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94 [ Antonia Mascênia Rodrigues Sousa ] ENSINO DE EMPREENDEDORISMO POR MEIO DE INSTRUMENTO PEDAGÓGICO NOS CURSOS TÉCNICO E TECNOLÓGICO DO INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ Cristiane Sabóia Barros Antonia Mascênia Rodrigues Sousa Elaine Pontes Bezerra Introdução As constantes transformações econômicas, sociais e as invenções tecnológicas apresentadas em curto período de tempo, principalmente no século XX, tornaram o mundo mais dinâmico e revolucionaram o estilo de vida das pessoas. Essas invenções são frutos da inovação, de algo inédito ou mesmo de uma nova visão de como utilizar as oportunidades existentes, mas que ninguém anteriormente ousou olhar de outra maneira. No entanto, por trás destas inovações existem pessoas ou mesmo equipes com um conjunto de características especiais, visionárias que questionam, arriscam, que querem algo diferente, que fazem as coisas acontecerem: que empreendem. O empreendedorismo, como tema emergente e contingencial, mobiliza várias áreas de conhecimento e perpassa desde a mudança no comportamento humano com incorporação de atitudes pessoais como a iniciativa, saber correr riscos, ter persistência e comprometimento, ser persuasivo e autoconfiante. À consolidação de conhecimentos e habilidade do indivíduo em visualizar e buscar oportunidades, ser exigente de qualidade e eficiência, buscar informações, estabelecer metas, planejar monitorar sistematicamente seus negócios empresariais e profissionais, construindo com isso uma rede de contatos sólida e 21891_CENTRO_SOCIAL_CLODOVEL_TENDENCIAS_GESTAO_CONTEMPORANEA________________________MIOLO____________________EXP.indd 94 11/06/2012 14:39:53

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[ Antonia Mascênia Rodrigues Sousa ]

ENSINO DE EMPREENDEDORISMO POR MEIO

DE INSTRUMENTO PEDAGÓGICO NOS CURSOS

TÉCNICO E TECNOLÓGICO DO INSTITUTO

FEDERAL DO CEARÁ

Cristiane Sabóia BarrosAntonia Mascênia Rodrigues Sousa

Elaine Pontes Bezerra

Introdução

As constantes transformações econômicas, sociais e as invenções tecnológicas apresentadas em curto período de tempo, principalmente no século XX, tornaram o mundo mais dinâmico e revolucionaram o estilo de vida das pessoas. Essas invenções são frutos da inovação, de algo inédito ou mesmo de uma nova visão de como utilizar as oportunidades existentes, mas que ninguém anteriormente ousou olhar de outra maneira.

No entanto, por trás destas inovações existem pessoas ou mesmo equipes com um conjunto de características especiais, visionárias que questionam, arriscam, que querem algo diferente, que fazem as coisas acontecerem: que empreendem.

O empreendedorismo, como tema emergente e contingencial, mobiliza várias áreas de conhecimento e perpassa desde a mudança no comportamento humano com incorporação de atitudes pessoais como a iniciativa, saber correr riscos, ter persistência e comprometimento, ser persuasivo e autoconfi ante. À consolidação de conhecimentos e habilidade do indivíduo em visualizar e buscar oportunidades, ser exigente de qualidade e efi ciência, buscar informações, estabelecer metas, planejar monitorar sistematicamente seus negócios empresariais e profi ssionais, construindo com isso uma rede de contatos sólida e

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abrangente. (HISRICH; PETER, 2009)

Além da possibilidade deste rico crescimento intelectual e psicológico

empresarial, quanto gestor de negócios, vale ressaltar que o perfi l empreendedor

deve ser estimulado também o intra-empreendedor, que está dentro das

organizações de cunho social e ou privado, já que estas atitudes de autonomia e

autoconfi ança devem estar presentes no perfi l de qualquer profi ssional, tento em

vista que as empresas necessitam de pessoas que tenham criatividade para superar

a competitividade tão presente no mundo corporativo.

A defi nição de empreendedor evoluiu no decorrer do tempo, à medida que a estrutura econômica mundial mudava e tornava-se mais complexa. Desde seu início na Idade Média, quando era usada para se referir a ocupações específi cas, a noção de empreendedor foi refi nada e ampliada, passando a incluir conceitos relacionados com a pessoa, em vez de com sua ocupação.

Mas do que aumentar a renda nacional através da criação de novos empregos, o empreendedorismo atua como uma força positiva no crescimento econômico ao servir como ponte entre a inovação e o mercado.

Assim, a atividade de investigação da pesquisa é verifi car quais os comportamentos empreendedores manifestados pelos estudantes do Instituto Federal do Ceará, Campus de Sobral, que infl uenciam no ato de empreender?

É imprescindível elucidar que o objetivo geral desse estudo é mapear os comportamentos empreendedores manifestados pelos estudantes do Instituto Federal do Ceará, Campus de Sobral, no sentido de analisar a frequência com que esses comportamentos são manifestados e se são sufi cientes para torná-los empreendedores de sucesso.

O trabalho versa sobre o construto da ação empreendedora, comportamento, características do empreendedor, na compreensão conceitual dos teóricos Schumpeter (1961); Fillion (1999), Hisrich et al. (2009), Degen (1989), Dolabella (1999), Thimmons (1994); Boava et al. (2010), entre outros que contribuíram para a formatação da pesquisa.

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1 Empreendedor e empreendedorismo

O empreendedorismo transformou-se numa inusitada revolução econômica e social que ocorre no século XXI, comparável aos efeitos da Revolução Industrial ocorrida no século XX perpassa desde um fenômeno cultural, um processo educacional, facilitador da criação de pequenas e médias empresas. No Brasil, o estudo sobre o tema foi intensifi cado a partir da década de 90, e de forma imperativa impondo que o poder público e ONG`s dispensem atenção e recursos para a melhoria das condições dos empreendedores no país e atuem na identifi cação e estimulo a novos empreendedores em parques tecnológicos, instituições de ensino na busca de transferir tecnologia, promover processos de incubação, democratizar o crédito como oportunidade para o desenvolvimento econômico do país. (DORNELAS, 2008).

Para Dornelas (2008, p.6), o momento atual está caracterizado pela era do empreendedorismo, pois são os empreendedores que estão eliminando barreiras comerciais e culturais, encurtando distâncias, globalizando e renovando os conceitos econômicos, criando novas relações de trabalho e novos empregos, quebrando paradigmas e gerando riquezas para a sociedade.

O empreendedor vem sendo comparado a um agente que, de forma inovadora, provoca mudanças econômicas por meio da introdução de novos produtos e serviços no mercado, novas formas organizacionais e geração de novos empreendimentos.

Para Fillion(1999) o estudo do empreendedorismo está sob a égide de duas correntes: a corrente dos economistas, associando o empreendedor ao desenvolvimento econômico,à inovação e à busca de oportunidades; e a corrente dos comportamentalistas, com ênfase na criatividade, intuição, atitudes e motivação. Esta conotação apresenta o empreendedorismo como um método mais efi ciente para ligar ciência e mercado, criando novas empresas e levando novos produtos e serviços ao mercado. Todavia,

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pode ser considerado como uma manifestação da capacidade humana que tem conquistado a dedicação de estudiosos e pesquisadores das ciências sociais aplicadas pelo seu impacto social e por sua relevância no desenvolvimento econômico do país.

A abordagem de Hisrich e Peters (2009) trata do comportamento empreendedor baseado em três variáveis: Lócus de controle interno – traduzido pelo sentimento e crença de que seu sucesso e seu destino dependem de seu esforço e de seu trabalho; Sentimento de independência e necessidade de realização pela propensão em assumir riscos nas suas atitudes empreendedoras.

Para Schumpeter (1961), o empreendedor é um individuo que inova e é capaz de superar antigas “combinações”, favorecendo o desenvolvimento econômico. Corroborando com esta análise, Fontenele et al. (2010) defendem que o empreendedor assumia não apenas um papel central no avanço e desenvolvimento da economia e da sociedade, como protagoniza um papel essencial na evolução da vida empresarial e na substituição das empresas estabelecidas por novas organizações capazes de aproveitar as inovações.

Para Barreto (1998), o empreendedorismo é a habilidade de criar e construir algo a partir de muito pouco ou do quase nada. Assim, empreender é fundamentalmente um ato criativo. É a concentração de energia no iniciar e continuar um empreendimento. É o possuir de competências para descobrir e controlar recursos, aplicando-os de forma produtiva. Enquanto Degen (1989) defende que ser empreendedor signifi ca, acima de tudo, a necessidade de realizar coisas novas, por em prática ideias próprias, características de personalidade e comportamento que nem sempre são fáceis de encontrar.

Na visão de Dolabela (1999), é um ser social, produto do meio que vive, fenômeno regional. Fillion (1999) complementa, é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões.

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Com uma visão da contemporaneidade, Boava et al (2010) defendem que a essência do empreendedorismo está centrado na liberdade, porque é ela que impulsiona o ser, independente do motivo que foi defl agrador do desejo de empreender. Ainda argumenta que o ser somente será livre se estiver constantemente empreendendo.

O empreender não reside instância da vontade ou ideia do indivíduo, ou mesmo na sua consciência, mas sim na potencialidade que tal indivíduo tem de agir de forma autônoma buscando seus objetivos (BOAVA, 2010).

Para Dornelas (2008), a condução das ações do empreendedor está fundamentada na motivação singular, paixão pelo trabalho e necessidade de deixar um legado. Portanto, as características marcantes dos empreendedores estão sob o sustentáculo de três dimensões: 1. Realização: busca de oportunidades, iniciativa, persistência, aceitação de riscos e comprometimento; 2. Planejamento: estabelecimento de metas, busca de informações, planejamento e monitoramento e 3. Poder: persuasão, estabelecimento de rede de contatos, liderança, independência e autoconfi ança.

A congruência entre estas características torna o empreendedor uma pessoa criativa, marcada pela capacidade de detectar oportunidades de negócios, estabelecer e atingir objetivos, contribuindo para o desenvolvimento econômico, social e cultural. Diante do exposto, os estudos sobre o tema empreendedorismo tem se intensifi cado a cada dia, pois descobrir o motivo pelo qual as pessoas empreendem e qual o seu diferencial com relação às demais é um desafi o que vem sendo discutido por teóricos e pesquisadores. Entretanto, afere-se que a atividade empreendedora sofre e gera impacto no meio econômico, social e político no qual a organização se insere em virtude de seu efeito multiplicador, produz empregos, renda, crescimento e desenvolvimento econômico, comportamental, social e cultural.

Analisado a partir da ótica dos comportamentos e das características empreendedoras, que são a base para este trabalho, adota-se o modelo de

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McClelland (1991), Fillion (1999) e Degen (1989), por se acreditar no desenvolvimento e estímulo das características da personalidade como conceituação para o potencial do empreendedor e sucesso da empresa. Características estas como criatividade, construir, tomar a iniciativa, identifi car oportunidades. Características que podem e devem ser estimuladas a partir de um processo educacional.

2.1 Características do comportamento do empreendedor e educação

empreendedora

Para um indivíduo ser reconhecido como possuidor de um comportamento empreendedor, há muitos itens a serem levados em consideração, dentre estes se têm as Características de Comportamento Empreendedor (CCE´S) identifi cadas por McClelland (1991), que são:

Quadro 1 Categoria Realização

CATEGORIA: REALIZAÇÃO

CCE: Busca de oportunidades e iniciativa

2 Faz as coisas antes de solicitado ou antes de forçado pelas circunstâncias;3 Age para expandir o negócio a novas áreas, produtos ou serviços;4 Aproveita oportunidades fora do comum para começar um negócio,

obter fi nanciamentos, equipamentos, terrenos, local de trabalho ou assistência.

CCE: Exigência de qualidade e efi ciência

1 Encontra maneiras de fazer as coisas melhor, mais rápido ou mais barato;2 Age de maneira a fazer coisas que satisfazem ou excedem padrões de excelência;

• Desenvolve ou utiliza procedimentos para assegurar que o trabalho seja terminado a tempo ou que o trabalho atenda a padrões de qualidade previamente combinados.

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CCE: Persistência

1. Age diante de um obstáculo signifi cativo;2. Age repetidamente ou muda de estratégia, a fi m de enfrentar um

desafi o ou superar um obstáculo;3. Faz um sacrifício pessoal ou desenvolve um esforço extraordinário

para completar uma tarefa.

CCE: Independência e autoconfi ança

1 Busca autonomia em relação a normas e controles de outros;2 Mantém seu ponto de vista mesmo diante da oposição ou de resultados inicialmente desanimadores;3 Expressa confi ança na sua própria capacidade de completar uma tarefa difícil ou de enfrentar um desafi o.

Fonte: Adaptado pelos autores de SILVA, Zita Gomes da. O Perfi l Psicológico do Empreendedor. Belo Horizonte: Manual do Modelo CEFE – GTZ/LUSO CONSULT/CENTRO DE CAPACITAÇÃO DO EMPREENDEDOR (CENTRO CAPE), 1991.

Compreendendo e interpretando as CCE´s propostas por McClelland (1991), visualiza-se na categoria realização a busca de oportunidades e iniciativa a composição de um bloco de comportamentos que favorece o primeiro passo de um comportamento empreendedor, em que o indivíduo não se limita a esperar por algo que está reservado, é proativo na resolução das difi culdades possibilitando uma maior agilização em seus negócios. Na esfera educativa o discente incorpora o senso de autonomia na construção de seu itinerário formativo podendo escolher áreas e metas mais favoráveis no tocante a sua empregabilidade, não fi cando à mercê das oscilações do mercado de trabalho.

A exigência de qualidade e efi ciência é consonante com disciplina e excelência, buscar o fazer correto de forma produtiva, utilizando-se de racionalidade, pensando como os recursos podem ser melhores organizados com foco na padronização e estabelecimento de modelos e fl uxos de trabalho. Como também a visão da gestão de atender a expectativa do cliente em relação à sua visão de qualidade, seja ela durabilidade, preço,

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tempo de entrega do produto ou serviço. Característica esta relevante, principalmente em se tratando dos discentes do IFCE, por estarem em capacitação do eixo industrial já incorporando uma cultura de estabelecimento de rotinas industriais, programas de qualidade como o 6 SIGMA, 5 ´S, ISO etc. No eixo de alimentos há padrões mais rígidos ainda, tendo em vista a alimentação saudável, remetendo-os a rígidos padrões de limpeza e higiene. E claro também os outros cursos devem criar e manter modelos de trabalhos próprios como divisão do trabalho, hierarquia e especialização.

Dando continuidade a um bloco de comportamentos que favorecem o primeiro passo de um comportamento empreendedor, apresenta-se a característica persistência que se diferencia da teimosia por estabelecer novos caminhos para ultrapassar obstáculos, enquanto na teimosia se permanece no erro, na persistência há a avaliação do que deu errado e a sua correção, através de uma auto-regulação. Como também por mais que haja obstáculos como a falta de capital ou de outros recursos criam-se novos caminhos para se chegar à meta, não se deixando desmotivar e tendo um pensamento de vencedor

Finalizando este primeiro bloco, para dar um passo adiante no amadurecimento do empreendedorismo, vale ressaltar a independência e autoconfi ança, que são fundamentais, pois parte de acreditar em si e em que se é capaz, ver-se como bom, como capaz. É evidente que a autoconfi ança pré-dispõe-se de uma formação conceitual, de conteúdo formal e técnico para o saber fazer e poder desenvolver-se e de forma continuada e autônoma. Buscando resolução de problemas e inovações a partir de vontade e necessidades próprias e não impostas por terceiros.

Ainda a partir de McClelland (1991), analisa-se a categoria planejamento e resolução de problemas, como sendo a capacidade de solucionar, estabelecer soluções de forma prática e sistematizada, por meio do quadro a seguir.

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Quadro 2 Categoria Planejamento e Resolução de Problemas

CATEGORIA: PLANEJAMENTO E RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

CCE: Correr riscos calculados

1. Avalia alternativas e calcula riscos deliberadamente; 2. Age para reduzir os riscos ou controlar os resultados; 3. Coloca-se em situações que implicam desafi os ou riscos moderados.

CCE: Busca de informações

1) Dedica-se pessoalmente a obter informações de clientes, fornecedores e concorrentes;

2) Investiga pessoalmente como fabricar um produto ou fornecer um serviço;

3) Consulta especialistas para obter assessoria técnica ou comercial.

CCE: Estabelecimento de metas

1. Estabelece metas e objetivos que são desafi antes e que têm signifi cado pessoal;

2. Defi ne metas de longo prazo, claras e específi cas;3. Estabelece objetivos mensuráveis e de curto prazo.

CCE: Planejamento e monitoramento sistemáticos

3. Planeja dividindo tarefas de grande porte em subtarefas com prazos defi nidos;

4. Constantemente revisa seus planos, levando em conta os resultados obtidos e mudanças circunstanciais; Mantém registros fi nanceiros e utiliza-os para tomar decisões.

Fonte: Adaptado pelos autores de SILVA, Zita Gomes da. O Perfi l Psicológico do Empreendedor. Belo Horizonte: Manual do Modelo CEFE – GTZ/LUSO CONSULT/CENTRO DE CAPACITAÇÃO DO EMPREENDEDOR (CENTRO CAPE), 1991.

Os riscos calculados focam em saber reconhecer o que se pode ganhar ou perder com cada atitude dada, podendo perder recursos fi nanceiros, tempo etc., e está vinculado diretamente à busca de informações do que se quer desenvolver, a partir de leituras, participação de feiras e eventos, associações de classe, tudo que promova a ampliação do conhecimento

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relacionado à área a ser empreendida. Focam ainda em analisar o pensamento de especialistas, em visitar concorrentes e fornecedores para avaliar o posicionamento de mercado e coletar dados sobre o mercado em potencial.

O estabelecimento de metas foca em saber aonde se quer chegar, ter um alvo numérico, valor em dinheiro, número de clientes, pontos de venda, espaço que o negócio quer ter no mercado. Necessitando estar muito claro o que se espera do negócio.

O planejamento e o monitoramento sistemáticos fazem parte do processo administrativo e estão nas primeiras funções gerenciais como: defi nir planos, estratégias e competências essenciais. Seguindo a um modelo de formalização, colocando no papel o que se espera, onde, só se pode avaliar se previamente se defi niu as ações a serem realizadas, sendo um processo de defi nição de objetivos, políticas organizacionais e metas, defi nir antecipadamente o que fazer, como fazer, quando será feito e quem irá fazer. Com visão no pequeno, médio e longo prazo. E não deixando esse monitoramento apenas para o fi nal, defi nir padrões de desempenho, monitorar o desempenho, comparar o desempenho com os padrões estabelecidos, designar as pessoas para sua execução, efetuar ações corretivas para assegurar o desempenho desejado sejam padrões de tempo, custos e ou qualidade, avaliando planos, observando, inspecionando, auditando e avaliando resultados. (DORNELLAS, 2008).

Quadro 3 Categoria Infl uência (Relação com as Pessoas)

CATEGORIA : INFLUÊNCIA (RELAÇÃO COM AS PESSOAS)

CCE: Comprometimento

1. Assume responsabilidade pessoal pelo desempenho necessário ao atingimento de metas e objetivos;

2. Colabora com os empregados ou se coloca no lugar deles, se necessário, para terminar um trabalho;3. Esmera-se em manter os clientes satisfeitos e coloca em primeiro

lugar a boa vontade a longo prazo, acima do lucro a curto prazo.

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CCE: Persuasão e redes de contato

• Utiliza estratégias deliberadas para infl uenciar ou persuadir os outros;• Utiliza pessoas-chave como agentes para atingir seus próprios

objetivos;• Age para desenvolver e manter relações comerciais.

Fonte: Adaptado pelos autores de SILVA, Zita Gomes da. O Perfi l Psicológico do Empreendedor. Belo Horizonte: Manual do Modelo CEFE – GTZ/LUSO CONSULT/CENTRO DE CAPACITAÇÃO DO EMPREENDEDOR (CENTRO CAPE), 1991.

A relação do empreendedor com as pessoas está relacionada à importância de se saber conduzir as relações, compreender as diferenças humanas, as motivações e agir com empatia, o comprometimento ultrapassa a percepção de compromisso ou obrigação, desempenha-se uma atividade por desejo de envolver-se, de gostar, ser o primeiro a chegar à empresa e o último a deixá-la, comprometer-se de forma afetiva, com satisfação por realizar, envolver-se, lealdade, engajamento (BARROS, 2010). Está, portanto, o empreendedor a desprender uma energia pessoal superior a fi m de realizar uma atividade de forma feliz e afetiva, colocando esta ação em prioridade em detrimento de outras.

Entende-se a persuasão e redes de contato como a profi ssionalização das amizades, utilizando-se desta ferramenta como construção de um nome, uma marca. E hoje com as amplas redes sociais, há a possibilidade de se fazer amigos e fechar negócios, com a percepção de reciprocidade e interação dos contatos profi ssionais. Podendo ser útil na conquista de um sócio ou um cliente, implementar alianças estratégicas, em adquirir fi nanciamentos, participar de grupos sociais podem ser úteis para a conquista de um negócio promissor.

Assim como McClelland (1991), Dornelas (2008), Dolabela (1999), e o Manual de Metodologia CEFE (2003, p.82) também destacam as competências citadas anteriormente:

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[...] competências básicas, como iniciativa, persistência, especialização, reconhecimento dos próprios limites e persuasão. Os empreendedores, no entanto, vão muito além dessas qualidades, demonstrando ainda certo grau de preocupação com a busca de informação, o compromisso com o trabalho, orientação para a efi ciência, planejamento sistemático e a solução de problemas. Além disso, são autoconfi antes e assertivos e, acima de tudo, sabem ver e agir em oportunidades, interessam-se pela alta qualidade no trabalho, estão sintonizados com o que acontece à sua volta e reconhecem a importância de relacionamento de negócios.[...]

O conjunto das características citadas propicia um modelo de conhecimento que favorece a construção de um suporte teórico para fortalecer as características empreendedoras nos estudantes e empreendedores, em que de acordo com Pereira, Araújo, Wolf (2007) o potencial para o empreendedorismo existe, os empresários não conseguem atender às demandas e superar os desafi os por uma falta de educação formal que proporcione qualifi cação para gerir os negócios. Evidenciando-se a importância da educação formal e da utilização de ferramentas gerenciais como o planejamento da gestão das empresas. Como também a importância da competência das instituições de ensino de proverem uma educação empreendedora.

Métodos

Uma pesquisa científi ca tem caráter racional, sistemático, coerente, sobretudo bem argumentado. Busca respostas a problemas, ordena informações para conquista conclusões claras por meio de métodos, técnicas e procedimentos científi cos. (DEMO, 2000). E em se tratando de uma pesquisa social aplicada, como é o caso desta pesquisa, permeada de ampla variabilidade, torna-se conveniente classifi cá-la quanto sua

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[ Antonia Mascênia Rodrigues Sousa ]

lógica de investigação, como também esclarecendo procedimentos técnicos utilizados, principalmente porque o que torna o conhecimento

em conhecimento científi co é a verifi cação e a determinação do método

que possibilitou chegar ao conhecimento.

Como objetivo geral, esta investigação busca mapear os

comportamentos empreendedores que os estudantes do Instituto Federal

do Ceará, Campus Sobral, apresentam com maior frequência e se esses

comportamentos são sufi cientes para torná-los empreendedores de sucesso

e ainda verifi car quais desses comportamentos podem ser melhorados

ainda durante suas trajetórias educacionais no IFCE, para que consigam

alcançar êxito em seus empreendimentos futuros. Classifi cando-se como

pesquisa exploratória e descritiva. (CERVO; BERVIAN, 1996; RAUPP;

BEUREN, 2003). Exploratória porque busca familiaridade com o

problema, parte de um levantamento bibliográfi co e é um estudo de

caso, por pretender analisar o perfi l empreendedor dos alunos e com isso

descrevê-lo.

Quanto à forma de abordagem adotada, traz-se o modelo quantitativo

que traduz em números as percepções dos discentes e informações

que foram coletadas, sendo classifi cadas e analisadas, utilizando-se da

matemática como linguagem e técnicas estatísticas para estabelecer a

relação entre o modelo teórico de investigação sobre as características

empreendedoras transformadas em dados observados em campo

(FACHIN, 2001).

Na abordagem quantitativa procura-se estabelecer relações entre as

variáveis, como no caso desta pesquisa analisar o perfi l do entrevistado

(sexo, faixa etária, renda, cidade que reside). E ainda se focou na abordagem

quantitativa por ter interesse em um conhecimento objetivo e raciocínio

lógico, com o máximo de neutralidade do pesquisador, rejeitando com

isso conhecimentos subjetivos, como também exige um conhecimento

básico de estatística e como aplicá-la (FACHIN, 2001).

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Com uma amostra representativa cujo universo da pesquisa foi de aproximadamente 1000 alunos dispostos nos eixos industrial, alimenticia, ambiental e de recursos naturais. A distribuição de questionários foi por meio de uma demanda espontânea, partindo do próprio aluno o interesse em julgar seu perfi l empreendedor. Havendo 103 respondentes de todos os cursos ofertados no IF Campus Sobral.

Com uma amostragem não-probabilística, a aplicação dos questionários deu-se desde o início do projeto Potencial Empreendedor, que foi um ciclo de palestra anual, buscando despertar para as características e comportamentos empreendedores, constituindo-se de sete palestras temáticas. Como sinalizado, a busca espontânea dos discentes interessados no preenchimento dos questionários proporcionou um banco de dados que foram processados em uma planilha do Excel para maior compreensão e análise das informações. Obtendo-se uma quantidade representativa de alunos por palestra.

A metodologia das sete palestras ocorreu através de exposição do palestrante em torno de 45 minutos, para focar a atenção do público jovem, de fácil dispersão, já que, mesmo em adultos a atenção máxima é de 20 minutos, pelo menos de boa vontade — ouvir alguém discorrer sobre determinado assunto. E mais discussão do tema com 15 minutos para perguntas e questionamentos, para que a atividade tenha caráter de fórum, onde serão anotadas as perguntas feitas para um posterior amadurecimento de uma pesquisa qualitativa.

Seguem-se abaixo as temáticas das palestras realizadas no ano de 2010, sendo um total de sete palestras. Através de uma pesquisa documental, têm-se os resultados a seguir.

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Quadro 4 Palestras realizadas 2010.

PALESTRA MÊS/2010 PARTICIPANTES

Planejamento: História de Sucesso “Restaurante Mineiro” ABR 89

Empreendedor Corporativo MAI 56

Publicidade e Propaganda na Realidade de Sobral JUN 55

Rede de Relacionamentos Profi ssionais: Fazendo Amigos e Fechando Negócios AGO 72

Responsabilidade Social e Sustentabilidade à Adaptação do Mercado SET 44

Finanças Pessoais como Primeiro Passo para um Controle Financeiro OUT 53

Impostos NOV 44

Fonte: Pesquisa direta

Percebe-se que os maiores números de participantes foram atingidos quando a refl exão foi um caso de sucesso de um restaurante local. E o menor referente a impostos, assunto que alguns visualizam de forma distante da realidade deles, mesmo sendo de importância inquestionável, já que o Brasil é um dos países com o maior e mais variado arrecadador e também em número de impostos. Assim, teve-se uma média de 59 participantes por palestra, um montante representativo.

Entendeu-se a necessidade de aplicação de questionário piloto (LIMA, 2004), um pré-teste para analisar o número de questões, tempo de aplicação, clareza no enunciado das questões, pertinência das alternativas e sufi ciência das questões para alcançar os objetivos da pesquisa.

O método de coleta consistiu na aplicação de um questionário estruturado com 30 questionamentos nos quais os discentes respondiam em uma escala Likert de 05 pontos. Para cada uma das 10 CCE´s foram dispostas 5 afi rmações. Essas afi rmações foram de caráter comportamental, que exploravam uma ação realizada por eles. Ao fi nal, o próprio respondente poderia analisar o seu nível de comportamento empreendedor a partir dos seguintes resultados disponibilizados no formulário:

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De 30 a 60 pontos - Você provavelmente não tem perfi l empreendedor e, caso pretenda continuar no ramo dos negócios, você precisará se capacitar, repensar conceitos pessoais e iniciar já a construção do seu perfi l empreendedor.

De 61 a 90 pontos - Você pode ter algo de empreendedor, mas ainda precisa ter certeza se está preparado para continuar no seu próprio negócio, analise os prós e os contras dessa opção de vida.

De 91 a 119 pontos - Você possui alguns dos importantes pré-requisitos para continuar sua aventura empreendedora, mas ainda precisa aprimorar seus comportamentos para que obtenha sucesso como empreendedor.

De 120 a 150 pontos - Você tem o entusiasmo, a energia e os pré-requisitos para o sucesso em seu empreendimento. Invista, aperfeiçoando cada vez mais esses comportamentos e com certeza obterá sucesso. Boa sorte!

Para o levantamento do perfi l dos discentes que participaram da pesquisa, foram utilizadas frequências relativas. E também serão adotadas medidas estatísticas, envolvendo as categorias de características e comportamentos de acordo com as CCE´s, Características do Comportamento Empreendedores, Adaptado pelos autores de SILVA, Zita Gomes da. O Perfi l Psicológico do Empreendedor. Belo Horizonte: Manual do Modelo CEFE – GTZ/LUSO CONSULT/CENTRO DE CAPACITAÇÃO DO EMPREENDEDOR (CENTRO CAPE), 1991.

4 Análise dos dados

A partir da coleta de dados e como já foi descrito e vinculado no referencial teórico, vinculando cada característica empreendedora à área de formação, seguem abaixo as características empreendedoras e suas médias.

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Tabela 1 Médias Gerais por Característica do Comportamento Empreendedor/Ordem Crescente

No Característica do Comportamento Empreendedor Média

10 CCE: Persuasão e redes de contatos 2,98

1 CCE: Busca de oportunidades e iniciativa 3,29

8 CCE: Planejamento e monitoramento sistemáticos. 3,29

5 CCE: Correr riscos calculados 3,57

6 CCE: Busca de informações 3,64

7 CCE: Estabelecimento de metas 3,66

9 CCE: Comprometimento 3,84

4 CCE: Independência e autoconfi ança 3,9

2 CCE: Exigência de qualidade e efi ciência 4,1

3 CCE: Persistência 4,13

Fonte: Pesquisa direta

As características mais presentes entre os discentes foram exigência de qualidade e efi ciência, persistência, independência e autoconfi ança, enquanto que a de menor nível foi persuasão e rede de contatos. A característica qualidade e efi ciência está presente em sua formação básica, como na disciplina na indústria, ou nas regras rígidas da tecnologia de alimentos e mesmo nas regulamentações ambientais, compreendendo-se, portanto, que os docentes de áreas especifi cas que não seja a gestão empresarial e o empreendedorismo explorem o conteúdo.

Como foi visto com McClelland (1991), a categoria exigência de qualidade e efi ciência é consonante com disciplina e excelência, buscar o fazer correto de forma produtiva, utilizando-se de racionalidade, pensando como os recursos podem ser melhor organizados com foco na padronização e estabelecimento de modelos e fl uxos de trabalho. Sendo visível com isso o que diz Peres (2006) em seu conteúdo sobre andragogia, que defende que a vinculação da andragogia à qualifi cação para o trabalho, e em sua formação, considera a experiência e/ou a prática profi ssional como método e captação do conteúdo discutido.

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Sobre exploração do conteúdo, verifi ca-se que há a necessidade de explorar o conteúdo de persuasão e rede de contatos utilizando métodos para se infl uenciar a aprendizagem, apresentando os benefícios do conteúdo e resultados conquistados a partir da exploração deste comportamento, como palestras, visitas técnicas, visitação de feiras e participação em eventos, que favoreçam elementos da realidade do educando, do mundo em que vive, partido do situacional, como defende Cardoso (2006) e que as informações estejam adequadas à necessidade do indivíduo e de sua vivência, como fala Moreira (2005).

Consolidando, a partir do que foi apresentado que os próprios discentes percebem essa difi culdade, em que, das sete palestras ministradas no projeto, a palestra, “Net Working, Rede de Relacionamentos Profi ssionais: Fazendo Amigos e Fechando Negócios teve o segundo maior numero de participantes, 72. Ficando atrás somente da palestra Planejamento: História de Sucesso “Restaurante Mineiro”, com 89 participantes, que também se enquadra na mesma metodologia de exploração da realidade e vivência do estudante.

Tabela 2 Médias Gerais por Grupo de Característica do Comportamento Empreendedor por Área de Conhecimento do Campus

No.Característica do Comportamento Empreendedor

Área 1Industria

Área 2Alimentos

Área 3Natural

Área 4Ambiente

Área 5Física

Grupo 1CCE: Busca de oportunidades e iniciativa

3,29 3,40 3,10 3,25 -

Grupo 2 CCE: Exigência de qualidade e efi ciência 4,15 3,98 4,00 4,19 -

Grupo 3 CCE: Persistência 4,16 4,02 4,02 4,24 -

Grupo 4 CCE: Independência e autoconfi ança 4,05 3,97 3,81 3,67 -

Grupo 5 CCE: Correr riscos calculados 3,68 3,38 3,57 3,48 -

Grupo 6 CCE: Busca de informações 3,55 3,5 3,70 3,73 -

Grupo 7 CCE:Estabelecimento de metas 3,53 3,6 3,71 3,71 -

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Grupo 8CCE: Planejamento e monitoramento sistemáticos.

3,32 3,52 2,92 3,24 -

Grupo 9 C C E : Comprometimento 3,83 3,72 3,81 3,84 -

Grupo 10

CCE: Persuasão e redes de contatos 2,81 3,22 2,98 3,01 -

Fonte: Pesquisa direta

O cruzamento por meio de eixos/áreas facilitou o cruzamento de dados, buscando maior consistência e um bom número de respondentes, tudo isso para uma maior validade nos dados. Agrupando-os, possibilitaram-se fortalecer as macro-áreas do Campus Sobral e deixou o volume de questionários consistentes, já que cada curso do Campus Sobral só havia individualmente em torno de 10 questionários respondidos.

A persistência e a autoconfi ança podem se dar pela realidade de vida difícil pelos quais passam os respondentes para se manterem estudando na cidade de Sobral, seja se deslocando horas a fi o em ônibus, chegando em suas residências madrugada a dentro, tendo muitas vezes que estudar e trabalhar, com uma baixa renda familiar em que 29% afi rmaram ter renda familiar de até 1 salário mínimo, outros 33% de até 2 salários mínimos, ou seja, mais de 60% afi rmaram ter renda familiar de até 2 salários mínimos. A metade dos respondentes não reside em Sobral, demonstrando a difi culdade de deslocamento para manter-se e concluir seu curso nesta cidade. E a idade de certa forma justifi ca a autoconfi ança, já que mais 70% têm até 22 anos, onde tudo é percebido com coragem e novas possibilidades, confi ando em sua própria capacidade e potencial, e que sua formação e objetivos só dependem de si mesmo.

A divisão por cursos se deu da seguinte forma: cursos do eixo indústria: superior em mecatrônica industrial, técnico em eletrotécnica, técnico em mecânica; cursos do eixo de alimentos: superior tecnologia de alimentos e técnico em panifi cação; cursos do eixo natural: superior em irrigação e drenagem; técnico em fruticultura; curso do eixo saneamento: superior em saneamento ambiental e técnico em meio ambiente e licenciatura em física.

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É interessante ressaltar que o curso de física tem um número reduzido de alunos, como é a realidade da área e também no país, além disso, o curso em Sobral só está no segundo ano de criação. Isso também foi refl etido nos poucos questionários respondidos. Com essa limitação da pesquisa, excluem-se os resultados desta área, não sendo apresentados no estudo para não ser parâmetro comparativo entre as áreas em Sobral.

Tabela 3 Médias Gerais por Grupo de Característica do Comportamento Empreendedor por Gênero

No. Característica do Comportamento Empreendedor Masculino Feminino

1 CCE: Busca de oportunidades e iniciativa 3,46 3,16

2 CCE: Exigência de qualidade e efi ciência 4,15 4,05

3 CCE: Persistência 4,15 4,11

4 CCE: Independência e autoconfi ança 4,04 3,78

5 CCE: Corre riscos calculados 3,74 3,44

6 CCE: Busca de informações 3,63 3,65

7 CCE: Estabelecimento de metas 3,69 3,64

8 CCE: Planejamento e monitoramento sistemáticos. 3,49 3,13

9 CCE: Comprometimento 3,84 3,84

10 CCE: Persuasão e redes de contatos 3,09 2,89

Fonte: Pesquisa direta

Por gênero, percebe-se que o sexo masculino ultrapassou o feminino em quase todas as características, sendo diferente apenas na busca de informações. Verifi ca-se que é uma característica da mulher a curiosidade, o levantamento e o próprio estudo preliminar de um assunto.

O maior item apresentado foi o Item 6 - Você desenvolve ou utiliza procedimentos para assegurar que o trabalho seja terminado a tempo ou que o trabalho atenda a padrões de qualidade previamente combinados? - atingindo a média mais alta, chegando a 4,23.

O menor item foi o Item 29 - Você utiliza pessoas-chave como agentes para atingir seus próprios objetivos? - com a média mais baixa, atingindo apenas 2,54.

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A média geral de empreendedorismo dos alunos do Campus Sobral foi de 109,24, classifi cando-se com um bom nível de empreendedorismo, onde se classifi cou por: possui alguns dos importantes pré-requisitos para continuar sua aventura empreendedora, mas ainda precisa aprimorar seus comportamentos para que obtenha sucesso como empreendedor.

Considerações fi nais

Concluiu-se que há perfi l empreendedor entre os alunos do IFCE Campus Sobral, que estão inclusive em um nível médio razoável, atingindo quase a média máxima de perfi l empreendedor, fi cando no nível 3, exposto nos materiais e métodos 109,24, classifi cando-se com um bom nível de empreendedorismo, em que se classifi cou por: possui alguns dos importantes pré-requisitos para continuar sua aventura empreendedora, mas ainda precisa aprimorar seus comportamentos para que obtenha sucesso como empreendedor.

Esse resultado apresenta que há espaço na instituição para se explorar métodos de ensino do empreendedorismo e conteúdos formais apresentados em sala de aula. Para isso deve utilizar-se de metodologia prática para atingimento desse resultado, seja por meio da realização de visitas técnicas, da manutenção das palestras temáticas mensais, da aplicação de jogos empresariais e/ou estágio, para que este aluno perceba a aplicação dos conteúdos de gestão na prática.

As características mais presentes entre os discentes foram: exigência de qualidade e efi ciência, persistência, independência e autoconfi ança. A característica que apresentou menor nível foi persuasão e rede de contatos. Como já mencionado, a característica qualidade e efi ciência está presente em sua formação básica, como na disciplina na indústria, ou nas regras rígidas da tecnologia de alimentos e mesmo nas regulamentações ambientais, compreendendo-se, portanto, que os docentes de áreas específi cas que não seja a gestão empresarial e o empreendedorismo explorem o conteúdo.

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A persistência e a autoconfi ança podem se dar pela realidade de vida difícil dos quais passam os respondentes para se manterem estudando na cidade de Sobral, conforme já explicado anteriormente.

A característica de menor média foi persuasão e rede de relacionamentos, compreende-se que tal característica é mais bem desenvolvida ao longo do tempo, por perceberem que as amizades podem proporcionar possibilidades de negócio, mas que deve ser desenvolvida já que representam indicações, sociedades e novos recursos e clientes em um futuro. Pode ser também que ainda não percebem esta ação entre suas redes de relacionamentos hoje, por nem todos estarem no mercado de trabalho.

Diante o exposto, verifi ca-se que há amplo espaço para a expansão do ensino empreendedor no ambiente acadêmico tecnológico, de forma a colaborar com o conhecimento formal e formação do comportamento empreendedor dos alunos.

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