02 - ensaio de thiago sobre mímesis
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Ensaio para livro MímesisTRANSCRIPT
TEORIAS DA FICÇÃO: SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE A TEORIA DO
EFEITO ESTÉTICO, DE WOLFGANG ISER, E A TEORIA DA MÍMESIS, DE LUIZ
COSTA LIMA.
THIAGO DA CÂMARA FIGUEREDO
A aproximação teórica entre ficção e espelho é a alegoria da natureza e da função do
texto literário. Os resultados das interpretações que a correlação provoca chegam a ser
opostos: a) a ficção é semelhante ao espelho, cópia objetiva do real externo; b) o espelho não
duplica a imagem objetivamente, mas a condiciona a sua estrutura, oferecendo uma outra
visão do objeto ou um novo objeto, assim como a ficção. Enquanto a primeira constatação
torna o literário dependente das referências extraverbais, a segunda anula-as ao destacar a
esterilidade do espelho. Não é por isso que os argumentos deixam de apresentar um ponto de
concórdia: ficção e espelho são equivalentes, embora tenham sua ontologia corrompida
(imitativa em a, inaugural em b), de modo a se adequar às indagações teóricas. Questiona-se
aqui se a ficção possui um modus operandi próprio, de maneira que a e b possam contribuir
para uma síntese do comportamento do ficcional, isto é, evita-se a elaboração de uma
definição substantiva do ficcional em privilégio de uma descrição de como a ficção se
constitui.
O material teórico escolhido diz respeito às produções teóricas de Wolfgang Iser (2002,
2001, 1999) e Luiz Costa Lima (2006, 2003, 2002, 2000, 1981, 1974, 1973). Busca-se, assim,
entender como os intelectuais selecionados refletem sobre o comportamento da ficção e, mais
importante, como suas perspectivas dialogam. Se a proximidade entre tais perspectivas é
explícita, o mérito desta empreitada não corresponde à constatação de sua interação, mas à
observação crítica de como ela se estrutura. O ponto de chegada se torna menos relevante que
o desenvolvimento do processo. Perceberá o leitor que a investigação da mímesis de Costa
Lima não apenas se apoia na Teoria do Efeito Estético de Iser, como também consegue
responder a algumas das lacunas que esta abre. Promessas e premissas expostas, é tempo de
destrinchar as teorias da ficção dos teóricos.
O percurso inicial deste ensaio consiste na apresentação da Teoria do Efeito Estético de
Iser e, a partir dela, na exposição das características correlatas da Teoria da Mímesis de Costa
Lima. Através do destaque da semelhança entre tais teorias, buscar-se-á os pressupostos
teóricos que lhes dão base para, uma vez constituída uma visão global de ambas, observar se
apresentam divergências e se estas se comunicam.
Os Atos de Fingir ou o que é Fictício no Texto Ficcional (ISER, 2002) oferece a base da
reflexão iseriana sobre o texto ficcional. O teórico sistematiza tais atos em três, sendo a
seleção o primeiro deles. Ela dá conta da escolha das referências que serão transformadas pelo
texto. De natureza cultural ou literária, os referentes selecionados têm seus valores
transgredidos de sua estrutura semiológica habitual. Há de se perceber que a transgressão do
ato da seleção impossibilita que se atribua um deslocamento objetivo dos sistemas de
referência do mundo extratextual para a atmosfera do texto. As representações que o texto
abarca são transgredidas por ele próprio, que suprime, complementa e valoriza tipos
determinados de acordo com sua intencionalidade.
O ato transgressor seguinte é a combinação. Ela diz respeito, sobretudo, à organização
interna dos elementos textuais, tanto no nível do enunciado quanto na organização da intriga,
e interage com o ato da seleção para construir no corpo do texto o sistema de valores almejado
por sua intencionalidade. Dessa forma, a combinação se caracteriza pela criação de
relacionamentos intratextuais que não se esgotam dentro do texto. Ela deixa de funcionar
como um único relacionamento para se constituir como representação de relacionamentos.
O último ato de fingir é denominado desnudamento da ficcionalidade. Ele é responsável
pela diferenciação entre a Literatura e a realidade; defende que os textos literários se
apresentam historicamente como ficção a partir de um conjunto de convenções que autor e
leitor compartilham. Pode-se dizer que o texto ficcional, ao produzir um mundo, não espera
ser tomado como dado, empírico, mas como se fosse real. Isso é possível porque o mundo
extratextual retorna como algo reconhecível ainda que o texto subtraia o valor pragmático do
conjunto de ações de que se serve para ressignificá-lo e revelar um mundo outro, transgredido
pelos atos, que, ao guardar uma relação com o real, finge-se autônomo. A autonomia do texto
é só aparente, uma vez que seu sentido não pode ser alcançado pela análise exclusiva do eixo
sintagmático. De outra forma, privilegiar-se-ia o princípio da combinação sobre os outros,
quando, na verdade, os três atos de fingir interagem entre si. Em busca do sentido do texto, é
preciso investigar que valores históricos são selecionados por ele e o que o texto faz com tais
valores; além disso, não se deve deixar de atentar que esse tipo de investigação só pode ser
feita pela observação especial da linguagem do texto, sua concretude, a matéria que transmite
seu significado. Obter-se-ia então o mundo do texto, mas não o seu significado. Se o texto se
apresenta como o análogo de um mundo, como se fosse real, seu caráter de fingimento
estabelece uma relação comparativa com o mundo do receptor que o acolhe, atuando neste
encontro uma semelhança e uma diferença entre os sistemas de valores do texto e os sistemas
do leitor histórico. Nas palavras de Iser (2002, p. 976-7):
O mundo representado no texto é uma materialidade que, por seu caráter de como se, não traz em si mesmo nem sua determinação, nem sua verdade, que devem ser procuradas e encontradas apenas em relação com algo outro. Desta maneira, conserva-se formalmente no texto um elemento designativo. Este, entretanto, já não é puramente designativo, porquanto sua função aparece relacionada à função remissiva. Pois, se o como se assinala que o mundo representado deve ser visto como se fosse um mundo, então é necessário manter um certo grau de designação para que o mundo se possa transformar na condicionalidade intencionada.
Para Iser (2002), o texto não pode designar a si mesmo devido ao efeito do como se,
mas apenas remeter aquilo que não é, uma vez que não é um mundo real, embora assim seja
considerado. A remissão prepara o texto para a sua finalidade: tornar-se perceptível ao
promover respostas afetivas nos leitores e assim orientar reações sobre o mundo do texto.
Sendo o mundo do texto irrealizado, porém análogo – exemplo do mundo –, o texto provoca
“uma relação de reação quanto ao mundo.” (ISER, 2002, p. 978).
À semelhança de Iser, Luiz Costa Lima acredita na relação proximal indireta, ou seja,
não objetiva, entre o mundo e o texto, mais especificamente, entre as representações vigentes
no real histórico e as representações presentes no texto ficcional. Seu ponto de partida,
entretanto, é outro: a investigação da mímesis. Costa Lima rejeita a concepção estandardizada
que toma a mímesis como sinônimo de imitação. Dessa maneira, o teórico recusa qualquer
possibilidade de transparência entre o signo e o referente, bem como nega que este seja de
natureza exclusivamente linguística. Costa Lima (1981) reconhece que as formas de
entendimento pressupõem uma abrangência que nem apenas os sentidos (esfera perceptiva) ou
a consciência (esfera cognitiva) conseguem dar conta, uma vez que social (práxis), e recorre à
Sociologia e à Antropologia para defender que todo o tipo de classificação (signo linguístico)
corresponde a uma ordem hierárquica que uma sociedade utiliza para estabelecer e diferenciar
valores, o que engendra os processos de identificação. Pode-se, assim, determinar que as
identidades não equivalem à essência, mas à representações legitimadas por tal sociedade. O
referente deixa de se confundir com o verdadeiro para dizer o representativo. Costa Lima
(1981) ainda faz a ressalva de que não existe real prévio à representação, mas o contrário, as
representações são o que concedem significado ao real.
As representações são estruturalmente organizadas por “grilles” (redes de
classificações) e “frames” (molduras de convenção) que funcionam como o cerimonial social
e a vestimenta adequada, respectivamente. São tais estruturas que orientam a interação
humana no sentido de torná-la efetiva. Se o comportamento delas é automatizado, entretanto,
não se deve supor estanque, pois se a práxis interfere na fabricação dos signos,
posteriormente, a língua passa a reatualizar a práxis. Concretamente, os “frames” operam por
dois processos básicos de flexibilidade: a fabricação e a transposição. Enquanto o primeiro
designa a mentira, a fraude, o segundo revela uma desestabilização da moldura básica, quando
um indivíduo realiza uma ação que gera um significado diferente daquele que parecia indicar.
Essa é a transposição comum ao jogo e a que Costa Lima (1981) relaciona à Literatura devido
a sua capacidade de destituir o valor pragmático dos enunciados no texto literário,
ressignificando-os.
Referindo-nos pois ao que se passa tanto na prosa quanto na poesia, podemos dizer: a mímesis supõe em ação o distanciamento pragmático de si e a identificação com a alteridade captada nessa distância. Identificação e distância, identificação a partir da própria distância constituem pois os termos básicos e contraditórios do fenômeno da mímesis. Pensando-a pois em relação às representações sociais, diremos que ele é um caso particular seu, distinto das outras modalidades porque a mímesis opera a representação de representações. Na fórmula, reencontramos sua propriedade paradoxal. Representação de representações, a mímesis supõe entre estas e sua cena própria uma distância que torna aquelas passíveis de serem apreciadas, conhecidas e/ou questionadas. Essa distância, pois, ao mesmo tempo que impossibilita a atuação prática sobre o mundo, admite pensar-se sobre ele, experimentar-se a si próprio nele. (COSTA LIMA, 1981, p. 230).
Representação de representações, o referente de que se serve a mímesis literária não
supõe a cópia de um objeto, cena ou ideia exteriores. O texto artístico deixa de ser uma
imagem do mundo para se tornar uma reflexão sobre ele ao cobrar do receptor a alteridade
que lhe é ponto de partida. É pelo fingimento que a mímesis faz com que o referente emanado
pelo texto estabeleça uma relação com as referências históricas do receptor, assemelhando-se
ou distanciando-se das representações vigentes na sociedade deste último.
Através do desenvolvimento da atuação dos vetores de semelhança e de diferença em
relação às representações sociais, Costa Lima (2003) chama a atenção para a tarefa do analista
consciente da tensão da mímesis. Ao analista, cabe “desconstruir o significado que
aparentemente esgota o produto” (2003, p. 71), considerando a combinação de semelhança e
diferença na relação entre as duas partes do signo linguístico; em outras palavras, o que
corresponde ou não ao significado do texto artístico em sua mutabilidade histórica. Para o
teórico, limitar-se à observação da semelhança é enclausurar-se no ambiente realista, isto é, na
fidelidade do texto ao que lhe é exterior; tratar a diferença com exclusividade significa reduzir
a abordagem a um perfil unicamente formalista. A variação interpretativa dessa combinação
se comporta de acordo com a posição histórica do receptor, que põe na obra seu estoque
prévio de referências externas e internas à Literatura, estoque de um conjunto de símbolos que
lhe permite acessar o real e do qual a linguagem é área de privilégio. O analista deve então
aproximar o simbólico da sociedade que o representa, não para entendê-lo como reflexo dessa
sociedade, porém para reconstruir os caracteres responsáveis ao conhecimento de sua
estruturação, sem pretender encerrá-lo em um significado definitivo. Por esse motivo, Costa
Lima (1974, p. 40) defende que o mais adequado, face ao literário, é proceder de uma análise
sistêmica, isto é, “aquela que, pela desconstituição da dimensão visível, presente,
sintagmática, procura estabelecer o sistema que a obra constitui e, ao mesmo tempo, dentro do
qual se constitui”, ou seja, em sua dimensão paradigmática.
Um dos objetivos de Costa Lima (2002) é diferenciar uma análise sociológica da
literatura de uma análise sociológica do discurso literário, evitando o tratamento deste literário
como documento, cópia de uma realidade factual. Só através do conhecimento preciso do
estatuto do discurso literário, basicamente, da consideração da produção que a linguagem
opera sobre o real empírico mediada pela práxis social, é que se permite ao analista
reconhecer a relação entre as formas poéticas e as estruturas sociais e analisar a poesia como a
mudança de direção individual da linguagem do plano social para o plano imaginário
(FURTER apud COSTA LIMA, 2002, p. 667). Seu objetivo maior, todavia, consiste na
redefinição do conceito de mímesis. Para o teórico, semelhança e diferença representam ação
fundamental para que se considere a dinamicidade do literário. Assim, Costa Lima (2003, p.
181) classifica como “Ser” à maneira pela qual uma sociedade concebe a realidade e divide a
mímesis em dois tipos: mímesis da representação, aquela em que o vetor semelhança
prepondera; e mímesis da produção, aquela em que o vetor diferença é predominante:
Em suma, toda obra que não tem nem uma relação direta, nem a possibilidade de um efeito direto sobre o real, só poderá ser recebida como de ordem mimética, seja por representar um Ser previamente configurado – mímesis da representação – seja por produzir uma dimensão do Ser – mímesis da produção. Convém ainda esclarecer: para que uma obra da segunda espécie possa ser acolhida pelo leitor é preciso que contenha indicadores do referente que desfaz. A categoria da negação é assim necessariamente ressaltada, muito embora o trabalho da produção vá além do negado. A negação importa como lastro orientador da recepção, a qual, se pretende conhecer o objeto, e não só entender seu comportamento, precisa ver o que se faz com o que se negou. (COSTA LIMA, 2003, p. 182).
É inquestionável reconhecer o alto grau de proximidade entre as teorias de Iser e Costa
Lima. Ambos caracterizam o texto literário como não pragmático, isto é, não possuidor de
uma função direta sobre o contexto, e destacam a impossibilidade de uma transmutação
objetiva dos referentes do mundo para a estrutura do texto. Neste último ponto, a concórdia se
verifica por razões distintas: para Iser (2002), o texto não é cognato do mundo por seu caráter
transgressor; para Costa Lima (1981), pela inexistência de essencialidade dos referentes, que
só conhecem a representação. Os teóricos concordam ainda quanto ao perfil sintético do texto
literário, em outras palavras, na integração da forma e do conteúdo, seja pela relação entre os
atos de seleção e combinação (ISER, 2002), seja pela necessidade de indagar o campo
sintagmático para que se alcance o nível paradigmático e se descubra de que modo estes
interagem (COSTA LIMA, 1974 & 2003). Interação que desemboca no fingimento do texto,
sua condição de revelar-se como análogo do mundo para Iser (2001 & 2002) e sua procura
por alteridade para Costa Lima (1981). É pelo fingimento que a Literatura irrealiza o real, isto
é, torna perceptível algo que não existe no mundo exterior ao texto, mas, que por assumir a
forma de acontecimento para o seu leitor (ISER, 2002), permite-lhe refletir sua atuação no
mundo. O conceito de irrealização do real se comunica fortemente com o que Costa Lima
(2006) declara ser um dos efeitos da poesia: a suspensão do juízo de falso ou de verdadeiro. O
texto literário anula tal paradigma de maneira a levar o receptor a desconsiderar a constatação
dos eventos da ficção em consideração a sua possibilidade de realização. É assim que o texto
permite ao leitor a configuração de uma relação de reação quanto ao mundo (ISER, 2002) e o
questionamento de si próprio pela reelaboração da alteridade de que o texto se vale (COSTA
LIMA, 1981), ativando a dimensão afetiva para o estabelecimento de um significado.
As posições de Iser e Costa Lima não apenas dialogam entre si, como, obviamente,
respondem às questões comuns à Teoria da Literatura. O texto deixa de ser tomado como
sintoma do social ou ainda da consciência criadora. A intencionalidade do texto se constrói
linguística e historicamente pelo trabalho interno e pela reverberação dos valores do texto em
relação às sociedades em que são produzidos e que o recepcionam. O princípio de
despragmatização não se confunde com a desautomatização formalista, que visava apenas o
prolongamento da percepção. Se o texto não surge pragmático, é pelo fingimento, pelo como
se, que se torna, uma vez que possibilita a reflexão do sujeito em relação a si próprio e ao seu
mundo. A representação de relacionamentos (ISER, 2002) não só eleva o texto à
universalidade, como, sendo a mímesis representação de representações (COSTA LIMA,
1981), concede ao leitor a possibilidade de refletir as estruturas que motivam e controlam a
organização social. Dessa maneira, o texto deixa de ser uma finalidade sem fim, para atribuir-
se uma finalidade histórica. Além desses fatores, Costa Lima (1974) e Iser (2002) combatem a
ênfase na conotação, pois, mesmo no nível mais rudimentar, na palavra, o sentido só é
conhecido pela interação entre os campos denotativo e conotativo, que podem revelar a
predominância da função remissiva ou da função designativa.
Costa Lima e Iser chegam a tais posições pela recusa das concepções anteriores sobre a
arte. Clássicos, formalistas e estruturalistas pensavam o texto literário como participante de
uma relação dicotômica com a realidade. Enquanto os clássicos suprimiram a obra em
detrimento da realidade, os teóricos do Formalismo e do Estruturalismo apagaram a realidade
para se fechar no corpo do texto. Costa Lima e Iser rejeitaram tal oposição e, com base em
Kant, trouxeram o conceito de imaginário como ponto intermédio entre o texto e o real.
Kant (apud HAMMERMEISTER, 2002) desenvolveu a Crítica da Faculdade do Juízo
para unir as duas críticas anteriores, uma vez que havia isolado nestas as estruturas da
sensibilidade e do entendimento. Para o filósofo, o sujeito não tem acesso à coisa em si, mas à
realidade fenomênica das coisas, ou seja, como os objetos aparecem para ele. Desse modo, a
sensibilidade recorre à imaginação para que esta reproduza uma síntese das categorias dadas
ao entendimento. A imaginação tem papel fundamental nesse processo, pois funciona como
ponte entre o sensível e o cognoscível. Entretanto, a imaginação desconhece as leis do
entendimento, porque trabalha com ideias (intuições, distante da realidade fenomenológica) e
não conceitos (que dominam a fenomenalidade do objeto e o significa num juízo
determinante) e, por isso, utiliza a ideia de fim, que aponta eternamente para a reflexão sem
nunca abarcar um conhecimento determinado. Sobre a ideia de fim em Kant, declara Costa
Lima (2000, p. 48-9):
A ideia de fim, portanto, não cabe no juízo determinante, não declara propriedades do objeto; é um suplemento com que a razão contribui para que as coisas tenham sentido.[…]… mais até do que uma suplementação de sentido, aponta para uma forma específica de relacionamento com o mundo. Ela não visa a seu domínio – pois o entendimento é também uma forma de domínio – senão que supõe uma experiência de consonância e desafio.
Experiência de consonância e desafio, a imaginação em Kant se comporta de forma
dupla: pode ser subordinada ao entendimento, quando gera uma intuição a partir da
representação que o objeto executa a respeito do estoque de representações deste objeto que o
entendimento conhece, significando pela semelhança (conceito kantiano de representação);
pode extrapolar os limites do juízo determinante e, face a um objeto de difícil compreensão,
significar pela diferença, isto é, intuindo uma outra natureza (conceito kantiano de
apresentação). O primeiro tipo de experiência, ainda que incapaz de totalizar o objeto pelo
domínio de um conceito, consegue oferecer um significado em certo grau estável, porque
consonante com as representações observáveis no mundo. Diferentemente, a apresentação
motiva a atuação intensa do juízo reflexionante, que é indeterminado, posto que não visa a
totalizar-se em um tipo de conhecimento. Por isso, para Kant (apud COSTA, 2010, p. 41), a
ideia de fim desemboca na finalidade sem fim do texto, onde apenas o sentimento do sujeito
(a fruição resultante do juízo de reflexão), e não o conhecimento do objeto, se apresenta como
seu fundamento.
Ambos Costa Lima e Iser recusam o princípio kantiano de finalidade sem fim pela
atenção que concedem à recepção histórica do sujeito. Ainda assim, a finalidade sem fim
kantiana se mantém nas teorias de Iser e Costa Lima pela impossibilidade de totalização do
objeto artístico, cujo efeito pragmático só se realiza historicamente. O conceito kantiano de
apresentação é equivalente ao que Costa Lima classifica como mímesis da produção e a
caracterização transgressora que Iser dá ao literário pela transformação das referências do real
executada pelo texto. A dimensão afetiva da mímesis literária, que conduz a reflexão do
próprio sujeito e de seu real histórico é também uma herança de Kant. Mais importante que
todas essas observações, entretanto, é reconhecer a relevância do conceito de imaginação nas
teorias de Iser e Costa Lima. Iser (2002) justifica a presença do imaginário devido ao fato de o
texto de ficção lançar uso de elementos do real sem se esgotar em sua referência ao real, de
maneira que “o seu componente fictício não tem o caráter de uma finalidade em si mesma,
mas é, enquanto fingida, a preparação de um imaginário” (ISER, 2002, p. 957). É impossível
deduzir o fingir da realidade repetida, na verdade, o fingimento do texto se transforma em
signo, ocasionando uma transgressão da determinação habitual daquela realidade que lhe
serve de parâmetro. Por isso, pelo deslocamento da determinação habitual da realidade, é que
Iser considera o ato de fingir uma transgressão de limites. Uma ressalva é feita pelo autor: o
fingir e o imaginário não se equivalem. O fingir estabelece um objetivo, elabora um fim, que
então mune o imaginário com as condições necessárias para que este desenvolva uma
determinada configuração; noutras palavras, o fingir se realiza através da atuação do
imaginário:
No ato de fingir, o imaginário ganha uma determinação que não lhe é própria e adquire, deste modo, um predicado de realidade. É significativo que ambas as formas de transgressão de limites, realizadas pelo fingir no espaço da relação triádica, sejam de natureza distinta. Na conversão da realidade vivencial repetida em signo doutra coisa, a transgressão de limites manifesta-se como uma forma de irrealização; na conversão do imaginário, que perde seu caráter difuso em favor de uma determinação, sucede uma realização do imaginário. (ISER, 2002, p. 959).
A determinação adquirida pelo imaginário em Iser, a irrealização do real, comunica-se
com o processo de flexibilização dos “frames” – especificamente, a transposição –, que
investiga Costa Lima, quando os processos de significação utilizam uma moldura que, apesar
de reconhecida como habitual, cria a expectativa da identificação de um sentido que nela não
se pode aplicar devido a sua reestruturação. Costa Lima (1981) caracteriza esse tipo de
flexibilização como “the play frame”, ou a moldura do jogo, e argumenta ser esta a arquitetura
do texto literário, uma vez que pressupõe a interação de elementos primários (significações
habituais) e secundários (significações produzidas). Bateson (apud COSTA LIMA, 1981, p.
224 – 225) declara: “no processo primário [por exemplo], mapa e território são igualados; no
secundário, podem ser discriminados. No jogo, eles são tanto igualados, quanto
discriminados”. Costa Lima utiliza a citação de Bateson para diferenciar o texto ficcional –
entendido como jogo, isto é, por permitir uma aproximação e um distanciamento entre os
processos primários e secundários – da fantasia, referindo-se principalmente aos sonhos,
“frames” primários. Por isso, para Costa Lima (1981, p. 230):
A transposição imposta pela mímesis tem como condição prévia que eu saiba que isso é um jogo particular, onde o prazer não se esgota no próprio objeto do jogo. Jogo particularizado, a mímesis distingue-se dos demais porque sua ludicidade é apenas um ponto de partida, que logo se transforma numa seriedade que lhe é reservada: a de pensar-se sobre o que se joga.
Se o texto literário é um jogo, é o imaginário que permite apreciá-lo. Iser (2001, p. 107)
designa dupla tarefa para o leitor, a imaginação e a interpretação:
Assim o texto é composto por um mundo que ainda há de ser identificado e que é esboçado de modo a incitar o leitor a imaginá-lo e, por fim, interpretá-lo. […] O que sucede dentro dele não tem as mesmas consequências inerentes ao real definido. Assim, ao se expor a si mesma, a ficcionalidade assinala que tudo é tão só de ser considerado como se fosse o que parece ser; noutras palavras, ser tomado como jogo.
A aproximação entre as duas últimas citações de Costa Lima e Iser expõem mais que a
aproximação da caracterização do texto ficcional como um jogo peculiar. Elas ainda
corroboram diversos pontos levantados por este ensaio: apontam para o comportamento não
pragmático do texto literário, que só a posteriori se desenvolve, a partir da reflexão sobre o
que se joga; destacam o aspecto reflexivo do texto através da alteridade que suscita; não
permitem esquecer o contato entre a remissão e designação, ou a diferença e a semelhança,
que o jogo do texto constrói em relação ao real histórico; sobretudo, revelam a importância da
filosofia kantiana, concretamente, da inserção do conceito de imaginário para a consideração
da especificidade do texto ficcional.
É preciso reconhecer que as investigações de Iser se mostram essenciais para a
reelaboração do conceito de mímesis por Costa Lima, como bem este revela através da
referência explícita ao teórico na maior parte de suas obras. Entretanto, não se deve concluir
que Costa Lima seja um mero tradutor ou adaptador da teoria iseriana. Ele vai além ao
recorrer a uma análise interdisciplinar dos sistemas de representação social, bem como ao
promover uma releitura sobre o fenômeno da mímesis da Antiguidade até a
contemporaneidade. É tal releitura que permite a Costa Lima perceber como os vetores de
semelhança e diferença, consequentemente, a mímesis da representação e a mímesis da
produção predominam em determinados momentos históricos.
Em Mímesis e Modernidade (2003), Costa Lima parte de uma análise da sociedade
grega para avaliar como esta concebia o real. O teórico conclui, à semelhança do que chama
Lukács (2003) de sistemas fechados, que a sociedade grega antiga tinha uma concepção
harmoniosa da natureza (physis) e encontrava nas produções artísticas uma forma de
identificação entre o sujeito e a sua comunidade. O teórico desenvolve ainda o conceito de
controle do imaginário, que diz respeito ao controle ideológico que os grupos dominantes
exercem sobre a sociedade. Na Grécia Antiga, defende Costa Lima (2003), as subjetividades
estavam subordinadas aos valores comunitários, sobretudo, à virtude. Diferentemente, nas
sociedades modernas, ou nos sistemas abertos – à moda de Lukács (2003), as condições
sócio-históricas fazem o homem questionar a realidade como algo dado e bem construído,
recusando a harmonia da physis. Contribuíram para tal modificação social o triunfo do
capitalismo, a consciência da passagem do tempo, a queda da aristocracia e a ascensão
burguesa, fatos que estabeleceram um sistema de paridade entre as classes, antes divididas em
estamentos.
O homem moderno veste a ideologia do “self-made man”, aquele que pode mover-se
entre as camadas sociais e em torno do qual o real é moldado. Aliado ao questionamento do
real como inerência está a emersão da subjetividade, ou seja, o juízo individualizado. A
consequência de tal transformação social revela que se nas formas poéticas dos sistemas
fechados o homem se dirigia à arte para encontrar-se, ver-se semelhante a sua comunidade,
nas formas dos sistemas abertos, o homem recorre ao texto em busca de si próprio, já que a
estrutura social esfacelou os sistemas de representação. Pode-se concluir que enquanto a
Literatura Antiga enfatiza a semelhança, a representação, a Literatura Moderna enaltece a
diferença e, por isso, caracteriza-se pela negação, onde a forma própria do objeto representado
é ponto de chegada e não de partida. A mímesis da modernidade abandona a representação de
um objeto a serviço e reconhecimento da comunidade, seus valores e suas práticas, e cobra ao
sujeito uma interação na recepção do objeto, o preenchimento de seus vazios, questionando e
explicitando a aparência natural da práxis social. Iser (2001, p. 105-6) é completamente ciente
dessa dinamicidade do literário de que fala Costa Lima. Prova disso é a seguinte passagem:
Em sistemas fechados, todo o existente deveria ser traduzido em algo tangível. Num sistema aberto, o componente mimético da representação declina e o aspecto performativo assume o primeiro plano. […] Conversão de um vir aquém das aparências para captar um modo inteligível a um modo de criação de mundo.
E ainda que Iser (2002) reconheça que o aspecto performativo, ou produtivo para Costa
Lima (2003), é característica do mundo moderno: “o pré-dado não é mais visto como um
objeto de representação, mas sim como o material a partir do qual algo novo é modelado”
(ISER, 2001, p. 105), o teórico parece ignorar que o texto ficcional não se constitui apenas
por seu aspecto remissivo, mas pode se fazer significativo a partir do predomínio do caráter
da designação. O resultado dessa reflexão demonstra que a Teoria do Efeito Estético de Iser
releva a produção ficcional anterior à Modernidade; soma-se a tal perspectiva a necessidade
destacada pelo teórico de ser o texto ficcional transgressor de limites. Mesmo que o teórico
chame atenção para o caráter reflexivo do texto ficcional, a ênfase que Iser dá à transgressão
acaba por prescrever um comportamento para o texto ficcional que transforma a transgressão
na própria finalidade do texto literário.
É proveitoso considerar que um texto pode ser representativo, ainda que inserido nas
sociedades abertas. A escrita realista tradicional, por exemplo, mais reitera os valores da
sociedade que os transgride, e tal comportamento se liga diretamente à noção de controle do
imaginário. Precioso é perceber que, assemelhando-se ou divergindo das representações
vigentes na sociedade, é pela atuação do imaginário, ou por seu controle, que o texto ficcional
elabora sua mímesis, isto é, sua representação/apresentação própria.
O motivo que leva Iser a desconsiderar o predomínio do vetor semelhança pode ser a
ausência de uma reflexão acerca da mímesis ou uma concepção da mímesis clássica como
imitação. Costa Lima (1973, p. 53-4) defende que nem em Aristóteles existe uma
caracterização da mímesis como imitação, já que, diferente de Platão, Aristóteles suspendeu a
constatação de verdade entre a cena do texto e uma cena anterior, pois a mímesis se
circunscreve ao campo do possível e não do verdadeiro. Ao invés de reproduzir a realidade, é
pela atuação da verossimilhança que a mímesis se liberta de sua dependência em relação ao
factual e passa a produzir realidades possíveis:
Por isso o poeta e o historiador se distinguem. Este narra fatos sucedidos, aquele, possíveis. O historiador verifica a atualização do possível, o poeta, o possível de atualização. Mas como se faz legítima a atualização do não acontecido, do apenas provável? Estão implícitos na argumentação dois conceitos: o da essência como alma (centro) das coisas e o de verossimilhança, que se poderia descrever como adequação do aparente com o essencial. O verossímil sensibiliza a essência; torna-a reconhecível entre atos e objetos. Com isso, a lógica aristotélica se amplia. O real legítimo para a narrativa não é o que apenas reproduz a realidade, mas sim o que pode haver. (COSTA LIMA, 1973, p. 54).
Depreende-se da passagem acima, da possibilidade de existência, as três formas de
representação que Aristóteles percebe no fictício: o poeta representa as coisas “como elas
eram ou são, como os outros dizem que são ou dizem que parecem ser, ou como deveriam
ser” (cap. XVI, §2). Quando se supõe que Iser ignore o caráter representativo da mímesis
clássica já em Aristóteles, não se acredita que o teórico desconheça a Poética. Se Costa Lima
remete a ela em diversas de suas obras, a apreciação do tratado do Estagirita pode ser
facilmente constatada pela leitura da Teoria do Efeito Estético. Que dizer dos conceitos de
seleção e combinação de Iser, eixos paradigmático e sintagmático em Costa Lima
respectivamente, senão que eles se comunicam de maneira estreita com o desdobramento da
verossimilhança aristotélica em externa e interna? Considere-se as proposições de Aristóteles
(cap. VI, §2 & §8):
A tragédia é a imitação de uma ação importante e completa, de certa extensão; deve ser composta num estilo tornado agradável pelo emprego separado de cada uma de suas formas; na tragédia, a ação é apresentada, não com a ajuda de uma narrativa, mas por atores. Suscitando a compaixão e o terror, a tragédia tem por efeito obter a purgação dessas emoções. […]A imitação de uma ação é o mito (fábula); chamo fábula a combinação dos atos; chamo caráter (ou costumes) o que nos permite qualificar as personagens que agem; enfim, o pensamento é tudo o que nas palavras pronunciadas expõe o que quer que seja ou exprime uma sentença.
O mito aristotélico traz em si a integração da coisa representada (a ação selecionada do
real) e da forma pela qual a coisa é apresentada (estilo agradável). A organização interna da
representação se mostra tanto no nível das construções linguísticas do estilo (rima, ritmo,
metro etc.) quanto na combinação dos atos da ação. O objetivo da representação diz respeito à
expurgação das emoções que podem corromper o homem. Costa Lima (1973) observa que a
finalidade da mímesis aristotélica, a catarse, consiste no encaminhamento do homem para o
bem, pois, pela experimentação das emoções representadas no palco, aquele não precisa senti-
las na vida. Se Iser e Costa Lima redimensionam a catarse aristotélica – visto que ela coloca o
espectador numa posição passiva, como uma intervenção médica que objetiva a cura – e
destacam o exercício reflexivo que o texto ficcional cobra do leitor ao fazê-lo se experimentar
numa alteridade, tal reflexão não se efetua sem a presença da dimensão afetiva da mímesis.
Aristóteles percebeu na mímesis a necessidade de envolvimento das emoções do espectador
como condição para o alcance da catarse, mas também a possibilidade de conhecimento que a
mímesis oferece: “a causa é que a aquisição de um conhecimento arrebata não só o filósofo,
mas todos os seres humanos, mesmo que não saboreiem tal satisfação durante muito tempo”
(cap. IV, §4).
Elaborada a relação entre o texto aristotélico e as teorias de Iser e Costa Lima, resta
ainda reconhecer que, apesar de ambos partirem das categorias desenvolvidas pelo Estagirita
para a reflexão do ficcional, Iser abandona a investigação das representações clássicas e
privilegia a performatividade do texto moderno. De outro modo, Costa Lima resgata o
conceito antigo de mímesis, livrando-o da caracterização estandardizada de imitação para
reconhecer a produtividade do conceito, ainda que como Iser, redimensione o efeito catártico
da mímesis aristotélica pela reflexão ativa do receptor. O pomo de concórdia entre os teóricos
é a filosofia de Kant, que traz o conceito do imaginário e oferece as condições necessárias
para se pensar o texto ficcional a partir de seu perfil remissivo e designativo, ou semelhante e
negativo. Iser chega inclusive a suplementar o argumento de Aristóteles (cap. IV, §2) de que
“a tendência para a imitação é instintiva no homem, desde a infância. […] Pela imitação
adquirimos nossos primeiros conhecimentos, e nela todos experimentamos prazer”, pelo
entendimento do fictício e do imaginário como uma estrutura transcendental humana, cuja
investigação revela o quanto “os seres humanos parecem precisar de tal meio de fingimento”
(ISER, 1999, p. 66).
Porém, as teorias de Iser e Costa Lima não se devem supor inaugurais nem
desconectadas da reflexão do ficcional da própria Teoria da Literatura. Na verdade, elas se
desenvolvem, sobretudo, como oposição às práticas formalistas e estruturalistas, que tratavam
o texto como um calabouço de elementos linguísticos; às abordagens psicologizantes e
biografistas que buscavam totalizar a obra como se esta pudesse se limitar às estruturas
psíquicas de seu criador, constituindo-se um análogo deste; e às leituras sociologizantes, que
concebem a ficção como documento do real.
A investigação aqui conduzida não pretendeu dar conta da Teoria do Efeito Estético de
Iser nem da Teoria da Mímesis de Costa Lima. Antes, buscou-se discutir suas semelhanças e
diferenças mais salientes. Se a sensação é de dever cumprido, ainda resta espaço para
provocar o leitor com uma indagação: seria o caráter reflexivo do texto ficcional defendido
por Iser e Costa Lima a especificidade do literário ou uma finalidade provisória, que encontra
respaldo na posição histórica dos intelectuais que a elaboraram... Homens modernos,
motivados pelo desejo de autonomia e pela ânsia de exercerem suas agências, porém
condenados a buscar, sem sucesso, na superfície do espelho, a harmonia de suas
representações?
REFERÊNCIAS
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