ensaio sobre o egoismo

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  A raiz do eg oísmo Dizem os Cabalistas que Criador e Criatura possuem, essencialmente, programações que delineiam suas existências. A programação do Criador se chama “Vontade de Doar”. Sendo assim, tudo que o Criador emana é em prol de doar, constantemente, tudo que existe e não existe. Sendo assim, a programação da Criatura é chamada de “Vontade de Receber”. A Criatura foi gerada para receber a Luz do Criador, e cumpre seu desígnio na criação ao realizar isso. Porém, no ato da criação, a Criatura percebe que recebe tudo, menos uma coisa: o ato de doar. Ela percebe que está apenas continuamente recebendo, sem fazer nada para merecer. E neste momento, ela vivencia o que os Cabalistas chamam de “O Pão da Vergonha”, a sensação de que estamos recebendo muito além do que sentimos que merecemos. Neste momento, tendo como escolha apenas receber ou não a Luz, a Criatura rejeita a Luz do Criador. Mas, percebe rapidamente que, ao fazer isso, não está cumprindo seu desígnio. E, devido ao Pão da Vergonha, deseja agora merecer esta Luz. Sendo assim, o Criador, em seu amor eterno, decide que a Criatura deve, agora, merecer a Luz: “e comerás o teu pão com o suor do teu rosto”, já dizia o Gênesis. Então a Criatura é enviada para o Reino, para Malkuth, onde irá colher o seu plantio. Porém, tão longe da Luz Criadora, a Vontade de Receber, que era o desígnio do Criador na Criatura, se torna algo diferente. A Criatura sabe que deve receber, porém, receber a Luz Divina é uma experiência que nem de longe lembra as primeiras vivências de união do Criador e Criatura. E, sem poder vivenciar esta Luz diretamente, a Vontade de Receber se torna o que os Cabalistas chamam de “Egoísmo”. O egoísmo é a tendência da Criatura de receber apenas para si. Assim, ela observa todo o mundo que a cerca baseada num princípio constante: “O que posso ganhar com isso?”. Esta é a frase que ecoa na alma de todas as Criaturas quando estas estão vivenciando o egoísmo. Porém, um Cabalista não irá julgar o egoísmo como algo maligno, mas uma tendência natural da Criatura, quando esta está longe do Criador. Na verdade, este egoísmo permitiu que a humanidade se desenvolvesse até onde estamos. Se existe arte, ciência, religião, e toda conquista da humanidade, ela se deu pela evolução do egoísmo, que se inicia dos desejos mais primitivos de manutenção de existência, passando por recursos, poder, e chegando ao conhecimento. Porém, o egoísmo é uma fome sem fim. Ele nos moverá a buscar sempre “algo” para saciar esta Vontade de Receber latente em nós, ma s que nunca poderá ser saciada, a não ser pela comunhão com esta realidade superior. Em essência, a Cabala é a arte que ensina como trabalhar este egoísmo, para que vivenciemos a comunhão com a Luz Divina, pois ela supera qualquer prazer vivenciado por qualquer coisa que possa ser vivenciada no plano da ação.  

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Descreção de um ensaio sobre o egoismo

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  • A raiz do egosmo

    Dizem os Cabalistas que Criador e Criatura possuem, essencialmente, programaes que

    delineiam suas existncias. A programao do Criador se chama Vontade de Doar. Sendo

    assim, tudo que o Criador emana em prol de doar, constantemente, tudo que existe e no

    existe. Sendo assim, a programao da Criatura chamada de Vontade de Receber. A

    Criatura foi gerada para receber a Luz do Criador, e cumpre seu desgnio na criao ao realizar

    isso.

    Porm, no ato da criao, a Criatura percebe que recebe tudo, menos uma coisa: o ato de

    doar. Ela percebe que est apenas continuamente recebendo, sem fazer nada para merecer. E

    neste momento, ela vivencia o que os Cabalistas chamam de O Po da Vergonha, a sensao

    de que estamos recebendo muito alm do que sentimos que merecemos.

    Neste momento, tendo como escolha apenas receber ou no a Luz, a Criatura rejeita a Luz do

    Criador. Mas, percebe rapidamente que, ao fazer isso, no est cumprindo seu desgnio. E,

    devido ao Po da Vergonha, deseja agora merecer esta Luz.

    Sendo assim, o Criador, em seu amor eterno, decide que a Criatura deve, agora, merecer a

    Luz: e comers o teu po com o suor do teu rosto, j dizia o Gnesis. Ento a Criatura

    enviada para o Reino, para Malkuth, onde ir colher o seu plantio.

    Porm, to longe da Luz Criadora, a Vontade de Receber, que era o desgnio do Criador na

    Criatura, se torna algo diferente. A Criatura sabe que deve receber, porm, receber a Luz

    Divina uma experincia que nem de longe lembra as primeiras vivncias de unio do Criador

    e Criatura. E, sem poder vivenciar esta Luz diretamente, a Vontade de Receber se torna o que

    os Cabalistas chamam de Egosmo.

    O egosmo a tendncia da Criatura de receber apenas para si. Assim, ela observa todo o

    mundo que a cerca baseada num princpio constante: O que posso ganhar com isso?. Esta a

    frase que ecoa na alma de todas as Criaturas quando estas esto vivenciando o egosmo.

    Porm, um Cabalista no ir julgar o egosmo como algo maligno, mas uma tendncia natural

    da Criatura, quando esta est longe do Criador.

    Na verdade, este egosmo permitiu que a humanidade se desenvolvesse at onde estamos. Se

    existe arte, cincia, religio, e toda conquista da humanidade, ela se deu pela evoluo do

    egosmo, que se inicia dos desejos mais primitivos de manuteno de existncia, passando por

    recursos, poder, e chegando ao conhecimento. Porm, o egosmo uma fome sem fim. Ele nos

    mover a buscar sempre algo para saciar esta Vontade de Receber latente em ns, mas que

    nunca poder ser saciada, a no ser pela comunho com esta realidade superior.

    Em essncia, a Cabala a arte que ensina como trabalhar este egosmo, para que vivenciemos

    a comunho com a Luz Divina, pois ela supera qualquer prazer vivenciado por qualquer coisa

    que possa ser vivenciada no plano da ao.