ensaio clÍnico randomizado de prevenÇÃo primÁria de …

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Data: 18/05/2015 Versão: 3.0 São Paulo - SP Brasil CHAGASICS CONFIDENCIAL Página: 1 de 39 INCOR HC-FMUSP Este documento é confidencial e de propriedade dos autores. Nenhuma informação contida neste documento que ainda não tiver sido publicada poderá ser divulgada sem autorização prévia dos mesmos por escrito. O acesso a este documento deverá obrigatoriamente ser restrito as partes relevantes. ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO DE PREVENÇÃO PRIMÁRIA DE MORTE NA CARDIOPATIA CHAGÁSICA CRÔNICA: USO DE AMIODARONA VERSUS CARDIODESFIBRILADOR IMPLANTÁVEL CHronic use of Amiodarone aGAinSt Implantable Cardioverter Defibrillator therapy in Chagas’ cardiomyopathy for Primary Prevention of Death. A Randomized Clinical Study.

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Page 1: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO DE PREVENÇÃO PRIMÁRIA DE …

Data: 18/05/2015 Versão: 3.0 São Paulo - SP Brasil

CHAGASICS CONFIDENCIAL

Página: 1 de 39

INCOR

HC-FMUSP

Este documento é confidencial e de propriedade dos autores. Nenhuma informação contida neste documento que ainda não tiver sido publicada poderá ser divulgada sem autorização prévia dos mesmos por escrito. O acesso a este documento deverá obrigatoriamente ser restrito as partes relevantes.

ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO DE PREVENÇÃO PRIMÁRIA DE MORTE NA CARDIOPATIA CHAGÁSICA CRÔNICA: USO DE

AMIODARONA VERSUS CARDIODESFIBRILADOR IMPLANTÁVEL

CHronic use of Amiodarone aGAinSt Implantable Cardioverter Defibrillator therapy in Chagas’ cardiomyopathy for Primary Prevention of Death. A

Randomized Clinical Study.

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Índice

Introdução.....................................................................................................................................................4

A doença de Chagas ..................................................................................................................................4

A gravidade da doença..............................................................................................................................5

Mecanismos da Morte Súbita Cardíaca ....................................................................................................7

Estratificação de Risco...............................................................................................................................8

Opções terapêuticas antiarrítmicas ..........................................................................................................9

Resumo e Hipótese .................................................................................................................................13

Objetivos .....................................................................................................................................................14

Objetivo Primário ....................................................................................................................................14

Objetivos secundários .............................................................................................................................14

Variáveis desfechos.................................................................................................................................15

Desfecho primário ...............................................................................................................................15

Desfechos secundários........................................................................................................................15

Métodos ......................................................................................................................................................15

Amostra populacional .............................................................................................................................15

Inclusão ...................................................................................................................................................15

Exclusão...................................................................................................................................................16

Desenho do Estudo e Etapas ..................................................................................................................17

Randomização e Sigilo da Lista de Alocação ...........................................................................................18

Grupo CDI ............................................................................................................................................18

Grupo Amiodarona..............................................................................................................................18

Seguimento Clínico..............................................................................................................................19

Visitas não programadas .....................................................................................................................19

Classificação dos óbitos.......................................................................................................................20

Hospitalização por Insuficiência Cardíaca ...........................................................................................20

Cálculo do Tamanho da Amostra ................................................................................................................20

Métodos Estatísticos ...........................................................................................................................21

Análises de subgrupo planejadas ........................................................................................................22

Realização de sub-estudo planejado...................................................................................................22

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Considerações Especiais..............................................................................................................................22

Critérios para Interrupção da Amiodarona .................................................................................................23

Interrupção Definitiva .........................................................................................................................23

Interrupção a critério do investigador/Paciente ou redução da dose ................................................24

Observações sobre interrupção ..........................................................................................................24

Eventos Adversos ........................................................................................................................................25

Eventos Adversos Sérios......................................................................................................................25

Desvios do Protocolo...................................................................................................................................26

Riscos e Benefícios ......................................................................................................................................26

Riscos ao Paciente ...............................................................................................................................26

Benefícios ao Paciente ........................................................................................................................26

Organização do Estudo................................................................................................................................27

Bases Éticas e Regulatórias e Controle de Qualidade dos Dados ...............................................................28

Cronograma.................................................................................................................................................29

Orçamento ..................................................................................................................................................30

Referências Bibliográficas ...........................................................................................................................31

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Introdução

A doença de Chagas

A doença de Chagas (Trypanosomiasis americana) é causada pelo protozoário

parasita Trypanosoma cruzi, transmitido aos seres humanos pelas fezes de um

inseto hematófago, da família Triatominae, na maioria dos casos1. Geralmente a

infecção ocorre na infância e a fase aguda tem período de incubação de 1 a 2

semanas podendo durar até 3 meses. Segue-se a fase crônica na qual por muito

tempo - 2-4 décadas na maioria das vezes - os pacientes apresentam apenas

sorologia positiva para a doença de Chagas (DC), sem sintomas ou outros sinais de

doença clinicamente aparente.2,3

Tais pacientes apresentam, portanto, a chamada forma indeterminada da doença

de Chagas, cujo prognóstico é essencialmente benigno.4,5

Enquanto, por mecanismos patogenéticos ainda incompletamente entendidos6,

muitos pacientes permanecem por toda a vida com essa forma da doença, cerca

de 30 a 50% dos indivíduos infectados evoluem para as formas determinadas:

cardíaca, digestiva, ou mista. A cardiopatia chagásica crônica (CCC), uma

cardiomiopatia de padrão hemodinâmico semelhante ao da cardiomiopatia

idiopática dilatada, mas com peculiaridades fisiopatológicas muito acentuadas,

constitui a forma clínica mais comum e mais grave da DC, sendo responsável por

expressiva morbi-mortalidade em muitos países latino-americanos (e com

relevância epidemiológica também contemporaneamente reconhecida em países

com expressiva imigração por indivíduos oriundos daqueles).7

Estima-se que 8-10 milhões de pessoas estejam infectadas pelo Trypanosoma

cruzi na América Latina e em outros países.8,9,10 Considerando a hipótese de pior

cenário, com base nas estimativas acima, pode-se deduzir que 3-5 milhões de

indivíduos infectados manifestarão formas clínicas da doença em sua fase crônica.

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A gravidade da doença

A taxa de mortalidade entre pacientes com DC continua sendo elevada em muitos

países latino-americanos e está fortemente relacionada à presença da

cardiomiopatia crônica. Atualmente, a taxa de mortalidade anual média para a

população infectada com manifestação cardíaca da DC é estimada como da ordem

de 4%, podendo variar de 1 a 10% conforme estratificação de risco embasada em

características clínicas e exames cardiológicos simples11 (ver Tabelas 1 e 2 abaixo).

Tabela 1. Variáveis independentes de mortalidade na cardiopatia chagásica

crônica e seu valor ponderal

Fator de Risco Pontos

Classe funcional III ou IV (NYHA) 5

Cardiomegalia (índice cardiotorácico > 0,50 ao raio-X de tórax) 5

Anormalidade de movimentação segmentar ou global de parede

do ventrículo esquerdo (Eco 2D)

3

TVNS (Holter de 24h) 3

QRS de baixa voltagem (ECG) 2

Gênero masculino 2

NYHA, New York Heart Association; TVNS, taquicardia ventricular não sustentada; Eco 2D, ecocardiograma bidimencional; ECG, eletrocardiograma. Adaptado da Ref 11.

Tabela 2. Totalização do escore de risco para predição de mortalidade na

cardiopatia chagásica crônica

Mortalidade total

Total de pontos 5anos 10 anos Risco

0–6 2% 10% Baixo

7–11 18% 44% Intermediário

12–20 63% 84% Alto

Adaptado da Ref 11.

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CHAGASICS 6/39

Além dos critérios empregados na estratificação de risco exposta nas Tabelas 1 e

2, diversos marcadores de pior prognóstico têm sido identificados por vários

autores, especialmente no que se refere a morte súbita cardíaca em diversos

contextos clínicos12,13,14,15,16,17,18,19,20,21,22,23,24,25,26,27,28,29,30,31.

Características como pré-síncope e síncope, disfunção ventricular esquerda e

insuficiência cardíaca, taquicardia ventricular sustentada (TVS) ou não sustentada

(TVNS), bradiarritmia grave (doença do nó sinusal e bloqueio atrioventricular

avançado) e parada cardíaca prévia, foram identificadas como marcadores de

risco de morte súbita cardíaca (MSC). Por outro lado, extrassístoles ventriculares

isoladas ao Holter e bloqueio de ramo direito, não interferem significativamente

no prognóstico da CCC.

A MSC frequentemente se associa a manifestações de insuficiência cardíaca (IC),

mas pode também ocorrer em pacientes com disfunção ventricular esquerda

assintomática32,33,34. É responsável por aproximadamente 55 a 65% de todas as

causas de óbitos1, ao passo que IC refratária é causa de morte em cerca de 25 a

30% dos pacientes e tromboembolismo sistêmico ou pulmonar em cerca 10 a

15%3,34,35,36,37. Muito raramente, rotura de aneurisma pode ser o mecanismo de

morte súbita na CCC38.

Recentemente descreveu-se, de maneira esquemática, a correlação entre estágios

da CCC e causas de mortalidade (Figura 1)10. A MSC costuma acometer pacientes a

partir do estágio II da doença, sendo mais relevante no estágio III e um pouco

menos no estágio IV, no qual torna-se bastante frequente a insuficiência cardíaca

refratária, como causa mortis.

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Mecanismos da Morte Súbita Cardíaca

O principal mecanismo de morte súbita na CCC é arritmogênico, sendo que a TVS

com fibrilação ventricular (FV) subsequente é responsável pela imensa maioria

dos eventos letais39. Nesse sentido, as anormalidades estruturais da CCC - com

inflamação, morte celular e fibrose reativa e reparativa - constituem o substrato

anatômico ideal porque promovem bloqueios unidirecionais e áreas de condução

lenta propícias para desencadeamento de reentrada elétrica. Os disparadores que

incidem sobre esse substrato anatômico, as extrassístoles ventriculares, também

invariavelmente presentes, completam os elementos essenciais para a instalação

da taquiarritmia ventricular por reentrada3,18,20,22,27,34. Assim, TVNS pode ocorrer

em cerca de 40% dos pacientes com CCC e alterações regionais da mobilidade

segmentar, e em praticamente todos os pacientes com disfunção sistólica global

de VE e insuficiência cardíaca40. A TVS, de prognóstico mais ominoso, ocorre

Figura 1. Relação entre os estágios evolutivos da cardiopatia chagásica crônica e

causas de morte – Copiado de Ref 10.

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espontaneamente e pode ser reproduzida em cerca de 80-85% dos pacientes

durante estudo eletrofisiológico17,18,41. O bloqueio atrioventricular total é outra

causa possível, mas menos comum de MSC na CCC, como consequência da

degeneração necrótica e fibrose difusa predominantemente na região

atrioventricular19.

Como referido acima a MSC também pode ser resultante de tromboembolismo

pulmonar massivo ou de acidente embólico sistêmico em órgãos vitais, e,

excepcionalmente, ser consequência de rompimento de aneurisma apical de

ventrículo esquerdo.

Estratificação de Risco

Como exposto acima, Rassi et al definiram um escore para estratificação de risco

para mortalidade de pacientes com CCC, com base em variáveis clínicas e em

exames cardiológicos básicos11 (Tabelas 1 e 2).

O escore de Rassi, após sua definição em coorte inicial, e depois de validado

externamente em outra coorte independente (Hospital Evandro Chagas, Rio de

Janeiro), foi também aplicado por outros investigadores em terceira coorte

analisada retrospectivamente, de 149 pacientes, com resultados similares42. Estes

investigadores também propuseram que a presença de TV ao teste de esforço ou

Holter de 24horas, fração de ejeção do VE (FEVE) inferior a 0,50 e QRS>150ms no

ECG de alta resolução (ECGAR) possam identificar pacientes com CCC e risco de

maior mortalidade, em cinco anos. A ausência desses fatores ou presença de até

um fator caracterizaria grupo de baixo risco; o risco é considerado intermediário

quando ocorrem dois fatores e, alto risco se caracteriza pela presença dos três

fatores. À luz desses dados, e também porque o ECGAR é muito menos disponível

e aplicável, o escore de Rassi (já validado externamente) mostra-se nitidamente

superior para o efeito de seleção de pacientes no contexto deste projeto de

pesquisa.

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Opções terapêuticas antiarrítmicas

O arsenal terapêutico para taquiarritmias ventriculares fatais e prevenção de MSC

inclui: medicamentos antiarrítmicos de diversas classes, ablação por cateter ou

cirurgia e, cardiodesfibrilador implantável (CDI)43. De acordo com a I Diretriz

Latino-Americana para diagnóstico e tratamento da cardiopatia chagásica43, o uso

de amiodarona tem recomendação classe I para o tratamento de pacientes com

CCC, que apresentem: a) TVNS sintomática e disfunção ventricular esquerda; b)

TVS sintomática ou não, com ou sem disfunção ventricular esquerda, não tratados

com CDI; c) um CDI implantado, para reduzir a frequência de choques

apropriados. Ainda de acordo com essa Diretriz, recebeu indicação classe IIb,

apenas, o uso de amiodarona em pacientes com CCC e TVNS, assintomáticos,

mesmo com disfunção ventricular esquerda. Entretanto, outra diretriz, a de

avaliação e tratamento de pacientes com arritmias cardíacas recomenda

amiodarona como classe IIa para pacientes com TVNS assintomática e função

ventricular comprometida44. Vale ressaltar que, de acordo com resultados de

estudos longitudinais recentes11,45 a presença de TVNS ao Holter (principalmente

se associada a comprometimento da função ventricular esquerda) constitui

importante fator de risco para mortalidade na CCC, independente da presença de

sintomas46. A justificativa para o emprego de amiodarona em pacientes com TVNS

é corroborada pelos seguintes resultados: a) nos dois únicos estudos

randomizados que incluíram pacientes chagásicos, o GESICA (n=516, 9,5% de

chagásicos)47 e o EPAMSA (n=127, 22% de chagásicos)48, a administração empírica

de amiodarona em pacientes com insuficiência cardíaca foi capaz de reduzir a

mortalidade total, de maneira significativa, em ambos ensaios, após seguimento

médio de 13 e 12 meses, respectivamente. Arritmia ventricular complexa (pares

de extrassístoles ventriculares e/ou episódios de TVNS) esteve presente em cerca

de 80% a 90% dos pacientes e, no estudo GESICA, o impacto da amiodarona sobre

a redução da mortalidade foi mais acentuado nos pacientes que apresentaram

TVNS de base, (de 57% para 44%) versus uma redução de óbito de 34% para 28%

nos pacientes sem TVNS47; e b) no AMIOVIRT (n=103), único estudo randomizado

de prevenção primária realizado em pacientes com cardiomiopatia dilatada (não

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chagásica) e que apresentavam TVNS de base, não houve diferença na

mortalidade entre pacientes tratados com o CDI e aqueles tratados com a

amiodarona49.

Além de possivelmente reduzir a mortalidade, a amiodarona apresenta

extraordinária eficácia em suprimir batimentos ectópicos ventriculares, reduzida

incidência de efeitos colaterais de monta e de pró-arritmia, particularmente

quando administrada em baixas doses50; em adição a sua propriedade essencial

como medicamento da classe III de E.M. Vaghan Williams, a amiodarona tem

ainda efeito bloqueador beta-adrenérgico (classe II) demonstrado em

experimentos com animais estimulados por isoproterenol51; finalmente, apenas

muito raramente afeta de forma clinicamente significativa o inotropismo cardíaco,

podendo, portanto, ser utilizada, mesmo em casos de grave comprometimento da

função ventricular esquerda52,53.

Já os resultados do estudo SCD-HeFT que concluíram ser a amiodarona neutra em

relação ao placebo em prevenção primária, não devem ser extrapolados para a

CCC. O SCD-HeFT (n= 2.521 – havia ainda um terceiro braço que foi randomizado

para o CDI) incluiu pacientes com cardiopatia isquêmica ou com cardiomiopatia

dilatada idiopática (mas não pacientes com CCC), cuja FE era < 35%. TVNS

(presente em 23% dos pacientes ao Holter) não constituiu critério de inclusão e a

maioria dos pacientes estava em uso regular otimizado de betabloqueadores54.

Ademais, dentre as inúmeras análises de subgrupos realizadas, aquela de maior

relevância no contexto, comparando amiodarona com placebo em pacientes com

e sem TVNS, por razões inexplicáveis, não foi realizada pelos autores do

trabalho54.

Quanto ao emprego do CDI em prevenção primária na CCC, a I Diretriz Latino-

Americana mencionada acima, e publicada recentemente nos Arquivos Brasileiros

de Cardiologia, concluiu que “Não há qualquer evidência científica que sustente a

indicação de CDI na prevenção primária de morte súbita cardíaca, e, portanto,

neste momento, não há recomendação a ser sugerida”. Os resultados evolutivos

em uma exígua série de 13 pacientes com CCC tratados para prevenção primária

com CDI foram recentemente divulgados, mas, obviamente, não oferecem sequer

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indícios para qualquer conclusão mais abalizada sobre a eficácia ou segurança

dessa intervenção terapêutica na CCC55.

Se o cenário da prevenção primária de morte súbita na CCC, seja

farmacologicamente, seja com CDI, ainda é completamente destituído de

evidências científicas que embasem sua eficácia e segurança, também o contexto

da prevenção secundaria se reveste de profundas incertezas, pois não foram

ainda conduzidos quaisquer estudos conclusivos e definitivos.

Assim, o uso empírico de amiodarona para o tratamento de TVS, cuja prevalência

na CCC sem IC é estimada em 2%, está associado à taxa de recorrência de 40% e a

probabilidade de sobrevida varia entre 68% e 84% em três anos de

seguimento56,57,58,59. Em série recentemente publicada de 28 pacientes

consecutivos com TVS, todos tratados apenas com amiodarona, seguidos por

cerca de três anos, a taxa de sobrevida foi de 68%, sendo a disfunção sistólica de

VE o mais significante preditor de morte60. As taxas anuais de mortalidade em

pacientes com CCC e TVS tratados apenas com amiodarona variaram de 5,1% a

10,7%56,60. Esses dados são bastante favoráveis em comparação com os de outras

séries (não simultâneas e nem controladas), de pacientes não tratados ou

medicados somente com quinidina ou procainamida, que têm probabilidade de

sobrevida de apenas 20%, considerando o mesmo tempo de seguimento3,14,34.

Não há demonstração inequívoca de que o uso de amiodarona, guiado por estudo

eletrofisiológico61, seja superior ao seu emprego empírico, inclusive porque

apenas cerca de 29% de 71 pacientes com CCC e TV seriam elegíveis para a

sistemática de tratamento orientado pelo estudo57. Em outros estudos de

associação de amiodarona com antiarrítmicos da classe I ou em alternância com

sotalol, as taxas anuais de mortalidade não foram inferiores às do tratamento

apenas com amiodarona, oscilando entre 8,8%61 e 11,0%62.

Em suma, esses resultados do tratamento com amiodarona em pacientes com

CCC são encorajadores, embora não possam ser diretamente comparados aos

descritos em portadores de cardiopatia isquêmica ou dilatada de alto risco, nos

quais o uso de amiodarona foi capaz de prevenir MSC e de reduzir mortalidade

por todas as causas, conforme resultados de estudos prospectivos63,64 ou

metanálises65,66.

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CHAGASICS 12/39

Como alternativa - quando antiarrítmicos não se mostram eficazes ou não são

tolerados - em grupos diminutos de pacientes selecionados com CCC, a TVS pode

ser corrigida por cirurgia de aneurismectomia ou ablação por cateter, endocárdica

ou epicárdica, parecendo reduzir a probabilidade de MSC43,67. Todavia, tais

resultados não se aplicam, por razões óbvias, à maioria dos pacientes com CCC.

A respeito de uso de CDI para prevenção secundária de MSC na CCC as evidências

científicas se restringem a relatos de pequenas séries ou registros de pacientes

que receberam o dispositivo68,69,70,71,72. Dessas séries, Martinelli-Filho et al e

Muratore et al. observaram que as terapias (disparos) apropriadas do CDI em

pacientes chagásicos são mais frequentes em relação a não chagásicos68,69,70. Além

disso, na maior série de casos publicada71 os resultados em 90 pacientes

consecutivos tratados com CDI revelou evolução nitidamente desfavorável em

comparação com os obtidos em séries de outros pacientes chagásicos, que não

foram tratados com CDI, como assinalado em editorial referente àquele

trabalho73. Esses resultados surpreendentes ocorreram a despeito de nessa série

de 90 pacientes a função sistólica de VE antes do implante do CDI ser

relativamente bem preservada. E também, como previsível com base nos dados

da literatura sobre outras cardiopatias, verificou-se que a frequência de disparos

estava associada a progressão de disfunção ventricular e à morte por insuficiência

cardíaca refratária71. Portanto, a análise desses estudos sugere que a evolução de

pacientes chagásicos com CDI pode não ser tão favorável como a observada em

outras cardiopatias, e que há ainda muitos pontos obscuros com relação ao

emprego dessa forma terapêutica na CCC, mesmo em termos de prevenção

secundária73.

Voltando ao contexto da prevenção primária de MSC os critérios para indicação

de CDI em pacientes com CCC74 são extrapolados de estudos internacionais, que

incluíram predominantemente pacientes isquêmicos com grave disfunção

ventricular. Portanto, não há qualquer relato de evidência científica minimamente

aceitável, para referendar o uso sistemático de CDI visando a prevenir

primariamente MSC na CCC. Porquanto, em verdade, há muitas particularidades

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patogenéticas e fisiopatológicas intrínsecas à CCC, que dificultam qualquer

comparação direta com os resultados da literatura em outras cardiopatias6. A

peculiaridade mais marcante é a de muitos pacientes com CCC mesmo com

função ventricular global preservada já possuírem substrato para arritmias

potencialmente letais, como assinalado acima e confirmado em inúmeros

trabalhos20,34,39,40,41,75.

Não obstante esses conceitos e ponderações, e mesmo que sem embasamento

científico indiscutível, existe percepção relativamente disseminada de que haveria

dificuldade em se justificar a realização de estudo randomizado em larga escala

para prevenção secundária de MSC em pacientes com CCC pela previsão de

obstáculos de natureza ética contra uma alternativa terapêutica ao CDI76.

Atualmente estima-se que não mais que 1.000 dispositivos sejam implantados na

América Latina a cada ano, em pacientes com CCC. O Registro Latino Americano

de CDI recentemente publicado, revelou que apenas 9% dos casos são

implantados para prevenção primária de MSC e não foram apresentados

resultados evolutivos72. Entre outros fatores responsáveis por essas limitações

avulta a constatação de que mesmo para a prevenção secundária, os critérios

clássicos de diretrizes compiladas para outros contextos clínicos, não se aplicam a

muitos pacientes com CCC, pois apresentam arritmias potencialmente fatais em

presença de função global de VE preservada20,34,39,40,41,77.

Em síntese, não há ainda qualquer evidência científica a respeito do papel do CDI

na prevenção primária de MSC na CCC. Nesse sentido, é bastante plausível e

conveniente realizar estudo controlado e randomizado em larga escala nesse

contexto.

Resumo e Hipótese

A doença de Chagas é problema endêmico na América Latina, onde há milhões de

pessoas cronicamente infectadas por T. cruzi, e também assumiu recentemente

relevância clínica e epidemiológica em vários outros países por fatores sociais

migratórios e globalizantes. A CCC ocorre em 30-50% dos indivíduos infectados,

provocando consideráveis taxas de morbi/mortalidade. MSC é a principal forma

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de óbito em pacientes com CCC. Enquanto o implante de CDI e o tratamento com

amiodarona têm sido advogados e executados empiricamente para a prevenção

secundária em pacientes com CCC, inexistem quaisquer evidências científicas

consistentes sobre o papel dessas formas de tratamento para a prevenção

primária da MSC em pacientes portadores de CCC e alto risco de mortalidade78.

A hipótese primordial deste estudo é que o implante de CDI seja mais eficaz na

prevenção primária de morte na CCC que o tratamento medicamentoso com

amiodarona em pacientes com TVNS documentada.

Destaque-se que o risco de morte será avaliado pelo escore de Rassi, validado

com base em variáveis não invasivas, o qual, na dependência dos resultados deste

estudo, poderá passar a guiar a indicação de CDI na CCC.

Objetivos

Objetivo Primário

� Comparar a eficácia do tratamento com implante de CDI e do tratamento com

amiodarona na prevenção primária de morte por todas as causas em pacientes

com CCC e TVNS.

Objetivos secundários

� Validar o uso do escore de estratificação de risco de mortalidade para pacientes

com CCC (escore de Rassi), como critério de indicação de CDI para prevenção

primária de MSC.

� Identificar variáveis clínicas e funcionais de pior prognóstico na CCC conforme o

braço de randomização.

� Registrar o agravamento da insuficiência cardíaca, incluindo a necessidade de

hospitalização, a evolução da classe funcional segundo a classificação da New

York Heart Association, e a indicação de terapia de ressincronização cardíaca

conforme o braço de randomização.

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� Registrar a ocorrência de bradiarritmia, requerendo tratamento com

estimulação por marcapasso artificial conforme o braço de randomização.

Variáveis desfechos

Desfecho primário

� Mortalidade por todas as causas;

Desfechos secundários

� Mortalidade cardíaca;

� Morte súbita cardíaca;

� Agravamento com internação por insuficiência cardíaca;

� Necessidade de estimulação cardíaca no braço de CDI e necessidade de

implante de marcapasso no braço de tratamento com amiodarona.

Métodos

Estudo prospectivo multicêntrico nacional, aberto, comparando desfechos em

dois braços paralelos quanto ao tratamento, com alocação randomizada para

cada grupo, com período de inclusão estimado em 3 anos e seguimento mínimo

de 3 anos após a inclusão.

Amostra populacional

Serão recrutados aproximadamente 1.100 pacientes com CCC estratificados pelo

escore de Rassi11, que atenderem aos seguintes critérios de inclusão e exclusão:

Inclusão

� Assinatura de termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), antes da

randomização e de qualquer procedimento do estudo;

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� Ambos os gêneros, idade >18 anos e <75 anos;

� Sorologia positiva recente (últimos 2 anos) e documentada para doença de

Chagas, em pelo menos dois testes diferentes (hemaglutinação indireta,

imunofluorescência indireta, ou ELISA);

� Presença de pelo menos 10 pontos no escore de Rassi, sendo obrigatória a

presença de pelo menos 1 episódio de TVNS, definido como >3 batimentos

sucessivos e duração <30 segundos, com FC >100 bpm.

Exclusão

� Participação em outro estudo, presentemente, ou terminado há <1 ano, à

exceção de estudo observacional totalmente não relacionado;

� Outra doença cardiovascular concomitante, inclusive diabete melito não

controlado (HAS sem comprometimento de órgãos-alvo permitida);

� Disfunção renal (creatinina sérica >1.5 mg/dL ou TFGe <30mL/min/1.73m2) ou

hepática, com diagnóstico de cirrose ou hipertensão portal ou elevação de

enzimas séricas (AST ou ALT) >3 x o limite superior da normalidade;

� Doença pulmonar obstrutiva crônica moderada ou grave;

� Polineuropatia periférica;

� Hipertireoidismo;

� Etilismo vigente ou não abandonado há > 2 anos;

� Com diagnóstico de psicopatia ou psicose ou adição a drogas ilícitas;

� Expectativa de vida <1 ano, pela própria doença ou por co-morbidades (inclusive

ICC classe IV da NYHA);

� Gravidez ou amamentação;

� Potencial de engravidar durante o estudo (pacientes não menopausadas, e que

não tenham se submetido a processo anticoncepcional radical e seguro);

� Demais contraindicações para uso de amiodarona: intolerância prévia ao

fármaco;

� Indicação formal para uso de amiodarona ou de desfibrilador;

� Uso de amiodarona nos últimos 6 meses, exceto se iniciado há <2 semanas e

cuja dose de ataque tenha sido <10g, e a de manutenção seja ≤200mg/dia;

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CHAGASICS 17/39

� Uso corrente de outros medicamentos com contraindicação ao uso

concomitante de amiodarona;

� Sob esquema terapêutico que possam estar associado a efeito pro arrítmico;

� Retirada deste estudo, anteriormente.

Desenho do Estudo e Etapas

Durante o processo de seleção, e para efeito de aplicação dos critérios de inclusão

e exclusão, serão sempre realizadas as seguintes avaliações complementares:

anamnese completa, incluindo determinação específica da classe funcional de IC

pela NYHA e uso atual de medicamentos, exame físico cardiovascular, ECG-12 de

repouso, radiografia do tórax em PA e perfil, ecocardiograma bidimensional

transtorácico e Holter 24 horas (Figura 3). Essa avaliação clínica inicial prévia à

randomização deverá incluir a análise bioquímica do sangue para: hemograma,

magnésio, potássio, creatinina, uréia, TGP, TGO, TSH e T4 livre.

Figura 3. Desenho do estudo

Avaliação clínica e laboratorial Inicial

Seleção de Paciente

Randomização

Grupo CDI Grupo Amiodarona

Seguimento

• 1ªAnálise Parcial

• 2ªAnálise Parcial

• 3ª Análise Final

Avaliação clínica e funcional

Eventos

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CHAGASICS 18/39

Randomização e Sigilo da Lista de Alocação

Os pacientes selecionados com base nos critérios de inclusão e exclusão serão

randomizados para implante de CDI ou tratamento com amiodarona, à razão 1:1.

O processo de alocação aleatorizada será realizado por sistema automatizado e

central (tipo IWRS) para todos os centros participantes e o sigilo da será garantido

por este mesmo sistema. No caso de ausência de recursos financeiros, a lista será

gerada pela função “aleatória” do MS Excel e, o sigilo será garantido por meio de

envelopes, opacos, lacrado e numerado de forma sequencial.

Grupo CDI

O implante de CDI deverá ser realizado conforme protocolo institucional de cada

centro participante; o dispositivo deverá ser preferencialmente unicameral e a

programação deverá priorizar o ritmo próprio, evitando-se estimulação

ventricular.

Após visita inicial, as visitas de seguimento serão programadas para 10 dias, 1, 4,

8, 12, 16, 20, 24, 28, 32 e 36 meses; será tolerada variação de, no máximo duas

semanas, para as visitas agendadas (a mais ou a menos), caso contrário serão

consideradas visitas não programadas.

A empresa St. Jude Medical Brasil fornecerá apoio técnico para a avaliação dos

dispositivos implantados.

Neste grupo deverá ser evitado o uso de amiodarona, exceto nos casos de

múltiplos choques do CDI, refratários a betabloqueadores (inclusive sotalol) e/ou

ablação por cateter.

Grupo Amiodarona

Os pacientes randomizados para este grupo farão uso de cloridrato de

amiodarona (uma vez ao dia), conforme esquema abaixo:

• Dose inicial de 600 mg/dia, administrada por via oral durante 10 dias,

em ambiente ambulatorial, para impregnação;

• Após o período de impregnação, deverá ser mantida uma dose oral

entre 200 e 400mg/dia, até o final do estudo. Caberá a cada

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CHAGASICS 19/39

investigador optar pela dose ideal de manutenção, a qual poderá ser

norteada pela resposta terapêutica ao Holter de 24h, FC em repouso,

efeitos colaterais, prolongamento do intervalo QTc, etc. Ajustes

posológicos serão permitidos ao longo do período do estudo desde que

a dose de manutenção fique entre 200 e 400mg/dia. Caso o paciente

não tolere uma dose mínima de 200mg/dia, a amiodarona deverá ser

suspensa definitivamente e o tratamento considerado interrompido.

Seguimento Clínico

Todos os pacientes selecionados deverão ser acompanhados por pelo menos 3

anos.

Em todas as visitas programadas os seguintes procedimentos serão realizados:

� Avaliação da Classe Funcional (NYHA);

� Registro de modificações das medicações em uso;

� Contagem dos comprimidos de amiodarona e anotação da dose de manutenção

utilizada;

� Avaliação eletrônica do CDI.

Procedimentos adicionais serão realizados nas visitas programadas para 12, 24 e

36 meses:

� Eletrocardiograma de 12 derivações, em repouso;

� Ecocardiograma-2D transtorácico;

� Exames Bioquímicos;

Holter 24 horas deverá ser realizado aos 10 dias, 4 meses e 12 meses.

Visitas não programadas

� Qualquer contato não planejado previamente entre o paciente e o investigador

do estudo será considerado visita não programada; os dados coletados e

procedimentos realizados nessas visitas seguirão a rotina das visitas

programadas.

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CHAGASICS 20/39

Classificação dos óbitos

� As circunstâncias dos óbitos serão revisadas para caracterização de causa

cardíaca ou não cardíaca e as definições de Hinkle e Thaler79 deverão ser usadas

para avaliar os possíveis mecanismos suspeitos da causa dos óbitos. A

adjudicação dos óbitos e outros desfechos será de responsabilidade de um

Comitê Específico de três membros, e independente do Comitê de Segurança e

Monitoramento de Dados.

Hospitalização por Insuficiência Cardíaca

� Serão consideradas internações por agravamento da insuficiência cardíaca as

admissões hospitalares, incluindo passagens pelo serviço de pronto socorro,

para tratamento de insuficiência cardíaca (Classificação Internacional de

Doenças, 10a revisão – CID-10 = I50) ou edema agudo de pulmão (CID-10 = J81)

que requeiram aumento da medicação e incluam administração de drogas

vasoativas ou inotrópicas positivas intravenosas.

Cálculo do Tamanho da Amostra

Considerando-se uma taxa de mortalidade de 30% no grupo tratado com a

amiodarona após tempo de seguimento médio de 4,5 anos e uma redução

relativa de risco de óbito de pelo menos 30% com o desfibrilador (caindo a taxa de

mortalidade para, no mínimo, 21%), e adotando-se um erro α=0,05, poder de 90%

e perdas de seguimento de até 10%, o tamanho total da amostra é de

aproximadamente 1.100 pacientes (ou seja, 550 em cada braço). O estudo

CHAGASICS será guiado por eventos, de forma que continuará até observarem-se

pelo menos 256 eventos. Assim, caso este número de eventos seja atingido com

menos de 1.100 pacientes a inclusão de pacientes será encerrada. A vantagem de

se utilizar a estratégia guiada por eventos é garantir ao estudo poder estatístico

satisfatório e evitar recrutar um número inadequado de pacientes.

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CHAGASICS 21/39

Este cálculo de tamanho de amostra também contempla a execução de duas

análises interinas que serão realizadas por um comitê independente quando um

terço e dois terços dos eventos houverem ocorrido. Neste sentido, o estudo

também poderá ser interrompido (por segurança, por benefício ou por futilidade)

conforme recomendação do Comitê Independente de Segurança e Monitorização

dos Dados. O método que será utilizado por este Comitê é o de O’Brien &

Fleming, que considera diferentes valores de α para cada análise interina,

adotando valores extremamente conservadores no início do estudo, quando a

amostra é pequena, e valores mais próximos do α pré-estabelecido quando se

está próximo de encerrar o mesmo, será utilizado para nortear a interrupção

prematura do estudo por benefício80,81.

Métodos Estatísticos

Os grupos serão comparados sob o princípio de análise intenção-de-tratar. Caso

haja “crossover” acima de 20% (em qualquer direção) também será realizada

analise de sensibilidade pelo princípio de análise “on treatment”.

Os dados serão expressos como média e desvio padrão ou como proporção.

Variáveis categóricas serão analisadas utilizando o teste do qui-quadrado. Dados

contínuos serão comparados pelo teste t (distribuição normal) ou teste não-

paramétrico de Mann-Whitney (distribuição não-normal).

Eventos cumulativos serão calculados pelo método de Kaplan-Meier e o teste

log-rank será utilizado para comparação entre os grupos.

Razão de risco (Harzard Ratio) com intervalo de confiança de 95% será calculado

por meio de análise de Regressão de Cox; a mesma metodologia será utilizada

para a análise de subgrupos.

Os testes estatísticos serão bicaudais e o valor de P<0,05 será considerado

significativo.

Para organização dos dados e resultados será utilizado banco de dados

relacional com estrutura SQL e as análises estatísticas serão realizadas pelo SPSS

versão 16.0 para Windows.

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CHAGASICS 22/39

Análises de subgrupo planejadas

Análises de subgrupos deverão incluir gênero, idade ≥ ou <60 anos, ocorrência

ou não de fibrilação atrial, classe funcional (NYHA) I e II versus III e IV assim

como pontuação no escore de Rassi.

Realização de sub-estudo planejado

São permitidos sub-estudos de caráter observacionais não relacionados para

preservar a abordagem terapêutica do estudo CHAGASICS. O sub-estudo

relacionado que deverá ser realizado será o de custo-efetividade.

Considerações Especiais

A sistematização de condutas específicas, em relação ao comportamento durante o

seguimento deverá obedecer aos critérios abaixo:

1) Intolerância à amiodarona: após suspensão do fármaco, deverá ser considerada

a introdução ou aumento da dose de betabloqueador;

2) Ocorrência de TVS/FV: deverá ser considerado o aumento da dose de

amiodarona e/ou betabloqueador.

A critério médico poderá ser realizada ablação por cateter.

Em se tratando do grupo amiodarona, após ablação por cateter, o investigador

poderá optar por realizar implante de CDI (crossover), que deverá ser

postergado ao máximo.

Especificamente para o braço de CDI, em caso de tempestade arrítmica ou

arritmia ventricular muito frequente e sintomática a primeira medida

terapêutica complementar deverá ser ablação por cateter e em caso de

insucesso administração de amiodarona (crossover) e/ou ajuste da dose de

betabloqueador.

3) Ocorrência de bradicardia sinusal severa ou bloqueio AV indicará implante de

marcapasso definitivo; o paciente não deverá ser excluído do estudo;

4) Associação de fármacos: inibidores da enzima conversora de angiotensina,

bloqueadores do receptor de angiotensina, betabloqueadores, espironolactona,

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CHAGASICS 23/39

antiplaquetários, etc. poderão ser administrados a critério do médico

assistente;

5) A programação do CDI deverá obedecer aos seguintes critérios: função

marcapasso em modo VVI com programação de frequência ≤ 40ppm; zona de

monitoramento (com terapia desligada) de taquicardia ventricular a partir de

120bpm; função antitaquicardia para terapia de choque ajustada para

frequência de corte de 180bpm e energia máxima. No caso de ocorrência de

taquicardia sustentada a programação de ATP deverá ser ativada, utilizando

“burst” de 8 pulsos programados entre 80 e 90% do ciclo RR da taquicardia

ventricular e repetições a critério médico e terapia de choque de “back-up”.

Critérios para Interrupção da Amiodarona

Interrupção Definitiva

1. Pró-arritmia

a. Aumento da densidade das extrassístoles ventriculares ao Holter

Densidade basal Aumento compatível com pró-arritmia

(Média de EV/h) (Média de EV/h)

10-100 7x

100-300 4x

300-1000 3x

>1000 2x

b. Aumento dos episódios de TVNS

c. Torsades de pointes

Densidade basal (TVNS/24h) Aumento compatível com pró-arritmia

<5 ≥ 50 episódios/24h

≥ 5 >10x

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2. Alterações hepáticas:

a. Aumento de bilirrubinas, TGO, TGP ou fosfatase alcalina em pelo

menos 3x o limite máximo normal

b. Aumento de bilirrubinas, TGO, TGP ou fosfatase alcalina entre 2 a

3x por 2 ou mais meses

3. Alterações tireoideanas:

a. Hipertireoidismo sintomático

4. Alterações oculares:

a. Microdepósitos corneanos de grande intensidade com

embaçamento da visão ou percepção de halo colorido em torno

de alguma fonte luminosa mirada pelo paciente.

5. Prolongamento do intervalo QTc (>500 ms) e/ou dispersão do intervalo

QTc (> 80ms).

Interrupção a critério do investigador/Paciente ou redução da dose

1. Alterações neurológicas:

a. Ataxia e tremor das mãos

2. Alterações dermatológicas:

a. Coloração cinza-azulada da face

b. Hipercromia da pele

3. Alterações digestivas:

a. Náuseas e vômitos, obstipação intestinal

Observações sobre interrupção

1. Aumento do TSH (assintomático): observação rigorosa

2. Hipotireoidismo sintomático: iniciar I-tiroxina, continuação do tratamento

a critério do investigador

3. Aparecimento de alterações radiológicas (infiltrado intersticial e/ou

alveolar difuso e bilateral) não explicadas por ICC ou infecção pulmonar:

interromper o tratamento e realizar exames complementares como

cintilografia pulmonar com gálio, broncoscopia + biópsia pulmonar etc;

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CHAGASICS 25/39

corticosteroide pode ser usado; tratamento pode ser reiniciado

dependendo dos resultados.

Eventos Adversos

Para os propósitos deste estudo, serão considerados eventos adversos quaisquer

eventos desfavoráveis que ocorram após assinatura do TCLE.

Procedimentos pré-planejados e condições pré-existentes documentados no

recrutamento devem ser registrados como história clínica e não deverão ser

considerados eventos adversos, a não ser que tenha ocorrido piora de uma

condição já vigente naquela oportunidade.

Os eventos adversos serão classificados de acordo com a gravidade, causalidade e

resultado e relação com a medicação ou produto do estudo. Serão considerados:

1. Para pacientes do grupo amiodarona: pró-arritmia, distúrbios da tireóide,

hepatotoxicidade, impregnação em córnea ou pele, neuropatia por

impregnação, distúrbios digestivos e fibrose pulmonar50,51,82,83

2. Para pacientes do grupo CDI: infecção no sítio de implante do gerador e

cabo-eletrodo, disfunções relacionadas ao gerador ou aos cabos-

eletrodos, inclusive disparos inadequados84,85.

Eventos Adversos Sérios

Deverão ser relatados, em prazo máximo de 24 horas após conhecimento do

evento, ao Centro Coordenador do estudo e ao Comitê de Ética em Pesquisa do

centro vigente.

Serão considerados:

1. Óbitos por qualquer causa: Se o óbito ocorrer em paciente do grupo CDI

deverá ser realizada uma avaliação completa do dispositivo acompanhada de

registro impresso dos dados eletrônicos.

2. Hospitalizações ou prolongamentos da internação: serão consideradas

quaisquer hospitalizações por um período maior que 24 horas e qualquer

situação que leve ao prolongamento da permanência do paciente no hospital

como, por exemplo: sepse, piora da IC, complicações do implante, etc.

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CHAGASICS 26/39

Desvios do Protocolo

Casos de não observância das regras do estudo serão considerados desvios do

protocolo. Estes deverão ser documentados e relatados, em até 30 dias após sua

ocorrência ao Centro Coordenador, que determinará a conduta a ser adotada.

O CEP de cada Instituição também deverá ser comunicado sobre estes desvios

através dos relatórios periódicos de acompanhamento do estudo.

Riscos e Benefícios

Riscos ao Paciente

Os riscos ao paciente compreendem as complicações conhecidas e eventos

adversos relacionados aos procedimentos de implante do CDI e ao uso de

amiodarona55-58.

Benefícios ao Paciente

A estratificação de risco aplicada aos pacientes recrutados e a definição do

tratamento necessário redundará em contribuição benéfica inerente ao sujeito

participante da pesquisa.

Independente do tipo de tratamento para o qual tenha sido randomizado, todo

paciente será rigorosamente monitorado, para assegurar intervenções clínicas

imediatas que tendam a corrigir eventuais distúrbios ligados à evolução da doença

subjacente ou a outros problemas clínicos que apareçam.

O medicamento do estudo (amiodarona) e o CDI serão outorgados aos pacientes

sem quaisquer ônus. Cada investigador e centro de pesquisa envolvido no estudo

deverá também cuidar para que outros medicamentos indicados aos pacientes

sejam disponibilizados com o menor custo social possível.

Não haverá nenhum pagamento a paciente pela participação no estudo.

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CHAGASICS 27/39

Organização do Estudo

O Centro Coordenador do estudo será o Instituto do Coração (InCor) do Hospital

das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e o

coordenador e investigador clínico principal do estudo será o Prof. Dr. Martino

Martinelli Filho.

O organograma do estudo inclui a composição de: Comitê Diretor; Comitê de

Segurança e Monitorização de Dados; Comitê Editorial, Comitê Executivo da

Pesquisa, Comitê de Adjudicação de Eventos, Centros Pesquisadores,

Investigadores Principais e Secundários, e Coordenadores de Pesquisa em cada

Centro.

O Comitê Diretor terá a função revisar e monitorar todas as fases do estudo

regularmente. Com base neste acompanhamento rigoroso, o Comitê poderá

determinar a continuidade ou a interrupção do estudo a qualquer momento,

considerando circunstâncias éticas ou de segurança. Este Comitê contará com os

serviços de uma Secretária Executiva que será seu elo com as demais instâncias

organizacionais. Este comitê é presidido pelo Prof. Dr. Martino Martinelli Filho e o

constituem: Prof. Dr. José Antonio Marin-Neto, Prof. Dr. Ângelo Amato Vincenzo

de Paola; Prof. Dr. Maurício Ibrahim Scanavacca, Prof. Dr. Anis Rassi Jr. e pelo

Engenheiro Biomédico Sérgio Freitas de Siqueira.

O Comitê Editorial terá a incumbência de definir as normas editoriais além de se

responsabilizar pelo material para publicação e apresentação em conclaves

científicos. Este comitê será presidido pelo Prof. Dr. Martino Martinelli Filho que

contará, entre outros, com a participação do Prof. Dr. Otávio Berwanger, do Prof.

Dr. Roberto Costa como membros ativos. De acordo com a necessidade e

potencial de colaboração novos membros serão convidados pelo presidente,

sempre seguindo os critérios de autoria estabelecidos pelo International

Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), cujos critérios para crédito de

autoria baseia-se exclusivamente em contribuições substanciais: (i) à concepção e

ao design, ou à obtenção de dados, ou à análise e interpretação de dados; (ii) à

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CHAGASICS 28/39

redação do artigo ou à sua revisão substancial, quanto ao conteúdo intelectual

relevante; e (iii) à aprovação da versão final a ser publicada.

O Comitê de Segurança e Monitorização Independente dos Dados deverá

conduzir as análises periódicas de resultados e de eventos adversos,

recomendando ao Comitê Diretor modificações e eventual interrupção do estudo.

Este Comitê contará com o suporte de um profissional de bioestatística. Este

comitê será nomeado pelo Prof. Dr. Martino Martinelli Filho em momento

oportuno.

O Comitê Executivo será responsável pelo gerenciamento e monitoria do estudo,

garantindo a qualidade das informações. Deverá ser responsável pela preparação

de relatórios pertinentes aos órgãos regulatórios.

O Comitê de Adjudicação funcionará com três membros designados pelo Comitê

Diretor do estudo, com dados fornecidos pelo Comitê Executivo.

Aos Centros Pesquisadores caberá fazer cumprir as fases do estudo de acordo

com as boas práticas clínicas, provendo dados de qualidade e relatos de eventos

adversos.

Bases Éticas e Regulatórias e Controle de Qualidade dos Dados

Este estudo foi desenhado e deve ser conduzido de acordo com os princípios

estabelecidos na versão mais atual da Declaração de Helsinki59 e conforme

regulamentação nacional pertinente, seguindo todos os requisitos determinados

em lei e regulamentos específicos sobre a matéria, especialmente a Resolução nº

196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Serão seguidos os preceitos de boas

práticas clínicas na condução do estudo conforme Documento das Américas,

Organização Pan-Americana da Saúde, IV Conferência Pan-Americana para

Harmonização da Regulamentação Farmacêutica República Dominicana, 2-4 de

Março de 2005.

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CHAGASICS 29/39

Aprovação do estudo pelo Comitê de Ética de cada Centro e também do TCLE será

necessária previamente ao início do estudo e recrutamento dos pacientes. De

acordo com normas vigentes, o CONEP será devidamente instruído pelo Centro

Principal do estudo.

Cronograma

O período necessário para obtenção das aprovações do estudo nos diversos

centros é estimado em, no máximo, um ano. A inclusão de pacientes permanecerá

aberta até se atingir o número previsto e deverá prosseguir durante período

estimado de três anos consecutivos. O período de seguimento será de três anos

para cada paciente recrutado. Assim, a duração do estudo deverá variar entre

quatro e sete anos, com seguimento mínimo de três e máximo previsto

inicialmente de seis anos para os primeiros pacientes que entrarem no estudo,

dependendo do resultado das análises interinas.

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CHAGASICS 30/39

Orçamento

O custo base do projeto refere-se aos exames necessários ao acompanhamento

clínico dos pacientes recrutados, conforme tabela abaixo:

Também está prevista a contratação dos serviços de profissional de estatística no

valor de até R$ 8.000,00, sendo dois mil para cada análise intermediária, além de

uma reserva de dois mil reais para eventuais análises extras.

Os custos das terapias sob avaliação no projeto estão descritos na tabela abaixo:

Quantidade Descrição da terapia Unitário Total

550 Cardiodesfibriladores implantáveis (gerador

unicameral, eletrodo e sistema de introdução) 36.000,00 19.800.000,00

2.007.500 Cloridrato de Amiodarona (200mg) 21,38 2.146.393,91

PATROCINADORES: Os sistemas implantáveis assim como a medicação cloridrato de amiodarona

foram aprovados para pagamento pelo Ministério da Saúde, Secretaria de

Assistência à Saúde em tramitação SAS/DECIT. Os valores necessários para as

despesas com os custos de exames básicos e serviço de estatística foram obtidos

com a empresa St. Jude Medical Brasil Ltda.

Despesas de monitoria estão sendo pleiteadas junto à FAPESP.

Qunatidade Exame Unitário Por paciente

12 Avaliação Clínica e Eletrônica 125,00 1.500,00

4 Eletrocardiograma de-12 derivações 21,84 87,36

4 Holter 24h (3 canais digital) 136,60 546,40

4 Ecocardiograma (bidimenssional fluxo a cores) 207,40 829,60

4 Hemograma (completo) 8,78 35,12

1 Raio X de tórax 2 incidências 25,64 25,64

1 Creatinina 3,95 3,95

1 TGO 7,49 7,49

1 TGP 7,49 7,49

1 Magnésio 3,95 3,95

1 Potássio 3,95 3,95

1 Provas de função tiroideana (TSH, T4, T3) 61,31 61,31

1 Sorologia para Chagas (EIE) 18,46 18,46

1 Sorologia para Chagas (HA) 9,35 9,35

Total geral por paciente 3.140,07

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CHAGASICS 31/39

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