ensino da saode ruth sandoval marcondes’hist.library.paho.org/spanish/bol/v89n4p328.pdf · real...

14
Bol Of .%mil Panam 89(4), 1980 ENSINO DA SAODE Ruth Sandoval Marcondes’ Programas de saúde em escolas de primeiro grau foram tornados com- pukórios pela última reforma do sistema de educa@io do Brasil. Este trabalho relata a aplica@o de um programa de ensino da saúde em urna escola de Sáo Paulo, com o fim de veriikar sua adequa@o. Introducáo A partir da reforma do ensino no Brasil, estabelecida pela Lei 5692/7 1, saúde pas- sou a constituir matéria obrigatória no cu- rrículo escolar de primeiro e segundo graus. Planejadores de currículo em quase todos os estados brasileiros vêm procu- rando desde entáo definir o que se deve ensinar sobre saúde nas escolas. A mesma preocupa@0 levou a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Sáo Paulo a elaborar o documento Ensino da saúde no primeiro grau (5), no qual é definido o con- teúdo dessa matéria, apresentando um programa de ensino da primeira à oitava séries que atende a requisitos de continui- dade, seqüência e gradacáo. Embora preparado por um grupo téc- nico, a partir de ampla pesquisa bibliográ- fica e consulta a especialistas no campo da educa@0 e da saúde, a validade do con- teúdo desse programa só poderia ser com- provada através de aplicacáo em situa@o real de sala de aula. ’ Professora titular, Faculdade de Saúde Pública, Univer- sidade de são Paulo, Brasil. Ao planejar a pesquisa2 para aplica@0 do programa de ensino da saúde no pri- meiro grau, fixou-se como ponto de par- tida que o conteúdo seria analisado apenas no seu aspecto cognitivo. Pretendeu-se ve- rificar se o conteúdo de saúde poderia ser desenvolvido como matéria escolar, pelo próprio professor de classe comum de primeiro grau, se correspondia em cada série aos interesses dos alunos e poderia ser aprendido sem grandes dificuldades. Pareceu importante aos pesquisadores ve- rificar também a exeqüibilidade do con- teúdo em funcáo do tempo, tendo em vista que, embora seja desejável que a educacáo em saúde permeie todos os aspectos do cu- rrículo escolar, é igualmente importante que náo se confunda com o ensino das ou- tras matérias e seja considerada suficien- temente importante para ter horário pró- prio, durante o qual professor e alunos es- taráo com atenfio concentrada nesse crí- tico aspecto da educacáo. É possível que, a partir dessa aplicacáo, possam ser estabelecidos alguns critérios 2 Realizada com awílio financeim do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos do Ministério da Educacao e Cul- tura. 328

Upload: doandat

Post on 10-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ENSINO DA SAODE Ruth Sandoval Marcondes’hist.library.paho.org/Spanish/BOL/v89n4p328.pdf · real de sala de aula. ’ Professora titular, Faculdade de Saúde Pública, Univer- sidade

Bol Of .%mil Panam 89(4), 1980

ENSINO DA SAODE

Ruth Sandoval Marcondes’

Programas de saúde em escolas de primeiro grau foram tornados com- pukórios pela última reforma do sistema de educa@io do Brasil. Este trabalho relata a aplica@o de um programa de ensino da saúde em urna escola de Sáo Paulo, com o fim de veriikar sua adequa@o.

Introducáo

A partir da reforma do ensino no Brasil, estabelecida pela Lei 5692/7 1, saúde pas- sou a constituir matéria obrigatória no cu- rrículo escolar de primeiro e segundo graus. Planejadores de currículo em quase todos os estados brasileiros vêm procu- rando desde entáo definir o que se deve ensinar sobre saúde nas escolas. A mesma preocupa@0 levou a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Sáo Paulo a elaborar o documento Ensino da saúde no

primeiro grau (5), no qual é definido o con- teúdo dessa matéria, apresentando um programa de ensino da primeira à oitava séries que atende a requisitos de continui- dade, seqüência e gradacáo.

Embora preparado por um grupo téc- nico, a partir de ampla pesquisa bibliográ- fica e consulta a especialistas no campo da educa@0 e da saúde, a validade do con- teúdo desse programa só poderia ser com- provada através de aplicacáo em situa@o real de sala de aula.

’ Professora titular, Faculdade de Saúde Pública, Univer- sidade de são Paulo, Brasil.

Ao planejar a pesquisa2 para aplica@0 do programa de ensino da saúde no pri- meiro grau, fixou-se como ponto de par- tida que o conteúdo seria analisado apenas no seu aspecto cognitivo. Pretendeu-se ve- rificar se o conteúdo de saúde poderia ser desenvolvido como matéria escolar, pelo próprio professor de classe comum de primeiro grau, se correspondia em cada série aos interesses dos alunos e poderia ser aprendido sem grandes dificuldades. Pareceu importante aos pesquisadores ve- rificar também a exeqüibilidade do con- teúdo em funcáo do tempo, tendo em vista que, embora seja desejável que a educacáo em saúde permeie todos os aspectos do cu- rrículo escolar, é igualmente importante que náo se confunda com o ensino das ou- tras matérias e seja considerada suficien- temente importante para ter horário pró- prio, durante o qual professor e alunos es- taráo com atenfio concentrada nesse crí- tico aspecto da educacáo.

É possível que, a partir dessa aplicacáo, possam ser estabelecidos alguns critérios

2 Realizada com awílio financeim do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos do Ministério da Educacao e Cul- tura.

328

Page 2: ENSINO DA SAODE Ruth Sandoval Marcondes’hist.library.paho.org/Spanish/BOL/v89n4p328.pdf · real de sala de aula. ’ Professora titular, Faculdade de Saúde Pública, Univer- sidade

Sandoval Marcondes ENSINO DA SAÚDE 329

para implanta@o mais segura do ensino da saude nas escolas e que possam ser feitas recomendacões tendo em vista o treina- mento de professores e o preparo de ma- terial didático.

Objetivos da pesquisa

A pesquisa visou a aplicacáo do con- teúdo do documento Ensino da saúde no primeiro grau (5) em urna escola da rede oficial de ensino do estado de Sáo Paulo, através dos próprios professores de classe, a fim de verificar sua adequacáo para cada série escolar.

Para fins da pesquisa, a adequa@o foi considerada como o ajustamento do con- teúdo do programa de ensino da saúde a cada série escolar, tendo em vista o tempo disponível (nível quantitativo) e atendendo aos objetivos cognitivos propostos, que ex- pressam os conhecimentos essenciais de saúde (nível qualitativo).

Embora se reconheca a relevancia desses aspectos, náo se pretendeu medir se houve mudanca de atitudes ou de práticas dos alunos em rela@ío à saúde, urna vez que a relatividade da avalia@o de atitudes e a di- ficuldade da avaliacáo de práticas, a curto e a médio prazo, empediriam a formula@0 de conclusöes mais objetivas. Por essa razao, optou-se numa primeira abordagem por urna metodologia mais simplificada, considerando-se apenas os objetivos cogni- tivos, a fim de se obter maior precisáo nos resultados. Anaiisando as relacões entre tempo disponível/conteúdo desenvolvido e consecucáo dos objetivoslopiniáo do pro- fessor sobre o interesse dos alunos e sobre as dificuldades na aprendizagem, pretendeu-se apenas avaliar se o conteúdo proposto para cada série escolar era ade- quado a nível quantitativo e qualitativo.

Metodologia

0 programa de ensino da saúde utili- zado na pesquisa (5) tem seu conteúdo or-

ganizado sob a forma de seis unidades de ensino, que se estendem da primeira à oi- tava séries do primeiro grau, procurando atender aos princípios de continuidade, grada60 e seqüência, organizando-se os conhec’imentos em cada urna delas ao re- dor de urna idéia central, tendo em vista aspectos de saúde relacionados ao atendi- mento de cada urna das necessidades bási- cas do homem. A pesquisa desenvolveu-se em três etapas: prepara@o, aplica@0 do programa e avaliacáo do ensino.

Prepara@0

Sele@o das classes

Foi selecionado para a realiza@¡0 da pes- quisa um Instituto Estadual de Educa@0 da rede oficial de ensino do estado de Sáo Paulo, onde a Faculdade de Saúde Pública já vinha desenvolvendo trabalhos e sempre contou com o maior apoio da sua direcáo. Dentre as classes do Instituto foram sor- teadas oito, urna de cada série do primeiro grau, abrangendo um total de 313 alunos.

Na sele@o das classes náo se pretendeu que os alunos envolvidos viessem a consti- tuir urna amostra representativa da popu- la@o da escofa, o que exigiria procedimen- tos que, em termos de tempo e custo, se- riam impraticáveis.

Sele&o dos professores

Com o sorteio das classes, ficaram tam- bém selecionados os professores- aplicadores. A utilizasáo do próprio pro- fessor de classe na aplicacáo do programa de ensino da saúde teve por finalidade ga- rantir urna situasáo de ensino- aprendizagem o mais possível semelhante à que é habitual no desenvolvimento do programa de ensino de qualquer matéria. Nas quatro primeiras séries do primeiro grau, o desenvolvimento do programa fi- cou a cargo do professor regente de classe.

Page 3: ENSINO DA SAODE Ruth Sandoval Marcondes’hist.library.paho.org/Spanish/BOL/v89n4p328.pdf · real de sala de aula. ’ Professora titular, Faculdade de Saúde Pública, Univer- sidade

330 BOLETIN DE LA OFICINA SANITARIA PANAMERICANA Octubre 1980

Nas demais, foi selecionado o professor de ciências físicas e biológicas, por se tratar da disciplina que mais se aproxima do con- teúdo do programa de ensino da saúde.

Treinamento dos professores-aplicadores

Os professores-aplicadores foram sub- metidos a treinamento, em que receberam inf’ormacóes sobre o conteúdo e a metodo- logia a ser utilizada. Inicialmente, foi reali- zada urna semana de orienta@0 intensiva sobre as bases teóricas indispensáveis à aplicacao do programa. Ao longo do ano foi realizado um total de 28 reuniões sema- nais com a dura@0 de duas horas, nas quais os professores planejavam as dife- rentes unidades de ensino e discutiam os resultados das avaliacóes. Para o treina- mento dos professores-aplicadores e para sua supervisáo ao longo do ano contou-se com a colabora@o de quatro especialistas nas áreas de educa@0 em saúde pública, planejamento educacional, comunicacáo e recursos audiovisuais. Além disso, a fim de suprir a deficiencia de materiais informa- tivos para os professores, contou-se com a colaboracáo de especialistas que elabora- ram um texto básico para cada unidade do programa.

Aplicac$io do programa

Tempo de aplica&o

A aplica@0 teve início nos primeiros dias do mes de maio. Com a interrup@o de um mes para as férias de inverno, o tempo disponível para o desenvolvimento do programa restringiu-se a seis meses. Previu-se o período de um mes para o de- senvolvimento de cada unidade e no horá- rio escolar foi destinada urna hora semanal para o ensino da saúde.

0 tempo disponível ficou, portanto, de- finido em termos de horaslaula, ou seja,

número de aulas com dura@0 aproximada de urna hora, tempo esse considerado o mínimo imprescindível para a aplicacáo do programa sem interferir nas atividades re- gulares da escola ou no desenvolvimento das outras matérias do currículo escolar. 0 tempo médio disponível para o desenvol- vimento completo do programa, em cada série, foi de 24 horaslaula.

Phnejamento do ensino

A fim de manter certa uniformidade na aplica@0 e tornar possível a avaliacáo, fo- ram preparados, com a participa@0 dos professores-aplicadores, modelos de pla- nos para o desenvolvimento das unidades. Assessores prepararam material informa- tivo sobre o conteúdo de cada urna das unidades e, quando solicitados pelos pro- fessores, participaram das reunióes sema- nais, esclarecendo dúvidas e completando as informa@es apresentadas no material.

0 planejamento e avaliacáo das unida- des e o preparo dos instrumentos de ava- liacáo do aluno foram realizados pelos professores sob a orienta@0 de especialis- tas em currículo e em comunicacáo.

Para tornar mais simples a elabora@0 dos planos, o conteúdo de cada unidade foi subdividido em tópicos e subtópicos. Em rela@o a cada tópico do conteúdo, foi estabelecido um objetivo cognitivo a ser atingido pelos alunos até o final do desen- volvimento da unidade. Na reda@0 dos objetivos adotou-se a técnica proposta por Mager (4) e posteriormente desenvolvida por outros autores, como Bloom (1), Gar- cia (Z), Johnson e Johnson (3), Popham e Baker (6) e Sossai (7).

Para cada unidade os professores elabo- raram testes, cujas questóes deveriam estar em correspondência com os objetivos tra- @dos, e cujas respostas deveriam exprimir em que medida os objetivos tinham sido atingidos pelos alunos.

Constavam dos planos as atividades a se- rem desenvolvidas em classe e o material

Page 4: ENSINO DA SAODE Ruth Sandoval Marcondes’hist.library.paho.org/Spanish/BOL/v89n4p328.pdf · real de sala de aula. ’ Professora titular, Faculdade de Saúde Pública, Univer- sidade

Sandoval Marcondes ENSINO DA SAÚDE 331

didático a ser utilizado, selecionado em termos de funcionalidade, baixo custo e facilidade de preparo, e tendo em vista sua possível contribuicáo para a consecucáo dos objetivos trapdos. Dois técnicos orien- taram professores e alunos no preparo de materiais e, eventualmente, elaboraram alguns dos recursos utilizados em classe.

Desenvolvimento das aulas

A aplica60 do programa seguiu o plane- jamento tracado e desenvolveu-se dentro do tempo previsto, exceto na oitava série, em que urna das unidades deixou de ser aplicada por afastamento do professor. Nessa série, as duas últimas unidades fo- ram desenvolvidas por um professor subs- tituto e todo o programa sofreu um atraso, terminando em dezembro sua apka@io.

Os pesquisadores e especialistas contra- tados assistiram a algumas aulas, nas várias séries. Essa observacao das aulas, orientada por um roteiro, concorreu para tornar mais objetivas as sessoes mensais de avalia- @O.

Avaliaqáo do ensino

A aquisi@io de conhecimentos pelos alu- nos foi avaliada pelos resultados dos testes aplicados ao final de cada unidade.

As aulas foram avaliadas pelos próprios professores nas reunióes e pelos especialis- tas e pesquisadores a partir dos dados le- vantados durante a observa@0 em classe.

Em seguida à avalia@o de conhecimen- tos dos alunos, os professores preenchiam um questionário de avaliacáo da unidade.

Os pesquisadores realizaram, no deco- rrer da aplicac$o, duas entrevistas com cada um dos professores-aplicadores, vi- sando a urna avaliacáo global do pro- grama.

Para avaliar os diferentes aspectps do desenvolvimento do programa foram utili-

zados testes para avalia@o de conhecimen- tos dos alunos, planos para o desenvolvi- mento das unidades, questionário de ava- liacáo das unidades, roteiro para observa- cáo das aulas e roteiro de entrevista com o professor.

Modelo de análise

A análise da adequa@io do conteúdo do programa de ensino da saúde foi desen- volvida por série e por unidade em dois níveis.

Nível quantitativo

Na análise quantitativa foram conside rados os seguintes fatores:

Fator 1. RelaGo tempo disponível/tempo necessário para o desenvolvimento da unidade;

Fator 2. Conteúdo desenvolvido em classe.

Para o cálculo do valor percentual co- rrespondente ao Fator I osou-se a fórmula:

Fator 1 = No. de horas disponíveis x 100

No. de horas necessarias

Quando o número de horas necessárias ao desenvolvimento do conteúdo foi me- nor que o tempo previsto (disponível) considerou-se como 100% o percentual de adequacáo.

Para calcular o percentual de adequa@o em relacáo ao Fator 2, estabeleceu-se 0 se- guinte critério de valores:

a) Tópicos desenvolvidos completamente: valor 100.

b) Tópicos desenvolvidos parcialmente: va- lor 50.

c) Tópicos náo desenvolvidos: valor zero.

A percentagem foi calculada utilizando- se a fórmula:

ax 100+ bx 50 Fator 2 =

a+b+c

Page 5: ENSINO DA SAODE Ruth Sandoval Marcondes’hist.library.paho.org/Spanish/BOL/v89n4p328.pdf · real de sala de aula. ’ Professora titular, Faculdade de Saúde Pública, Univer- sidade

332 BOLETIN DE LA OFICINA SANITARIA PANAMERICANA Octubre 1980

A percentagem de adequa@o quantita- tiva da unidade foi calculada tirando-se a média das percentagens obtidas em cada um dos fatores considerados.

Nivel qualitativo

Na análise qualitativa foram levados em conta:

Fator 1. Adequacáo de conhecimentos pelos alunos, verificada através de testes.

Fator 2. Opiniáo do professor quanto ao in- teresse manifestado pelos alunos em rela@o aos tópicos de cada unidade.

Fator 3. Opiniáo do professor quanto aos tópicos do conteúdo que apresenta- ram ou náo dificuldades de apren- dizagem para a classe.

Para calcular o percentual de adequacáo em relacão aoFator 1 utilizou-se a fórmula:

No. de alunos que acertaram

Fator 1 = cada questáo x 100

No. de alunos + No. de questóes

presentes aos testes

Para o cálculo do percentual de adequa- @iÓ em funcáo do interesse manifestado pelos alunos foi primeiramente estabele- cida a seguinte escala de valores:

a) Tópicos de muito interesse: valor 100. b) Tópicos de pouco interesse: valor 50. c) Tópicos de nenhum interesse: valor zero.

Calculou-se entáo a percentagem de adequacáo através da fórmula:

Fator 2 = ax 100+bx50

a+b+c

Em relacáo ao Fator 3, o percentual de adequacáo foi calculado utilizando-se a fórmula:

No. de tópicos que náo

apresentaram

Fator 3 = dificuldade x 100

No. de tópicos da unidade

Considerou-se como percentagem de adequacáo qualitativa da unidade a média das percentagens obtidas em cada um dos fatores considerados.

Para avaliar se o conteúdo de cada unidade era adequado, fosse a nível quan- titativo, fosse a nível qualitativo, seguiu-se 0 seguinte critério:

Adequa@ (%) Avdk~áo

Oa 50 50 a 75

Inadequado Parcialmente

adequado 75 a 100 Adequado

0 conteúdo de urna unidade só foi con- siderado adequado à série escolar quando ocorria adequacáo simultanea a nível quantitativo e qualitativo.

Resultados

Adequa@io quuntitativa

OS resultados, para todas as unidades e todas as séries, da análise da adequa@o a nível quantitativo, realizada com base na relacáo tempo disponível/tempo necessá- rio para o ensino da unidade mais con- teúdo desenvolvido em classe, sáo apresen- tados na tabela 1.

0 tempo disponível para o ensino foi sempre inferior ao necessário, tendo a di- ferenca variado de 3 a 14 horas.

Adequagio qualitativa

A análise da adequacão qualitaúva do conteúdo foi realizada considerando-se a opiniáo do professor quanto ao interesse manifestado pelos alunos e quanto as difi- culdades de aprendiza-m, e a consecu@o dos objetivos cognitivos (tabela 2); As difi- culdades de aprendizagem variavam de 0 a 9,31%.

Page 6: ENSINO DA SAODE Ruth Sandoval Marcondes’hist.library.paho.org/Spanish/BOL/v89n4p328.pdf · real de sala de aula. ’ Professora titular, Faculdade de Saúde Pública, Univer- sidade

Sandoval Marcondes ENSINO DA SAÚDE 333

TABELA 1-Adequacão quantitativa do conteúdo das unidades do programa de ensino da saúde da la à Ba sbrie.

Unidades

Tempo RelaGo (horas/aula) tempo pre- Conteúdo Adequa@o

vistoltem- desenvol- quantita- Dispo- Necessá- po gasto vido tiva níveis rias (%) VW (W

1. Vida ao ar livre 30 34 88,23 95,83 93,33 II. Comer melhor viver melhor para 28 42 66,66 87,08 84,04

III. Equilíbrio atividadelrepouso 33 36 91,66 95.00 95,93 IV. Em dire@o a vida adulta 32 39 82,05 100,ooa 96,93a V. Protecão e seguran@ 31 35 88,57 100,00 94,79

VI. Vo& e 0 outro 28 33 84,84 97,50 92,94

a A Unidade IV não foi desenvolvida na 8= série por doen@ do professor.

Adequacüo global do conteúdo

0 conteúdo do programa de ensino da saúde foi considerado adequado ao nível quantitativo e qualitativo para todas as sé- ries, visto que alcancou nível superior a 75% em todas as unidades. A adequa@o quantitativa variou do máximo de 96,93% na Unidade IV para o mínimo de 84,04% na Unidade II. A adequacáo qualitativa variou do máximo de 89,82% na Unidade 1 para o mínimo de 83,96% na Unidade V. A adequacáo global do conteúdo do pro- grama para todas as séries e todas as uni- dades está apresentada na tabela 3.

Indica#es para reformulaqao do conteúdo do programa

A análise para verifica@o da adequa@o do programa de ensino da saúde revelou como parcialmente adequado o conteúdo das seguintes unidades (tabela 4):

1.

II.

IV.

V.

VI.

“Vida ao ar livre”, na terceira e sexta sé- ries “Comer melhor para viver melhor”, ter- ceira e sexta séries “Em dire@o à vida adulta”, na sétima sé- rie “Protecáo e seguranca”, na quinta e sé- tima séries “Vo& e 0 outro”, na quinta série

TABELA 2-Adequapáo qualitativa do conteúdo das unidades do programa de ensino da saúde da la à P série.

Interesse Ausência Consecu@o despertado de dificulda- dos

pelo des na a- objetivos conteúdo prendizagem cognitivos

Unidades (%) m m

1. Vida ao ar livre 91,04 92,70 85,74 II. Comer melhor viver melhor para 97,96 90,69 77,85

III. Equilíbrio atividade/repouso 83,96 95,71 75,67 IV. Em dire@o à vida adulta 92,s5= 100,08 a5,05= V. Prote@ e seguranca 96,6 1 97,50 82,90

VI. Você e 0 outro 92,86 92,36 79,89

Adequa@o qualitativa

(W

89,82 88,83 85,36 S6,0ga 83,96 88,37

a A Unidade IV náo foi desenvolvida na Sa série por doenca do professor.

Page 7: ENSINO DA SAODE Ruth Sandoval Marcondes’hist.library.paho.org/Spanish/BOL/v89n4p328.pdf · real de sala de aula. ’ Professora titular, Faculdade de Saúde Pública, Univer- sidade

334 BOLETIN DE LA OFICINA SANITARIA PANAMERICANA Octubre 1980

TABELA 3-Adequacáo do conteúdo das unidades do programa de ensino da saúde da la à W série.

Adequa@o do conteúdo

Unidades Quantitativa

(%) Qualitativa

m

1. Vida ao ar livre 93,33 89,82 II. Comer melhor para viver melhor 84,04 88.83

III. Equilíbrio atividade/repouso 95,93 85,36 IV. Em dirego à vida adulta 96,93a 86,OF V. Protegiio e seguranfa 94,79 83,96

VI. Vo& e 0 outm 92,94 88,37

a A Unidade IV náo foi desenvolvida na Sa série por doeqa do profesor.

Na Unidade II na terceira série, bem como na 1 e II da sexta série, a nível quan- titativo, o conteúdo não atingiu a percen- tagem de adequacão estabelecida nos crité- rios de avalia$ío. 0 tempo pretendido para a aplicacáo do programa, que, de acorde com o planejamento da pesquisa, deveria estender-se por um ano letivo (40 horaslaula, aproximadamente), foi redu- zido a seis meses (aproximadamente 24 horas). Pode-se inferir que, se náo hou- vesse reducáo do tempo, a percentagem de adequacáo quantitativa teria superado provavelmente, em todas as unidades, a marca dos 75%. Em outras palavras, isso significa que o conteúdo das Unidades II da terceira série e 1 e II da sexta série está presumivelmente bem dosado a nível quantitativo, dispensando revisáo ou re- formulacoes.

As Unidades 1 da terceira série, V e VI da quinta série e IV e V da sétima série, a nível qualitativo, nao atingiram a percen- tagem de adequafáo estabelecida nos crité- rios de avaliacáo. A fim de verificar que parte do conteúdo dessas unidades deverá ser revista, seráo analisados os dados refe- rentes aos três fatores considerados no cál- culo da percentagem de adequa@o quali- tativa. Esses dados foram discriminados em relaGo a cada um dos tópicos em que se distribui o conteúdo dessas unidades e a

partir dos quais foram estabelecldos os ob- jetivos cognitivos a serem atingidos pelos alunos.

Unidade I: “Vida ao ar livre”, terceira série

l Tópico: “Respira@0 e estado emocional” (objetivo 3). Embora 80% dos alunos demons- trassem ter adquirido os conhecimentos espe- rados, o professor acha que esse conteúdo des- pertou pouco interesse e foi difícil de ser com- preendido pelos alunos.

l Tópico: “Forma correta de inspiracao do ar” (objetivo 4). A percentagem de consecu@ío do objetivo foi de apenas 45%; o conteúdo foi de pouco interesse para os alunos. 0 professor apontou como dificuldade a falta de urna maior bagagem de conhecimentos que facilitassem ao aluno a compreensão do assunto.

l Tópicos: “Importância da ventilacao em ambientes fechados” (objetivo 5) e “Importância da penetracao do sol em ambientes fechados” (objetivo 6). 0 professor nao encontrou dificul- dades no desenvolvimento do conteúudo refe- rente a esses tópicos. Achou-o, porém, de pouco interesse para os alunos. Foi de 71% e 60%, respectivamente, a percentagem de alunos que revelaram, nos testes, ter adquirido os conheci- mentos esperados em relacão a esse conteúdo.

Parece aconselhável que, a partir desses dados, esses tópicos da Unidade 1 da ter- ceira série sejam revistos e possivelmente reformulados (tabela 5).

Page 8: ENSINO DA SAODE Ruth Sandoval Marcondes’hist.library.paho.org/Spanish/BOL/v89n4p328.pdf · real de sala de aula. ’ Professora titular, Faculdade de Saúde Pública, Univer- sidade

Sandoval Marcondes ENSINO DA SAÚDE 335

Page 9: ENSINO DA SAODE Ruth Sandoval Marcondes’hist.library.paho.org/Spanish/BOL/v89n4p328.pdf · real de sala de aula. ’ Professora titular, Faculdade de Saúde Pública, Univer- sidade

336 BOLETIN DE LA OFICINA SANITARIA PANAMERICANA Octubre 1980

TABEL 5-Dadas referentes aos fatores considerados no cálculo da percentagem de adequaqao qua- litativa do conteúdo da Unidade 1, da CP série, do programa de ensino da saúde no primeiro grau.

Obje- Tópicos do conteúdn da Unidade “Vida tivos ao ar livre” na terceira série

6 Penetra@0 do sol em ambientes fechados

Respira@o/posicão do carpo Respira@o/repouso ou movimento Respira@o/estado emocional Forma correta de inspira@0 do ar Ventila@0 e renovacáo do ar em ambientes

fechados

AdquisiGo Interesse de conhe- manifestado cimentos Dificul-

(%) Muito Pouco Nenhum dades

100 100

80 45

* *

* *

* *

71 * 60 *

Adequacáo qualitativa (%) 76,00 66,67 66,67 Promedio de adequa@o qualitativa (%) 69,78

Unidade V: “Prote@ e seguranca”, quinta série

Todos os tópicos do conteúdó desta uni- dade despertaram muito interesse nos alunos. 0 professor, entretanto, informou que os alunos sentiram dificuldade de compreensáo do conteúdo por lhes faltar urna base indispensável de conhecimentos, necessários à compreensáo do assunto.

c,

Achou também que os alunos de sua classe náo tinham maturidade suficiente para compreender o conteúdo da unidade. A pesar disso, mais da metade dos objetivos foi atingida por cerca de 75% dos alunos.

Os dados parecem indicar a necessidade de revisáo do conteúdo apenas em relacáo aos tópicos referentes aos objetivos 1,6 e 7, cuja consecucáo pelos alunos ficou abaixo de 75% (tabela 6).

TABELA GDados referentes aos fatores considerados no cálculo da percentagem de adequacáo qua- litativa do conteúdo da Unidade V, da 5= série, do programa de ensino da saúde no primeiro grau.

Adquisicáo Interesse de conhe- manifestado

Obje- Tópicos do conteúdo da Unidade “Vida cimentos Dificul- tivos ao ar tivre” na quinta série (%) Muito Pouco Nenhum dades

1 RelaMo agentelhospedeirolmeio 2 Formas de transmissáo das doenps 3 Medidas de prevencáo e controle das

doenps Infecciosas 4 Medidas de preven@o e controle das

doenps infecciosas 5 Medidas de preven@ío e controle das

doenps infecciosas 6 Doencas crônicas e degenerativas 7 Doencas hereditárias

Adequacáo qualitativa (%) Promedio de adequa@o qualitativa (%)

58 * * 82 * *

79 *

88 *

85 * * 47 * * 50 * *

69.85

*

*

100 0 56,61

Page 10: ENSINO DA SAODE Ruth Sandoval Marcondes’hist.library.paho.org/Spanish/BOL/v89n4p328.pdf · real de sala de aula. ’ Professora titular, Faculdade de Saúde Pública, Univer- sidade

Sandoval Marcondes ENSINO DA SAÚDE 337

Unidade VI: “Vo& e o outro”, quinta série

0 professor considerou que o conteúdo da unidade náo apresentou dificuldade de compreensáo para os alunos. Manifestou, entretanto, sua dificuldade pessoal em de- senvolver um conteúdo relacionado espe- cificamente com a área das ciencias do comportamento e bastante desvinculado de sua área de especialidade (ciências físi- cas e biológicas). Talvez a inseguranp do professor explique 0 pouco interesse ma- nifestado pelos alunos e, provavelmente, esse desinteresse se refletiu também nos resultados dos testes: apenas os objetivos 5 e 8 foram atingidos por mais de 75% dos alunos.

Parece náo haver necessidade de refor- mula@0 do conteúdo desta unidade. En- tretanto, talvez fosse mais indicado deixar seu desenvolvimento a cargo do professor de estudos sociais (tabela 7).

Unidade IV: ‘Em dire@o à vida adulta”, pri- meira série

Todo o conteúdo desta unidade foi con- siderado pelo professor como de pouco in- teresse para os alunos. Em seu desenvol- vimento o professor considerou como “di- ficuldade” a impressáo que tem de que o conteúdo é “muito simples e fácil” e, se- gundo ele, “abaixo do nível de maturidade dos alunos” de primeira série.

As observacóes do professor, contudo, náo parecem coerentes com os resultados dos testes, que demonstram insuficiente aquisicáo de conhecimentos por parte dos alunos. Apenas nos tópicos corresponden- tes aos objetivos 1, 2 e 3 a percentagem de consecucáo dos objetivos superou 75%. Tendo em vista o pouco interesse demons- trado pelos alunos e os resultados obtidos em rela@o à aquisicáo de conhecimentos, parece conveniente rever os tópicos “Cres- cimento e desenvolvimento”, “Fatores he- reditários e fatores ambientais”, “0 pro- cesso de envelhecimento” e “Responsabili-

dades dos pais e dos jovens em rela@o à família” (tabela 8).

Unidade V: ‘Prote@o e seguranca”, primeira série

Os alunos revelaram boa aquisicáo de conhecimentos (78 e 82%) quanto aos tópi- cos “Rela@o homemlambientelsaúde” (ob- jetivo 3) e “Responsabilidade individual na manutenc$o do ambiente saudável” (obje- tivo 4), e manifestaram muito interesse em rela@o a esse conteúdo.

Houve, porém, pouco interesse dos alu- nos em relacáo aos tópicos “Medidas no controle da poluicáo ambiental” (objetivo 5), “Efeitos da poluicáo” (objetivo 6) e “Responsabilidades da comunidade em re- lacáo aos problemas da poluicáo” (objetivo 7). A aquisigo de conhecimentos foi de 82% em relacáo ao objetivo 5, de 39% em relaGo ao objetivo 6 e de 60% em relacáoao objetivo 7.

0 professor acha que o conteúdo des- ta Unidade deveria ser trocado com o conteúdo correspondente da quinta série, que parece atender mais o interesse e o nível de maturidade dos alunos da sétima série.

Seria conveniente rever os tópicos relati- vos aos objetivos 6 e 7 tendo em vista os dados referentes 2 aquisicáo de conheci- mentos (ambos abaixo de 75%) e ao pouco interesse manifestado pelos akmos em re- la@o a esses tópicos. Talvez seja intres- sante, seguindo a sugestáo do professor, comparar os conteúdos da quinta e da sé- tima séries da Unidade V, avaliando as condicóes ou possibilidades de realizar a mudanca sugerida (tabela 9).

Comentários

A guisa de conclusóes sáo reproduzidos alguns comentários que refletem a opiniáo dos professores sobre o programa de en- sino da saúde. Náo houve um único co-

Page 11: ENSINO DA SAODE Ruth Sandoval Marcondes’hist.library.paho.org/Spanish/BOL/v89n4p328.pdf · real de sala de aula. ’ Professora titular, Faculdade de Saúde Pública, Univer- sidade

338 BOLETIN DE LA OFICINA SANITARIA PANAMERICANA Octubre 1980

TABELA 7-Dadas referentes aos fatores considerados no cálculo da percentagem de adequapao qua- litativa do conteúdo da Unidade VI, da 5a série, do programa de ensino da saúde no primeiro grau.

Adquisi@o Interesse de conhe- manifestado

Obje- Tópicos do conteúdo da Unidade “Vida cimentos Dificul- tivos ao ar livre” na quinta série c% Muito Pouco Nenhum dades

1

2 3

Inevitabilidade das tensóes emocionais na vida diária

Emo@es mais comuns Tatores que influenciarn a reposta

individual às tensóes emocionais Medidas práticas para lidar com as emocóes Participa@0 do indivíduo em grupos sociais Valor da participacáo em grupos Problemas da convivência em grupos Influencia do grupo sobre o individuo e

importância da escoIha adequada do grupo de convivência

Adequaeo qualitativa (%) Promedio de adequacão qualitativa (%) 1

64 * 64 *

48 58 41 90 67

83

64,37 50,oo 100 71,45

mentário negativo ao programa global, res é que o ensino da saúde se resume na divul- apesar de algumas dificuldades terem sido ga@o de noNes sobre higiene pessoal e pre-

apontadas. vencáo de algumas doencas. Aprendi, durante a apIicacáo do programa de ensino da saúde,

l “Sempre achei que saúde deveria ser ensi- ’ que é muito mais abrangente o que podemos nada na escola. Náo sabia, porém, o que ensi- saber e o que devemos ensinar sobre saúde aos nar. 0 conceito mais comum entre os professo- nossos alunos” (professor da primeira série).

TABELA 5-Dadas referentes aos fatores considerados no cálculo da percentagem de adequagao qua- litativa do conteúdo da Unidade IV, da 7a série, do programa de ensino da saúde no primeiro grau.

Adquisieo Interesse de conhe- manifestado

Obje- Tópicos do conteúdo da Unidade “Vida cimentos Dificul- tivos ao ar livre” na sétima série cm Muito Pouco Nenhum dades

1 Característica principal do recém-nascido 98 * * 2 Relago crescimenro e desenvolvimentol

progressiva independencia 98 * * 3 Etapas na progressao para a maturidade 88 * * 4 Crescimento e desenvolvimento. Fatores

hereditários 38 * * 5 Crescimento e desenvolvimento. Fatores

ambientais 68 * * 6 0 processo de envelhecimento 68 * * 7 A familia. Responsabilidades dos país 74 * * 8 A familia. Responsabilidades dos jovens 74 * *

Adequa@o qualitativa (%) Promedio de adequa@o qualitativa (%)

75,75 50,oo 0 41,91

Page 12: ENSINO DA SAODE Ruth Sandoval Marcondes’hist.library.paho.org/Spanish/BOL/v89n4p328.pdf · real de sala de aula. ’ Professora titular, Faculdade de Saúde Pública, Univer- sidade

Sandoval Marcondes ENSINO DA SAÚDE 339

TABELA g-Dados referentes aos fatores considerados no cálculo da percentagem de adequa@o qua- litativa do conteúdo da Unidade V, da 7= série, do programa de ensino no primeiro grau.

Adquisi@o Interesse de conhe- manifestado

Obje- Tópicos do conteúdo da Unidade “Vida cimentos Dificul- tivos ao ar livre” na sétima série (W Muito Pouco Nenhum dades

1 RelaGo homemlambientelsaúde 2 Relacao homemlambientelsaúde 3 Acao do ambiente sobre o homem 4 Responsabilidade individual na manuten@0

do ambiente saudável 5 Medidas no controle da poluicao ambiental 6 Efeitos da polui@o sobre a saúde, a

economia, a estética 7 Responsabilidade da comunidade em rela-

@o aos problemas de saúde ambiental

Adequa@o qualitativa (%) Promedio de adqua@o qualitativa (%)

82 *

78 *

80 *

78 *

82

39

60

71.25

* * *

* * *

* *

* *

80 0 50,61

l “0 conteúdo do programa de ensino da saúde que apliquei em minha classe é prático e objetivo; dá aos alunos oportunidades de con- hecerem melhor a si próprios, de entender o valor da saúde e compreender a responsabili- dade que têm em rela@o à sua saúde e à saúde dos outros” (professor da quinta serie).

l “Achei a Unidade VI do programa urna beIeza! Os aspectos tratados nessa unidade são do maior interesse. Gostaria de ter tido mais tempo para desenvolvê-la com maior profun- didade” (professor da terceira série).

l “Os alunos pediam mais aulas de saúde fora do horário estabelecido, o que demonstra o interesse que sentiram pela matéria” (professor da quarta série).

l “Os alunos de minha classe reclamavam quando terminava a aula de saúde. E os alunos das outras cIasses reclamavam por náo terem essas aulas. Os próprios pais comentaram co- migo o interesse de seus filhos pelas aulas de saúde” (professor da segunda série).

l “As classes que aplicaram o programa de ensino da saúde podem considerar-se priviIe- giadas. Por que náo dar essa oportunidade às outras classes e às outras escolas? E por que náo trabalhar também com os pais para que o en- sino da saúde dado na escola chegue também ao lar?” (professor da terceira série).

l “Seria importante que a Secretaria da Edu- cacáo ficasse conhecendo a qualidade desse programa de ensino da saúde e o divulgasse, estendendo sua aplicacáo às outras escolas do Estado” (professor da sexta série).

Conclusóes

A aplica@0 do programa de ensino da saúde proposto pelo documento Ensino da s&de no printeiro gruu, da autoria de Mar- condes e colaboradores (5), permite-nos chegar às seguintes conclusóes:

1. 0 conteúdo proposto foi desenvolvido peio próprio professor da classe (da la à 4= série) e pelo professor de ciências físicas e bio- lógicas (na 5a., 6a., 7. e 8=. séries).

2. De modo global, o conteúdo proposto foi considerado adequado parz todas as séries, em- bora seja indicada a reformula@ de alguns tó- picos de algumas unidades, a transposicão de outras para séries mais adiantadas ou nlais atra- sadas e ainda a abordagem diferente de outras.

3. E necessário preparar 0 professor para ensinar saúde, tanto no que tange ao conteúdo quanto à metodologia a ser empregada.

4. 0 ensino da saúde deve ter seu horário próprio no calendário escolar.

Resumo

Este trabalho reIata pesquisa realizada com o objetivo de aplicar um programa de ensino da saúde no primeiro grau em urna escola da rede pública oficial do Estado de Sao Paulo, Brasil, através dos próprios

Page 13: ENSINO DA SAODE Ruth Sandoval Marcondes’hist.library.paho.org/Spanish/BOL/v89n4p328.pdf · real de sala de aula. ’ Professora titular, Faculdade de Saúde Pública, Univer- sidade

340 BOLETIN DE LA OFICINA SANITARIA PANAMERICANA Octubre 1980

professores, a fim de verificar a adequa@o quantitativa e qualitativa do conteúdo proposto para cada série. Os professores receberam treinamento sobre o conteúdo e metodologia do ensino da saúde e orienta- cao para o desenvolvimento de cada urna das seis unidades que constituem o pro- grama. Ao final de cada unidade foi feita avaliacáo de conhecimentos dos alunos e da aplicacao pelo professor. De modo glo- bal, o conteúdo proposto foi considerado adequado para todas as séries, embora se- jam indicadas algumas pequenas reformu- lacóes. Para que o ensino da saúde seja de- senvolvido de maneira satisfatória, é im-

prescindível o treinamento dos professo- res, tanto em rela@o ao conteúdo saúde como à metodologia a ser empregada. Tempo suficiente no calendário escolar deve ser dedicado ao ensino da saúde. 0

Agradecimento

A autora estende seus agradecimentos a Gilda G. Piedade, Joáo A. Sossai, Silvio 0. Santos, Isa- bel María T. Bicudo Pereira, Noélia A. Silva, Eris F. Lencastre, Denise César H. D’El Rey, Rosa R. Krausz e a todas as professoras e diretoras do Instituto de Educacáo Fermão Dias Pais pela colaboracao prestada para o desenvolvimento da pesquisa.

REFERENCIAS

(1) Bloom, B. S., D. R. Krathwohl e B. B. Masia. Taxionomia dos objetivos educacionais. Domínio afetivo. Porto Alegre, Globo, 1972.

(2) Garcia, R. M. La redacción de objetivos en términos de conducta observable. Puerto Rico, Universi- dad de Puerto Rico, Facultad de Pedagogia, 1970.

(3) Johnson, R. B. e S. R. Johnson. Assuring learning with self instructional packages, or up the up stair-case. Chape1 Hill, Self Instructional Packages, Inc., 1971.

(4) Mager, R. F. Prepating Objectives for Programmed Znstruction. San Francisco, Fiaron Publ., 1961.

(5) Marcondes, R. S., et al. Ensino da saúde no pri- meiro grau. Sao Paulo, A/R Editora, 1973.

(6) Popham, W. J. e E. L. Baker. Planning an Ins- tructional Sequence. Englewood Cliffs, N. J.. Prentice-Hall, 1970.

(7) Sossai, J. A. Pfanejamato em educapio em saúde pública: determina@0 de objetivo; educativos. Sáo Paulo, SESP, 1975.

Enseñanza de la salud (Resumen)

En este trabajo se expone un estudio reali- zado con el fin de aplicar un programa de en- señanza de la salud en una escuela primaria del sistema público oficial del Estado de Sao Paulo, Brasil, a través de los mismos profesores, con el objetivo de comprobar la educación cuantitativa y cualitativa del contenido propuesto para cada año lectivo. Se capacitó a los profesores acerca del contenido y metodología de la enseñanza de la salud y se les orientó para el desarrollo de cada una de las seis unidades que constituyen el programa. Al final de cada unidad se evaluaron

los conocimientos de los alumnos y la aplicación del programa por el profesor. En términos ge- nerales, el contenido propuesto fue conside- rado adecuado para todos los años lectivos, aunque se sugirieron pequeñas modificaciones. Para que la enseñanza de la salud se desarrolle de manera satisfactoria es imprescindible el adiestramiento de los profesores, tanto en lo que respecta al contenido como a la metodolo- gía aplicable, y que en el calendario escolar se dedique tiempo suficiente a esa enseñanza.

Page 14: ENSINO DA SAODE Ruth Sandoval Marcondes’hist.library.paho.org/Spanish/BOL/v89n4p328.pdf · real de sala de aula. ’ Professora titular, Faculdade de Saúde Pública, Univer- sidade

Sandoval Marcondes ENSINO DA SAÚDE 341

Health education (Summary)

A pilot program for health education at the primary leve1 in the state of Sao Paulo public-school system to be applied by the regu- lar teachets is described. Its purpose was to eva- luate each set of lessons for each level. The tea- chers were instructed in the concepts and meth- odology of health education and trained to teach the six units that made up the program. Upon completion of each unit, an evaluation was made of the children’s knowledge and of

the efficacy of the teachers’ application of the program. The suggested material with some minor changes was considered acceptable for al1 levels. If health education is to be successfully developed, the teachers must be trained in rela- tion to both the subject matter and the meth- odology to be followed. It is also essential that sufficient time be allotted for this material in the school program.

Enseignement de la santé (Résumé)

On expose, dans ce travail, les résultats d’une étude réalisée afin d’utiliser un programme d’enseignement de la santé dans une école pri- maire du système public officiel de I’Etat, à Sao Paulo, Brésil. Les cours sant donnés par les professeurs de l’école, dans le but de juger si le contenu quantitatif et qualitatif de chaque an- née académique est approprié.

Les professeurs furent préparés quant au contenu de ces cours sur la santé et quant à la méthodologie à employer et furent orientés pour l’enseignement de chacune des six séries

qui constituent le programme. A la fin de cha- que série les connaissances des élèves et la qua- lité d’enseignement du programme par le pro- fesseur furent évaluées. De facon générale, le contenu proposé fut considéré adéquat pour toutes les années, quoique de Iégères modifica- tions furent apportées. 11 est indispensable, de former les professeurs quant au contenu et à la méthodologie à employer, et il faut prévoir le temps suffisant à cet enseignement dans le ca- lendrier scolaire.