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na Bahia 64 64 64 64 64 64 64 64 64 64 Especial editado pelo Jornal Folha da Manhã e Funda- ção de Ensino Superior de Passos - FESP JORNAL FOLHA DA MANHÃ Carlos Antônio Alonso Parreira - Diretor Jornalístico Maria das Graças Lemos - Diretora Comercial FESP/UEMG Prof. Fábio Pimenta Esper Kallas - Presidente do Conse- lho Curador EDIÇÃO: Carlos Antônio Alonso Parreira/ Profª. Selma Tomé PESQUISA E REDAÇÃO: Profª. Leila Maria Suhadolnik Oliveira Pádua Andrade REVISÃO: Prof. José dos Reis Santos IMAGENS E FOTOGRAFIA: Prof. Diego Vasconcelos DESIGN GRÁFICO, CAPA E MOLDURA: Profª. Heliza Faria Fascículo 08/10 - Novembro de 2008 EXPEDIENTE EXPEDIENTE EXPEDIENTE EXPEDIENTE EXPEDIENTE REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENEVIDES, Maria Vitória de Mesquita. O go- verno Kubitscheck. 3.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1979. BORGES, Sebastião Wenceslau. Memorian- do. Passos: 3.ed. Editora São Paulo, 2003. BORIS, Fausto. História do Brasil . 2. ed. São Paulo: Edusp, 1995. BRANDÃO, Atila. A linha de transmissão. Juiz de Fora: Esdeva Empresa Gráfica, 1978. COTRIM, John R. A história de Furnas. 2. ed. Rio de Janeiro: Furnas, 2004. FREIRE, Lázaro Lemos. Lembranças . São Paulo: Editora Renover, 2006. LEMOS, Gustavo José. Nos Passos da Sau- dade. Passos, Editora São Paulo, 1999. MAIA, Marcio Lemos Soares. Álbum de Pas- sos, 1984: monografia da cidade de Passos. São Paulo: Cigel, 1984. MELLO, João Manuel Cardoso, NOVAIS, Fer- nando A. Capitalismo tardio e sociabilidade moderna. In História da vida privada no Brasil. INSCHWARCS, L.M. (org). São Paulo: Cia das Letras, 1998. NEGRÃO, Helio Soares, Registros I, Histó- rias e memórias-1764-1986. Flexopress, Papéis Ltda, 1991. OLIVEIRA, Edgar Rodrigues, Política, técnica e sociabilidade na construção da Usina de Furnas – 1957-1963 Dissertação Strictu Senso em His- tória apresentada à UNESP –Franca, 2002. Acervo fotográfico Leda Lemos Maia Silva. Acervo do Prof. Eurípedes Gaspar de Almeida. Moeda de Cuproníquel de 1967. Ela valia 20 centavos e foi cunhada em homenagem à indústria petrolífera. Os anos 60 são um marco na História do Brasil e do Mundo. Grandes transfor- mações de valores e costumes propu- nham mudanças comportamentais que foram sendo adotadas pela juventude contestadora. O Maio de 68 na França com o slogan “É proibido proibir” e, nos EUA, o movimento hippie do “Faça amor, não faça a Guerra” foram expressivos, pois Enquanto isso, no Brasil e no Mundo pressionaram os governos e instituições a se modificarem, acabarem com a Guerra do Vietnã e com desdobramentos da guerra fria. Os jovens passaram a ter um comportamento livre de amarras morais familiares e políticas. Nos EUA, o Festival de Woodstock foi um momen- to importante dessa libe- ralização. O Papa João XXIII abriu o Concílio Vaticano II pro- pondo mudanças nos ritos para que a Igreja acompa- nhasse os novos tempos. Na moda, a grande ve- dete dos anos 60 foi, sem dúvida, a minissaia. A ingle- sa Mary Quant divide com o francês André Courrèges sua criação. Entretanto, nas palavras da própria Mary Quant: “A idéia da minis- saia não é minha, nem de Courrèges. Foi a rua que a inventou”. Fazia um enorme suces- so os concursos de Miss Brasil e Miss Universo com personalidades como Mar- ta Rocha, Adalgisa Colom- bo, Terezinha Morango e Yeda Vargas. Em 1961, Jânio Qua- dros foi eleito presidente do Brasil e renunciou após 9 meses de governo possibi- litou a tomada do poder pela burguesia industrial apoia- da pelos Estados Unidos e pelas igrejas, temerosos com o avanço comunista. O exército, apoiado pela direi- ta assustada instalou a dita- dura militar por mais de 20 anos: de 1964 a1985. No inicio dos anos 60, com a instalação do regi- me socialista em Cuba, um pavor tomou conta da América. Os EUA adota- ram uma política de estí- mulo a repressão das idéi- as marxistas. Assim, Esta- dos Unidos, as classes burguesas, a elite agrária, as igrejas, especialmente a católica, associaram-se A influência da Usina de Furnas no crescimento da cidade: o progres- so econômico e social. O avanço cultural: a criação da FESP. A UPES e a ação dos estudantes secundários passenses. O governo de Dr. José Pereira dos Reis: últimas disputas entre PSD, UDN e PTB para impedir a qualquer custo a propaga- ção desses ideais. Em 1964 alegando o perigo socialista no governo João Goulart foi instalada a Di- tadura no Brasil para “normalizar” a econo- mia e a política, em crise desde a renúncia de Jânio. A normalização não veio e sim um endurecimento cada vez maior por parte dos gover- nos militares. Em 1968, quando se fa- lou em abertura política com a Frente Ampla e a Passea- ta dos 100 mil o governo aplicou “um golpe dentro do golpe” através da imposição do AI 5. A partir daí foram os “anos de chumbo” dos governos de Costa e Silva e Médici: o auge da repres- são, do uso de tortura, cas- sações e exílio. Os festivais da Canção representavam o cresci- mento da expressão musi- cal brasileira com o adven- to da bossa nova, da MPB, do rock brasileiro e da Jo- vem Guarda com as produ- ções de grandes composi- tores e cantores brasilei- ros como Ivan Lins, Chico Buarque, Jair Rodrigues, Edu Lobo, Elis Regina, Caetano Veloso, Roberto e Erasmo Carlos, Gilberto Gil e outros que represen- tam uma maneira muito própria do brasileiro de pro- testar com música. Por outro lado houve um crescimento econômico gi- gantesco de 12% do PIB. A riqueza gerada ficou concen- trada nas classes altas. O go- verno dizia que era preciso fazer “o bolo crescer para depois dividir” o que nunca aconteceu. A enorme con- centração de renda deixada pelo período militar é uma característica de nossa soci- edade atual. Grandes obras foram executadas no período como Transama- zônica, Ponte Rio- Nite- rói e Hidrelétrica de Itaipu.

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na Bahia

64646464646464646464

Especial editado pelo Jornal Folha da Manhã e Funda-ção de Ensino Superior de Passos - FESP

JORNAL FOLHA DA MANHÃCarlos Antônio Alonso Parreira - Diretor JornalísticoMaria das Graças Lemos - Diretora Comercial

FESP/UEMGProf. Fábio Pimenta Esper Kallas - Presidente do Conse-lho Curador

EDIÇÃO: Carlos Antônio Alonso Parreira/ Profª. Selma ToméPESQUISA E REDAÇÃO: Profª. Leila Maria SuhadolnikOliveira Pádua AndradeREVISÃO: Prof. José dos Reis SantosIMAGENS E FOTOGRAFIA: Prof. Diego VasconcelosDESIGN GRÁFICO, CAPA E MOLDURA: Profª. Heliza Faria

Fascículo 08/10 - Novembro de 2008

E X P E D I E N T EE X P E D I E N T EE X P E D I E N T EE X P E D I E N T EE X P E D I E N T E

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BENEVIDES, Maria Vitória de Mesquita. O go-verno Kubitscheck. 3.ed. Rio de Janeiro:Paz eTerra,1979.BORGES, Sebastião Wenceslau. Memorian-do. Passos: 3.ed. Editora São Paulo, 2003.BORIS, Fausto. História do Brasil. 2. ed.São Paulo: Edusp, 1995.BRANDÃO, Atila. A linha de transmissão.Juiz de Fora: Esdeva Empresa Gráfica, 1978.COTRIM, John R. A história de Furnas. 2.ed. Rio de Janeiro: Furnas, 2004.FREIRE, Lázaro Lemos. Lembranças. SãoPaulo: Editora Renover, 2006.LEMOS, Gustavo José. Nos Passos da Sau-dade. Passos, Editora São Paulo, 1999.MAIA, Marcio Lemos Soares. Álbum de Pas-sos, 1984: monografia da cidade dePassos. São Paulo: Cigel, 1984.MELLO, João Manuel Cardoso, NOVAIS, Fer-nando A. Capitalismo tardio e sociabilidademoderna. In História da vida privada no Brasil.INSCHWARCS, L.M. (org). São Paulo: Cia dasLetras, 1998.NEGRÃO, Helio Soares, Registros I, Histó-rias e memórias-1764-1986. Flexopress,Papéis Ltda, 1991.OLIVEIRA, Edgar Rodrigues, Política, técnica esociabilidade na construção da Usina de Furnas– 1957-1963 Dissertação Strictu Senso em His-tória apresentada à UNESP –Franca, 2002.Acervo fotográfico Leda Lemos Maia Silva.Acervo do Prof. Eurípedes Gaspar de Almeida.

Moeda deCuproníquel de

1967. Ela valia 20centavos e foicunhada em

homenagem àindústria

petrolífera.

Os anos 60 são um marco na Históriado Brasil e do Mundo. Grandes transfor-mações de valores e costumes propu-nham mudanças comportamentais queforam sendo adotadas pela juventudecontestadora. O Maio de 68 na Françacom o slogan “É proibido proibir” e, nosEUA, o movimento hippie do “Faça amor,não faça a Guerra” foram expressivos, pois

Enquanto isso, no Brasil e no Mundopressionaram os governos e instituiçõesa se modificarem, acabarem com a Guerrado Vietnã e com desdobramentos daguerra fria. Os jovens passaram a terum comportamento livre de amarrasmorais familiares e políticas. Nos EUA,o Festival de Woodstock foi um momen-to importante dessa libe-ralização.

O Papa João XXIII abriuo Concílio Vaticano II pro-pondo mudanças nos ritospara que a Igreja acompa-nhasse os novos tempos.

Na moda, a grande ve-dete dos anos 60 foi, semdúvida, a minissaia. A ingle-sa Mary Quant divide como francês André Courrègessua criação. Entretanto, naspalavras da própria MaryQuant: “A idéia da minis-saia não é minha, nem deCourrèges. Foi a rua que ainventou”.

Fazia um enorme suces-so os concursos de MissBrasil e Miss Universo compersonalidades como Mar-ta Rocha, Adalgisa Colom-bo, Terezinha Morango eYeda Vargas.

Em 1961, Jânio Qua-dros foi eleito presidente doBrasil e renunciou após 9meses de governo possibi-litou a tomada do poder pelaburguesia industrial apoia-da pelos Estados Unidos epelas igrejas, temerososcom o avanço comunista. Oexército, apoiado pela direi-ta assustada instalou a dita-dura militar por mais de 20anos: de 1964 a1985.

No inicio dos anos 60,com a instalação do regi-me socialista em Cuba,um pavor tomou conta daAmérica. Os EUA adota-ram uma política de estí-mulo a repressão das idéi-as marxistas. Assim, Esta-dos Unidos, as classesburguesas, a elite agrária,as igrejas, especialmentea católica, associaram-se

A influência da Usina de Furnas no crescimento da cidade: o progres-so econômico e social. O avanço cultural: a criação da FESP. A UPES

e a ação dos estudantes secundários passenses. O governo de Dr. JoséPereira dos Reis: últimas disputas entre PSD, UDN e PTB

para impedir a qualquer custo a propaga-ção desses ideais.

Em 1964 alegando o perigo socialistano governo João Goulart foi instalada a Di-tadura no Brasil para “normalizar” a econo-mia e a política, em crise desde a renúnciade Jânio. A normalização não veio e sim um

endurecimento cada vezmaior por parte dos gover-nos militares.

Em 1968, quando se fa-lou em abertura política coma Frente Ampla e a Passea-ta dos 100 mil o governoaplicou “um golpe dentro dogolpe” através da imposiçãodo AI 5. A partir daí foramos “anos de chumbo” dosgovernos de Costa e Silva eMédici: o auge da repres-são, do uso de tortura, cas-sações e exílio.

Os festivais da Cançãorepresentavam o cresci-mento da expressão musi-cal brasileira com o adven-to da bossa nova, da MPB,do rock brasileiro e da Jo-vem Guarda com as produ-ções de grandes composi-tores e cantores brasilei-ros como Ivan Lins, ChicoBuarque, Jair Rodrigues,Edu Lobo, Elis Regina,Caetano Veloso, Roberto eErasmo Carlos, GilbertoGil e outros que represen-tam uma maneira muitoprópria do brasileiro de pro-testar com música.

Por outro lado houve umcrescimento econômico gi-gantesco de 12% do PIB. Ariqueza gerada ficou concen-trada nas classes altas. O go-verno dizia que era precisofazer “o bolo crescer paradepois dividir” o que nuncaaconteceu. A enorme con-centração de renda deixadapelo período militar é umacaracterística de nossa soci-edade atual. Grandesobras foram executadas noperíodo como Transama-zônica, Ponte Rio- Nite-rói e Hidrelétrica de Itaipu.

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Em fins dos anos 1950 e início dosanos 1960, a política do presidente Jus-celino Kubitschek era modernizar o Bra-sil. Seu slogan “50 anos em 5” faziacoro com a necessidade de geração deenergia elétrica. Na bacia do Rio Gran-de, muito próxima ao eixo Rio/São Pau-lo, havia um cannion natural que facili-tou a construção da Hidrelétrica de Fur-nas. Através do decreto n.º3/187 de 10de fevereiro de 1957, o governo deter-minou que os terrenos destinados à exe-cução do projeto de Furnas e os da área

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Criação de Furnas provocaprofundas repercussões em Passos

Enormes caminhões defabricação nacional os“Fê Nê Mê” (FNM pro-duzidos pela FábricaNacional de Motores)passaram a fazer parteda paisagem da cida-de transportando tudo,inclusive os operários.Para isso, os caminhõeseram adaptados comtoldos de lona e qua-tro bancos de madeiraonde se acomodavamas pessoas.

Em outubro de 1959, o presidenteJuscelino Kubitscheck visitou as obras edeclarou para a imprensa presente: “éuma das obras que estão colocando oBrasil do outro lado da fronteira do de-senvolvimento”.

Em março de 1960, o presidentevoltou a Furnas para a inauguração dotúnel de desvio das águas do Rio Gran-de. O PSD de Passos, fa-zendo pressão política,compareceu maciçamen-te ao ato. JK assinou, nes-se dia, a criação de umgrupo de trabalho desti-nado a dar andamento aosestudos sobre a situaçãoeconômica da zona doreservatório de Furnas,pois muitos donos de ter-ra estavam descontentes com os traba-lhos de indenização.

Em 21 de maio de 1961, o gover-nador Magalhães Pinto visitou Passostransformada em capital do Estado por

um dia. As elites políticasapresentaram, na ocasião,70 reivindicações e o go-vernador fez várias deter-minações imediatas com oobjetivo lógico de deixar aclasse política e a popula-ção satisfeita e abrandar ostranstornos causados pelas

desapropria-ções e pelaconstrução dabarragem. Asprincipais rei-v indicaçõesforam: criação de infra-estru-tura para defesa da fauna(especialmente a pesca),conclusão em seis mesesdo prédio do Grupo Escolar

Abraão Lincoln, melhoria das instala-ções do Centro de Saúde (Posto de Hi-giene e Puericultura), construção da re-sidência da presidência do Departamen-to de Estradas de Rodagem (DER) em

Passos é capital de Minas por um dia

do reservatório fossem transformadosem áreas de utilidade pública e deveri-am ser desapropriados. Nascia uma hi-drelétrica.

Definidos o projeto e os orçamentosbásicos, em outubro de 1957, importan-tes firmas nacionais e internacionais sequalificaram para participar da construção.As estrangeiras tiveram que se associar auma nacional e o vencedor da concorrênciafoi o grupo consorciado pelas firmas Geor-ge Wimpey, da Inglaterra, e CompanhiaConstrutora Nacional, do Brasil.

Os trabalhos começaram em meadosde 1958. A sede da Empresa foi instaladaem Passos e havia uma expectativa muitogrande da população quanto aos resultadosdo empreendimento. Arthur Amâncio daSilveira afirmou isso no jornal “O Sudoes-te”: “Estamos certos de que Passos emer-gida da bacia lacustre do Rio Grande foipredestinada a ser uma deusa nestas para-gens e se assentará no trono das suas mon-tanhas, com o cetro de Rainha, sob a coroade suas riquezas naturais”.

A obra criou um aumento imediato nademanda de empregos. Muitos operáriosforam chegando de toda parte do Brasil eeram chamados de “candangos”, a mesmadenominação dos trabalhadores das obrasde Brasília. Passos, por ser a maior cidadedo entorno da construção, tornou-se o pon-to mais importante de lazer e comércio.Houve um inegável impacto social, econô-mico, político e cultural sobre a cidade eregião após o início das obras da barragem.

Passos, pavimentação da estrada Passos/Paraíso - divisa de MG/SP - estudo parafornecimento de energia a todos os mu-nicípios com terras inundadas por Fur-nas e financiamentos para a agricultura.

A carta reivindicatória terminava as-sim: “Por mais estranho que pareça porencontrar-se Passos entre duas grandesgeradoras como a de Peixotos e Furnas,vivemos à míngua de energia”.

Dr. José Pereirados Reis foi eleitoprefeito de Passos em7 de outubro de1962 pela coligaçãoUDN, PR, PDC, ten-do como vice-prefei-to Manoel Bruno daSilveira. DerrotouChiquito Maia e JoséFigueiredo do PSD, eDr. Breno SoaresMaia e Dr. Antonio Mendes Peixoto doPTB. Essa foi a última eleição com essespartidos, pois foram extintos pela Dita-dura Militar.

Dr. José Reis fez um governo tran-qüilo, promoveu desapropriações para a

O prefeito Dr. José Pereira dos Reisabertura, melhoriase calçamento dasruas Brandões, Gon-çalves Dias, Barão doRio Branco, TerezaCristina, Anibale deFrancia, Cássia, Bon-sucesso, Cel. João deB a r r o s .Concluiu aEstação deTratamen-

to de Água e, na zona rural,substituiu a madeira dos mata-burrros por trilhos.

O PTB, partido herdeirodo Varguismo, teve uma repre-sentação importante em Pas-

sos com a chefia de Dr. Breno SoaresMaia, que exercia uma liderança humani-tária e carismática representando as mas-sas operárias concentradas na Liga Ope-rária que foi restabelecida no ano de1954. Dr. Breno era médico, mas dei-xou a medicina para se dedicar à educa-ção, política, sociedade e cultura. Amava

Passos eusava onome da ci-dade paraseus empre-end imen-tos: O Colé-gio de Pas-sos e a Rá-dio Passos.

No ano de 1961 foi fundada a UniãoPassense dos Estudantes Secundários (UPES).A primeira diretoria foi formada por Ivan Cae-tano, Afrânio Alves de Andrade, Samir Hadad,Marta Serafim, Maria Lúcia Bordezan, DalvaPeres, Imaculada Soares, Eduardo Ferreira daSilva e Paulo Bougleux de Andrade.

A sede da união ficava na Praça da Ma-triz e era um ponto de encontro dos estu-dantes, local onde se discutiam ações soci-ais e eram providenciadas as carteirinhas,pois as dos colégios eram restritas ao con-trole interno. Para pagar meio ingresso nocinema só valia a carteirinha da UPES.Os estudantes chegaram a promover aprimeira greve estudantil em Passos,reivindicando a diminuição das mensa-lidades estudantis dos colégios parti-culares. Os alunos do Colégio de Pas-sos e Estadual faziam piquetes na es-quina do CIC, impedindo as alunasde freqüentarem as aulas.

No ano de 1966, a UPES lide-rou o XXIII Congresso EstudantilSecundarista de Minas Gerais.O presidente era ReinaldoFonseca. Estudantes de 80 ci-dades mineiras lotaram a cida-de. Foram feitas reuniões,competições e um baile deencerramento com escolha darainha dos Estudantes. Umproblema surgiu nos dias docongresso: havia estudantes

O carnaval de rua em Passos era mui-to prestigiado pela população. O pontoalto era o desfile dos blocos de fantasiaque desciam a rua Antonio Carlos e con-tornava a praça da Matriz. A prefeituraoferecia um prêmio aos ganhadores e tur-mas de amigos reuniam-se para forma-rem blocos. A Turma da Barrinha destaca-va-se com as suas apresentações comoSaudação aos Pampas ou Os Gaúchos eSoberanos do Mar.

Os bailes de debu-tantes, no Passos Clu-be, eram preparadoscom muito rigor e bele-za. Havia uma tradiçãoque as jovens colocavamo primeiro sapato de sal-to e a primeira jóia du-rante o baile. Os vesti-dos eram verdadeiras obras de arte de costureiras famosas como Eva Maia,Argenisia Tozzi Fonseca, Mariquinha Mandatti e Zuia.

Em 1966, fez muito sucesso a montagem da peça Morte e Vida Seve-rina de João Cabral de Melo Neto e Chico Buarque de Holanda. Foi umasementeira da arte passense. Vários universitários participavam da peça edo Teatro Universitário Passense (TUPA). Silas Figueiredo, Luciano de Cá-pua, Reinaldo Barbosa da Fonseca, Guatabi Bernardes, Eurípedes Gaspar deAlmeida, Helio Negrão, Jefferson Parenti, Ivani Almeida, Clélia eram algunsdos nomes encenando no palco do Cine Alvorada com recorde de público.

Em 1969, nascia o Centro de Aprendizagem Pró-Menor de Passos(CAAP), idealizado pelo irmão Natal Cesare Lisi com ajuda da comunida-de. O primeiro presidente de 1969 até 1973 foi Dr. Breno Soares Maia.

UPES, bailes e pontos de encontronegros e sua entrada era dificultada no Pas-sos Clube. Foi uma luta vitoriosa para osestudantes os negros serem aceitos no bai-le. Os bailes da UPES tinham sempre públi-co recorde, onde os jovens dançavam aosom das músicas de Ray Connif, da JovemGuarda e dos Beatles, mas sempre vigiadospelos diretores que proibiam qualquer avan-ço, especialmente dançar de rosto colado.

O ponto de encontro da juventudeera na Praça da Matriz, onde era realizadoo footing ou rela. Na passarela central dojardim, em duas filas, as pessoas passea-vam movendo-se cada uma para um lado,de modo que sempre se encontravam.Aconteciam os olhares, o flerte e o início

dos namoros. Quando o relógio daMatriz batia 9 horas da noite asfilas começavam a diminuir e quan-do dava 10 horas, não havia maisninguém na Praça. O mais curiosoé que em dias de missa na Matriz,quando o sino badalava lembran-do a benção do Santíssimo, todas

as pessoas paravam enquanto osino tocava, faziam o sinal dacruz e, só voltavam a andar, quan-do o sino parava de tocar.

Os homens vestiam cal-ças jeans, camisas de ban-lonou camisetas e as moças mini-saia e havaianas para espantodos mais velhos. Martinha fa-zia sucesso com sua mini saia.

Carnaval, bailes dedebutantes e teatro

Dr. Breno, Tancredo Neves e Israel Pinheiro

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A invasão das águas intriga o povo

Causos que marcaram a históriaCasos pitorescos aconteceram du-

rante a construção da barragem e da Usi-na. Os engenheiros visitavam a zona ru-ral demarcando ondea água, depois de re-presada, ia chegar. Osmoradores além denão acreditar chama-vam os engenheiros de“bobos”. Um moradorda zona rural teimavaem permanecer na pe-quena casa que possuía,às margens do rio, e quejá havia sido compradae paga pela Companhiasendo alertado de queviria um mundão d’águae que ele precisava seretirar o quanto antes, ao que ele respon-deu: “Se nem a enchente de 1930 trouxeágua do Rio Grande até aqui, como é que a

Em 9 de janeiro de 1963, as com-portas dos túneis de desvio do Rio Gran-de foram fechadas. As águas começarama subir invadindo as terras ribeirinhas.Cidades como Guapé e São José da Bar-ra desapareceram com a subida daságuas, sendo necessária a construção daNova Guapé e da Nova Barra. Suas po-pulações foram deslocadas para novascidades planejadas. A Empresa de Fur-nas registra que, oficialmente, 35 milpessoas foram afetadas pelo enchimen-to do reservatório e tiveram que ser re-movidas dos seus lugares de origem.

Existem relatos dizendo que “a águaescoou de forma rápida não dando tempopara os peixes acompanharem a corren-teza do leito normaldo rio, antes queeste secasse”. Mi-lhares de toneladasde todas as espéciesficaram presas empanelas de água eeram capturadas fa-cilmente por quemquisesse. Dourados de todos os tama-nhos, jaús, curimbatás e mandis flutua-vam mortos ou estavam presos pela ve-getação e pelas pedras de beira do rio.

Os barrageiros que moravam em outrascidades, principalmente Passos, levavamsacas cheias de peixes para casa.

Em pouco tempo anotícia se espalhou ecaminhões que passa-vam pela rodovia MG-050 paravam para tam-bém serem cheios comos maiores peixes. Res-taurantes de Passos,Ribeirão Preto e atéBelo Horizonte envia-

ram caminhões baús repletos de gelo paratransporte dos peixes, que eram captura-dos com as mãos e de forma fácil.

barragem de Furnas, a léguas de distânciavai trazer água até minha roça? Mundãod’água? Olhem, a água que vier aqui, eu bebo

ela todinha...”Sr. Joaquim Bueno era

casado com D. Noêmia. Elesmoravam numa grande fazen-da à beira do Rio Grande, cha-mada Varjão. Ele não aceitou oacordo com Furnas e não quissair da fazenda, pois não acre-ditava que as águas iam subir.No ano do fechamento da bar-ragem ele plantou arroz, milhoe feijão, engordou porcos e ga-linhas, normalmente, comocostumava fazer. Quando aságuas começaram a subir, elesficaram em estado de choque.

Os vizinhos se arriscavam tentando retirar,às pressas, tudo o que podiam. Os porcos,as galinhas e as plantações ficaram debaixo

d’água. Os vizinhos conseguiram retirar,de qualquer jeito, os móveis, roupas e man-timentos que foram colocados em um bar-racão em Alpinópolis.

Numa noite de bebedeira, uns rapa-zes de Passos resolveram passar um troteem algumas pessoas importantes da cida-de, dizendo que a represa de Furnas ha-via estourado e a água estava chegando.O boato tomou uma grande proporção:

A primeira idéia da criação de umaFaculdade em Passos surgiu através daAssociação dos Professores de Passos,em 1962. Os integrantes sonharam comuma faculdade de filosofia para formardevidamente os professores. Para isso,começaram a se mobilizar estabelecen-do contatos com o Rio de Janeiro, BeloHorizonte e com as lideranças políticasde Passos e região.

Em 1963, um movimento amplo eenvolvente tomou conta da comunidadepassense. Os colégios tradicionais dePassos e seus estudantes fizeram abai-xo-assinados, campanha de telegramaspara as autoridades, passeatas e outrasações de mobilização. Destacaram-se,nesse momento, as ações do Prof. Ar-mando Righetto, Dr. Nilton Santos de

Brito e Madre Presentação Gonzáles, di-retora do Colégio Imaculada Conceição.Associações como Maçonaria, Rotary Club,UPES e o comércio local também se envol-veram na campanha colhendo assinaturas,manifestos, ajuda financeira, colocandopalavras de ordem nas ruas e ações nosescritórios, nas lojas, nas famílias. Coloca-ram-se faixas alusi-vas por toda a cida-de e conseguiram oapoio da imprensa fa-lada e escrita, envi-ando palestrantes àscidades vizinhas. Foium incansável traba-lho de grupo no qualse destacavam osprofessores Arman-do Righetto, Ruy deBittencourt, Mauro Ferreira da Silva, Fran-cisco Soares de Melo, Sr. Leodor Marques,Dr. Breno Soares Maia e muitos outros.

Na Assembléia Legislativa, traba-lhavam para ajudar a conseguir a criaçãoda Faculdade os deputados Joaquim deMelo Freire e Delson Scarano, autor doprojeto que foi sancionado através da Lei2933, assinada pelo governador Maga-lhães Pinto.

Imediatamente, formou-se uma co-missão para tratar da implementação prá-tica da Faculdade composta por Arman-do Riguetto, Francisco Soares de Melo,Nilton Santos de Brito, Ruy de Bitten-court e Mauro Ferreira da Silva.

Em março de 1964, com a imposi-ção da Ditadura Militar, arrefeceu-se oânimo das lideranças da Associação dosProfessores, pois alguns deles tiveramsuas vozes caladas e suas palavras cas-

O nascimento da FESP

A cidade foi tomada por faixas com slogans que demonstrama importância e a força do movimento.“A Faculdade será uma dádiva para nós”“Sê Passense de verdade apoiando a Faculdade”“Faculdade de Filosofia de Passos é nossa máxima inspiração”“Com esta faculdade serão longos os nossos passos”“Uma faculdade engrandece uma cidade”“Ajude Passos ajudando a Faculdade”

sadas. Em protesto, os professores de-mitiram-se da diretoria da associação.

Em princípio de 1965, por via polí-tica, retomaram-se os trabalhos ainda soba liderança de Mauro Ferreira da Silva.Em 11 de março de 1965, o “MinasGerais” publicou a constituição do pri-meiro Conselho Curador da Instituição:

Dr. José Francisco deOliveira Filho, Cône-go José Timóteo daSilva e Dr. Oto Lopesde Figueiredo. A par-tir daí, começou a faseda efetivação das au-las. A comissão forma-da por Oto de AssisZebral, Ângelo Jaba-ce, Antonio FerreiraMaia e Helio Pimenta

de Vasconcelos resolveu abrir um livrode ouro, a fim de recolher assinaturascom donativos.

No dia 21 de abril de 1965, no sa-lão nobre do Colégio Imaculada Concei-ção, foi proferida a aula inaugural peloprofessor Orlando de Carvalho, membrodo Conselho Estadual de Educação, coma presença das autoridades municipais,regionais e dos curadores.

As aulas iniciaram-se no dia seguinte,no prédio cedido pelo Colégio Estadual Ju-lia Kubitschek. Foram transferidas, maistarde, para o Grupo Escolar Wenceslau Bráse depois, em 1966, para a Escola EstadualLourenço de Andrade, onde permanece-ram até 1970, quando houve a mudançadefinitiva para o prédio próprio. A turmapioneira marcou a história da Faculdade deFilosofia de Passos (FAFIPA), que foi re-conhecida em 1970

as pessoas apavoradas saí-ram às ruas. MonsenhorMessias mandou bater osino e muita gente se reu-niu na porta da igreja, semsaber o que fazer, até que anotícia foi desmentida. Osrapazes, apavorados com adimensão do fato, fizeramum pacto de silêncio.

Lançamento da Pedra Fundamental doprimeiro prédio da FESP

Obras de Furnas

Missa em Furnas

Obras de Furnas

Page 4: Enquanto isso, no Brasil e no Mundo - fespmg.edu.br · bo, Terezinha Morango e Yeda Vargas. Em 1961, Jânio Qua-dros foi eleito presidente do Brasil e renunciou após 9 meses de governo

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Furnas influenciou crescimentoA cidade, acostumada com a vida

pacata, foi invadida por gente de todaparte. Cresceu e progrediu, porém au-mentaram os casos de violência. Os jor-nais “O Sudoeste” e “A Gazeta” publi-cavam diariamente, desde 1960, o es-panto quanto ao fenômeno do aumentoda insegurança:

“Onda de assaltos, furtos e arromba-mentos está pondo em sobressalto a po-pulação e desafiando a nossa polícia. Resi-dências, grupos escolares e estabeleci-mentos comerciais são assaltados. Que oprefeito saia de seu comodismo e convo-que homens de boa vontade para a criaçãode uma eficiente guarda noturna (...) aindaagora que as obras de Furnas despejam nacidade centenas de homens de todas asraízes. Passos já tem ares de capital. Àmedida que o progresso avança em nossa

cidade também aquivem apontando indi-víduos marginais”.

Durante o anode 1962, atendendoa reivindicação da po-pulação por mais se-gurança, várias açõesforam criadas comona delegacia de polí-cia, uma guarda civil,polícia técnica, in-vestigadores, fiscaisde trânsito, pronto-socorro e medicina le-gal, três delegados e três escrivães.

Em 1963, o Governo instalou na ci-dade o 12º Batalhão de Polícia Militar deMinas Gerais, justificando que Passos ti-nha razões de ordem econômica, social eestratégica e era ponto chave de três re-

Os “candangos” causam insegurança

As professoras EdnaPimentel de Vascon-celos, Maria Apare-cida Andrade Rosa,Joana Batista da Sil-veira Moraes e ZeliBueno lideraramuma comissão paraconstruir uma sedepara o Grupo Esco-lar São Francisco,que havia sido des-pejado da casaonde funcionavadevido ao atraso dealuguéis pelo Esta-do. Foi assim quecomeçou a surgir aEscola Starling Soa-res: uma luta demulheres.

O avanço considerável da econo-mia forçou a renovação das escolascom melhorias nas instalações, funci-onamento do curso clássico no Colé-gio Estadual, acabamento dos prédi-os dos grupos escolares Abraão Lin-coln e Starling Soares e a criação daprimeira faculdade.

Os colégios mais tradicionais dePassos eram o Colégio Imaculada Con-ceição, o Colégio Estadual (que passou achamar-se Julia Kubitscheck, nome damãe do presidente da República), e oColégio de Passos que era de proprieda-de de Dr. Breno Soares Maia.

O avanço do comércio

O centro de Passos, especialmente asruas Dr. João Bráulio, Expedicionários eAntônio Carlos transformaram-se no cen-tro do comércio passense. Vendia-se, prin-cipalmente os produtos em moda, na épo-ca como relógios “Seiko” e “Orient”, cal-ças “Lee”, camisas “volta ao mundo”, blu-sas “Ban lon”, tênis “Conga”, alpargatas“Roda”, etc. Famílias de libaneses, italia-nos e outras nacionalidades tornaram-seespecialistas no comércio central da cida-de: Bacil, Esper Kallas, Jabur, Simão, Krakau-er, Mohalem, Farjalla, Mattar, Calixto, Alux,Guerra, Ajeje, Abdulmassyh, Salun, Aoun.

A estação rodoviária, no centro da ci-dade, tornou-se pequena para o intensotráfego. De hora em hora saíam ônibus paraFurnas carregando os barrageiros. Beiran-do o centro, a rua três de Maio passou a serexclusiva de bares, boates e prostituição.Havia shows semanais de música e de strip-tease nos cabarés. A “Terceira”, como fi-cou conhecida viveu tempos áureos. Fica-ram famosos o Restaurante do Bidú e doRegozino, onde eram encontrados os me-lhores escaldados da cidade: um caldo defrango com farinha de milho e muito tem-pero. Após os bailes do Passos Clube, amoçada dirigia-se para a Terceira e regala-va-se. Só os rapazes, porque nesse tempo,“moça direita” nem dobrava a esquina dareferida rua.

giões do Estado se encontraram entre asgrandes hidrelétricas de Furnas e Peixo-tos. O fato gerou grandes polêmicas ediscussões, umas favoráveis, outras des-favoráveis. A Câmara Municipal posicio-nou-se contra ao que chamou de “pre-sente de grego”.

A educação progride

De acordo com a Fundação Institu-to Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), a cidade de Passos aumentou suapopulação entre 1950 e 1960 em40,74%, indo de 33.811 para 47.587habitantes. Esse aumento populacionalgerou conseqüências imediatas: as pen-sões e hotéis viviam abarrotados de bar-rageiros solteiros ou que ainda não ha-viam trazido a família para a cidade, quenão estava preparada para atender a ne-cessidade de moradia imediata.

Começaram a surgir vários lotea-mentos com recordes de venda, comoo Jardim Centenário, Jardim Bela Vis-ta, Jardim N. S. das Graças e outros. Apropaganda do empreendimento do Sr.Leodor Marques dizia: “Intensificadaa construção da gigantesca represa deFurnas, será enorme o movimento ro-doviário Itaú-Furnas. O Jardim N.S. dasGraças, no alto da cidade, próximo àrodovia, é o loteamento de maior fu-turo em Passos”. Outros lançamentosforam surgindo, como o Jardim Améri-ca ao longo do Educandário e o bairroCoréia (Jardim Progresso).

Em conseqüência desse desenvol-vimento, a Prefeitura Municipal sancio-nou a Lei n.º 398 que criou o Código deObras do Município, regularizando pos-turas relativas às edificações e a lei nº.439 que criou e regulamentou o Servi-ço de Água e Esgoto.

A onda de progresso que envolveu oBrasil nos anos 50 e 60 avançou em Pas-sos durante a construção da barragem.Muitos empreendimentos foram iniciadosnesse período como, em 1956, a inaugu-ração do Passos Clube, promovendo umbaile de gala, ao som da orquestra de Sil-vio Mazzuca. Homens de smoking e mu-lheres de longo ostentando suas jóias em-belezaram a festa.

Em 1957, a fundação do Rotary Clubde Passos que, na década de 60, teve umaintensa participação em ações que ajuda-ram na criação da Faculdade de Filosofia enas melhorias do Clube Passense de Na-tação. O Rotary é clube de serviços inter-nacional que tem como máxima: “Dar desi sem pensar em si”. Alguns dos funda-dores foram: Dr. Breno Soares Maia, JoséKallas, José Gonçalves Mendonça, Dr. ItoSalles, José Calixto, Prof. Armando Righe-to, Otto Lopes de Figueiredo e NiltonSantos de Brito.

Em 1959, a construção do GrandeHotel. O primeiro de luxo no centro dacidade.

A partir de 1960 já se pode observaro avanço provocado por Furnas em váriasáreas como:

- a instalação da Agência da Caixa Eco-nômica Estadual; início do funcionamentode ônibus circulares; a inauguração doCine Teatro Alvorada, construído pelo em-presário José Figueiredo com inspiraçãona arquitetura do Palácio do Planalto emBrasília. Para freqüentar o cinema, os ho-mens tinham que vestir paletó e as mu-lheres se esmeravam nas roupas de pas-seio. A música que foi tema do filme “Amo-res Clandestinos” introduzia as seções.As pessoas ficavam em silêncio admiran-do o jogo de luzes coloridas que refleti-am, nas paredes laterais, os símbolos doPalácio Alvorada. Eram exibidos os notici-ários da Atlântida, os “trailers” e filmesclássicos do cinema como “Os dez man-

damentos”, “Ben Hur”, “Imita-ção da vida”.

Em 1965, foi inaugurado oprimeiro “arranha-céu” da cida-de, com nove pavimentos, napraça da Matriz. Construído pe-los irmãos Jorge, Neif, Daude eJosé Jabur o projeto foi elabora-do por Daude Jabur, arquitetoque, com suas idéias avançadas,introduziu a moderna arquite-tura na cidade. É de sua autoriaa residência de linhas bauhau-sianas, na rua Formosa, perten-cente ao Dr. Jorge Jabur. Emmarço do mesmo ano, o sinalde TV chega a Passos. Uma ini-ciativa dos irmãos Gibron e Wi-llian Farah, Hitler Teixeira e Fa-rid Esper Kallas que construí-ram um canal repetidor no altodos Coimbras.

Festa de inauguração do edifício Abrão Jabur

Nos desfiles cívicos havia muita com-petição entre as escolas. Os alunos desfila-vam, cada um querendo fazer o carro ale-gório mais bonito e apresentar-se de ma-neira impecável. A maior disputa era entreo Colégio de Passos e o Estadual, que ti-nham fanfarras fortíssimas com gente com-petente nas suas direções, como professo-res Armando Righeto, Nilton Santos deBrito e Toniquinho, e alunos como Samir,Celito, Magela, Godô, Mark Piassi, JairFernandes, Beto Krauss, Zau, Zé do Diu.O Colégio de Passos tinha uma tradição:um carneirinho que era a mascote e vinha,sempre, na linha de frente.

Os trabalhadores de Furnas, também conhecidos como “candangos”

1966 - Foi inaugurado o Hospital São José por iniciativa de Dr. José Francisco de Oliveira Filho queformou com 18 médicos um grupo empresarial que bancou a construção do hospital e seus equipamentos.

1969- Fundação do Lions Clube de Passos por iniciativa de Sebastião Geraldo Getúlio de Vasconcelos –o Noivinho. É um clube de serviço que atende instituições de cunho socialda cidade como, por exemplo, o Gapop, Creches Camp e Naim Simão. OLions participou da construção do prédio da Apae de Passos e da crecheMúcio de Alencar Viana, no Bairro Aclimação. Um fato inédito aconteceuno Lions Clube de Passos: Sebastião Geraldo Getúlio de Vasconcelos eseu filho Sebastião Pimentel de Vasconcelos foram os únicos pai e filhoque ocuparam o cargo de governadores de distrito lionino.

Março de 1969– Pas-sos participou do pro-grama Cidade contra ci-

dade do Programa Silvio Santos, da TV Tupi, enfrentando acidade de Garça. Apesar da união que suscitou a cidade dePassos foi derrotada. O que tínhamos de melhor era um boide raça nelore que perdeu para o boi de Garça gerandouma brincadeira na cidade. Quando alguém era engana-do, vinha a crítica: “Ô boi de garça!” Ferreira Dias, o locutorda Rádio Passos ficou nervoso, quando teve que responder oque o macaco mais gostava. O povo não perdoou e apeli-dou-o de “Ferreira banana”. Passenses no Programa Cidade X Cidade