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IMPLANTAO DA PRODUOENXUTA EM UMA EMPRESA DE
COMPRESSORES DE AROlga Maria Formigoni Carvalho Walter (UDESC)
Leandro Zvirtes (UDESC)[email protected]
de extrema importncia que as empresas se adaptem as constantesmudanas que ocorrem no mundo dos negcios, para que possam
responder com velocidade eflexibilidade as exigncias impostas pelo mercado. Nesse contexto aProduo Enxuta vvem se tornando um instrumento muito poderoso edifundido cada diamais, especialmente na indstria, criando assim um sistema demanufatura focado na eliminao de desperdcios, garantindo maiorlucratividade e participao nomercado. Este trabalho busca apresentar as vantagens que aFilosofia Enxuta proporcionou no processo produtivo de uma indstriade compressores de ar queest reestruturando seu sistema de produo. A realizao dotrabalho fundamentada no Sistema Toyota de Produo. Dentre osresultados obtidos, destaca-se a reduo de mo de obra direta,transparncia no fluxo de informaes no cho de fbrica pela gesto econtrole visual, reduo da rea da linha de montagem, eliminao deestoques em processo e reduo de estoques de produtos acabados.
Palavras-chaves: Produo Enxuta, Sistema Toyota de Produo,Reduo de desperdcios
XXVIII ENCONTRO NACIONALDE ENGENHARIA DE PRODUOA integrao de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentvel.
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1. Introduo
Uma das maiores dificuldades do sculo XXI enfrentadas pelas empresas manufatureiras
conseguir produzir com qualidade, de forma diversificada e com baixo volume para atender
com rapidez as constantes flutuaes da demanda do mercado. Assim, as indstrias tentam se
tornar flexveis e capazes de alcanar seus resultados atravs de mtodos economicamente
viveis, garantindo a fidelidade de seus clientes.
O Sistema Toyota de Produo (STP), tambm conhecido como Produo ou Manufatura
Enxuta, em funo da mais prxima traduo inglesa de Lean Manufacturing (Womack eJones, 2004) estabelece uma melhor forma de organizar e gerenciar os relacionamentos, tanto
com clientes quanto com os prprios colaboradores e cadeia de fornecedores. Seu foco
direcionado para as operaes de produo, a fim de melhor estruturar o movimento do valor
ao longo dos diversos processos produtivos. Tem como caracterstica principal a implacveleliminao do desperdcio.
O objetivo principal deste trabalho apresentar as vantagens que a Filosofia Enxuta, baseada
nos conceitos e ensinamentos do STP proporcionou ao processo produtivo de uma indstria
de compressores de ar que est reestruturando seu sistema de produo.
2. Os princpios da produo enxuta e suas ferramentas
Segundo Womack e Jones (2004), a produo enxuta baseia-se em cinco princpios
fundamentais que so a base para todo o pensamento enxuto:
Embutir valor aos produtos segundo a perspectiva do cliente evitando que seja fornecido o
que ele no est disposto a pagar; Mapear o caminho que o produto percorre no fluxo de valor, identificando as atividades
que no agregam valor e eliminando as desnecessrias;
Deixar que as aes necessrias para agregao de valor possam fluir suave econtinuamente sem interrupes estabelecendo fluxo contnuo;
Produzir somente quando o cliente sinalizar sua necessidade visando eliminar a produo
em excesso;
Buscar a perfeio atravs da melhoria contnua alcanando o fornecimento de valorconforme a tica do cliente.
Tendo em sua base a produo nivelada, processos padronizados e o gerenciamento visual, oSistema Toyota de Produo pode tambm ser comparado a uma casa. O STP utiliza o just intimee a autonomao como pilares para a sustentao do Modelo Toyota, garantindo melhorqualidade, menor custo, menor lead time, mais segurana e responsabilidade por parte dostrabalhadores (LIKER, 2005).
Cada um dos pilares do Sistema Toyota de Produo dispe de ferramentas que aplicadas
simultaneamente resultam na administrao da produo coordenada, produzindo de acordo
com a demanda. Logo, possibilita acabar com estoques desnecessrios, gera
comprometimento com a qualidade dos produtos fabricados, reorganiza a disposio de
mquinas e equipamentos a fim de eliminar desperdcios e aprimorar a produtividade. Entre
as principais ferramentas utilizadas pelo STP esto:
Just in time- coordena a produo precisamente com a demanda, para produzir produtos
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de modelos variados sem que ocorram atrasos, fornecendo no momento correto e na
quantidade necessria (CORREA e GIANESI, 2001);
Kanban - operacionaliza o Sistema Toyota de Produo, atravs do planejamento econtrole puxado da produo, buscando atingir ojust in time(SLACK, 1997); Heijunka - nivela a produo garantindo a sua uniformidade atravs de pequenos lotes,
permitindo satisfazer eficientemente as exigncias do cliente e paralelamente reduzir
custos atravs da eliminao de desperdcios de estoque, custos de mo de obra e lead timede produo (OHNO, 1997);
Programa 5S - Visa manter ambientes de trabalho organizados e limpos, reduzirdesperdcios, mudar os comportamentos e as atitudes tornando as pessoas mais produtivas
e satisfeitas envolvendo todas as reas da empresa (CAMPOS, 1994);
Kaizen- a essncia da administrao japonesa que abrange todo o conjunto de tcnicasorientais que levaram o Japo a atingir prestgio mundial no setor industrial. Caracteriza
dois possveis enfoques para a melhoria: o enfoque gradual kaizene o enfoque radical degrandes saltos, resumido pelo termo em japons kaikaku(IMAI, 1994);
Mapeamento do Fluxo de Valor - descreve detalhadamente como a produo deveria
operar para criar fluxo. Utiliza cones e smbolos para representar atravs de figuras o
fluxo de materiais e de informaes que o produto segue no fluxo de valor. A partir da
aplicao dos princpios enxutos apresenta propostas de melhorias, implementando um
novo fluxo que agregue valor (ROTHER e SHOOK, 2003);
Takt Time- define o ritmo da produo, ou seja, a freqncia na qual se deve produzirum produto sincronizando a velocidade de produo ao ritmo de vendas, para atender a
demanda do mercado (ROTHER e SHOOK, 2003);
Autonomao - a automao com um toque humano. Consiste em fornecer s mquinas a
capacidade de detectar a ocorrncia de uma anormalidade e interromper o processo sem
precisar do monitoramento do operador (OHNO, 1997);
Andon - painel ou quadro luminoso disposto em lugar visvel, que transmite o tipo deproblema atravs de luzes indicadoras, sinalizando a necessidade de auxlio. Pode sinalizar
a parada de determinada mquina, problema de qualidade, falta de matria prima, e ainda
apresentar o statusde produo planejadoversusrealizado (SHINGO, 1996); Poka-Yoke- so dispositivos a prova de erros. So comumente compostos de um ou mais
dispositivos que previnem erros durante o processo de trabalho impedindo a execuo
irregular de uma atividade. Tem como principal finalidade detectar o erro antes que este se
torne um defeito no produto (OHNO, 1997);
Rota de abastecimento - tem como principal objetivo fazer fluir a matria prima atravs dojust in timecom o auxlio do sistema kanban. A rota de abastecimento possui elementosimportantes como percurso e trajeto a ser percorrido, horrios de partida fixos e freqentes,
parada somente em pontos pr-estabelecidos e quantidades de entregas definidas
(ROTHER e HARRIS, 2002);
Padronizao do trabalho - consiste na descrio simples e prtica de cada atividade de
trabalho contendo o tempo de ciclo, o takt time, a seqncia de trabalho das tarefas e oestoque mnimo disponvel para realizar a atividade (WOMACK e JONES, 2004);
Gerenciamento visual - est diretamente ligado a disposio de informaes just in timepara assegurar a execuo breve e adequada de operaes e de processos. A idia principal
usar o controle visual para que nenhum problema fique oculto (LIKER, 2005).
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3. Materiais e mtodos
O estudo foi realizado em Joinville/SC, em uma empresa do setor metal-mecnico, fabricante
de peas para a linha automotiva e compressores de ar. Apesar de atuar em dois segmentosdistintos, todo o desenvolvimento desse trabalho est focado na diviso de compressores da
empresa.
A execuo das atividades de reestruturao do sistema de produo foi realizada pelos
prprios colaboradores de diversos setores que foram divididos em trs diferentes grupos:
nivelamento da produo, logstica e fluxo de materiais e mapeamento do fluxo de valor.
3.1 Nivelamento da produo
O nivelamento da produo teve seu campo de atuao focado no dimensionamento do
estoque nivelador, na elaborao e configurao do heijunka eletrnico, na elaborao de
procedimentos operacionais padronizados (POPs) e no treinamento do programador deproduo para efetiva utilizao das planilhas que compunham o heijunka eletrnico.
3.1.2 Estoque nivelador
O estoque nivelador composto de alguns produtos, chamados niveladores, que tipicamente
compem 40 a 60% da demanda. O nivelamento por estoque nivelador visa produzir sob
pedidos, ou seja, todos os produtos que no so niveladores so produzidos exatamente nas
quantidades pedidas pelos clientes.
Para o dimensionamento do estoque nivelador foram executadas as atividades abaixo:
Definio produtos e quantidades que fariam parte do estoque nivelador, baseado na mdia
de faturamento dos ltimos 12 meses; Reconhecimento do tamanho dos produtos j embalados, definido quantidade mxima a ser
empilhada e filas necessrias para melhor aproveitamento do espao fsico;
Desenho do layout do estoque nivelador em escala 1:50, que posteriormente foi afixadoentre o final da linha e o estoque;
Preparao de recursos para gesto visual com a compra de plaquetas plsticas que foram
fixadas no cho, com etiquetas para identificar o local exato para cada produto do estoque;
Treinamento do operador de empilhadeira com o auxlio do quadro delayoutdo estoque edas plaquetas com as etiquetas de cada produto fixadas no cho.
3.1.3Heijunkaeletrnico
O heijunkaeletrnico utilizado formulado por planilhas e grficos do Microsoft Excel, comperodo de programao dirio e alcance mximo de doze perodos (data atual + 11 dias). A
entrada de dados realizada somente em uma das planilhas, sendo que esta repassa demais
dados para as outras automaticamente. A falta de dados, clulas em branco e tipo ou valor
no-permitido geram mensagens de erro que auxiliam na utilizao das planilhas.
A atividade do programador de produo, que trabalha diariamente com as planilhas consiste
basicamente em gerar um relatrio do Enterprise Resource Planning(ERP) para extrao dacarteira de pedidos dos prximos perodos e import-la para as planilhas e iniciar as
configuraes necessrias para liberao da produo a fbrica.
3.2 Logstica e fluxo de materiais
A logstica e fluxo de materiais focaram basicamente na estruturao do supermercado, de sua
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lgica de funcionamento e na rota de abastecimento de matria prima.
3.2.1 Estruturao do supermercado
As informaes de quantidades e produtos que estariam compondo o estoque nivelador so
importados para o software de planejamento avanado da produo Advanced PlanningSystem (APS), para gerar a necessidade de matria prima para compor o supermercado.Posteriormente essa necessidade transferida para o plano de cada pea (planilha eletrnica
PPCP), onde se preenche os dados principais de cada material: cdigo, descrio, peso,
consumo dirio mdio, freqncia com que a pea produzida pelo fornecedor, peas por
embalagem, localizao no supermercado, freqncia da rota de abastecimento, cdigo e
nome do fornecedor, tempo de ressuprimento, dimenses da embalagem, peso da embalagem
cheia e vazia, estoque cclico, estoque pulmo, estoque de segurana, estoque mximo, ponto
de pedido, ponto de alarme e quantidade de kanbande retirada.
A estruturao fsica do supermercado de matria prima consistiu primeiramente emhorizontalizar as prateleiras existentes utilizadas para que o armazm apresentasse o aspecto
de um supermercado. Nessa etapa foi necessrio adquirir prateleiras especficas que facilitam
o abastecimento e pickingde materiais atravs da gravidade; so os flow racks, prateleirascom sistemas deslizantes que permitem armazenagem segura e adequada, onde todos os
materiais ficam ao alcance das mos, facilitando o acesso bem como a movimentao e
asseguram que o primeiro item a entrar o primeiro item a sair (PEPS) ou o First In, FirstOut(FIFO).
Com relao a delimitao do espao, foi necessrio isolar o supermercado das demais reas
com cercas, a fim de controlar o acesso de todos os colaboradores ao supermercado e evitar
que as movimentaes, tanto de pessoas quanto de materiais, ocorressem fora dos padresestabelecidos conforme procedimentos operacionais padronizados.
3.2.2 Definio das embalagens do supermercado
A padronizao das embalagens alm de garantir a qualidade, segurana e ergonomia, garante
tambm flexibilidade na produo, racionalizando os meios de transporte, carga-descarga e
evitando transbordos.
Logo, foi necessrio o planejamento e estudo da embalagem adequada para cada item,
levando em considerao seu peso e o peso da pea, a movimentao do produto desde a sua
chegada do fornecedor ou produo, at sua aplicao no produto final.
Optou-se por utilizar caixas plsticas segundo o padro Klein Lagerung und Transport(KLT),(acondicionamento e transporte de pequenos componentes), de vrios tamanhos pelafacilidade que elas j tm em deslizar pelos trilhos da prateleiraflow rack e por possurem umformato tal que seu empilhamento pode ser configurado de diversas formas.
3.2.3 Rota de abastecimento
A rota de abastecimento foi implantada com a finalidade de agilizar o abastecimento de
matria-prima, realizar a produo puxada na fbrica, fazer fluir os materiais e distribu-los de
forma adequada, no momento exato, sem gerar estoques nos pontos de uso.
Para projetar os dispositivos, embalagens e carrinhos necessrios para o armazenamento dos
materiais levados pela rota do supermercado, foi preciso estudar os diversos tipos e tamanhos
de materiais que so entregues a montagem. Posteriormente foi necessrio designar espaos
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adequados prximos montagem onde ficariam alguns dos carrinhos cheios entregue pela
rota. Para isso seguiram-se os seguintes critrios:
Os dispositivos de entrega devem permitir o abastecimento direto no local de consumo;
A matria prima no deve sofrer danos durante o transporte;
Componentes devero ser fornecidas em posio adequada facilitando a operao demontagem;
Permitir fcil acesso s peas, obedecendo ao princpio de ergonomia;
Realizar as atividades da rota com a mxima ateno para evitar acidentes.
A freqncia da rota foi definida para operar de 1 em 1 hora, o que significa que os
operadores possuem materiais disponveis para trabalhar durante 1 hora, at a prxima entrega
da rota. Para correta realizao de seu trabalho, o operador de rota deve seguir as instrues
documentadas no POP.
3.2.4 Implantao dokanbanno supermercado
Como os fornecedores externos da empresa ainda no trabalham com o sistema puxado na
entrega de matria prima, para implementar e estruturar o supermercado foi necessrio deixar
uma rea extra para estoque denominada excesso, prximo ao supermercado para suprir as
necessidades imediatadas e evitar paradas.
Para melhor entendimento do sistema de kanban adotado so necessrias as seguintesconsideraes:
O carto verde aciona o ponto de pedido e o carto vermelho aciona o ponto de alarme;
O ponto de pedido sinaliza a necessidade de verificar a existncia do material na rea deexcesso e providenciar sua reposio no supermercado;
O ponto de alarme sinaliza que no h material disponvel na rea de excesso e se o
fornecedor no cumprir seu lead timede entrega, podero ocorrer paradas e prejudicar aproduo.
O funcionamento do kanbanponto de pedido e ponto de alarme implantado no supermercado apresentado no fluxograma da figura 1.
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Figura 1 Fluxograma kanbando supermercado de matria prima
Quando o abastecedor de materiais chegar at a caixa que contm o carto verde (ponto depedido), ele retira o carto da caixa e leva at o quadro de ponto de pedido localizado entre o
supermercado e o excesso, e o posiciona de acordo com a data e dia da semana atual.
Mediante o carto verde o responsvel da rea procura esse material no excesso, se o
encontrar, repe o item e o carto no supermercado conforme necessidade indicada no carto
ponto de pedido. Caso o material no for encontrado na rea de excesso, o carto verde dever
ser posicionado novamente no quadro at ser disparado o ponto de alarme ou o item chegar
nesse intervalo de tempo.
Quando o ponto de alarme for acionado verificado se o material encontra-se na rea de
excesso, caso o material for encontrado o supermercado reabastecido com urgncia, caso
no encontrado, o carto verde colocado na caixa verde e o carto vermelho na caixavermelha, ambas localizadas abaixo do quadro.
Assim que o fornecedor estabelecer um prazo de entrega para o analista de suprimentos
(follow up), este pega o carto vermelho e o carto verde e os posiciona no quadro de ponto dealarme localizado no recebimento fsico de materiais na data prevista de entrega do material.
Diariamente o conferente do recebimento verifica a chegada de materiais conforme data
definida pelo analista de suprimentos no quadro de ponto de alarme, dessa forma prioriza a
conferncia desses itens e informa o abastecedor para fazer a reposio no supermercado com
urgncia.
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3.2.5 Aplicao do 5S
Sua aplicao ocorreu no evento denominado como Dia do SOL, dia de Separar, Organizar
e Limpar. O 4 e 5 S so monitorados diariamente.
Foi reservada uma rea especfica para dispor os materiais separados. Cada setor recebeu
cartes de descarte (vermelho), pr-descarte (amarelo) e reservado (verde) que
acompanhavam o produto no momento em que era disposto em sua respectiva rea.
O carto vermelho utilizado nos materiais no mais desejados, neste caso o descarte
imediato. O carto amarelo utilizado em materiais que precisam de uma anlise mais
detalhada quanto a sua necessidade, permanecendo disponvel por certo perodo aps sua
emisso. Quanto ao carto verde, os interessados pelo material poderiam substituir o carto
original pelo carto verde para reserv-lo.
Como todas as reas foram envolvidas no 5S, foram evidenciadas vrias mudanas querefletiram na organizao e arrumao do espao de trabalho. Quadros, prateleiras e
dispositivos necessrios para a gesto da organizao foram construdos pelos prprios
colaboradores.
3.2.6 Gesto visual
Abaixo exemplos da aplicao da gesto visual adotada em vrias reas e postos de trabalho:
Identificao na embalagem da matria prima entregue a montagem;
Quadro com o layoutdo estoque nivelador; Sistema de andoncom sinalizadores maiores, posicionado estrategicamente para que fosse
visualizado por toda a fbrica;
Quadro de controle de rotas para que o operador da rota sinalize algum problema ocorrido
na entrega de matria prima;
POP de todas as atividades posicionadas prximo ao posto de trabalho;
Quadro de multifuncionalidade para identificar a capacitao de cada operador da rea.
3.3 Mapeamento do fluxo de valor
Com a famlia de produtos previamente definida partiu-se para mapeamento do estado atual,
representado na figura 2, onde tem-se como condies iniciais produo empurrada em lote e
fila que no produz conforme o takt alm de trabalhar com volume de produo instvel.
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Figura 2 Mapa do estado atual da linha de montagem
Com relao aos processos da montagem final, constata-se que alm do operador deixar a
linha de montagem para abastecer seu posto com componentes, no h embalagens
padronizadas e a ocorrncia de inventrios freqente devido aos altos nveis de estoque
existentes.
3.3.1 Identificando otakt time e elementos de trabalho
A empresa trabalha com turno de trabalho de 8,48 h. Totaliza-se 1h:05min em intervalos
programados, gerando-se 8,22 h (8h:13min) disponvel por turno e disponibilidade mensal de
164,33 h (8,22 h x 5 dias x 4 semanas). Conforme Rother e Shook (2003) o clculo do takttime realizado atravs da relao do tempo disponvel para produo e a demanda do clienteque consiste em [(164,33 x 3600) 1251] = 472,9 segundos.
Com a anlise dos elementos e tempos dos 7 postos de trabalhos existentes, foram
identificadas as atividades do tipo desperdcio (D), atividades necessrias (N) e atividades que
agregam valor (A).
Tabela 1 Identificao das atividades que agregam valor ao processo
Atravs da tabela 1 verifica-se que dos 261 elementos de trabalho executados pelos 7operadores, 13,4% so operaes desnecessrias (desperdcios), 56,3% so operaes que no
Posto de
trabalho
Desperdcio
(D)Necessrio (N)
Agrega
Valor (A)
Total de
operaes01 6 19 11 36
02 3 21 20 44
03 3 9 12 24
04 1 15 10 26
05 9 34 2 45
06 9 31 8 48
07 4 18 16 38
Total 35 147 79 261
Fonte: Primria
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agregam valor mas necessrias e apenas 30,3% correspondem a operaes que agregam valor
ao produto.
3.3.2 Representando o estado futuro Introduzindo fluxo contnuoA figura 3 representa os tempos de ciclo para cada posto de trabalho. Verifica-se que os
postos de trabalho 3 e 4 apresentam um tempo de ciclo muito menor que o takt time, o queaumenta as chances de gerar excesso de produo e reduz o incentivo para encontrar e
eliminar as suas causas. J o posto 1 trabalha acima do takt time.
550
419
280255
432
388
467
0
100
200
300
400
500
600
1 2 3 4 5 6 7
Posto de trabalho
Tem
po(s)
Figura 3 Tempo de ciclos atuais da montagem
Diante das 35 operaes classificadas como desperdcios (tabela 1), essas foram eliminadas
resultando na diminuio de 786s do tempo de ciclo. Assim obteve-se novo contedo de
trabalho de 2005s (2791s - 786s). Dividindo o contedo de trabalho total pelo takt time(2005 472,9) resulta em 4,24. O que conclui a necessidade de 5 operadores para trabalhar emfluxo contnuo.
A partir da reduo do nmero de operadores, optou-se por reduzir o tamanho da linha pois
esta redefinio assegura que todos os processos fiquem prximos, os operadores carreguem
ou passem as peas de uma etapa do processo para a outra sem movimentaes desnecessrias
e os elementos de trabalho so distribudos de tal modo que o contedo do trabalho do
operador fique um pouco abaixo do takt time.
Takt:472,9
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Figura 4 Mapa do estado futuro da linha de montagem
A figura 4 representa o estado futuro, onde verifica-se o supermercado de matria prima que
atende a linha de montagem com a rota de abastecimento interna, a produo nivelada e
sincronizada dentro do takt time utilizando a lgica de estoque nivelador e um sistema desupermercado comflow racksutilizando embalagens padronizadas.
As flutuaes da demanda de curto prazo so absorvidas pelo estoque nivelador. A mdia
flutuao da demanda pode ser encarada com horas extras. Alta flutuao da demanda requera alterao de nmero de operadores na clula, o que exige que a equipe de trabalho seja
multifuncional.
4. Resultados
Apesar da Produo Enxuta pregar pela conquista do estoque zero, o estoque nivelador uma
estratgia para que a empresa pouco a pouco se acostume a trabalhar com estoque de
acabados menor, deixando de produzir sob uma previso de vendas e gradualmente produzir
somente contra pedido. Esse quesito foi alcanado em apenas 2 meses, apresentando reduo
de estoque de 35% dos produtos acabados.
O nivelamento da produo tonou-se extrememante til quando no havia produtos paraproduzir diretamente para carteira (viso dos 12 perodos de programao) estabelecendo um
mixdiferenciado para os produtos que compunham o estoque nivelador. Assim foi possvelatender com flexibilidade variaes da demanda, por ter disponvel em quantidades mnimas
os principais itens que mais so vendidos.
Porm verificou-se que no possvel atender 100% da fila do produtos sugeridos para
produo pelo heijunka eletrnico em funo da falta de matria prima. Dessa forma, oprogramador de produo tem que produzir produtos antecipadamente, ou alternar a ordem de
produo gerada, para no ocasionar paradas de mo de obra direta.
A implantao da rota de abastecimento de matria prima gerou maior organizao na entrega
de materiais, pois com horrios de entregas fixas, freqentes e com pequenos lotes constata-seque no h mais deslocamentos dos operadores para trazer material at o ponto de uso,
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facilitando a operao do montador. A linha tambm ficou mais enxuta e organizada, pois
anteriormente implantao da rota, os abastecedores de materiais deixavam disponveis na
linha, matria prima para montagem de um turno completo, gerando excesso de material emespera.
A utilizao do carto kanban ponto de pedido e ponto de alarme foi uma estratgia parasinalizar quando o estoque de matria prima chegasse ao seu nvel de segurana, evitando
paradas na produo e disponibilizando tempo para tomada de ao. Com esse sistema
tambm foi possvel identificar quais fornecedores que apresentavam problemas crticos.
O controle e gesto visual adotado resultou principalmente na habilidade do processo de
produo se comunicar utilizando transparncia ao transmitir as informaes.
Atravs do mapeamento do fluxo do valor foi possvel gerar um retrato da situao atual da
linha de montagem e identificar os principais desperdcios de todo o processo. Pelo
balanceamento das operaes foi possvel distribuir as atividades que agregam valor aoprocesso de acordo com o takt time e reduzir 2 operadores do processo produtivo. Houvetambm diminuio de 37,5% do comprimento da linha de montagem que passou de 20m para
12,5m, seguida de reduo de rea de 60,5% passando de 213m para uma rea atual de 84m.
5. Concluso
Baseando-se nos princpios enxutos propostos por Womack e Jones (2004), a empresa
pesquisada procurou colocar em prtica a Mentalidade Enxuta focando-se em seus princpios,
que so: determinar o valor do produto, identificar o fluxo de valor, fazer o valor fluir sem
interrupes, deixar que o cliente puxe valor e buscar a perfeio. Esses princpios foram
buscados dia a dia no desenvolver das atividades com a participao integrada de todos os
envolvidos.
Pelos resultados apresentados evidente que a Mentalidade Enxuta uma tcnica que alcana
eficincia e flexibilidade em curto perodo de tempo, sendo mais gil e inovador para melhor
enfrentar as mudanas, maximizando as oportunidades para as empresas.
Referncias
CAMPOS, V.F. Qualidade Total. Padronizao de Empresas. 3.ed. Belo Horizonte : Fundao ChristianoOttoni, 1992.
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