

para o desenvolvimento da linguagem.

1 STORR, A. Music and the Mind, London: Harper Collins, 1993.p.25.

Percebemos por meio das pesquisas que as pessoas nascem com um

“órgão musical” pronto para lidar com a linguagem. Com isso nossa predisposição

musical forma um suporte ideal para o desenvolvimento de mecanismo de

discriminação, de categorização de sons e conceitos, mecanismos estes que são

fundamentais para a linguagem falada. Nossa musicalidade desenvolve-se junto

com a capacidade da fala à medida que crescemos.

“A noção de que a capacidade linguística humana esteja intimamente

relacionada com a habilidade humana de fazer música e apreciá-la foi

fervorosamente defendida no século XVII por pensadores importantes do

iluminismo europeu".2

Miranda (2000, p.38) cita que “Rosseau defendeu a hipótese de que a fala

se desenvolveu a partir de sons grotescos de nossos órgãos vocais. Para ele a

canção e a fala têm uma base comum: a paixão”.

Rosseau (apud MIRANDA, 2000, p.39) concorda com Condillac que as

primeiras línguas faladas podem ter soado como “melodias” de sons vocálicos.

A relação entre as origens da linguagem e da música deixou de figurar na

filosofia pós-iluminista, prevalecendo o romantismo no século XIX. Os filósofos

mais influentes quando se interessavam por música, costumeiramente

associavam suas origens ao misticismo, ao oculto e ao esotérico.

Schaeffner (1958, p.42), “vincula o surgimento da música ao interesse do

homem primitivo pelos movimentos e pelos gestos por eles produzidos e pelos

sons oriundos da natureza”.

O homem expressa-se através do som.

Mas, a capacidade de criação do homem não estacionou com esta

descoberta. O homem percebeu que através da voz também podia criar sons

enquanto transmitiam beleza. Estavam descobertos os sons musicais.

Os povos primitivos tocavam músicas de várias formas, não apenas com

instrumentos.

Nas suas cerimônias mágico-religiosas, os primitivos utilizavam a música

como um meio de afastar os demônios. A música, portanto, não tinha como

função trazer prazer às pessoas. Sua função era afastar o mal.

2 THOMAS, D. A, Music and the Origins of Language. Cambridge (UK): Cambridge University

Press, 1995. p.32.

Para Schneider (citado por Jeandot):

A música primitiva não constitui uma arte propriamente dita, mas um

instrumento indispensável à vida cotidiana do homem natural, para

expressar seu sentimento e sua vontade. Ele não canta somente no

culto, para chamar os espíritos (a alma dos mortos), mas também canta

e tamborila em si próprio, para saudar alguém, formular um

agradecimento, zombar de outra pessoa, elogiar o chefe da tribo, caçar

um animal ou atiçar o fogo. (SCHNEIDER citado por JEANDOT, 2002, p.14)

Por volta de 3.000 antes de Cristo, terminando no século V de nossa era, a

música começa a ganhar um sentido mais artístico.

A música traz prazer ao espírito, facilitando ao homem a descoberta dela

como arte.

A música na antiguidade aparecia em forma de hinos e passa a ter

presença quase obrigatória em cerimônias que contavam com a presença do

povo.

Dos povos da antiguidade, os gregos foram os que mais se destacaram por

suas contribuições no terreno da música, da literatura, da arquitetura, da escultura

e do teatro.

No setor musical são muitos os pontos de semelhança entre a música

grega e a nossa música.

Os gregos, bem como outros povos da antiguidade, acreditavam que a

música possuía uma origem divina. A beleza das composições musicais era

explicada como sendo produto das musas, deusas que inspiravam os artistas.

O próprio nome música, criado pelos gregos, significa “arte das musas”. Estas

explicações sobre a origem divina da música colaboraram para que a figura do

artista musical se envolvesse de certo mistério.

A música, caindo dentro da orientação da Igreja sofreu fundamentais

modificações.

Somente músicas cristãs inspiradas pela nova fé, foram aceitas pela Igreja.

E a nova fé indicava novos caminhos para o homem e para sua música.

A Igreja Católica tinha uma grande tarefa a realizar: selecionar as músicas

dos períodos anteriores, adaptando suas letras e melodias dentro de um espírito

cristão, e compor novas músicas.

Um dos primeiros membros do clero a preocupar-se com o problema

musical foi Santo Ambrósio (340 – 397).

São Gregório acrescentou outras melodias àquelas relacionadas por Santo

Ambrósio. Todo este trabalho foi reunido num livro Antifonário, que passou a ser

usado pelos católicos.

A influência da Igreja Católica sobre a música estende-se por toda a Idade

Média.

A partir do século XV e XVI, a rígida estrutura religiosa começa a ser

contestada, provocando, em certos casos, o aparecimento de outras seitas

cristãs, onde seus compositores descobriam a possibilidade de unir duas

melodias diferentes denominando-a contraponto - união simultânea de várias

vozes (polifonia).

A música também atinge uma das maiores etapas no seu desenvolvimento

histórico: o descobrimento da harmonia.

A música harmônica é levada aos palácios e admirada pelos elementos da

nobreza. Em troca de amparo para prosseguirem suas atividades, os músicos se

mantêm a serviço dos nobres. A música produzida nesta época é totalmente

afastada do povo.

O amparo da Corte, se por um lado beneficiava o compositor, por outro o

limitava de transmitir através da música todos os seus sentimentos.

A música, pela primeira vez na história, não tem a obrigação de

acompanhar a letra.

A partir daí chega-se à conclusão que os sons instrumentais, mesmo

desprovidos de palavras, são capazes de transmitir pensamento e sentimento

com significados próprios.

O prestígio e o poder da Corte e da Igreja são abalados definitivamente em

1789, por um dos maiores acontecimentos da história da humanidade: A

Revolução Francesa.

Com a diminuição da influência dos nobres, os músicos ficaram mais livres

para expressar a sua arte.

No campo da música o grande marco deste período de mudanças sociais é

o compositor alemão Ludwig Van Beethoven (1770 – 1827).

O número de orquestras vai se ampliando dia-a-dia ao mesmo tempo em

que novas combinações sonoras são desenvolvidas. Surgem novas formas

musicais. A música descontrai o ser humano.

Grandes compositores estiveram ligados a este processo, entre os quais

Frédéric François Chopin (1809 – 1849), Franz Liszt (1811 – 1886), Johannes

Brahms (1833 – 1897), Franz Peter Schubert (1797 – 1828), Robert Alexander

Schumann (1810 – 1856), Antônio Carlos Gomes (1836 – 1896), Richard Strauss

(1864 – 1949) e Wilhelm Richard Wagner (1813 – 1883).

A partir de Richard Wagner (1813 – 1883) e do compositor francês Claude

Debussy (1862 – 1883), iniciou-se uma nova etapa na história da música.

As regras que até então orientavam os compositores passaram a ser

discutidas questionadas e desobedecidas.

Então o compositor, teórico musical Arnold Schoenberg (1874 – 1951)

resolveu mudar as coisas, concedendo igualdade a todos os sons, favorecendo

uma mudança total nas regras da harmonia.

As músicas dos seguidores de Schoenberg foram chamadas de atonais,

deixando fluir maior liberdade de criação.

Entre os músicos que surgiram nesta fase, podemos destacar: Pierre

Boulez (1925) Karlheinz Stockhausen (1928), Anton Webern (1883 – 1945), Igor

Strawinsky (1882 - 1971), Bela Bartok (1881 – 1945) e Heitor Villa Lobos (1887 -

1959).

Foram muitas as pessoas que não aprovaram as inovações de Schoenberg

e preferiam continuar seguindo as regras das músicas que antecederam Wagner

e Debussy.

Sendo assim, a música continua mais viva do que nunca.

Miranda acredita que:

Quando entendermos melhor as origens da música, não só poderemos

enriquecer nossos 'Know-how' e projetar ferramentas computacionais

mais eficientes para a criação musical contemporânea como também

estaremos aprimorando nosso entendimento da inteligência humana e

contribuindo para práxis musical e musicológica do século XXI. (MIRANDA, 2000, p.45)

1.2 – A Educação Musical no Brasil

As práticas musicais no Brasil delinearam entre nós a Educação Musical.

A educação musical no Brasil revela as práticas e influências às quais

esteve subordinada e permite a compreensão de como se configura atualmente.

As posições música europeia/música brasileira, ou música de

ontem/música de hoje estiveram presentes em diferentes períodos da nossa

história e pode-se perceber, nesse exame, a predominância ora de uma, ora de

outra das tendências.

A vinda de missionários jesuítas ao Brasil logo após o descobrimento

significou, desde o início, a imposição da cultura lusitana aos índios, ensinava-se

o índio a cantar em português ou latim e a tocar instrumentos europeus.

Não houve na música do Brasil, grande influência ameríndia (MARIZ, 1983,

p.33-34).

Durante todo o período colonial, a educação musical continuou vinculada à

Igreja e, portanto, muito ligadas às formas europeias.

Parte dos compositores já compunha modinhas populares, mesclando

elementos portugueses e brasileiros. A vinda de escravos da África ajudou a

desenvolver um tipo afro-brasileiro da música popular que era, no entanto,

condenado pela Igreja.

Quando a família Real chegou ao Brasil, teve início um processo que

ocasionou grandes transformações na cidade do Rio de Janeiro, alterando

profundamente seus hábitos e vida social.

D. João VI incentivava o exercício das artes patrocinando em particular a

música.

O padre José Maurício, considerado um dos grandes músicos que o Brasil

já teve, foi nomeado por D. João VI mestre de capela e lecionava música

gratuitamente, em troca de participação dos estudantes no serviço da Igreja. Ele

utilizava as obras de Haydn como material didático predileto ao invés de suas

próprias composições.

Na época da corte portuguesa no Brasil, a vida musical até então

circunscrita a Igreja, estendeu-se também aos teatros, que costumavam receber

companhias estrangeiras de óperas, operetas e zarzuelas.

Não havia escolas de música (a não ser as escolas dos negros, que têm

como significativo exemplo, o Conservatório Santa Cruz).

Nessa época, porém, é destacada a figura de Francisco Manoel da Silva

(1795 – 1865), compositor do Hino Nacional Brasileiro, fundador do conservatório

Musical do Rio de Janeiro, a primeira grande escola de música do Brasil.

A prática musical do século XIX reflete as grandes transformações políticos

e econômicas pelas quais passava o país, e evidencia sua situação de

dependência, ora da Igreja, ora do Estado.

Em 1854, foi instituído o ensino da música nas escolas brasileiras. Com a

república, a vida musical tornou-se mais diversificada.

Ao examinar a prática musical brasileira do final do século XIX ao início do

XX, o musicólogo José Miguel Wisnik comenta:

Ao vermos a música, incluindo-se com outros códigos na elaboração de

um texto ideológico, vemos ao mesmo tempo a configuração de um

conceito de música como resultado da interação de três funções:

descritiva, nacionalista e cívica cada uma representada por sua vez, por

um material retirado da tradição musical: o poema sinfônico, o folclore

brasileiro e o Hino Nacional. Essa convergência é sintomática e se

produz no quadro de uma vida cultural em que o escritor é um ‘apêndice

da vida oficial’ movendo-se dentro dos horizontes estreitos das

ideologias dominantes... (JOSÉ MIGUEL WISNIK Apud FONTERRADA,

1990, p.69).

Em 1922, a Semana de Arte Moderna vem questionar a situação das artes

no Brasil, impregnadas ainda de ideias conservadoras, e opõe a música do

presente à música do passado. Mário de Andrade foi uma das figuras centrais do

Movimento. Para ele, a música, necessariamente, tinha que ter uma função

social.

Do movimento moderno emerge Villa Lobos, com as raízes de sua música

na tradição folclórica e popular.

Após o impacto da Semana, porém, há uma volta aos hábitos

conservadores, à tendência romântica e à música descritiva, que somente serão

abalados em 1937, com a vinda ao Brasil do professor Hans Joachim Koellreutter,

graças o qual iria mudar o panorama musical brasileiro com a introdução da

vanguarda europeia entre nós.

No mesmo ano da chegada de Koellreutter, Mário de Andrade realizava o “I

Congresso de Língua Nacional Cantada”, que reuniu poetas, músicos e

professores, com o objetivo de discutir o que seria o “cantar em brasileiro”. O foco

da atenção de Mário dirigia-se à consciência criadora nacional.

Em 1942, foi implantado nas escolas do País o Movimento Nacional de

Musicalização por Villa Lobos, do Conservatório Nacional de Canto Orfeônico, no

Rio de Janeiro.

Segundo Fonterrada, Villa Lobos acreditava que:

Através do canto em conjunto, poder-se-ia despertar o gosto e a

sensibilidade, chegando-se à compreensão e ao domínio da linguagem

musical. Ressaltava também a função social da música capaz de

estimular a convivência entre as pessoas. (FONTERRADA, 1990, p.72)

Esse fato não passou despercebido a Vargas, para quem era importante a

promoção dos grandes eventos corais que valorizavam o folclore, exaltavam a

Pátria e a figura do presidente.

Enquanto nas escolas prosseguia o ensino do Canto Orfeônico, fora de seu

âmbito ocorriam fatores que contribuiriam para importantes modificações no

pensamento estético e na prática musical do País. Em 1946, era lançado o

Manifesto “Música Viva”, foi uma tempestade de críticas e aplausos, um processo

de discussão, cuja radicalização chegou ao nível das discussões pessoais.

Essa posição estética influenciava o ensino de música em alguns redutos,

tradição continuada por seu sucessor na direção da escola, o compositor Ernst

Widmer, que aponta para profundas mudanças estéticas. “Antigamente,

distinguia-se entre som musical e ruído. Hoje, a música engloba tanto som

musical como ruído". (WIDMER, 1987, p.72)

Evidenciava-se então a seguinte situação: se, de um lado, os compositores

situavam-se em campos opostos, defendendo alguns, as práticas de vanguarda, e

outros a valorização das raízes nacionais, do outro lado, o ensino público oficial,

as escolas de música e conservatórios propugnavam a mesma postura

conservadora, o primeiro, pela prática de cantos folclóricos brasileiros e hinos

cívicos de cunho nacionalista, e os segundos, através de sua inserção em

padrões tradicionais, ligados à produção musical dos séculos XVIII e XIX.

A situação da música no Brasil, a partir de 1971, passa por profundas

modificações estruturais. Havia duas “famílias” em Educação Musical, em São

Paulo: a “tradicional”, que direciona os cursos de instrumentos nas escolas de

música, conservatórios e nos cursos de Bacharelado em Música, e a “alternativa”,

surgida após 1971, derivada da prática da Educação Artística.

Essas duas famílias diferem entre si quanto a seus objetivos, técnicas e

modelos teóricos adotados; a “tradicional” aproxima-se do modelo de educação

tecnicista e tem por objetivo a formação de instrumentistas, cantores,

compositores e/ou regentes.

A educação musical “alternativa” insere-se em um modelo teórico

naturalista, que considera as artes como possíveis de serem fruídas e praticadas

por todos os homens. O objetivo dessa vertente é permitir que a arte aflua.

Em sua prática, porém essa linha vem encontrando dificuldades para

conduzir seus projetos educacionais.

CAPÍTULO II

O ENSINO DA MÚSICA NA ESCOLA FUNDAMENTAL

2.1 – Dilemas e Perspectivas

A reflexão teórica, a partir do material escrito sobre Educação Musical,

revelou-nos uma acentuada desarticulação entre o “falar sobre música” e o

“fazer musical”, o que acabaria por apontar, sob a ótica de atores envolvidos no

trabalho de campo, para o uso e funções inadequados da prática musical, em

desarmonia com a realidade do aluno e dissonante com o contexto

sociocultural brasileiro.

Buscar o sentido e o significado da educação musical no ensino

fundamental são duas realidades significativas que se apresenta entre o

discurso e a prática, uma vez que percebemos uma dissonância entre ensino

da Arte (Música), que está instituído e garantido legalmente com o fazer e

ensinar música, enquanto disciplina, dentro do contexto escolar mais restrito e

mais democrático, ou seja, dentro das salas de aula.

Há um quadro bastante desolador do ensino da música na escola

fundamental, com pouquíssimos professores trabalhando de forma efetiva e

educativa, e com milhares de alunos distantes do contato prazeroso e relevante

do fazer musical, alterando a prática e complexidade da música dentro do

cotidiano escolar.

Segundo os PCN,

[...] as oportunidades de aprendizagem de arte, dentro e fora da

escola, mobilizam a expressão e a comunicação pessoal e ampliam a

formação do estudante como cidadão, principalmente por intensificar

as relações dos indivíduos tanto com seu mundo interior como com o

exterior.3 (PCN, 1998, p.19)

3 BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais, Arte -

documento Introdutório.

Desta forma, uma análise é fundamental para se redimensionar o papel

da música na escola e buscar as condições necessárias para que possa vir a

ter um papel e um valor significativo no processo de educação escolar.

É prática comum nas escolas, principalmente nas séries iniciais, ouvir

música na entrada e saída do período escolar, no recreio, e ainda, de forma

bastante acentuada, nos momentos de festividades que obedecem a um

calendário com datas a serem comemoradas pela comunidade escolar.

Segundo Loureiro:

Poucas escolas incluem em seu currículo o trabalho com música e

quando a fazem é com o uso excessivo da prática do cantar. Canta-

se demais, de modo inconsciente e mecânico e, o que é ainda pior,

sem levar em consideração a realidade do aluno levando-o, cada vez

mais, a distanciar-se do prazer do fazer musical. (Loureiro, 2003, p.6)

Neste sentido, podemos afirmar que a música está presente no

cotidiano escolar de nossas crianças e jovens. Ela está presente em todo e

qualquer lugar, pois vem ocupando cada vez mais espaços no cenário social

da vida contemporânea. Porém, embora a música esteja presente no cotidiano

da escola, questões precisam ser esclarecidas para entendermos o porquê da

ausência do ensino sistemático da música e o lugar que vem ocupando no

cenário educacional brasileiro.

Alunos desinteressados, com pouca concentração e baixo

comprometimento, apresentando superficialidade em suas relações com o

ensino-aprendizagem precisam ser incitados a experimentar formas de

apreensão da linguagem musical, mesclando estilos e procedimentos,

proporcionando maior abertura para o diálogo e o fazer musical, aliando

experiências e vivências com as possibilidades do encontro com o novo.

De acordo com o PCN - Arte:

É necessário procurar e repensar caminhos que nos ajudem a

desenvolver uma educação musical que considere o mundo

contemporâneo em suas características e possibilidades culturais.

Uma educação musical que parta do conhecimento e das

experiências que o jovem traz de seu cotidiano, de seu meio

sociocultural e que saiba contribuir para a humanização de seus

alunos. (PCN - Arte II, 1998, p. 79).

Qualquer proposta de ensino que considere essa diversidade [da

produção musical contemporânea] precisa abrir espaço para o aluno

trazer música para a sala de aula, acolhendo-a, contextualizando-a e

oferecendo acesso a obras que possam ser significativas para o seu

desenvolvimento pessoal em atividades de apreciação e produção.

(PCN - Arte I, 1998, p. 75)

A vivência musical constitui um momento de prazer, de magia, de sentir,

de perceber, de criar, de descobrir. É o momento propício para criar situações

que estimulem a busca do conhecimento, a alegria do fazer musical. É o

momento de aproveitar a fase escolar inicial para desenvolver esquemas de

apreensão da linguagem musical e verbal, contribuindo para o enriquecimento

da interação entre alunos, aluno e professor, indivíduo e sociedade, indivíduo e

mundo.

Segundo Loureiro:

O ensino da música como disciplina inserida no currículo da escola

fundamental apresenta-se hoje como uma área de conhecimento

onde a diversidade de funções e a variedade de abordagens

impedem a construção de uma prática educativa, democrática,

abrangente e formativa. (Loureiro, 2003, p.8)

É preciso, em nome do resgate da alegria cultural, tomar consciência

das verdadeiras carências pedagógicas no domínio do ensino musical e

projetar um plano estratégico, transparente e inovador, com objetivos claros e

bem definidos que possam ser efetivados no cotidiano da vida escolar.

Entretanto, é preciso vencer as dificuldades e buscar alternativas, abrir

possibilidades e espaços para viver com alegria e euforia o momento musical,

buscar meios para alcançar a realidade do educando, possibilitando sua

motivação, seu interesse, pois assim evitaríamos o descontentamento e, até

mesmo, a apatia dos alunos diante do que a escola lhes propõe e oferece.

Segundo Kater:

Muito pouco estamos inovando de maneira sistemática na educação

musical, porque apesar de atestarmos a grandeza e a velocidade das

transformações em nossa época, ainda não compreendemos

suficientemente que todas essas mudanças podem também ser

vistas como oportunidade.4 (KATER, 1992, p.4)

Diante da realidade brasileira, a educação musical ao nível de ensino

fundamental não apresenta uma característica própria, um direcionamento que

lhe dê a identidade de saber escolar, com possibilidades de acesso irrestrito à

prática musical, onde se articulam experiências adquiridas tanto fora quanto

dentro do sistema escolar de ensino.

Para que o ensino de música chegue a ser um veículo de conhecimento

significativo e contribua para uma visão intercultural e alternativa frente à

homogeneização da atual cultura global e tecnológica é necessário partir de

uma ideia clara, concreta, que viabilize ações conectadas à vida real. A

intencionalidade dirigida e coerente com o universo de alunos pode levar a

integração de capacidades, modos pessoais de pensar, sentir e agir na busca

do conhecimento global e de novas experiências e vivências.

2.2 - Reflexões sobre a educação musical no ensino fundamental

brasileiro

Segundo Pannuti:

As crianças possuem uma natureza singular, que as caracteriza como

seres que pensam o mundo de um jeito muito próprio. Nas interações

que estabelecem desde cedo com as pessoas que lhes são próximas e

com o meio que as circunda, as crianças revelam seu esforço para

compreender o mundo em que vivem as relações contraditórias que

presenciam e, por meio das brincadeiras, explicitam as condições de

vida a que estão submetidas e seus anseios e desejos. No processo de

4 KATER, Carlos. A Educação Musical em Busca de Seu Verdadeiro Sentido, – Palestra

proferida no “I Encontro dos Conservatórios Mineiros de Música”, SEE/MG, Belo Horizonte. 07

de dezembro de 1992, p.4.

construção do conhecimento, as crianças utilizam as mais diferentes

linguagens e exercem a capacidade que possuem de terem idéias e

hipóteses originais sobre aquilo que buscam desvendar. Nessa

perspectiva, as crianças constroem o conhecimento a partir das

interações que estabelecem com as outras pessoas e com o meio em

que vivem. O conhecimento não se constitui em cópia da realidade, mas

sim, fruto de um intenso trabalho de criação, significação e

ressignificação. (PANNUTI, 1999, p.3)

Há necessidade de compartilhar com educadores reflexões, estratégias e

recursos que possam aprimorar e instrumentalizar sua prática cotidiana, além de

aprofundar a compreensão do ser professor, possibilitando a continuidade da

construção do conhecimento pedagógico por parte dos mesmos.

É importante considerar, ao pensarmos em “informações disponíveis”,

nas múltiplas e diversificadas possibilidades de acesso a elas no momento

atual. O fundamental é aprender a trabalhar com as fontes de informação (TV,

rádio, jornais, livros, revistas, cinema, vídeos, tradição oral das pessoas da

comunidade, materiais didáticos, folhetos, textos e imagens de propagandas,

quadros, peças de teatro, etc.).

Neste sentido, as reflexões devem ser centradas em comentários de

atividades e ações na perspectiva do possível e desejável. É importante

ressaltar a carência ou as eventuais dificuldades e contingências, que fazem

parte de todo o processo, qualquer que seja a situação vivida, e podem ser

entendidas num contexto mais amplo, funcionando até como um estímulo à

busca e à superação.

A criança deve ser entendida como um ser autônomo, que participa

ativamente de seu desenvolvimento e processo de aprendizagem, sendo

respeitada em sua condição. Ela, como todo ser humano, é um sujeito histórico

e social, fazendo parte de uma organização familiar, de uma sociedade e de

uma cultura que devem ser incluídas nas situações de escolarização, através

de parcerias, alianças e integrações entre as diversas instâncias sociais

participantes deste processo.

A educação musical, entendida como ciência ou área de conhecimento,

não escapa de conviver e de se defrontar com constantes situações

problemáticas que são peculiares ao atual momento. Diferentes práticas são

propostas com a intenção de amenizar as necessidades pedagógicas musicais

decorrentes da diversidade de concepções de conhecimento e de mundo.

Mesmo que o ensino da música nas escolas de ensino regular esteja diluído

em práticas metodológicas diversas, muitas vezes por falta de fundamentação

teórica consistente ou por uma formação inadequada do educador musical, a

educação musical envolvida no contexto mais amplo do fenômeno educação

não pode negligenciar-se a entender que a “pluralidade não significa renunciar

à identidade e não pode, em caso algum, justificar a dispersão, a falta de rigor

ou a superficialidade científica”. (SOUZA, 1996, p.5).

São muitos os problemas enfrentados pela área de educação musical.

Dentre eles, consideramos como os de maior importância a falta de

sistematização do ensino de música nas escolas de ensino fundamental, e o

desconhecimento do valor da educação musical como disciplina integrante do

currículo escolar.

De acordo com Koellreutter:

A função da arte varia de acordo com as intenções da sociedade.

Porque o sistema social, o sistema de convivência inter-humana, é

governado pelo esquema de condições econômicas. (...) Na nossa

sociedade, o conceito de ‘arte representativa’, como objeto de

ornamentação de uma classe social privilegiada, como um ‘status-

símbolo’ na vida privada de uma elite social não envolvente, não é

mais relevante. (KOELLREUTTER, 1998, p.40-41)

Valores atribuídos à música sofreram modificações, alterando

concepções de ensino e exercendo influência sobre o conteúdo a ser ensinado.

Presente em diferentes épocas e sociedades, e em diversos contextos da

educação escolar, é possível perceber que os valores são subjacentes a cada

tipo de sociedade, a qual se incumbe de estruturá-los e legitimá-los.

A música, como qualquer conhecimento, entendida como uma

linguagem artística, organizada e fundamentada culturalmente, é uma prática

social, pois nela estão inseridos valores e significados atribuídos aos indivíduos

e à sociedade que a constrói e que dela se ocupam.

Na educação em geral, incluindo a música, não como música pela

música, mas como instrumento de educação, sua presença pode surgir de

forma dinâmica e produtiva e, neste sentido, Koellreutter acredita que:

No tocante à música na sociedade moderna – ou melhor, no tocante

à educação pela música, a mais importante implicação desta tese é a

tarefa de despertar, na mente dos jovens, a consciência da

interdependência de sentimento e racionalidade, de tecnologia e

estética. No fundo, isto significa desenvolver a capacidade do ser

humano para um raciocínio globalizante e integrador.

(KOELLREUTTER, 1998, p.41)

No processo educativo musical, nada é significativo no vazio, mas

apenas quando relacionado e articulado no quadro das experiências

acumuladas, quando compatível com os esquemas de percepção

desenvolvidos. E, nesse sentido, a música pode produzir um estado de maior

flexibilidade, abrindo caminhos para um fluxo amplo de idéias, de fantasias,

estreitando laços nas relações sociais, estimulando a criatividade nos

indivíduos e nos grupos.

Embora nos meios científicos e acadêmicos a música seja reconhecida,

na realidade isso não ocorre. O que encontramos nas escolas são práticas

isoladas, bastante variáveis e irregulares. Em algumas poucas escolas há

professor e carga horária específica para música; em outras, só há o ensino da

música na educação infantil (mesmo assim como função recreativa); em outras,

a aula de música se resume a formar e a ensaiar uma banda ou um coral,

porém, tais práticas envolvem apenas alguns alunos, deixando a maioria

excluída. Sendo assim, se visamos uma educação musical que atenda a todos

os alunos, a constituição de pequenos grupos, como o coral ou a banda, não

atenderia ao propósito de uma educação ampla e democrática.

O que se vê na maioria das vezes é que o espaço reservado para a

música está incluído na Educação Artística, disciplina que ainda tem as suas

atenções voltadas para as artes plásticas ou cênicas. Decorre daí que o

professor de Educação Artística, de formação abrangente e polivalente, não

encontra meios para desenvolver objetivos propriamente musicais.

No contexto atual, marcado pelo crescente avanço da tecnologia, várias

manifestações culturais propagam-se de modo bastante intenso, rápido e

diversificado. Não seria exagero imaginar que as crianças e jovens, fortemente

influenciados pela mídia, teriam à sua disposição uma variedade musical

imensa e rica, formada por músicas de vários estilos, formas e épocas.

Entretanto, sabemos que essa disponibilidade não está ao alcance de todos e,

o que é pior, contempla apenas aqueles que dispõem de condições

apropriadas para a sua apreensão.

Colocar a música ou o estudo dela como condição de status, um

privilégio que só é reservado a poucos em condições de pagar um professor

particular ou de frequentar uma escola especializada levou muitas pessoas a

acreditarem (e, ainda hoje, continuam acreditando) que o ensino da música

estava reservado às pessoas que possuíam o “dom” ou o “ouvido musical”

apropriado para a prática da música. Tal estigma gerou a exclusão

indiscriminada das pessoas e, consequentemente, possibilitou uma espécie de

aversão, indisposição, um distanciamento gradativo com relação à prática

musical.

Isso significa que a escola prioriza aqueles alunos que já possuem

capital cultural, privilegiados de uma classe cultivada, para a qual vem

direcionar um ensino elitista e excludente.

Esse quadro, ainda presente em nossas escolas, confirma que a função

da escola continua sendo a de efetuar a transposição didática dos conteúdos

legitimados pela hierarquia dos bens culturais e, no caso da música, conteúdos

musicais que se definem como sendo “música clássica”, “música séria” ou

“música de verdade”. Nesse caso, nas raras escolas em que a música ocorre,

encontramos geralmente o ensino da música bem distante do contexto escolar

e da realidade dos alunos.

A educação musical vê-se, pois, diante de um desafio que, sem dúvida,

apresenta-se como primordial para uma prática efetiva e consistente do ensino

de música. É preciso promover, de modo mais amplo e democrático, uma

educação musical de qualidade para a escola de ensino fundamental.

O fato é que se há música como disciplina escolar, pouco tempo é

reservado para a sua prática, a não ser como recreação ou como recurso

didático, auxílio imediato para a promoção de festas escolares ou para

minimizar as dificuldades no processo de ensino e de aprendizagem.

Na maioria das escolas onde há o ensino de música, os professores

continuam reduzindo essa disciplina à realização de atividades lúdicas, com

aspectos agradáveis, em que o produto final é mais importante do que o

processo de aprendizagem que busca como objetivo, a aquisição de um novo

conhecimento. A música como atividade educativa, quando inserida no

contexto escolar, encontra ainda, como foi apontado ao longo deste trabalho,

uma série de limitações, tais como carência de material músico-pedagógico,

salas inadequadas, tempo disponível reduzido, além de turmas numerosas e

heterogêneas.

Outro limite que se impõe à educação musical escolar diz respeito à

ausência de um método atrativo e realista que, em concordância com o

desenvolvimento psicossocial do aluno, possibilite-lhe um aprendizado

prazeroso, acessível e voltado para o seu crescimento pessoal. São raras as

escolas que dispõem de um trabalho musical bem orientado e

metodologicamente estruturado, com possibilidades de garantir a sua

continuidade. O processo de ensino-aprendizagem requer constante

adequação e renovação de atividades e de materiais músicopedagógicos,

conhecimento e disponibilização de recursos metodológicos que possam

promover as condições necessárias como forma de assegurar a apreensão do

conhecimento musical, o constante interesse do aluno e que, assim, possa

devolver a alegria musical.

Uma concepção de educação que pretenda a transformação e o

crescimento do indivíduo implica, portanto, uma maior aproximação e

abrangência do conhecimento musical propiciando, dessa maneira, uma maior

aproximação entre os diversos segmentos da cultura e da sociedade.

É preciso ter consciência e clareza para introduzir o aluno no domínio

do conhecimento musical. Isso significa que é fundamental o papel da escola

no estudo da cultura musical, pois nela, como terreno de mediação, poderão

ocorrer as trocas de experiências pessoais, intuitivas e diferenciadas. Daí a

necessidade de não perdermos de vista as práticas musicais que respondem a

movimentos sociais e culturais que vão além dos muros da escola, mas

refletem, mais cedo ou mais tarde, no interior da sala de aula.

O que importa é entender que existe hoje uma diversidade de formas de

pensar, de lidar e de gostar de música, revelados no cotidiano escolar que

devem ser considerados na articulação e no entrelaçamento da construção do

conhecimento musical.

Entendemos que é preciso romper com os mecanismos que fazem com

que a escola simplesmente tome para si a postura de reafirmar a familiaridade

musical dada a alguns por seu meio sociocultural. Percebe-se aí, que o

panorama de nossa cultura musical concentra-se em dois polos distintos e

complexos.

A formação do professor através do Curso de Magistério do ensino

médio carece dos fundamentos mais elementares da arte musical, além do

mais, pretender o domínio do conteúdo musical em um curto espaço de tempo,

impossibilita qualquer trabalho sério e efetivo.

Se, atualmente, são raras as escolas que se propõem a realizar um

trabalho bem orientado e metodologicamente estruturado para o ensino da

música, não menos rara é a presença do professor especializado para dispor-

se a um trabalho dinâmico e de qualidade.

Esses parecem ser, no âmago da situação, os maiores obstáculos para

a inclusão da música na escola de ensino fundamental do país.

A escola, como espaço de construção e reconstrução do conhecimento,

pode surgir como possibilidade de realizar um ensino de música que esteja ao

alcance de todos. A ousadia ficaria por conta de tentativas de democratizar o

acesso à arte, de se projetar nesta tarefa de renovação, reconstrução e, mais

ainda, de apoiar as atividades pedagógicas musicais, considerando-as

qualitativamente significativas.

Não podemos permitir que a música continue excluída das escolas

brasileiras.

CAPÍTULO III

O OLHAR DO SUPERVISOR ESCOLAR SOBRE A MUSICALIDADE NA

ESCOLA

3.1- A Música Educa a Alma

Por seu poder criador e libertador, a música torna-se um poderoso recurso

educativo. É preciso que a criança seja habituada a expressar-se musicalmente

desde os primeiros anos de sua vida, para que a música venha constituir-se numa

faculdade permanente de seu ser.

A música é uma linguagem que, se compreendida desde cedo, ajuda o ser

humano a expressar com mais facilidade suas emoções, sentimentos e

principalmente a ser criativo. Trabalhar com a música no cotidiano escolar

significa ampliar a variedade de linguagens que podem permitir a descoberta de

novos caminhos de aprendizagem. É possível que desperte nos alunos outras

formas de conhecer, interpretar e sentir.

Apesar da música ser apreciada pela maioria das pessoas, não é fácil

trabalhar com ela na escola. Por exemplo, estudar história através da música vai

muito além de ligar o rádio, colocar um CD, ouvir distraidamente as canções.

Assim, as músicas não devem ser ministradas sem uma discussão em torno de

um tema que anteceda o trabalho com a lição a ser estudada. A adaptação da

lição à realidade vivida pelos alunos no dia-a-dia é de fundamental importância

para o estímulo à aprendizagem.

Para Gilberto Almeida:

Os segredos da cultura da criança são maiores do que podemos

imaginar. Os estudos sobre as formas de transmissão do saber dentro

da cultura popular e da cultura da criança nos mostram que a integração

das artes da dança e da música é imprescindível para garantir que o

conhecimento seja escrito tanto na memória sonora como no corpo. A

mente necessita que o corpo experimente, brinque, para configurar no

cérebro as formas de pensamento e as formas de sentimento.5

(ALMEIDA, 2003, p. 34)

Jeandot vai além:

Mostra-nos caminhos para percebermos que a música é uma linguagem.

Sendo assim, em relação à música devemos seguir o mesmo processo

de desenvolvimento que adotamos, quanto à linguagem falada, ou seja,

devemos expor a criança à linguagem musical e dialogar com ela sobre

e por meio da música. (JEANDOT, 2002, p.12)

A criança não é um artista, nem um ser meramente contemplativo, mas

antes de tudo um ser “rítmico-mímico”, que usa espontaneamente os gestos ao

sabor da sensação que eles despertam.

Por se tratar de um tema tão vasto, tem sido veículo de importantes

permutas culturais e suporte essencial de tantas outras artes como a poesia, a

dança, o teatro, o cinema, etc.

Observaremos que poucas escolas incluem em seu currículo a disciplina

Música. Quando há, o que encontramos é o uso excessivo da prática do cantar.

Canta-se demais, de modo inconsciente e mecânico e, o que é ainda pior, sem

levar em consideração a realidade do aluno levando-o, cada vez mais, a

distanciar-se do prazer do fazer musical.

E, para tornar ainda mais indefinida esta situação, o conceito de

educação musical, como disciplina escolar inserida no currículo da Educação

Básica, é percebido de diversas maneiras.

É preciso uma conscientização coletiva urgente para que nossas

crianças aprendam a ter senso crítico e não se deixem enganar facilmente.

É fundamental que os professores de posse de conhecimentos teóricos

sobre o tema, organizem sua metodologia, visando a atender os alunos sob

forma de uma intervenção pedagógica preventiva e não contemplativa.

5 ALMEIDA, Gilberto Amâncio de. Desenvolvendo a Musicalidade na Escola. IN: Guia de

estudo – Módulo 4, Volume II. Coleção Veredas. Belo Horizonte: SEE/MG, 2003.p 34.

3.1.1 - A importância e o significado das práticas musicais nas primeiras fases da

escolaridade.

Entretanto, há várias décadas, a educação musical encontra-se

praticamente ausente das escolas brasileiras. Esta ausência, sentida desde os

primeiros anos de escolaridade, vem justificar nossa preocupação com a falta

de uma proposta curricular para o ensino da Música com o objetivo de

democratizar o acesso à arte.

Em tempos atrás, não muito distantes, em nossas lembranças era

comum ouvir vozes de crianças cantando, nas escolas, enquanto se divertiam

e brincavam. A música e os cantos infantis exerciam papel fundamental nos

jogos do dia-a-dia, estimulando a percepção e ajudando no desenvolvimento

da criança.

No contexto atual, as coisas são bem diferentes. É triste perceber que as

escolas foram, pouco a pouco, esquecendo-se das canções e cantigas de roda,

substituindo-as por músicas mecânicas, sem qualquer valor educativo-musical,

sem que nos dispuséssemos a questioná-las, ou mesmo, negá-las.

Atualmente, as escolas mostram-se “afônicas”, contaminadas pelo

“vírus” do som mecânico alienadas pela música que toma conta dos corredores

e que, de modo massificado e inconsciente, penetra nos ouvidos dos alunos e

de quem quer que esteja no espaço escolar. O cenário antimusical tomou conta

das nossas escolas.

Neste quadro de profundo adormecimento, a música, como elemento

fundamental na formação do aluno, que poderia cobrir todo o período da

Educação Básica, torna-se apenas pano de fundo no processo de

ensino/aprendizagem para milhares de crianças e jovens do país.

Diante da realidade brasileira, a educação musical no Ensino

Fundamental não apresenta uma característica própria, um direcionamento que

lhe dê a identidade de saber escolar, nem possibilidades de acesso à prática

musical em que, articulam-se experiências adquiridas tanto fora quanto dentro

do sistema escolar de ensino.

Se nós somos considerados por muitos como um país rico em

diversidade e manifestação musical, é difícil entender e aceitar que o ensino de

Música não esteja presente nos currículos das escolas de ensino regular. E,

para tornar ainda mais indefinida esta situação, o conceito de educação

musical, como disciplina escolar inserida no currículo da Educação Básica, é

percebido de diversas maneiras.

Para uns, a música não passa de um divertimento ou de um adendo

das festas e comemorações previstas no calendário escolar. Ensaiar algumas

músicas para serem apresentadas é tarefa que qualquer professor tem

condições de executar. Para outros, para os quais a educação é concebida

como agente de transmissão e conservação de conhecimento acumulado, a

educação musical obedece ao processo de seriação, fragmentação e seleção

de conteúdo. Nessas condições, o trabalho está comprometido pela

impossibilidade de diálogo e troca de experiências entre professor e aluno,

impedindo a socialização do conhecimento musical e sua apropriação de modo

crítico e consciente.

O fato é que, quando há música na escola, o que encontramos são

práticas isoladas, bastante variáveis e irregulares. Além do mais, há o uso

excessivo da prática do cantar. Canta-se demais, de modo inconsciente e

mecânico e, o que é pior, sem considerar a realidade do aluno, levando-o, cada

vez mais, a distanciar-se do prazer do fazer musical.

Neste quadro TOURINHO (1998, p.170) caracteriza a atitude dos

professores de educação musical por "uma surdez seletiva" em relação à

produção musical e pela "reverência à cultura musical notada".

Em algumas poucas escolas, há o ensino da música apenas na

Educação Infantil, mesmo assim com função recreativa ou formadora de

hábitos e comportamentos; em outras, a aula de Música resume-se em formar

e ensaiar uma banda ou um coral, porém, tais práticas envolvem apenas

alguns alunos, deixando a maioria excluída. Quando há música como disciplina

escolar, pouco tempo é reservado para sua prática. Na maioria das escolas,

principalmente nas séries iniciais, canta-se música na entrada e na saída do

período escolar, ou no recreio, acompanhada pelo som mecânico. A música é

sinônimo de recreação e seu uso continua reduzido à realização de atividades

lúdicas, com aspectos agradáveis. O interesse está voltado para a promoção

de festas escolares ou como recurso didático, auxílio imediato para minimizar

as dificuldades no processo de ensino/aprendizagem.

É preciso pensar na música como elemento fundamental e vital para o

crescimento do aluno, ser social, fazendo parte de um processo estético-

pedagógico voltado para construção dos significados musicais, por meio de

diferentes formas de participação na sala de aula.

O ensino da Arte e o da Música, em especial, devem ser considerados

na educação escolar da mesma forma que outras áreas do conhecimento,

como a Matemática, a Língua Portuguesa, a História. Porém, por oferecer uma

forma de conhecimento específico, deve ser encarado de modo organizado,

coerente, que o situa entre vivência, experiência e compreensão.

A escola, como espaço de construção e reconstrução do conhecimento,

como lugar de vivências e trocas de experiências, pode surgir como

possibilidade de realizar um ensino de música que esteja ao alcance de todos.

A nova LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, n° 9.394/96

vem dar essa garantia quando torna o conhecimento artístico obrigatório no

currículo da Educação Básica. O problema começa aí: passar do papel, chegar

às escolas, ser incluído no currículo, oferecido aos alunos no horário escolar

requer um maior interesse por parte dos administradores escolares e dos

próprios docentes, que precisam manifestar-se pela sensibilização e pelo valor

do ensino da Arte na escola. A educação musical não poderia estar dissociada

das práticas cotidianas dos alunos. Atividades musicais que envolvem o cantar,

dançar, movimentar e improvisar já faz parte do ambiente de crianças e jovens,

seja no ambiente familiar ou fora dele. São manifestações de grande valor que

merecem ser consideradas na formação cultural e educativa dos alunos e,

dessa forma, com reais possibilidades de constituírem uma vertente

fundamental do ensino e de igualar-se às demais disciplinas do currículo

escolar.

A vivência musical constitui um momento de prazer, de magia, de

sentir, de perceber, de criar, de descobrir. É o momento propício para criar

situações que estimulem a busca do conhecimento, a alegria do fazer musical.

É o momento de aproveitar a fase escolar inicial para desenvolver esquemas

de apreensão da linguagem musical e verbal, contribuindo para o

enriquecimento da interação entre alunos, aluno e professor, indivíduo e

sociedade, indivíduo e mundo.

Contudo, é preciso dar à educação musical um caráter progressivo, que

deve acompanhar a criança ao longo de seu processo de desenvolvimento

escolar. Momentos devem ser adaptados às suas capacidades e interesses

específicos. É preciso ter consciência e clareza para introduzir o aluno no

domínio do conhecimento musical. Além do mais, todo ser humano possui

algum potencial para entender música, desde que lhe sejam dadas condições e

oportunidade para descobrir o sentido e o significado da música para sua vida.

Estamos cientes e conscientes das dificuldades e limitações para a realização

da prática musical na escola, tais como carência de material músico-

pedagógico, salas inadequadas, tempo disponível reduzido, turmas numerosas

e, por vezes, falta de um profissional em condições de desenvolver objetivos

propriamente musicais. Neste caso, outro limite que se impõe à educação

musical escolar diz respeito à ausência de um método atrativo e realista que,

em concordância com o desenvolvimento psicossocial do aluno, possibilite-lhe

um aprendizado prazeroso, acessível e voltado para seu crescimento pessoal.

O processo de ensino-aprendizagem requer constante adequação e renovação

de atividades e de materiais músico-pedagógico, conhecimento e

disponibilização de recursos metodológicos que possam promover as

condições necessárias como forma de assegurar a apreensão do

conhecimento musical, o constante interesse do aluno devolvendo a alegria

musical.

Segundo Snyders:

“A escola tem que tomar consciência das verdadeiras

carências pedagógicas no domínio do ensino musical e

projetar um plano estratégico, transparente e inovador,

com objetivos claros e bem definidos que possam ser

efetivados no cotidiano da vida escolar”. (SNYDERS,

1992, p.32)

Entretanto, é preciso vencer as dificuldades, buscar alternativas, abrir

possibilidades e espaços para viver com alegria e euforia o momento musical,

buscar meios para alcançar a realidade do educando, possibilitando sua

motivação, seu interesse, pois assim evitaríamos o descontentamento e, até

mesmo, a apatia dos alunos diante do que a escola lhes propõe e oferece.

Até o momento, não há qualquer tentativa de retorno da disciplina

Música dentro do contexto escolar. Apesar da LDB tornar obrigatória a inclusão

da Arte no núcleo comum do Ensino Básico, são pouquíssimas as escolas que

a incluem em seu currículo, ou que a consideram como área de conhecimento

tão importante quanto às demais.

De acordo com o PCN (Arte I, p. 78), “há necessidade de uma

concepção mais aberta e abrangente de música, como base para a prática

pedagógica”.

A proposta inicial que buscamos desenvolver enfatizou o

estabelecimento de uma ponte que permitisse a comunicação entre o aluno e a

música. Com objetivo de fazer do trabalho de educação musical uma fonte de

enriquecimento pessoal e de prazer, despertando no aluno suas

potencialidades e ajudando-o a desenvolver o sensorial e o afetivo, o fisiológico

e o espiritual. No processo de construção do conhecimento musical, percebe-

se uma necessidade de que é melhor aprender, construir ou adquirir novos

conhecimentos, se for por meio do prazer, da estimulação e da vivência.

3.1.2 – Música, elemento facilitador da alfabetização

A música é uma linguagem que se traduz em formas sonoras capazes

de expressar e comunicar sensações, sentimentos, pensamentos. Está

presente em todas as culturas e faz parte da educação há muito tempo.

A música tem sido um suporte para atender a vários propósitos com a

formação de hábitos, atitudes e comportamentos, na realização de

comemorações (datas cívicas) e memorização de números, letras, cores, etc.

Mesmo que as formas de organização social e o papel da música nas

sociedades modernas tenham sido mudado; algo de seu caráter ritual é

preservado. Essas questões devem ser consideradas ao se pensar na

aprendizagem no contato da criança com a música desde os primeiros anos de

vida é muito importante para o processo de musicalização.

“A Educação Musical é um conjunto de processos pelos quais

favorece nos indivíduos a aquisição de conhecimentos musicais

gerais, científicos, com objetivo de desenvolver suas atitudes e

capacidades, integrando-os ao grupo social”. (JANIBELLI, 1971, p.

278)

No processo de alfabetização, a Educação Musical ocupa um papel

fundamental. Isto porque a música para o ser humano é solicitada

naturalmente, como algo que faz parte de suas raízes mais profundas.

Todos nós temos vivências musicais e nos expressamos por meio da

música de alguma forma desde quando marcamos ritmos com os dedos, com

uma caixa de fósforos ou com os pés, até mesmo quando nossas emoções

mais profundas são desencadeadas e podemos expressá-las de algum modo.

Podemos afirmar que a música no nosso interior é como uma fonte de prazer

que jorra com mais ou menos intensidade, dependendo do que estamos

vivenciando e sentido. Por ser uma fonte de prazer, a música desperta nosso

interesse, porque intuitivamente e espontaneamente podemos nos expressar

através dela, o que muitas vezes, gera motivação para adquirirmos

conhecimentos musicais desde os mais básicos até os mais complexos.

As atividades musicais que vivenciamos espontaneamente vão sendo

somadas ao longo de nossa história e dando origem a um “repertório pessoal”

que armazenamos em nosso interior.

Para Janibelli:

“A musicalização através da atividade musical intuitiva,

cria um estado mental favorável à aquisição de

conhecimentos musicais”. (JANIBELLI, 1971, p.280)

Cabe à Educação Musical propor o que fazer e como fazer para

desenvolver a linguagem sonora ou musical. Para isso, coloca à disposição das

pessoas atividades apoiadas na expressão corporal e na oralidade, atividades

que envolvem o som e o ritmo, estimulando a discriminação auditiva, o senso

rítmico e a expressão vocal.

A música suscita na criança um grande prazer, já que se reveste de um

acentuado caráter lúdico e, portanto, desafiador. Qualquer criança pode ser

seduzida pela música que se torna assim valioso recurso para a aprendizagem

em geral. São comprovadas experiências incríveis com crianças cegas, surdas

e deficientes mentais que encontram na música uma importante fonte de

satisfação de interesses específicos e de necessidades gerais.

Na história da Educação encontramos muitos pensadores que

destacaram o papel da música na formação do homem. É o caso de Pestalozzi,

que valorizou o ensino das canções nacionais, sustentando que a música

ajudava a “harmonizar” o caráter. Para Froebel:

A arte deveria chegar às crianças por meio do canto, das práticas de

pintura e modelagem. Aconselha às mães a estimularem

musicalmente seus filhos, e incentivar as crianças propondo-lhes

construir instrumentos musicais, pois a música ajuda a realizar todo

seu potencial. (FROEBEL apud DIAS 1989, p.5)

O movimento da Escola Nova deu à Educação Artística a possibilidade

de ocupar um importante espaço, uma vez que postula, em suas premissas, a

formação intergral do homem. A música, consequentemente, ganha

importância, pois contribui para que emirja o potencial humano, além de facilitar

outras aprendizagens, como no caso da alfabetização.

Neste século, merece destaque Jacques Dalcrosé, professor de música

no conservatório de Genebra. Suas ideias muito contribuíram para mudanças

metodológicas no ensino da matéria. Em sua obra, o movimento corporal foi

grandemente valorizado.

Os modernos pedagogos musicais destacam a importância fundamental

do ritmo, elemento ativo da música e privilegiam as atividades em que a

criança tem oportunidade de se expressar e criar.

No Brasil, são marcantes as influências de Call Orff e Edgar Willens na

pedagogia musical renovada. Orff diz que a música tem um caráter lúdico e se

baseia na improvisação e nas criações musicais de iniciativa da própria

criança. Partindo do ritmo da linguagem, ele usa, como material didático, rimas,

quadrinhas, adivinhações e canções populares do repertório experiencial da

criança. Já Willens, musicólogo e pedagogo, acredita que “toda criança

apresenta condições para ser educada musicalmente”. Os exercícios por ele

propostos possibilitam uma vivência rítmica que contribui para um completo

desenvolvimento da sensibilidade auditiva.

Outra prática é o uso das bandinhas rítmicas para o desenvolvimento

motor, audição e do domínio rítmico, mas muitas vezes confeccionados com

material inadequado e com qualidade sonora deficiente prejudicando as

atividades, a percepção, as possibilidades e qualidades dos sons.

Cauduro afirma que:

“pode-se educar as crianças de forma prazerosa, utilizando-se da

música e dança para resgatar déficits psicomotores (mais sob forma

de prevenção do que propriamente como terapia)”. (CAUDURO,

1995, p.9)

A metodologia do lúdico do prazer encontra-se com a música e com a

intenção de criar movimentos expressivos, livres, visando a um novo

aprendizado.

Segundo Aaron Copland:

“todos nós ouvimos a música de acordo com nossas aptidões,

variáveis, sob certo aspecto, em três planos distintos: sensível,

expressivo e puramente musical, o que corresponde a ouvir, escutar

e compreender”. (apud JEANDOT, 2002, p.22)

Na música essas três maneiras de ouvir podem ocorrer

simultaneamente.

Além de desenvolver a escuta sensível e ativa a Educação Musical visa

ainda, incentivar a escuta crítica.

Se a escuta requer concentração, a escuta crítica, por sua vez envolve

distanciamento em relação àquilo que se observa. Por isso é interessante o

trabalho da criança para que o escute posteriormente. Escutando a se própria,

a criança desenvolve a capacidade de prever resultados, ato que, com o

tempo, ela passa a realizar durante a própria execução. É ouvindo

analiticamente sua própria música e a de outros compositores que a criança

constrói seu espírito crítico.

O trabalho com a música deste modo propõe garantir a criança

possibilidade a vivenciar e refletir num exercício sensível e expressivo

oferecendo condições para o desenvolvimento de habilidades; formação de

hipóteses e elaboração de conceitos.

A linguagem musical tem estrutura e características próprias devendo

ser considerada como: produção, apreciação e reflexão.

O trabalho com a música é um excelente meio para o desenvolvimento

da expressão do equilíbrio da autoestima e do autoconhecimento, além de ser

um meio de integração social, muito importante.

“A criança necessita de estímulos intelectuais e também emocionais em

seu processo de aprendizagem” (MONTEIRO, 1994, p.36). A música estimula o

lado afetivo, o senso estético, a sensibilidade e a percepção em geral

facilitando sua relação de aprendizagem com o mundo.

Explica a pedagoga Suzigan (citada por GIRARDI, 2004, p.56), que “a

música estimula áreas do cérebro não desenvolvidas para outras linguagens,

como a escrita e a oral. É como se tornássemos o nosso ‘hardware’ mais

poderoso”.

As emissoras de rádio e os programas de TV começaram a divulgar

novos ritmos, grupos e intérpretes que passaram a fazer parte integrante da

vida do povo brasileiro. A cada dia, músicas dançantes, com fortes apelos

sexuais, letras vulgares e rimas pobres, invadiram nossas casas, nosso

trabalho, festas populares, escolas...

Muitos pensavam que era apenas um movimento musical passageiro.

Engano, porque até hoje estamos colhendo os frutos não amadurecidos desta

grande e forte árvore chamada mídia.

Possivelmente cada educador (familiares e profissionais) deve refletir

sobre o fato e, em conjunto, buscar soluções saudáveis para os ouvidos da

família e, principalmente, das crianças.

É preciso uma conscientização coletiva urgente para que nossas

crianças aprendam a ter senso crítico e não se deixem enganar facilmente.

É fundamental que os professores de posse de conhecimentos teóricos

sobre o tema, organizem sua metodologia, visando a atender os alunos sob

forma de uma intervenção pedagógica preventiva e não contemplativa.

Então, se todos nós temos potencialidades musicais; se os estímulos

dessas potencialidades nos tornam capazes de expressar nossos sentimentos;

se nos torna, outrossim, aptos para outras atividades; se nos causa prazer; se

nos socializa; se, enfim, nos completa, porque não começarmos aqui e agora

dar à música o lugar que merece dentro da educação?

3.2- Análise exploratória da música na escola

A Escola Municipal “Francisco Lins Peixoto” conta com uma média de 432

alunos com faixa etária entre quatro e doze anos, oferece a educação infantil e da

fase introdutória ao 5º ano, sendo dezoito turmas em dois turnos (manhã e tarde).

Os alunos são atendidos por 35 funcionários.

Após entrevista realizada com professores alfabetizadores e alunos,

conforme apêndices citados ao final deste trabalho, constatamos que alguns

professores da rede municipal não trabalham com a música na aprendizagem da

criança, pois não têm suporte técnico, há pouco material disponível, enfim

relataram falta de estrutura tanto na área do conhecimento, quanto na área física.

Por meio de outros professores pude verificar que a música favorece o

processo de aprendizagem, trabalhando a expressão por meio do som e do

movimento, para alcançar tal objetivo o professor seleciona uma série de

atividades que são colocadas na prática na medida certa da vontade e da

necessidade da turma.

Em relação aos alunos entrevistados muitos têm contato com a música

somente em ambientes extraclasse, como forma de diversão.

Outros alunos relataram que seu professor não utiliza a música em sala de

aula, desenvolvem atividades com música apenas em épocas festivas (temas

transversais) e sentem necessidade do desenvolvimento de outras atividades

ritmadas.

Já outros alunos que têm contato direto com a música, como meio de

aprendizagem, adoram as aulas da professora definindo-a como: “É uma aula de

aprender brincando”.

Em razão disso é preciso reverter a atitude da escola perante o uso da

música como recurso didático e a postura do professor ao ensinar. Para isso,

precisamos entender que a música proporciona uma aprendizagem lúdica e

prazerosa, resgatando e ressignificando o vínculo: Aluno X Escola X

Conhecimento.

Propomos, pois, a elaboração de um projeto que levasse a música para a

sala de aula como mais um recurso alfabetizador. Utilizando o conto da literatura

clássica (Irmãos Grimm) “Os músicos de Bremen” elaboramos o projeto,

juntamente com os professores de alfabetização e pudemos observar que, a partir

do projeto que teve boa aceitação por parte de todos os envolvidos, surgiram

muitas manifestações a favor da inserção deste valioso recurso alfabetizador – a

música – na sala de aula.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

______________________________________________________________

Esse tópico encerra essa monografia, embora saibamos que na verdade

apresenta mais questionamentos do que resultados definitivos. A nossa intenção

com esse trabalho foi investigar a possibilidade de (re)ver a música inserida no

contexto escolar da Educação Básica, criando oportunidades iguais para os

alunos ampliarem suas perspectivas e vivências, gerando, assim, o gosto pela

música e encorajando-os a expressarem-se por meio dela.

Por ser um estudo exploratório e considerando os contextos e limitações

desta pesquisa (número pequeno da amostra, tempo curto de observação, pouco

acesso à bibliografia acadêmica especializada), os dados obtidos aqui não podem

ser tomados como verdade absoluta, devem ser, portanto, relativizados.

Com o desenvolver do presente trabalho percebo que são vários os

dilemas enfrentados para que a música seja parte integrante da educação.

Portanto, para que tal situação possa ser revertida, acredito ser necessário,

trabalhar o conteúdo musical dentro de uma visão mais humanista, em que

possamos envolver e desenvolver musicalmente o aluno, considerando sua

vivência e experiência, valorizando suas habilidades e potencial criativo e

integrando, sempre que possível, o conteúdo musical aos demais conteúdos

desenvolvidos por outras áreas artísticas e às demais disciplinas do currículo.

Sendo assim, a educação musical vê-se diante de um desafio. É preciso

promover, de modo mais amplo e democrático, uma educação musical de

qualidade para a escola de Ensino Fundamental.

Se o verdadeiro objetivo é aproximar o aluno da música, levando-o a

gostar de ouvi-la, apreciá-la e compreendê-la, é preciso, com urgência, preencher

o vazio musical no cotidiano escolar.

Os dados deste estudo mostraram que alguns professores não trabalham

com a música na aprendizagem da criança, alegando não terem suporte técnico,

pouco material disponível, falta de estrutura tanto na área do conhecimento,

quanto na área física.

Outro aspecto que me chamou atenção é que alguns alunos desenvolvem

atividades com música só em épocas festivas (temas transversais), mas que

sentem vontade de desenvolver também outras atividades ritmadas.

Também observei que não basta apenas reintroduzir a Música no currículo

escolar. A análise histórica evidenciou que o silenciamento das escolas foi

consequência de um processo em que pesaram fatores de ordem política, cultural

e pedagógica. Sua inserção no universo escolar depende, de uma reflexão mais

profunda da atual realidade educacional brasileira para que nela a música possa

ser vista e entendida como um componente curricular de suma importância para a

formação do indivíduo como um todo. Depende, ainda, de uma vontade política e

de investimentos, sobretudo na formação do professor.

Dessa forma, as indicações nos Parâmetros Curriculares Nacionais não

são suficientes para romper esse silêncio que ecoa no interior das escolas.

Precisamos constituir um ponto de partida para um novo caminho da

música na escola. Um caminho com possibilidades de transformar, modificar e

estabelecer uma nova concepção de homem, de sociedade e de mundo. Os

professores devem gostar de músicas, conhecê-la, saber sobre o compositor,

reconhecê-la como linguagem, respeitar e entender como as crianças expressam-

se.

Por proporcionar o desenvolvimento da socialização, entendo que somente

por meio de uma ação conjunta de todos aqueles que acreditam na arte (música)

como efetivo instrumento de educação é que se tornará possível uma trajetória

bem sucedida rumo ao amanhã.

Outra consideração importante advinda desta investigação é a

possibilidade de nós, professores, utilizarmos as atividades lúdicas para

conhecermos melhor nossos alunos. Isso porque as crianças integram a música

às demais brincadeiras e jogos, cantam enquanto brincam, dançam, dramatizam

situações sonoras diversas. Sendo assim, temos a possibilidade de usarmos a

música como importante instrumento de avaliação, pois diferentemente dos

métodos tradicionais, esse tipo de atividade favorece a ação espontânea da

criança que fica mais à vontade e, portanto, expressa naturalmente sua forma de

pensar e agir.

O objetivo do uso de atividades lúdicas, neste processo, não é o de

transmitir fórmulas, mas de através das mesmas, descobrir ricas situações de

aprendizagens, por meio da ação e da reflexão enquanto pessoa que vai

construindo sua própria personalidade.

Diante do que foi exposto, reforço a necessidade de que o aluno,tenha uma

educação verdadeiramente comprometida com a cidadania, a fim de responder

aos desafios do mundo moderno e às exigências do mundo do trabalho, e que

contemple também campos diversos como: a Arte, a Literatura, a Sexualidade, a

Saúde e as relações interpessoais, entre outros.

Nesta proposta de trabalho é fundamental a consciência do educador como

processo integrante da Arte (na música), na vida de cada um, importante papel

como agente transformador de sua aula em ações e momentos memoráveis,

prazerosos e efetivos, capazes de conduzir sua participação em experiências

significativas, ultrapassando as esferas da razão e do conhecimento objetivo, bem

como as do emocionalismo romântico para atingir os redutos mais profundos do

ser.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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TOURINHO, Irene. Usos e Funções da Música na Escola Pública de 1º Grau.

Tese de doutorado na universidade de Wisconsin-Madison, 1992, USA.

APÊNDICES

_______________________________________________________

APÊNDICE A

Ø Roteiro para entrevistar Professores da Educação Infantil e Ensino

Fundamental.

1- Qual a sua formação?

2- Há quanto tempo você leciona na Educação Infantil?

3- Com que frequência você utiliza a música na sala de aula?

4- Você gosta de trabalhar com a música? Por quê?

5- Com qual objetivo você trabalha com a música?

6- Você prepara o material com músicas antes de cantá-las com seus

alunos? Com qual objetivo?

7- Como você introduz a música na sala de aula? Como é a organização

do espaço, você muda o jeito, a posição dos alunos?

8- Você percebe alterações no comportamento dos alunos diante de

alguma música? Quais são essas reações?

9- Como você age quando essa reação não é desejável? Por exemplo,

muita euforia, interrupções, conversa paralela, etc.?

10- Você acha que ao trabalhar com a música é possível despertar nos

alunos o espírito crítico?

11- Quais os pontos positivos e negativos, que você vê para o

desenvolvimento das crianças ao trabalhar com música?

12- É possível utilizar a música para estimular visões diferentes de mundo?

APÊNDICE B

Ø Roteiro para entrevistar Alunos da Educação Infantil e Ensino

Fundamental.

1- Você gosta de música? Gosta de dançar, cantar? Qual ritmo musical

você mais gosta?

2- Na escola sua professora utiliza a música em sala de aula?

3- Como a professora utiliza a música em sala de aula?

4- Você acha que a professora deve usar mais vezes a música em sala de

aula? Como?

5- Qual ritmo você acharia mais interessante ser trabalhado em sua sala de

aula?