enólogofirmino splendor · na feira do livro de bento gon-çalves deste ano ele lançará sua...

24
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA BENTO GONÇALVES, 05 DE FEVEREIRO DE 2015 | EDIÇÃO 163 Enólogo Firmino Splendor A formação contínua de técnicos iniciada, na década de 1960, e a abertura de mercado para vinhos importados, na década de 1990, reverteram em qualidade para o vinho brasileiro.

Upload: others

Post on 26-May-2020

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: EnólogoFirmino Splendor · Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela

DIS

TRIB

UIÇ

ÃO

GRA

TUIT

ABE

NTO

GO

NÇA

LVES

, 05

DE

FEVE

REIR

O D

E 20

15 | E

DIÇ

ÃO 1

63

Enólogo

Firmino Splendor

A formação contínua de técnicos iniciada, na década de 1960, e a abertura de mercado para vinhos importados, na década de 1990, reverteram em qualidade para o vinho brasileiro.

Page 2: EnólogoFirmino Splendor · Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela

Integração da Serra - Quando o ramo vitícola e vinícola entrou na sua vida?

Splendor - De certa forma, sem-pre esteve, porque nasci na Linha Graciema, na época, interior do então distrito de Monte Belo, numa famí-lia de viticultores, em 1939. Estudei no Internato Marista Santiago, em Farroupilha, de 1954 até 1959. Com 18 anos, quando cursava em Bento Gonçalves o Científico, no Colégio Es-tadual Mestre Santa Bárbara, abriu no município a então Escola de Viticultu-ra e Enologia, dentro das instalações da antiga Estação Experimental, hoje Embrapa. Não tive dúvida em trocar de curso. Sabia que tinha raízes e vo-cação para trabalhar na área técnica. Formei-me com a primeira turma.

Integração da Serra - O senhor acompanhou o desenvolvimento da vitivinicultura na nossa região nos últimos trinta anos como funcioná-rio do setor vinícola e após, como professor do curso de Viticultura e Enologia. Há, nesse histórico, fases

Presença constante em avaliações de vinhos promovidas nos municípios da região Nordeste do Estado, Firmino Splendor, de 74 anos, fala com proprieda-de sobre suas grandes paixões: a uva e o vinho. O conhecimento de causa vem de anos de profissão dedicados ao setor, divididos entre a iniciativa privada, o magistério e a produção literária sobre o tema. Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela primeira turma de profissionais do Brasil, em 1962. Casado com Petronila, com quem tem dois filhos Firmino Jr e Fábio (in memoriam). Proprietário da Adega Splendor, localizada em São Valentim, iniciou na atividade de enologia em 1963 como estagiário na antiga Cia Mônaco, depois na agroindústria Dreher. Em 1977, ingressou no magistério (na ocasião Escola Agrotécnica Federal). Desde 1979, vem aperfeiçoando-se na área técnica, com atualização enológica em Bordeaux e Blanquefort, França, nas décadas de 1980 e 1990, além de diversos cursos técnicos da temática da uva e vinho, promovidos pela Associação Brasileira de Enologia no Brasil e demais países.

Idealizador e participante das Confrarias da Vinha e Bom Gosto. Membro fun-dador do Lions Clube Bento Gonçalves Cidade do Vinho. Trouxe para a entrevista, feita na sede do Jornal Integração da Serra, uma taça de cristal e outra de vidro, para demonstrar in loco a interferência do copo no aroma do vinho. Segundo ele, sempre se deve optar pelo cristal. “Se não usada, o apreciador deve saber sobre a perda de certas virtudes”.

“Cada vindima é uma experiênciasomando conhecimentos para aperfeiçoar a cadeia produtiva”

Afirmação é do enólogo Firmino Splendor,o mais antigo em atividade na região

Profissional em Vinhos e Bebidas, Firmino Splendor Kátia Bortolini

Por Kátia Bortolini e Janete Nodari

distintas?Splendor - Sim. Podemos fazer

uma distinção, antes e após a pre-sença do elemento técnico, quando entra em jogo a produção conduzida. Antigamente, técnicos de outros pa-

íses davam orientação para algumas indústrias vinícolas do município e região, as maiores. No geral, as em-presas eram assistidas por uma orien-tação de supervisão. A formação con-tínua de técnicos, iniciada na década de 1960 e a abertura de mercado para vinhos importados, na década de 1990, reverteram em qualidade para o vinho brasileiro. Nos últimos anos, o setor vinícola brasileiro avançou muito em conhecimento e instala-ções tecnológicas. A enologia é uma ciência dinâmica que evolui constan-temente. Além disso, a ciência enoló-gica é uma metodologia que tem que ter muita precaução. Países como a França, Itália e Espanha alastram co-nhecimentos através de tecnologia e teses. Enfim, a matéria-prima é funda-mental, mas é preciso acompanhá-la. O processo de elaboração do vinho tem que incluir amor, afago. Sempre dizia a meus alunos: faça um vinho que seja a imagem do teu trabalho, da tua empresa, da tua região.

Integração da Serra - A vindima

vem sendo comemorada na região Nordeste do Rio Grande do Sul com mais intensidade a cada colheita, em eventos oficiais e extraoficiais. Como o senhor interpreta essa valo-rização da vindima entre nós?

Splendor - De forma muito po-sitiva, porque prestigia o trabalho do viticultor, enaltecendo sua obra anual na produção. Também por ser um meio de atrair apreciadores de uva para consumo in natura. É a des-coberta do potencial enoturístico da atividade da colheita da uva, que na região ocorre de dezembro a março, com picos em janeiro e fevereiro. O período também que se presta para o preparo de doces e geleias à base de uva.

Integração da Serra - Como se processa a vindima?

Splendor - Há três períodos de maturação: precoce, média e tardia. Em janeiro são colhidas as uvas pre-coces brancas, base para espumantes. Para esses, é necessária a presença da acidez málica em evidência. Portanto,

“A enologia é uma ciência dinâmica

que evolui constantemente.

Além disso, a ciência enológica é uma metodologia

que tem que ter muita precaução”.

Page 3: EnólogoFirmino Splendor · Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela

não são os açúcares como no caso da elaboração para vinhos tranquilos. Os vinhos tranquilos necessitam do máximo de glicose e de coloração extraída da película. Há também uvas precoces para sucos de uva.

Integração da Serra - A sanida-de da uva é garantia para a elabo-ração, com qualidade, de sucos, vi-nhos espumantes e tranquilos?

Splendor - A uva é o elemento fundamental da produção. Aprovei-to para lembrar que colher a uva, no momento solicitado, transportando até a indústria vinícola com condi-ções de higiene e proteção do sol, é essencial para a manutenção da sa-nidade da fruta. Cumprimentamos os agricultores, que estão entregando sua produção após atuaram na de-fesa das diversas moléstias e pragas. Cada vindima é uma experiência so-mando conhecimentos para aperfei-çoar a cadeia produtiva.

Integração da Serra - Como se dividem as variedades de uvas culti-vadas na região?

Splendor - Temos a de consumo corrente, as americanas para vinhos de mesa e as castas mais nobres, para varietais. Em nossa região há o hábito do consumo das americanas, Concord, Isabel, Bordô e Niágara, de grande escala de produção no Rio Grande do Sul.

Integração da Serra - O consu-mo per capita do vinho no Brasil há muitos anos está estagnado em 2,2 litros por habitante. Por quê?

Splendor - Trata-se de uma re-alidade toda particular porque esse índice é calculado com base no con-sumo de vinhos elaborados no Brasil. Hoje, há uma importação muito su-perior em relação ao início dos anos 1960. Antigamente, havia apenas al-guns produtos de países europeus no mercado brasileiro. Hoje, a América Latina está em peso com seus vinhos no Brasil.

Livros de autoria de Firmino Splendorl Vinhos e Licores, 2002 e 2007 - Lançado em duas edições. Explica

aspectos relativos à degustação de vinhos e seus serviços.l Calendário de ações da uva, do vinho, do espumante e do licor,

2009-2012 - coletânea de frases sobre as propriedades benéficas do vinho e outras bebidas derivadas da uva.

l Enoturismo, 2010 - Direcionado para empreendedores da cadeira turística do ramo vitivinícola.

l Subprodutos da uva e do vinho, 2013 - Sobre formas de aprovei-tamento de componentes da uva e do vinho não utilizados na elaboração da bebida.

l A ser lançado - O Eco do Vinho, cânticos sobre a vinha. Lançamento previsto para a Feira do Livro de Bento Gonçalves deste ano.

Integração da Serra - A degus-tação ainda é a técnica mais indica-da para despertar o paladar para o consumo de vinho?

Splendor - Sim. Quando começa-mos a orientar sobre esse tema afir-mávamos que a degustação continu-ada em países jovens na produção de uvas é fator de crescimento enológi-co. Agora, após décadas, verificamos encontros de degustação com cerca de trinta vezes mais pessoas em rela-ção a quando iniciamos a profissão. A degustação é a prática do conheci-mento da qualidade. O instrumento para apreciação é o copo. O correto é utilizar taça de cristal. Mas não deixe de apreciar o vinho, devido ao estilo do copo. É o mesmo com a harmoni-zação, não seja tão radical.

Integração da Serra - O cres-cente prestígio do vinho espumante brasileiro confirma uma tendência positiva de acréscimo de consumo para o setor vitivinícola nacional?

Splendor - Sim, e o Brasil vai crescer ainda mais na produção de espumantes: um produto de valor e de conquista de respeito aos nossos técnicos e nossos produtores. Além das premiações trazidas para o Brasil, o produto se mostra com qualidade superior ligada ao trabalho do eno-técnico e as condições ambientais. Graças ao nosso terreno, temos con-dições de conquistar um mercado mais amplo, na medida, que colocar-mos um produto que nós mesmos apreciamos. Dizia a meus alunos: faça o produto que você mesmo vai beber.

Kátia

Bor

tolin

i

rismo é a mola mestre de dançar no mundo do espumante, aliado à água na boca pela gastronomia, e as suas riquezas regionais do amado Brasil.

Integração da Serra - O gás car-bônico existente nos espumantes é o mesmo dos refrigerantes?

Splendor - Não. O gás carbônico existente nos espumantes é distinto daqueles dos refrigerantes. Porque, nos espumantes ele é obtido da re-fermentação do vinho. Em ciclo fe-chado, se concentra até a pressão necessária do espumante. Em ciclo aberto, se expande, vai para o ar. Nos refrigerantes, é injetado.

Integração - O senhor ainda le-ciona?

Splendor - Desde 2000, deixei a atividade. Minha vida profissional está sendo marcada por três perí-odos: a atuação na empresa priva-da, onde o foco de produção era a dinâmica da indústria; segundo, o exercício do magistério, com neces-sidade constante de aperfeiçoamen-to. Como orientador, ajudei a formar mais de 700 enólogos. Num terceiro momento, abri minha própria empre-sa, com uma produção diferenciada de licores.

Integração da Serra - Como o senhor define o vinho?

Splendor - Como uma bebida natural, com diversas propriedades benéficas ao organismo humano. Os polifenóis do vinho têm uma potente ação antioxidante, neutralizadora de radicais livres. A ingesta regular de vinho é uma proteção cardiovascular. Esses benefícios são para consumo moderado, em função do álcool. Já o suco de uva não tem contraindica-ções.

Integração da Serra - Aprovei-tando o auge da safra, o que o se-nhor tem a dizer ao viticultor?

Splendor - Com o seu trabalho de um ano inteiro, o seu esforço para conseguir a sua sobrevivência, que seja você aquele que entrega a ma-téria-prima e que, junto ao enólogo e à indústria, o produto seja de aprova-ção de qualidade, quiçá internacional. Nós temos resultados favoráveis com os prêmios que estão aí. Os vinhedos são uma riqueza infindável da Serra Gaúcha. Boa vindima a todos!

“O processo de elaboração do vinho tem que

incluir amor, afago. Sempre dizia a

meus alunos: faça um vinho que seja a imagem do teu trabalho, da tua empresa, da tua

região”.

“... porque o índice per capita de 2,2 litros é calculado

com base no consumo de vinhos

elaborados no Brasil”.

Integração da Serra - O aumen-to de consumo no Brasil, tanto de suco de uva como de espumante e o crescimento do enoturismo em Ben-to Gonçalves e outros municípios do entorno estão fortalecendo o setor vitivinícola regional?

Splendor - Sim, sem sombra de dúvidas. O vinhedo é o único culti-vo que oferece um produto valioso, com todas as potencialidades, como o vinho, gerando economia, saúde e enoturismo. O enoturismo é a arte técnica de saber visitar e receber. A atividade hoje é considerada comple-mento da cadeia da vinha. O enotu-

“Os vinhedos são uma riqueza

infindável da Serra Gaúcha”.

Page 4: EnólogoFirmino Splendor · Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela
Page 5: EnólogoFirmino Splendor · Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela

DistribuiçãoGRATUITA ANO 13 | Nº 164 | JANEIRO/FEVEREIRO 2015 | www.integracaodaserra.com.br

Editorial

Estação vindima

Página 05

Endereços para reaproveitamentos em favor do meio ambiente

Concluídas restaurações de duas casas do patrimônio histórico

de Santa TerezaPágina 08

O importante é ser fevereiro e ter Jornal Integração da Serra e vindi-ma. O trocadilho tem licença poética, em parte, porque a primeira edição do ano de 2015 traz poesia em for-ma de imagens e muita informação. As fotos da colheita da uva enchem os olhos nas páginas 2 e 7. A sobre-capa enfoca a vindima, ponto alto da estação verão na Serra Gaúcha por meio de uma entrevista regada à conhecimento com o enólogo Firmi-no Splendor. Novidades no caderno Mosaico. Neste mês, publicamos uma

lenda. Muitos irão lembrar da figura folclórica que povoa o imaginário po-pular na região de colonização italia-na descrita pelo professor Darcy Loss Luzzatto, com ilustrações de Ernani Cousandier, nosso premiado dese-nhista.

Confira também matéria sobre amores que sofrem em função do ad-vento das redes sociais, na página 10, e de vizinhos que se dão muito bem, obrigado, na página 12. Tudo isso e muito mais!

Boa leitura!

Exportações caem mais de 13% no polo moveleiro de Bento Gonçalves

Página 04

Amor na era digital aumenta procura por psicoterapia de casais

Página 10

Page 6: EnólogoFirmino Splendor · Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela

Opinião02 Jornal Integração da Serra | 05 de fevereiro de 2015

Os artigos publicados com assinatura são

de inteira responsabilidade do autor e

não traduzem, necessariamente, a opinião

do Jornal. Suas publicações obedecem ao

propósito de refletir as diversas tendências

e estimular o debate dos problemas de

interesse da sociedade. Por razões de clareza

ou espaço, os e-mails poderão ser publicados

resumidamente.

Editor de Fotografia: André Pellizzari

Colaboradores e Colunistas: Aldacir Pancotto, Ernani Cousandier, Paulo Capoani, Rodrigo De Marco, Rogério Gava, Sinval Gatto Jr, Thompsson Didoné

Endereço: Rua Refatti, 101 - Maria Goretti - Bento Gonçalves - RS

Fone: (54) 3454.2018 / 3451.2500

E-mails: [email protected] [email protected]

Site: www.integracaodaserra.com.br Filiado à ADJORI.

JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRAPeriodicidade: MensalTiragem: 12.000 exemplaresCirculação: Na primeira semana de cada mês, em Bento Gonçalves,Santa Tereza, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira, São Pedro, Vale dos Vinhedos, São Valentim, Tuiuty e Faria Lemos.Propriedade: Empresa Jornalística Integração da Serra Ltda.Diretora e Jornalista responsável: Kátia Bortolini - MTB 8374Redação/Revisão: Janete Nodari e Rodrigo De MarcoÁrea Comercial: Moacyr RigattiAdministrativo: Aline Festa

EXPE

DIE

NTE

Adoro água

A

KátiaBortolini

[email protected]

A leitora Eliana Passarin enviou foto das netas de Lourdes Passarin mostrando os alimentos cultivados pela avó na horta orgânica a cinco minutos do centro de Bento

Foto da Redação Foto do Leitor

Na abertura oficial da Vindima 2015, no final da tarde do último dia 15 de janeiro, as crianças demonstraram amor à tradição no distrito de São Pedro

Janete Nodari

doro água. Sei que não exis-tiria vida na face da terra sem água. Não quero nem

imaginar essa possibilidade, apesar de já ter lido e ouvido sobre uma possível escassez de água no futuro. Enquanto essa triste previsão não se concretiza, espero que não se con-cretize nunca, vamos curtindo a água do chuveiro, da piscina, do mar, das termas, da cachoeira, sem nenhuma pressa. Desculpas antecipadas pelo banho demorado, mas, a água relaxa e como não dá para passar o verão in-

tercalando entre a piscina, o mar e a cachoeira, resta mesmo é o chuveiro. Fazer o que, já dizia o outro. O interes-sante é que, ao contrário de muitos, adoro mar, cachoeira e piscina com água gelada. Calma, não sou maso-quista, gosto de água gelada após um prolongado banho de sol. Toma-ra que nunca haja escassez de água por aqui.

Delícias da estação verão, que não tarda, finda. É, bem assim, logo vem o carnaval e após, ás águas de março fechando o verão. Águas de

março, que são lindas, me aguardem com mais tempo daqui a muito tem-po.

Passa verão e vem o outono, com sua melancolia estampada no amare-lo das folhas dos plátanos, parreiras e pés de caquis, entre outras espécies decíduas. Vem o outono talvez com a melancólica constatação que mais um ano pode passar em vão na eco-nomia e esferas públicas federal, es-tadual e municipal do Brasil. “Triste fim de Policarpo Quaresma”. Tomara que não!!!!

Page 7: EnólogoFirmino Splendor · Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela

Religião 0305 de fevereiro de 2015 | Jornal Integração da Serra

O padre Ricardo Fontana, de 44 anos, as-sume como pároco do Santuário Diocesa-no de Santo Antônio, em missa celebrada às 8h30min, no próximo dia 15 de fevereiro. Na ocasião, também será apresentado oficialmen-

Já o padre Adelar Baruffi, de 46 anos, será ordenado Bispo da Diocese de Cruz Alta, em celebração no Santuário Diocesa-no de Santo Antônio às 9h30min do próximo dia 7 de março. A missa de celebração de posse ocorre no próximo dia 15 de março, às 10 horas, na Catedral Diocesana de Cruz Alta. Baruffi estava para assumir, em dezembro do ano passado, como Pá-roco do Santuário Santo Antônio, substituindo o padre Izidoro Bigolin, que está atuando como Vigário Geral na Diocese de Ca-xias do Sul, quando foi nomeado Bispo.

Padre Fontana assume paróquia Santo Antôniote à comunidade de Bento Gonçalves o padre Lucas Mazzochini, de 31 anos, que vai integrar a equipe de vigários da Paróquia Santo Antô-nio.

Fontana, ordenado padre, em 20 de de-zembro de 1998, vem de Carlos Barbosa, onde também atuava como Pároco na Igreja Mãe de Deus. Mazzochini, ordenado padre em 20 de dezembro de 2009, vem de Caxias do Sul, onde trabalhava como auxiliar no seminário da Diocese Nossa Senhora Aparecida.

Vigário Lucas Mazzochini

Pároco Ricardo Fontana

Arquivo Pessoal

Arquivo Pessoal

Arq

uivo

Pes

soal

Ordenação episcopal de Baruffi

Page 8: EnólogoFirmino Splendor · Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela

Entidades04 Jornal Integração da Serra | 05 de fevereiro de 2015

Trabalhadores ligados a três ca-tegorias profissionais que têm suas data base fixadas em 1º de maio reali-zaram uma assembléia para definir a pauta de reivindicações para o dissí-dio coletivo de 2015. No encontro, re-alizado em 30 de janeiro, no auditório do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobi-liário de Bento Gonçalves (Sitracom BG), os trabalhadores ligados à cons-trução civil, olarias e marmorarias de-cidiram que uma comissão formada por sindicalistas ficará encarregada das negociações com os sindicatos patronais. “Esta comissão tem uma importância muito grande para o fu-turo destes companheiros e seus fa-miliares. É ela quem vai negociar para que se possa garantir a reposição das perdas inflacionárias e adicionar a isso um ganho real para os trabalha-dores”, observou o vice-presidente do Sitracom BG, Ivo Vailatti.

A inflação oficial do período ain-da não foi divulgada, mas assim que

Rua Júlio de Castilhos, 79 - sobreloja - Centro(54) 3055-2030 | [email protected]

Imposto de Fronteira - DIFAFim ou jogo de empurra-empurra?

O Departamento de Educação Profissional e Estágio (Depe) do Cen-tro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC/BG) tem va-gas para estagiários em contábeis, administrativo, recursos humanos, comercial, entre outras áreas, tanto na indústria, quanto no comércio e em serviços. Qualquer estudante, seja do Ensino Médio, Técnico ou do Ensi-no Superior, interessado em ingressar no mercado de trabalho, pode enviar seu currículo para [email protected].

“O cadastro é simples e oportuni-za aos jovens o aprendizado de uma profissão”, destaca a coordenadora

Jeferson Soldi/Sindmóveis

É claramente perceptível que o modelo tributário gaúcho, nos últimos governos, tem penalizado duramente o pequeno varejo, tirando-lhe com-petitividade. A pequena empresa, que por ser pequena tem dificuldades de competir com as empresas maiores, ainda tem o seu custo elevado de 5% ou 8%. Para melhor entendimento: a empresa do regime geral paga o Diferencial de Alíquota (Difa) de ICMS, mas se credita deste valor ao passo que a pequena não tem este benefício.

No Rio Grande do Sul, o diferencial de ICMS já é cobrado há muito tem-po, e nem por isso o desempenho da indústria é satisfatório, ao contrário apresenta fraco desempenho. A justiça fiscal é sim fator indispensável para que as pequenas empresas, inclusive as do ramo industrial sobrevivam. São elas as maiores geradoras de empregos.

Talvez a receita recomendada ao varejo de uso de “óculos com lentes de longo prazo” seja também a recomendada ao setor que se julga pre-judicado caso a mudança tributária que é aguardada a uma década seja adotada, e acreditamos que ela possa vir com o novo governo.

Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Bento Gonçal-ves, Daniel Amadio, os empreendedores do varejo, além da formação que os qualifica para a atividade, possuem um diferencial indispensável para a gestão de suas empresas: estar permanentemente em contato direto com o consumidor, pesquisando suas necessidades e em busca de produtos para atender o mercado globalizado. Talvez esta seja a receita para a indús-tria gaúcha. Atendidas estas exigências, certamente o varejo gaúcho pas-sará a firmar parcerias para a distribuição dos produtos aqui produzidos e livres do diferencial de ICMS, preocupação esta demonstrada por dirigente de entidades empresariais.

Passou-se o tempo em que o consumidor comprava e pagava o que lhe era oferecido. Se o lojista não oferece ao consumidor o que ele procura, ele recorre a compras online e esta forma de comércio não tem nenhuma preocupação com os empregos dos industriários e tampouco com os dos comerciários gaúchos.

Conforme o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Santa Rosa e coordenador do Grupo de Sindicatos Varejistas do Estado, Leoni-des Freddi o momento é de definição para o governo, que assumiu com-promissos em defesa dos pequenos varejistas, inclusive editando e pro-mulgando lei que restabelece justiça fiscal a pequenos comerciantes. O dirigente destaca que o grupo acompanhará as medidas adotadas pelo governo e se necessário fará duras cobranças se o setor não for atendi-do. Há risco de fechamento de estabelecimentos, gerando prejuízos aos empreendedores e a toda sociedade. O desemprego é a primeira conse-quência, deixando empreendedores e trabalhadores impossibilitados de prosseguir em sua atividade.

O balanço das exportações do último ano, divulgado pelo Ministério do Desenvolvi-mento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), comprovaram as expectativas de perda que o Sindmóveis projetava para o polo moveleiro de Bento Gonçalves. Os US$ 48,8 milhões ex-portados pela indústria de móveis em 2014 re-presentam queda de 13,4% em relação ao ano anterior. Essa é a maior retração das exporta-ções desde o ano de 2009, pico da última crise internacional, quando o valor havia caído 35%. O desempenho negativo ocorreu em 33 dos 57 países que receberam os móveis do polo, quan-do comparados os anos de 2013 e 2014. A que-da no Brasil nesse mesmo tipo de comparação foi de 2,7%. O Rio Grande do Sul, por outro lado, teve saldo positivo de 2,4%.

Segundo o presidente do Sindmóveis, Hen-rique Tecchio, a queda ocorreu em virtude da perda de competitividade da indústria brasilei-ra, principalmente pelos altos custos de produ-

Essa é a maior retração das exportações desde o ano de 2009, pico da crise internacional

Exportações caem 13,4% no polo moveleiro de Bentoção. Ele acrescenta que o polo também sofreu os efeitos da alta carga tributária e do excesso de burocracia, somados aos problemas de infra-estrutura. Além disso, ainda conforme o presi-dente do Sindmóveis, parte da diferença de de-sempenho entre o estado, o país e o polo pode ser explicada pelo fato de Bento Gonçalves não ter atuação expressiva em dois dos principais mercados para o país e para o Rio Grande do Sul em 2014: Estados Unidos e Reino Unido.

Em ordem de importância para as expor-tações de Bento Gonçalves, os mercados que mais contribuíram para essa queda dissemina-da foram Colômbia (-14,7%), Peru (-25,8%), Chi-le (-22,5%), Cuba (-35,6%), Argentina (-58,7%) e Venezuela (-51,8%). Pelo lado positivo, desta-cam-se aumentos dos móveis exportados para países africanos como Angola, Argélia e Zâm-bia, na América Latina como Panamá e México, e no Oriente Médio para Arábia Saudita e Emi-rados Árabes Unidos.

CIC de Bento busca candidatos parapreencher vagas oferecidas pelo Depe

do Depe, Aline Monteiro Carraro.A medida, além de ajudar as em-

presas a encontrar potenciais capa-zes de atender a demanda existente, também promove o desenvolvimen-to educacional e profissional do estu-dante e seu ingresso ao mercado de trabalho. Para desenvolver o projeto o CIC/BG firmou parcerias com insti-tuições educacionais e empresas.

Orientar e incentivar empresas e órgãos públicos a oportunizar aos jovens estudantes a possibilidade de adquirir a prática do aprendizado curricular também é um dos objeti-vos do departamento. Mais informa-ções pelo telefone (54) 2105.1999.

Sitracom BG: trabalhadores definemreivindicações para o dissídio 2015

isso acontecer os trabalhadores en-caminharão um pedido para que seja acrescida de ganho real. Além disso, o Sitracom BG quer manter as conquis-tas referentes às cláusulas sociais do dissídio coletivo, como quinquênios, auxílio-escola, cesta básica e outros.

Hoje, na construção civil de Ben-to Gonçalves, o salário a ser pago a um pedreiro profissional, após o pe-ríodo de contrato, está fixado em R$ 1.570,00 e para um servente o valor é R$ 1.329,00. Vailatti destaca a im-portância da participação dos traba-lhadores nesta campanha salarial. “As decisões a respeito do futuro destes companheiros estão nas mãos do sindicato e deles. Por isso, é impor-tante que todos participem. Estão acontecendo mudanças na econo-mia do país e no centro disso estão os interesses dos trabalhadores. Então, todos devem estar empenhados em tomar conhecimento e estar mobili-zados para a campanha salarial”, con-cluiu o sindicalista.

Page 9: EnólogoFirmino Splendor · Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela

Meio Ambiente 0505 de fevereiro de 2015 | Jornal Integração da Serra

Tanto pilhas, como eletrônicos usados e lâmpadas fluorescentes queimadas, por lei federal, devem ser devolvidos ao estabelecimento comercial onde foram adquiridos. O óleo de cozinha também deve ser descartado de forma correta. Esses produtos são poluentes. A reporta-gem do Jornal Integração da Serra conversou com ecologistas sobre o tema e pesquisou locais para descar-te em Bento Gonçalves.

O secretário Municipal do Meio Ambiente, Luiz Augusto Signor, lem-bra que a Lei Federal nº 12.305 (Lei da Logística Reserva) proíbe o des-carte de lâmpadas fluorescentes no resíduo doméstico. Ele acrescenta que a Lei Municipal nº 4.418, de 14 de julho de 2008, determina que os consumidores devolvam as lâmpadas

Bairro Aparecida EMI (Creche) Doce Infância Rua Santo Bolzoni, 52 3452-9414

CEACRI-Balão Mágico Rua Giácomo Baccin, 667 8408-6249 Escola General Amaro BitencourtRua Giacomo Baccin 3452-6645 Bairro Barracão EMEF (Escola) General RondonRua Ângelo Luchese, 522 3454-9772 Associação de Recicla-dores PinheirosEstrada do Barracão, 9009142-0927

Bairro BorgoEMEM (Escola)Alfredo AvelineRua Fiorelo Bertuol, 10533454-2432

Bairro BotafogoCreche As SementinhasTravessa Natal, 243453-5232

Bairro CentroEscola General Bento Gonçalves da SilvaRua Benjamin Constant,2293452-21-85

SESCAv. Cândido Costa, 883452-6103

Bairro Cidade AltaSecretaria Municipal de EducaçãoAv. Osvaldo Aranha, 1479Salas 201/2023055-7189

Secretaria Municipal do Meio AmbienteAv. Osvaldo Aranha, 1075Fundos3055-7190

Associação Ativista EcológicaAv. Osvaldo Aranha, 4933452-9710

IFRSAv. Osvaldo Aranha,5403455-3200

Bairro ConceiçãoEMI (Creche)Primeiros PassosRua Adelaide BassoPasquali, 4163452-1006

EMI (Creche)Mundo EncantadoTravessa Sandra Nice da Silva Lima, 553453-6886

EEEM (Escola)Imaculada Conceição Rua Livramento, 1153452-4480

Bairro Jardim GlóriaEMI (Creche)Jardim GlóriaRua José Miguel, 1843453-2622

Associação de Recicla-dores Jardim GlóriaRua José de Gasperi, 903452-0073

Loteamento Municipal CEACRI Carrosel da EsperançaRua Nunciante Antinolfi, 1953451-8239

EMEF (Escola) Profes-sor Félix FaccendaRua Nunciante Antinolfi, 1553453-7487

EMI (Creche)Lar dos PequeninosRua Nunciante Antinolfi, 2343453-7318

Loteamento VinhedosEMEF (Escola) Prof. Ulysses Leonel de GasperiRua B.1833453-7494

Bairro Fenavinho

Escola FenavinhoRua Sete de Setembro, 6753452-4129

Bairro HumaitáEEEM (Escola)Mestre Santa Bárbara Rua Etore Giovanni Perizzolo, 4633452-2092

Bairro ImigranteEMEF (Escola)Prof. Agostino BrunRua Ernesto Casagran-de, 993452-3877

Bairro Licorsul EMEF (Escola)Anselmo Luigi PiccoliRua Teotônio Vilela, 2433451-3888

EMI (Creche)Raio de SolRua Joana Guindani Tonello, 6863452-2964

EMI (Creche)Espaço dos SonhosRua Júlio Lorenzoni, 1463451-4868

EEEF (Escola) José FarinaRua Ângelo Roman Ross, 333452-6800

Bairro Planalto

Colégio Estadual Landell de MouraAv. Presidente Costa e Silva, 7873452-2296

Bento VôleiRua Presidente Costa e Silva, 212 (Ginásio de Esportes)3451-6560

Bairro Progresso

EMI (Creche)Recanto dos Beija--floresRua Pernambuco, 733451-4106

Bairro Santa MartaEMEF (Escola) Prof. Noely Clemente de RossiRua Carlos Cembranel, 1753452-3011

EMI (Creche)Pinguinho de GenteRua Cristóvão Ambrosi, 2643453-2962

Loteamento Santa Helena

EMEF (Escola)Santa HelenaRua Amos Perissutti, 4623453-1178

Loteamento Santa Helena IVEMEF (Escola) Profa. Liette Tesser PozzaRua Raimundo Carvalho, 11113453-1391

Bairro Santa Rita

Loteamento VeronaCEACRI AABBRua Alfeo Torriani, 3243453-1209

Bairro Santo AntãoEMEF (Escola)Vânia M. MincaroneRua Alexandre Castelli,10553453-1611

Bairro São BentoFruteira São BentoRua Senador Salgado Filho, 5043451-9550

Bairro São FranciscoIEE Cecília MeirelesRua Garibaldi, 5413452-1014

Bairro São Roque

EMI (Creche)Mamãe CorujaRua Arlindo Franklin Barbosa, 2513451-4108

Lot. Panorâmico

Creche Paulo Freire

Rua Luciano Lorenzoni, 1763451-8453

Loteamento Ouro Verde

EMEF Ouro VerdeRua João Busnello, 3433452-5308

Loteamento ZattEscola Prof. Maria Borges FrotaRua Pastor João Rodri-gues de Jesus, 1923451-4078

EMI (Creche) Toque de CarinhoRua Pastor João Rodri-gues de Jesus, 1943453-7708

EMI (Creche)Criança FelizRua Bramante Mion, 16113451-5363

Bairro São VendelinoEscola Tancredo de Almeida NevesRua Santos Dumont, 103452-6262

EMEF (Escola) Auréleo Frare Rua Nilo Jacinto Carraro,3452-8298

Bairro UniversitárioEMEF (Escola)Ernesto DornelesRua Ulysses R. Ross, 7683452-6629

EEEF (Escola) Pedro Vicente da RosaRua Ernesto Lorenzo-ni, 593454-4839

Bairro Vila Nova

EMEF (Escola)Princesa IsabelRua Carlos D. Neto, 5433451-2123

EMI (Creche)Luz do AmannhãRua Luiz Milan, 203451-3813

Loteamento Vila Nova IIEMEF (Escola)Prof. Maria Margarida Zambon BeniniRua Arnaldo Audibert, 613452-6261

Distrito de Faria Lemos Subprefeitura de Faria LemosRS 431, km063439-1010

Pinto Bandeira

Prefeitura de Pinto BandeiraRua Sete de Setembro, 6893468-0210

EEEM (Escola)Prof. José PenseraRua 7 de Setembro, 10023468-0165

EMEF (Escola)Barão de MauáLinha Jansen3455-7465

Distrito de São Pedro

Subprefeitura de São Pedro Linha Palmeiro3455-6300

EEEF (Escola)São Pedro Linha Palmeiro3455-6363

Associação de Reci-cladores Bento Reciclagem VRS- 8059919-9784

Distrito de Tuiuty

Subprefeitura de TuiutyEstrada Buarque de Macedo3458-1538

EMEF (Escola)Floriano Peixoto Linha São Valentin3458-1505

EMEF (Escola)Senador Salgado FilhoLinha São Valentin9605-3878

Distrito Vale dos Vinhedos

EMEF (Escola)Lóris A.P. RealiRS 444, Estrada do Vinho3459-1347

CEACRI- Toquinha da Amizade Linha Leopoldina,Km 063451-7730

Linha Salgado CEACRI SEST/SENATRua Joana Guindani Tonello, 15713454-9337

PONTOS DE RECEBIMENTO DE ÓLEO DE COZINHA USADO

Reaproveitamentos em favor do meio ambientequeimadas e as pilhas gastas nos lo-cais em que são comercializadas. Ele observa que, pelo fato da maioria das pessoas não agir dessa forma, foram instituídos pontos de coleta em locais de grande fluxo de público.

Signor lembra a importância de se ficar atentos à destinação dos resí-duos. “Além disso, as pessoas devem informar à Secretaria sobre descartes incorretos em áreas públicas”. Em re-lação ao óleo de cozinha, ele lembra que o produto é extremamente po-luente e, em hipótese alguma, deve ser despejado no ralo da pia ou na terra.

Destino do lixo eletrônico Já o lixo eletrônico é aceito pela

ONG Associação Ativista Ecológica (AAECO), fundada em 12 de dezem-

bro de 2006. Aparelhos de televisão, computadores, rádios, carregadores, entre outros materiais são entregues na associação. Segundo o secretário geral da ONG, Gilnei Rigoto, o volume de arrecadação é de dois a três cami-nhões por mês, com destino para o município de Campo Bom, na sede da recicladora.

Ainda conforme Rigoto, a lei re-ferente à destinação de eletrônicos, prevendo o descarte nos estabeleci-mentos onde foram adquiridos, pre-cisa de readequações. “Televisores, por exemplo, podem durar décadas”, acrescenta. Um dos pontos reforça-dos por ele é em relação a composi-ção de materiais eletrônicos. “Televi-sores e monitores de computadores possuem pó fosfórico e chumbo, mui-to cancerígenos”, explica.

Aline Festa

Óleo de cozinha não deve ser despejado no ralo da pia ou na terra

Page 10: EnólogoFirmino Splendor · Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela

Social / Moda06 Jornal Integração da Serra | 05 de fevereiro de 2015

Soci

al

ModaRecortes da

RodrigoDe [email protected]

Efeitos gráficos e geométricos

Estampas gráficas e geomé-tricas também dão as caras nessa temporada com efeitos ópticos combinados com ousadas silhuetas e combinações memoráveis. Todos os tipos de padrões xadrezados es-tão entre as tendências mais quen-tes de estampas do verão 2015.

Estampas de animais incomuns

As estampas de animais são uma tendência realmente popular e eterna. Podem ser encontradas em qualquer desfile de moda, em

Intervenção UrbanaOs artistas Éder Rodrigues, Fernanda Rodrigues e Renata Zanchetin têm surpreendi-

do Bento Gonçalves com a entrega de flores de papel de arroz com poesias de escritores bento-gonçalvenses, entre eles, esta colunista.

Graduado recentemente em Medicina, Lucas Corbellini, ladeado pelos pais Vera e Luiz Corbellini

André Pellizzari Fotografia

A graça da pequena Ana Luiza Barossi Troian

André Pellizzari Fotografia

É comum preocupações sobre a peça ideal para determinada ocasião, ou se aquilo que se está vestindo pode ge-rar desconforto.

Não há regras quanto a isso. A dica

qualquer época do ano. No entanto, no verão 2015 as estampas de animais são bas-tante originais e interessan-tes, combinando desenhos incomuns e modernos.

Todas as larguras de listrasAs listras são uma tendência ver-

sátil e cativante nessa temporada que vem novamente com uma série de in-terpretações diversas e combinações específicas de feminilidade e charme em uma variedade de tons, larguras e cores. Da mesma forma que as estam-pas de animais, as listras estão sem-pre presentes nas coleções de moda pela sua versatilidade.

Estampas florais e natureza

As estampas florais e elemen-tos da natureza são atemporais nos desfiles de moda e o que torna esses padrões tão únicos neste momento é a ampla diversidade de tons e suas sobreposições.

As cores do verãoé ousar no visual, principalmente no ve-rão. Exagere nas cores quentes, não pou-pe criatividade. É interessante mesclar o amarelo, laranja e vermelho. A alternân-cia de peças faz a diferença.

Estampas de Cultura Pop

A inspiração na Pop Art é ou-tra tendência bastante curiosa, que apareceu em alguns desfiles de moda com desenhos superco-loridos, jovens e gráficos.

Page 11: EnólogoFirmino Splendor · Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela

JaneteNodari

[email protected]

05 de fevereiro de 2015 | Jornal Integração da Serra 07

Social

O empresário Moysés Michelon colhe uvas no parreiral modelo do Hotel Villa Michelon

Fotos: João Cláudio Silva da Silva

Momentos Vindima Villa Michelon 2015

Rainha do Vale dos Vinhedos, Sabrina Batistello recepcionou convidados e visitantes na Abertura Oficial da Vindima, no último dia 31 de janeiro

Festa religiosa

O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Cons-trução e do Mobiliá-rio de Bento Gonçal-ves (Sitracom BG) e a Comunidade Sagra-do Coração de Je-sus, de Santa Tereza realizam, no dia 8 de fevereiro, a 8ª Festa de Nossa Senhora dos Navegantes e Nossa Senhora da Saúde, às 9h30min com a realização de duas procissões simultâneas, com embarcações no rio Taquari e, por terra, com Nossa Senhora da Saúde. Ao final do percurso, os fiéis promovem o encon-tro das procissões, no Centro de Lazer do Sitracom BG, onde será celebrada uma missa. Após, al-moço e festividades.

Encontro de famíliaNo dia 8 de fevereiro de 2015, a família Dal Pozzo realizará seu primeiro

encontro, na cidade de Paraí. Haverá celebração eucarística, às 9 horas, na Igreja Matriz e almoço. Os idealizadores do encontro são os padres Ezequiel e Valentim Dal Pozzo.

MemóriasO documentário “Memórias do Vale dos Vinhedos” será apresentado, no

dia 6 de fevereiro, às 12h, no Restaurante Mamma Gema. Um bate-papo entre Décio Tasca, Moysés Michelon e Remy Valduga contribuiu para a ela-boração deste resgate histórico. Site: www.valedosvinhedos.com.br

O casal em Bodas de Ouro, Marines e Luiz Machado A bela engenheira Jamile Lunelli

André Pellizzari Fotografia André Pellizzari Fotografia

Page 12: EnólogoFirmino Splendor · Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela

Comportamento / Patrimônio Histórico08 Jornal Integração da Serra | 05 de fevereiro de 2015

De significativa presença no con-junto arquitetônico da colonização italiana tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), as casas Ferri e Miele, em Santa Tere-za, estão restauradas e preservadas.

De acordo com a arquiteta do Iphan, Paula Lovatel Soso, de modo geral, a obra da Casa Ferri está pron-ta e será entregue para as proprietá-rias, as irmãs Dianei Raimunda Ferri e Genni Censi, nos próximos dias. “Houve a necessidade da prorroga-ção do prazo de entrega, previsto an-teriormente para o final de 2014, em função da instabilidade do tempo,“ diz Paula. Ela acrescenta que também foram necessárias mais substituições de peças de madeira, o que é comum acontecer em restauros, isto é, mais substituições de esquadrias do que o previsto, porque a degradação é rápida e existe um tempo significati-vo entre a elaboração do projeto e a execução.

“A obra foi bem executada, faltam somente a pintura de eletrodutos e a instalação de uma placa informativa,” acrescenta ainda a arquiteta. “Com a entrega das Casas Ferri e Miele, as duas edificações que corriam, até

Por Janete [email protected]

As denominações preferidas para bebês nascidos no município em 2014 foram Maria, seguido de Ana, e Davi, seguido de Arthur, em dupla com outros nomes. A informação é do registrador civil Gerson Tadeu As-tolfi Vivan, do Cartório Civil de Bento Gonçalves. Segundo ele, nos 1651 registros de nascimentos do ano pas-sado, os nomes compostos continu-aram em evidência. “O de meninos – Davi – não ficou só nisso, foi Davi Luiz, aquele mesmo da Seleção Brasileira. No caso de Maria e Ana, geralmente, foram nomes duplos, como Ana Clara e Maria Eduarda”, acrescenta Vivan.

Ele observa que a mídia tem uma grande influência nos nomes. “Muitos escolhem para os filhos os nomes de pessoas em voga nos meios de comu-nicação. O exemplo é o do ator Cauã Reymond, que tem tido seu nome, com C, ou mesmo, com K - bastante escolhido nos últimos tempos,” cita.

Uma doce escolha – mas nem tanto A tarefa da escolha cabe aos pais,

principalmente à mãe, a prioridade da opção, porque eles terão os maio-res encargos em relação ao bebê. Mas

Em 2015, o primeirobebê foi o Bendgi

Já o primeiro bebê nascido em Bento Gonçalves, em 2015, foi o menino Bendgi Loubenz, filho dos imigrantes haitianos Marie Carmi-de Mortume Fleurius e Federe Bris. Bendgi nasceu no Hospital Tacchi-ni, às 22h58min, de 1 de janeiro, recebendo, conforme Vivan, um nome da cultura haitiana.

Meninosl Davil Arthurl Miguell Pedrol Joãol Gabriell Enzol Bernardol Lorenzol Pietro

Meninasl Marial Anal Alicel Valentinal Biancal Sofial Isadoral Heloísal Larissal Amanda

Top 10 2014

2014 foi o ano das Marias e Davis em Bento GonçalvesComportamento

nem sempre a situação é simples. Muitas vezes existem exigências fa-miliares interferindo na escolha, co-brando que se repita algum nome de parente.

Outras vezes, são homenagens já programadas a pessoas importan-tes para o casal ou seus familiares. A história da escolha do nome costuma ser o começo da história da vida da pessoa.

Quando os pais querem usar um nome pouco usual, que possa a vir causar constrangimentos futuros, o Registrador Civil tem que intervir. “Nossa obrigação, por dever da ati-vidade imposta por lei, é orientar as pessoas, quanto à conveniência de usar este ou aquele nome”, explica Vi-van. Ele se lembra de um caso em que o pai apareceu no Cartório querendo registrar a criança com o nome de Martelo. “O pai entendia desse modo a pronúncia em língua italiana. É ób-vio que orientamos para Marcelo”.

Ainda conforme o oficial do car-tório, caso haja insistência no registro de nome incomum ou ridículo, existe a possibilidade de ser feita uma con-sulta ao Juiz de Direito. Ele acrescen-ta que a grafia também é importan-te. “Temos Jonatan e Dionatan, por exemplo, mas claro que orientamos para a grafia correta: Jonatan”.

Registrador civil, Gerson Tadeu Astolfi Vivan

Concluída preservação das Casas Ferri e MielePatrimônio Histórico / Santa Tereza

mesmo, risco de desabamento, estão recuperadas, garantin-do a preservação dos imóveis e da paisagem de Santa Tereza,” pontua a arquiteta do Iphan.

Casa MieleTambém a entrega da casa Miele, restaurada com recursos

próprios da família, está prevista para este mês de fevereiro. Segundo a arquiteta responsável pelo projeto, Renata Tosi estão ocorrendo finalizações, como pintura, acabamentos e esquadrias metálicas de uma nova parte da moradia. “Foram feitos vários serviços, como instalações elétricas, hidráulicas e divisórias internas, bem como restauro das esquadrias, escada, assoalhos, telhado, calhas, forros e lambrequins,” explica.

Janete Nodari

Fotos: Cassiano Bortolini Bocchi

Restauro da Casa Miele em finalização Casa Ferri preservada

Lambrequins são recortes de madeira de-corados, encontrados principalmente nos beirais de construções antigas, no sul do Brasil. “Lam-perkijim” é uma palavra francesa, de origem ho-landesa, mas, no Rio Grande do Sul, o ornamento é encontrado, principalmente, em casas de co-lonos poloneses e italianos. Os ornamentos, que lembram rendilhados, não eram apenas objetos de decoração, mas também tinham a função de pingadeira, para proteger as casas das chuvas.

Page 13: EnólogoFirmino Splendor · Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela

Geral 0905 de fevereiro de 2015 | Jornal Integração da Serra

A Associação Amigos da Criança (Pelotão Curumim) é uma das entida-des de Bento Gonçalves que pode ser beneficiada com recursos captados pelo Fundo Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente (FUMDICA) com parte da destinação do Imposto de Renda de pessoas físicas e jurídi-cas. Para contribuir com projetos da entidade, que vão desde o desenvol-vimento de práticas esportivas até a formação de valores como respeito e amor aos símbolos nacionais, o con-tribuinte pode doar até 6% do impos-to devido.

Colégio Marista Aparecida23 de fevereiro

Colégio Scalabriniano Medianeira12 de fevereiro - 6º ao 9º ano e Ensino Médio16 de fevereiro - 1º a 5 º anos ( tarde)

Colégio Cenecista São Roque19 de fevereiro

Colégio Sagrado Coração de Jesus23 de fevereiro - 6º ao 9º ano e Ensino Médio24 de fevereiro - Educação Infantil e Ensino Fundamental (1º a 5° anos)

Rede Municipal de Ensino23 de fevereiroNo total, os educandários do município atendem cerca de 8.800 alunos, sendo 19 Escolas de Educação Infantil; uma, de Ensino Fundamental de Tempo Integral, uma Escola de Ensino Médio, uma especial e 20 escolas de Ensino Fundamental.

Rede Estadual de Ensino26 de fevereiroRepresentada por 21 escolas

Associação Amigos da Criança pode ser beneficiada com contribuição do IR

De acordo com o coordenador do Pelotão Curumim, sargento José Erlan Nunes Matias, participam do projeto cerca de 40 meninos, entre 12 e 17 anos, no horário contrário ao turno escolar. “O projeto é uma parce-ria entre o 6º BCOM e o Rotary Club Bento Gonçalves. Estamos engajados para formarmos cidadãos de valor,” argumenta Matias.

Conta FUMDICACaixa Econômica FederalAg. 0457 CC 006.00000129-0CNPJ 17.906.410.0001-07

Divulgação

Calendário do início do ano letivo 2015 Ciclos infantil, fundamental e médio

- Bento Gonçalves -

Soldados Righes e Alan, Comandante Alexander Ferreira, 2º Sargento Erlan Nunes Matias, Pro-fessor Ênio e Cabo Nicolodi, do Projeto Pelotão Curumin

Page 14: EnólogoFirmino Splendor · Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela

Comportamento / Saúde10 Jornal Integração da Serra | 05 de fevereiro de 2015

Por Rodrigo De [email protected]

A disseminação de redes sociais registrada, nos últimos anos, está acarretando o acréscimo da procura por psicoterapia de casais. Facebook, Twitter, Instagram e agora WhatsApp são alguns exemplos de aplicativos que, por um lado, aproximam pes-soas no mundo virtual e por outro, geram discórdia entre casais e contri-buem com problemas de ansiedade, muito em função do ciúmes gerado pelo mundo virtual.

A psicóloga Tuani Bertamoni, es-pecialista em Psicoterapia Cognitiva, diz que atualmente, a maioria das bri-gas conjugais é relacionada a ligação frequente do parceiro (a), ou de am-bos, com o mundo virtual. “Já atendi vários casais com reclamações rela-cionadas ao uso do celular e a nave-gação na web e nas redes sociais. Em casos mais extremos já presenciei até brigas no consultório”, acentua.

Tuani ressalta o aumento do con-trole da vida do parceiro (a) como outro ponto de conflito em relacio-namentos entre casais ocasionado pelas redes sociais. “Aconselho que as mídias sociais sejam usadas para assuntos imediatos. Encontros de-vem ser pessoais, olho no olho, para aumentar a possibilidade de atração, diálogo e admiração”, acentua ela.

A era do amor digitalUso de redes sociais aumenta procura por psicoterapia de casais

Com cerca de 700 milhões de usuários ativos mensais, o uso do Whats--App avança desenfreadamente. Agora, é possível também acessar o aplica-tivo por computador.

As redes sociais despertam o interesse não apenas de jovens e aficio-nados pelo mundo virtual, mas também de comunicadores dispostos a co-nhecer as novas mídias e suas influências na sociedade. É o caso da relações públicas, Monica Pieniz, Mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Doutora em Comunicação e Informação pela Uni-versidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) que estudou para sua tese de doutorado a influência do twitter nos meios sociais.

Segundo ela, o avanço da tecnologia propiciou novas formas de estabe-lecer contato, modificando os conceitos da comunicação direta. “Cada pes-soa pode ter seu próprio espaço midiático nas redes sociais digitais. Essa vi-sibilidade antigamente só era possível a partir de veículos de comunicação”, constata. Ela acrescenta que nesse novo cenário é de extrema importância a análise crítica do que é lido, ouvido e emitido.

Rita Rizzon De Marco

Diálogo e bom-sensoA estudante de jornalismo Bruna

Bello, acredita que o diálogo é a me-lhor forma para resolver conflitos ge-rados pelo uso de redes sócias. Para ela, o bom-senso no uso e a dosagem do tempo em que se fica na internet são fundamentais. “Eu não costumo esconder nada do meu marido. A internet está aí para nos ajudar. Se alguém no relacionamento tiver in-tenção de trair, vai fazer acontecer

de qualquer forma”. No entender de Bruna, desde que o parceiro não seja desrespeitado, não há mal algum em adicionar novos amigos ou conversar online.

A estudante ressalta que o perigo está em deixar o mundo virtual sobre-

pujar a vida real. “Isso é preocupante. Muitos ficam tão conectados que se esquecem de viver. O mundo virtual é maravilhoso. Mas, o mundo real é ainda mais incrível. Vale a pena assis-tir um bom filme ao lado de quem se ama”, lembra.

Vulneráveis e expostos Já a assistente social Ivone Aschi

admite que o ciúme pelo uso do Fa-cebook tem causado atritos em seu relacionamento. “Vi uma foto no Face do meu marido, na qual ele aparece abraçado em outra mulher. Ele diz que é uma amiga. Isso realmente me incomodou”, lembra.

Na avaliação da assistente social, o malefício no relacionamento afe-tivo que as redes sociais causam su-pera o benefício de se encontrar ami-gos. “As redes sociais são importante, mas estamos vulneráveis e expostos às suas armadilhas. É impossível não haver brigas por conta de postagens do parceiro ou de quem as curte”, afir-ma.

Ela conta ainda que já brigou mui-to com o marido por conta de ambos não se darem a devida atenção. “Cada um ficava mais interessado em seus “afazeres tecnológicos”, admite.

WhatsApp e Twitter

Entre o mundo real e o virtual

Page 15: EnólogoFirmino Splendor · Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela

Esportes05 de fevereiro de 2015 | Jornal Integração da Serra 11

RodrigoDe [email protected]

Parkour: daFrança para o mundo

O maior torneio de futebol de base do país chega em julho à Serra Gaúcha. O Brazil Cup, promovido pela Fundação Athletic Center, será realizado, de 25 a 31 de julho, nas cidades de Garibaldi, Bento Gonçalves e Carlos Barbosa. Para a competição são aguardados atletas de mais de 15 países que participam das catego-rias Sub-11, Sub-13, Sub-15 e Sub-17.

Segundo o organizador do Brazil Cup, Ken-nedy Carvalho, a escolha pelos três municípios da Serra Gaúcha se deu pelo fato de contarem com uma estrutura considerada excelente. Car-valho destaca a visibilidade de Bento Gonçal-ves no cenário nacional. “Bento é uma cidade que investe fortemente no turismo. Sabemos que o evento aqui na Serra será um sucesso”, salienta.

Nos 15 anos da copinha, o Brazil cup con-tou com equipes de 30 países. Inúmeros atletas

Uma modalidade esportiva com cunho filosófico está crescendo no Brasil. O Parkour (conhecido antigamente no Brasil como “Le Parkour”) é uma disciplina física de origem francesa, em que o participante chamado de “traceur” no masculino, ou “traceuse” no fe-minino, sobrepõe obstáculos de modo mais rápido e direto possível, utilizando-se de diversas técnicas como saltos, rolamentos e escaladas.

O esporte começou a se expandir na França, em 1997, após David Belle (um dos criadores) gravar matérias para a televisão francesa sobre a prática do Parkour. Foi, no entanto, no início dos anos 2000 que esse “estilo de vida” se espalhou pelo mundo, sendo conhecido no Brasil em 2004. O mais interessante é que após 10 anos essa ativi-dade cresceu de forma considerável no país, e hoje é praticada não apenas por homens, mas também muito bem aceita por mulhe-res que buscam adrenalina.

A irreverência do Parkour está justamen-te no fato de incitar o praticante a criar no-vos movimentos e obstáculos maiores. Para ele a cidade é um grande playground em que muros, escadas, corrimões, e até mesmo a janela da sua casa viram obstáculos. Leo-nard Akira (um dos primeiros participantes brasileiros) criou oficialmente, em 2006, a equipe Parkour Brasil e dois anos depois deu início ao primeiro curso.

Um esporte, filosofia ou estilo de vida? Talvez seja tudo isso, porque além da prática do exercício físico, o Parkour exige do adep-to um grande poder de concentração, ao mesmo tempo, em que passa a fazer parte do dia a dia, podendo ser praticado a qual-quer momento, basta usar a criatividade e estimular a coragem.

Os canoístas Evandro Tasca, de Bento Gonçal-ves e Marcelo dos Santos, de São Paulo comple-tam o diversificado time master masculino que levou ouro no Campeonato Mundial de Rafting R4, ocorrido em Foz do Iguaçu, no Canal Itaipu em novembro do ano passado. Na ocasião, o Bra-sil também levou ouro nas categorias open mas-culino e open feminino – na modalidade Head to Head. As equipes brasileiras são as favoritas para o Mundial 2015, em novembro, na Indonésia.

Tasca, 46 anos, que começou na canoagem nos anos 1980, também é instrutor de rafting, encontrando no esporte, sustentabilidade e di-versão. Ele explica que a canoagem é uma mo-dalidade olímpica que consiste em descer rios com águas calmas ou corredeiras, de canoa ou de caiaque, de forma individual ou por equipe. Tasca acrescenta que o rafting, muito praticado no ve-rão na região Nordeste do Estado, é um esporte radical caracterizado pela descida de rios em gru-po, em botes infláveis.

“Os integrantes da embarcação remam sob o comando de um instrutor que é o responsável pela orientação do grupo durante o trajeto”, expli-ca. O participante recebe um remo, um capacete

Reprodução

Canoagem e rafting em destaque na região

Esportes de água

e um colete salva-vidas. Para descer as corredei-ras, existe uma normatização, visando à seguran-ça dos esportistas. Podem participar crianças a partir de 10 anos.

“O rafting é um esporte de equipe, as emoções são divididas”, acentua Tasca. Ele salienta que, além de ser um esporte radical, estimu-la a confiança. “Já desci o rio com um casal de 73 anos de idade, que deu exemplo de liderança”, enfatiza. Ainda de acordo com Tasca, o rafting praticado no Rio das An-tas conta com a parceria da Companhia Energética Rio das Antas (CERAN), que abre as comportas em dias pré--estabelecidos.

Arquivo Pessoal

Arq

uivo

Pes

soal

Canoísta Evandro Tasca

Equipe de rafting e instrutor no Rio das Antas, em Nova Roma do Sul

Bento sediará o campeonato Brazil Cupbrasileiros foram revelados, entre eles: Kaká, participante do ano de 2001, Julio Baptista e Anderson, também participantes daquele ano. Clubes tradicionais como Flamengo, São Paulo e Grêmio já participaram da competição. Foi no ano de 2013, no entanto, que as edições do tor-neio mobilizaram 185 equipes do Brasil, Chile, Peru, Estados Unidos e Canadá, mostrando a força do evento.

A expectativa da equipe organizadora é reunir entre 80 e 100 equipes na edição de Bento, Carlos Barbosa e Garibaldi, contabilizan-do mais de 1500 atletas. Devem ser usados di-versos campos da cidade e também do interior dos municípios. As inscrições já estão abertas e devem ser feitas até o dia 30 de junho pelo site www.brazilcup.com.br. Para as equipes locais, que não necessitam de alojamento, o valor é R$ 800.

Page 16: EnólogoFirmino Splendor · Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela

Agricultura12 Jornal Integração da Serra | 05 de fevereiro de 2015

Safra da Uva

ThompssonDidone

EnólogoEmater Bento Gonçalves*

Bento Gonçalves destaca-se por ser um dos municípios de maior produção e processamento de uvas do Brasil. Nossos produtos são pre-miados e respeitados em todo o mundo, com uma crescente aceita-ção nos mercados mais exigentes. Elaboramos ótimos vinhos, sucos e espumantes num constante apri-moramento técnico, industrial e em nível de campo.

A safra da uva expressa o mo-mento em que o agricultor entrega o trabalho de um ano, quase que de forma artesanal: um produto que ficará retratado em uma garrafa,

Novo endereço da EMATER/BG: Av. Osvaldo Aranha, 1045, antiga secretaria do Meio Ambiente

As famílias Passarin, De Toni, Se-bben e Giroldi, do bairro Fenavinho cultivam e trocam entre si hortaliças e legumes orgânicos, atendendo aos princípios da sustentabilidade. A ideia é reviver os tempos em que a troca era a moeda vigente. O siste-ma era conhecido como feira da bar-ganha, escambo, ou simplesmente troca-troca. Quando a lavoura ecoló-gica começa a produzir, os vizinhos, que convivem no bairro, há mais de meio século, começam a troca. A do-na-de-casa Lourdes Passarin, oferece superbeterrabas, milho e repolhos; os De Toni trocam por tomates; a família Sebben, distribui alfaces de todos os tipos, chicórias, suquetis, pimentões, temperos e berinjelas. Integrantes das quatro famílias ressaltam que, além de consumirem produtos fres-cos e orgânicos, encontram felicida-de no trabalho com a terra.

O casal Darci e Madalena De Toni, faz questão de mostrar que mesmo um pequeno espaço de terra - cantei-ros com menos de um metro quadra-do - é suficiente para uma produção ecológica abundante de tomates. Ainda quem não planta, entrega se-mentes para a produção. “Cada um troca o que pode. Às vezes, também preparamos receitas diferentes com os legumes, que resultam em pratos saborosos,” salienta a dona-de-casa Cristina Sebben. Já, Lourdes diz que a tarefa a faz lembrar o tempo em que vivia na colônia, ou, da época, em

garrafão, bag in box, entre outros. O resultado deste trabalho depende, além de uma boa matéria-prima, dos equipamentos, técnicos e métodos de produção que estão envolvidos nos processos de elaboração de deri-vados da uva.

Cabe ao agricultor uma das eta-pas mais importantes do processo de elaboração dos produtos da uva: o fornecimento da matéria- prima de qualidade. Para isso, alguns cuidados são necessários e iremos retratar a se-guir.

É importantíssimo que os trata-mentos fitossanitários sejam feitos com acompanhamento de um técni-co especializado. Alguns tratamentos somente podem ser realizados 30 dias antes da safra, sob o risco de pre-judicarem a fermentação do mosto, além de apresentarem resíduos quí-micos no produto final. Este cuidado

é importante para a elaboração de produtos de qualidade, sem riscos para o consumidor final.

A uva deve chegar à cantina com a temperatura mais baixa possível, fa-tor que reduz a oxidação de compos-tos aromáticos e, em caso de bagas rompidas, reduz a intensidade de fer-mentação que se inicia sem controle enológico. Quanto mais passa o tem-po, piores ficam as condições da fruta para o processamento. Inicia-se ou acentua-se o processo de oxidação e, em caso de bagas rompidas, tem início a fermentação do mosto que extravasa sem controle enológico.

Uvas limpas, em geral, são uvas em condições sanitárias boas. Para tanto tem que ser tomados alguns cuidados na colheita, como ter os equipamentos (tesouras, caixas, etc.) de colheita limpos e higienizados.

Folhas e outras partes da planta

devem ser separadas (retiradas das caixas de colheita) ainda no vinhedo.

Os veículos que transportam a uva devem estar limpos, as caixas com as uvas dispostas em ordem, empilhadas e encaixadas, com a car-ga protegida por lonas contra a po-eira, sol e chuva.

A possibilidade de manter a uva na videira em estado de sanidade ideal deve ser sempre buscada. A melhora qualitativa que poderá vir de um maior tempo das uvas fica-rem nas videiras, é a diminuição do ácido málico, a formação de aramas e da concentração de açúcar que poderá haver em função de tempo seco. Todos esses fatores são deter-minantes para a elaboração de pro-dutos de qualidade.

Assim, a produção de excelen-tes produtos depende, além dos aspectos tecnológicos das vinícolas, da produção de matéria prima de qualidade, fator que está diretamen-te condicionado à produção, suas tecnologias e métodos, sendo um conjunto de fatores que devem tra-balhar integrados para a produção de qualidade.

Famílias do bairro Fenavinho cultivam e trocam verduras orgânicas

Escambo modernoHouve uma época em que a principal moeda para o comércio era o escam-

bo, a pura e simples troca, para adquirir alimentos ou algum produto desejado. Séculos se passaram e essa prática foi substituída pelo dinheiro e seus deriva-dos. No entanto, mesmo na atualidade, é possível encontrar iniciativas que pro-movem e incentivam a troca. Um exemplo está no site alemão “foodsharing.de”, que visa a combater a estatística de que quase metade de todos os alimentos produzidos no mundo são desperdiçados. A plataforma não só retira a comida que ia acabar parando no aterro, como também ajuda a quem precisa. Segundo os criadores, a utilização é fácil e gratuita. Basta listar os alimentos disponíveis e onde eles estão localizados. O site já está sendo utilizado em toda a Alemanha. Os usuários podem acessar um mapa e descobrir que tipo de alimento está dis-ponível no próprio bairro. Atualmente os alimentos disponíveis variam de peito de pato congelado, até cappuccinos, compotas e repolho roxo. Para os interes-sados em alimentos específicos, o foodsharing.de também oferece uma opção de busca, para facilitar o processo. E para quem deseja oferecer um produto, não há regras para a quantidade de mantimentos a serem partilhados. Os criadores afirmam que a ideia é um sucesso. Já foram negociados até o momento 10 mil quilos de alimentos.

Fonte: WEB

que, o agora bairro Fenavinho, era considerado interior do município. “Fico feliz em dar esse exemplo para meus netos que gostam dos legu-mes e verduras produzidos na horta”, acrescenta.

Outra forma de solidariedade constatada no bairro é o empréstimo da terra para cultivo de hortas. Con-forme a dona-de-casa Salete Giroldi que cedeu o terreno para uma família vizinha, essa foi uma forma de ver a terra produzindo. “Parei de lidar com a terra por problemas na coluna e por cuidar de netos gêmeos. Eles me pe-diram se podiam usar o terreno para plantar algumas vagens,” diz Salete. Ela acrescenta que não hesitou em autorizar o plantio. Isso fez do casal Cristina e Alcides Sebben os mais no-vos horticultores da vizinhança.

Os moradores arriscam uma su-gestão. A de que seja instituída uma lei municipal de incentivo a ocupação de terrenos baldios da área urbana, com cultivo de hortaliças, temperos e chás destinados a troca entre famí-lias, com desconto no IPTU para os adeptos.

Fotos: Eliana Passarin

Famílias exibem seu cultivo e suas trocas

Page 17: EnólogoFirmino Splendor · Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela

Fique Informado!Entretenimento, promoções,

músicas e muita notícia.

Valter emquadrinhos

Programe-se com a agenda cultural

Caderno de Cultura e Arte Nº 19 | Janeiro/Fevereiro 2015

Páginas 06 e 07A lenda do Massariol

Page 18: EnólogoFirmino Splendor · Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela

02 | Mosaico | 05 de fevereiro de 2015

Primeiras Palavras

RogérioGava

[email protected]

O Raso e o “Fundão”Revisito o baú de memórias e lembro-me dos verões

da infância. Das temporadas de piscina. Esperávamos o ano inteiro por aqueles três meses de deleite aquáti-co. Era época em que ninguém (ou somente os ricos) tinha piscina em casa. Banho de piscina, portanto, era uma efeméride rara. Um acontecimento tão marcante quanto passageiro.

A piscina tinha dois territórios bem demarcados: o raso e o “fundão”. Dois espaços completamente dife-rentes, mas que ao mesmo tempo se misturavam. Era difícil precisar onde acabava um e começava o outro. Era como se fossem duas piscinas em uma só. E até aprendermos realmente a nadar o fundão era termi-nantemente vedado. Por isso mesmo ele nos fascina-va. Aquele território desconhecido e inacessível atiçava nossa imaginação. Conhecíamos apenas o raso; o fun-dão era mistério.

Uma piscina dá uma boa alegoria para a existência. Há a vida rasa, do cotidiano. Da superfície. Das contas a pagar e do dinheiro a ganhar. Dos pratos limpos que tornam a sujar. Da rotina de cada um. Mas em um pis-car de olhos eis que entramos na vida profunda. Pode ser durante um passeio ao entardecer, ao lermos um ro-

mance, contemplando um quadro que achamos bonito. Os exemplos seriam infinitos. Cada qual bem conhe-ce seus momentos de júbilo, de exultação e assombro com o mistério da vida.

Os filósofos – que gostam de complicar as coisas com seus termos difíceis – há muito deram nome a es-ses dois estados. O raso da piscina é o mundo da ima-nência, do que os olhos enxergam. Dos paus e pedras da realidade física. Já o fundão é o mundo da transcen-dência, de tudo aquilo que foge à realidade. Do que escapa, como dizia Shakespeare, à nossa vã filosofia.

A vida é, portanto, uma piscina. Nela cabem a su-perfície e a profundidade. Acreditar que exista algo além, profundo – ou que tudo não passa de átomos combinados –, é questão sempre muito pessoal. Uma escolha. Uma aposta. Um ato de fé. Arrisco a dizer, no entanto, que essa sensação de um abismo indefinível e inexplicável que nos rodeia é quase universal. Indepen-dente da religião que se professe e até mesmo que não se professe nenhuma. Independente do Deus de cada um de nós.

Esse sentimento é o que, em minha visão, melhor exprime o que se chama de espiritualidade.

Motivos para retratar a colheita da uva, no interior de Bento Gonçalves, não faltam: a vivência entre famílias de viticultores, nos dias de colheita, e a interação com migrantes, que chegam ao município, nesta época do ano, para trabalhar como safristas. A temática mobili-zou o cineasta Boca Migotto a gravar o documentário “À sombra das Videiras”. As gravações iniciaram no úl-timo dia 16 de janeiro, na linha Paulina.

De acordo com Migotto, a filmagem acontece em

Documentário “À sombra das videiras”registra vivências no período da colheita

duas etapas. A primeira parte acompanhou o dia a dia de três famílias de produtores. A segunda etapa, pre-vista para os dias 18, 19 e 20 de fevereiro, segundo Migotto, vai registrar esse intercâmbio cultural entre pequenos produtores e safristas. Conforme a diretora de produção Deisi Chagas, ainda não há uma data para o lançamento do documentário. “Mas já se pode adiantar que será ainda neste ano, entre junho e ju-lho“, salienta ela.

Janete Nodari

Page 19: EnólogoFirmino Splendor · Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela

Programe-se

A redação leu

O HOMEM QUE AMAVAMUITO OS LIVROSAutor: Allison Hoover BartlettPáginas: 207Editora: SeomanAno: 2013 (1ª edição)

Repr

oduç

ão

Mosaico | 05 de fevereiro de 2015 | 03

O HOMEM QUE AMAVA MUITO OS LIVROS

John Charles Gilkey não é um personagem fictício. Sua história verídica é o fio condutor deste livro. Gilkey roubou uma fortuna em livros raros (estima-se 200 mil dólares) de livrarias antiquárias e em feiras de livros para colecionadores nos Estados Unidos, no início dos anos 2000. O mais intri-gante, contudo, era que Gilkey não roubava para revender os livros e ganhar dinheiro; ele roubava por amor: um legítimo amor bibliófilo aos livros.

A narrativa conduzida com maestria pela autora remete o leitor ao mundo dos livros raros, das feiras antiquárias e ao universo dos bibliófilos, esses amantes inveterados dos livros e suas coleções. Ela traça a trajetória de Gilkey e seu incansável perseguidor, Ken Sanders (também personagem verídico), vendedor antiquário e que se tornou uma espécie de “bibliodetetive”, dedicado a capturar Gilkey de forma ob-sessiva.

Allison Hoover Bartlett, ao estilo do jornalismo investiga-tivo, prende a atenção à trama do começo ao fim, revelando detalhes estatísticos e psicológicos pitorescos do mundo bi-bliófilo e seus exageros. Ponto alto da narrativa, a autora en-trevistou Gilkey diversas vezes para conhecer seus motivos, práticas e seu louco e inconsequente amor aos livros.

Gilkey foi preso em 2003, em uma cilada estratégica or-questrada por Sanders. Cumpriu sentença e saiu da prisão em 2005. Em 2010 voltou às grades, pelo roubo de dois ma-pas antigos na cidade de São Francisco.

CaminhadaO quê: Caminhada Ecológica e CulturalQuando: 7 de fevereiro, 8hOnde: Vale dos Vinhedos

MaratonaO quê: Maratona do VinhoQuando: 8 de fevereiro, 7 hOnde: Vale dos Vinhedos

Carnaval O quê: Oficina de Carnaval Alegria, Alegria!Quando: 9 a 13 de fevereiro, 14hOnde: Biblioteca Pública Castro AlvesFaixa etária: de 5 a 10 anosInformações: 3452.5344

O quê: Carnaval dos Blocos União do Morro, UTI e KamikazesQuando: 13 a 17 de fevereiro,21hOnde: Ferrovia LiveAcima de 18 anos

O quê: Carnaval de RuaQuando: 13 de fevereiro, 21hOnde: Praça Pe. Ferlin, Monte Belo do Sul

O quê: Carnaval de Santa TerezaQuando: 14 de fevereiro, 22hOnde: Parque de Eventos - Rodeio de Santa Tereza

O quê: Carnaval da GurizadaQuando: 16 de fevereiro, 15h30Onde: Clube Caça e Pesca

Hip-HopO quê: Oficina de férias de hip-hopQuando: às quintas-feiras, 16h30Onde: Casa das Artes

JantarO quê: Jantar sob as estrelas“Comer, Beber, Viver”Quando: 6 de marçoOnde: Rua Herny Hugo Dreher e Av. Pla-naltoInformações: 3453.8000

Estreia“Cinquenta tons de cinza”

Um dos filmes mais aguardados do ano, “Cinquenta tons de cinza”, estreia na próxima quinta-feira, dia 12, no Arcoplex Cinemas, Shopping Bento Gonçalves, às 14 horas. Com sessões também às 16h30, 19h e 21h30min.

O desenhista Ernani Cousandier, articulista de arte do Jornal Integração da Serra, rece-beu o Troféu Angelo Agostini, na 31ª edição do evento, ocorrida em São Paulo, no último 31 de janeiro, Dia do Quadrinho Nacional. Cousandier foi premiado pela edição do livro “Nenhum Dia sem um traço” na categoria Melhor Lançamento Independente, em evento promovido pela Asso-ciação dos Quadrinistas e Ilustradores do Esta-do de São Paulo - AQC. O nome do evento é alusivo ao italiano Angelo Agostini, radicado no Brasil que, em 1896, desenhou a primeira histó-ria em quadrinhos do mundo ocidental.

“Nenhum Dia sem um traço” premiado como melhor lançamento independente de 2014

Cousandier diz que se surpreendeu com a mobilização pela internet em torno da indicação do livro como concorrente na categoria, princi-palmente por parte da Confraria do Gibi, do Rio de Janeiro. Ele atribui o reconhecimento à sua obra entre os melhores trabalhos nacionais em quadrinhos em 2014 aos lançamentos do livro em Curitiba e São Paulo e ao envio do traba-lho a críticos da área. O livro ¨Nenhum dia sem um traço”, que abrangeu a série “Tchê e Tchó” e os personagens Valter e Menegatto, foi lançado em Bento Gonçalves, em julho do ano passado, com apoio do Fundo Municipal de Cultura.

Divulgação

Ernani Cousandier comemorando a premiação

Page 20: EnólogoFirmino Splendor · Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela

04 | Mosaico | 05 de fevereiro de 2015

Há muito tempo o rock and roll conquista gerações em Bento Gonçalves, tanto de ouvintes, como de músicos. Ano após ano surgem bandas no cenário local apostando no gênero. O estilo também norteia a noite do muni-cípio. O espaço é underground. É a juventude hoje e sempre, indagando, protestando, buscando as mudanças sociais e comportamentais visualizadas ainda na década de 60. De lá para cá, houve muitos avanços, vários deles ocasionados também com o auxílio da música. Valorizando essa arte, indispensável para a civilização, enfocamos nessa reportagem talentos locais, entre três bandas e um músico solo.

Música: guitarras pulsam na veia

Uma proposta irreverente para um som peculiar. Foi numa conver-sa de bar que nasceu a Black Soul Soda, banda que mescla a música soul, com pegadas do pop e do rock. Composta por André Lima

Com a proposta de fazer música autoral, nasceu em 2011 a Libertino, banda bento-gonçalvense que tem como principais influências Led Ze-ppelin, Dee Purpple e Black Sabba-th, mescla metal, rockabilly e o bom e velho blues. Formada por Cortez Guttierrez (Voz), Rick (guitarra), Will (baixo), e Dieguetz (bateria), a ban-da lançou (com o apoio do Fundo Municipal de Cultura) o primeiro disco intitulado “Rolo Compressor”, com 300 cópias, no último dia 23 de janeiro. O show de lançamento des-se primeiro disco ocorre no próximo mês de março, no Ferrovia Live. O material para download deve estar disponível a partir de julho deste ano.

As 13 faixas do disco, segundo Guttierrez, retratam de forma visce-ral o espírito da banda. Para ele, as

Por Rodrigo De [email protected]

“Rolo compressor”músicas são um retrato da vida de cada componente do grupo. “Nada é metafórico, ao subirmos no palco estamos sendo nós mesmos, não existe personagem”, explica. Com a música em primeiro plano, a ban-da teve um início intenso, e logo no primeiro ano já apresentava shows. “2011 foi um ano bem promissor, isso porque todo mundo estava bem focado na Libertino e quería-mos fazer acontecer”, lembra.

As letras das 13 faixas do dis-co são em português. “Estamos no Brasil e queremos cantar em nosso idioma. “As pessoas precisam sa-ber de forma clara o que queremos dizer. Música é comunicação”, dis-para.

O vocalista ressalta que os qua-tro anos da banda foram marca-dos por inúmeros momentos, tanto

bons e como ruins. Com um público fiel em Bento, a Libertino se aven-turou também em bares de Porto Alegre. “Estávamos tocando num bar da capital, e por volta das 3 ho-ras da manhã a polícia chegou no estabelecimento e mandou parar o show. Isso porque em alguns bair-ros de Porto Alegre tem horário má-

ximo para o fechamento de bares”, comenta.

A escolha pelo nome “Liberti-no” também desperta curiosidade, sanada pela explicação breve e ob-jetiva da banda. “A denominação reflete bem um estilo de vida, com boa música, vinho e mulheres”, re-vela Rick.

Divulgação

Experimentações da Black Soul SodaDivulgação

(vocal), Milia Frantz (vocal), Diego Gueno (guitarra base), Fábio Vicen-zi (guitarra solo), Magnus Gomes (bateria), Edson Thomazini (Sax) e Renato André da Campo (baixo), o grupo tem um estilo caracterizado

pelo uso de roupas de época. Com forte influência de Amy

Whinehouse e Ray Charles, a ban-da traz à tona um som cover con-sistente e reinventado. “A ideia de se aventurar no soul surgiu natural-mente. Queríamos criar algo dife-rente e ao mesmo tempo fazer com que as pessoas curtissem nosso som”, lembra Lima. Além do soul, a banda costuma mesclar bandas do cenário pop e alternativo, como Black Keys, White Stripes e Kings of Leon, passando até pelo consagra-do Tim Maia e a gaúcha, Cachorro Grande. “Pegamos muita música mais pop e deixamos com uma cara mais da soul music. Introdu-

zimos nosso estilo no som”, afirma. Lima se lembra dos primeiros

meses da banda, marcados por discussões sobre repertório e pela falta de parâmetro para definir o perfil musical do grupo. “Foi difícil encontrar um ponto de referência. Antes do primeiro show ensaiamos durante sete meses. Queríamos es-tar prontos”, afirma. Com a ideia de firmar público, 2015, de acordo com Lima, será de muito trabalho e sho-ws. “Queremos ganhar experiência de palco. Isso será adquirido atra-vés de apresentações. Nossos pla-nos para o futuro incluem música própria, mas para isso precisamos estabelecer um público fiel”.

Page 21: EnólogoFirmino Splendor · Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela

Mais de 400 pessoas presti-giaram o lançamento do primeiro disco do cantor e compositor ben-to-gonçalvense, Lelo Valduga, ocor-rido no último dia 25 de janeiro na Fundação Casa das Artes. O show contou com as participações espe-ciais do pai de Lelo, Beto Valduga e de integrantes das bandas porto--alegrenses, Vera Loca e Papas da Língua. O álbum intitulado “Lelo” foi contemplado pelo Fundo Municipal de Cultura (Edital 01/2014). Para Valduga essa iniciativa é de extre-ma importância para a realização de projetos culturais.

Lelo tem uma trajetória de su-

roqueira de Bento Gonçalves

“Cada componente toca num estilo diferente. A Rock Matinê é a junção desses estilos”. É assim que o vocalista Christian Cechin define a banda, que conta também com o guitarrista Joel Zeni, baixista Gusta-vo Seben Colle e a baterista Marjo-rie Piucco. Juntos há cerca de qua-tro anos, fazem um som que vai de Jack White a Black Keyes.

Na visão de Cechin tocar numa banda é captar a essência da mú-sica. “É preciso sentir o ritmo e in-terpretar da melhor forma possível. Sem a emoção não há sentido de estar em cima de um palco”, reflete. É com esse pensamento que a ban-da segue trabalhando covers de di-ferentes estilos. Desapegados de ensinamentos técnicos, executam

O som desapegado detécnica da Rock Matinê

as canções com personalidade, dando nova roupagem às músicas. “Temos a nossa forma de fazer mú-sica, adequamos o som ao nosso estilo, cada um viajando de sua ma-neira”, divaga.

Voltando a ensaiar no final do mês de janeiro, a Rock Matinê mira shows na capital. “Além de tocar em bares da cidade, estamos nego-ciando para fazer shows em Porto Alegre. Nossa ideia é fazer música própria, algo mais indie, meio folk... talvez botar o som de um banjo jun-to. Queremos nos divertir, deixando rolar”. Para Cechin o cenário de bandas locais é promissor. “Está havendo um reconhecimento inte-ressante para as bandas da cidade. Há espaço para todas”, afirma.

Divulgação

Lelo ValdugaLançamento de CD com músicos de destaque

cesso na música. Começou sua carreira há 22 anos, com a banda Valduga Brothers. Depois, foi ba-terista dos Rebeldes e, em 2004, formou a Nacional Kid, banda que atua até os dias de hoje.

Com “Lelo” surge um novo mo-mento na carreira. “Significa o pri-meiro de muitos passos que pre-tendo dar para ter uma carreira de músico autoral, que é realmente o desejo de qualquer músico. Sem um trabalho autoral o músico fica sem história, fica sem uma identi-dade e sem um legado. Queria ter feito isso bem antes, mas nunca é tarde”, declara.

Sandro Vaccaro

Lançamento de Lelo Valduga contou com músicos de destaque no cenário gaúcho

Mosaico | 05 de fevereiro de 2015 | 05

Page 22: EnólogoFirmino Splendor · Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela

FolclorePor Darcy Loss Luzzatto

EscritorIlustrações: Ernani Cousandier

06 | Mosaico | 05 de fevereiro de 2015

Esse ente, que toma denominação pró-pria em cada zona, sempre semelhante a uma ou outra forma – Massarol, Masserol, Massaro-lo, Salbanel, Salvanech, Sanguinel – continua a conviver com os trivênetos, tanto na Itália, como nas terras, mundo afora, por eles colonizadas. As adaptações naturalmente aconteceram, mas na essência o “ser” é o mesmo. Assim, da mesma maneira como o encontramos nos vales dolomí-ticos e na planície padana, convive com outras entidades ‘crioulas’ na Argentina, no Chile, no México e, não poderia ser diferente, no Brasil.

O interessante é que esse ‘indivíduo’ mantém praticamente as mesmas características, sendo mínimas as adaptações.

A descrição que minha tia Tereza fez-me do Massariol, que ela “viu”, é exatamente igual ao que uma contadina de Pedavena, Feltre – Cristó-foro Luzzatto, pai da tia Tereza e meu avô, era de Bardiès, periferia de Feltre – havia feito: – L’era un ometo, tuto vestì de rosso, co’n capucin, ros-so anca quel, in testa! (Era um homenzinho, todo vestido de vermelho, com um capuz, também vermelho, na cabeça!)

Os feitos dessa entidade e os efeitos de seus encantamentos também coincidem. Muda o so-taque do contador da história, para ele compro-vadamente verídica, e o ambiente em que ocor-reu, mas o ‘fato’ é o mesmo.

Um ‘acontecimento’ ocorrido na Serra Gaú-cha, que tia Tereza me contou e que registrei em meu livro Ghen’avemo fato arquante…, é igual a outro ocorrido em Seren del Grappa, a seis quilô-metros de Feltre, descrito pela pesquisadora Da-niela Perco, com a diferença de a criança ter sido encontrada dentro de um buraco, aqui, e numa caverna, lá.

Transcrevo a seguir a tradução de como re-gistrei em meu livro essa parte da história, pois

Lendas1

A origem de uma lenda perde-se no tempo. Talvez seja tão antiga quanto os demais elementos culturais do povo que as transmite. Em todo o Norte-Nordeste da Itália, especialmente no Trivêneto, há muitos séculos corre uma lenda a respeito de um ser mítico denominado Massariol ou Salvanel.

me foi contada em talian:“– Uma vez”, começou a tia,

“um menino se extraviou. Passados alguns dias, o encontraram. Ele es-tava bem, nem fome tinha, embora estivesse acomodado dentro de um fosso.

– Quem te alimentava dentro desse buraco?

– Era um homenzinho todo vestido de verme-lho!”

O Massariol/Salvanel fazia parte do contexto de medos e temores que nossos pais nos incu-tiam na tentativa de reduzir – já que impedir não conseguiam – as travessuras próprias da infân-cia e adolescência: Deus, sempre ‘vendo’ tudo e nos ameaçando com o ‘fogo eterno’, e o Mas-sariol, sempre pronto a extraviar, a fazer ‘perder a tramontana’, a quem se atrevesse por caminhos distantes de casa, especialmente ao anoitecer.

A maneira de agir, de encantar as pessoas – sempre jovens, meninos e meninas, excepcio-nalmente mulheres, nunca homens adultos! – era simples. O Massariol circulava pelos caminhos, não distantes dos vilarejos, e ai de quem pisasse numa de sua pegadas. Ficava como que hipno-tizado e seria atraído para onde o Massariol qui-sesse.

Em estado de encantamento, quem tivesse essa má sorte, passaria a trabalhar para o Mas-sariol como um escravo, sem, no entanto, sofrer maus tratos. Perdia a liberdade, muitas vezes por longo tempo, mas aparentemente vivia feliz, pois o Massariol ‘apagava’ a memória anterior. Assim, não havendo lembranças não havia saudades. Cabiam ao ‘encantado’ os trabalhos menos dig-nos, os afazeres que o Massariol não gostava de executar, como por exemplo: manter limpa a ha-bitação – uma gruta ou um abrigo de montanha

abandonado –, pastorear o gado, ordenhar va-cas, cabras e ovelhas…

Quando criança ouvi de minha avó materna, Anna Loss, natural de Caoria, no Trentino/Süd Tirol, inúmeras histórias do Massariol, nas quais esse ser mítico exercia somente influência negati-va, com uma exceção: a história, embora o enre-do fosse negativo – a retirada de uma menina do convívio de seus familiares, retida por meses nas montanhas, completamente desligada da civili-zação –, tinha um final positivo, isto é, do ‘rapto’ resultaram benefícios para toda a humanidade.

Anos atrás um amigo que trabalhava no Uffi-cio Emigrazione, em Trento, enviou-me o relato de um feito desse ‘homenzinho de vermelho’. Em tudo coincidia com a narrativa da nona Anna. E não podia ser diferente: o ‘fato’ ocorrera, muitos e muitos anos atrás, em Fiera di Primiero, distante menos de 20 km do paese2 da vó Anna.

‘Como todos sabem, o Massarol (nessa re-gião diz-se Massarol e não Massariol), é um ho-menzinho de cabelos vermelhos, tez rosada, que se veste de vermelho e, embora calce tamanqui-nhos de madeira, corre constantemente de lá para cá, aparecendo e desaparecendo quando bem entende. Suas pegadas, no entanto, são fa-cilmente identificáveis, especialmente após uma nevasca. E então, pelo amor de Deus, cuidem onde pisam! Basta pôr um pé sobre uma delas

Page 23: EnólogoFirmino Splendor · Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela

Mosaico | 05 de fevereiro de 2015 | 07

e… adeus liberdade! Fica-se escravo desse ter-rível homenzinho. Certamente, após apagar, com um leve sopro, tua memória, de modo a não sa-beres reconhecer o caminho de volta, ele te in-cumbirá do dever de pastorear seus rebanhos e de cuidares dos afazeres domésticos em sua habitação. E, a propósito, se os seres humanos se tornaram ótimos fabricantes de laticínios, isso devem a ele. Vejam como tudo aconteceu.

“Em Primiero, há muitos anos, morava uma linda menina, faces rosadas, tranças negras, ale-gre e viva como o azougue. Estava, como sem-pre, cantando lá-lá-ri pra cá, li-li-rá pra lá, quan-do inadvertidamente colocou seu pezinho sobre uma pegada do Massarol. Pra quê! Uma força misteriosa a atraiu fortemente para uma gruta, vertiginosamente, como que magnetizada, sem sofrer no entanto danos pelos espinhos ou pelas irregularidades do terreno.

– Ah! Se tivesse escutado mamãe! Coitada de mim! Tivesse eu obedecido!, pensava. Mas nada mais havia a fazer, estava sob o encanta-mento do Massarol!

Depois de muito correr, sem poder dominar a vontade, arfando, com dor no peito, viu-se diante de uma caverna. Apenas teve tempo de curvar--se e já estava em seu interior. Ali, finalmente, pa-receu-lhe estar livre da estranha força. Curiosa, olhou em torno e viu, sentado num banquinho, um homenzinho, todo vestido de vermelho, que a perscrutava.

– Bem-vinda, bela menina!, disse-lhe sorri-dente o homenzinho.

Tanto o tom da voz como a maneira de pro-nunciar as palavras convenceram-na da confiabi-lidade de seu interlocutor.

– Saudações, Massarol! Estou contente de poder conhecê-lo. Falam-me muito mal a seu respeito e agora vejo que estava enganada: – O senhor é bondoso e simpático. Tenho certeza que me indicará o caminho certo para retornar a Primiero.

– É claro!, disse o Massarol. E, erguendo-se, fez menção de sair da caverna, como que para ensinar-lhe o caminho. Ao passar junto à menina, no entanto, soprou-lhe no rosto, apagando-lhe por completo da memória toda e qualquer recor-dação do passado.

– Quanto dormiste hoje, minha querida, dis-se-lhe.

E ela, esfregando os olhos, não sabendo nem como nem por que ali se encontrava, desejosa porém de agradar, respondeu-lhe servilmente:

– Desculpe por ter-me adormecido, mas não se preocupe, limparei e porei em ordem toda a habitação!

Ato contínuo, varreu e limpou tudo. Alguns misteriosos recipientes, de tão polidos, brilhavam como o sol.

– Está pronto!, disse satisfeita.– Muito bem!, disse-lhe o Massarol. – Como

prêmio pelo teu belo serviço, permito-te que per-maneças aqui e vejas como faço a manteiga!

– A manteiga?, perguntou maravilhada a me-nina. – O que é? Uma jóia?

1 Extraído do livro Almanaque Talian, de Darcy Loss Luzzatto, a ser publicado proximamente. 2 Vila, também cidade. Paese de nàssita = vila de nascimento.

O Massarol, coçando a testa, e sorrindo, dis-se-lhe: – Espera e verás. Quando estiver pronta permitirei que a proves.

Nesse instante entraram três homenzinhos, trazendo baldes cheios de leite denso e cremo-so, que depositaram junto ao fogolar (fogão rús-tico), e saíram.

– Retira a nata desse leite e coloca-a no reci-piente que poliste há pouco.

A menina obedeceu. Retirada a nata, o ho-menzinho começou a batê-la forte, forte, rápido, rápido. A menina olhava fascinada o movimento das mãos do Massarol, que pareciam um verda-deiro turbilhão.

– A isso denomina-se manteiga!, disse à me-nina de Primiero, alcançando-lhe uma pequena porção.

O sabor era verdadeiramente raro e delicado, parecendo que todas as flores do prado tives-sem concorrido na produção dessa … como se chamava? ... ah!, sim, MANTEIGA!

Como nos recipientes houvesse sobrado muito leite, a menina perguntou:

– Jogo fora? – Não mesmo!, respondeu-lhe o Massarol.

Amanhã pela manhã limparás isto tudo. Se te comportares bem, permito-te que vejas como se faz o queijo.

O queijo? Eis outra coisa que os humanos não haviam ainda aprendido a fazer.

No dia seguinte, limpou, la-vou e poliu tudo, e à noite, como prêmio, o Massarol permitiu que ela o ob-servasse a fazer o quei-jo, produto ainda melhor que a manteiga, segun-do ele lhe disse. No ou-tro dia, o Massarol fez a ricota, da qual permitiu que comesse à vontade.

Os dias, as semanas e os meses foram passan-do céleres. A menina var-ria, limpava, polia e, quase sem perceber, transformara-se numa ‘queijeira’, numa excelen-te ‘queijeira’.

Um dia o Massarol deci-diu que ela deveria aprender a fazer outros trabalhos: cuidar das vacas, das cabras e das ovelhas. Disse-lhe que era pre-ciso atenção, que não se perdesse nenhuma, pois era delas que provi-nha o leite com o qual fa-zia a manteiga, o queijo e a ricota.

– Se faltar uma única que seja, meu castigo será terrível!, acrescen-tou.

O medo de um

‘terrível castigo’ a apavorou. Começou então a contar os animais para certificar-se que não falta-va nenhum. Contava, contava e parecia que o nú-mero de vacas, ovelhas e cabras não terminava mais. Então distraiu-se, colhendo algumas flores e acariciando os borreguinhos.

Pouco a pouco, na ausência do Massarol, foi adquirindo a antiga alegria. Começou a cantar. Um dia subiu numa rocha de onde se podia vis-lumbrar a paisagem lá embaixo. E – oh! maravi-lha! – no fundo do vale havia estranhas cons-truções… que poderiam chamar-se … casas! ‘Como estou ficando sabida para pôr nomes nas coisas!’, disse para si mesma. E um campanário alto e agudo… e uma praça e formiguinhas que pareciam caminhar lá embaixo. Tudo era tão lindo que a menina divertia-se, imaginando o interior daquelas casas, o que florescia nos vasos das sacadas. Então, aos poucos, lembrou inclusive o nome daquela vila: Fiera di Primiero! – Claro, disse meio aturdida, é a minha vila, onde vivem ainda (ou não?) os meus pais, os meus amigos, e eu devo, portanto, retornar!

Largando tudo, correu montanha abaixo, en-quanto ouvia:

– Fica, fica. Fica e eu te ensinarei a extrair a cera do soro! Mas ela corria, corria cada vez mais, até chegar à praça, à sua casa, à casa onde morava. Depois de muita festa em sua ho-menagem, a menina ensinou aos conterrâneos

o modo de obter do leite a manteiga, o queijo e a ricota.

Mas, até hoje, nin-guém conseguiu extrair ‘cera do soro do quei-jo’, pois o Massarol, detentor do segredo,

não chegou a ensi-nar.”

Page 24: EnólogoFirmino Splendor · Na Feira do Livro de Bento Gon-çalves deste ano ele lançará sua sétima obra, com poesias sobre uva e vinho. Enotécnico e enólogo habilitado pela

08 | Mosaico | 05 de fevereiro de 2015