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13 a Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC Energia em transformação Impacto no modelo de negócios do setor elétrico 94% dos entrevistados preveem transformação total ou mudanças expressivas no modelo de negócio de companhias elétricas. 67% esperam que tecnologias e novas fontes de energia reduzam drasticamente a dependência de nações produtoras de petróleo e gás. 82% veem a geração distribuída de energia como “oportunidade”; apenas 18% a consideram uma “ameaça”. www.pwc.com.br

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13a Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Energia em transformaçãoImpacto no modelo de negócios do setor elétrico

94%dos entrevistados preveem transformação total ou mudanças expressivas no modelo de negócio de companhias elétricas.

67%esperam que tecnologias e novas fontes de energia reduzam drasticamente a dependência de nações produtoras de petróleo e gás.

82%veem a geração distribuída de energia como “oportunidade”; apenas 18% a consideram uma “ameaça”.

www.pwc.com.br

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Visão do setor no mundo todo

53 empresas de energia e serviços públicos

35 paísesÁfrica do SulAlemanhaArgentinaAustráliaÁustriaBrasilBulgáriaCanadáChileChinaCoreia do SulEgitoEmirados Árabes UnidosEstados UnidosFrançaGréciaÍndiaIndonésiaIsraelItáliaJordâniaMéxicoNamíbiaNepalNova ZelândiaOmãPortugalQuêniaReino UnidoRomêniaRússiaSri LankaSuéciaTailândiaTurquia

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113ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Índice

Apresentação 2

Sumário executivo 4

Grandes temas 6

Transformação 6

Ruptura 8

Tecnologia 10

Oferta 12

Grandes respostas 14

Empresas 14

Reguladores 22

Visão de CEOs 26

Resultados no mundo 29

Destaques da pesquisa por região 29

Contatos 35

Nossa pesquisa

A 13ª edição anual da Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC é baseada em levantamento realizado entre abril e julho de 2013 com altos executivos de empresas de energia e concessionárias de serviços públicos em países da Europa, das Américas, da Ásia-Pacífico, do Oriente Médio e da África (a pesquisa da Europa inclui a Rússia).

Os participantes eram, em sua maioria, vice-presidentes, altos executivos em cargos de diretoria, conselheiros ou outros chefes de departamento de companhias elétricas e de gás com atuação nas áreas de geração, transmissão, distribuição e comercialização.

AgradecimentosA PwC é grata a todos aqueles que tomaram parte na pesquisa este ano. Aproveitamos a oportunidade para expressar nossa gratidão a todos os que deram sua colaboração nos 13 anos transcorridos desde a primeira edição da pesquisa, tanto na PwC como no setor de energia e serviços públicos.

Publicado em outubro de 2013

113ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

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2 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Até aqui, foi na Europa que a migração para energias renováveis e a geração distribuída mais avançaram — o que impõe sérios desafios ao mercado. Esquemas de geração de alta eficiência e flexibilidade, capazes de complementar fontes intermitentes de energia renovável, não avançam no ritmo esperado. Estoques de gás começam a atingir níveis críticos de reserva, mas a conta para empresas instalarem capacidade de armazenamento não fecha. Em meio ao risco crescente de apagões, subsídios à geração renovável estão elevando o preço cobrado do consumidor final. Companhias integradas de energia enfrentam enormes desafios.

Mas, embora o foco na Europa revele uma crise no horizonte próximo, as questões no cerne desse problema também estão presentes em outras regiões. Para onde irá nos levar o equilíbrio — não raro contraditório — entre segurança, custo acessível e energias limpas? Qual o papel de subsídios e como projetá-los de modo a evitar resultados indesejados? Acima de tudo, qual será o impacto da geração distribuída em redes centralizadas e no tradicional modelo de negócios de companhias elétricas?

A extensão da transformação atual no modelo de negócios só agora está ficando clara. Qual será sua consequência e o que vai significar para o modelo futuro de concessionárias de energia ainda é uma incógnita. Seria tolo de nossa parte tentar projetar essa evolução — mas é possível, sim, mapear a direção de algumas das forças por trás da ruptura. Esse ambicioso terreno é o foco desta nova edição anual da Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC.

Para examinar esses grandes temas, recorremos a uma pesquisa de escopo abrangente e grande profundidade. Falamos com altos executivos do setor de energia e eletricidade em 53 organizações distintas e 35 países ao redor do mundo. A pesquisa é complementada por trechos de entrevistas com alguns presidentes também incluídos no relatório. O retrato geral aqui apresentado foi obtido com base nas respostas a uma série de perguntas. Além disso, montamos diferentes cenários futuros para mostrar como seriam, na avaliação dos entrevistados, certos aspectos do mundo da eletricidade no futuro.

Norbert SchwietersLíder global de Energia e Serviços Públicos

ApresentaçãoO mercado de energia está diante de grandes rupturas. A curto e médio prazos, a magnitude dos desafios é imensa. Companhias de energia começam a abandonar a geração convencional. O negócio comoditizado de concessionárias elétricas enfrenta cenários cada vez mais adversos. Instrumentos de regulação não conseguem produzir os resultados desejados e, não raro, só agravam a incerteza. O tradicional modelo de negócios de companhias elétricas vem sendo questionado.

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313ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Os resultados da última Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC, já em sua 13a edição, são eloquentes: 94% dos líderes empresariais sondados em importantes companhias de energia e eletricidade do mundo todo preveem mudanças expressivas — ou a total transformação do modelo de negócios do setor — nos próximos anos.

Por trás dessa reviravolta há três grandes tendências: a ascensão da geração distribuída de energia elétrica, que avança sobre o terreno da geração centralizada tradicional e, na opinião de 64% dos entrevistados, poderia responder por mais de 20% da produção mundial já em 2030; a exploração de combustíveis fósseis de fontes não convencionais, como o gás de xisto; e, por último, o surgimento de um novo cliente, que deixou de ser um receptor passivo daquilo que o mercado entrega e se tornou um autoprodutor capaz de influenciar os rumos do setor.

A pesquisa, que reúne a opinião de executivos de 53 empresas de 35 países, é mais uma contribuição da PwC para o debate sobre as perspectivas e as mudanças desse setor fundamental — no Brasil e no mundo. Esperamos que o material ajude nossos clientes a enfrentar melhor sua própria transformação.

Fernando Alves Guilherme Valle Sócio-presidente Sócio-líder de Energia e Serviços Públicos

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4 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Sumário executivoRealizada anualmente, a Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC revela o que pensam os líderes das companhias do setor elétrico mundo afora sobre vários temas. Nesta edição, a 13ª, examinamos a pressão cada vez maior sobre o tradicional modelo de negócios do setor elétrico e apresentamos a visão da indústria sobre as grandes transformações que se avizinham.

Ruptura e transformaçãoMuitos no setor esperam que o atualmodelo de negócios de companhiaselétricas no mercado em que atuam sofrerá transformações ou até se tornaráirreconhecível até 2030. Nada menos de 94% preveem uma total transformação ou mudanças importantes no modelo. Mas há grandes diferenças de região para região, e o setor está dividido quanto à extensão das mudanças e das transformações futuras.

A perspectiva de transformação do modelo de negócios do setor decorre de uma série de mudanças potencialmente radicais. A geração descentralizada já vem derrubando receitas e marginalizando parcialmente a geração convencional. Em última análise, poderia reduzir o papel de concessionárias elétricas desavisadas ao de operadoras de infraestrutura de reserva, ou backup. Nos principais mercados da Ásia, Europa e América do Norte, apenas uma minoria dos participantes da pesquisa espera que a geração e a transmissão centralizadas tenham um papel importante em atender o crescimento futuro da demanda.

No Brasil, que possui uma matriz energética pouco diversificada, essencialmente composta de fontes hidrológicas, a geração descentralizada acaba se tornando uma solução possível para minimizar o risco de dependência de recursos hidrológicos. A tendência é a manutenção da base hídrica, mas com crescimento de outras fontes. Para os próximos dez anos a previsão é de que a fonte hídrica seja reduzida em torno de 10%, com consequente aumento de outras fontes, como gás, biomassa e eólicas.

Pode ser avaliada a inserção de geradores distribuídos que façam uso de fontes alternativas de geração de energia no sistema elétrico através de redes inteligentes (smart grids), que por sua vez viabilizam o gerenciamento mais efetivo da cadeia energética.

No Brasil, as dificuldades observadas nas geradoras que usam recursos hidrelétricos podem reduzir a participação dessa fonte de energia ao longo das próximas décadas. Com o início de uma transição na matriz energética, o custo marginal de expansão de geradores hidrelétricos será crescente, e as fronteiras de expansão trarão entraves ambientais. Assim, haverá uma consequente diversificação das fontes em âmbito nacional. Apesar da volta dos grandes projetos estruturantes (Santo Antônio, Jirau, Santo Antônio), é crescente o embate sobre questões ambientais e sobre o aumento da exploração do potencial hidrológico com reservatórios ou usinas a fio d’água, como os atuais empreendimentos. Novas tecnologias, como o uso de usinas no sistema de plataformas, começam a ser viabilizadas. Porém, mesmo mantida a tendência de geração hídrica, haverá aumento no uso de outras fontes.

94%dos entrevistados preveem uma total transformação ou mudanças importantes no modelo de negócios de companhias elétricas.

Mudanças em tecnologia e custoO crescimento da geração distribuída e a ameaça que isso impõe ao modelo de negócios do setor elétrico depende de avanços tecnológicos e de custos. Na Europa, sua ascensão se deu à base de subsídios. Barreiras de custo ainda impedem que ela seja uma solução de mercado. Se esses entraves puderem ser superados, no entanto, estaria armado o palco para uma transformação radical do setor em escala mundial. Para muitos, esse dia está perto. Eficiência energética, queda de custos da energia solar, tecnologias de gerenciamento da demanda e smart grids encabeçam a lista de avanços tecnológicos que, na opinião do setor, terão o maior impacto em seus respectivos mercados energéticos.

Mas novas fontes de combustíveis fósseis também provocam reviravoltas no mercado. A exploração de reservas de gás e petróleo de xisto está mudando a matemática do setor. Projeções de esgotamento de reservas são rapidamente revistas. Na América do Norte, a perspectiva de independência energética já é factível. A geopolítica de fluxos mundiais de energia vive uma transição. Representantes do setor não excluem a possibilidade de que uma nova era, de abundância energética, seja inaugurada. Paralelamente, contudo, a sociedade exibe considerável preocupação com a atividade extrativista. E sente, ainda, que fontes renováveis de energia podem trazer benefícios e vieram para ficar.

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513ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Qual deve ser a resposta das empresas?A atitude de cada empresa em relação a essas mudanças determinará se a organização fará parte do futuro ou irá engrossar as fileiras de empresas de outros setores cujo modelo de negócios foi desbancado por mudanças em tecnologias e no mercado. É preciso adotar estratégias capazes de identificar as melhores oportunidades de geração de receita num mercado que passará por importantes alterações ou, quem sabe até, por uma radical transformação.

É fundamental ter uma visão estratégica sobre a extensão e o ritmo do avanço da geração distribuída no mercado, além de entender o papel do gás e a oportunidade que ele oferece. O impacto do gás de xisto será fortemente determinado pelo modo como o setor enfrenta questões ambientais e temores da sociedade em cada localidade. A explosão da geração distribuída de energia vai alterar a natureza das redes de distribuição, que passarão a ser muito mais complexas. O papel de operadores de sistemas de transmissão e de operadores de sistemas de distribuição terá de ser redefinido numa era de autogeração, smart grids e gerenciamento da demanda na ponta do consumo.

Ganhos de eficiência e melhorias de desempenho podem dar a companhias elétricas considerável espaço de manobra na adaptação à nova conjuntura do setor. Quase um terço (31%) dos participantes da pesquisa ao redor do mundo diz haver espaço para empresas de energia e serviços públicos melhorarem em mais de 20% a base de custos e a eficiência. Para 73%, é grande a possibilidade de avanços na gestão do desempenho de ativos.

Para empresas do setor brasileiro, a otimização de custos e a maximização da eficiência operacional se tornaram medidas fundamentais desde o marco regulatório do setor, através da Lei 12.783, de janeiro de 2013, que estabeleceu novas regras para a renovação das concessões e os mecanismos tarifários das distribuidoras, com redução do Wacc e do retorno dos investimentos. É fundamental traçar estratégias para obter ganhos de escala como um meio de diluir custos e gerar mais rentabilidade, sem afetar a qualidade do serviço.

Qual deve ser a resposta dos reguladores?Governos e autoridades públicas têm diante de si a difícil tarefa de lidar com os grandes temas da disponibilidade, do custo acessível e do impacto ambiental de recursos energéticos. A tensão entre essas metas ocupa, cada vez mais, um primeiro plano. Em muitos países, a questão do custo acessível virou alta prioridade. Com as reservas atingindo seu limite de capacidade, cresce o temor de apagões. Já a exploração do gás de xisto está criando um novo campo de batalha ambiental, que o poder público precisará policiar.

Opiniões manifestadas por muitos dos participantes da pesquisa sugerem que a regulamentação do setor estaria diante de uma crise. De modo geral, a visão é de que, em muitos lugares, a evolução do mercado energético está aumentando, em vez de diminuir, o risco de interrupções no fornecimento. A sensação é a de que a regulamentação vive um momento decisivo, com a era da liberalização chegando ao fim e a necessidade de uma nova era de maiores certezas.

Para as autoridades reguladoras, é urgente instituir políticas que permitam aos operadores do sistema promover o equilíbrio de uma rede com altos níveis de geração intermitente. Mecanismos de gestão da capacidade seriam uma solução. Ao lado de medidas para instituir mercados de demand response e de gerenciamento da demanda na ponta do consumo e da capacidade de reduzir a geração intermitente durante períodos de baixa demanda, esses mecanismos encabeçam a lista de medidas que, na opinião dos participantes da pesquisa, deveriam ser instituídas pelo poder público para equilibrar fontes intermitentes de geração.

“Na Alemanha, o setor chegou a um ponto de inflexão. A geração de carga de base em usinas a gás e nucleares não faz mais sentido, economicamente falando, para concessionárias. Empresas se perguntam qual a saída para se manterem viáveis. A questão foi lançada pelo presidente de uma elétrica durante uma teleconferência recente com analistas. A menos que surja um modelo de mercado que devolva rentabilidade a operações tradicionais de geração, muitas das centrais elétricas do país serão fechadas. Até a viabilidade de desativar termelétricas a gás e instalá-las em outros lugares do planeta está sendo discutida”. Norbert Schwieters, líder global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Visão da PwC: umponto de inflexão

73%veem grande espaço para avanço na gestão do desempenho de ativos.

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6 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Grandes temas

TransformaçãoMuitos no setor esperam que o atual modelo de negócios de companhias elétricas no mercado em que atuam sofrerátransformações ou até se tornará irreconhecível até 2030. Mas há grandes diferenças de região para região, e o setor está dividido quanto à extensão das mudanças e das transformações futuras.

Durante décadas, esse paradigma se manteve firme em mercados mundo afora. A crescente necessidade de energia elétrica para abastecer cada vez mais aparelhos e dispositivos levou à expansão das necessidades energéticas até em mercados maduros. A demanda mundial de energia elétrica deve seguir crescendo a um ritmo mais acelerado do que o de qualquer outra forma final de energia nas próximas décadas. A eletrificação de veículos e o crescente uso de eletricidade para fins de aquecimento podem contribuir consideravelmente para aumentar ainda mais a demanda por eletricidade gerada pelo universo cada vez maior de aparelhos eletrônicos, máquinas e serviços de dados e comunicações.

No Brasil, segundo dados do Ministério de Minas e Energia (MME), em aproximadamente dez anos, a capacidade instalada do Sistema Interligado Nacional (SIN) aumentará cerca de 65%. O inevitável crescimento da demanda no contexto nacional, associado à reestruturação esperada no setor elétrico brasileiro, às mudanças nas políticas nacionais formuladas para fomentar a diversificação da geração elétrica, à perspectiva de um mercado competitivo descentralizado e à necessidade do uso mais racional da energia, reforça a importância de medidas voltadas para reduzir perdas e buscar eficiência em todas as etapas do processo produtivo.

Mudança no modelo de negóciosNa maioria dos contextos, o crescimento da demanda seria um desdobramento positivo para empresas já estabelecidas no mercado e posicionadas para ganhar com uma expansão ainda maior. Cada vez mais, no entanto, o setor reconhece que, para preservar a rentabilidade e triunfar no cenário que se avizinha, as empresas terão de adaptar seus modelos de negócios em resposta a um mercado energético que pode ser transformado por mudanças como geração descentralizada, avanços tecnológicos e e um cenário muito diferente de expectativa dos consumidores.

Como revela nossa pesquisa, muitos esperam que o atual modelo de negócios do setor elétrico em seus respectivos mercados sofra uma transformação ou se torne irreconhecível até 2030. De cada dez entrevistados, quatro (41%) preveem a transformação do modelo de negócios; entre os demais, 53% esperam que os modelos de negócios atuais sofram “mudanças importantes”. Pouquíssimos (6% dos participantes no mundo todo) esperam que o modelo de negócios permaneça “mais ou menos igual”.

No Brasil, essas mudanças estão associadas principalmente à eficiência operacional, a ganhos de escala, ao potencial para fusões e aquisições, a alterações decorrentes do marco regulatório e a iniciativas como a implementação de smart grids – por sua vez, baseados em projetos de P&D da Aneel. A disseminação de sistemas dessa natureza para um número maior de consumidores está diretamente ligada a indicações fornecidas pelo próprio poder concedente. O que pode inviabilizar este tipo de investimentos é o custo de aplicar tais mudanças no atual modelo de negócios do setor.

O termo “modelo de negócios” em geral é associado a uma série de descrições formais e informais dos principais componentes de uma empresa. No nosso caso, usamos o termo na seguinte acepção:

“O modelo de negócios de uma empresa é o meio pelo qual a organização obtém lucro: o modo como aborda o mercado, os produtos e serviços que desenvolve e as relações comerciais das quais se vale para tal”.

Definição de modelo de negócios

Uma característica do setor elétrico no mundo todo é a existência de subconjuntos de modelos de negócios. Há produtoras independentes de energia, comercializadoras, operadores independentes de ativos de redes, entre outros participantes do mercado. No centro de tudo, porém, está o modelo de negócios tradicional, no qual a empresa obtém lucro com uma combinação de atividades de geração, distribuição e comercialização por meio de grids centralizados. Graças à boa classificação de crédito, empresas do setor podiam montar uma base de ativos intensiva em capital com um panorama previsível de recuperação de custos a longo prazo baseado em uma mescla de retornos regulados e não regulados.

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713ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Embora o setor elétrico na Europa seja, hoje, o palco das maiores rupturas, a expectativa de transformação do setor é generalizada.

Diante das mudanças registradas em setores como telecomunicações, varejo, aviação civil e muitos outros, seria uma grande surpresa se o modelo de negócios do setor elétrico não sofresse uma séria transformação ao longo das próximas duas décadas. Por outro lado, é preciso observar que o atual modelo de negócios do setor elétrico está profundamente enraizado. Além disso, a geopolítica do setor implica um ambiente para mudanças é menos dinâmico do que em setores mais expostos a forças puras de mercado.

Setor espera transformaçãoNesse sentido, é reveladora a constatação de que quase metade do setor espera uma transformação. Mais importante ainda talvez seja que, embora o setor elétrico na Europa esteja vivendo no momento as maiores rupturas, a expectativa de transformação é generalizada mundo afora (Figura 1). Companhias elétricas da Ásia são as que mais esperam a transformação em modelos. É um indicador importante das mudanças radicais que prometem revolucionar o setor, tendo em vista que o grau de eletrificação e o subsídio a fontes de energia renováveis na Ásia não se equiparam aos da Europa. Mudanças e avanços tecnológicos na Ásia poderiam reforçar e acelerar o ritmo da mudança em outros lugares.

Na Ásia, 69% dos entrevistados esperam uma transformação no modelo de negócios, em comparação com 46% na Europa e 40% na América do Norte. Ainda na Ásia, 8% chegam a afirmar que, no futuro, esse modelo passará por uma “total transformação” — o que o deixará “irreconhecível”. Em comparação com outras regiões, poucos entrevistados no Oriente Médio, na África e na América do Sul preveem a transformação do modelo de negócios. Ali, a maioria ou a totalidade espera que esse modelo seja parecido ao atual, mas com “mudanças importantes” (70% no caso do Oriente Médio e da África e 100% no da América do Sul). Para conhecer mais destaques de cada região, consulte o capítulo “Resultados no mundo”.

69%dos participantes da pesquisa na Ásia esperam uma transformação no modelo de negócios, em comparação com 46% dos entrevistados na

Europa e 40% na América do Norte.

Figura 1: Qual a sua expectativa sobre o modelo de negócios das companhias elétricas em seu mercado em 2030, na comparação com o modelo atual?

31% 69%

100%

10% 50% 40%

10% 70% 20%

8% 46% 46%

Similar, porém com mudanças importantes

Mais ou menos igual

América do Norte

América do Sul

Europa

Ásia

Oriente Médio e África

Global 6% 4%35 1%

Transformado*

*% desse total para a qual a transformação tornará o modelo “irreconhecível”: América do Norte: 0%; Europa: 8%; Ásia: 8%; Global: 4%.Fonte: 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC.

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8 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

RupturaA perspectiva de transformação do modelo de negócios do setor decorre de uma série de mudanças potencialmente radicais. A geração descentralizada já vem derrubando receitas e marginalizando parcialmente a geração convencional. Em última análise, poderia reduzir o papel de concessionárias elétricas desavisadas ao de operadoras de infraestrutura de backup.

É um cenário dramático, que pode soar remoto. Mas sua materialização não precisa ser completa para representar uma ameaça ao modelo de negócios do setor elétrico. Como mostra a experiência atual da Alemanha, se o impacto da geração descentralizada derrubar o pico de demanda, boa parte da geração convencional deixará de ser rentável. As principais companhias elétricas da Europa falam abertamente em “crise” e “transformação estratégica” para descrever as mudanças em curso. E estão agindo com determinação para acelerar a mudança no foco das operações.

O impacto da geração distribuída de energiaUm relatório produzido para o Edison Electric Institute, associação que representa companhias elétricas de capital aberto nos Estados Unidos, observa: “Surge, hoje, uma série de tecnologias transformadoras capazes de competir com [a eletricidade] fornecida por concessionárias. Essa lista inclui painéis fotovoltaicos, baterias de armazenamento, células de combustível, sistemas de energia geotérmica, energia eólica, microturbinas e veículos elétricos com maior autonomia. À medida que a curva de custos for melhorando, essas tecnologias poderão representar uma ameaça direta ao modelo centralizado do setor elétrico.”1

Com efeito, nos principais mercados da Ásia, Europa e América do Norte, só uma pequena minoria dos entrevistados pela PwC acredita que o crescimento futuro da demanda será atendido primordialmente pela geração e a transmissão centralizadas (Figura 2). Tanto na Ásia como na América do Norte, de cada dez entrevistados, menos de um mostrava tal expectativa; na Europa, só um em cada cinco. O que a maioria antevê é um futuro no qual a demanda maior será atendida por uma combinação de geração centralizada e distribuída. Há, no setor, quem chegue a afirmar que a geração distribuída vai substituir a geração centralizada para atender o crescimento da demanda no futuro. De novo, confira o capítulo “Resultados no mundo” para obter um retrato detalhado por região.

Em outro ponto da pesquisa, pedimos aos participantes que estimassem a dimensão que a geração distribuída poderia alcançar no futuro. Quase dois terços (64%) acreditam que há uma probabilidade média a alta de que mais de 20% da energia gerada mundialmente venham dessa modalidade até 2030. Isso, por sua vez, impõe desafios sistêmicos consideravelmente maiores tanto no plano técnico como no de receitas.

Figura 2: Que cenário de transformação do setor de energia mais se aproxima de sua expectativa para seu mercado?

1 Disruptive Challenges: Financial Implications and Strategic Responses to a Changing Retail Electric Business, Edison Electric Institute, Janeiro/2013.

América do Norte

América do Sul

Europa

Ásia

Oriente Médio e África

Global

9% 82% 9%

20% 67% 13%

50% 50%50% 50%

50% 50%

24% 67% 9%

8% 15%77%

Geração e transmissão centralizadas em grande escala

Combinação de geração centralizada em grande escala e geração distribuída

Geração distribuída substituirá em grande parte a geração centralizada

Fonte: 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

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913ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

O impacto da geração descentralizada sobre os custos cria um cenário potencialmente destrutivo.

Impactos físicos e em receitasDo ponto de vista técnico, a natureza intermitente da geração distribuída aumenta a dificuldade de equilibrar fisicamente o sistema e garantir um fornecimento adequado de energia. No plano da receita, administrar esses desafios adicionais eleva os custos do sistema. Há o risco de que os custos maiores do modelo centralizado sejam repassados aos clientes que mais dependem da rede. O impacto do custo é agravado por mecanismos de subsídios cruzados para recuperar desembolsos voltados à promoção de fontes renováveis e medidas do lado da demanda — um ônus com o qual a base geral de clientes também costuma arcar.

Para concessionárias de energia, isso cria um cenário potencialmente destrutivo. Além da perda de receitas para fontes descentralizadas, há o impacto sobre custos do sistema centralizado — que, por sua vez, reforça o movimento de descentralização. Em nossa pesquisa, 57% dos entrevistados disseram que o custo e a dificuldade crescentes de manter esse equilíbrio terão um impacto alto ou muito alto em seus respectivos mercados.

No que tange à receita, metade (50%) considera alta ou muito alta a probabilidade de a geração distribuída pressionar para cima o preço pago pelo consumidor final pela transmissão e a distribuição. A parcela de custos fixos no preço da eletricidade vai subir. Embora apenas 20% dos entrevistados declarem que custos fixos hoje representam mais de 50% desse preço, um terço (33%) espera que essa cifra vá ultrapassar a marca dos 50% em dez anos. Quando o assunto é o equilíbrio físico, 43% consideram alta ou muita alta a probabilidade de aumento no risco de interrupções no fornecimento ou instabilidade da rede.

50%consideram alta ou muito alta a probabilidade de que a geração distribuída eleve o preço pago pelo consumidor final pela transmissão e distribuição.

57% dos executivosouvidos no mundo todo

dizem haver uma probabilidade alta ou muito alta de que a geração distribuída vá obrigar companhias elétricas a alterar consideravelmente seu modelo de negócios. Essa percepção é mais pronunciada na América do Norte, onde 90% dos entrevistados fizeram essa avaliação. Na Ásia, o percentual foi de 62%. A Europa, com apenas 33%, é uma surpresa. Uma explicação é que, para executivos europeus, essas mudanças já estão em curso.

Visão da PwC: companhias já estabelecidas são suficientemente ágeis?

“Mudanças tecnológicas, sobretudo em TI, e possibilidades abertas por redes inteligentes e gerenciamento da demanda vão mudar o modelo de negócios do setor elétrico. A grande dúvida, no momento, é saber se organizações estabelecidas serão capazes de liderar a mudança ou se o impulso virá de novas empresas. Se a segunda alternativa for a correta, o papel das atuais companhias elétricas poderia ser reduzido à garantia de capacidade de reserva, um negócio de baixas margens.”

Jeroen van Hoof, líder global de Auditoria no setor de Energia e Serviços Públicos da PwC

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10 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

TecnologiaA expansão da geração distribuída e a ameaça que isso impõe ao modelo de negócios do setor elétrico depende de avanços tecnológicos e custos. Na Europa, a ascensão foi movida a subsídios. Barreiras de custo ainda impedem que a modalidade seja uma verdadeira solução de mercado. A superação desses entraves poderia deflagrar uma transformação geral do setor no mundo todo.

Para muitos, esse dia está próximo. Num estudo publicado no começo de 2013, o UBS Investment Research declarava que “a era [da energia] solar não subsidiada tem início — clientes de concessionárias viram concorrentes”. Os autores diziam: “A queda acelerada do custo de painéis solares e baterias, combinada ao aumento de tarifas de energia elétrica, torna a [energia] solar viável sem nenhum subsídio em vários mercados europeus importantes, como Alemanha, Espanha e Itália.”

No Brasil, um novo modelo de geração hídrica que opera via plataformas passa a ser viabilizado. Além disso, o país tem um potencial energético solar bastante promissor, que gira em torno de 2,5 GW, cinco vezes mais que os Estados Unidos e possivelmente maior que um número considerável de países desenvolvidos. Nesse sentido, são amplas as possibilidades de aproveitamento desse recurso no contexto de mudança da matriz energética brasileira. Talvez também seja possível aumentar a expansão do gás associada à exploração do pré-sal, sem contar que o país também possui reservas de gás de xisto, recurso esse inexplorado até o momento.

Economia em rápida mudançaO UBS calcula que, em 2020, haverá 43 gigawatts de energia solar não subsidiada nos mercados europeus, reduzindo a demanda por eletricidade suprida pela rede convencional em 6% a 9%. A isso, soma-se a queda na demanda devido à maior eficiência energética e a fontes renováveis subsidiadas. O estudo fala de uma “vasta oportunidade para a [energia] solar não subsidiada, embora certas limitações de cunho financeiro e técnico possam impedir que parte desse potencial seja explorado”.2

A tese de que a energia de fontes renováveis está pronta para competir sem subsídios é reforçada por um estudo do Citi Research cuja conclusão de que “painéis fotovoltaicos de uso residencial já atingiram ‘paridade com a rede’ em regiões de alta capacidade solar; o mesmo deve acontecer em grande parte do mundo até 2020. Nossa tese é que a geração por fontes renováveis em grande escala competirá com a de instalações a gás a curto e médio prazos, com o ponto exato de ‘interseção’ variando de país para país. Em muitas regiões, acreditamos que a competitividade será atingida em 2020.”3

Um futuro movido a tecnologiaO impacto das mudanças econômicas da energia solar, bem como o potencial de eficiência energética e outras inovações no campo do gerenciamento da demanda, ficam evidentes nas respostas dos participantes da pesquisa da PwC sobre quais avanços tecnológicos teriam o maior impacto em seus respectivos mercados. Eficiência energética, queda de preços da energia solar, gerenciamento da demanda e redes inteligentes encabeçam a lista de fatores de impacto (Figura 3).

Figura 3: Porcentagem de entrevistados para os quais os seguintes avanços tecnológicos terão impacto alto ou muito alto em seus respectivos mercados

Medidas de eficiência energética

Rápida queda no preço de painéis fotovoltaicos

Adoção de tecnologias de gerenciamento da demanda

Instalação de contadores/redes inteligentes

60% 56% 53% 51%

Maior impacto

Calefação elétrica eficiente (bombas de calor etc.)

Sistemas estacionários de armazenamento de energia elétrica

Captura e armazenamento de carbono

Geração eólica offshore

Menor impacto

11%13%17%26%

Fonte: 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

2 UBS Investment Research, European Utilities, The Unsubsidised Solar Revolution, 15/janeiro/2013.3 Citi Research, Shale & renewables: a symbiotic relationship, 12/setembro/2012.

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1113ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Eficiência energética, queda de preços da energia solar, gerenciamento da demanda e redes inteligentes encabeçam a lista de fatores dos quais se espera o maior impacto no setor elétrico.

Menos impacto se espera de geração eólica em alto mar (exceto na Europa, onde se atribui mais importância a essa fonte) e da tecnologia de captura e armazenamento de carbono, que continua prejudicada por problemas de viabilidade e desenvolvimento. É curioso observar que avanços fundamentais em baterias de armazenamento necessárias para que adeptos da autogeração deixem de depender da rede convencional parecem ainda muito distantes para que a maioria dos participantes da pesquisa preveja, por ora, qualquer impacto expressivo no mercado.

Alguns impactos tecnológicos têm um peso pequeno quando considerados em nível mundial, mas eles encabeçam a lista dos mais expressivos no plano regional (Figura 4). Um exemplo é o gás de xisto, que lidera a lista de tecnologias de impacto na América do Norte, juntamente com o desenvolvimento de veículos elétricos.

Fica evidente, pela pesquisa, que muitos dos participantes acreditam que a era do carro elétrico está cada vez mais próxima. Segundo um relatório da associação de revendedores de veículos da Califórnia (a California New Car Dealers Association), no primeiro semestre de 2013 um sedã da montadora Tesla que funciona só a eletricidade deixou para trás todos os modelos de marcas de luxo como Porsche, Volvo, Lincoln, Land Rover e Jaguar (segundo o total de veículos emplacados no período).

Na América do Sul, a geração de energia eólica onshore obteve a classificação mais elevada em termos de impacto, alcançando papel de destaque em políticas energéticas em países como o Uruguai. A eficiência energética lidera a lista de avanços tecnológicos de maior impacto na Europa, na Ásia, no Oriente Médio e na África.

No Brasil, segundo o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, publicado pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica da Eletrobrás, o território tem capacidade para gerar até 140 GW. Em regiões de grande potencial eólico, como Sul, Sudeste e Nordeste, essa energia poderia ser utilizada como fonte renovável combinada com a energia solar. Nos estados do Nordeste, com a escassez de recursos hidrológicos, essa geração combinada é uma alternativa importante para o abastecimento de energia.

Figura 4: Principais impactos tecnológicos, por região*

*% dos que disseram que o impacto será alto ou muito altoFonte: 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

EuropaMedidas de eficiência energética

85%

América do NorteGás de xisto

América do NorteVeículos elétricos

58%

64%

ÁsiaImplementação de tecnologias de gerenciamento da demanda

64%

ÁsiaMedidas de eficiência energética

América do SulCentrais eólicas onshore

58%

83%

Oriente Médio e ÁfricaMedidas de eficiência energética

80%

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12 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

OfertaNovas fontes de combustíveis fósseis terão alto impacto no mercado. A exploração de gás e petróleo de xisto vem rapidamente mudando a economia do setor. Projeções de esgotamento de reservas estão sendo revistas. A perspectiva de independência energética já é factível na América do Norte, e a geopolítica de fluxos mundiais de energia vive uma transição.

O impacto do gás de xisto no mercado energético já se faz sentir muito além do continente norte-americano. A queda dos preços do gás nos EUA elevou o volume do carvão exportado. A consequente queda nos preços do produto na Europa fez do carvão uma fonte energética de margem superior à do gás. Com isso, a preferência pelo carvão como fonte subiu, já que o chamado “dark spread” (indicador da margem bruta de uma termelétrica a carvão) está bem maior do que o “spark spread” (a margem equivalente de termelétricas a gás). Isso agravou pressões econômicas por trás do fechamento de centrais geradoras a gás na Europa.

Impacto do gás de xistoO maior impacto do gás de xisto no mercado de energia foi atribuído por participantes da pesquisa da PwC no continente americano (Figura 5). Como todos sabem, a exploração dessas reservas nos EUA se encontra hoje em estado bastante avançado. Mas a América do Sul também promete ser uma grande região produtora. A Argentina detém a terceira maior reserva de gás de xisto tecnicamente recuperável do globo, atrás apenas de EUA e China. As reservas do Brasil e do México também estão entre as dez maiores do mundo.4

Também há jazidas importantes de gás de xisto em países com reservas limitadas de petróleo e gás convencional, como África do Sul, Jordânia e Chile, e em regiões como a Europa, onde fontes convencionais próprias vêm se esgotando. Mas políticas energéticas nacionais, a economia “acima do solo” e o embate político em comunidades locais — além da geologia — serão fatores cruciais na definição do padrão de exploração do gás de xisto. Na Europa, por exemplo, enquanto o Reino Unido adota medidas de incentivo à exploração desse gás não convencional, a França por ora descartou a ideia, citando preocupações ambientais.

A ascensão da produção de gás de xisto em outros países dificilmente será tão acelerada quanto nos EUA — um fator crucial em qualquer avaliação do possível impacto fora da América do Norte. Mas o potencial de mudança no mercado existe — e as respostas a dois “cenários futuros” para o gás de xisto apresentados aos participantes da pesquisa indicam que o setor trabalha com a expectativa de mudanças consideráveis (veja quadros nas páginas 13 e 20).

Figura 5: Porcentagem de entrevistados para os quais o gás de xisto terá impacto alto ou muito alto em seus respectivos mercados

Fonte: 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

4 US Energy Information Association, Technically Recoverable Shale Oil and Shale Gas Resources: An Assessment of 137 Shale Formations in 41 Countries Outside the United States, Junho/2013.

67%

38%

20%

35%

7%

Global

América do Sul

América do NorteEuropa

Ásia

Oriente Médio e África

58%

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1313ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Setor não descarta a possibilidade de inauguração de uma nova era de abundância energética.

“Avanços tecnológicos e novas fontes, como o gás de xisto, vão reduzir drasticamente a dependência de países exportadores de petróleo e gás e alterar o equilíbrio de forças entre compradores e vendedores.”

Entre todas as possibilidades que apresentamos, o cenário acima teve o maior número de votos na faixa de probabilidade média e o menor na faixa de baixa probabilidade. Ou seja, o setor claramente espera uma mudança no equilíbrio de forças, com a diminuição do poder da Rússia no gás, por exemplo, e de países da Opep no petróleo e no gás. Entretanto, menos de um quinto dos participantes da pesquisa se atreve a atribuir uma alta probabilidade ao cenário. Ao que parece, a maioria espera alguma alteração no equilíbrio de forças, mas não de forma radical.

Sistema de classificação de probabilidade:Baixa (menos de 40%)Média (entre 40%–59%)Alta (60% ou mais)

Cenário futuro

33%consideram baixa a probabilidade deste cenário.

67%consideram média ou alta sua probabilidade.

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14 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Grandes respostas

EmpresasA resposta das empresas às mudanças aqui apontadas vai determinar se essas organizações parte do futuro ou se irão engrossar as fileiras de companhias de outros setores cujo modelo de negócios foi desbancado por avanços tecnológicos e mudanças no mercado. Será preciso identificar onde estão as melhores oportunidades de geração de receita, agir depressa para reduzir custos ou abandonar áreas que já não dão retorno, melhorar o atendimento ao cliente e conquistar um novo público, mais atuante.

As empresas da Europa, que já vêm agindo para se adequar à nova realidade do setor, estão cientes de que o impacto ainda não chegou com força total. É o que diz Peter Terium, presidente da companhia de energia RWE, do Reino Unido: “Ainda estamos nos beneficiando do fato de que o grosso da eletricidade que geramos é vendida no mercado a prazo, com até três anos de antecedência (...). Mas, cedo ou tarde, a crise vai nos atingir com força total.”5

A resposta de empresas como a RWE e a rival E.ON foi lançar iniciativas de reestruturação da carteira de operações, redução de custos e busca de oportunidades de crescimento com margens maiores. A E.ON, por exemplo, acelerou a implementação de um programa de redução de custos — o “E.ON 2.0” — cuja meta é cortar custos controláveis de cerca de € 10,9 bilhões para € 9,5 bilhões, o que inclui a eliminação de 11 mil postos de trabalho em jornada integral.6

Figura 6: Qual o espaço para as companhias elétricas reduzirem a base de custos e aumentarem a eficiência?*

Redução de custos e aumento de eficiência de mais de 10%

Redução de custos e aumento de eficiência de mais de 20%

40%

20%

Global

América do Norte

65%

31%

67%

22%

América do Sul

Ásia 62%

31%

Oriente Médio e África

44%

11%

Europa 92%

58%

*% dos entrevistadosFonte: 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

5 RWE, Report on the First Half of 2013, agosto/2013.6 E.ON Debt Investor Update Call, 3 de setembro de 2012.

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1513ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Eficiência maior e desempenho melhorNa opinião dos participantes da pesquisa, há potencial para melhorar consideravelmente a base de custos e a eficiência do setor (Figura 6). Quase um terço (31%) de todos os entrevistados mundo afora diz que companhias de energia e concessionárias elétricas poderiam muito bem melhorar a base de custos e a eficiência em mais de 20%. Esse nível de redução de custos é considerado possível por 58% dos entrevistados na Europa e 31% na Ásia. Na América do Norte e na América do Sul, 22% e 20% consideram a meta factível, respectivamente; no Oriente Médio na África, são 11%.

É evidente que o setor em si reconhece que há margem para grandes avanços em eficiência. Quando indagamos em que áreas poderia haver avanços, atividades centrais, operações com ativos, gestão de projetos de capital e relacionamento com clientes tiveram destaque (Figura 7).

De cada dez participantes da pesquisa, mais de seis consideram que o espaço para melhorar o desempenho na gestão do risco de ativos, no relacionamento com clientes e na gestão de projetos de capital é alto ou muito alto. E quase três quartos (73%) enxergam um espaço igualmente grande para melhorias na gestão do desempenho de ativos. Na Europa, essa porcentagem foi ainda maior: 82%. Já que ativos são o pilar do setor de energia e serviços públicos, a constatação pelo próprio setor de que há potencial para melhorar é alentadora.

31%de todos os entrevistados no mundo dizem que há espaço para companhias de energia e elétricas enxugarem a base de custos e elevarem eficiência em mais de 20%.

Figura 7: Porcentagem de entrevistados para os quais há um espaço alto ou muito alto para avanços nas seguintes áreas das operações de companhias elétricas

Fonte: 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Global

Gestão do desempenho de ativos

Gestão de risco de projetos de capital

Atendimento e relacionamento

com clientes

Gestão de risco de ativos

Eficiência da P&D

44%60%61%68%73%

Visão da PwC: um trampolim para a maior eficiência

“Definitivamente há oportunidade para enxugar em 10% a 20% a base de custos do setor. Isso abriria um espaço para a sustentabilidade a longo prazo das empresas à medida que elas forem ajustando a sua estratégia. Analisar friamente o desempenho de ativos é vital. E acelerar o ritmo do desenvolvimento de aspectos como tecnologia geoespacial, ferramentas de mobilidade, redes inteligentes e esquemas de programação e armazenamento sofisticados pode ser um trampolim para grandes reduções de custos.”

David Etheridge, líder global de Consultoria em Energia e Serviços Públicos da PwC

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16 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Cenário futuro

“Companhias elétricas precisam ser mais inteligentes na área de tarifas. Deviam aprender algo sobre pacotes e ‘minutos grátis’ com operadoras de telefonia celular.”

Participantes da pesquisa não descartam um futuro no qual concessionárias de energia ofereçam “eletricidade grátis” — a exemplo dos “minutos grátis” incluídos em pacotes de empresas de telefonia. Pouco menos de dois terços dos entrevistados considera média ou alta a probabilidade de que uma relação mais interativa com clientes inclua alguma medida do gênero.

Sistema de classificação de probabilidade:Baixa (menos de 40%)Média (entre 40%–59%)Alta (60% ou mais)

36%consideram baixa a probabilidade deste cenário.

64%consideram média ou alta sua probabilidade.

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1713ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

EstratégiaUma eficiência maior e um desempenho melhor podem garantir a empresas do setor elétrico considerável margem de defesa durante a adaptação à nova conjuntura do mercado. Só que não basta se defender — também é preciso partir para o ataque. A empresa deve ter uma estratégia para identificar as melhores oportunidades de receita num mercado que, mais do que mudar, pode passar por uma total transformação.

Aqui, duas coisas serão fundamentais: uma visão estratégica da extensão e do ritmo do avanço da geração distribuída em seus mercados e a avaliação do papel e da oportunidade aberta pelo gás. Devido a diferenças na política energética, no estoque de combustíveis fósseis e no nível de custos de cada país, a adoção vai variar de lugar para lugar — e a interação entre modalidades distintas de geração seguirá sendo complexa.

82% dos participantes veem a geração distribuída de energia como “oportunidade”; apenas 18% a consideram uma “ameaça”.

No momento, começamos a vislumbrar o fim de um período no qual a propagação da geração distribuída foi promovida por políticas públicas e subsídios. Com a rápida evolução da economia da geração distribuída, é bem provável que passemos a uma fase na qual a adoção seja movida por forças de mercado. As empresas precisarão ter uma visão sobre seu posicionamento e a oferta de produtos nesse mercado. Elas terão de determinar até que ponto seus clientes exigirão, produtos inovadores e serviços de valor agregado.

A exploração do gás de xisto poderia ser um fator viabilizador da geração a gás e da rede elétrica a preços competitivos. O carvão também pode ficar em situação semelhante se as políticas energéticas o permitirem. Por serem fontes flexíveis capazes de suavizar os desequilíbrios decorrentes da geração renovável intermitente, ambos podem complementar a geração distribuída.

Mas por também rivalizarem com essas alternativas, eles podem inibir a adoção da geração distribuída em países nos quais a política energética favorece combustíveis fósseis.

A maioria das empresas em nossa pesquisa parece disposta a encarar o desafio. Para 82% dos participantes, a geração distribuída de energia é uma “oportunidade”; apenas 18% veem nela uma “ameaça”. Em uma teleconferência com analistas, o CEO de uma grande companhia elétrica da Europa observou que “grandes rios começam com pequenas gotas” para descrever a expansão da empresa na área de distribuída. Essa mesma companhia está ampliando sua presença na produção de energia solar em grande escala e em parques eólicos onshore, tanto nos EUA como em mercados em crescimento mundo afora.

Novas tecnologias...novos modelos de negócios

Mais de um terço (35,8%) dos domicílios americanos não têm telefone fixo; nesses lares, a telefonia celular ocupou o espaço7. Em várias regiões da África, o celular chegou antes mesmo da infraestrutura de telefonia convencional.

A ruptura no modelo de negócio de empresas de telecomunicações foi profunda. Hoje, por exemplo, muitas teles se parecem mais a operadoras de TV, buscando manter e ampliar o relacionamento com a clientela que ainda tem linhas fixas com conteúdo esportivo e de entretenimento online.

A necessidade de redes elétricas de backup e outras particularidades do setor elétrico nos leva a evitar paralelos com a indústria de telecomunicações. Mas a mudança na base de custos com a autogeração e avanços futuros em tecnologias de armazenamento de eletricidade sugerem que seria sensato por parte das concessionárias de energia elétrica levar em conta a experiência do setor de telecomunicações.

7 Center for Disease Control and Prevention, Wireless Substitution: Early Release of Estimates From the National Health Interview Survey, Janeiro-Junho/2012.

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18 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

ClientesCom empresas do setor tentando garantir que a geração distribuída de energia seja uma oportunidade, e não uma ameaça, tudo indica que a concorrência no mercado será intensa. Passar a fornecer serviços de geração distribuída a clientes encabeça a lista de estratégias com maior chance de sucesso num cenário mais descentralizado, segundo os participantes da pesquisa (Figura 8).

Além disso, será preciso remover eventuais barreiras que impeçam a empresa de se posicionar satisfatoriamente para competir por clientes nesse novo mercado. Participantes da pesquisa já sentem que, no que tange a clientes, sua estratégia deixa a desejar. Três quintos (61%) dizem que a oportunidade para melhorar a relação com clientes e o atendimento é “alta” ou “muito alta”.

Figura 8: Porcentagem de entrevistados que considera alta ou muito alta a probabilidade de sucesso das estratégias abaixo em um mercado de geração distribuída

* “prosumer” é o consumidor final que gera eletricidade para seu próprio consumo.Fonte: 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Global

Serviços para oferta de

geração distribuída

Ajudar consumidor final a conservar

energia com contratos de eficiência

Ajudar autoprodutores (“prosumers”)* a

compartilhar energia por meio de redes inteligentes

Converter empresa em “parceira energética” de

clientes, em vez de “fornecedora de energia”

Investir em mercados nos quais a demanda

deve crescer rapidamente

Diversificar serviços prestados a usuários

residenciais e empresariais

67% 60% 56% 52% 43% 40%

De “fornecedora de energia”a “parceira energética”

Na Rússia e na Alemanha, a rede atacadista METRO Cash & Carry está equipando lojas com sistemas de cogeração a gás natural (micro-CHP) graças a uma parceria com a E.ON para soluções de geração distribuída.

Os sistemas serão usados para o aquecimento do ambiente e da água, além de cobrir parte das necessidades de eletricidade dos estabelecimentos. As unidades de micro-CHP podem ser remotamente controladas, garantindo flexibilidade na resposta a picos de preço e demanda no mercado. O sistema, que está sendo instalado pela E.ON, será operado pela METRO.

Uma possibilidade no futuro seria complementar as unidades de micro-CHP com energia solar. Na loja em Dusseldorf, por exemplo, placas fotovoltaicas entraram em operação ainda no final de 2007.

61%dizem que a oportunidade para melhorar a relação com clientes e os serviços prestados é “alta” ou “muito alta”.

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1913ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Cenário futuro

“Nas próximas décadas, poderíamos testemunhar a morte do atual modelo de varejo de energia elétrica em importantes mercados mundo afora devido ao crescimento da geração distribuída.”

Embora o cenário acima tenha sido considerado como de “baixa probabilidade” pelo maior número de participantes da pesquisa, quase a metade dos entrevistados o considera plausível o suficiente para classificar como “média” ou “alta” a probabilidade de que se materialize.

Sistema de classificação de probabilidade:Baixa (menos de 40%)Média (entre 40%–59%)Alta (60% ou mais)

52%consideram baixa a probabilidade deste cenário.

48%consideram média ou alta a sua probabilidade.

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20 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

“No futuro, avanços tecnológicos e novas fontes de energia relegarão ao passado a preocupação com a segurança energética.”

Embora uma considerável minoria dos participantes da pesquisa não acredite nesse cenário “radical”, a maioria é mais positiva quanto a suas possibilidades. A promessa de custo menor e de disseminação de fontes renováveis, aliada a fenômenos como o do gás de xisto no segmento de combustíveis fósseis, está levando muitos a aceitar a possibilidade de uma nova era de abundância energética.

Sistema de classificação de probabilidade:Baixa (menos de 40%)Média (entre 40%–59%)Alta (60% ou mais)

45%consideram baixa a probabilidade deste cenário.

54%consideram média ou alta sua probabilidade.

Cenário futuro

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2113ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Com a ascensão de um consumidor final mais atuante, que “conserva energia” e, cada vez mais, “produz energia”, a relação da empresa com clientes precisa melhorar.

A era na qual empresas podiam se dar ao luxo de manter uma relação insatisfatória com clientes pode estar chegando ao fim. Hoje, cerca de dois terços (65%) dos participantes da pesquisa caracterizam sua clientela como “clientes passivos que aceitam o que lhes é dado”. Mas só 39% esperam que essa descrição siga valendo nos próximos dez anos.

Os entrevistados preveem a ascensão de um consumidor final mais atuante, que “conserva energia” e, cada vez mais, “produz energia” (Figura 9). Uma parcela considerável (41%) dos participantes do estudo, no âmbito global, crê que seu mercado será assim nos próximos dez anos (só 9% acham que é assim hoje); na Europa, a parcela sobe para 60% dos participantes; na América do Norte, para 50%; e, na Ásia, para 46%.

Figura 9: Crescimento de um tipo atuante de consumidor final de energia (cliente que conserva energia e/ou produz energia)*

* % dos que deram pontuação “forte” ou “muito forte” a uma das seguintes descrições de clientes em em seus respectivos mercados: “consumidor atuante que busca minimizar consumo”/“consumidor que gera a própria eletricidade”/“consumidor que gera a própria eletricidade e interage com o mercado por redes inteligentes”.Fonte: 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

0%

Hoje Em dez anos mais

Global

América do Norte

9%

41%

0%

41%

0%

50%

América do Sul

33%

Ásia 15%

46%

Oriente Médio e África

11%

Europa 25%

60%

41%preveem o surgimento de um novo tipo de consumidor em seu mercado em dez anos mais, ante 9% hoje em dia.

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22 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Reguladores

Cabe a governantes a difícil tarefa de lidar com os grandes temas da disponibilidade, do custo acessível e do impacto ambiental dos recursos energéticos. A tensão entre essas metas se desloca cada vez mais para um primeiro plano.

Em muitos países, a questão do custo acessível virou alta prioridade. Com a capacidade das reservas se aproximando do limite, cresce o temor de apagões. Já a exploração do gás de xisto está criando um novo campo de batalha ambiental que caberá ao poder público policiar.

Opiniões manifestadas por muitos dos participantes da pesquisa sugerem que a regulamentação do setor vive uma espécie de crise. Mais de metade dos entrevistados afirma que autoridades do setor de energia “criaram um elevado nível de incerteza em torno das políticas energéticas que está inibindo os investimentos”(Figura 10).

Essa percepção é especialmente forte na América do Norte (67%), na América do Sul (67%) e na Europa (50%). Mas só no Oriente Médio e na África uma parcela considerável dos entrevistados acredita que autoridades vêm trabalhando bem com o setor para promover o investimento e proteger os clientes.

55%dos participantes da pesquisa disseram que autoridades do setor de energia “criaram um elevado nível de incerteza em torno das políticas energéticas que está inibindo os investimentos”.

Figura 10: Que enunciado abaixo melhor descreve os responsáveis por elaborar políticas energéticas em seu mercado?

% dos participantes que escolheram cada enunciado acima de uma longa lista de alternativas. Era possível assinalar mais de um enunciado.Fonte: 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

15%38%

Ásia

36%55%

Global

América do Sul

América do Norte

36%50%

33%67%

33%67%

Europa

67%33%

Oriente Médio e África

Com seus atos, promovem o investimento e protegem o consumidor

Criaram um elevado nível de incerteza em torno daspolíticas energéticas que está inibindo os investimentos

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2313ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Luzes acesasNo cômputo geral, o setor acredita que, em muitos lugares, acontecimentos recentes em mercados de energia mundo afora estão aumentando (e não diminuindo) o risco de interrupções no fornecimento (na amostra global, 37% veem aumento e 26%, redução) (Figura 11). Muitos participantes da pesquisa assumem uma posição neutra sobre o tópico. Entre os que manifestaram alguma opinião, o temor de que a atual conjuntura esteja fazendo a balança pender para um cenário de apagões é particularmente forte na América do Sul (67% versus 0 %), na América do Norte (30% versus 0%) e no Oriente Médio na África (50% versus 30%). Na Europa, as opiniões se dividem: 40% acham que o risco de blecautes está crescendo, enquanto 40% opinam que está diminuindo.

Segundo os participantes da pesquisa, certeza e planejamento claro são as principais necessidades do setor. Há uma sensação de que a regulação vive um momento decisivo: com a era da desregulamentação chegando ao fim, o novo momento exigiria maiores certezas. Além de exigências associadas à renovação e à manutenção da infraestrutura atual — que em si já são enormes —, há também novas tarefas, incluindo definir como suprir capacidade de backup para um sistema com geração distribuída e fontes renováveis de energia.

Figura 11: Qual o impacto de acontecimentos atuais em seu mercado sobre o risco de apagões?

Fonte: 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Redução do risco Neutro Aumento do risco

15%46%

Ásia

37%26% 37%

70%

33%

20%

39%

20%

Global

América do Sul

30%

67%

América do Norte

40%40%

Europa

50%30%

Oriente Médio e África

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24 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Atender e equilibrar demandaQuando indagamos que políticas teriam maior impacto na satisfação da demanda nas próximas décadas, no topo da lista vieram um ambiente regulatório que incentive o investimento na rede (81% dos participantes da pesquisa deram nota alta ao quesito), maior interconexão (também 81%) e planejamento e licenciamento acelerados para infraestrutura de caráter estratégico (67%). Fatores como desregulamentação do mercado (40%) e desverticalização, ou “unbundling” (35%), também foram citadas.

Do lado da geração, quase três quartos (73%) dos participantes da pesquisa afirmam que obter financiamento é um dos principais entraves a novos investimentos. Nesse ponto, barreiras regulatórias e incerteza pesam. Pouco mais de dois terços (68%) se dizem incapazes de recuperar o custo de novos sistemas de geração com um regime de tarifas reguladas e 62% afirmam que a incerteza regulatória e política é um entrave ao desenvolvimento de novas instalações de geração em larga escala.

Na América do Norte e na Europa, a questão do pagamento por capacidade está no topo da pauta das empresas. Três quartos (75%) dos participantes da pesquisa na Europa e dois terços (67%) na América do Norte dizem que a ausência dessa remuneração por capacidade é um grande obstáculo à instalação de nova infraestrutura de geração.

Para autoridades reguladoras, conceber políticas que permitam a operadores do sistema alcançar um equilíbrio com elevados níveis de geração intermitente assume caráter urgente. Em relação a esse aspecto, o pagamento por capacidade seria uma saída. Essa e outras medidas — como instituir mercados de “demand response” e gerenciamento da demanda (ou consumo) e a capacidade de reduzir a geração intermitente durante períodos de baixa demanda — estão no topo da lista de providências que, na opinião dos participantes da pesquisa, as autoridades do setor deveriam tomar para equilibrar fontes intermitentes de geração (veja a Figura 16 na seção “Resultados no mundo”).

81%dos participantes da pesquisa dizem que um ambiente regulatório que incentive o investimento na rede é uma política importante.

Elétricas europeias alertamUE para riscos energéticos

A manchete acima foi estampada na capa do caderno de empresas e mercados do jornal Financial Times no dia 10 de setembro de 2013. Segundo a reportagem, nove empresas — Enel, Eni, E.ON, RWE, GasTerra, GDF Suez, Iberdrola, Gas Natural e Vattenfall — haviam se unido para dialogar com o Parlamento Europeu. Uma das propostas apresentadas aos legisladores seria “acelerar a implantação de um regime de pagamentos por capacidade, o que incentivaria a manutenção de termelétricas a gás e evitaria a desativação de mais usinas”.

(Financial Times, 10 de setembro de 2013)

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2513ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Cenário futuro

“O investimento necessário em energia nuclear/renovável para evitar um aquecimento global expressivo (dois graus ou menos) será elevado demais para o Estado suportar”.

Na avaliação de importantes autoridades científicas, o prazo para evitarmos um aquecimento global de proporções consideráveis está rapidamente se esgotando. Participantes da pesquisa sem dúvida levaram isso em conta ao avaliar o cenário acima — que recebeu o maior número de respostas de “alta probabilidade” de todas as hipóteses envolvendo o cenário. Mais significativo, contudo, talvez seja que o custo de reduzir emissões é um fator tão importante quanto a corrida contra o tempo.

Sistema de classificação de probabilidade:Baixa (menos de 40%)Média (entre 40%–59%)Alta (60% ou mais)

32%consideram baixa a probabilidade deste cenário.

68%consideram média ou alta a sua probabilidade.

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Ao ver tantos participantes da pesquisa dando ênfase à transformação do modelo de negócios, decidimos mostrar os resultados iniciais obtidos a importantes dirigentes empresariais de distintas áreas do setor elétrico em todo o mundo. Confira a seguir uma amostra de suas opiniões sobre as mudanças que estão por vir.

Visão de CEOs

O senhor espera uma transformação no modelo de negócios de companhias elétricas? A seu ver, como seria o modelo futuro?

É pouco provável que a atual transformação do setor vá conduzir a um modelo específico de negócios para todo o setor elétrico. Em vez disso, vamos ver várias opções, em geral fundadas em alternativas disponíveis na ponta do cliente, em combinação com mudanças em TI e na tecnologia energética. No que diz respeito ao usuário final, a operação elétrica do futuro será caracterizada pela digitalização do relacionamento com esse cliente.

Isso significa uma comunicação maior e mais ágil com o cliente sobre sua demanda efetiva ou, em certos casos, sobre sua autogeração. O gerenciamento da demanda vai desempenhar um papel mais ativo, e a integração de mais unidades solares e eólicas — ou seja, geração mais volátil — e de mais geração descentralizada determinará modelos de negócios futuros. Em regiões e países com um sistema de energia menos estabelecido, a geração descentralizada poderia exercer um papel ainda maior.

As fronteiras do setor mudarão à medida que o modelo de negócios evoluir?

O setor de energia vai receber novos atores, o que naturalmente reduzirá a participação de companhias estabelecidas na área. Além disso, haverá maior uso da eletricidade no transporte e no aquecimento, de modo que, aos poucos, a disputa entre combustíveis ficará mais acirrada. A crescente necessidade de comunicação, TI, internet e telecomunicações significa que as empresas dessas áreas vão mostrar cada vez mais interesse no segmento de energia — devido, também, a seu próprio consumo de eletricidade. Empresas de TI/hospedagem de

Dr. Johannes Teyssen

Presidente do conselho e CEOE.ON SE

servidores que utilizam o calor residual produzido por esses equipamentos para reduzir os custos de instalações que abrigam esses servidores são um exemplo interessante.

Por último, mas nem por isso menos importante, o consumidor passará a ter uma participação mais ativa em todo o sistema de energia — exercerá um impacto maior como um “prosumer”, ou autoprodutor. Isso exige de companhias estabelecidas a capacidade de travar um novo diálogo com a clientela e aumenta a pressão para que concebam soluções sob medida.

Que escolhas estratégicas essas empresas terão de enfrentar?

A maior diversidade de potenciais modelos de negócios no setor elétrico vai influenciar o número e o gênero de escolhas estratégicas. Certas elétricas vão, até certo ponto, se tornar mais geograficamente diversificadas — para poder localizar novas oportunidades e reduzir o risco regulatório. Outras fecharão o foco no mercado doméstico tradicional e buscarão um nicho.

O foco na oferta de serviços ao cliente e na geração distribuída também trará alternativas para novas áreas de operação. É provável que haja novas parcerias, e em número maior — seja para a divisão de riscos financeiros ou para a exploração de conhecimento distintos.

Qual sua reação a alguns dos “cenários futuros” apresentados?

Cenários são uma base para a reflexão. Não é aconselhável se fiar excessivamente ao que dizem; o certo é usá-los como ferramenta para pensar sobre desdobramentos futuros possíveis e tentar descobrir o que seria um retrato coerente do futuro. Acho particularmente interessante o cenário [do gás de xisto, da página 13], já que não segue o percurso da premissa normalmente usada — a de que a humanidade está ficando sem combustíveis fósseis. É, portanto, importante para explorarmos o quão robusto será o desenvolvimento da energia renovável — o que também faz mais pressão competitiva sobre energias renováveis neste momento.

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2713ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Cenário da “morte do atual modelo de varejo de energia elétrica” (página 19):Este é outro desafio futuro com potencial para alterar radicalmente toda a cadeia de valor: na geração, devido a esquemas distribuídos de produção de eletricidade; na transmissão e distribuição, já que o transporte de energia seria muito mais bidirecional; e nas vendas, já que produtos relevantes para o cliente vão mudar. É um excelente ponto de partida para descobrirmos que tipo de modificação possivelmente afetará o setor de energia. É, também, um bom exemplo de pensamento transformador. Ao contrário de cenários que apenas extrapolam de forma linear uma tendência observada, esses cenários são divisores de águas, descrevem grandes viradas e, portanto, servem como um teste robusto para a estratégia atual de nosso setor.

Cenário de segurança energética (página 20):Diz um famoso ditado que “certas coisas são tão inesperadas que ninguém está preparado para elas”. Ninguém sabe onde vai haver uma ruptura, nem quando. O segredo é saber detectar que uma ruptura está prestes a ocorrer. Hoje, a única certeza em nosso setor é que não dá mais para contar com a permanência do atual ambiente operacional e de investimento no futuro.

Tudo indica que a segurança energética seguirá sendo uma preocupação. É possível que, no futuro, graças à tecnologia, seja mais fácil alcançar essa meta. Pode ser, no entanto, que a demanda mundial de energia cresça tanto que a segurança energética se converta em uma preocupação ainda maior. Além disso, devido à elevada importância da energia para qualquer sociedade, governantes estarão sempre de olho em nosso setor e buscarão a segurança do suprimento para sua sociedade.

Uma questão importante em um processo de transformação — algo que vemos atualmente na Alemanha — é a do custo. A maior parte dos cenários gira em torno de questões tecnológicas e ambientais; um punhado fecha o foco na crescente importância da aceitação pública de nosso setor de modo geral e de certas tecnologias em particular. Mas, entre o presente e o cenário futuro, há sempre o processo de transformação — e isso significa mudar, deixar velhas ideias para trás e rumar em direção a algo novo, ainda vagamente definido. E esse processo de transformação exige dinheiro — dinheiro para novos desenvolvimentos, para novos ativos, para os inevitáveis erros e para a cota inevitável de investimentos que não vingarão.

Alguém vai ter de arcar com esse custo — e esse alguém, em geral, é o consumidor final. Para que a aceitação da transformação siga elevada ao longo de todo o processo, a conta para o cliente final precisa ser palatável.

A regulação enfrenta uma crise?

Em muitos países europeus, ao menos, o custo da eletricidade para o cliente tem um componente regulado e outro não regulado. Na porção não controlada, a concorrência derrubou custos e, portanto, conseguiu levar à solução mais eficiente para o usuário final. Em certos mercados, no entanto, entes reguladores criaram uma concorrência desleal entre recursos renováveis subsidiados, de um lado, e e a geração convencional, de outro. Precisamos de uma regulação sustentável para mercados interligados que promova soluções de mercado e, ao mesmo tempo, seja aberta ao progresso tecnológico.

Brian A. Dames

CEOEskom

O senhor espera uma transformação no modelo de negócios de companhias elétricas? A seu ver, como seria o modelo futuro?

O setor de energia e eletricidade se encontra no mesmo ponto em que o setor bancário e o de telefonia fixa estavam uma ou duas décadas atrás, com novas tecnologias atuando como a principal força motriz. Avanços tecnológicos, sobretudo na geração distribuída e na eficiência energética, terão impacto decisivo sobre modelos de negócios atuais. Em conjunto com um cliente mais informado e atuante, isso vai mudar o modelo de negócios.

O timing dessas mudanças vai variar de região para região. No continente africano, a transformação do modelo de negócios será influenciada por mudanças na situação econômica dos setores mais pobres da população. Caso não haja um avanço importante nesse quadro, a legislação do setor provavelmente vai impor o fornecimento de energia elétrica à população carente, o que exigiria uma companhia elétrica dominante, central. Isso poderia tolher a liberdade de escolha do setor e perpetuar subsídios cruzados. Contudo, com os rápidos avanços no campo tecnológico e a queda no preço de tecnologias, o impacto sobre as concessionárias de energia poderia ser negativo, devido à redução da demanda de setores hoje abrangidos pelo subsídio cruzado.

Tecnologia e reformas na política energética serão os grandes condicionantes de modelos futuros. Na África do Sul, a desregulamentação poderia produzir um aumento considerável no número de produtores independentes de energia. Usinas menores e mais eficientes, com um ciclo (lead time) mais curto, poderiam levar à descentralização no continente africano. Poderia haver mais parcerias com clientes e mais alianças estratégicas no setor. A autogeração em reação à alta em preços e áreas não atendidas, juntamente com a evolução no consumo de energia, também teriam um grande impacto.

Que escolhas estratégicas essas empresas terão de enfrentar?

Na África, inclusive na África do Sul, estamos sempre na corda bamba, fazendo malabarismos para achar um modelo de negócio sustentável. O tripé acesso, baixo custo e disponibilidade vai seguir ditando as escolhas estratégicas das empresas. A dificuldade é tentar achar um equilíbrio entre esses três fatores diante da limitação de recursos. Esses aspectos influenciam a área seguinte de escolha — a saber, a escolha de tecnologias, que inclui o mix tecnológico e precisa ser equilibrada com impactos ambientais e investimentos necessários.

As fronteiras do setor mudarão à medida que o modelo de negócios evoluir?

A colaboração entre bancos, instituições financeiras e operadoras de telefonia é outro fenômeno que pode chegar ao setor elétrico. Parcerias com outros setores poderiam afetar o uso intensivo, de recursos que caracteriza a área de energia, com ganhos de eficiência e a autogeração produzindo uma queda da demanda. É provável que haja uma diluição das fronteiras entre setores e na indústria.

Novos atores no setor poderiam transformar e ampliar a oferta de serviços, com uma provável fusão de serviços correlatos. As normas do setor serão um fator determinante na escolha feita por esse atores. Contudo, isso pode converter o preço da eletricidade em uma barreira à sustentabilidade do setor.

Qual sua reação a alguns dos “cenários futuros” apresentados?

Novas fontes de energia, como o gás de xisto, serão um divisor de águas, assim como tecnologias de autogeração (behind the meter). Com os avanços atuais, é provável que isso vire realidade em cinco a dez anos. Em países em desenvolvimento, desafios como o baixo custo e o acesso à energia, e outros aspectos de caráter socioeconômico, sugerem um prazo mais próximo de dez anos.

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28 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Entre outros cenários importantes quepoderiam ser considerados, estão uma situação de considerável disparidade entre alternativas de oferta e demanda; um cenário hídrico cada vez mais crítico na África (investimento em usinas de dessalinização); e a regulação girando em torno do local, não do preço.

A regulação enfrenta uma crise?

Sempre há a possibilidade de operar de modo mais eficiente e reduzir custos sem comprometer de forma expressiva a confiabilidade de usinas. Na África do Sul, as tarifas atuais são suficientes para cobrir custos. Já custos de combustíveis seguem sendo um desafio. O verdadeiro desafio da regulamentação é garantir um retorno suficiente para permitir novos investimentos e substituir instalações que estão chegando ao fim da vida útil. Isso se deve ao considerável custo de novos investimentos em relação ao porte e à riqueza de países africanos. A regulação terá de acompanhar a evolução do setor elétrico rumo a novos produtos/tecnologias, e também a da cadeia de valor da eletricidade para além da fronteira do medidor.

Liu Guoyue

Membro do conselho e diretor geralHuaneng PowerInternational, Inc.

O senhor espera uma transformação no modelo de negócios de companhias elétricas? A seu ver, como seria o modelo futuro?

Com a desregulamentação do mercado de energia, sob o impacto da aprovação de projetos, de mecanismos tarifários e da regulamentação pública, o modelo de negócios de companhias elétricas vai mudar gradativamente, embora não haja a expectativa de uma mudança radical.

Entre as possíveis características do modelo futuro do setor elétrico estão: aumento contínuo de fontes distribuídas de energia; coexistência de instalações gigantescas e centralizadas de energia e fontes de geração distribuída; avanço contínuo do sistema de informação de companhias de energia, além de integração e globalização.

Que escolhas estratégicas essas empresas terão de enfrentar?

No nosso caso, a escolha estratégica que a empresa enfrenta é aumentar o investimento em energias limpas, melhorar a integração do carvão como combustível e de atividades de geração de energia, globalização das operações.

As fronteiras do setor mudarão à medida que o modelo de negócios evoluir?

No nosso caso, o desenvolvimento futuro da empresa no setor elétrico implica melhorar a gestão da geração térmica, otimizar estruturas operacionais, manter a posição de liderança no desenvolvimento do setor no plano nacional e intensificar a cooperação com outros setores. Quanto ao cruzamento do setor elétrico com outros setores, nossa meta é permanecer em nossa atividade central, a geração de eletricidade, e crescer em setores relevantes com base nesse foco. Não espero mudanças expressivas nessas fronteiras. Produtoras de carvão e fundos privados vão aumentar gradativamente seu investimento no setor elétrico.

Qual sua reação a alguns dos “cenários futuros” apresentados?

Cenário no qual temores ligados a segurança energética viram coisa do passado devido a mudanças tecnológicas e novas fontes de energia (página 20): Concordo com essa visão. Creio que o grande salto virá com a ampla utilização de energias como a eólica, a solar, o gás de xisto e o hidrato de gás. E esse salto pode ocorrer nos próximos 10 ou 20 anos.

Cenário do gás de xisto (página 13):Creio que a possibilidade de mudar o contexto de oferta e demanda está crescendo gradativamente com o acréscimo de novas fontes de energia.

Cenário do fim do atual modelo de varejo (página 19): Creio que um novo modelo de varejo vá surgir, mas não que o atual modelo de varejo de energia vá desaparecer.

A regulação enfrenta uma crise?

Não há crise. Tanto a regulação como o setor elétrico em si têm espaço para melhorar.

Dr. Omar Kittaneh

Ministro da EnergiaPresidente da Autoridade Palestina de Energia e Recursos Naturais

O senhor espera uma transformação no modelo de negócios de companhias elétricas? A seu ver, como seria o modelo futuro?

Na minha opinião, o mercado vai impor mudanças e até a transformação do setor elétrico. Mas pode levar um bom tempo para que essa transformação [torne o modelo] irreconhecível. A chave para a mudança será a penetração de energias renováveis e tecnologias correlatas, sobretudo no armazenamento.

[O modelo] pode mudar drasticamente, mas a extensão da mudança vai depender da participação e da penetração de energias renováveis, e do momento no qual cada consumidor vira um produtor. Isso pode criar um novo modelo no setor elétrico, com infraestrutura, investimentos e normas distintos.

Que escolhas estratégicas essas empresas terão de enfrentar?

A escolha [para empresas] é “ser ou não ser”, dependendo da evolução da tecnologia renovável. Já a questão do “quando” vai exigir mais alguns anos para poder ser respondida.

As fronteiras do setor irão mudarão à medida que o modelo de negócios evoluir?

Vão surgir novos atores, em sua maioria produtores de energias renováveis, o que significa que certas divisões e certas empresas poderão desaparecer.

Qual sua reação a alguns dos “cenários futuros” apresentados?

Primeiro, gostaria de tecer um comentário sobre a possibilidade de intervenção mais intensa do poder público na próxima década diante da dificuldade sentida por parte da população para arcar com os custos da energia. Nos próximos dez anos, isso pode vir a ocorrer em muitas das economias em crescimento ao redor do mundo, embora essa intervenção do Estado não deva durar a longo prazo. Com a evolução e o desenvolvimento de tecnologias, a maior eficiência derrubará custos, deixando a eletricidade com um preço mais acessível para as pessoas.

Cenário no qual investimento necessário em energia nuclear/renovável para evitar um aquecimento global expressivo será elevado demais para o Estado (página 25):Se levarmos em conta os avanços tecnológicos que vêm sendo registrados no setor e as constantes melhorias em áreas como tecnologias de armazenamento de energia, que terão alto impacto no setor a longo prazo, creio que é baixa a probabilidade desse cenário.

Outro fator a ser considerado é a regulamentação que está sendo imposta ao redor do mundo para proteger o meio ambiente, o que tiraria o apelo de métodos hoje comuns de geração de eletricidade e, ao mesmo tempo, tornaria a energia renovável mais atraente e factível — e sem prejuízo da viabilidade da indústria de geração de energia.

A regulação enfrenta uma crise?

Há espaço para melhorar no próprio setor e na regulamentação. A eficiência do setor e o marco regulatório devem andar de mãos dadas.

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2913ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Resultados no mundo

Destaques da pesquisa por região Mercados de energia mundo afora diferem em muitos aspectos, inclusive no estágio de desenvolvimento e no estoque de recursos naturais. Políticas energéticas distintas também têm tido um papel fundamental. Isso explica a considerável variação na penetração de novas modalidades de energias renováveis e de geração distribuída.

A evolução dos combustíveis fósseis será um importante fator de continuidade na matriz geradora. O equilíbrio entre geração centralizada e a geração distribuída também será influenciado por fatores como acesso e baixo custo.

Tudo indica que esses fatores terão um papel importante na natureza da transformação que se avizinha. Em geral, a expectativa de transformação é mais intensa nos mercados mais maduros da Europa, América do Norte e Ásia. No corpo do relatório, apresentamos várias das principais semelhanças e diferenças entre uma região e outra. Neste capítulo, daremos destaque para algumas conclusões de caráter regional.

Transformação do modelo de negóciosEmbora o setor elétrico na Europa esteja vivendo a ruptura com mais intensidade, a expectativa de transformação do mercado é bastante generalizada mundo afora. Aliás, essa expectativa se manifesta com mais força entre companhias elétricas da Ásia — e com menor intensidade na América do Sul e no Oriente Médio e África (veja a Figura 1 no começo do relatório). Essas diferenças são explicadas, em parte, por fatores como o forte papel da energia hidráulica e o potencial do gás de xisto na América do Sul, a abundância de combustíveis fósseis no Oriente Médio e a importância de ampliar o acesso à rede elétrica na África.

Cenário futuro

“Nas próximas décadas, poderíamos testemunhar a morte do atual modelo de varejo de energia elétrica em importantes mercados mundo afora devido ao crescimento da geração distribuída.”

Quase metade dos participantes da pesquisa no mundo todo e exatamente metade na América do Norte consideram esse cenário como de média ou alta probabilidade. Já a Ásia se descola nessa avaliação: dois terços dos entrevistados consideram média ou alta a probabilidade de que esse cenário se materialize.

América do Norte 50%

América do Sul 20%

Europa 50%

Ásia 69%

Oriente Médio e África 30%

Porcentagem de participantes da pesquisa que considera esse cenário de média ou alta probabilidade. Sistema de classificação de probabilidade: Baixa (menos de 40%), Média (entre 40%–59%) e Alta (60% ou mais).

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30 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

90% dos participantes da pesquisa na América do Norte afirmam ser alta ou muito alta a probabilidade de que a geração distribuída de energia obrigue as companhias elétricas a alterar consideravelmente seu modelo de negócios.

Impacto da geração distribuída de energiaNos principais mercados da Ásia, Europa e América do Norte, apenas uma minoria dos entrevistados pela PwC espera que a geração e a transmissão centralizadas deem uma contribuição importante para atender o crescimento futuro da demanda (Figura 2). Com efeito, em todas as regiões, ao menos metade dos entrevistados espera que a geração distribuída avance a ponto de exercer um papel ao lado da geração centralizada.

Mas há grandes diferenças de região para região na hora de opinar se a geração distribuída obrigará as concessionárias elétricas a alterar expressivamente seu modelo de negócios. Participantes na América do Norte e na Ásia são os mais inclinados a esperar tal mudança. Executivos da América do Sul e, para nossa surpresa, da Europa eram os menos convencidos desse cenário (Figura 12).

Figura 12: Porcentagem de entrevistados que considera alta ou muito alta a probabilidade de que um volume crescente de geração distribuída obrigará as companhias elétricas a mudar consideravelmente seu modelo de negócios

América do Norte Ásia Global Oriente Médio e África América do Sul

57% 50%33%33%

62%90%

Europa

Fonte: 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Cenário futuro

“No futuro, avanços tecnológicos e novas fontes de energia relegarão ao passado a preocupação com a segurança energética.”

A atual fragilidade de mercados energéticos europeus talvez explique porque participantes da pesquisa na Europa são os menos otimistas quanto à perspectiva de uma nova era de abundância energética no futuro. Fora da Europa, a maioria classifica a probabilidade de materialização desse cenário como média ou alta.

América do Norte 58%

América do Sul 67%

Europa 29%

Ásia 69%

Oriente Médio e África 60%

Porcentagem de participantes da pesquisa que considera esse cenário de média ou alta probabilidade. Sistema de classificação de probabilidade: Baixa (menos de 40%), Média (entre 40%–59%) e Alta (60% ou mais).

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3113ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Empresas Falamos, anteriormente, da opinião generalizada de que o setor tem potencial para enxugar consideravelmente a base de custos e melhorar a eficiência (Figura 6). Já a opinião sobre a extensão possível da redução da base de custos varia um pouco de região para região.

Mas há um consenso mundial de que a grande oportunidade para o maior avanço no desempenho está na gestão do desempenho de ativos (Figura 13). Em uma lista de medidas de melhoria, essa foi a opção mais prestigiada.

Figura 13: Porcentagem de entrevistados para os quais há um espaço alto ou muito alto para avanços na gestão do desempenho de ativos

Fonte: 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Europa América do Sul Ásia Global Oriente Médio e África América do Norte

77% 73% 60%67%80%82%

Cenário futuro

“Avanços tecnológicos e novas fontes, como o gás de xisto, vão reduzir drasticamente a dependência de países exportadores de petróleo e gás e alterar o equilíbrio de forças entre compradores e vendedores.”

O cenário acima foi o mais endossado de todos. Em todas as regiões, a maioria dos participantes da pesquisa prevê uma alteração no equilíbrio de forças — em detrimento de regiões tradicionalmente produtoras de petróleo e gás.

América do Norte 67%

América do Sul 100%

Europa 57%

Ásia 69%

Oriente Médio e África 60%

Porcentagem de participantes da pesquisa que considera esse cenário de média ou alta probabilidade. Sistema de classificação de probabilidade: Baixa (menos de 40%), Média (entre 40%–59%) e Alta (60% ou mais).

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32 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Entre distintas regiões há, ainda, um consenso de que, quando o assunto é geração distribuída, empresas incluídas em nossa pesquisa estão prontas para encarar o desafio. Em todas as regiões, uma clara maioria vê esse cenário como “oportunidade”, e não como “ameaça”.

Ameaça Oportunidade

85%15%

Ásia

82%18%

30%

Global

América do Sul

70%

100%

América do Norte

83%17%

80%20%

Oriente Médio e África

Europa

Figura 14: Geração distribuída: oportunidade ou ameaça?

Fonte: 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Cenário futuro

“Companhias elétricas precisam ser mais inteligentes na área de tarifas. Deviam aprender algo sobre pacotes de serviços e ‘minutos grátis’ com operadoras de telefonia celular.”

A possibilidade de que o setor elétrico adote regimes de tarifas a usuários finais parecidos aos do setor de telefonia é reforçada pela probabilidade particularmente forte atribuída por participantes da pesquisa na Europa e na América do Sul.

América do Norte 50%

América do Sul 80%

Europa 83%

Ásia 62%

Oriente Médio e África 50%

Porcentagem de participantes da pesquisa que considera esse cenário de média ou alta probabilidade. Sistema de classificação de probabilidade: Baixa (menos de 40%), Média (entre 40%–59%) e Alta (60% ou mais).

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3313ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Reguladores Do lado da geração, entraves regulatórios agravam o problema do acesso a financiamento para nova geração. Em todas as regiões, empresas apontam a “impossibilidade de recuperar custo de novos sistemas de geração com regimes de tarifas reguladas” como uma barreira ao desenvolvimento de novas instalações geradoras.

Esse fator caminha de mãos dadas com a dificuldade de obter financiamento. Apenas na Ásia o acesso a crédito não foi apontado como um problema generalizado. Na região, a “incerteza regulatória e política” era vista como um problema mais espinhoso, juntamente com a dificuldade imposta por tarifas insuficientes para cobrir custos.

Figura 15: Porcentagem de entrevistados que considera “importantes” ou “muito importantes” os seguintes obstáculos para suas empresas investirem em nova geração em grande escala

Fonte: 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Obter financiamento

Impossibilidade de recuperar custo de novos sistemas de geração com regimes de tarifas reguladas

Global

América do Norte

América do Sul

Europa

Ásia

Oriente Médio e África

73%

100%

100%

33%

78%

75%

Global

América do Norte

América do Sul

Europa

Ásia

Oriente Médio e África

68%

60%

83%

64%

63%

75%

Dois maiores entraves

Cenário futuro

“O investimento necessário em energia nuclear/renovável para evitar um aquecimento global expressivo (dois graus ou menos) será elevado demais para o Estado aportar recursos”.

Temores sobre o custo de investimentos e o término do prazo para o planeta evitar um considerável aquecimento global são manifestados de forma mais intensa por participantes da pesquisa na América do Sul e na Europa.

América do Norte 50%

América do Sul 100%

Europa 75%

Ásia 62%

Oriente Médio e África 70%

Porcentagem de participantes da pesquisa que considera esse cenário de média ou alta probabilidade. Sistema de classificação de probabilidade: Baixa (menos de 40%), Média (entre 40%–59%) e Alta (60% ou mais).

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34 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Autoridades reguladoras terão de tomar decisões de caráter urgente sobre medidas necessárias para garantir que operadores do sistema possam alcançar um equilíbrio com elevados níveis de geração intermitente. Participantes da pesquisa mostram preferência por três respostas — mecanismos de mercado de demand response, redução da geração intermitente e pagamentos por capacidade —, sendo que a mais prestigiada varia um pouco de região para região (Figura 16).

Figura 16: Que medidas seriam mais eficazes para operadores do sistema buscarem um equilíbrio com altos níveis de geração intermitente?

Instituir medidas de demand response e gerenciamento da demanda

67%

100%

50%

67%

56%

63%

Reduzir geração intermitente durante períodos de baixa demanda

66%

83%

67%

75%

67%

38%

Instituir pagamentos por capacidade para geração flexível

62%

63%

58%

71%

67%

50%

Três principais respostas

Global

América do Norte

América do Sul

Europa

Ásia

Oriente Médio e África

Global

América do Norte

América do Sul

Europa

Ásia

Oriente Médio e África

Global

América do Norte

América do Sul

Europa

Ásia

Oriente Médio e África

% dos participantes que consideram a medida eficaz ou muito eficaz.Fonte: 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

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3513ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Contatos mundiais

Norbert SchwietersLíder global de Energia e Serviços Públicos+49 211 981 [email protected]

Jeroen van HoofLíder global de asseguração em Energia e Serviços Públicos+31 88 792 [email protected]

David EtheridgeLíder global de consultoria em Energia e Serviços Públicos+1 415 498 [email protected]

Mais informaçõesOlesya HatopDiretora global de Marketing em Energia e Serviços Públicos+49 201 438 [email protected]

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36 13ª Pesquisa Global de Energia e Serviços Públicos da PwC

Contatos por território

África do SulAngeli Hoekstra+27 1 1797 [email protected]

AlemanhaNorbert Schwieters+49 211 981 [email protected]

América LatinaJorge Bacher+54 11 4850 [email protected]

ArgentinaJorge Bacher+54 11 4850 [email protected]

AustráliaJock O’Callaghan+61 3 8603 [email protected]

Mark Coughlin+61 8 8218 [email protected]

ÁustriaMichael Sponring+43 1 501 88 [email protected]

BélgicaKoen Hens+32 2 710 72 [email protected]

BrasilGuilherme Valle+55 21 3232 [email protected]

CanadáLana Paton+1 416 869 [email protected]

CingapuraPaul Cornelius+65 6236 [email protected]

ChinaGavin Chui+86 10 6533 [email protected]

DinamarcaPer Timmermann+45 3945 [email protected]

EspanhaInaki Goiriena+34 915 684 [email protected]

Carlos Fernandez Landa+34 915 684 [email protected]

Estados UnidosDavid Etheridge+1 415 498 [email protected]

Europa Central e OrientalDirk Buchta+420 251 151 [email protected]

FinlândiaMauri Hätönen+358 9 2280 [email protected]

FrançaPhilippe Girault+33 1 5657 [email protected]

GréciaSocrates Leptos-Bourgi+30 210 687 [email protected]

HolandaJeroen van Hoof+31 88 792 [email protected]

ÍndiaKameswara Rao+9 140 6624 [email protected]

IrlandaAnn O’Connell+353 1 792 [email protected]

IsraelEitan Glazer+972 3 795 4 [email protected]

ItáliaGiovanni Poggio+39 06 [email protected]

JapãoYoichi Y Hazama+81 90 5428 [email protected]

NoruegaStåle Johansen+47 9526 [email protected]

Nova ZelândiaCraig Rice+64 9 355 [email protected]

Oriente MédioPaul Navratil+971 269 46 [email protected]

Jonty Palmer+971 269 46 [email protected]

PolôniaPiotr Luba+48 22 523 [email protected]

PortugalJoão Ramos+351 213 599 [email protected]

Reino UnidoSteve Jennings+44 20 7802 [email protected]

RússiaTatiana Sirotinskaya+7 495 967 [email protected]

SuéciaMartin Gavelius+46 8 5553 [email protected]

SuíçaMarc Schmidli+41 58 792 [email protected]

TurquiaMurat Colakoglu+90 212 326 [email protected]

UruguaiPatricia Marques+598 2916 [email protected]

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As firmas do network PwC assessoram empresas e indivíduos a criar o valor que eles buscam. Somos um network de firmas que atuam em 158 países com mais de 180 mil profissionais que compartilham suas ideias, experiências e soluções para formular novas perspectivas e conselhos práticos.

O grupo Global de Energia, Serviços Públicos e Mineração ocupa um papel de liderança na prestação de serviços profissionais à comunidade internacional de energia, serviços públicos e mineração, assessorando clientes por meio de uma rede mundial de especialistas na área.

Para obter mais informações, acesse:www.pwc.com/utilities

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