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Encontro Internacional Participação, Democracia e Políticas Públicas: aproximando agenda e agentes. 23-25 de abril de 2013, UNESP, Araraquara (SP). Caio Penko Teixeira Fundação Getúlio Vargas SP Democracia Deliberativa e o Consórcio Intermunicipal do ABC: breves notas para pensar a governança na gestão de políticas públicas de desenvolvimento local. Resumo O presente trabalho, de natureza exploratória e descritiva, aborda a governança em suas diferentes perspectivas e implicações, enquanto categoria de análise aplicada aos estudos sobre as políticas públicas, apresentando um panorama breve e introdutório das distintas vertentes e enfoques. A governança vem de forma teórica e metodológica polarizando as pesquisas empíricas sobre participação na área de políticas públicas, buscando compreender e estabelecer relações sobre como se caracterizam as influências no comportamento dos atores sociais. Assim, o presente trabalho discute questões que passam por essa temática da governança, tanto sob o aporte teórico da Nova Economia Institucional quanto às contribuições da perspectiva do Modelo de Coalizão Advocatória, tendo estudo de caso o Conselho do Consócio Intermunicipal do ABC, notadamente no tocante ao processo de implementação de políticas públicas. Introdução Os estudos voltados à compreensão da participação da sociedade civil na gestão de políticas públicas têm ocupado crescente importância na agenda de pesquisas sociais (DOWBOR, 2003; FARAH, 2006; SANTOS, AVRITZER, 2009). Em comum, entre essa grande variedade de estudos, tem como destaque a ênfase em análises que se baseiam na explicação e compreensão do desenvolvimento local, com enfoque na importância das especificidades

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Encontro Internacional – Participação, Democracia e Políticas Públicas:

aproximando agenda e agentes. 23-25 de abril de 2013, UNESP, Araraquara

(SP).

Caio Penko Teixeira

Fundação Getúlio Vargas – SP

Democracia Deliberativa e o Consórcio Intermunicipal do ABC: breves notas

para pensar a governança na gestão de políticas públicas de desenvolvimento

local.

Resumo

O presente trabalho, de natureza exploratória e descritiva, aborda a

governança em suas diferentes perspectivas e implicações, enquanto categoria

de análise aplicada aos estudos sobre as políticas públicas, apresentando um

panorama breve e introdutório das distintas vertentes e enfoques. A

governança vem de forma teórica e metodológica polarizando as pesquisas

empíricas sobre participação na área de políticas públicas, buscando

compreender e estabelecer relações sobre como se caracterizam as influências

no comportamento dos atores sociais. Assim, o presente trabalho discute

questões que passam por essa temática da governança, tanto sob o aporte

teórico da Nova Economia Institucional quanto às contribuições da perspectiva

do Modelo de Coalizão Advocatória, tendo estudo de caso o Conselho do

Consócio Intermunicipal do ABC, notadamente no tocante ao processo de

implementação de políticas públicas.

Introdução

Os estudos voltados à compreensão da participação da sociedade civil

na gestão de políticas públicas têm ocupado crescente importância na agenda

de pesquisas sociais (DOWBOR, 2003; FARAH, 2006; SANTOS, AVRITZER,

2009). Em comum, entre essa grande variedade de estudos, tem como

destaque a ênfase em análises que se baseiam na explicação e compreensão

do desenvolvimento local, com enfoque na importância das especificidades

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culturais do território, da dinâmica do poder local e dos conflitos daí

constituídos e decorrentes (SOUZA; NETO, 2008; BOISER, 2005 FISCHER,

MELO, 2006). Estes estudos tendem a situar no centro da análise o esforço de

apreensão dos contornos dos fenômenos socioeconômicos, políticos e

organizacionais condicionantes para a gestão das políticas públicas na

contemporaneidade.

Ao examinar os debates contemporâneos sobre a democracia

encontramos uma vasta discussão teórico-analítica sobre temas clássicos de

justiça, liberdade, legitimidade, entre outros aspectos, que de alguma forma se

desdobram em reflexões sobre experiências da relação entre o Estado e a

sociedade civil nas políticas públicas (BENHABIB, 1996; NOBRE, COELHO,

2004). O que ocorre, diante deste cenário, no caso brasileiro, é a consolidação

de um processo de inovações institucionais voltadas à descentralização

político-administrativa e à democratização das relações entre Estado e

sociedade civil (FARAH, 2006).

Quanto ao tema escolhido, o desenvolvimento local sob a perspectiva da

democracia deliberativa, nos parece oportuno dar um enfoque privilegiado ao

conceito de governança, com especial interesse em compreender suas

implicações na gestão das políticas públicas. Em nosso entender, o que está

em causa é o lugar da “participação” da sociedade civil, a forma como esta é

concebida e pensada nos termos propostos governança pública, e sua relação

com o simbólico, o social e o institucional. Está em questão o próprio

paradigma da participação e das relações que estabelece com a gestão de

políticas públicas contemporaneidade, a partir de uma breve descrição analítica

sobre o desenho institucional de uma experiência, a saber: o Conselho

Consultivo do Consórcio Intermunicipal do ABC.

O propósito do presente artigo é problematizar o desenho institucional

da participação, a partir do aporte teórico proposto por Archon Fung (2004),

que trata das singularidades das formas de engajamento cívico e deliberação

na contemporaneidade, aplicando-os ao contexto da gestão de políticas

públicas de desenvolvimento local, adicionando a perspectiva da democracia

deliberativa, tal qual defendida por Carlos Santiago Nino (2005).

O texto está organizado em mais quatro seções, além desta introdutória.

Na seção seguinte apresenta-se, de forma breve e sistemática, a

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contextualização histórico-institucional da participação da sociedade civil no

campo das políticas públicas, localizando-o na sua interface com a promoção

da cidadania e a perspectiva de democracia deliberativa proposta por Carlos

Santiago Nino.

A partir daí, na segunda parte, com base em parâmetros teórico-

conceituais advindos da Nova Economia Institucional, discute-se o conceito de

governança e, então, busca-se contextualizá-lo no campo das políticas

públicas, sob os desafios voltados à consolidação do federalismo cooperativo.

Na terceira parte, propõe-se uma sintética revisão da literatura sobre a

implementação de políticas públicas e, de forma particular, enfoque-se a

dimensão simbólica sobre o papel dos atores no fenômeno das redes, com

específico tratamento das contribuições do Modelo de Coalizão Advocatória de

Sabatier (1991).

Por fim, na quarta seção, descrevem-se alguns aspectos importantes

para análise e reflexão sobre o funcionamento do Conselho Consultivo do

Consórcio Intermunicipal do ABC, buscando mesmo que de forma pontual,

propor algumas breves notas sobre a governança pública enquanto uma

categoria de análise que sintetiza diversos aportes teóricos e que podem ser

aplicados para problematizar a gestão de políticas públicas. Nesse caminho

reflexivo sobre desafios metodológicos no estudo das políticas públicas de

desenvolvimento local, a perspectiva proposta por Archon Fung (2004) vem

aprofundar o entendimento do fenômeno da participação. De toda forma, esse

aporte teórico lança bases para uma análise mais adequada de como se dão

as novas práticas político-institucionais de decisão em importantes espaços

participativos no Brasil.

1. O desenvolvimento local, gestão social e conselho nas políticas

públicas

A gestão democrática e a participação popular da sociedade civil de

forma direta e efetiva na administração pública são características institucionais

recentes, em construção, que estão inscritos no processo de redemocratização

no Brasil. Para além de prerrogativas básicas para a formulação de quaisquer

políticas públicas, a gestão democrática e a participação popular da sociedade

civil são conceitos que integram o texto da Constituição Federal (BENEVIDES,

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1990) e do Estatuto das Cidades1. Esses marcos jurídicos servem como

mecanismos norteadores da gestão pública contemporânea e, sobretudo,

ampliam as possibilidades de participação política para além do caráter

representativo.

A literatura sociológica, o campo das políticas públicas e estudos

urbanos recentes têm destacado crescentemente a importância do

desenvolvimento local para a redução da pobreza (SOUZA; NETO, 2008;

BOISER, 2005), promoção dos direitos humanos, inovação (FARAH, 2006) e,

também, as novas perspectivas de participação da sociedade civil (DOWBOR,

1996; CANÇADO; TENÓRIO, PEREIRA 2011), objetivando o fortalecimento

das reivindicações em prol de melhores condições de vida dos cidadãos

(TENÓRIO, 2008; FISCHER; MELO, 2006; RODRIGUES; RAMALHO, 2010;

MARTINS, VAZ & CALDAS, 2010).

Apesar disso, ainda são incipientes os estudos sobre o tema voltado a

análise da governança na implementação das políticas públicas de

desenvolvimento local, em especial enfocando a atuação específica das redes

sociopolíticas2 no campo da gestão de políticas públicas, notadamente diante

da ressignificação do papel de atuação da sociedade civil no espaço público3,

diante da emergência dos novos arranjos institucionais de participação nas

políticas públicas.

Ainda que recentes, os estudos de políticas públicas têm ganhado

crescente centralidade nos campos da ciência política e administração pública

1 Destacamos, acerca do Estatuto da Cidade, normatizado pela Lei n. 10.257, que ao

estabelecer as suas diretrizes gerais, o Estatuto da Cidade prevê no artigo 2, no inciso II, que a gestão democrática: “por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano” (BRASIL, 2001) 2 De forma preliminar, sobre o conceito de redes sociopolíticas, utilizamos a noção de que são

elementos de relação coletiva que influenciam processos sociais, ou seja, as redes

sociopolíticas servem como método de investigação social específico na análise de conexões

sociais, permitindo a identificação de processos de interação social em temáticas de alta

complexidade (MARQUES, 2009). Discutiremos, mais adiante, outros aspectos e concepções.

3 Em uma aproximação da esfera pública e a gestão social como referencias para pensar as

políticas públicas, encontramos “O Espaço Público constitui simbolicamente a matriz da

comunidade política, mas ele é, também, nas formas de expressão concretas através das quais

se manifesta uma arena de significações contestadas. Diferentes públicos buscam nele se

fazer ouvir e se opõem em controvérsias que não excluem nem os comportamentos

estratégicos, nem as tentativas de eliminação dos outros pontos de vista” (LAVILLE, 2006,

p.26, apud OLIVEIRA; CADADO; PEREIRA, 2010).

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(SOUZA, 2006; FARAH, 2011). Há que se entender que com o processo de

descentralização no Brasil, as esferas subnacionais ganham centralidade na

gestão de políticas públicas (ARRETCHE, 1996; SPINK; CLEMENTE;

KEPPKE, 1999), assim um novo paradigma de desenvolvimento que encontra

no recorte local as mais recentes referências de gestão das políticas públicas

com vistas à mudança social (BAVA, 1996; DOWBOR, 2003; FISCHER; MELO,

2006).

Numa importante revisão da literatura, tanto Souza (2006) quanto Frey

(2000) identificam diferentes vertentes que caracterizam o campo das políticas

públicas. Neste sentido, afirmam os autores sobre a pluralidade de

perspectivas designadamente ao nível conceitual e teórico-metodológico,

suscitando a discussão em torno dos seus próprios fundamentos. Detemo-nos,

então, aos estudos das políticas públicas para que guiem “o nosso olhar para o

locus onde os embates em torno de interesses, preferências e idéias se

desenvolvem, isto é, os governos” (SOUZA, 2006: 25).

Pelo centro de interesse e problemática teórica, longe de um

entendimento unívoco, não se pode negar que se referem aos estudos das

políticas públicas o esforço de compreensão acerca das expressões de

relações específicas de poder entre Estado, mercado e sociedade no contexto

contemporâneo (DI GIOVANNI, 2009). Assim, assume-se, neste artigo, que a

noção de políticas públicas expressa, sobretudo, o sentido de atuação do

Estado, em observâncias aos aspectos jurídico-institucionais, constituídas

sócio-historicamente por meio de relações de poder entre vários setores do

poder público, da sociedade civil e do mercado, de modo que, sobretudo, para

entendê-la, daremos ênfase aos atores sociais que estão inscritos no cerne

destas relações. Neste sentido, temos que:

Políticas Públicas são definidas pela interação entre atores no interior dos

ambientes institucionais e relacionais presentes nas comunidades políticas. As

dinâmicas políticas são resultado dessas interações, tendo em conta os

constrangimentos das instituições e das redes de relações pessoais e

institucionais presentes. Essas dinâmicas são fortemente influenciadas por

legados, já que tanto o ambiente institucional e as redes, como a própria

política pública, são historicamente construídos. Esses legados, assim como

diversas “estruturas” presentes em cada caso (econômicas, relacionais,

espaciais e institucionais) definem instrumentos de poder diferenciados para os

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atores políticos potenciais, tornando alguns deles mais capazes de fazer valer

seus interesses do que outros, além de conduzir alguns atores potenciais em

direção à irrelevância (MARQUES, 2003: 47).

Assim, quando tratamos do estudo das políticas públicas nos parece

fundamental levantar questões sobre seu funcionamento, sobretudo, buscar

compreender as relações entre os atores que estão envolvidos na sua

respectiva gestão (GRAU, IÑIGUEZ-RUEDA, SUBIRATS, 2010; SPINK, 2011).

Os complexos processos socioeconômicos em curso no capitalismo

contemporâneo, nas últimas décadas principalmente, têm modificado a noção

de território e das relações sociais, ambientas e econômicas que a engendram,

de modo que qualquer política pública que se disponha a combater as diversas

mazelas sociais deva levar em conta as particularidades locais, inclusive no

tocante a sua dimensão político-cultural, de lideranças e empreendedores

locais nas políticas públicas (BAVA, 1996; DOWBOR, 2003). Neste sentido,

destacamos que:

toda política pública se puede considerar un proceso de ingeniería

heterogénea, el resultado del cual es una red híbrida que se articula en una

arena en la que ya existen otras redes. Una red híbrida fruto de múltiples

procesos de asociación en los que participan una gran cantidad y diversidad de

elementos. (...) Así, podemos entender las políticas públicas como flujos

continuos de decisiones y acciones a los cuales, a través de su análisis,

tenemos que dar sentido. (GRAU; ÍÑIGUEZ-RUEDA; SUBIRATS, 2010: 66).

Com efeito, segundo Brigadão; Nascimento; Spink (2011), é importante

ressaltar que a análise de políticas pública deve considerar interesses diversos,

controvérsias, conflitos e resistências, de modo que a perspectiva:

proposta por Bowe, Ball e Gold (1992), na qual o Police Cycle deve ser

estudado como um ciclo contínuo em que os contextos de produção do texto,

de influência e de prática nas políticas públicas estão intimamente relacionados

e que, ao contrário de muitos estudos clássicos de Policy Cicle, o ciclo não é

constituído por etapas lineares e seqüenciais. Assim, cada um desses

contextos envolve atores com interesses diversos e, portanto, há controvérsias,

conflitos e resistências (BRIGADÃO; NASCIMENTO; SPINK, 211: 203-204).

Uma vez que não se trata de uma análise exaustiva dos referidos textos,

mas sim de realizar uma leitura introdutória, que tem como propósito ressaltar

alguns aspectos relevantes para uma compreensão mais clara sobre o conceito

de política pública, apontando sua constituição como um processo

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historicamente condicionado às interações entre atores sociais em redes sócio-

políticas e que, por seu turno, estão inscritas em relações dinâmicas de poder

estabelecidas pelo contexto institucional. Deste modo, sob certo sentido, o

caráter democrático da gestão das políticas públicas, também retrata a

natureza da cidadania.

Ao se analisar o estatuto da cidadania como um conceito complexo e

não definitivo, em permanente tensão entre o ser e o dever ser, na totalidade

de seus aspectos sociológicos, jurídicos e políticos, parece oportuno assumi-la

como tipo de status social balizados por direitos/deveres (civis, políticos e

sociais) em sociedade que estão orientados à inclusão social (MARSHALL,

1967) e, também, ao direcionamento do embasamento social ao político

(CARVALHO, 2004).

O que hoje chamamos de democracia participativa se construiu junto e

como parte integrante da reestruturação das relações de poder entre a

sociedade civil e o Estado, principalmente após o período militar. A participação

no processo de redemocratização se configurou como fundamento e o modo

constitutivo de um novo paradigma para o estabelecimento de relações de

poder que conformam de formas diversas as várias perspectivas de interação

da sociedade civil com a gestão pública. Com efeito, o processo de

redemocratização possibilitou a reabertura do debate sobre o significado da

democracia e da cidadania, e a partir daí o papel das políticas públicas na

contemporaneidade.

A crescente pesquisa voltada para dimensionar a correspondência entre

a participação da sociedade civil e a efetividade das políticas públicas tem sido

objeto de relevantes pesquisas e notórias contribuições para a literatura

acadêmica (ABERS, 2000; TAGATIBA, 2002; AVRITZER, 2010; WAMPLER,

2011; CORTES, 2005, 2011). Neste contexto, uma importante vertente refere-

se à gestão social. A gestão social constitui um lócus de estudos e práticas que

balizam a pesquisa no setor público pelo caráter reflexivo sobre as

possibilidades e os limites da gestão democrática, com vistas à consolidação

de referências organizacionais para além da do escopo da gestão estratégica –

ação social utilitarista baseada na competência técnica e atribuição hierárquica

(TENÓRIO, 2008) - e, assim, volta-se para concepções de gestão

significativamente mais dialógicos e participativos com a sociedade civil e,

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sobretudo, para a sociedade civil, norteados sob a discussão crítica entre os

interesses e diversas percepções subjetivas dos atores sociais envolvidos na

política pública (TENÓRIO, 2008).

A gestão social consiste num empreendimento teórico-metodológico que

visa salvaguardar a participação da sociedade civil nas políticas públicas e, ao

mesmo tempo, ampliá-la com novos mecanismos, seja em seu caráter

consultivo ou deliberativo, pois o que está em foco é o fortalecimento social

dialogicamente arregimentado pelo político na gestão das políticas públicas. A

experimentação e a busca por mecanismos que sejam capazes de articular

dimensões representativas com participativas (AVRITZER, 2009), bem como a

salvaguarda da transparência e controle social constituem elementos

fundamentais para a elaboração de modelos de gestão de políticas públicas

capazes de responder às novas reivindicações e complexidades da democracia

na contemporaneidade.

Uma das justificativas da importância do presente estudo de caso está

caracterizada pela imprecisão das conseqüências e efeitos que tornam a

participação da sociedade civil no ciclo das políticas públicas. Neste sentido,

nos interessa particularmente a instância do conselho no âmbito do

desenvolvimento local4. Cabe destacar, também, que os conselhos são

espaços institucionais recentes e que têm destacado importantes mecanismos

de participação no processo de redefinição do espaço público brasileiro, ao

introduzirem a sociedade civil no campo das políticas públicas (GOHN, 2006).

Como novos instrumentos de expressão, representação e participação, com

relevante potencial de transformação política para imprimir novos formatos no

ciclo das políticas públicas.

O que se apresenta, então, é que uma retomada do debate sobre o

papel da cidadania e, para tanto, exige a discussão dos limites e das

possibilidades que conformam o exercício da democracia participativa. Isto é, a

democracia não pode ser circunscrita como mero conjunto de procedimentos

jurídico-institucionais que envolvem o funcionamento do poder político, mas sim

4 Os conselhos apontam tendências participativas, mais ou menos significativas, na gestão de

políticas públicas, assim os conselhos são: “(...) espaços públicos de composição plural e

paritária entre Estado e sociedade civil, de natureza deliberativa, cuja função é formular e

controlar a execução das políticas públicas setoriais” (TATAGIBA, 2002: 54).

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como um meio crucial para a afirmação do embasamento social ao político, que

busca continuamente tanto o aumento da participação dos cidadãos e de seus

segmentos organizados, quanto a inserção de novos atores no espaço público.

Em especial, no campo da gestão das políticas públicas, identificamos algumas

importantes experiências de inovação no setor público, no sentido proposto por

Farah (2006), modificando o desenho institucional do espaço público (FUNG,

2004), em moldes mais participativos e transparentes de gestão, mesmo

sabendo que “o processo de construção democrática não é linear, mas

contraditório e fragmentado” (DAGNINO, 2002: 279).

2. Governança pública: afinal, do que se trata?

Os estudos da governança denotam análises da crise do Estado de

bem-estar social a um novo paradigma de gestão do poder público na

contemporaneidade (CAPELLA, 2009). As várias concepções de governança,

em certo sentido comum, de forma geral, no âmbito do setor público, procuram

revelar as novas complexidades que envolvem os arranjos de funcionamento

organizacional na interação entre os diversos atores e a gestão das políticas

públicas. Para Capella (2008: 09):

Governança pode ser um projeto intelectual de unificação de uma literatura

multidisciplinar em um corpo teórico unificado. Por outro lado, governança pode

ser visto como o conjunto de práticas presentes nas reformas orientadas pelas

idéias da nova administração pública. Ou, ainda, o termo governança pode ser

entendido para além da nova administração pública, envolvendo idéias como

relações laterais, relações inter-institucionais, diminuição dos limites

jurisdicionais e estabelecimento de redes de cooperação.

Conforme a revisão de literature de Capella (2008), governança pode ser

compreendida como uma mudança do Estado burocrático para um

gerencialista (MILLWARD; PROVAN, 2000 apud CAPELLA 2008). Sob outra

concepção, governança pode significar a ênfase ao desempenho do setor

público e dos novos arranjos institucionais correspondentes (HEINRICH; LYNN,

2000 apud CAPELLA 2008). Convém destacar, também, outra concepção, na

qual a governança relaciona-se ao desenvolvimento do capital social,

fortalecimento da sociedade civil, da participação cidadão nas políticas públicas

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(HIRST, 2000 apud CAPELLA 2008; SORENSEN, 2004 apud CAPELLA 2008).

Outras direções interpretativas, incorporam no conceito de governança a

dimensão da cooperação inter-jurisdicional e a relação de redes na gestão de

políticas públicas (PETERS; PIERRE, 1998 apud CAPELLA 2008).

Outra concepção, forjada no bojo da Nova Economia Institucional,

refere-se ao conceito de governança como o arranjo institucional que objetiva

minorar os impactos do Custo de Transação (CT) nas relações contratuais.

Essa perspectiva alia tanto pressupostos da teoria econômica quanto,

adicionalmente, a abordagem conceitual do institucionalismo. Destacam-se,

neste contexto, autores como Oliver Williamson, Ronald Coase e Douglass

North5.

De forma sucinta, temos que o ambiente institucional corresponde ao

sistema de normas que regulam a relação contratual, mediante restrições de

diversas ordens, sejam informais, regras, leis, meios de controle, entre outros,

que condicionam o desempenho da gestão do contrato. Vale destacar que são

dois pressupostos comportamentais que balizam a compreensão do Custo de

Transação, a saber: i) racionalidade limitada SIMON, 1978) e oportunismo

(WILLIAMSON, 1985). O primeiro refere-se à noção de que o agente

econômico possui uma racionalidade limitada diante da complexidade dos

aspectos que envolvem o contrato. O outro pressuposto afirma que pode

ocorrer um resultado oportunista quando as ações dos indivíduos estão

orientadas tão-somente pela busca do seu auto-interesse com avidez e que,

com isso, influenciam de forma prejudicial o funcionamento deste arranjo

institucional, impactando sobre a sua eficiência (WILLIAMSON, 1985).

O que, resumidamente, a abordagem da governança sob a perspectiva

da Nova Economia Institucional pretende enfocar é, justamente, a gestão dos

impactos que os CT geram na eficiência da relação contratual por razão do

comportamento dos agentes. A governança, então, busca criar condições de

diminuir os impactos dos CT. Com efeito, o fio condutor da governança para a

Nova Economia Institucional enfoca formas de aperfeiçoar a relação contratual

mediante arranjos institucionais que condicionem de forma mais cooperativa a

5 Para mais informações sobre os autores e considerações sobre os pontos essências de

referência sobre a Nova Economia Institucional e o setor público, ver Peres (2007).

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interação comportamental entre os agentes econômicos envolvidos no

contrato, admitindo-se os pressupostos supracitados anteriormente.

Diante desta breve e sistemática abordagem sobre algumas, dentre

várias perspectivas acerca da governança, de modo geral, quando o conceito é

aplicado ao campo das políticas públicas, qualquer concepção precisa ser

contextualiza em razão das especificidades teórico-analíticas. Neste sentido,

por exemplo, destacamos que:

novas formas de ação pública começaram a emergir, caracterizadas por

sistemas complexos de atores, com bases de legitimidade diferentes, em

formas de associação, parceria e negociação territorial, incluindo grupos de

interesse distintos, governos locais, o setor privado e agências públicas e

governos de outros níveis. Por não serem governos nem simples mecanismos

de gestão, começou-se a usar o termo “governança”. (...) Nesse sentido, a

grande vantagem trazida pela discussão sobre governança (de abrir os olhos e

ouvidos dos pesquisadores para um mundo além dos modelos clássicos de

governo ou mercado) acabou sendo, de certa forma, seu tendão de Aquiles: a

dificuldade de lidar com a variedade e a complexidade presente em tentativas

de coordenação inter-jurisdicional de base territorial (SPINK, 2012: 18).

Repensar a governança na gestão de políticas públicas, fazer uma

leitura crítica do estado da arte desta perspectiva, poderia seguir vários

caminhos. No que diz respeito à governança pública, a partir de Kissler e

Heidemann (2006), podemos afirmar que se refere ao estudo e análise de

modelos de regulação político-administrativa sobre a interação, concatenados,

sobretudo, pela cooperação entre os atores envolvidos no ciclo de políticas

públicas.

Neste sentido, propomos problematizar o conceito de governança para

aspectos que assimilem, também, a dimensão do simbólico-cognitivo (valores,

idéias, crenças, ideologias) como fatores condicionantes no processo de

interação entre esses atores, para além da busca por aperfeiçoar a relação

contratual. Frente ao exposto, para autores como Sabatier e JenkinsSmith, as

crenças, valores e idéias são importantes dimensões do processo de

formulação de políticas públicas, e tendem a centrar numa distinção,

considerada aqui crucial, na qual a política pública consiste num processo de

interação dinâmico e mediado por aspectos simbólicos de motivação.

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O que se propõe, então, não é a fusão ingênua de concepções

conceituais distintas entre si, entre a Nova Economia Institucional e o Modelo

de Coalizão Advocatória, mas sim uma combinação crítica que comporte, para

fins de problematização analítica, de um lado, tanto uma perspectiva de

orientação pragmática da interação social, conformado os comportamentos e

os interesses por meio dos arranjos institucionais, com vista à redução dos

custos de transação, quanto, de outro, uma perspectiva simbólico-cognitiva que

dê importância ao subjetivo, na compreensão do comportamento entre os

atores sociais na policy networks. O que importa nesta perspectiva é que o

conceito de governança reflita, sobretudo, a “ênfase nos aspectos simbólicos

da ação coletiva, de forma a considerar, para além das lógicas fundadas nos

interesses, a contribuição de ideologias e visões de mundo, além da

possibilidade de interações dialógicas e não apenas instrumentais”

(MENICCUCI; BRASIL, 2010: 310).

Por fim, consideramos que entender as relações sociais como interações

complexas que devem ser captadas, estudadas e interpretadas representa

umas das preocupações mais relevantes para se tratar do conceito de

governança, em especial no contexto das políticas públicas. Neste quadro, a

ênfase é a ideia de que a governança é um objeto construído e que a razão

para a discussão sobre o seu significado assenta, acima de tudo, em várias

perspectivas e numa pluralidade de conceber e pensar a realidade a que se

propõe analisar. Assim, discutiu-se com mais ênfase dois modos contrastantes

de pensar tal conceito: um, predominante econômico, e que pode ser

associado à Nova Economia Institucional, liga a governança à ideia de busca

de escolhas mais eficientes na gestão de contrato num contexto de custos de

transação entre os atores e supõe a possibilidade de aperfeiçoar a relação

contratual de forma mais cooperativa; o outro, subscrito por autores de relevo

como Weible, Sabatier e Mcqueen (2009), adicionam a partir destes autores,

ao conceito de governança um arranjo de negociação e persuasão de

motivações simbólicas e que se pretendem configurar em políticas públicas.

O conceito de governança, nos termos e ponderações aqui

apresentados, tem a vantagem de transmitir simultaneamente uma concepção

de natureza simbólico-cognitiva de motivação da interação social, mas também

instrumental, de busca da redução de custos de transação na gestão das

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relações contratuais. Governança é consiste em interação social simbólica

entre os atores, mas operacionaliza-se mediante formas contratuais para

gestão das políticas públicas.

3. Governança Pública e o Modelo de Coalizão Advocatória: uma

implementação top down e bottom up?

Para balizar o foco da discussão sobre governança, buscamos dar

relevância à implementação. Trataremos, num primeiro momento, de discutir

brevemente alguns aspectos importantes sobre a literatura da implementação,

mesmo que predominantemente sob abordagem dual: top down e buttow up. A

abordagem top down linear simples tem suas fundamentações em modelo que

marcam as etapas das políticas públicas a partir das decisões do topo da

organização e, deste modo, enfatizam a predominância da distinção entre

formulação e implementação da política pública, como momentos separados e

que são marcados com aspectos diferentes entre si (SILVA, MELO 2000). Essa

perspectiva expõe o processo de implementação de políticas públicas sob uma

interpretação mais organizada e linear de interação entre os atores, ou melhor,

uma forma mais racional, planejada e estruturada, na qual se a gestão da

política pública estaria fortemente influenciada pela tomada de decisão pelos

formuladores (SILVA, MELO 2000). Os problemas na implementação, neste

entendimento, são considerados como “desvios de rota” (SILVA, MELO 2000).

Uma abordagem top down da implementação aponta uma importante

ênfase analítica que incorpora uma relação na qual a tomada de decisão na

formulação das autoridades governamentais deve ser estritamente cumprida na

implementação, isto é, a orientação normativa e metodológica, no momento da

formulação da política precede de forma lógica e organizacional o momento da

implementação, e os problemas de implementação são decorrentes do plano

na etapa da formulação (MAJONE; WILDAVSKY, 1997). Ainda na perspectiva

top down, de um lado, destacamos a noção de forward mapping o “pressuposto

de que os formuladores influenciam a implementação, definindo-a no topo da

pirâmide da administração e indicando o que esperam em cada fase” (VIANA,

1997: 25), e de modo mais específico: “o conceito de forward trabalha com a

noção de que os "fazedores" de política controlam o processo” (VIANA, 1997:

25). Por outro lado, na abordagem backward se discute essa centraldiade dos

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"fazedores" de política pública, de modo a não controlar a implementação tal

como apresenta a perspectiva forward mapping, pois o que ocorre é, ao

contrário, “uma lógica oposta à da abordagem forward: a implementação não

se define no topo da pirâmide da administração, mas no ponto em que ações

administrativas interceptam escolhas privadas” (VIANA, 1997: 25). Em outras

palavras, tal como Howlett e Ramesh (1995: 185), podemos afirmar que a

abordagem top down consiste, de forma geral, no seguinte:

assumes that we can usefully view the policy process as a series of chains of

command where political leaders articulate a clear policy preference which is

then carried out at increasing levels of specificity as it goes through the

administrative machinery that serves the government.

Para Lipsky (1980), que pode ser considerado um dos precursores

abordagem bottom up, importa as relações da política pública com “street-level

bureaucrats”, em especial no tocante à implementação. Com efeito, na

abordagem bottom up, tem-se a perspectiva de que os implementadores não

estão subordinados de forma rígida e linear aos formuladores, existem formas

de poder, intervenção e autonomia, surgindo assim uma tradição de estudos

que privilegiam a implementação sob o enfoque das redes sociais e aos atores

envolvidos na gestão da política pública, assim, numa analogia as regras de

um jogo, como nos explica Viana (1997: 27), nas políticas públicas “a barganha

se estabelece justamente quando se devem agregar as partes em função de

um objetivo”. Esses atores são portadores de conhecimento e de experiência, e

interagem neste jogo de modo a criar condições para maximizar o seu poder de

influência na política pública através de mecanismos de negociação e

persuasão (PARSONS, 1995).

Assim, dentre várias perspectivas que enfatizam a relevância dos

aspectos cognitivos e a constituição de policy networks para se compreender

as políticas públicas, destacamos o Modelo de Coalizão advocatória6

(advocacy coalition framework), desenvolvida principalmente por Paul A.

6 A tradução mais comum na literatura no Brasil para a expressão é Modelo de Coalizão de

Defesa. Entretanto, não parece apropriado tal tradução, pois o termo “advocacy” está mais

associado ao ato de argumentar a favor de, pressupondo ao sujeito da ação uma função ativa

de persuasão e entendimento em relação a algo, como que na tradução do termo “advocacy”

como defesa, ao contrário, a palavra figura mais uma função passiva do sujeito, reativo em

relação a algo. Agradeço ao prof. Peter Spink pelo oportuno comentário.

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Sabatier e por Hank Jenkins-Smith, em diversos trabalhos (SABATIER, 1991;

SABATIER, WEIBLE, 2007; WEIBLE, SABATIER, McQUEEN, 2009). Tal

perspectiva nos parece oportuna ao propósito do presente estudo, pois:

Muito sinteticamente, é possível dizer que a perspectiva analítica das advocacy

coalitions está interessada em explicar os padrões de mudança nas políticas

públicas em um mundo cada vez mais interdependente e marcado pela incerteza.

Para isso, focaliza as interações no interior das e entre as distintas coalizões

de advocacy, cada uma consistindo de atores de uma variedade de instituições,

governamentais e não governamentais, que compartilham um conjunto de policy

beliefs e atuam dentro de um dado subsistema de políticas ou área setorial

específica. A mudança nas políticas é interpretada como uma função tanto da

competição no interior do subsistema como de eventos externos. Busca-se

distinguir, em cada coalizão: (a) um núcleo duro de axiomas normativos

fundamentais; (b) um núcleo de políticas (policy core), composto por posições

fundamentais acerca dos cursos de ação preferenciais, que são consensuais entre

os participantes; e (c) uma multiplicidade de decisões instrumentais necessárias

para se implementar o policy core (FARIA, 2003: 24).

A gestão de políticas públicas, embora fundada na busca pela

compreensão da realidade consiste, acima de tudo, na afirmação de

determinadas perspectivas teórico-analíticas. Pelo modo específico como a

realidade é pensada, a política pública seria distinguível de outros saberes nas

Ciências Sociais. Dessa forma, a importância do Modelo de Coalizão

Advocatória consiste, justamente, ao enfoque que privilegia o aspecto

simbólico-cognitivo (policy beliefs) que precede e condiciona a interação

política entre os atores sociais em comunidades ou subsistemas. Ou seja, o

modelo explora analiticamente o comportamento dos atores por meio de seus

valores e crenças e examina as formas pelas quais esses atores distintos

interagem para advogar a favor de valores e de crenças com outras

comunidades políticas, organizando-se em torno de coalizões advocatórias em

relação a algum aspecto, visando para tanto a transformação desses valores e

crenças em políticas públicas que reflitam em ações concretas e específicas

razões e motivações simbólicas pelas quais esses atores interagem. Não se

trata, portanto, de forjar consensos harmoniosos e categóricos entre

perspectivas diferentes decorrentes da pluralidades de motivações simbólicas,

mas sim de articular e persuadir nexos entre interesses diversos, que no

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âmbito político podem interagir sob certa convergência, objetivando realização

prática de suas motivações simbólicas. Em outras palavras, encontramos:

The interaction of competing advocacy coalitions within a policy

subsystem/community. An advocacy coalition consists of actors from many

public and private organizations at all levels of government who share a set of

basic beliefs (policy goals plus causal and other perceptions) and who seek to

manipulate the rules of various governmental institu tions to achieve those

goals over time (SABATIER, 1991: 152-153).

Outro aspecto importante é o chamado “police oriented learning”

(SABATIER, WEIBLE, 2007). Tal como preconiza o Modelo de Coalizão

Advocatória, refere-se a uma noção conceitual que trata sobre o processo de

mudança no caráter da política pública, isto é, alterações que se consolidam ao

longo do tempo e estão dirigidas ou orientadas pelo aprendizado tanto

instrumental de operacionalização técnica quanto nas crenças e valores que

conformam a estabilidade de uma determinada coalizão entre as comunidades

política (SABATIER, 1991; SABATIER, WEIBLE, 2007). A comunidade ou

subsistema político é entendido como um resultado da interação entre atores

para formar uma coalizão de defesa em torno de determinados valores e ideias

com vistas a torná-los objetos de políticas públicas (SABATIER, 1991). A

interação, nesta perspectiva, opera-se mediante a relação de rede.

Em uma importante sistematização da complexidade do fenômeno de

redes políticas, Fleury (2005: 79) afirma que para “a corrente da governança,

as redes de políticas são concebidas como uma forma particular de

governança dos sistemas políticos modernos, centrando-se na estrutura e

processos através dos quais as políticas públicas se estruturam” Fleury (2005)

apresenta, deste modo, que a governança, segundo Rhodes (1986 apud

FLEURY, 2005), encontra nas redes os elementos determinantes para se

compreender, sobretudo, a implementação das políticas públicas.

Em síntese, a governança pública nos termos aqui apresentados, pode

ser caracterizada tanto pelo aporte teórico da Economia de Custos de

Transação, no tocante à busca pela redução do CT na gestão de contratos

quanto pelo Modelo Coalizão Advocatória, ao tratar a governança como uma

dimensão simbólico-cognitiva de interação sociopolítica, na qual a interação

não é uma relação estabelecida por um controle hierarquizado, pois na rede

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comportam-se diversos atores que atuam em diferentes níveis de governo,

mercado e da sociedade civil, e isso não implica que haja um relacionamento

hierárquico entre eles.

O aspecto central deste tipo de governança consiste na interação por

redes onde a posição de poder está relacionada com a capacidade de

influência que cada ator tem para organizar-se, mediante a observância dos

condicionamentos estabelecidos pelo arranjo institucional. Assim, ao

salvaguardar valores e interesses, esses atores buscam encontrar

correspondências e meios que garantam a viabilidade de negociação com

outros atores na mesma da rede sociopolítica. Os atores devem atuar em

cooperação buscando uma síntese de orientações políticas para alcançar

coalizões para operacionalizar mediante políticas públicas objetivos, metas e

valores (SABATIER, 1991). Com efeito, no foco do Modelo de Coalização

Advocatória reconhece e centra-se analiticamente no processo de negociação

pelos quais as motivações simbólicas tornam-se influenciadas e definidas, se

assim se pode dizer, pela capacidade de persuação forjada pela apropriação

do processo de police oriented learning WEIBLE, SABATIER, McQUEEN,

2009).

No ensejo desta abordagem, sobre a governança e as redes,

encontramos uma importante contribuição no bojo dos limites e possibilidades

da democracia deliberativa. A democracia deliberativa é, para Carlos Nino

Santiago (2005), uma perspectiva que está além da organização do poder,

dando centralidade a busca por garantias jurídicas que salvaguardem a

representação participativa dos que são afetados pelas decisões políticas7. A

democracia deliberativa visaria, então, dar legitimidade à decisão majoritária

(NINO, 2005). Há um valor epistêmico e jurídico na qual a democracia

deliberativa deve ser compatível e que, mais precisamente, condicionem todas

as formas de negociação de interesses e de emoções, valores, movidos por

paixões, das ações dos atores sociais, privilegiando o caráter intersubjetivo dos

diálogos (NINO, 2005). A democracia deliberativa seria, para o autor, a forma

mais confiável de se construir a legitimidade das decisões assistida por um

7 Para mais detalhes sobre o arcabouço teórico de Carlos Santiago Nino, ver Godoy (2001).

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processo de negociações e emoções na dinâmica de interação entre os

sujeitos (NINO, 2005)..

Se assumirmos a importância da discussão de Nino (2005) para se

conceber a ideia de democracia deliberativa, continua a ser importante a

ampliação e fortalecimento dos espaços participativos. Com efeito, ao darmos

ênfase no esforço de criação de espaços públicos participativos que

oportunizam a promoção do engajamento cívico e do aprimoramento da

deliberação pública, parece oportuno, então, neste sentido, propor a análise do

desenho institucional da participação por meio do conceito de minipúblicos, tal

como denomina Archon Fung (2004).

Para Archon Fung (2004), os minipúblicos constituem um conjunto de

instâncias de interação social que possibilitam e, sobretudo, fortalecem o

engajamento cívico e a deliberação pública. Nas palavras do autor, os

minipúblicos são os “atuais esforços construtivos mais promissores para o

engajamento cívico e a deliberação pública na política contemporânea.”

(FUNG, 2004: 174). Com efeito, esses novos arranjos chamados de

minipúblicos, “se estendem para bem além da legitimidade para incluir

accontability pública, justiça social, governança efetiva e mobilização popular”

(FUNG, 2004: 175).

Tomaremos em conta que sendo o objeto da governança certa

construção teórico-analítica acerca das relações entre os sujeitos, inscritos em

interações sociais com características específicas, sendo também um enfoque,

um ângulo de observação, é oportuno completar essa focagem de forma

entrelaçada com o contexto de democracia deliberativa, nos termos de Nino

(2005) e, de forma articulada, demonstrar a relevância prática da emergência

de novos espaços participativos de engajamento cívico e deliberação pública.

4. A descrição do Conselho Consultivo no Consórcio

Intermunicipal do ABC

A partir do processo de redemocratização, a questão do federalismo tem

ganhado crescente importância no debate sobre o papel do Estado, seus

limites e possibilidades no desempenho das políticas públicas (MELO, 1991,

SOUZA, 1996; ABRUCIO, 2005). Assim, com os marcos jurídico-institucionais

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societários instituídos pela Constituição Federal de 1988, tornou-se possível a

formação de consórcios entre entes públicos (municípios, estados e União), o

que estabeleceu um novo arranjo institucional de gestão de atividades

específicas e consecução de objetivos de interesse comum entre os partícipes,

constituindo um mecanismo voltado a fortalecer o projeto de entendido como

um federalismo cooperativo (FARAH, 2006; ABRUCIO , 2005) na gestão das

políticas públicas, com foco na prestação de serviços públicos8.

O caso do Consórcio Intermunicipal do ABC é, de fato, uma experiência

inovadora e com várias particularidades dignas de nota (ABRUCIO; SOARES,

2001; REIS, 2007; BRESCIANI, 2012). Dentre vários aspectos relevantes para

análise, consideramos pertinente propor um recorte preciso: a compreensão do

Conselho Consultivo do Consórcio Intermunicipal do ABC.

O Conselho Consultivo é uma instância participativa que reúne diversos

representantes que compõe, então, esse órgão consultivo da Assembléia Geral

dos prefeitos. A Assembléia Geral dos prefeitos ocorre anualmente. Já o

Conselho Consultivo tem reuniões periódicas ao longo do ano, com um objetivo

fundamental de propor planos e programas de acordo com as finalidades do

Consórcio, assim como apresentar propostas de melhorias, estudos de

acompanhamento e pareceres de caráter técnico sobre os projetos definidos

pelo Consórcio, propondo, por fim, um plano com diretrizes, ações e propostas

para aprovação em contexto deliberativa pela Assembléia Geral do Consórcio.

Desde fevereiro de 2010, a entidade consiste em um consórcio público

multisetorial de direito público e natureza autárquica, com a autorização de

todas as casas legislativas das sete cidades. O Conselho Consultivo é

constituído por representantes de entidades civis, legalmente constituídas, com

sede ou representação nos municípios consorciados dos seguintes segmentos:

I – Instituições de Ensino Superior; II – Sindicatos; III – Indústria; IV –

8 O Decreto Federal n° 6.017, de 17 de janeiro de 2007, normatiza a constituição dos

Consórcios Públicos no Brasil, considerando o consórcio público enquanto pessoa jurídica formada exclusivamente por entes da Federação, na forma da Lei n 11.107, de 2005, para estabelecer relações de cooperação federativa, inclusive a realização de objetivos de interesse comum, constituída como associação pública, com personalidade jurídica de direito público e natureza autárquica, ou como pessoa jurídica de direito privado sem fins econômicos.

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Comércio; V – Serviços; e VI – Sociedade Civil organizada não representada

nos segmentos anteriores. Neste aspecto, destacamos:

No que tange à composição do Conselho Consultivo do Consórcio, é bastante

provável que seja necessária a sua revisão, já que o dispositivo atual privilegia

representações de caráter econômico: dos seis segmentos definidos para a

eleição de representantes, quatro tem esse caráter (entidades da indústria

regional, do setor comercial, do setor de serviços e dos sindicatos de

trabalhadores) e apenas duas tem caráter mais amplo (universidades e “outros

setores não representados” nas demais categorias) (BRESCIANI, 2012: 168).

O funcionamento do Conselho Consultivo está, tecnicamente, balizado

pelos estudos e pareceres dos grupos de trabalho (GT). O GT é composto por

pesquisadores e técnicos que fornecem estudos para análise e pareceres para

subsidiar operacionalmente os propósitos e determinações do Conselho

Consultivo, de forma a estabelecer o alinhamento das questões técnicas ao

projeto de articulação política entre os diversos atores sociais, na compreensão

das potencialidades econômicas e culturais que conformam a vocação

socioeconômica da abordagem territorial. O desafio do GT é inspirar toda

concepção técnica dos projetos para além dos limites dos municípios. Cabe ao

GT fornecer dados e relatórios técnicos para a melhoria da coordenação inter e

intra-governamental, assim como cabe também a organização permanente de

meios para fornecer diagnósticos acerca das necessidades da prestação de

serviços públicos e de políticas públicas que responda às demandas

metropolitanas da região e que, de forma integrada, possibilitem um sentido de

atuação mais cooperativo entre os poderes executivos da região, em

observâncias às especificidades e interesses locais.

Destacamos que parte significativa das atribuições que caracterização a

atuação do GT consiste, de forma geral, no fortalecimento técnico das

propostas do Conselho, contribuindo assim para o tratamento que se pretende

mais adequado as complexidades que envolvem os propósitos que

caracterizam esta entidade como uma instituição ordenadora político-territorial

das políticas públicas locais da região, inclusive para qualificar e fortalecer o

diálogo com outras esferas de governos sobre as especificidades de seus

projetos de políticas públicas.

O que é importante evidenciar no funcionamento do Conselho é,

justamente, que a negociação e persuasão política esta arregimentada pela

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operacionalização e viabilidade técnica dos projetos, em geral com

contribuições significativas do GT. Esse desenho institucional tem como

propósito central corroborar para uma lógica de funcionamento mais eficaz e

transparente de entrega de bens e serviços à população local. Para além das

fronteiras administrativas dos municípios, o fio condutor do desenho

institucional orientado a promoção intergovernamental e transgovernamental da

gestão das políticas públicas.

De certo modo, resume-se o desafio do Conselho em consolidar um

espaço participativo com caráter dialógico de interação entre os diversos atores

que estão envolvidos e que são impactados pelas decisões públicas definidas

pelo atuação do Consórcio. Nos termos de Fung (2004), poderíamos afirmar

que o Conselho configura uma espécie de minipúblico que representa uma

significativa experiência para criar condições de ampliação, fortalecimento e

consolidação da participação da sociedade civil por meio do engajamento

cívico na deliberação pública para propor objetivos concatenados por metas de

crescimento econômico local e de combate à desigualdade social, aliada à

conservação dos recursos naturais.

Neste sentido, conforme Farah (2006), ao tratar a temática da inovação

nas políticas públicas, a inclusão de novos atores na formulação e

implementação de uma política pode promover uma articulação de gestão que

transcenda o escopo da esfera pública de ordem tão somente estatal. Neste

caso, a inovação reside, dentre outros aspectos, no Conselho como um espaço

participativo que condiciona o funcionamento do Consórcio por atores da

sociedade civil. O que se coloca, então, é a inovação institucional da

apropriação participativa dos atores da sociedade civil e do mercado local, o

que possibilita a constituição de políticas públicas dotadas de uma

complexidade que reconhece a pluralidade de interesses e motivações que

estão inscritas no espaço local.

No Conselho Consultivo do Consórcio Intermunicipal do ABC

encontramos uma importante experiência de governança pública no contexto

metropolitano. Vê-se que o Conselho, na intersecção de várias lógicas e

influências intersubjetivas dos atores, que também pode ser entendido por uma

perspectiva de “aprendizado político dirigido” (SABATIER, 1991) como um

caráter técnico-instrumental que, ao seu modo, conforma as decisões e a

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gestão das políticas públicas. Ou seja, o âmbito técnico-instrumental pode

servir para que os membros da coalizão modifiquem, a partir de aspectos

técnicos, as motivações e valores que influenciam sua interação social, para

atingir seus objetivos políticos, daí o sentido “dirigido” ou “orientado” da

influência instrumental do aprendizado técnico sobre o político.

O Conselho Consultivo Regional do Grande ABC, como já foi dito

anteriormente, foi concebida como um espaço institucional voltado a congregar

a participação de múltiplos atores de forma horizontal, com o propósito de criar

condições para forjar convergências políticas sobre as políticas públicas. A

partir de várias perspectivas de setores do Estado, do setor privado e da

sociedade civil, os atores interagem de forma dialógica por criar e fortalecer

coalizões advocatórias em torno de certas temáticas, valores e motivações.

Com isso, objetivando o desenvolvimento econômico e social da região, via

implementação de políticas públicas com caráter regional, sob outra ênfase,

ocorre a redução do oportunismo político das relações no âmbito contratual da

realização das políticas públicas.

Trata-se, sobretudo, de um espaço público no qual se encontram

diferentes perspectivas políticas e interesses divergentes entre si, mas

mediados pelo arranjo institucional em rede transgovernamentais, para

operacionalizar a gestão das políticas públicas, precisam interagir, negociar

buscando tanto criar coalizões acerca de determinadas motivações e valores e,

simultaneamente, esse mesmo espaço público, acaba por criar condições para

reduzir os custos de transação, isto é, o oportunismo dos atores locais e a

assimetria de informação na operacionalização contratual da gestão das

políticas públicas.

A partir daí, criam-se coalizões advocatórias acerca de seus interesses e

valores, realizando um esforço para o estabelecimento de mecanismos de

cooperação, o que estabelece o modelo de gestão regional como um

instrumento que incorpora o paradigma proposta pela concepção de

governança pública nos termos aqui apresentados.

Considerações finais

Conforme apontou a perspectiva teórico-analítica do conceito de

governança pública, para se compreender a experiência do Conselho

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Consultivo do Consórcio Intermunicipal do ABC, parece oportuno enquadrar a

discussão no escopo dos novos arranjos de democracia deliberativa,

notadamente para se pensar formas mais eficientes, eficazes, efetivas e

participativas de implementação de políticas públicas de desenvolvimento local.

Em síntese, o presente artigo consistiu, sobretudo, num esforço de

aproximação teórica da literatura de políticas públicas voltadas à compreensão

de novos arranjos institucionais de governança como apoio ao

desenvolvimento local, por meio de um breve relato analítico do Conselho do

Consórcio Intermunicipal do ABC no Brasil, que vem ganhando cada vez mais

importância como uma experiência interessante para se pensar o

desenvolvimento local para além do município. Surge daí, então, um conjunto

de novas problemáticas sobre o paradigma do desenvolvimento, sobre o papel

do Estado e da função das políticas públicas na contemporaneidade. É,

portanto, como parte de todas essas transformações e discussões que,

seguindo este rumo, nos limites claros do enfoque do presente artigo, que

considera-se tão somente uma singela contribuição neste profícuo campo de

debate e pesquisa.

Referências

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