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O GAROTO DA RÁDIORAYNA ALENCAR

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EPÍGRAFE

"Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido seder amor e às vezes receber amor em troca."

Clarice Lispector

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©2017 Rayna Alencar

Capa: Carol CappiaRevisão: Carol Cappia

Diagramação digital: Carol Cappia

Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes, personagens,lugares e acontecimentos descritos são produto da imaginação da autora. Qualquer semelhança

com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.

Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.

Todos os direitos reservados. São proibidos o armazenamento/e ou a reprodução dequalquer parte dessa obra, através de quaisquer meios– tangível ou intangível –sem o

consentimento escrito da autora.

Criado no BrasilA violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº 9.610/98 e punido pelo

artigo 184 do Código Penal. 

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DEDICATÓRIA.

Dedico este livro a todos (as) radialistas, pois amo e admiro a profissão de cada um.Também dedico à minha família e amigos pelo apoio.

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TRILHA SONORA TOCADA NA RÁDIO.

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Love me – JJ HellerConto as estrelas — PamelaSem você — Rosa de Saron

Tinha que ser você — JozyanneComo eu não poderia amar você — Bruna Karla

Agora eu tenho você comigo — Bruna KarlaAngel — Casting Crowns,

Coração apaixonado — Bruna Karla

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CAPÍTULO 1 — PATRÍCIA. — A voz da minha mãe ecoa pelo quarto. — Acorda, vai chegar

atrasada na faculdade. Hoje é seu primeiro dia de aula, já deveria estar acordada. Vamos,levante — ordena puxando o meu cobertor e abrindo as cortinas e janelas deixando os raios desol entrarem no quarto.

— Oh mãe, me deixa dormir só mais cinco minutos — murmuro colocando otravesseiro no rosto.

— Que nada, vamos — ordena.Bufo e levanto da cama com a cara emburrada.Ninguém merece acordar cedo para ir à faculdade. Eu sou rica e linda, não preciso

estudar. Em breve serei a presidente da empresa do meu pai mesmo, porém pensando bem, eunão saberei administrar um império se não for ainda mais inteligente.

Entro no banheiro, retiro o meu pijama, escovo os dentes me visando no espelho.Meu Deus, que horror! O meu cabelo está horrível. Como eu, a popular e diva da

faculdade vou chegar com esse cabelo cheio de pontas duplas e frizz? Isso é algo inadmissível,preciso ir ao salão o mais breve possível.

Termino de escovar os dentes e tomo uma ducha. Quando termino, me seco, enrolo atoalha em meu corpo e saio do banheiro. Abro o meu closet e viso as minhas roupas.

Estou na faculdade e curso administração, eu não gosto nada disso, por mim estariacursando música — algo que amo — ou estaria fazendo outra coisa. No entanto o meu pai sótem a mim para substituí-lo na empresa por isso tenho que fazer administração. Hoje é o meuprimeiro dia de aula, depois das férias, mas não estou nem um pouco animada para encontraraqueles nerds e aquelas meninas pobres com as suas roupas horríveis. Não sei por quê os meuspais não me colocam em uma faculdade onde só têm pessoas do mesmo nível que eu. Odeio

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nerds, eles se acham os inteligentes, por mim não estudaria com nenhum deles, masinfelizmente nada é como queremos que seja.

Pego uma calça jeans, uma blusa de manga longa preta, visto-as, calço uma sapatilhavermelha, faço chapinha em meus cabelos negros e ondulados deixando-os lisos, faço umamaquiagem básica: uma sombra preta, lápis de olho, blush e um batom mate na cor vinho noslábios. Olho-me no espelho e dou-me por pronta. Pego a minha mochila — com um caderno,livro, caneta, etc. — e saio do quarto, desço as escadas até a sala de jantar onde encontro osmeus pais tomando café da manhã e lendo seus jornais.

— Bom dia! — cumprimento-os e sento-me à mesa.— Bom dia princesa — o meu pai me cumprimenta, me lança um sorriso e volta sua

atenção ao jornal.— Bom dia filha. Até que enfim — a minha mãe responde.— Acordar para ir à faculdade não é fácil — resmungo.A empregada serve o meu café da manhã — suco de maracujá, bolo de milho entre

outras coisas — e degusto do meu delicioso desjejum. Quando termino, limpo os lábios comum guardanapo, me retiro e volto para o meu quarto, escovo os dentes rapidamente, retoco obatom e desço indo em direção à garagem.

— O motorista já está a sua espera — avisa a minha mãe.— OK. — Caminho até a garagem e encontro Júlio, o meu motorista particular, o

cumprimento e ele abre a porta traseira para mim, entro e afivelo o cinto. Ele entra em seguida,põe o sinto e dá partida seguindo o caminho em direção à faculdade.

Sou filha de um dos maiores empresários do Rio de Janeiro e é por isso que sou umapatricinha assumida, namoro o garoto mais popular da faculdade e todas as garotas são loucaspara serem minhas amigas. No entanto, não me junto a qualquer uma, apenas duas têm oprivilégio de me ter como amiga, elas são sortudas por isso. Aliás, não é qualquer pessoa queanda com Patrícia Queen.

***

Chegamos à faculdade, o motorista abre a porta para mim, agradeço e caminho

adentrando os portões da faculdade, já recebendo os olhares curiosos dos meus fãs.Encontro Felipe, o meu namorado, e o mesmo vem em minha direção.— Olá gata! — me cumprimenta e deposita um beijo casto em meus lábios.

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— Oi amor, sentiu saudades? — pergunto sorrindo de lado.Ele segura em minha cintura e me olha nos olhos.— Quem não sente falta da morena mais gata dessa faculdade? — pergunta com as

sobrancelhas franzidas e dá um sorriso de lado.Jogo os meus cabelos para trás e sorrio.— Eu sei, todos me amam — me gabo.Felipe e eu namoramos há dois anos, ele é rico e muito bonito. Cabelos castanhos

claros, olhos verdes esmeralda, o corpo atlético e dono de um belo sorriso, por issocombinamos e somos o casal favorito da faculdade.

— Olá casal favorito. — Paula uma das minhas amigas e fiéis chega e noscumprimenta.

— Olá. — Sorrio, ela se joga em mim e me dá um abraço apertado.— Está bem Paula, já chega — digo me sentindo sufocada, então ela me solta.Kátia e Paula são as minhas melhores amigas e sonham em um dia ser como eu, na

verdade, todos sonham com isso e os meninos em ter ao menos um pouco da minha atenção.Sou alguém diferente de todas, a maioria das patricinhas que existe por ai são: loiras,extremamente magras e tem olhos azuis. Eu me considero uma patricinha única: morena,cabelos longos, negros como a escuridão, olhos verdes, corpo esbelto, tenho curvas e não soumuito alta. Sou uma garota de dezoito anos que ama a vida e aproveita ela ao máximo.

Me despeço de Felipe, em seguida as meninas e eu seguimos para nossa sala, elasfazem o mesmo curso que eu, na mesma sala. Felipe é o único que não seguiu o mesmo ramoque nós — administração — o mesmo cursa Direito. Passo pelos corredores, empino o nariz efinjo não ver ninguém, os meninos me olham, secando-me e as meninas me olham comdesprezo, morrendo de inveja. Não dou moral a nenhuma delas, pois elas jamais chegaram aomeu nível. Chegamos a nossa sala, adentro e me sento na carteira da frente, não sento atrásporque só tem nerds e eu não sou fã deles, assim como eles não são meus, mas isso não ésegredo para ninguém, não é mesmo?

Todos os alunos se acomodam em seus lugares, então o professor de matemática entrana sala, ele é novo por aqui: alto, moreno, cabelos negros, olhos castanhos, aparenta ter unstrinta e poucos anos. Com ele entra um rapaz, ele tem a cabeça baixa impedindo de ver o seurosto, mas consigo ver os seus cabelos loiros que estão cobertos por uma touca preta, ele é alto,veste uma calça jeans surrada branca e uma bota preta.

— Bom dia, me chamo Fernando. Serei o professor de matemática nesse período — o

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professor nos cumprimenta. — Quero lhes apresentar Guilherme Lancaster, ele é novato assimcomo eu, e espero que nos recebam bem. Seja bem-vindo Guilherme.

— Obrigado — ele responde baixo, quase inaudível, porém ainda o ouço. A sua voz élinda, rouca e grossa. Pelo sotaque percebe-se que ele é paulistano.

Guilherme caminha até o final da sala e se senta no fundo, olho discretamente para tráse encontro os seus olhos azuis piscina. Ele é muito bonito, entretanto pelo seu jeito tímido eóculos de grau, me faz deduzir que é um nerd e aparenta ser evangélico. Mesmo com óculos,ele continua bonito, uma pena ser dessa laia repugnante.

Viro para a frente e me concentro na aula. O professor fala sobre cálculos e maiscálculos e eu tento ao máximo gravar tudo.

***

Finalmente o sinal toca para o intervalo, saio da sala acompanhada de Paula e Kátia— Você viu o novato? Meu Deus ele é lindo — Kátia diz suspirando e reviro os olhos.— Mas ele é nerd, prefiro mil vezes o meu popular — digo e pisco para ela.Ela dá de ombros e seguimos para o refeitório onde encontro Felipe e os seus amigos,

eles me cumprimentam e vou até a cantina comprar o meu lanche, em seguida volto e sento-mecom eles.

— Vocês vão para a festa de aniversário da Sabrina? — Daniel, amigo do Felipe,pergunta.

— Não sei, se a minha morena for eu vou — Felipe responde e beija a minha bochecha.— Então você vai, querido — asseguro e ele sorri.Ficamos conversando, depois seguimos para as nossas salas para mais alguns horários

de cálculos e tédio.

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CAPÍTULO 2 A aula finalmente termina, pego as minhas coisas e vou colocando-as na mochila.

Quando dou por mim, só resta a mim na sala.Aquelas traidoras que dizem ser minhas amigas deixaram-me para trás.Pego tudo rápido, caminho até a porta e saio. Sigo pelo corredor e encontro Felipe e

dois amigos.— Oi amor, vamos lá para casa? Os meus pais viajaram, então só você e eu e tal — ele

diz e passa o braço por meu ombro.— Hum, acho que não é uma boa ideia, tenho que me preparar para ir à festa, lembra?

— falo e dou um sorriso para ele.— Ah sim — concorda desanimado. — Então passo na sua casa às 19h00? —

pergunta.— Sim. — Sorrio e beijo os seus lábios.Me despeço dele e caminho encontrando as meninas no estacionamento.— Por que não me esperaram? — indago brava e elas me olham com cara de cachorro

sem dono.— Desculpa Pati, é que seguimos o garoto novato — Kátia se defende sorrindo

mostrando os dentes e rolo os olhos.— Sério isso? Ninguém merece — bufo. — O menino é nerd e ainda parece ser

evangélico, ele é um inútil — falo com aspereza.Não é que eu não goste de evangélicos, acontece que parece que eles adivinham todos

os nossos pecados, por isso mantenho distância.— Inútil? Aquilo é inútil? — Paula questiona apontando para trás de mim.Viro olhando para onde ela está apontando e me deparo com o garoto novato, ele

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substituiu os óculos de grau por um escuro, os seus cabelos loiros estão levemente bagunçadose a mostra. O mesmo fala ao telefone e sorri distraído, o seu sorriso é lindo, o mais lindo que jávi. Então ele passa os dedos entre os seus fios de cabelos e olha em minha direção. Engulo emseco, ele continua olhando-me, os nossos olhares ficam presos. Por fim ele desliga a chamada,sorri tímido para mim e entra em seu carro.

Me recomponho quando a voz de Kátia me tira do transe.— Acho que alguém gamou no inútil — diz com sarcasmo.Me viro e encaro as duas que me olham de braços cruzados e com a cara de

interrogação.— Para mim, ele ainda é — rebato e caminho rápido em direção ao meu carro, pois o

motorista já está à minha espera.Ele abre à porta para mim, adentro, jogo a minha mochila no banco e afivelo o sinto.

Os meus pensamentos viajam no sorriso do garoto novo, devo admitir: ele é dono de umabeleza rara. Mas eu tenho um namorado lindo que amo, não tenho por que ficar pensandonaquele nerd. Pego o meu celular, conecto o fone, ponho uma música para tocar e foco na letraesquecendo-me do mundo. Nada melhor que música para acalmar e distrair.

***

Chego a minha casa, desço do carro, entro e subo as escadas correndo. Adentro em meuquarto, jogo a minha mochila em cima da cama, sigo para o banheiro e tomo uma ducha.Quando termino, me seco, vou até o meu closet, pego um short e uma blusa, calço um chineloe desço para almoçar.

— Cadê os meus pais? — indago para Joana, a empregada, enquanto ela coloca oalmoço na mesa.

— Ainda na empresa.— Hum — balbucio.Me sirvo e pego o meu celular, enquanto almoço aproveito para conversar com as

meninas. Combinamos de nos encontrarmos para irmos ao salão, preciso urgentemente dar umjeito nos meus cabelos e a festa da Sabrina é hoje; tenho que arrasar.

— Precisa de mais alguma coisa, senhorita? — Joana pergunta.— Não obrigada, estou satisfeita. — Sorrio.Ela sorri e sai. Quando termino de almoçar, subo para o meu quarto, logo depois

escovo os dentes, me jogo em minha cama e acabo dormindo.

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***

Sou despertada pelo toque do meu celular, abro os olhos lentamente e pego o celularem cima do criado mudo, atendo a chamada sem ao menos olhar quem é.

— Alô — falo com a voz grogue.— Você não vem para o salão? Estamos há horas esperando você. — A voz de Kátia

ecoa do outro lado da linha, então salto da cama, desperta.— Droga! Esqueci, me espera que chego em cinco minutos — digo.Desligo a chamada e corro até o banheiro. Tomo um banho rápido apenas para me

despertar, visto qualquer roupa que acho em meu closet, pego a minha bolsa e celular, calçouma rasteirinha, desço as escadas e vou até a garagem. Pego o meu carro e saio da minha casaem direção ao salão que fica em Copacabana.

Minutos depois chego ao meu destino, tiro o cinto, pego a minha bolsa e saio do carroadentrando no salão, encontro as meninas já sendo atendidas.

— Até que enfim! — Paula resmunga, rolo os olhos e dou de ombros.— Patrícia, querida! — Juliano, o meu cabeleireiro, me cumprimenta com um beijo de

cada lado do rosto.— Juliano, quero que faça um de seus milagres — peço fazendo bico e mostrando as

pontas dos meus cabelos.Ele sorri, levanto-me até a cadeira, me sento e ele segura em meus ombros.— Com você não precisa milagres, minha garota, você é perfeita como é. Vou apenas

realçar ainda mais a sua beleza — ele diz sorrindo, revelando os seus dentes extremamentebrancos e alinhados.

— Só você mesmo. — Sorrio.Ele me virá e começa a fazer o seu trabalho em meus cabelos. Antes ele me leva para

lavar os cabelos, em seguida começa uma massagem e depois faz um corte. Alguns minutosdepois ele termina.

— Pronto.Me vira para o espelho e fico encantada com o que ele fez, os meus cabelos estão

repicados com uma franja que realçou os meus olhos verdes, deixando o meu rosto mais fino.Tem várias camadas pequenas na frente e outras longas atrás. Passo os dedos entre os fios,olhando-me no espelho.

— Uau! — exclamo. — Amei! — confesso e dou-lhe um beijo na lateral do rosto.

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Ele sorri, em seguida as meninas também terminam. Kátia fez apenas luzes loiras emseus cabelos, deixando-os ainda com o tamanho um pouco abaixo dos seus seios. Paula estácom um Chanel sofisticado realçando o seu rosto alvo e não mexeu na cor, castanho quaseloiro. Depois as manicures cuidam das nossas unhas das mãos e pés, deixando-nos ainda maisbonitas.

Quando terminamos, pagamos e nos despedimos de Juliano. Dou carona para asmeninas, depois sigo para a minha casa. Chego em minha residência e entro os portões. Ocarro dos meus pais já está na garagem, desço do carro, entro em casa e encontro a minha mãena sala.

— Oi mãe. — Deposito um beijo carinhoso em seu rosto e ela sorri.— Oi filha. Nossa, o seu cabelo está lindo — elogia.— Obrigada mãe. Vou me arrumar, tenho um aniversário para ir. — Pisco para ela que

sorri e subo as escadas em direção ao meu quarto.Tomo outro banho, com cuidado para não molhar os meus cabelos, eles estão ainda

mais ondulados por conta do babyliss que Juliano fez. Termino o meu banho, seco o meucorpo com uma toalha e me enrolo com ela, procuro uma roupa e acabo optando por umvestido rendado preto. Ele tem um decote atrás e é um pouco acima dos meus joelhos. Visto-o,calço um salto nude, faço uma maquiagem noturna, passo perfume e dou-me por pronta.

Pego a minha carteira, ponho o meu celular, dinheiro e documentos dentro da mesma.Desço as escadas e encontro os meus pais e Felipe.

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CAPÍTULO 3 Os meus pais e Felipe me olham de cima a baixo, analisando-me.— Uau! você está linda — Felipe elogia e sorri de lado.— Obrigada, você também está muito bonito.Ele veste uma calça jeans branca, camisa cinza, sapatênis vinho, os cabelos levemente

bagunçados, deixando-o ainda mais bonito.— Minha filha sempre está linda — o meu pai elogia, caminha até mim e desfere um

beijo amoroso na minha testa.— Obrigada pai. — Sorrio de lado.Nos despedimos e caminhamos até a garagem onde o Santa Fé vermelho de Felipe está

estacionado. Ele abre a porta para mim, sorrio em agradecimento e entro no carro pondo ocinto de segurança. Felipe entra, põe o cinto, liga o carro e dá partida saindo em direção aolocal da festa.

— Você acha que vai muita gente? — pergunta quebrando o silêncio.— Acho que sim. Sabrina é popular e linda, todos querem ir à festa dela — comento,

olho de soslaio para ele e dou de ombros.— É — murmura concentrando-se na estrada.

***Chegamos à casa de Sabrina, Felipe adentra os portões e observo da janela muitas

pessoas. A casa dela é muito chique, quase do tamanho da minha, na verdade é uma mansãobem arquitetada, há muitas pessoas, pelo visto, uma boa parte dos populares foram convidados.Felipe estaciona o carro, desce e caminha até a minha porta abrindo-a para mim. Seguro a suamão, ele fecha e trava o carro então entramos na casa. A mesma está entupida de gente, um

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enorme jogo de luz na sala deixa o ambiente mais animado, tem várias pessoas bebendo edançando, toca uma música eletrônica muito alta. O cheiro de álcool e um odor forte estáimpregnado por toda a sala.

— Oi gente — Felipe cumprimenta os seus amigos que estão sentados no sofá, doisdeles estão com algumas meninas seminuas em cima deles e bebem cervejas.

Sinto um enorme incômodo ao ver essa cena, pela primeira vez não me sinto bem emuma festa.

— Fala ai mano. Tudo beleza? — Daniel o cumprimenta.Cruzo os meus braços e fico observando o movimento, várias pessoas chegando.

Vasculho rapidamente a sala a procura de Kátia e Paula, mas não as encontro. Nos sentamosem um dos sofás, Felipe pega uma cerveja de Daniel e começa a beber e conversar bobagens.Cruzo as minhas pernas e fico ouvindo-os conversar besteiras, fico enojada com o odor deálcool e sinto náuseas quando inalo o cheiro de cigarro e fumaça.

— Felipe, vou procurar as meninas e cumprimentar Sabrina — aviso, ele assente, entãolevanto e caminho pela multidão.

Saio para fora e o jardim está cheio de pessoas bebendo, se pegando, fico enojada.Sempre vim a festas com esse povo, mas hoje não está legal, estou me sentindo péssima comose estivesse no lugar errado.

— Patrícia? — Uma voz me chama e olho para trás encontrando Sabrina, ela caminhaem minha direção.

Sabrina é loira, alta e rica. Veste um vestido curtíssimo preto, um salto alto vermelho,as suas madeixas estão soltas e usa uma maquiagem carregada. As festas dela sempre são asmais badaladas e eu sempre estava pelo meio, porém hoje tudo está diferente.

— Sabrina. Oi, nossa feliz aniversário — a cumprimento e dou-lhe um abraço rápido.— Obrigada. — Ela sorri. — Está gostando da festa? — pergunta e dá um gole em sua

bebida.— Muito — minto.Ficamos alguns minutos conversando, então ela sai pela multidão. Pego um refrigerante

e tomo enquanto observo os meninos pularem dentro da enorme piscina cheia de espuma. Ocheiro de churrasco, bebidas e cigarro está impregnado por toda parte. Alguns minutos depoisencontro Kátia e Paula, ambas estão acompanhadas por dois garotos que acredito serem deadministração I, somos de administração II.

— Pati, você está belíssima — Paula elogia e me cumprimenta com um beijo no rosto.

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— Obrigada você também.— Como sempre, Patrícia Queen arrasa — Kátia diz sorrindo.Os meninos não param de me olhar nem um minuto, rolos os olhos e finjo não estar

vendo essa cena patética. Eles são uns idiotas por estarem acompanhados e ficarem olhandopara outra garota da forma que estão me olhando.

Despeço-me delas e volto para onde Felipe está, ele está rindo feito uma hiena econtinua a beber.

— Vem gata, senta aqui — diz grogue e a sua voz denúncia a sua embriaguez, bufo.— Não Felipe, você já está bêbado. Eu já estou indo — falo brava e repudiando a sua

atitude.— Ah não, a gente acabou de chegar — balbucia e vem em minha direção, ele tenta me

segurar, mas me esquivo.— É, e já estou indo. Tchau! — falo e saio deixando ele falando sozinho.Felipe é rico, bonito e popular, mas às vezes é um idiota. Ele ama beber e vive bêbado

com esse bando de amigos sem noção que ele tem. A minha relação com Felipe já esfriou hámuito tempo, eu ainda era uma menina quando começamos a namorar. No início claro, euamava a ideia de namorar o garoto mais lindo e desejado do colégio, as meninas tinham invejade mim, mas com o passar dos anos foi esfriando. Fomos ficando acomodados, mesmo queseja difícil admitir: o que sinto por ele não é aquele amor louco que às pessoas dos livros efilmes vivem, não tem paixão, não tem aquela chama viva, sinto que preciso de algo maisintenso.

Caminho pela calçada sentindo o frio gélido noturno, a lua brilha intensamente, as ruasestão escuras e desertas. Pego o meu celular e fones, coloco-os no ouvido e procuro umamúsica boa, mas o meu dedo sem querer acaba sintonizando na rádio, onde toca uma músicaque chama a minha atenção. Guardo o celular na bolsa, mas continuo com os fones ouvindo acanção, é uma música internacional.

Vou ouvindo a música enquanto caminho pelas ruas do Rio de Janeiro, o vento bate emmeus cabelos os esvoaçando, respiro inalando o ar gélido. Passa um táxi, aceno e o mesmopara. Abro a porta, entro e dou o endereço da minha casa. A música termina e uma vozmaravilhosa ecoa do outro lado, fazendo o meu coração acelerar.

— Então você ouviu a música Love me da JJ Heller. Infelizmente o nosso programachegou ao fim, mas espero você amanhã na mesma hora de sempre, às 20h00. Desejo quetenha uma ótima noite e que Deus proteja você — o locutor se despede e põe a mesma música

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que tocava antes para tocar mais uma vez.Eu nunca dei muita bola para rádio antes, no entanto a voz desse locutor é incrível.

Acredito que o programa seja romântico, a sua voz é rouca, calma e grossa, transmite umsentimento de paz. Pena que o programa já terminou.

Tiro os fones e guardo-os junto do celular em minha bolsa, o taxista para em frente àminha casa, pago e adentro os portões.

— Já chegou? — indaga a minha mãe com preocupação.— Sim, lá não estava muito legal — digo dando de ombros.— Primeira vez que ouço você dizer que uma festa não estava legal — comenta o meu

pai.— Tudo tem uma primeira vez — falo sorrindo.Dou boa noite a eles e vou para o meu quarto. Tiro a minha roupa, tomo um banho,

visto o meu pijama e deito em minha cama. Os meus pensamentos voam até a voz do garoto darádio.

Será que ele é bonito? Porque a sua voz é perfeita.Fico formulando perguntas sobre o locutor desconhecido, pois ele acabou de ganhar

uma fã somente pela sua voz maravilhosa. Fico perdida em meus pensamentos até finalmenteadormecer.

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CAPÍTULO 4

Sou despertada pelo barulho chato do meu despertador, ponho somente a cabeça parafora do cobertor e bato a mão no mesmo fazendo-o parar de berrar. Com muita luta tentandovencer o sono e consigo sair da cama. Caminho lentamente, parecendo um zumbi, até obanheiro, entro, faço um coque frouxo em meus cabelos, escovo os meus dentes, em seguidatomo um banho gelado para tentar retirar a preguiça de mim.

Depois de pronta, pego a minha mochila, ponho os meus cadernos e um livro dentro damesma, o meu celular e fones também. Em seguida saio do meu quarto e desço as escadas,encontrando os meus pais já prontos para saírem.

— Bom dia, princesa — o meu pai me cumprimenta e me dá um beijo paterno no rosto.— Bom dia pai. — O abraço.— Bom dia, meu amor — diz minha mãe e beija a minha testa.Sorrio. Os meus pais por mais que eu seja uma garota mimada me amam e sempre me

tratam muito bem. Na verdade, nem sempre fui como sou hoje, a nossa convivência érealmente maravilhosa e eu amo os meus pais.

— Já estão prontos? — pergunto.— Sim, temos que ir até São Paulo resolver alguns assuntos, mas retornaremos ainda

hoje — o meu pai assegura, assinto e me despeço deles.Depois de tomar o meu café, pego as minhas coisas e sigo para a garagem. Hoje vou no

meu carro mesmo, às vezes quando estou com preguiça de dirigir peço para Júlio me levar,mas hoje estou disposta a dirigir e fazer isso tira o meu estresse. Entro no meu corola preto,jogo a minha bolsa no banco do passageiro, afivelo o cinto, fecho a porta e dou partida saindoda garagem, indo em direção a minha faculdade.

Ligo o rádio e passa uma música qualquer, mas a voz do locutor não é tão bonita e

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sensual como a do locutor de ontem, a qual estou contando às horas para ouvir novamente —hoje em seu programa. É incrível como somente a voz de alguém por trás de uma rádio, deixa-nos com a curiosidade aguçada e se perguntando quem pode ser o dono daquela voz. Mepergunto se ele, o locutor, está perto de mim? Se ele é alguém que conheço? Talvez quem eumenos espero que seja, tantas possibilidades, que só aumenta ainda mais o desejo que ouvi-looutra vez. Pela primeira vez estou contando os minutos para ouvir um programa de rádio oumelhor: a voz do radialista.

***

Finalmente chego à faculdade, já encontro vários carros ocupando o estacionamento,

acho uma vaga e estaciono. Pego a minha mochila, tiro o cinto e saio do carro travando-o.Caminho para dentro do prédio, passo e os meninos começam a assoviar, jogo as minhasmadeixas negras para trás e não dou moral, fingindo não ouvi-los ou vê-los e as meninascochicham. Passo por elas de nariz empinado e sigo até o meu armário, abro o mesmo e pego olivro que usarei hoje.

Sinto alguém me abraçar por trás, viro bruscamente e encontro um par de olhos verdes.— Felipe, você me assustou — resmungo o empurrando e ele sorri.— Desculpa, princesa — faz bico.— Tudo bem. Como foi a festa? — pergunto virando e fechando o meu armário.Em seguida o encaro, ele passa as mãos em seus cabelos e me olha meio sem graça.— Foi legal. Mas se eu não tivesse bebido a ponto de não lembrar de nada e você ter

ido embora e me deixado sozinho, teria sido melhor — ele murmura e bufa. Reviro os olhos edou de ombros.

— Você bebeu porque quis, sabe que não gosto disso — argumento e caminho pelocorredor, Felipe me segue.

— Ah, e agora você vai ficar brava comigo? — indaga fazendo carinha de cachorrosem dono.

Reviro os olhos e balanço a cabeça em negativa.— Claro que não. — Sorrio e deposito um beijo em seus lábios, ele segura em minha

cintura e aprofunda o beijo.O sinal toca nos interrompendo.— Te vejo na hora do intervalo? — pergunto.

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— Com certeza. — Sorri e me dá um selinho.Nos despedimos e entro em minha sala, antes ele me manda um beijo no ar,

então segue pelo corredor. Sento no mesmo lugar de sempre, na frente, minutos depois Kátia ePaula chegam praticamente correndo e arfando.

— Ufa, pensei que iria chegar ainda mais atrasada — diz Kátia e se senta em seu lugarao meu lado.

— Pois é, se o professor de estatística já estivesse aqui, coitada de nós. — Paula põe amão no coração e rio do seu desespero.

Ela se senta e já começa a fofocar.— Acredita que o novato mudou de turma? — Kátia pergunta incrédula e ergo uma

sobrancelha.— Pois é, mas parece que vai entrar outro no lugar dele. — Mal Paula termina de falar

e um rapaz moreno, de cabelos castanhos e olhos verdes de óculos adentra na sala todo semjeito.

Ele passa por nós e se senta no fundo.— Mais um nerd — murmuro e bufo.— Mas ele é lindo, tanto quanto o outro — retruca Paula suspirando.Alguns minutos depois o professor entra na sala e mais uma vez faz a bobagem de

apresentar o nerd bonitinho.— Rapaz, se apresente — ordena o professor com um tom rude.Todos olham para o garoto, ele se levanta timidamente, arruma os óculos então se

apresenta.— É... Bom... eu sou... o Hugo — ele se apresenta tímido e gaguejando.Cá entre nós? Esses dois nerds que chegaram por aqui; são donos de belas vozes, eu até

apostaria que um deles pode ser o garoto da rádio. Mas isso não é possível, os dois malconseguem falar e o locutor é super seguro de si. Depois do garoto se apresentar a aula começanormalmente.

***

O dia passou lentamente, acredite se quiser: eu contei cada minuto até finalmente o

relógio marcar 19h55m, então me jogo em minha cama, coloco o fone de ouvido e ligo narádio. O meu coração bate acelerado com ansiedade. O programa ainda não começou, está

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passando o comercial, enquanto aguardo, ansiosamente, fico fitando o teto e brincando com ofio do fone, com as pernas cruzadas uma em cima da outra até que começa a tocar uma músicaromântica.

O meu coração acelera ainda mais, mordo o meu lábio para conter a minha ansiedade,até então desconhecida por mim.

A voz dele ecoa logo atrás da trilha sonora fazendo-me dar um sorriso aberto.— Horizonte FM 20h01m, ótima noite para os apaixonados de plantão nesta quarta-

feira. Estamos começando mais um Love Me, com muita música, amor e paixão especialmentepara você. A partir de agora até às 21h00 tocando o seu coração, venha e participe comigo,ligue para 353XXXX ou 9918XXXXX, faça o seu pedido e ofereça para aquela pessoaespecial, se declare, faça algo inesperado para seu amor. — A voz dele é sensual, suave eacalma qualquer pessoa. A voz típica de um locutor romântico, só que muito mais perfeita.

Enquanto ele fala o número já me prontifico em salvá-lo em meu celular, ele dá onúmero e em seguida toca a primeira música da noite. O programa é gospel deixando-mesurpresa comigo mesma, pois são duas coisas novas para mim: rádio e algo gospel. Entretanto,confesso que com esse locutor, tudo ficou muito mais curioso e interessante.

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CAPÍTULO 5.

Depois de duas músicas, o locutor volta à tona. Me sento próximo a varanda que há emmeu quarto e sinto o vento bagunçar os meus cabelos, enquanto viajo na voz do garoto darádio, assim que eu carinhosamente o nomeie, descobri que o programa é anônimo omesmo não se identifica, o que torna tudo mais interessante e misterioso.

— Então ouvimos duas músicas muito românticas a pedido de duas ouvintes e estou àespera da sua ligação, hein? Vamos ao intervalo e logo depois daremos início ao quadro:declare-se, os apaixonados de plantão, que querem se declarar, a chance é logo mais, não saidaí. 20h15m. — O comercial começa e continuo ligada.

Ninguém nunca se declarou para mim pela rádio, até porque eu não costumava ouvirantes. Acho que vou falar para o Felipe sobre a rádio, deve ser legal receber uma declaração deamor dessa forma — de todas as formas, na verdade.

— Estamos de volta com mais um Love Me, são exatamente 20h19m na cidademaravilhosa. — Enquanto o garoto da rádio fala, fica um fundo musical lento deixando a suavoz ainda mais bonita. — O quadro: declare-se, está aberto ao público, estou esperando oprimeiro romântico ou romântica que irá nesta noite declarar o seu amor para aquela pessoaespecial, seu namorado (a), noiva (o), esposo(a). Telefone liberado. Enquanto aguardo, vouatender ao pedido da ouvinte Fernanda que pediu a música da Pamela por título: Conta àsEstrelas e oferece especialmente para o seu namorado Giovane, que neste momento nos ouveem seu trabalho.

A música começa a tocar, então o meu celular vibra. Olho a tela e viso uma chamadade Felipe, deixo chamar e quando cai coloco o celular em modo avião. Sei que isso e é errado,mas agora eu só quero ouvir a voz encantadora do locutor.

O garoto da rádio volta com o quadro e várias pessoas participam declarando-se, fiquei

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até emocionada com algumas declarações. Então, infelizmente, o programa chega ao fim.Fiquei à procura de coragem para ligar e pedir uma música apenas para falar com ele, mas nãoconsegui, o nervosismo não permitiu, mas amanhã eu irei ligar.

— Infelizmente Love Me chegou afim. No entanto, espero te encontrar aqui amanhã nomesmo horário, fiquem com Deus. Desejo uma ótima noite a cada um de vocês. E se vocêainda não encontrou o amor da sua vida, confie, espere em Deus e quando você menosesperar o amor baterá em sua porta de uma forma inesperada. — As suas palavras tocam omeu coração.

Durante toda a programação ele fala de um Deus perfeito, de um Deus de amor. O jeitoque ele fala, deixou-me curiosa para saber mais sobre esse Deus do amor e a cada palavra suaeu me convencia mais que o amor ainda não bateu em minha porta.

Quando termina o programa, desligo o rádio, tiro o celular do modo avião e envio umamensagem para Felipe falando que no momento eu estou ocupada, o que não é nem umamentira, tenho mesmo uma atividade da faculdade para terminar.

***

Termino de fazer a minha atividade, tomo um banho, me seco, visto a mesma roupa e

me jogo em minha cama. Pego o celular e vou até a agenda do mesmo visando o contato dogaroto da rádio, respiro fundo.

E se eu ligar confidencial? Apenas para ouvir a sua voz, outra vez, antes de dormir?Mordo o meu lábio e fico olhando o número. As minhas mãos tremem, então acabo

apertado para chamar, o meu coração bate forte e fico tremendo quando ouço a voz dele.— Alô, boa noite! — Fecho os meus olhos e mordo a minha unha prendendo a

respiração. — Olá, tem alguém ai? — continuo em silêncio. — Oi?Não falo nada e desligo a chamada com o meu coração batendo fortemente. Isso nunca

aconteceu antes, logo eu tão segura das minhas ações, ficar assim: boba e tremendo apenas porouvir a voz de alguém que nunca vi, que não sei nada a respeito, eu só o ouvi três vezes comessa ligação. É difícil explicar o que sinto quando ouço a sua voz, com Felipe nunca foi assim,esse locutor nem sabe da minha existência, provavelmente, porém eu sei da sua e não éproibido virar a sua fã.

Um sorriso brota dos meus lábios apenas por ouvir a sua voz rouca ao telefone, tentoimaginar como ele possa ser: talvez moreno, loiro, mestiço, não sei, são tantas perguntas.

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Quem sabe mais para frente eu tenha coragem de ligar e falar com ele, por enquanto ele éapenas o garoto desconhecido da rádio.

Coloco o meu celular no carregador e me enrolo com o meu cobertor, alguns minutosdepois adormeço.

***

Por incrível que pareça acordei por conta própria, sem ter a necessidade da minha mãe

me acordar ou o despertador. Levanto da cama e entro em meu banheiro fazendo a minhahigiene matinal, em seguida visto uma roupa qualquer, arrumo os meus cabelos deixando-ossoltos, calço um sapatênis, pego a minha mochila e desço as escadas. Vou aproveitar queacordei cedo para pegar um livro que preciso na biblioteca.

Os meus pais chegaram na madrugada então provavelmente ainda estão na cama. Pegoapenas uma maça na cozinha e sigo para a garagem, adentro em meu carro ligando-o e saindoem seguida para o meu destino: faculdade.

Alguns minutos depois chego, não há muitos carros no estacionamento, pois ainda ébem cedo. Estaciono em uma vaga, pego a minha mochila, saio do carro travando-o e entro noprédio. Sigo em direção à biblioteca.

Abro a porta e entro.— Bom dia senhorita Patrícia — a bibliotecária me cumprimenta cordialmente.— Bom dia, Marta. — Sorrio para ela.Me viro para em direção as prateleiras de livros e mesas visando o garoto novato

chamado Hugo que estuda comigo. Ele me olha por trás dos seus óculos, depois abaixa acabeça fitando o seu livro. Passo por ele e sigo à procura do livro que preciso. Passo por váriasprateleiras à procura do livro, então do nada um deles voa da prateleira acertando o meu rosto.

— Mais que droga é essa? — praguejo.— Oh! Desculpa... eu empurrei o livro sem querer. — O nerd moreno aparece todo

atrapalhado. Suspiro para não voar em cima dele.— Dá próxima tenha mais atenção, seu idiota — falo brava.Ele me olha, assente, pega o livro e volta para a sua mesa. Bufo e continuo à procura

pelo livro.Finalmente acho o que quero, então caminho até a bibliotecária.— Vou levar este aqui — anuncio colocando o livro em cima do balcão.

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A bibliotecária sorri, pegando o livro.— Qual a sua matricula? — pergunta.— 20162tas0234 — digo.Ela põe no computador e vira o teclado para mim. Coloco a minha senha, depois ela

passa o livro na máquina de registro e posso levá-lo.Sorrio e ando em direção à porta da biblioteca, quando alguém abre bruscamente a

mesma, me fazendo cair de bunda no chão.— Ah! — grito.Olho para cima e dou de cara com o nerd loiro, se não me engano ele se chama

Guilherme, o mesmo me olha assustado e estende a mão para me ajudar.— Desculpa moça...— Ninguém merece, vocês tiraram o dia para jogarem livros em mim e baterem a porta

me fazendo cair — praguejo e seguro a sua mão com raiva.O seu toque me dá calafrios, ergo o olhar e encarro os seus olhos azuis.— Desculpa mais uma vez, foi sem querer — ele diz engolindo em seco.Reviro os olhos e saio bufando da biblioteca.Esses dois garotos estão me tirando do sério.

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CAPÍTULO 6

Tive um dia daqueles. Logo hoje que acordei disposta e feliz da vida, sou recebida logocedo com um livro no rosto e para completar caí na biblioteca. Tudo por culpa daqueles doisidiotas. A aula foi um tédio e eu não via à hora de ir para casa, o meu estômago estavaroncando pedindo comida e eu estava sentindo uma leve dor de cabeça. Por fim toca o sinalpara sairmos.

Paula não veio hoje, somente Kátia e ela irá ficar à tarde em minha casa.— Então, a gente tem que aproveitar — ela fala saltitante enquanto caminhamos pelo

corredor.— Com certeza. A piscina já está a nossa espera — digo sorrindo.— Olá meninas — Felipe e Daniel nos cumprimentam.— Oi. — Sorrio sem mostrar os dentes.— Será que posso ir à tarde visitar a minha namorada? — Felipe pergunta fitando-me

com os seus belos olhos verdes.Penduro a minha mochila no ombro e finjo pensar.— Hum, claro. — Sorrio e deposito um selinho em seus lábios.— Leva o Daniel — Kátia diz sorrindo, rolo os olhos e rio.— Estaremos esperando por vocês — aviso.Eles assentem, nos despedimos e seguimos para o estacionamento. Caminhamos até o

meu carro, Kátia abre a porta e entra. Antes que eu abra a minha porta observo ao longe Hugoe Guilherme, eles conversam algo e devo admitir: eles realmente têm uma beleza de seadmirar, ainda mais quando substituem os óculos normais de grau, por escuros. Antes que elespossam me ver, entro em meu carro dando partida e saindo.

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*** Minutos depois chegamos à minha residência, estaciono na garagem, saímos do carro e

entramos em casa.— Olá senhoritas — Joana nos cumprimenta.— Oi Joana. — Sorrio.— Olá — Katia responde a saudação.— Meus pais já chegaram? — indago.— Ainda não — responde.— Ah, obrigada.Subimos as escadas em direção ao meu quarto.— Não sabia que você tratava os seus empregados bem — Kátia diz com deboche e

rolo os olhos.— Não é porque sou rica que tenho que tratar os meus empregados de maneira mal

educada. Afinal, eles não são nerds. — Pisco para ela e entro em meu quarto.— Sabe, eu nunca entendi o seu ódio por nerds — comenta.— Talvez algum dia eu te conte, mas agora temos algo mais importante para fazer —

falo.Ela assente. Tomo banho primeiro, quando termino visto uma saia jeans e uma blusa,

faço um coque frouxo em meus cabelos enquanto aguardo Kátia tomar banho. Quando elatermina e se arruma, descemos para a sala de jantar. O almoço já está na mesa e os meus paisainda não chegaram, provavelmente eles vão almoçar em algum restaurante e de lá voltarãopara a empresa.

Para manter o meu corpo, virei vegana e só me alimento das coisas mais saudáveispossíveis. Há na mesa: arroz branco, feijão preto temperado, proteína de sofá, macarronada,sala de alface, tomate e outras coisas com carne. Me sirvo e Kátia faz o mesmo.

— Kátia, você tem que ouvir a rádio. Nossa tem um locutor que eu me apaixonei pelavoz dele... — começo.

— Se for o locutor do programa Love Me, nem vem que ele é meu — ela meinterrompe sorrindo e a olho com os olhos cerrados.

— Você ouve? — indago surpresa e ela ri.— Claro, a voz dele é perfeita — diz suspirando.— Por que não me falou antes? — questiono.

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— Ah, sabe... pensei que você não gostasse de rádio — ela retruca, abaixa o olhar emorde o lábio.

— Ah — murmuro pensativa e dou uma garfada em minha salada pondo na boca.— Mas você gostou mesmo do programa? — indaga com ansiedade.Sorrio.— Eu amei, desde o dia que eu o ouvi fiquei curiosa e comecei a ouvir o programa

dele. Sei lá, a voz dele mexe comigo de uma forma intensa é como se ele estivesse...— Falando com a gente — completa.— Isso! — concordo. — Fico me perguntando quem ele pode ser? Como ele é?— Eu também. — Ela ri eufórica. — Eu fico imaginando e me perguntando que ele

pode ser: loiro, moreno, alto, baixo e se é solteiro. — Ela sorri maliciosa.— Acho que com uma voz daquelas, ele deve ter muitas admiradoras — comento.— Realmente. Eu me pergunto o porquê dele não revelar a sua identidade.— Eu também, mas é isso que torna tudo mais emocionante. O locutor misterioso. —

Ela faz um suspense e rio.— É assim que você o chama? — indago rindo e ela assente. — Eu o chamo de: o

garoto da Rádio. — Mordo o lábio.— Ah, os dois nomes caem muito bem — ela retruca sorrindo.— Verdade — concordo. — Você ouviu o que ele disse ontem antes de finalizar o

programa?— Sobre esperar que no momento certo o amor baterá em nossa porta? Sim, eu amei

isso e fiquei à noite toda pensando no que ele disse. As palavras dele são tão verdadeiras eintensas e quando ele fala de Deus, faz tudo ser ainda mais perfeito.

— Isso mesmo, confesso que depois que comecei a ouvi-lo, fiquei curiosa para sabersobre esse Deus do amor que ele tanto fala — confesso.

— Eu também.Conheço Kátia há algum tempo e essa foi a primeira vez que conversamos algo

verdadeiramente interessante, não sabia que ela era uma garota tão legal. Somos amigas, masacho que ela nunca havia me mostrado a sua verdadeira essência, assim como eu, que semprequis ser superior e esconder quem realmente sou. Acho que o garoto da rádio vem mostrandoquem realmente somos e eu só o ouvi por dois dias e anseio ouvi-lo mais.

Terminamos o nosso almoço, fomos terminar uma atividade e descansar um pouco.Depois os meninos chegaram e ficamos na piscina, até umas 18h30m, então cada um foi para a

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sua casa e eu subi para o meu quarto, já ansiosa para chegar às 20h00, horário em que ireiouvir a voz do meu único locutor favorito.

***

Às 19h55m, mesmo horário que sempre me arrumo para receber o garoto da rádio, já

estou na varanda do meu quarto com o fone de ouvido conectado em meu celular e esperandoo momento em que sua voz ecoará do outro lado.

Minutos depois a música de introdução começa a tocar e outra vez o meu coração bateacelerado.

— Horizonte FM 20h01m, ótima noite para os apaixonados de plantão nesta quinta-feira. Estamos começando mais um Love Me, com muita música, amor e paixão especialmentepara você. A partir de agora até às 21h00 tocando o seu coração, venha e participe comigo,ligue para 353XXXXX ou 991XXXXX, faça o seu pedido e ofereça para aquela pessoaespecial. Se declare, faça algo inesperado para o seu amor. Obrigado pela sintonia, que Deuspossa estar tocando os seus corações, por meio destas melodias e vamos tocar a primeira danoite por título Angel - Casting Crowns, 20h04m — Fico atenta a cada palavra sua e toda vezque o ouço o meu coração salta de alegria de uma forma inexplicável.

Enquanto a música toca, fico em dúvida se envio ou não uma mensagem pedindo umamúsica, já que ouvir a sua voz me deixa tão nervosa. Por fim decido enviar, digito amensagem.

Olá, gostaria de pedir uma música.

Aperto em enviar e acabo esquecendo que eu deveria ter colocado o nome da música e

o meu. Nossa! parabéns Patrícia.O meu celular vibra indicando uma nova mensagem e falto ter um infarto quando ele

me responde.

Garoto da Rádio: Boa noite, poderia dizer qual o nome da música/cantor, seunome e para quem você oferece, por favor :)?

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Ai meu Deus, eu ofereço para você, seu lindo.

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CAPÍTULO 7

Rapidamente trato de respondê-lo, mas decido não falar o meu verdadeiro nome.

Eu: Qualquer música da Bruna Karla, acredito no seu gosto musical :) é só paracurtir mesmo e me chamo Carol.

Respiro fundo e envio a mensagem.Sinto que que fui meio saidinha, mas eu não sei os nomes das músicas e vai que ele me

surpreende né? Então a música termina.— Estamos de volta e o programa hoje começou a todo vapor, com muitas canções de

amor e muita gente participando. São exatamente 20h25mem nossa cidade maravilhosa.Temos muito mais pedidos, a ouvinte Carol... — Ao ouvir ele falar o nome que inventei o meucoração acelera ainda mais, em expectativa — Ela me desafiou viu? — O seu tom é divertido emordo meu lábio rindo. — A mesma apostou em meu gosto musical, então Carol, a músicaque escolhi foi Coração Apaixonado e espero que você goste, ela pede semente para curtir.Em seguida ouviremos a música Sem Você - Rosa de Saron a pedido da nossa ouvinteVeronica que oferece para o maridão Mateus sintonizado na Horizonte FM, continuemligando e façam seus pedidos. 20h28m — Então a música que ele escolheu para mim começa atocar, fico na expectativa.

A letra da música é linda e eu realmente amei, começa a tocar logo em seguida a outramúsica e então resolvo enviar uma mensagem em agradecimento pela música.

Eu: Olá garoto da Rádio, obrigada pela bela música, sabia que podia confiar em

seu gosto musical. :)

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Envio a mensagem e respiro fundo, então o meu celular vibra e no mesmo instante

recebo a resposta dele. Garoto da Rádio: Oh! Que bom que gostou, sempre que quiser participar estarei à

disposição. :D

Um sorriso brota dos meus lábios, os meus dedos ficam loucos para enviar uma outramensagem e saber ainda mais sobre ele. Mas então o programa volta ao ar e acabo deixandopara uma outra hora, afinal só sou sua ouvinte há dois dias.

— Ouvimos ai duas belas canções e nesta noite quem quer se declarar é o nossoouvinte apaixonado Bruno, ele que nos ouve na Rocinha e manda uma declaração para suaamada Débora, a declaração é a seguinte: — Fico atenta. — Débora, sei que somos amigoshá muitos anos e você sempre me viu como um amigo, mas hoje quero te dizer que eu te vejocomo algo a mais, te admiro e sou grato a Deus por sua amizade, quero te dizer que eu te amocomo amiga e mulher. Beijos te amo. Então está ai a declaração do Bruno para a Débora,faça como ele e declare o seu amor para aquela pessoa especial: sua mãe, amiga, amigo,namorado, noivo, esposo, qualquer pessoa que você ame. Vamos para o intervalo comercial,voltamos já já com o último bloco do programa, não sai dai. 20h45m. — O comercial começa,deixo o meu celular em cima da cama e desço até a cozinha, à procura de algo para comer.

Alguns minutos depois volta ao meu quarto com um pote de sorvete de flocos, pego omeu celular e tem duas mensagens: uma da Kátia e outra do garoto da Rádio. Fico semacreditar, então logo abro a dele.

Garoto da Rádio: Você me chamou de "Garoto da Rádio" rsrs por que me chama

assim? Desculpa estar incomodando. :3

O programa volta ao ar mesmo assim o respondo.

Eu: Ah, por que não sei o seu nome? Aliás por que você não diz o seu nome?

Envio a mensagem e aguardo a resposta, que provavelmente virá depois que oprograma terminar.

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Enquanto isso respondo a mensagem da Kátia.

Kátia: Pati, está ouvindo o locutor misterioso? <3Eu: Achou mesmo que eu iria perder? rsrs.

— Infelizmente meus apaixonados de plantão, o programa chegou ao fim e devido a

um imprevisto não estarei aqui amanhã, mas não fiquem tristes porque na segunda se assim oSenhor me permitir estarei de volta com mais um Love Me. Fiquem com o Papai do céu, nãose esqueçam de orar antes de dormir e o nosso quadro na sexta para fazer os pedidos deorações não acontecerá, mas enviem os seus pedidos para o número 9918XXXXX que estareiorando por vocês, ótima noite a todos. — Ele finaliza o programa e fico triste por saber que eusó o ouvirei novamente daqui a três dias.

As suas palavras deixaram-me pensativa sobre orar antes de dormir, um desejo muitogrande me invade e mesmo sem saber orar peço a Deus que proteja a mim e a minha família eque me dê uma boa noite de sono.

Fico deitada em minha cama esperando o garoto da Rádio me responder, mas ele nãofaz isso e acabo adormecendo sem receber a minha resposta.

***

Mais uma vez sou acordada com o barulho do despertador em meus ouvidos. Esfrego

os meus olhos e me espreguiço, pego o meu celular e vejo algumas mensagens. Olho todos naesperança de ter a resposta do garoto da rádio, mas não tem nada, apenas mensagens do Felipe,Paula e da operadora. Respondo-os e levanto indo para o banheiro.

Escovo os meus dentes, tomo uma ducha, quando termino me seco, enrolo a toalha emmeu corpo e vou até o meu closet, abro o mesmo e olho as minhas roupas.

Preciso comprar roupas novas.Alguns minutos escolhendo a roupa perfeita para este dia ensolarado, finalmente acho

uma, me visto, penteio os meus cabelos, calço um vans branco, me viso no espelho e faço umamaquiagem básica.

— Agora sim, perfeita — falo comigo mesma e dou-me por pronta.Pego a minha mochila, com algumas coisas dentro, penduro em meu ombro e saio do

meu quarto. Desço as escadas e me sento na mesa para tomar o meu café da manhã, os meus

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pais já estão à mesa com seus jornais matinais.— Bom dia família — cumprimento e espero a empregada servir o meu suco.— Bom dia filha — falam em uníssono, me olham, sorriem e voltam a atenção para os

seus jornais.Tomo o meu café da manhã, em seguida me despeço dos meus pais e sigo para a

garagem, adentro em meu carro e sigo para a faculdade.

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CAPÍTULO 8.

Adentramos na sala, me sento no mesmo lugar de sempre e logo o tal de Hugo, o nerd,entra. Ele me lança um sorriso nervoso e senta em seu lugar. Olho discretamente para trás oolhando, os seus cabelos castanhos estão levemente bagunçados, ele arruma os óculos em seurosto e pega um caderno dentro da sua bolsa, então virá para frente e me flagra olhando-o. Virobruscamente para a frente e engulo em seco.

Por que eu estou olhando para esse garoto? E por que tanto ele como aquele loiro medeixam, sei lá?

Tiro esses pensamentos bobos da minha cabeça, o sinal bate e todos os alunos entram,então esperamos o professor, mas o mesmo não chega. Entretanto, quem entra na sala é o nerdloiro que esqueci o nome, ele não está de óculos normais e sim de óculos escuros, o que éestranho. Ninguém anda de óculos escuros dentro da faculdade, mas esses nerds inventam cadamoda. Ele tem os cabelos loiros bem penteados, veste uma calça jeans, sapatênis, camisa poloe uma jaqueta preta.

— Bom dia — ele nos cumprimenta e não deixo de admirar a sua voz rouca comsotaque paulistano, ela me lembra a de alguém. — O professor Vagner pediu para que vocêsfossem assistir a aula hoje na sala de administração I, obrigado pela atenção. — Quandotermina de dar o aviso se retira.

Reviro os olhos e bufo.— Ninguém merece, agora teremos que levar as nossas cadeiras para a outra sala —

resmungo.— Verdade — Paula concorda bufando.Ponho as minhas coisas dentro da mochila e tento pegar a minha cadeira, mas é muito

pesada.

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— Posso ajudar você? — Hugo pergunta, a sua voz me deu uma coisa estranha noestômago.

Preciso mudar de faculdade ou de turno, esses nerds estão deixando-me maluca. Achoque preciso colocar na cabeça que o garoto da rádio, jamais seria um nerd, ainda mais umdesses dois. Ele me olha esperando a resposta e mesmo com raiva aceito a sua ajuda.

— Sim, por favor — bufo.Ele sorri, pega a carteira como se estivesse levantando uma carteira de papel e sai com

ela pela porta até a outra sala. Caminho com ele e entramos na sala, Hugo põe a minha carteirano fundo da sala, próximo de onde tem uma mochila preta.

— Pronto — ele diz e sorri arrumando os óculos.— Obrigada. — Sorrio sem humor e me sento, logo ele volta para buscar a certeira dele

e as meninas entram na sala acompanhadas de dois meninos que trazem as carteiras delas. Elassentam ao meu lado e logo a dona da mochila ao meu lado volta e se senta.

Ainda bem que ela não é uma nerd.Com todos os alunos da minha sala em seus devidos lugares o professor entra e começa

a aula. O nerd loiro e o moreno sentam-se juntos, o loiro continua com os óculos escuros. Eleescreve algo no caderno, depois tira os óculos e esfrega as têmporas. Lentamente ele olha paratrás e nossos olhores se encontram, o seu olhar é tão intenso fazendo-me não conseguir respirarnormalmente, a voz do professor nos faz quebrar o olhar e olhamos para a frente. Prestoatenção no que o professor explica.

O professor de matemática passa alguns exemplos para respondê-los, depois pede paraque alguém os resolva na lousa, cruzo os meus dedos para que eu não seja chamada.

— Guilherme, poderia resolver este para nós? — o professor indaga e o nerd loiro quese chama Guilherme, assente.

— Claro professor. — Ele sorri sem mostrar os dentes, troca os óculos escuros pelos degrau e caminha até a lousa.

Guilherme resolve o problema muito rápido, mas claro ele é nerd. Reviro os meusolhos e presto atenção aos outros exemplos que o professor passa.

Finalmente a aula termina e bate para irmos para casa, me despedi das meninas e deFelipe que ficou de ir me buscar às 20h00 para irmos jantar. Entro no meu carro e sigo para aminha casa.

Não demora muito e já estou na minha residência, estaciono o meu carro. Desço e sigopara dentro de casa, cumprimento os meus pais que se encontram em casa, por incrível que

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pareça, e subo para o meu quarto. Tomo um banho, troco de roupa e desço para almoçar.

*** Às 19:30 começo a me arrumar, já estou triste porque só ouvirei o garoto da rádio

segunda e fiquei magoada pelo fato dele ainda não ter me respondido, fiquei me segurandopara não enviar uma nova mensagem para ele. Porém Patrícia Queen nunca é rejeitada muitomenos se rebaixa, não é porque amo a sua voz que vou ficar correndo atrás dele e ele tambémtem a sua vida fora da rádio.

Depois do banho pego o vestido que havia escolhido para sair com Felipe essa noite,ele é todo de renda na cor nude, na altura do meu joelho com um detalhe atrás deixando asminhas costas nuas, mas não muito decotado. Penteio os meus cabelos deixando-os ondulados,faço uma maquiagem noturno básica, calço um salto preto com algumas pedrinhas brilhantes.Olho-me no espelho e estou pronta. Pego a minha carteira de mão e o meu celular, que nessemomento vibra indicando uma nova mensagem, penso ser do Felipe avisando que já está àminha espera, entretanto sou surpreendida quando vejo que o remetente é o garoto da rádio.Abro a mensagem.

Garoto da Rádio: Olá moça, desculpa por não ter respondido antes, recebi muitas

mensagens de ouvintes pedindo orações e acabei achando a sua somente agora. Masrespondendo à sua pergunta: acho que ninguém está tão interessado em saber o meu

nome, eles só gostam de me ouvir, então acho que não é muito interessante e importante,entende?

Esse garoto não sabe como eu me importo em saber quem ele realmente é.O respondo.

Eu: Para mim é importante saber quem é você ou pelo menos o seu nome :3

Envio a mensagem e desço às escadas, logo que chego no último degrau encontro osolhos de Felipe. Ele está todo arrumado e com um sorriso nos lábios.

— Uau! Você está perfeita — elogia e segura a minha mão desferindo um beijo.— Obrigada, você também não fica atrás. — Sorrio.

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— Obrigado. — Pisca para mim.Aviso aos meus pais que já estou saindo e caminhamos de mãos dadas até o carro dele.. Já no carro o meu celular vibra e rapidamente o pego abrindo a mensagem do garoto

da rádio. Garoto da Rádio: Bom, não é querendo ser chato e tudo mais, só que eu me sinto

mais à vontade assim: escondido em meu estúdio sem ninguém saber quem sou, seninguém saber quem sou não irão me julgar, eu acho rsrs

Balanço a minha cabeça e dou um leve sorriso.

Eu: Então você é um verdadeiro mistério e já que não sei o seu nome, voucontinuar a te chamar de "garoto da rádio" e tudo bem não saber quem é você, afinal o

que me faz gostar mesmo de você é a sua voz ;)

Aperto em enviar e mordo o meu lábio, guardando o celular.Esse mistério todo só está aguçando ainda mais a minha curiosidade.

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CAPÍTULO 9

— O que você vê tanto nesse celular? — Felipe indaga com curiosidade.— Ah, estou conversando com as meninas — minto e dou de ombros, ele me olha

desconfiado e torna a prestar atenção na estrada.O meu celular vibra duas vezes deixando-me ansiosa e curiosa. Respiro fundo e tendo

controlar a minha ansiedade para respondê-lo logo. Chegamos no restaurante, Felipe estaciona,desce e abre a porta para mim em seguida. Agradeço com um sorriso e entramos norestaurante, logo somos recepcionados por um garçom que nos leva até a mesa reservada.

O restaurante é um dos mais caros e luxuosos do Rio de Janeiro, localizado nos pontosturísticos de Copacabana, há algumas pessoas no local, toca uma música ao vivo lenta,deixando tudo mais romântico e sofisticado. Chegamos à mesa e Felipe puxa uma cadeira paramim.

— Obrigada, amor — agradeço e me sento. Ele sorri e senta em seu lugar.O garçom nos entrega o cardápio e logo escolho o que vou querer, Felipe faz o mesmo,

então o garçom volta e fazemos os nossos pedidos.— Então, segunda-feira fazemos dois anos e cinco meses de namoro, daí pensei que a

gente poderia comemorar indo para a casa de Praia dos meus pais, o que você acha? — elepropõe e me olha com expectativa.

Segunda tem o programa do garoto da rádio e eu não estou pronta para ficar sozinhacom Felipe. É, para algumas pessoas pode ser estranho, mas eu ainda penso em ficar sozinha ànoite toda com um homem quando ele for o meu esposo. Por mais louca que eu seja, semprepensei assim e sei que Felipe já esperou bastante, no entanto se ele realmente me amar, teráque esperar até a gente casar, se algum dia isso realmente acontecer.

— Fê, olha, eu sei que você têm as melhores intensões e quer fazer desse dia especial,

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mas eu não estou pronta para ficar sozinha... é... você sabe, só nos dois e tal — falo e sorrioamarelo.

— Patrícia é sério, estamos juntos há tempos e eu já te esperei tempo suficiente paravocê saber se realmente sou o cara que você quer. E se eu for, acho que não tem por que vocêficar sempre fugindo — diz demonstrando a sua indignação.

As suas palavras me surpreendem, mas a pergunta é: ele é realmente o homem que euquero?

— Se você realmente me amasse Felipe, sim, você esperaria até o dia em que eu quiserdormir com você e eu só vou fazer isso se um dia a gente casar, coisa que acho bem difícil —digo o olhando e levanto furiosa saindo do restaurante.

Ele pensa que sou o quê? Que vou me entregar a ele somente porque ela já cansou deesperar? Ele está muito enganado.

Ouço Felipe me gritar, mas não dou moral. Continuo a caminhar, então vejo um táxi eaceno, o mesmo para e entro dando o meu endereço.

Pego o meu celular na carteira e já abro as mensagens olhando duas do garoto da rádio.

Garoto da Rádio: OK, confesso que gosto de "o garoto da rádio" :)Sabe, às vezes me pergunto o que vocês veem em minha voz rsrs eu não acho nada

demais.

Dou um sorriso, ele pode até não achar a sua voz interessante, mas eu amo e acreditoque uma boa parte das suas ouvintes também.

Eu: Hahaha pois eu gosto, sei lá a sua voz é incrível e quando você fala sobre amor

faz com que esse sentimento seja ainda mais bonito, dito através dos seus lábios.P.S: a sua voz me deixa com um frio na barriga. :3

Envio a mensagem e espero a sua resposta, mas então sou surpreendida quando vejo

que ele está me ligando. O meu coração acelera e a minha respiração não encontra caminho emmeus pulmões. As minhas mãos tremem e fico na dúvida se atendo ou não, então suspiro fundoe atendo.

— Oi — atendo fechando os olhos e sentindo o meu coração querer sair para fora.— Oi, tudo bem? — indaga, a sua voz é suave e parece música.

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Ai, meu, Deus! O meu subconsciente grita, junto com o meu coração.— Eu estou bem, obrigada. E você? — Mordo o meu lábio tão forte que sinto um leve

gosto de sangue.— Eu estou bem graças a Deus. Então quer dizer que a minha voz deixa você com um

frio na barriga? — ele indaga com um certo divertimento e quero socar a sua cara.Suspiro e tento me controlar, eu ficaria ouvindo a sua voz para sempre. Ela me parece

familiar, como se eu já tivesse ouvido, talvez pelo fato de ouvi-lo pela rádio.— É... E você me perguntando isso está me deixando nervosa e tímida. — falo e ouço a

sua risada, que é tão linda quanto a sua voz.— Ah que é isso, relaxa e tanta imaginar que sou o seu amigo que você conversa

normalmente.Como se fosse fácil né querido?— Estou tentando. — digo. — Então, senti falta de ouvir o seu programa hoje. —

Demonstro a minha tristeza e ouço ele dar um suspiro.— Tive um probleminha de saúde e o médico pediu para que eu não saísse de casa

hoje. — A sua voz é cansada e fico preocupada.— Nossa, mas você já está melhor? — indago com preocupação.— Sim, sim, nada com que eu já não esteja preparado para receber. — Ele sorri.— Ah que bom, então. — Sorrio.O taxista para em frente minha casa.— Só um minuto — falo ao telefone.— OK.Pago o taxista e entro pelos portões da minha casa, cumprimento os meus pais, aponto

o celular informando que estou falando com alguém e subo as escadas.— Oi, ainda está ai? — pergunto.— Sim. Ainda aqui. — Ri.— Ata, então, garoto da rádio, me conte um pouco mais sobre você — peço.— Eita... Bom, eu tenho 20 anos, tenho 1.80 de altura, sou solteiro e evangélico e

quem sabe mais para frente eu te conte mais sobre mim. — Ele faz suspense e sorrio.Ele é solteiro, tenho que comentar com Kátia sobre isso.— Você gosta de um mistério, né?Ele ri.— Um pouco, eu só tenho medo que as pessoas não gostem de mim quando souberem

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quem realmente sou.— Por que você acha isso? — indago.Me sento em minha cama e tiro os meus sapatos.— Talvez porque sou alguém diferente.— Você realmente é e acho que é por isso que admiro o seu trabalho — confesso, a voz

dele pelo celular é ainda mais perfeita que pelo rádio.— Obrigado! Você é muito gentil, moça. — Ele ri e acabo rindo também. — E você,

conte-me um pouco sobre você?Sorrio.— Bom, tenho que confessar que o meu nome não é Carol, como havia dito por

mensagem — confesso.— Sério? E por que usou outro nome?— Sei lá, vergonha talvez. Mas me chamo Patrícia Queen, tenho 18 anos, morena,

tenho 1,60 de altura e só.De repente ele fica em silêncio.— Oi, está ai? — pergunto.— Ah sim, sim.Ficamos mais alguns minutos conversando e se não fosse pelo fato dele dizer que tinha

que desligar porque acordará cedo amanhã para ir à igreja, eu não teria desligado.Estou começando a achar bem estranho o fato de eu estar tão interessada em alguém

que ouço apenas a voz e que mal sei sobre ele.

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CAPÍTULO 10.

ALGUNS DIAS DEPOIS... Alguns dias já se passaram e tudo está do mesmo jeito. Bom, menos a minha

fascinação pela voz do garoto da rádio. Sim, eu o ouço todos os dias e conversamos quasesempre por chamadas e mensagens, estamos nos tornando amigos e ele é atencioso, gentil, àsvezes penso que ele não existe. Ele ainda é um mistério, não sei quase nada a seu respeito,entretanto parei de querer saber sobre a sua vida, pois acredito que no momento certo ele serevelará para mim. Também as nossas conversas são tão intensas sobre coisas da vida que nãotemos tempo para discutir sobre as "nossas vidas". Durante esse tempo aprendi muitas coisascom ele.

Na faculdade está a mesma coisa, os dois nerds tem faltado bastante ultimamente,principalmente o loiro chamado Guilherme. Não que eu me importe com algum deles.Terminei com Felipe de vez, fiquei muito chateada com a forma que ele me tratou norestaurante, antes não me via vivendo sem ele, mas hoje que tenho alguém para conversar eque me dá muito mais atenção que ele me dava, não sinto nem a sua falta. A minha vida vemsendo normal, igualmente antes, continuo sendo a patricinha mais desejada da faculdade, agorasolteira e com um fetiche por locutores — um locutor para falar a verdade.

Termino de me arrumar para mais um dia de aula. Estou vestindo uma saia longa, umablusa sem manga preta e calço uma rasteirinha, os meus cabelos estão com um rabo de cavaloe em meu rosto há uma leve maquiagem. Pego a minha mochila e desço as escadas. Os meuspais estão na sala. — Bom dia, mãe, pai. — Deposito um beijo amoroso no rosto de cada um.

— Bom dia filha — diz minha mãe de forma carinhosa.— Bom dia princesa — responde o meu pai sorrindo.

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Me despeço deles e vou em direção ao meu carro. Estou atrasada então tenho que meapressar para chegar pelo menos no segundo horário. Saio da minha casa em direção afaculdade.

***

Chego na faculdade, estaciono o meu carro e praticamente corro pelos corredores, bato

na porta e a professora mais chata do mundo me olha com cara feia.— Desculpa senhorita Queen, mas só poderá entrar no próximo horário — ela diz,

olhando-me com os olhos castanhos por trás dos seus enormes óculos de grau.Rolo os olhos e bufo. Saio pisando firme, recebendo alguns olhares.— O que é, nunca me virão não? — pergunto com indignação e eles abaixam as

cabeças voltando aos seus afazeres.Povo idiota.Entro na biblioteca, não cumprimento nem a bibliotecária e procuro uma mesa, vazia.Os meus olhos vasculham a sala e vejo que o nerd loiro está aqui, ele está com os seus

óculos no rosto, na frente dos seus belos olhos azuis, está com fones de ouvido e copia algumacoisa. Ele levanta a cabeça, me encara e depois volta a sua atenção para o que estava fazendo.Só então percebo que somente a mesa em que ele está, está vazia.

Hoje não é meu dia.Bufo e caminho até a mesa, sentando-me próximo a ele. O mesmo me encara e rolo os

olhos, abro a minha mochila e retiro os meus fones e celular.— Oi — ele me cumprimenta, a sua voz está rouca, muito rouca. Ele fala baixo e a sua

voz me dá certo desconforto, um arrepio.— Oi — falo sem ânimo.Ele me dá um rápido sorriso de lado e mesmo assim é lindo.Abaixo a minha cabeça, mexendo em meu celular e percebo que ele está me encarando,

engulo em seco. Então o encaro, ele é o primeiro garoto que me olha intensamente, os seusolhos azuis brilham, mas tem uma certa distância, sei lá. É como se ele quisesse guardar alembrança do meu rosto, sinto as minhas bochechas ficarem coradas e me repreendo por isso.

— Por que você está me olhando assim? — indago.— Assim como? — pergunta na maior inocência.— Como se estivesse olhando para mim e ao mesmo tempo, os seus olhos ficam

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distantes — digo cerrando os olhos.Então ele arruma os óculos no rosto e abaixa a cabeça fitando os seus cadernos.— É apenas impressão sua — diz e põe o fone de ouvido novamente.Dou de ombros.Eu hein, que garoto mais estranho.Ele continua com as suas atividades e eu com as minhas, mas é impossível não deixar

de admirar a sua beleza. Os seus fios loiros caem levemente sobre a sua testa, a sua pele muitobranca, os lábios rosados movendo-se lentamente, indicando que ele está lendo, a suas mãosgrandes, segurando firme a caneta. Eu daria a voz do garoto da rádio a ele, ou daria a suafisionomia ao garoto da rádio, já que o mesmo não me disse como ele é. Bom, só tiraria essesóculos horríveis e não seria tão nerd.

— Agora é você que está me olhando, estranho. — Me assusto ao ouvir a sua voz e ficovermelha por ser pega mais uma vez no flagra.

Encaro os seus olhos, ele sorri de lado revelando os seus dentes brancos e alinhados edois pequenos furos nos cantos da sua boca.

— Eu não — falo me recompondo.Ele sorri, então o sinal toca e saio quase correndo da biblioteca.Que garoto mais idiota.Balanço a minha cabeça e entro na sala, recebendo olhares curiosos. Me sento na

frente, pois o lugar continua vazio.— O que aconteceu para você chegar atrasada? — Kátia pergunta baixinho.— Dormi demais, como sempre. — Dou de ombros e ela ri.— Pelo menos teve a sorte de não ter que aguentar dois horários da bruxa — Paula diz

sussurrando e dou um sorriso discreto.A professora começa a sua aula chata e alguns longos minutos depois, finalmente bate

o sinal para o intervalo. Eu e as meninas saímos da sala e vamos em direção a cantina dafaculdade.

Encontro Felipe e os amigos dele, reviro os olhos e ele me dá um sorriso.— Patrícia, posso falar com você rapidinho? — pergunta.Desde quando terminamos ele insiste em me convencer a dar mais uma chance a ele.— Não tenho tempo agora, Felipe — digo e caminho até a cantina.Todos no refeitório ficam olhando para nós, afinal somos os populares e saber que

terminamos ainda é meio inacreditável para algumas pessoas.

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Compro o meu lanche, um suco natural de laranja e duas coxinhas de carne de soja. Meviro e alguém bate bruscamente em mim, fazendo o meu suco derramar na minha blusa, o meusangue ferve. Todos começam a rir da situação.

— Desculpa moça, eu não vi, foi sem querer.

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CAPÍTULO 11

Hugo me olha e o fito brava, aperto as minhas mãos com tanta força que sinto a minhaunha cravar na palma da mão. Ele tenta me ajudar, mas não deixo.

— Me deixa em paz, seu imprestável — grito com desprezo e saio pisando firme.Às pessoas me olham e fico ainda mais furiosa, caminho até a minha sala, pego a

minha mochila e saio para o estacionamento. A raiva é tanta que as lágrimas banham a minhaface.

Me encosto em meu carro chorando e desço até o chão.— Patrícia, deixa eu ajudar você. Tenho uma camisa limpa no meu carro se você

quiser... — Guilherme oferece, mas eu o encaro ficando de pé, cerro o maxilar e fungo.— Guilherme, me deixa em paz. Desde quando você e aquele seu amigo idiota

entraram nesta faculdade a minha vida se tornou um inferno. Me. Deixa. Em. Paz — falo comfrieza pausadamente e entro em meu carro.

Olho pela janela e vejo os seus olhos azuis olhando-me com decepção, acelero e saio omais rápido que posso. Talvez eu tenha sido dura com ele, não foi ele quem derramou suco emmim. Mas eu estou com tanta raiva de todo mundo. Que droga!

***

Quando chego em casa, me tranco no meu quarto. Me jogo na minha cama, pego o meu

celular, conecto o fone de ouvido, coloco uma música e ponho no volume máximo. Tentoesquecer que estou toda molhada de suco e do dia terrível que tive hoje.

Fico fitando o teto e em meus pensamentos vem o garoto da rádio, ele é o único quetem me acalmado esses dias. Pego o celular e envio uma mensagem para ele.

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Eu: Oi, está por ai?

Deixo o celular do meu lado, enquanto espero a sua resposta. Alguns minutos depois o

meu celular vibra indicando uma mensagem, abro a mesma e viso a resposta do garoto darádio.

Garoto da Rádio: Oi :) sim, estou. Tudo bem com você?

Logo que vejo a sua resposta, toda a raiva que havia em mim some e um sorriso brota

em meus lábios.

Eu: Mais ou menos e você?Aperto em enviar.

Garoto da Rádio: Estou bem. Mas o que aconteceu?Eu: Tive um dia daqueles, na faculdade hoje nada estava a meu favor :( acredita

que um nerd idiota esbarrou em mim, me fazendo derrubar suco na minha roupa.Garoto da Rádio: Nossa, que tenso. Mas por que "nerd" idiota? O.o

Suspiro e me sento na minha cama.

Eu: Porque não gosto de nerds.Garoto da Rádio: Por que você não gosta? O que eles fizeram para você? Acho

que o garoto esbarrou em você sem querer :3

Engulo em seco.

Eu: É talvez. Tirando isso que ele fez, ele não fez nada para mim. Mas eu nãogosto de nerds, talvez um dia eu te conte, desculpa eu não gosto de falar sobre isso sabe? :

(Garoto da Rádio: Entendo, tudo bem :)

Quando se sentir à vontade para falar sobre isso sabe que estarei aqui para ouvi-

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la :*

Sorrio ao ler a sua mensagem. Ninguém nunca foi tão atencioso comigo como essegaroto. A gente nem se conhece e eu me sinto bem com ele, como se nos conhecêssemos hámuito tempo.

Eu: OK, obrigada. Mas tudo seria mais fácil se eu te visse pessoalmente :)

Cada dia o desejo de conhecê-lo aumenta mais, todos os dias eu fico imaginando como

esse desconhecido é, ele não tem redes sociais e fica ainda mais difícil saber quem ele é. Garoto da Rádio: Moça, você ainda não está pronta para me conhecer. Ainda não.

E só uma dica: eu sei quem você é e onde estuda. ;)

O quê? Como assim ele sabe quem sou?

Eu: Hã? Como assim você sabe quem sou? Você me conhece de onde? Como? :oGaroto da Rádio: Patrícia, você não sabe quem sou, mas eu sei quem é você. Estou

mais perto de você, do que imagina. :D

Fico boquiaberta por saber que ele me conhece. Eu nunca contei onde estudo para ele,tudo isso está me deixando ainda mais curiosa para saber quem ele e que o mesmo está pertode mim.

Eu: :O Oh! Me dá só mais uma dica, você estuda na mesma faculdade que eu?

Garoto da Rádio: rsrs' Sim. Estudo, talvez um dia eu me revele, mas quando vocêestiver pronta. Ah e sobre não gostar de nerds, lembre-se: Deus ama a todos, eu não sei o

motivo que você teve, mas garanto que se você conhecer a Jesus você entenderá tudo epassará a amar e gostar das pessoas independente de quem elas sejam. :) E talvez eu

possa ser um nerd e estudar na mesma sala, não sei...

As suas palavras sempre me deixam sem saber como respondê-lo e o final dessamensagem me deixou sem conseguir respirar direito.

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A maneira que ele fala de Jesus também me deixa sem saber o que falar, fazer e agir. Eele deixou-me curiosa para saber sobre esse Deus e Jesus que ele tanto fala.

Eu: E como eu faço para conhecer esse Jesus que você fala?

P.S: Não sei porque, mas não consigo imaginá-lo como um nerd.Garoto da Rádio: Se você quiser, todas às noites depois do programa, posso

contar sobre ele. Se você o conhecer, ele mudará a sua vida e você será ainda mais feliz :)P.S: Olha que eu posso ser. ;)

Eu: Então eu aceito :)P.S: Você é quem eu menos imagino não é verdade?Garoto da Rádio: Ótimo, você não se arrependerá :)

P.S: Sim :p Sorrio.

Eu: Assim espero. Agora tenho que tomar banho e almoçar. Te encontro às

20h00?Garoto da Rádio: Sim. Vista a sua melhor roupa e me aguarde rsrs.

As suas palavras não deixam de arrancar sorrisos dos meus lábios.

Eu: Pode deixar garoto da rádio, estarei à sua espera. :) Ainda bem que você ésolteiro porque se não, a sua namorada iria ficar com ciúmes ao ver como você escreveu

essa mensagem hein rsrs.Garoto da Rádio: kkk ainda bem né, mas não pense bobagens hein...

Eu: Rsrs' OK OK. Tchau :*Garoto da Rádio: Tchau, se cuida moça.

Sorrio e guardo o meu celular. Entro no banheiro com um sorriso nos lábios, vou

admitir uma coisa: esse garoto mexe comigo de uma forma diferente. Isso só pode ser loucurada minha cabeça, é possível começar a gostar de alguém apenas por ouvir a sua voz?

Eu nem sei quem ele é, a gente só se fala há algum tempo. É, eu realmente estouficando maluca. Tento tirar esses pensamentos da cabeça, entro debaixo do chuveiro e deixo a

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água cair sobre o meu corpo, lavo os meus cabelos.Quando termino o meu banho, me seco, visto uma roupa qualquer, seco os meus

cabelos com a toalha, os penteio, calço um chinelo e desço para almoçar.

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BÔNUS: GAROTO DA RÁDIO.

— Essa garota está mexendo com você, né? — minha irmã pergunta.— Acho que sim. Mas ela me odeia, na verdade ela odeia todos os nerds — falo

jogando-me ao seu lado em minha cama.— Isso é muita loucura mesmo. — Ela ri. — Como você pode estar interessado em

alguém que só ouviu a sua voz? — indaga. — Quer dizer, vocês se veem, mas ela não sabequem é você.

— Também não sei. Mas enquanto eu puder, irei me esconder dela. Ela não está prontapara conhecer O garoto da Rádio como ela me chama. — Rio.

— É assim que ela chama você? — pergunta rindo.— Uhun.— Eu hein. Mas ela é bonita? — indaga com as sobrancelhas erguidas.Dou um sorriso ao lembrar de seu rosto perfeito, os seus cabelos negros como a

escuridão, os seus olhos verdes como esmeraldas.— Ah sim ela é. Não é à toa que ela é a patricinha mais desejada da faculdade —

murmuro.— Hum. Mas você sabe que só poderá pensar em ter algo com ela quando ela for

evangélica, né?— Eu sei, bom pelo menos ela aceitou conhecer mais a respeito dos ensinamentos de

Deus. — Sorrio.— Já é um bom começo. — Ela sorri de lado.— É. Mas tenho medo de que ela não goste tanto assim de mim quando me ver ali na

sua frente — digo triste.— Ei, você é lindo maninho, é uma pessoa maravilhosa e se um dia ela realmente

gostar de você, ela vai gostar pelo que você realmente é. Se ela está toda boba apenas por teouvir, imagina quando te ver — diz rindo e dá um tapinha de leve em meu ombro.

— Talvez. Mas vamos parar de coisa porque você sabe a minha realidade, né? Aliás,ela é apenas uma fã que gosta da minha voz assim como as outras. — Dou de ombros.

— As outras não ficam mandando mensagens para você assim, muito menos contamsobre o seu dia e tudo isso que vocês fazem e pode apostar: Isso aí, ainda vai dar coisa —

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assegura, sorri e sai do quarto.Fico deitado fitando o teto e pensando nas palavras da minha irmã. Mas tenho que

esperar em Deus, todas as coisas ele sabe e se ele fez eu conhecer essa garota é porque ele templanos em nossas vidas. Acredito que a minha missão é fazê-la ver o mundo de outra maneira eter humildade.

Mas cada dia minha vida vai tomando um rumo diferente, se ela soubesse quemrealmente sou não sei o que pode acontecer. Acho que não devo imaginar coisas demais, porenquanto eu só posso aproveitar ao máximo olhar para o seu rosto, porque em pouco tempoisso não será mais possível.

***

Acordo cedo, hoje não irei à faculdade, tenho que ir com meu pai na empresa resolver

não sei o que lá.Saio da cama, me ajoelho e faço uma oração.— Senhor Deus, obrigado pela oportunidade de mais um dia, quero te pedir que perdoe

os meus inúmeros pecados e me proteja por onde quer que eu vá. Estas bênçãos te peço eagradeço, em nome de Jesus. Amém! — finalizo a oração e me arrasto até o banheiro.

Entro e me viso no espelho. Vejo a minha imagem um pouco embaraçada. Ligo atorneira e deixo a água cair em minhas mãos, lavo o meu rosto, escovo os dentes, começo a medespir, em seguida tomo uma ducha.

Quando termino o banho, me seco, enrolo a toalha em minha cintura e caminho até omeu closet. Pego uma calça jeans lavagem escura, uma camisa polo branca e uma jaqueta decouro preta, em seguida visto-os. Penteio os meus cabelos desgrenhados, passo perfume, calçouma bota preta e dou-me por pronto.

Pego o meu celular, óculos e saio do quarto. Descendo às escadas, encontro os meuspais e a minha irmã já na mesa. Somos uma família pequena, mas bem unida graças a Deus.Cumprimento-os.

— Bom dia família. — Deposito um beijo no rosto da minha mãe e na minha irmã. Eaperto a mão do meu Pai.

— Bom dia filho. — Meus pais falam em uníssono.— Bom dia, maninho.Me junto a eles, então a empregada serve o meu café da manhã.

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— Obrigada, Maria — agradeço, ela sorri e se retira.— Então — minha mãe começa. — Estava pensando, que você poderia ajudar o seu pai

na empresa — diz.Tomo um gole de suco e viso minha mãe.— Mãe, eu sei que você acredita até demais em mim. Mas a senhora sabe a minha

realidade — falo sem ânimo.— Filho, o seu problema de saúde não pode te impedir de fazer as coisas. Você é

jovem, não vai ficar somente dentro de casa quando acontecer o inevitável, queremos quecontinue a fazer as coisas que faz. — A sua voz é cheia de carinho e osseus olhos brilham.

Sei que ela só quer me ajudar e não aceita o fato de que em breve, a minha situação iráficar meio que ruim. Em breve precisarei de alguém para me ajudar e não poderia sequerdescer as escadas da minha casa sozinho.

— Sei que quer o meu bem, mãe. Mas por enquanto, estou muito bem sendo umlocutor e é algo que eu gosto. Ainda não sei porque faço administração — digo e termino deme alimentar.

— Porque em breve você assumirá os negócios da família.— Agradeço por acreditarem tanto em mim — falo amigavelmente.— Sempre, filho — diz meu pai e sorri.Sorrio. Alguns minutos depois, o meu pai e eu seguimos para a empresa. A minha mãe

ficou em casa e a minha irmã foi para a escola.

*** Chegamos a empresa, meu pai estaciona o carro, em seguida descemos e entramos no

enorme prédio com uma vidraça por toda sua frente. Passamos pela recepção, as secretáriasnos cumprimentam, algumas me lançam sorrisos. Sempre que venho aqui as meninas nãoparam de me olhar, fico até constrangido.

As meninas da igreja, fazem de tudo para chamarem a minha atenção, o meu pai éobreiro e por isso estão sempre no meu pé. A maioria delas ouvem ao meu programa, algumasaté sabem que sou eu o locutor misterioso e ficam me elogiando na igreja. Mas nunca gostei deser o centro das atenções, por isso sou um nerd na faculdade, esquisito na empresa e umexcluído na igreja, gosto de estar no meu canto, quieto e observando o movimento. Aindaassim faço cada bobagem na faculdade que só sendo um atrapalhado mesmo faria.

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Entramos no elevador e esperamos o mesmo subir até o último andar, onde fica oescritório do meu pai. Vamos passar o dia resolvendo coisas e mais coisas, mas queria mesmoera estar na faculdade vendo aquela patricinha me olhar e em seguida querer me mandar para oespaço.

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CAPÍTULO 12

Finalmente a hora no relógio marca 19h55m a mesma hora em que sempre fico àespera do garoto da rádio. Sentei-me no mesmo lugar de todas às noites, em minha varandasentindo a brisa roçar em meu rosto e a escuridão entrar em meu quarto.

Então novamente a sua maravilhosa voz ecoa através da rádio e fones, o meu coraçãobate forte como se eu estivesse frente a frente com ele, um sorriso brota dos meus lábios emordo o mesmo para tentar me conter.

— Horizonte FM 20h01m, ótima noite aos apaixonados de plantão nesta terça-feira.Estamos começando mais um Love Me, com muita música, amor e paixão especialmente paravocê. A partir de agora até às 21h00 tocando o seu coração, venha e participe comigo liguepara 353XXXXX ou 9918XXXXX, estou aqui para atender ao pedido de todos e obrigado pelasua sintonia, quero mandar um abraço para minha ouvinte fiel Carol. — O meu coração faltasaltar pela boca quando ouço o nome que falei que era o meu, pedi para ele preservar o meunome e assim ele o fez. Um sorriso brota dos meus lábios. — E a primeira da noite éHorizonte Rosa de Saron, e ofereço a todos os meus ouvintes apaixonados, 20h04m.

A música começa a tocar e envio uma mensagem para o garoto da rádio.Eu: Obrigada por lembrar de mim :)

Envio a mensagem e aguardo a sua resposta, que não demora muito.

Garoto da Rádio: Sempre lembro rs'.

Dou um sorriso e balanço a cabeça em negativa, minutos depois o programa volta ao are a sua voz rouca ecoa, todas as vezes que eu o ouço sinto algo diferente em meu coração. Já

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tem algum tempo que eu o ouço, mas a grande pergunta é: somos capazes de nos apaixonar poralguém apenas por ouvir a sua voz? Acredito que sim, o que sinto por esse desconhecido é algoque nem sei explicar, é novo, bom e puro. Não sei dizer direito, sei apenas que me sinto bemfalando com ele.

É demais apenas por saber que esse garoto da voz tão divina existe, já me deixa feliz eao mesmo tempo nervosa. Ninguém nunca havia me deixado assim: nervosa, ansiosa e feliz,como ele. Eu o aguardo todas às noites como uma coisa sagrada que eu precisasse parasobreviver. As suas palavras mexem comigo, me fazem me sentir alguém melhor. Sabe aquelaspessoas que sempre tem a resposta para as suas perguntas e te acalmam? Ele é assim, isso éalgo quase: impossível, surreal. Ele pode ser qualquer pessoa da faculdade e isso está mexendocom a minha cabeça e coração.

Ele vai para o intervalo comercial e nesse momento alguém bate na porta do meuquarto. Saio da varanda e caminho até a porta abrindo-a. Fico surpresa ao ver quem é.

— O que você quer, Felipe? — indago fitando-o.— Eu preciso falar com você, por favor, me deixa falar pelo menos por uma vez — ele

implora.Suspiro, reviro os olhos e dou passagem para ele entrar no quarto.— Rápido, estou fazendo uma coisa importante — aviso e fecho a porta.Ele passa os dedos entre os cabelos, suspira e me olha.— Olha, eu sei que o que eu falei foi uma idiotice. Mas naquele dia eu tinha discutido

com os meus pais e estava de cabeça cheia...— Hum, ai você descontou a sua raiva em mim? — o interrompo.— Olha, desculpa tá?! Mas eu não queria falar aquilo, eu te amo Patrícia e por você eu

espero o que tempo que for. A a gente está junto há tanto tempo, não podemos deixar que umabobagem dita da boca para fora acabe com o que a gente construiu. Somos o casal perfeito, apatricinha e o popular, sabe a gente se ama e temos tudo haver um com o outro — ele diz, seaproxima de mim, segura o meu rosto e acaricia.

As suas palavras só me deixam mais confusa, é claro que eu ainda sinto algo por ele,mas esse garoto da rádio está me deixando tão confusa. Porém, acho que deveria dar umachance para Felipe, afinal, acho que estou apaixonada apenas pela voz desse garoto e talvez agente nunca chegue a se conhecer pessoalmente. São tantos pensamentos e dúvidas.

— Me dá só uma chance de provar que te amo — ele pede, olhando-me nos olhos.Suspiro.

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— Tudo bem. Uma chance — falo e ele sorri.Sorrio ainda com dúvidas sobre a minha resposta. Felipe segura em minha nuca e sela

os nossos lábios com um beijo, seguro em sua nuca e acaricio os seus cabelos. Dou porencerrado o beijo quando lembro que já deve ter começado o programa.

— É, a gente se vê amanhã? Preciso fazer uma coisa importante — digo e sorriomostrando os dentes.

— Mais importante que eu? — Faz bico.— Não, mas é algo da faculdade que tenho que entregar amanhã — minto e faço uma

cara de tédio.— Ah, ninguém merece — diz bufando e me puxa envolvendo-me em um abraço.Inalo o seu perfume másculo, ele afaga os meus cabelos, sinto o seu corpo quente e o

seu coração batendo lentamente. Era para eu me sentir bem em seus braços, mas os meuspensamentos não cansam de comparar Felipe com o garoto da rádio e fico imaginando comoseria estar assim: abraçada com ele, alguém que nunca conheci ou pelo menos acho que não. Ese Felipe fosse o locutor misterioso? Impossível, ele está aqui comigo, não tem como.

Ele se despede com um selinho e sai do meu quarto. Fecho a porta rápido e coloco osfones.

— Infelizmente o nosso programa chegou ao fim. Mas não fique triste, amanhã seDeus me permitir estarei de volta no mesmo horário tocando o seu coração com as melhoresmúsicas. Falando de Deus e amor. Fiquem com o papai do céu e uma ótima noite a todos —ele se despede e fico triste por não ter ouvido o programa todo.

Uns dois minutos depois o meu celular toca, olho no visor e vejo o número do Garotoda Rádio. Arregalo os olhos, o meu coração outra vez bate freneticamente, a minha respiraçãofica falha e as minhas mãos tremem. Isso são sensações que queria sentir com Felipe, mas issonão acontecia nem quando começamos a namorar e agora é que acho difícil mesmo deacontecer. Deslizo o meu dedo na tela e atento a chamada.

— Oi — atendo tímida.Meu Deus, estou parecendo uma garotinha que está falando a primeira vez com um

cara.— Oi, boa noite. — A sua voz está mais rouca no celular que pelo rádio.— Boa noite. Tudo bem? — pergunto.Me sento em minha cama e mordo o meu lábio para conter o nervosismo.— Estou com uma dor de cabeça, fora isso tudo bem e você?

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Sempre que acontece algo com ele fico preocupada e sinto uma vontade enorme decuidar dele. Suspiro e tento pensar que tenho namorado novamente.

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CAPÍTULO 13

— Estou bem, obrigada — respondo.— Que bom. É, bom. — Ele dá um longo suspiro e fico preocupada. — Não dá mais

para a gente conversar por torpedo. — Ele diz e fico sem entender.— Por quê? — indago.— Porque eu gosto mais de ouvir a sua voz. — Ele diz e dá uma risada.Suspiro aliviada, por um momento achei que ele iria pedir para pararmos de nos falar.— Ah sim, então é recíproco. Porque amo ouvir a sua voz! — falo e mordo os meu

lábios.Ele gargalha.Fico imaginando como deve ser esse sorriso, se ele tem covinhas, mas logo afasto esses

pensamentos.— Temos isso em comum, gostamos de ouvir a voz um do outro — ele brinca e sorrio.— Isso é verdade. Mas aí a gente só poderá se falar à noite — digo e minha voz acaba

saindo triste.— Mas as nossas conversas valerão a pena — ele assegura.— Sendo assim, tudo bem — digo animada. — Posso perguntar uma coisa? —

pergunto e mordo a minha unha.— Claro, o que eu puder responder.— Você tem covinhas? — questiono e ouço ele dar uma gargalhada, que é tão linda

quanto a sua voz.— Sim, tenho covinhas — responde sorrindo.Uau, ele deve ser muito lindo. Amo homens com covinhas.— Uau, isso é incrível — digo.

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— Se você diz né — diz divertido e sorrio.Ficamos horas conversando, ele me falou um pouco sobre a bíblia e coisas sobre a

humildade e pela primeira vez, alguém abriu os meus olhos para pensar que a forma que eucostumo tratar as pessoas é totalmente errada. O que eu mais gosto nesse garoto é o fato delesempre me dizer as coisas sem ter medo que eu o trate mal ou fique brava e é por isso que eugosto dele.

Infelizmente já estava muito tarde e temos aula amanhã, então tivemos que desligar.— Até amanhã.— Até amanhã — me despeço.Desligamos a chamada, então desço até a cozinha e pego algo para comer. Em seguida

retorno ao meu quarto, escovo os dentes, visto o meu pijama e adormeço.

*** Mais um dia na faculdade, as aulas mal começaram e já quero férias novamente. Saio

do meu carro com a minha mochila pendurada em meu ombro, travo o carro e sigo para dentroda faculdade. Logo no portão encontro os dois nerds que me perseguem, no mesmo momentoas palavras do garoto da rádio sobre maltratar às pessoas e que pode ser supostamente um delesinvade a minha mente. Suspiro e deixo o orgulho de lado, caminho até eles que estãoconversando algo.

Sabe o que é bem estranho neles dois? É que estão sempre juntos e os dois usamóculos, mas o loiro está de óculos escuros.

— Oi meninos. — Chego e chamo a atenção deles. Ambos me olham por trás dos seusóculos. — Olha, eu queria pedir desculpas pela maneira que tratei vocês ontem. Desculpamesmo, eu estava com a cabeça cheia — falo, Hugo tem o olhar surpreso, já Guilherme nãoposso ver o que os seus olhos dizem, pois os óculos não permitem isso.

— Tudo bem Patrícia. Eu que peço desculpas por derramar o suco em você e pelo livrono rosto outro dia — Hugo diz e dá um sorriso nervoso.

Olho bem para o seu rosto e ele tem covinhas.Sim, tenho covinhas. A voz do garoto da rádio ecoa em meu subconsciente. Balanço a

minha cabeça e tento tirar essa paranoia da cabeça.— Quanto a mim, tudo bem. O que me disse ontem, entrou por um ouvido e saiu pelo

outro — o loiro diz, observo a sua boca rosada movimentando-se enquanto fala.

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— OK. — digo e arrumo a minha bolsa em meu ombro. — É... só uma pergunta, vocêé loiro natural mesmo? — pergunto e eles sorriem.

Senhor, eles são dois paraísos.— Sim. Natural — responde e sorri de lado, deixando a mostra um furo em sua

bochecha.É eu vou ficar louca querendo descobrir quem é o garoto da rádio, todos resolveram ter

covinhas agora.— Amor? — Felipe aparece e me chama. Percebo que os dois meninos fecham a cara e

ficam sérios.Caminho até Felipe.— Oi. — Sorrio.Ele olha para os meninos por cima dos meus ombros e me dá um beijo. Interrompo o

beijo e observo os olhares curiosos dos alunos, Felipe põe o braço por trás da minha cintura ecaminhamos abraçados até o meu armário. Felipe me solta, pego um livro meu e caminhamosaté a minha sala.

— O que você estava conversando com aqueles idiotas? — indaga curioso.— Nada, só me desculpar — digo indiferente e dou de ombros.— Hum — murmura.Chegamos a minha sala, ele me dá um selinho e entro. Encontro Kátia e Paula e sento-

me em meu lugar de costume.— Olha só quem chegou, senhorita Queen — Paula diz divertida.— Olá, senhorita Fernandes — falo sorrindo para a mesma.— Você e o Felipe voltaram? — Kátia pergunta e Paula me olha com o semblante

sério.— Sim, ele foi lá em casa ontem e a gente voltou — conto.— Você disse que não voltaria com ele — Paula diz e noto resquícios de chateação.— Mas voltamos, aliás por que você está chateada? — questiono e ela virá o rosto.— Não estou chateada, só surpresa — responde com indiferença e dá de ombros.— Hum. — Olho desconfiada para ela.Todos os alunos entram na sala, a professora entra logo atrás e começa a aula.

***

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A hora do intervalo chega e caminho junto das meninas até a cantina. Quandochegamos no pátio está uma folia de pessoas para lá e para cá, Daniel sobe em cima de umamesa e chama a atenção de todos.

— Recado ai para os populares. Festa hoje na minha casa às 21h00, conto com apresença de todos — grita e todos prestam atenção ao que ele diz.

— Você vai? — Kátia me pergunta.— Não sei não — falo sem ânimo. — E você?— Também não sei.— Eu não perco uma festa por nada — Paula diz e joga os seus cabelos longos para

trás.Dou de ombros e compro o meu lanche, em seguida me sento em uma mesa vazia,

afastada de todos e observo os alunos. Pela primeira vez eu os observo com outros olhos, cadapessoa vivendo a sua maneira importando-se apenas consigo mesmo. Há algumas meninaspopulares que estão sentadas em uma mesa distante, conversando e rindo, provavelmente estãofalando de cabelos, unhas, compras, garotos. Eu sei porque eu costumava ser como elas,ultimamente eu venho me sentindo no lugar errado, com pessoas erradas. Há também unscinco meninos e meninas em outra mesa, com os seus óculos no rosto e os seus livros sobre amesa, uns meninos conversam coisas aleatórias e Felipe está com eles. Olho para o ginásio evejo de longe Guilherme, ele continua usando os óculos escuro, está com os fones, sentado emum dos bancos e parece olhar para o nada. Mesmo de longe dá para ver os seus fios loiroscaindo perfeitamente sobre o seu rosto.

— Oi. — Felipe me tira de transe e sorri.— Oi. — Sorrio sem mostrar os dentes.

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CAPÍTULO 14

— Você vai para a festa na casa do Daniel, né? — pergunta. Felipe vira a cadeira,senta-se com as pernas abertas e os braços apoiados nas costas da cadeira e me fita.

— Acho que não — falo e termino de comer o meu sanduíche natural.Ele ergue as sobrancelhas e cerra os olhos.— Por quê? — questiona.— Porque não quero ir. Você irá beber e vai ser a mesma merda da festa de outro dia

— digo o olhando.E também, por que não quero perder o programa do garoto da rádio, completo

mentalmente.— Ah não gata. Eu juro que não vou beber, vou ficar só com você. — Ele promete e

rolo os olhos.— Não prometa algo que você não cumprirá — falo e ergo a sobrancelha.— O que você tem, hein? Está muito diferente esses tempos. Desde quando Patrícia

Queen se senta sozinha em uma mesa? Não gosta de ir a uma festa e pede desculpas aos nerdsque tanto odeia? — questiona olhando-me.

Engulo seco. Pior que ele tem razão, eu quase não me reconheço mais, desde quandocomecei a ouvir o garoto da rádio os meus pensamentos e atitudes tem mudado.

— Ah, só estou cansada. Sei lá — bufo.Ele me olha desconfiado. O sinal bate, me despeço e saio praticamente correndo para a

minha sala.

***Finalmente cheguei em casa, depois de uma manhã chata na faculdade, saio do meu

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carro com a minha mochila, travo o mesmo e entro em casa. Encontro a minha mãe sentada nosofá folheando uma revista qualquer.

— Oi mãe — cumprimento, ela me olha e me lança um sorriso.— Oi querida — diz amigavelmente.Me sento ao seu lado e dou um longo suspiro, ela deixa a revista de lado e me olha.— O que você tem, meu amor? — indaga e passo a mão em meu rosto.— Mãe, a senhora já se sentiu como se estivesse no lugar errado, com pessoas erradas?

— questiono frustrada e ela me olha sem entender onde quero chegar.— Como assim, filha? — pergunta.Me ajeito no sofá.— Desde quando eu retornei à faculdade, eu me sinto diferente, tipo eu fui a uma festa

com o Felipe e as minhas amigas. Um lugar em que há um tempo eu queria muito estar, masentão eu me senti deslocada, como se a minha vida fosse uma completa mentira, sabe?! —digo e esfrego as minhas têmporas.

— Filha, me ouça — começa. A olho, ela segura as minhas mãos e sorri. — Talvezvocê nunca foi mesmo esta garota que você é hoje, por isso está sentindo-se assim.

— Será mãe? — questiono.— Acho que sim. Mas será que isso tudo não tem influência de alguém não? — indaga

e me olha desconfiada, então dou um leve sorriso.— Então. — Mordo o meu lábio e olho para as nossas mãos. — Acho que sim.— Hum. — Ela ri. — Então me conte, mas você não voltou com o Felipe? — Ergue as

sobrancelhas.— Sim voltei, mas não sei se foi o certo. Então, o garoto que está me deixando

intrigada e me fazendo questionar as minhas próprias escolhas... eu não sei nem o seu nome,ele é o... Ele é um locutor de uma rádio que eu tenho ouvido há algum tempo — digo e mordoo meu lábio, ela me olha por alguns minutos e sorri.

— Como assim, filha?— Eu ouvi o programa dele um dia e amei a sua voz, porque é tipo: perfeita. Então

desde esse dia eu nunca mais parei de ouvir o programa dele, é um programa romântico egospel. Eu peguei o seu telefone e mandei uma mensagem pedindo uma música e então a gentecomeçou a conversar. Mãe, eu sei que isso é muito louco, mas ele me compreende comoninguém, ele me trata de uma forma que me faz ser especial e só de ouvir a sua voz, o meucoração bate forte. Sinto como se tivesse borboletas no estômago — digo sorrindo e sinto que

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eu estou cada dia me apaixonando por esse garoto desconhecido.— Filha, que lindo — diz de forma carinhosa. — Será que é capaz de se apaixonar por

alguém apenas por ouvir a sua voz?— Parece que sim. Ele disse que me conhece e que estuda na faculdade, mas que eu

ainda não estou pronta para conhecê-lo.— Isso é meio perigoso, mas você disse que ele é evangélico, né?— Sim.— Legal. Mas digo uma coisa para você: no momento certo você o conhecerá e acho

que se você já não ama mais o Felipe, você deveria terminar com ele e ser quem vocêrealmente está desejando ser. Afinal, popularidade não é tudo — ela diz e pisca para mim. — Evocê nem sempre foi uma popular.

— É verdade — concordo pensativa.Eu nem sempre fui essa garota que sou hoje. Por incrível que pareça eu já fui uma nerd.

Sim eu já fui, mas sofri tanto na escola que acabei me tornando fria, alguém popular e odiandopessoas que são como eu era.

— Mas me diga, qual o nome dá rádio que esse garoto faz o programa? Quero ver se avoz dele é tudo isso mesmo. — Ela ri e me faz rir também.

— É a horizonte FM, ele é anônimo, mas o programa é perfeito mãe.— Pelo jeito que você fala é mesmo.Sorrio.— É. Eu o chamo de: o garoto da Rádio.— Oh, gostei. — Ela sorri.Ficamos alguns minutos conversando, depois vou para o meu quarto. Tomo um banho,

visto uma roupa qualquer e desço para almoçar.

*** Decidi ir ao shopping com Kátia e Paula, ultimamente tenho ficado bastante em casa.

Depois de me arrumar, pego as minhas coisas e sigo em direção ao shopping. Fiquei deencontrar as meninas na praça de alimentação.

Coloco uma música para tocar enquanto dirijo. Os meus pensamentos trazem aspalavras da minha mãe à tona, talvez ela tenha razão, eu nunca quis verdadeiramente ser quemsou. Talvez esteja na hora de mudar e ser eu mesma. O garoto da rádio sempre me disse para

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ser humilde, talvez ele fale que eu não estou pronta para conhecê-lo porque não sou humildeou talvez ele é uma grande surpresa para mim e só irei conhecê-lo quando eu for quemrealmente sou. Não a Patrícia mesquinha, popular e esnobe que sou agora.

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CAPÍTULO 15

Passei à tarde no shopping e foi até divertido, fizemos compras, fomos ao cinemaassistir um filme, passei em uma livraria e comprei um livro evangélico que me chamouatenção. O título é: Ela me trouxe a salvação, conta a história de um rapaz que saiu da igreja eas suas escolhas tiveram serias consequências. Só li a sinopse, mas me pareceu muito bom.

Agora estou indo para a minha casa, as meninas vieram em seus carros e cada uma foipara sua casa.

Sinto falta de conversar com o garoto da rádio, sempre estávamos conversando portorpedo, ele já estava fazendo parte da minha rotina, mas aguardo ansiosa por sua ligação.Olho a hora no relógio do meu pulso e marca 18h57m, acelero e não demora muito estou emfrente à minha casa. O portão se abre para mim, entro, estaciono, desço e caminho para dentrode casa. Encontro os meus pais assistindo a um filme juntos na sala, eu acho lindo o amordeles. Mesmo ricos e cheios de preocupações com os negócios da empresa, eles sempre achamum tempo para estarem juntos e comigo.

— Olá meu casal favorito — falo e me jogo em cima deles que estão deitados no sofá.— Você está pesada hein, filha — brinca o meu pai rindo e beijo o seu rosto.— Estou nada — digo rindo.Minha mãe me abraça e beija o meu rosto. Os abraço com carinho.— O que vocês acham de irmos passar o final de semana na casa de praia? — propõe o

meu pai.— Eu acho ótimo — diz minha mãe.— Eu também, vai ser legal para que eu possa esfriar a cabeça e pensar algumas coisas

— falo e mordo o meu lábio.Nossa casa de praia fica em Angra dos Reis e lá é perfeito.

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O meu pai me olha com os olhos cerrados e minha mãe tem um sorriso nos lábios.— O que está perturbando a minha menina, hein? — o meu pai indaga e me abraça.— O quê ou quem? — mamãe diz e olho para ela, deixando a mostra que não queria

falar isso com meu o pai, ela ri pondo a mão na boca.— Quem? Como assim? — questiona.— Nada pai é só coisa de mulheres, não é mãe? — A olho.— Isso mesmo amor — Ela diz sorrindo e ele assente desconfiado.— Bom, vou deixá-los assistir em paz. Vou tomar um banho — aviso.Dou um beijo neles, que assentem e saio de cima deles subindo as escadas em direção

ao meu quarto.Abro a porta e entro a fechando atrás de mim. Coloco a minha bolsa em seu lugar,

começo a me despir, em seguida vou para o banheiro e tomo uma ducha. Quando termino, meseco, enrolo a toalha em meu corpo, saio do banheiro e vou até o meu closet, pego uma camisafolgada e visto com uma calça moletom, seco os meus cabelos com a toalha, depois penteio omesmo, passo perfume e desço para jantar.

Joana me serve o jantar, quando termino volto para o meu quarto e escovo os dentes.Pego o meu celular e olho a hora, são 19h30h. Mordo o meu lábio em ansiedade, pego o fonede ouvido, calço um chinelo e vou para o jardim da minha casa. Me sento em um banco,coloco o fone, ponho as minhas pernas em cima do mesmo e ouço uma música, enquanto oprograma não começa. Fico relendo as minhas conversas com o garoto da rádio e meperguntando o porquê dele falar que não estou pronta para conhecê-lo.

No entanto, o que me faz ficar fascinada por ele é justamente esse mistério, será queque ele é um nerd? Provavelmente sim, já que ele se esconde, normalmente os popularesquerem se exibir a qualquer custo. Talvez seja por isso que ele não se revela para mim e dizque ainda não estou pronta para conhecê-lo, ele deve ter medo que eu vá rejeitá-lo, devido aomeu ódio por nerds. Ah meu Deus, nunca ninguém me deixou tão perdida e sem saber o quefazer.

O meu celular vibra e vejo uma mensagem de Felipe.

Amor queria ver você, estou com saudades. :(Pensei que ele havia ido para a festa de Daniel, as meninas foram.Ler a mensagem dele só me fez ver que já não sinto o mesmo sentimento que sentia

antes. Era para na hora que eu lesse a mensagem um desejo incontrolável de vê-lo chegasse até

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mim, mas pelo contrário eu só anseio ficar o mais longe possível dele e a ansiedade de ouvir ogaroto da rádio só aumenta a cada minuto que passa.

Talvez ter voltado com Felipe foi uma péssima escolha. Querendo admitir ou não, eusinto algo por alguém que apenas ouvi a voz, sinto que ele está mais perto de mim do queposso imaginar, ele é alguém que vê quem realmente sou e desejo ser. O seu jeito de mecompreender é surreal, acho que a cada dia estou me apaixonando por alguém que nuncatoquei ou o vi, pelo menos eu acho que não, né?

Acabo não respondendo a mensagem de Felipe. Então a voz que tanto me encanta ecoaatravés do rádio, a sua voz rouca e suave fazendo os meus pelo enrijecerem, a minha bocasecar e o meu coração bater acelerado.

Todas as noites ele começa o programa da mesma forma e eu já sei de cor as suasprimeiras falas. Percebo então, que senti a sua falta durante todo o dia e que ao ouvi-lo é comose eu tivesse esperado a vida toda para isso e uma felicidade enorme bate em meu peito apenaspor ouvir a sua voz.

Queria enviar uma mensagem e falar que senti a sua falta, mas não quero ser grudenta.Ele já deve saber que voltei com Felipe e talvez a nossa amizade não fique tão íntima comoera, ele é um garoto reservado e conservador, na verdade ele é um ser raro. Espero que ele meligue quando o programa chegar ao fim, quero dizer que senti saudades e muita falta deconversar com ele durante todo o dia e que não via a hora de chegar à noite para me encontrarcom ele através da rádio.

Hoje é dia dele atender chamadas ao vivo.— Olá boa noite, com quem eu falo? — ele pergunta.— Boa noite. Eu me chamo Isabella e eu só liguei para dizer que eu sou muito a sua fã

e agradecer, porque depois que comecei a ouvir o seu programa a minha vida mudoucompletamente. E peço a música: Espera por mim – Marcela Taís e ofereço especialmentepara você.

Ao ouvir as palavras da garota senti um sentimento estranho surgir dentro de mim.Ouvir o que essa garota falou me deu um certo desconforto, porque ela está falando para eleexatamente o que sinto desde o dia que ouvi a sua voz. Senti raiva das palavras dela e medo deperdê-lo.

Pela primeira vez eu senti ciúmes.

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BÔNUS: GAROTO DA RÁDIO.

O meu dia foi bastante corrido e desastroso, mas graças a Deus aqui estou eu para mais

uma noite. Estou meio chateado com a Patrícia, o que é estranho, pois não somos e não temosnada. Fiquei sabendo que ela voltou com o ex-namorado e eu não gostei muito, mas quem soueu para falar algo? Ela nem sabe quem sou e provavelmente se um dia descobrir nunca maisfalará comigo. Então tudo o que me resta é ouvir a sua doce voz através do celular. Passei o dialouco para falar com ela, mas me contive, ela tem namorado agora e não é certo ficarmosconversando como fazíamos.

— Maninho, hello, terra chamando... — A voz da minha irmã me tira de transe.— Ah! É... Oi? — digo atordoado e ela me olha desconfiada com as mãos na cintura.— O que você tem, hein? Faz horas que falo com você e você ai no mundo da lua. —

Ela ergue a sobrancelha.Esfrego as minhas têmporas e solto um longo suspiro.— Nada Elena, só estava pensando — digo tentando disfarçar e procuro a mesa de

som.— Sei, desde quando você chegou da faculdade hoje você está estranho. — Ela senta e

segura a minha mão. — Eu te conheço.Bufo.— Realmente. — Passo os dedos entre meus fios de cabelo. — O meu problema é

aquela garota que não sai da minha cabeça. E para piorar, ela voltou com o ex — admito aúltima parte com um nó na garganta.

— Eita mano, mas será que ela o ama mesmo? — indaga.— Não sei. Talvez sim, já que ela voltou com ele. Ele é popular como ela, rico e não é

porque sou homem que não irei dizer que ele não é bonito, porque ele é. Eles super combinam,são o casal favorito da faculdade. Aposta que se ela soubesse que sou um nerd nem falariacomigo — falo e mordo o meu lábio.

— Sei lá, pelo jeito que vocês conversam está na cara que existe uma ligação muitointensa entre vocês. Mas está na hora de começar o programa, ela já deve estar à sua espera. —Ela pisca.

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— Verdade. — Sorrio.A minha irmã me ajuda, ela atende alguns pedidos e os anota para que eu saiba quem

fez o pedido primeiro. Dou início ao programa e sinto uma alegria enorme sabendo que mesmoque Patrícia esteja namorando o Felipe, é por mim que ela espera todas às noites, mesmo queapenas para ouvir a minha voz.

Em algumas noites faço chamadas ao vivo e hoje é um dia, então atendo a primeirachamada.

— Alô, boa noite. Com quem falo? — pergunto com o celular no viva voz, a minhairmã me olha com ansiedade.

— Boa noite. Eu me chamo Isabella e eu só liguei para dizer que eu sou muito sua fã eagradecer porque depois que comecei a ouvir o seu programa a minha vida mudoucompletamente. E peço a música: Espera por mim – Marcela Taís e ofereço especialmentepara você. — Fico surpreso ao ouvi-la falar. E se eu não reconhecesse a voz da minha fielouvinte, diria que era ela.

A minha irmã me olha rindo e mordo o meu lábio, meio sem saber o que falar.— Oh! — exclamo surpreso. — Muito obrigado — digo meio sem jeito, então ela

desliga a chamada e coloco uma música para tocar.— Eita maninho, arrasando corações. Espero que a sua fiel ouvinte esteja ouvindo.

Assim ela se toca que se ela não ter cuidado, pode perder o garoto da rádio para outra fã — dizrindo, me dá um tapinha no ombro e sorrio balançando a cabeça.

— Então, ai o pedido da nossa ouvinte. Agora vamos para um rápido intervalo, não saiadaí. 20h31m — falo e ponho para passar o comercial.

***

O programa terminou e então vim para casa descansar, mas a vontade de ouvir a voz de

Patrícia está sendo maior que a minha tristeza. Sei que ela está esperando a minha ligação,então disco o seu número e coloco para chamar. No segundo toque a sua voz ecoa, fazendo omeu sorriso voltar aos meus lábios e o meu coração bater forte.

— Oi, boa noite — ela diz tímida e sorri.Quando estamos conversando pelo celular ela até parece outra pessoa, quem vê não

imagina que ela possa ser aquela garota patricinha e chata da faculdade. O seu jeito através docelular é dócil, meigo e carinhoso, parece até ser outra pessoa.

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— Oi, tudo bem? — pergunto.— Tudo sim e você?— Estou legal. — Não consigo disfarçar a minha tristeza.— Não parece "legal", o que você tem? O seu problema de saúde voltou? — indaga

com preocupação.Suspiro.— Não, é outra bobagem — digoo tentando soar indiferente.— Sei, você está estranho. Me fala o que é, por favor — implora.Fecho os meus olhos e suspiro.— Fiquei sabendo que você voltou com seu ex. — digo, sentindo uma coisa estranha,

algo que nunca senti antes.— Hum, é isso então. Você está com ciúmes? — indaga com um tom de divertimento.Ciúmes? Eu? O quê?— Hã? Claro que não — minto.— Ah. Mas eu senti quando aquela sua fã falou aquelas coisas para você. — A sua

voz é triste e me dá um aperto no coração.A sua confissão deixou-me surpreso e sem saber o que falar. Ela com ciúmes de mim?

Queria tanto abraçá-la agora.— Mas você não deveria sentir isso Pati. Você deve sentir pelo seu namorado — digo.Fecho os meus olhos e mordo o meu lábio com tanta força que falto sentir o gosto de

sangue.— Eu sei, mas... ah garoto da rádio. Tudo está confuso, sinto que não o amo mais —

ela admite e suspiro.— Então por que está com ele? — questiono.— Nem eu mesma sei. Eu queria te ver — sua voz doce súplica.— Você ainda não está pronta para me conhecer — informo.Ouço ela suspirar do outro lado da linha.— Por quê? — indaga com curiosidade.— Ainda não é o momento — argumento.— E quando será o momento?Me jogo novamente em minha cama e passo os meus dedos em meus cabelos

desgrenhados.— Você saberá quando — afirmo.

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— Hum. Sei que não irá falar mesmo. Então me fale mais sobre o seu Deus — ela pedee abro um sorriso.

— O que você quer saber sobre ele hoje? — pergunto.— Hum. Como você tem certeza que ele ouve você? — questiona.— Através da fé. Você sente o vento certo? — pergunto.— Sim.— Você o vê?— Não.— Pois é. Não vemos, mas sentimos. Assim como o vento, mas o vento podemos saber

que ele existe realmente quando vemos as árvores balançando as suas folhas. Vemos o poderde Deus através da nossa saúde, ele nos protege, cuida de nós — explico.

— Uau, você explicou de uma forma bem mais fácil para que eu compreenda — diz esorri.

— Ah, tento explicar da forma mais simples possível — digo e sorrio.— A forma como você fala de Deus faz com que ele seja perfeito.— Mas ele é perfeito — digo. — Ele fez o céu, o sol, a lua, estrelas, você.— Oh. — exclama surpresa e sorrio. — Então, acredito que ele é perfeito.Continuamos a conversar e quando dei por mim já era quase uma da manhã.— Ei, vou te enviar um presente amanhã — aviso.— Sério? — indaga sem acreditar.— Sim.— Oba! — exclama. — Mal posso esperar para saber o que é.Sorrio. Infelizmente tivemos que desligar a chamada, então minutos depois adormeci.

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CAPÍTULO 16

Sou acordada pelo barulho estridente do meu despertador. Bato a minha mão em cimado mesmo e ouço o seu barulho quando choca-se contra o chão.

Ah garoto da rádio, sua culpa ter ido dormir tarde ontem.Saio da minha cama lentamente, entro no banheiro, escovo os dentes de olhos fechados

ainda, em seguida tiro a minha roupa e tomo um banho gelado para mandar embora o sono e apreguiça. A minha conversa com o garoto da rádio ontem foi diferente das outras vezes,pareceu-me que havia sentimentos intensos entre de nós, uma ligação mútua. E querendo ounão admitir: estamos nutrindo um sentimento desconhecido, tanto para mim, como para ele eisso é algo que só vem crescendo a cada dia.

Termino o meu banho, me seco, vou até o meu closet, visto uma calça moletom cinza,uma blusa branca, calço um vans da mesma cor, faço um rabo de cavalo, passo perfume,coloco o meu relógio de pulso, me viso no espelho e dou-me por pronta.

Pego a minha mochila e desço as escadas, encontro os meus pais mais uma vezsentados à mesa com os seus olhos vidrados em seus jornais.

Queria saber o que há de interessante em jornais, ainda mais pela manhã.— Bom dia, mãe, pai — cumprimento, eles me olham, dobram os seus jornais e focam

suas atenções em mim.— Bom dia princesa! — o meu pai me cumprimenta.— Bom dia filha! — diz minha mãe amorosa e sorri.Dou-lhes um sorriso, pego uma fruta, dou um beijo neles e me despeço, seguindo até o

meu carro e indo para a faculdade.No caminho para o meu destino, ligo o som do carro e vou ouvindo uma música

qualquer. Minutos depois estaciono em uma vaga, pego a minha mochila e desço do carro

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travando-o. Penduro a mochila no ombro antes que eu deixe o estacionamento ouço mechamarem.

— Olha só quem está fugindo de mim. — A voz de Felipe me faz olhar para trás,encontro os seus olhos verdes me fitando, os seus cabelos estão levemente bagunçados.

— Ah, oi amor — finjo animação ao vê-lo.Ele caminha até mim, segura em minha cintura, me encosta em meu carro e beija o meu

pescoço.— Nossa, primeira vez que vejo você vestida assim — ele comenta.— Assim como? — questiono.Ele me olha.— Está parecendo uma nerd com essa calça moletom, blusa casual. Nada de

maquiagens e tudo o que você sempre usa — pontua e sinto ironia em sua voz.— Resolvi vir assim hoje, estou tão mal assim? — indago com a sobrancelha erguida.— Prefiro você estilo patricinha — admite e tenta me dar um beijo, mas me esquivo.— Eu estou atrasada Felipe — falo seca e caminho entrando pelos portões da

faculdade.— O que você tem agora, hein? Ultimamente você tem andado bem diferente —

questiona acompanhando-me.Rolo os olhos e suspiro indo pegar um livro em meu armário.— Nada Felipe. Nada! — falo rude.Bato a porta doe meu armário com força e sigo para a minha sala, mas antes não deixo

de trocar olhares com o nerd que derramou suco na minha roupa. Ele me dá um leve sorriso eentro na minha sala.

Nunca mais cheguei com tempo de conversar com as minhas amigas, Paula há algunsdias comentou que ultimamente estou distante e distraída. Acontece que no momento só estouquerendo ficar no meu "mundo" e somente o garoto da rádio fala palavras que realmentepreciso ouvir.

— Olha ela — Paula diz e vem caminhando em minha direção.— Oi Paula — cumprimento.— Tudo bem, sumida? — indaga.— Eu estou bem e você?Ela se senta em seu lugar, em seguida Kátia entra na sala junto de outros alunos e

Hugo.

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— Estou muito bem. — Da um sorriso de lado. — E como você está com o Felipe? —pergunta.

Ergo a sobrancelha, ultimamente ela tem me perguntado bastante sobre o Felipe, coisaque ela não costumava fazer antes.

— Por que você quer tanto saber se estou bem ou não com Felipe? — indago fitando-a.— Por nada, somos amigas, só quero saber como vai a relação de vocês — diz dando

de ombros e a olho desconfiada.— Hum — murmuro.Falamos com Kátia e acabamos marcando de irmos para o shopping hoje, o único lugar

em que sempre vamos. Preciso ir para lugares novos, o Rio de Janeiro é enorme e só vamos aoshopping, mas quero ir sozinha, elas só querem saber de compras, roupas e sapatos. Precisosentir a brisa do vento e conhecer pessoas novas, como o garoto da rádio diz.

***

Finalmente a hora do intervalo chegou, sai quase correndo da minha sala e vim para o

ginásio, quero ficar sozinha um pouco. Caminho até a enorme quadra e me sento nasarquibancadas, observo algumas pessoas e de longe avisto Guilherme, ele está sentado sozinhocom fones e os seus óculos escuros nos olhos. Queria entender o motivo dele estar sempre deóculos, mas confesso que ele fica muito bonito com aqueles cabelos loiros caídos sobre a testae o seu estilo de se vestir. Tanto ele como Hugo são diferentes, os seus olhares me fazem ficarintrigada, tenho uma leve impressão de que um deles é o garoto da rádio, talvez o Hugo, já queGuilherme é bem mais na dele, sempre quieto e com os seus fones e olhos escondidos atrás deóculos escuros ou lentes normais.

Coloco o fone de ouvido e aperto play na música que sempre gostei de ouvir quandomais nova. Antes de entrar na faculdade de administração, o meu sonho era seguir carreiracomo cantora, mas depois de um tempo parei de cantar e tocar violão. Ontem confessei istopara o garoto da rádio e ele me incentivou a voltar a seguir meu sonho e acho que ele temrazão. Já que ele disse que hoje me entregará um presente, estou pensando em fazer algo paraele.

Mas antes preciso pôr um fim de verdade ao meu relacionamento com Felipe, nãotemos mais química, o amor entre nós já não existe há muito tempo e agora sim eu admito:estou apaixonada por alguém que apenas ouço a voz. Não importa quem ele seja e o porquê de

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se esconder, eu preciso vê-lo e sei que irei amá-lo igualmente ou até mais depois que ouvir asua voz pessoalmente.

O sinal indicando que o intervalo terminou toca e sigo para a minha sala, antes observoque o nerd loiro está meio com dificuldade para sair do lugar, fico preocupada com ele. Enguloem seco, deixo o meu orgulho de lado e caminho até ele.

— Guilherme, está tudo bem? — indago.Vejo que ele fica atordoado.— Não — responde baixinho. — Entrou um cisco no meu olho e não estou

conseguindo ver direito, chama o Hugo para mim, por favor — ele pede, retira os óculos eesfrega os seus olhos azuis que estão lacrimejantes e vermelhos.

— OK — falo e corro ao encontro de Hugo.O encontro no corredor e lhe explico o que aconteceu.— Obrigado por me avisar. Mas não precisa ir comigo — fala e me deixa parada no

meio do corredor.Fico curiosa e preocupada.Isso é tudo muito estranho.Vejo a professora entrando para a minha sala, então corro antes que ela me deixe fora.

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CAPÍTULO 17

Chego da faculdade e encontro uma encomenda em cima da mesa no centro da sala,Joana disse que era para mim. Pego a caixa média com um embrulho vermelho e a levo para omeu quarto. Sei que ninguém anda me enviando nada, então acredito ser o presente que ogaroto da rádio prometeu que me enviaria. O meu coração bate acelerado como uma escola desamba, subo as escadas praticamente correndo e jogo rapidamente a minha mochila em cimada cama, me sento e começo a abri-lo.

Sou surpreendida com um mini-rádio cinza e um laço com um bilhete, a caligrafia émasculina e bem desenhada.

Ouça-me!

Ass: Garoto da Rádio

Um sorriso enorme brota dos meus lábios, passo as minhas mãos pelo pequeno rádio ea ansiedade para ouvir o meu programa favorito é ainda maior. Quero ligar para ele eagradecer pelo presente. Pego o meu celular, disco o seu número e ligo, preciso agradecê-lo.No entanto, sou surpreendida por uma voz feminina do outro lado da linha.

— Alô?— Oi, o dono do celular está? — pergunto e acho estranho falar o dono do celular. Mas

não sei o seu nome e também é estranho ele não atender a ligação. Ele sempre está com ocelular.

— No momento não, eu sou a Elena, irmã do garoto da rádio, como você o chama.Mas irei avisar que ligou e peço para que ele te retorne, tudo bem? — pergunta cordialidade.

Um sentimento de alívio toma conta de mim, por um momento pensei que fosse a

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namorada dele e que ele poderia estar me enganado. Fiquei surpresa por a garota saber tantascoisas ao meu respeito.

— Ah, tudo bem, Elena. Obrigada, só diga que agradeço pelo presente e que eu amei— peço.

— Tudo bem. Irei dar o recado.Desligo a chamada. Guardo o meu novo rádio, a mochila e o celular, tomo uma ducha,

em seguida visto uma roupa qualquer e desço para almoçar.Quando desço até a sala, ouço o barulho do carro dos meus pais, caminho até a porta ao

encontro deles e quando os vejo pulo abraçando-os.— Oi minha linda — o meu pai me cumprimenta com carinho.— Filhota, você está grandinha, né? — diz minha mãe sorrindo e sorrio também.— Pois é — falo soltando-os. — Que bom que vieram almoçar em casa — completo.— Queríamos ficar com a nossa menina — o meu pai diz e me beija a bochecha.— Owntt — falo rindo e minha mãe me acompanha.Caminhamos para a sala de jantar, lavamos as nossas mãos e voltamos para a mesa, em

seguida Joana serve o nosso almoço. Conversamos animadamente sobre assuntos aleatórios,quando termino de almoçar vou para o meu quarto, escovo e os meus dentes. O soninho datarde logo bate, então decido tirar um cochilo.

Me jogo em minha cama, aperto o controle da central de ar, abraço o meu travesseiro esorrio, coisa que tenho feito bastante ultimamente, minhas pálpebras fecham-se e adormeço.

***

Acordo e descido não ir ao shopping com as meninas, pego o meu celular e envio uma

mensagem para ambas.

Eu: Desculpa meninas, mas não vai dar para eu ir ao shopping com vocês hoje.Divirtam-se.

Deixo o celular em cima da cama e sigo até o meu closet pegando o meu violão que

está dentro de uma capa preta. Há muito tempo não o pego, se ele não tivesse aqui, estariacheio de poeira.

Pego ele, abro a capa e o retiro de dentro. Olho o meu violão preto com alguns adesivos

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de coração e símbolos de música, sento na minha cama, pego o meu celular e vejo duasmensagens das meninas reclamando por ter desistido de ir ao shopping com elas.

Baixo um afinador em meu celular, enquanto espero olho algumas cifras de músicas daBruna Karla, já aprendi o nome de várias só ouvindo o programa do garoto da rádio. Ameitanto as músicas que passam lá que apaguei as que tinha na minha playlist e substitui pormúsicas Gospels.

O aplicativo baixa, instalo e afino o violão. Quando ele está afinado, olho para asminhas unhas de estão grandes, pego uma tesoura de unhas em cima do criado-mudo e corto-as.

Você merece o sacrifício, garoto da rádio!Os meus dedos tocam levemente nas cordas e a emoção invade o meu peito, sinto cada

nota através das cordas e fecho os meus olhos. Relembrando quando tocava e como me sentialeve, ninguém sabe que toco, a não ser os meus pais. Acho que ninguém além deles e do garotoda rádio conhece a verdadeira Patrícia — a não popular.

Toco a música que o garoto da rádio escolheu para mim na primeira vez que ouvi o seuprograma completo, depois escolho outras até achar a música perfeita para o que tenho emmente.

***

Depois de estar com as pontas dos meus dedos cheias de calos e vermelhas por causa

de eu ter ficado algum tempo sem praticar, guardo o meu violão. Tomo uma ducha, quandotermino, visto uma saia abaixo do joelho, uma blusa com as mangas até o cotovelo, solto osmeus cabelos, passo um gloss nos lábios e calço uma sapatilha. Em seguida, pego o meucelular e coloco-o no bolso da saia, saio do quarto e desço as escadas.

Decidi dar uma volta na praia de Copacabana, esse horário deve estar lindo o pôr dosol, são exatamente 17h45m. Entro no meu carro e sigo para o meu destino. Minutos depois,chego na praia e estaciono o meu carro.

Caminho tranquilamente pelo calçadão observando as pessoas andando para lá e paracá, alguns saindo da praia com as suas roupas de banho, outras sentadas nos quiosques,pizzarias, lanchonetes. Crianças de mãos dadas com os seus pais, outras pessoas andando comos seus cachorros. Desço as escadas e caminho pela areia, tiro a minha sapatilha e sinto a areiae a água em meus pés. O barulho das ondas é como músicas e o vento roçando em meu rosto

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esvoaçando os meus cabelos.Há muitas anos não ando por aqui, desde quando deixei o meu verdadeiro eu apenas

para agradar os outros. Para vocês que ainda não entenderam o meu suposto ódio por nerdsvou confessar o verdadeiro motivo: há um tempo eu fui uma nerd, exatamente como os queodeio na faculdade e pelo motivo de sofrer preconceito por causa dos meus óculos, e roupasestranhas, resolvi mudar o que eu era e me tornei essa pessoa que sou hoje.

No passado já cheguei a ter sobrepeso, cabelos desgrenhados e usava aparelhoortodôntico, o que só aumentava a minha digamos que: feiura. Aos quinze anos tive depressão.Não queria ir à escola, não fazia amigos, me escondia e ainda me escondo, através da máscaraque criei ao longo dos anos e assim fui criando raiva e desprezo pelas pessoas que são como euera antes.

No entanto, eu era muito mais feliz sendo quem eu era antes que hoje e estou disposta atrazer de volta a minha verdadeira essência. Claro, com a aparência um pouco melhor. Ireiviver contra os padrões da sociedade e terei orgulho de quem sou. Quem verdadeiramente meamar, gostara de mim, exatamente como sou, patricinha ou nerd.

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CAPÍTULO 18 Chego na faculdade cedo, pego o meu violão, coloco nas minhas costas e pego a minha

mochila. Travo o meu carro e entro no prédio, recebo alguns olhares curiosos, mas diferentedas outras vezes eu sorrio para eles. Provavelmente está sendo bem estranho ver a patricinhapopular da faculdade vestida de calça de moletom, sapatilha, uma blusa simples e um óculosde grau no rosto. Havia me esquecido de como sair assim é menos trabalhoso, pois todos osdias colocar lentes, fazer maquiagem e ficar horas procurando uma roupa não é fácil.

Caminho direto para a sala do diretor, converso com ele, em seguida vou para a minhasala. Encontro as meninas no caminho, elas me olham com os olhos interrogativos, arregaladose curiosos.

— Patrícia Queen, é você mesmo amiga? — Paula indaga quase gritando.— Sim, querida — falo com desdém.— Sabe, você mais bonita assim — Katia diz, analisando-me.— Obrigada. — Sorrio.Paula ainda tem o olhar reprovativo, finjo não notar e sigo para a sala, elas me

acompanham.Nos sentamos em nossos lugares, então Hugo entra na sala. Nossos olhos se encontram,

ele me olha por alguns minutos, com as sobrancelhas franzidas e um leve sorriso nos lábios,depois segue para o seu lugar. A professora entra e a aula começa normalmente.

— Por que você trouxe, violão? — Katia pergunta sussurrando.— Surpresa! — Sorrio de lado.Ela fica olhando-me com curiosidade e dá um sorriso malicioso. A voz da professora

nos chama atenção e voltamos os nossos olhos para a mesma.— Vou passar um trabalho em dupla, mas eu irei fazer sorteio para que não fiquem só

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as mesmas pessoas. O trabalho será para me entregarem na segunda.A turma toda praticamente resmunga da sua forma de fazer este trabalho, geralmente já

temos o nosso grupo ou dupla, no meu caso é trio. Ela vai sorteando os nomes das duplas.— Bom, a Paula ficará com a Fernanda — diz e arruma os seus óculos no rosto.— Aff, ninguém merece — Paula resmunga e a professora lhe lança um olhar de

reprovação.— Kátia com a Sófia.— Pelo menos, ela é inteligente — Kátia balbucia e sorrio.— Leonardo com a Flora.Ela segue falando os nomes e nada do meu.— A Patrícia ficará com o Hugo. — Arregalo os olhos e a olho.Paula e Katia me olham e sorriem.— Não seremos nós que vamos ficar com nerds — diz Paula com deboche e rolo os

olhos.Depois da professora sortear todos as duplas, tivemos que nos juntar. A cabei sentando

ao lado de Hugo e começamos a conversar sobre o tal trabalho, de perto pude sentir o seuperfume adocicado e observar bem os traços do seu rosto moreno, os seus olhos verdesesmeraldas e os seus cabelos castanhos bem cortados.

Era para eu estar concentrada no trabalho e não admirando a beleza dele, me repreendoe volto a minha atenção para o que ele fala. A sua voz é linda, é quase como a do garoto darádio e fico intrigada. O locutor pode ser qualquer pessoa, ele sempre diz que é quem menosimagino. Eu jamais diria que Hugo poderia ser um locutor. Mas não acredito que não seja ele,a sua voz é bonita, mas não é a do garoto da rádio. A não ser que ele use algo para distorcer asua voz.

O sinal toca para o intervalo interrompendo a minha análise e quase descoberta.— Então, você vai para a minha casa ou eu vou para a sua? Temos que terminar o

trabalho — Hugo diz pondo o seu caderno dentro da sua mochila.— Verdade. No final da aula te passo o endereço da minha casa. Vamos ficar lá, se não

for ruim para você, pode ser? — pergunto.Pela primeira vez eu quero saber a opinião das pessoas, sempre quando tinha trabalho,

era na minha casa e eu nunca me importei se o meu grupo queria ou não que fosse lá.— Por mim, tudo bem — concorda, dá de ombros e me lança um sorriso.— Combinado.

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Sorrio de lado, então caminho até a minha carteira e pego o meu violão. O tiro da capae em seguida saio da sala em direção ao ginásio, onde as pessoas já estão concentradas. Pedipara o diretor da faculdade que me deixasse fazer o que tenho em mente para surpreender ogaroto da rádio. Pedi para que ele comunicasse a todos, para estarem aqui na hora do intervalo.

Caminho entre as pessoas. Um desses garotos é o meu garoto da rádio. Arrumo osmeus óculos sobre o meu rosto e sigo até o final do ginásio onde está o diretor com uma caixade som e um microfone.

— Bom, uma de nossas alunas resolveu fazer algo diferente hoje, por isso pedi apresença de todos aqui. — A voz grave do diretor ecoa pelo ambiente através do microfone. —Agora é com você, garota — diz entregando-me o microfone e pisca o olho.

Sorrio e seguro o microfone, o ajeitando no tripé. Olho os alunos, alguns em pé, outrossentados. Paula, Kátia e Felipe me olham sem entender, olho mais à frente e vejo o nerd loiro eo moreno juntos. O loiro está com os seus óculos escuros, como de praxe, e Hugo têm os olhosvidrados em mim.

— Bom, resolvi fazer uma surpresa para um amigo especial. Sei que ele está aqui, nãoposso saber quem ele é, mas ele sabe quem sou. Esta música é para você garoto da rádio —digo e começo a dedilhar os meus dedos entre as cordas do meu violão.

Todos os olhos estão concentrados em mim. Toco a música: Pra Sempre - ThiagoGrulha.

Eu disse sim, mas não disse agora,eu disse quero, mas em outra hora.

Deixa eu te conhecer, me diga quem é você.Teu olhar me remonta inteiro,

e o teu sorriso é o sol verdadeira,me diga quem é você, deixa eu te conhecer...

A letra da música é tudo o que eu quero falar para o meu garoto da rádio. Felipe me

olha com a mandíbula trincada, sei que ele está se perguntando o porquê de eu estar medeclarando para outro, em público ainda mais.

Termino a música e deixo o violão de lado. Olho a multidão a procura do cara que euamo a voz, fico meio decepcionada por não notar nem um olhar diferente de alguém que possame indicar que é ele.

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— Então, garoto da rádio, me diga quem é você, quando você estiver pronto para medeixar fazer isso. Obrigada a todos — agradeço e caminho entre a multidão de alunos, que meolham com admiração e surpresa.

É a primeira vez que canto e toco em público, ainda mais para alguém que eu nemconheço. Felipe me puxa pelo braço fazendo-me parar.

— O que significa isso, Patrícia? — indaga com indignação.Me solto dele e fito os seus olhos verdes.— Significa que estou pondo um ponto final na nossa história. Sinto muito, mas não dá

mais. A gente termina aqui e agora — falo e saio deixando-o com os olhos arregalados semacreditar que acabei de terminar com ele, em frente a vários alunos que nos olhavam comcuriosidade.

Volto para a sala já sendo confrontada por Kátia. Ela ficou toda boba, quando contei oque vem acontecendo comigo e o garoto da rádio. Embora ele não admita: sei que partilhamosdo mesmo sentimento, querendo admitir ou não, sim estamos apaixonados um pelo outro e nãoimporta quem ele seja, eu só quero que ele fique para sempre em minha vida.

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CAPÍTULO 19

Chego em casa e sigo diretamente para o meu quarto. Guardo o meu violão, mochila eentão o meu celular toca e o meu coração bate acelerado quando vejo quem está me ligando.Atendo a chamada rapidamente.

— Sim. Você está pronta para me conhecer. — as suas palavras deixam-me semacreditar.

— O quê? — pergunto incrédula pensando estar ouvindo mal.— Quero me revelar para você, eu simplesmente amei o que você fez por mim e

embora eu esteja com medo que você se decepcione quando me conhecer, eu quero arriscar. Oque você acha de me encontrar hoje às 20h00 na praia de Copacabana? — indaga, a sua vozé rouca e abafada.

Ai meu Deus!Eu esperei tanto por esse momento que não consigo acreditar no que estou ouvindo.— Sim. Eu te encontro lá — falo com animação, ouço ele dar uma risada, então um

suspiro.Sei que ele está com medo que eu o rejeite.— Não tenha medo, tenho certeza que gostarei de você exatamente como você

realmente é — asseguro.— Assim espero. Mas seja o que Deus quiser, até às 20h00 então. Beijos. — Beijos! — Desligo a chamada e começo a dar pulos e gritos de felicidade.Finalmente vou poder vê-lo frente a frente, quero abraçá-lo e ouvir a sua voz que tanto

amo em meu ouvido. Quero fazer tudo com ele, quero falar que eu gosto dele desde o dia emque eu o ouvi pela primeira vez, quero conhecer a igreja dele com ele ao meu lado. Olha eu

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aqui planejando um relacionamento com ele, nem tenho tanta certeza se ele sente o mesmo queeu sinto por ele.

Tento me controlar, as minhas mãos tremem, o meu coração bate acelerado. Terei umencontro com o garoto da rádio, algo que esperei por quase sete meses, muito tempo parafinalmente ver os seus olhos, o seu rosto. Embora uma voz aqui dentro diga que ele é alguémque já vi, mas desejo mais que tudo poder conversar normalmente com ele.

Obrigada Deus.Tomo um banho para controlar os meus nervos. Deixo a água quente escorrer por meu

corpo relaxando-me. Lavo os meus cabelos com o meu shampoo de morangos, em seguidaesfrego o meu corpo com o sabonete deixando o seu aroma de baunilha em minha pele.Minutos depois, termino, me seco, pego uma toalha enrolando-a em meus cabelos. Saio dobanheiro, caminho até o meu closet, pego uma calça de moletom e uma camisa, penteio osmeus cabelos com uma escova e estou pronta. Saio do quarto para almoçar.

***

A todo segundo verifico as horas em meu relógio, parece que o tempo parou ou é

apenas ansiedade mesmo. Decido dar um mergulho na piscina para ver se consigo passar otempo. Visto um maiô preto e um short da nike alaranjado, passo protetor em minha pele, pegoos meus óculos de sol e desço seguindo para a piscina.

Jogo a minha toalha em cima de uma espreguiçadeira e me sento na outra, coloco osóculos e deixo o sol queimar a minha pele morena. Tento relaxar, mas os meus pensamentosvagueiam para como será estar frente a frente com o garoto da rádio.

Será que ele também está nervoso? Será que ele está com medo de que eu o rejeitedepois de saber quem ele é? São tantas perguntas, mas não importa quem ele seja, ele aindafará o meu coração bater compulsivamente dentro de mim.

O sol hoje está brilhando lá no céu, morar no Rio de Janeiro tem as suas vantagens.Amo o clima daqui, às vezes frio, às vezes quente e eu simplesmente amo isso. Nunca saidaqui, entretanto desejo conhecer outros lugares. Mal posso esperar para depois de amanhã irpara Angra dos Reis, tomar um banho de mar e sentir a calma que aquele lugar me traz. Maspensando bem, não acredito que eu consiga paz depois da noite de hoje.

Sou despertada dos meus devaneios pela voz doce de Joana.— Senhorita, você quer que eu traga alguma coisa para comer? — pergunta, tiro os

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meus óculos e fito-a.Joana é uma mulher muito bonita e a sua filha também, ela trabalha conosco há anos e

eu simplesmente não me vejo vivendo sem os aperitivos de Joana.— Oh! Sim. Me traga um sanduíche natural como só você sabe fazer. Por favor —

peço.— Com suco de maracujá? — pergunta sorrindo.— Sim, você me conhece muito bem — falo carinhosamente.Ela sorri suavemente.— Com certeza. Me aguarde, não demorarei — diz e se retira.Enquanto espero o meu lanche, aproveito para dar um mergulho e me refrescar

sentindo a água fria em meu corpo. Fico imersa por alguns minutos, até os meus pulmõespedirem por ar novamente, então saio da água.

Saio da piscina e me sento onde estava anteriormente. Joana traz o meu lanche equando dá 18h00 vou para o meu quarto tomar banho e me arrumar.

***

Arrumei-me bem antes do horário, ansiedade e nervosismo é o meu sobrenome agora.

Estou usando um vestido amarelo justo até abaixo dos meus seios e rodado descendo até osmeus joelhos com uma jaqueta preta por cima. Os meus cabelos estão soltos e calço um vanspreto. Me viso mais uma vez no espelho, suspiro, passo a mão em meu vestido e então pego aminha bolsa de mão e celular e coloco dinheiro e documentos.

Desço as escadas e encontro a minha mãe à minha espera na porta.— Mãe!— Filha, como você está linda — elogia olhando-me de cima a baixo.— Obrigada, estou bem mesmo? — indago com nervosismo em minha voz e ela sorri.— Primeira vez que te vejo tão nervosa. Mas sim, você está linda. Filha, quero te dizer

que não importa como ele seja por fora, mas sim o que há por dentro. Tome cuidado — diz eme abraça.

— Pode deixar — falo retribuindo o carinho.Me despeço da minha mãe e entro no meu carro saindo em seguida. À noite está

agradável, o trânsito ainda está um caos, mas no Rio é sempre assim, o trânsito daqui é terrível.Deixo uma música ir tocando no som do carro para me acalmar e ver se eu chego ao encontro

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viva e sem arranhões.Observo os carros, às pessoas indo e vindo para lá e para cá. Finalmente chego ao meu

destino, estaciono o meu carro do lado do calçadão, pego a minha bolsa e desço do carro.Espero dois carros passarem pela avenida, então atravesso indo ao lugar que marquei

com o garoto da rádio. Finalmente saberei o seu nome, embora eu ame chamá-lo assim.As minhas mãos transpiram e o meu coração bate forte, estou a alguns centímetros

antes do lugar que irei encontrá-lo. Paro, inspiro e expiro, por fim caminho. Os meus olhos searregalam com surpresa ao ver quem supostamente é o garoto da rádio quando os nossos olhosse encontram.

— Hugo?

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CAPÍTULO 20

Fico paralisada, porque eu tinha quase certeza que era Guilherme.Ele sorri e puxa uma cadeira para mim.— Boa noite Patrícia — cumprimenta.A sua voz não se parece nada com dele, a do meu garoto da rádio.— É... você... É o garoto da rádio? — gaguejo e ele dá um leve sorriso, mas não chega

aos seus olhos.— Não.O olho confusa.— Sei que você veio para encontrar o garoto da rádio, mas não sou eu. Entretanto ele é

meu amigo e infelizmente não deu para ele vir, mas estou aqui para levá-la até ele — explica eergue a sobrancelha.

— Eu não estou entendendo nada agora — falo e o fito.— Eu sei. O garoto da rádio tem um problema de saúde que não lhe permitiu vir, ele

pediu para cancelar e dizer que depois marcaria com você. No entanto eu sei que ambosprecisam se conhecer e não irei deixar que esse problema do meu amigo o impeça de ser feliz.Então, quer que eu te leve até a casa dele? — pergunta.

Fico absorvendo as palavras dele e fico preocupada sobre o estado de saúde do meugaroto da rádio.

— É claro. Eu esperei muito tempo para este momento e eu quero conhecê-lo — digoconvicta.

Embora talvez eu já saiba quem ele é.— Então vamos, ele mora a poucos quilômetros daqui — me chama e levanta-se.Caminhamos até o meu carro, o meu coração bate acelerado, ainda mais que antes, para

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ser mais precisa.Entramos no meu carro e seguimos para a casa do garoto da rádio.— Qual a doença dele? — indago.Hugo me olha e em seguida olha para a estrada.— Acho melhor ele mesmo contar a você — Hugo responde.— Ok, então.Acelero para chegarmos o mais rápido possível.

*** Chegamos em frente a uma mansão quase igual à minha. Estaciono o carro e saímos.— É, finalmente você conhecerá o garoto da rádio — diz Hugo em um tom divertido.Sorrio nervosa.— É. Mas tenho certeza que já sei quem ele é. — Sorrio de lado, ele aperta o interfone

e o portão abre quando Hugo se identifica.Entramos e observo o ambiente, a casa é muito bonita, há um jardim com a grama

verdinha e refletores deixando tudo bem iluminado, também há uma enorme piscina. Então é aqui onde o garoto da rádio se esconde.Caminhamos até a sala onde há um homem, uma mulher e uma menina, acho que é a

Elena. Creio que seja a família dele.— Boa coite — cumprimento.— Boa noite, jovem — a mulher me cumprimenta, caminha até mim e me envolve em

um abraço.— Boa noite moça. — O homem me cumprimenta com um aperto de mão.— Finalmente estou conhecendo você — a garota diz animada e me abraça.Retribuo e sorrio.Eles são muito atenciosos e educados, todos muito bem vestidos e a forma que me

trataram foi mais do que eu esperava. Além de serem loiros muito bonitos, toda a família éloira pelo visto.

— Bom, chega de conversa, né. Tenho certeza que você quer conhecer o meu maninho— Elena diz sorrindo e puxando-me para o andar de cima.

— Espera. E se ele não quiser me receber? Ele nem sabe que estou aqui — falopreocupada e mordo o meu lábio.

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— Relaxa. Pode ter certeza que ele está com mais medo que você. — Ela pisca paramim, abre a porta do quarto e pede para que eu a aguarde.

As minhas mãos estão suando incessantemente e o meu coração está batendo cada vezmais forte.

— Tem alguém que quer ver você, maninho. — Ouço a voz de Elena.— Quem? — ele indaga, então falto desmaiar.A minha boca seca e os meus pulmões não encontram o ar. A voz dele, neste momento

consigo assimilar com a do rádio, telefone e pessoalmente. Como não desconfiei antes? É amesma voz de quando ele entrou na minha sala a primeira vez.

— Alguém que você quer muito falar. Espere ai! — ela diz e me afasto um pouco paraque ela não saiba que eu estava ouvindo a conversa. — Pode entrar e boa sorte. — Ela sorri episca para mim.

Observo Helena descer as escadas e as minhas pernas travam, mas me forço a seguirem frente. É a primeira vez que vou ficar cara a cara com ele, sabendo quem ele realmente é.Então, abro a porta e o vejo. O meu coração bate forte, ele está sentado na cama, os seuscabelos loiros desgrenhados e os seus lábios rosados. Ele tem o olhar vago e distante, masainda assim o azul de seus olhos é perfeito. Desde o início, em meu coração eu sabia que eraele. O seu jeito, a sua voz com aquele sotaque paulistano.

— Quem é? — indaga e o olho confusa.Ele não está me vendo?— Sou eu Guilherme, a Patrícia — falo com a voz trêmula e me aproximo dele.Ele arregala os olhos e fica de pé.— Patrícia? Oh céus. O que você está fazendo aqui? — A sua voz é nervosa e surpresa.— Já que o garoto da rádio não foi ao meu encontro. Eu vim ao dele. — digo e mordo o

meu lábio.Ele volta a se sentar.— É. — Sorri revelando as suas covinhas. — Me desculpa, mas eu na última hora

fiquei com medo — confessa e aperta as suas mãos.Me sento ao seu lado e seguro a sua mão quente, sinto um choque percorrer o meu

corpo.— Medo de quê?Ele engole em seco e passa a outra mão entre os seus fios loiros.— Patrícia, acho que você percebeu que eu não consigo ver você — diz baixo. A Sua

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voz causa-me o mesmo efeito que sempre me causa quando estou ouvindo o seu programa.— Estou aqui para ouvir toda a sua verdade — digo tentando acalmá-lo.Não entendo por que ele não consegue me ver, sendo que na faculdade ele me via

muito bem. Mas tento me acalmar, é muita emoção e tenho que ouvi-lo. Finalmente estoufrente a frente com ele, ouvindo a sua voz rouca e doce, sentindo o calor de sua mão apertandoa minha, o seu cheiro masculino.

— Bom — ele começa. — Me escondi de você porque você me odiava. — Ele sorri. —E também, eu gostava de fazer o programa sendo anônimo, às pessoas ficavam se perguntandoquem eu era. Eu era misterioso e todos gostam de mistérios. Quando comecei o programa,descobri a minha doença. — A sua voz é triste e aperto a sua mão para que ele continue. — Fuidiagnosticado com retinose pigmentar, uma doença nos olhos que me faz ir perdendo a visãocom o tempo, até ficar totalmente cego. Então eu comecei a querer me esconder ainda mais,com medo que as pessoas me julgassem, sabe? Por isso eu sempre usava óculos escuros,porque a luz me deixava com dor de cabeça e os meus olhos ardiam. Até que naquele dia noginásio eu perdi totalmente a visão e eu nunca te agradeci por ter ido até mim naquele dia.

Fico sem saber o que dizer, deve ser terrível o que ele está passando, mas nestemomento tudo o que quero é estar perto dele e abraçá-lo.

— Você não precisa me agradecer, Guilherme. Estou surpresa com tudo isso, mas nofundo eu já sabia que você tinha algo nos olhos devido estar sempre de óculos e também tinhaquase certeza que você era o garoto da rádio. E outra coisa, o que sinto por você só aumentou— confesso.

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BÔNUS: GAROTO DA RÁDIO.

Perder a minha visão era algo inevitável e eu já esperava por isso, todavia, quandochegou fiquei assustado. Viver no escuro é ruim, mas eu creio que Deus me ajudará para queeu possa viver da melhor forma possível.

Eu fiquei com medo da Patrícia me rejeitar, tanto por eu ser quem ela menosimaginava, como pelo fato da minha realidade ser outra agora. É terrível não poder ver o seurosto, o que ainda me consola é ao menos poder senti-la. O seu toque é macio e ela segurafirme a minha mão, inalo o seu cheiro de morangos que tornou-se o meu cheiro favorito.

As suas palavras deixam-me surpreso e contente, no início pensei que ela estaria aquiapenas para dizer o quão decepcionada estava, mas essa era uma atitude da antiga Patrícia, nãodessa.

Olho para onde supostamente ela está.— Você não está desapontada? — indago com um certo receio.— Claro que não. Eu nunca cheguei a contar realmente o porquê de eu dizer que odiava

nerds — ela começa e eu ouço atento.Ela me conta o verdadeiro motivo de agir como agia há algum tempo, quando termina

de falar a voz dela está embargada, então levo a minha mão e encontro o seu rosto delicado.Acaricio a sua pele e sinto os meus dedos molharem com as suas lágrimas.

— Não chore, isso já passou e você é uma nova pessoa. — Sorrio. — Você é muitolinda para ficar chorando — digo acalmando-a e ouço ela sorrir.

— Naquele dia na biblioteca que você ficava me olhando sem parar, o que significava?— pergunta e acaricio o seu rosto.

— Queria gravar o seu rosto na minha memória, para nunca mais esquecer dele,quando eu não pudesse admirá-lo mais — admito.

— Uau! — exclama surpresa. — Não é à toa que você é locutor de um programaromântico — ressalta e funga fazendo-me sorrir.

— Realmente — concordo. — Mas nunca entendi o porquê de você ser tão fascinadapela minha voz — digo e sorrio.

— Ah, sei lá. Ela é doce e rouca. Você mudava a voz na rádio, né? — questiona.

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— Não, mudava quando estava falando com você. — Rio.— Como eu não percebi que era você ali na minha frente? — pergunta sorrindo.— Também não sei. Eu evitava ao máximo você, para não desconfiar — explico.— Eu ficava confusa, às vezes pensava que era o Hugo, depois você. Mas agora eu sei.

— diz e sorrio.— É você sabe. Mas como que vamos ficar? — indago.Eu a amo, desde o dia que eu a vi na faculdade e cada vez que nos falávamos pelo

celular este amor apenas aumentava.— Eu... — Ela suspira — É... Eu não gosto de você somente como uma fã. Eu sinto

algo mais.— Como assim algo mais? — insisto para que ela confesse claramente.— Eu te amo Guilherme ou garoto da rádio.Mordo o meu lábio, queria tanto olhar em seus olhos.— Então temos sentimentos recíprocos — afirmo.Sinto a sua mão em meu rosto e suspiro.— Então me deixa fazer duas coisas que sempre quis desde quando te ouvi? —

pergunta.— Sim.Sou pego de surpresa quando ela me abraça forte, logo envolvo os meus braços ao

redor dela e a abraço, como sempre quis fazer.— Você cheira muito bem — sussurro em seu ouvido e ela sorri.— Você também. — Ela me solta e sinto os seus dedos contornarem os meus lábios. —

Você é lindo, os seus cabelos loiros naturais, os seus lábios rosados e os seus olhos azuisintensos.

— Você também é linda, uma pena eu não poder mais ver os seus olhos verdes quetanto amava olhar — falo triste.

— Você não me vê, mas pode me sentir — diz baixinho, pega a minha mão pondo emseu rosto.

Contorno todo o seu delicado rosto guardando cada traço que os meus dedosencontram. Depois a puxo para mais perto e toco a minha testa na sua. As suas mãos friastocam o meu pescoço, então ela leva a minha mão até sua nuca, fecho os meus olhos, sinto asnossas respirações e ouço os nossos corações batendo acelerados.

Segundos depois os lábios dela tocam os meus, pegando-me de surpresa, mas logo

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retribuo e continuamos o nosso primeiro beijo, cheio de amor, carinho e cuidado. Os seuslábios são macios como imaginei, os seus cabelos sedosos. Ela acaricia os meus cabelos eaprofundamos o beijo. Finalizamos o beijo com selinhos.

— Sonhei tanto com esse dia e está mais perfeito do que imaginei — ela sussurra esorrio.

— Queria que tivéssemos nos encontrado onde marquei — digo.— Estamos juntos agora, então está tudo bem. — Ela me acalma.— Patrícia, eu sou apaixonado por você desde quando te vi na faculdade pela primeira

vez. E eu quero ter você do meu lado, não só agora — confesso.— Está me pedindo em namoro? — pergunta com tom de divertimento na voz.— Então, é... Você aceita namorar com o garoto da rádio? — pergunto tímido.Ela gargalha, nossas testas ainda estão grudadas uma na outra e sinto a sua respiração.— Ai meu Deus! Sim, claro que sim — diz sorrindo e me abraça.Não tenho nem palavras para descrever o que sinto neste momento. A minha felicidade

é enorme em meu peito, finalmente ela é minha e estamos juntos. Conheçamos a conversarapenas há alguns meses, entretanto o que sinto por ela é enorme, jamais senti por outra garota.E minha felicidade é ainda maior porque a última vez que conversamos pelo celular ela estavadecidida a ser evangélica e servir a Deus.

No início disso tudo, eu só queria aproximá-la de Deus, fazê-la conhecer o seu imensoamor e ser a garota humilde que ela era antes. Eu acreditava que Deus tinha uma grandemissão na minha vida e na dela. Mesmo já gostando dela desde quando entrei na faculdade,não tinha a intenção de fazê-la se apaixonar por mim. Na verdade eu achava impossível, masquando Deus quer algo ele faz acontecer.

Algumas pessoas podem achar que é cedo demais, no entanto para mim é o momentocerto. Estou disposto a enfrentar o preconceito que irei sofrer e das as pessoas que queremmudar quem sou, mas os que verdadeiramente me amam continuaram a me amar, mesmo queeu não possa vê-los.

— Eu quero começar a ir a sua igreja. Ouvir sobre Deus através de você me fez seruma outra pessoa, uma mulher de verdade e uma pessoa feliz.

— Você não sabe como ouvir isso me deixa feliz — confesso.Acaricio a sua bochecha e sinto ela sorrir.Ficamos mais alguns minutos conversando e infelizmente Patrícia tinha que voltar para

casa, pois já é tarde. Saímos do meu quarto, ela me ajuda a descer as escadas, falando-me os

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degraus.Finalmente chegamos na sala.— Sabia que vocês iriam se acertar — diz Hugo.— Obrigado por trazê-la até mim, Hugo. De verdade! — agradeço e sinto ele apertar o

meu ombro.— Sabe que sempre estarei aqui para te ajudar.— Eu sei. — Sorrio.A minha família ficou encantada com a Patrícia e muito felizes por nós, ainda mais por

saber que a Pati quer fazer parte da família de Deus.Caminho até próximo ao portão com ela.— Não queria deixá-la ir. — Faço bico.Estamos de mãos dadas, então a puxo para mim e seguro em sua cintura, inalando o

perfume em seu pescoço.— Também não queria ir. Agora que sei quem você é, não quero te deixar sozinho um

minuto — ela diz e sorrio.Me despeço dela com um beijo e ouço quando o barulho do seu carro sai. Então retorno

para dentro de casa com a ajuda da minha bengala e com um enorme sorriso nos lábios.

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CAPÍTULO 21

Acordo cedo e não precisei do meu despertador ou da minha mãe, o que é umverdadeiro milagre. No entanto acontece que eu mal consegui dormir depois da noite de ontem,era quase impossível. A felicidade é tão imensa dentro do meu peito que está para não caber,também ainda não acredito que estou namorando o garoto da rádio e que ele é aquele nerdloiro, lindo, eu sempre o achei bonito, porém o meu orgulho falava mais alto. À noite de ontemfoi um sonho.

Vou para o banheiro e me viso no espelho com um sorriso ainda maior no rosto.A ansiedade para vê-lo é tamanha, quando namorava Felipe não era assim, nem quando

começamos a namorar. Todavia, tudo com Guilherme é diferente, apenas ouvindo a sua voz euficava ansiosa para que começasse logo o programa, queria ouvi-lo a qualquer custo e agoraquero vê-lo, tocá-lo e abraçá-lo o máximo possível. Passei o fim de semana em Angra dosReis, mas os meus pensamentos só estavam nele, embora nos falássemos todos as noites.

Termino de escovar os dentes e tomo um banho quente. Quando termino, me seco e meenrolo em uma toalha, saio do banheiro e caminho até o meu closet, pego uma blusa branca euma saia jeans que vai até abaixo dos meus joelhos. Faço um coque frouxo em meus cabelos,um gloss nos lábios, perfume e dou-me por pronta.

Sei que hoje será um dia memorável, todos os populares e as minhas amigas ficaramincrédulos ao saberem que eu: Patrícia Queen e Guilherme Lancaster, estamos namorando.Despeço-me dos meus pais e entro no meu carro seguindo para a faculdade.

Quando cheguei da casa de Guilherme, contei tudo o que aconteceu aos meus pais eeles acharam muito linda a minha atitude, porque embora Guilherme esteja cego agora, nãodeixaremos que isto nos impeça de sermos felizes. A minha mãe achou linda a minha atitudede não desprezá-lo depois de descobrir quem ele era, pois a antiga Patrícia, a patricinha, faria

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isto, ainda mais sabendo da sua deficiência visual. Contudo sei que vamos enfrentar opreconceito e as dificuldades. Mas estou disposta a enfrentar o que vier ao seu lado, pois eu oamo. Não importa como ele é, eu não irei querer mudá-lo, somente aceitá-lo.

***

Chego à faculdade, estaciono o meu carro em uma vaga, pego a minha mochila nobanco do passageiro e abro a porta do carro. Olho para a entrada do estacionamento e vejoFelipe e Paula se beijando.

Fico surpresa ao vê-los juntos e desconfio de que isto vêm acontecendo há algumtempo. Paula desde quando soube que eu havia voltado com Felipe sempre ficava brava,perguntando se estávamos bem e agora eu entendo o porquê. Porém já não temos mais nadaum com o outro e eu estou com alguém que eu realmente amo. E falando nele, Guilhermeacaba de chegar com Hugo. Vou ao encontro dele e pulo em Guilherme que se esquivaassustado, mas logo me reconhece.

— Ai desculpa, amor. Eu esqueci que...— Tudo bem, anjo — Ele diz e sorri.— Vou deixar os pombinhos a sós. O proteja — diz Hugo rindo e entra pelos portões

da faculdade.Encontro os olhares curiosos de Felipe e Paula. Mas volto a minha atenção ao cara

lindo que está à minha frente, ele veste uma calça jeans surrada, botas, uma camisa cinza eóculos. Os seus fios loiros caindo sobre atesta deixando-o ainda mais bonito. E ele é tão alto,dou quase abaixo do seu peitoral.

— Você está bem? — pergunta.— Sim e você?— Muito bem. — Sorri.— Bom, a nossa frente tem o Felipe e Paula, provavelmente irão falar da gente mas não

tô nem ai — aviso.— Muito menos eu. — Sorri e põe o braço em volta do meu pescoço. — Nossa, você é

mais baixinha do que eu me lembrava. — Ele diz divertido e dou-lhe um tapinha na barriga.— Você que é um poste — brinco e ele gargalha.Meu Deus como ele é lindo. — A Patrícia apaixonada que há dentro de mim suspira.Desperdicei o meu tempo querendo odiar o cara que eu estava destinada a amar, eu

poderia ter aproveitado mais com ele. Mas o importante é que agora estamos juntos e não vou

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desperdiçar um só minuto.Passo o meu braço por trás das suas costas.— Eu gosto de você assim. Pertinho de mim — ele diz, vira o rosto em direção ao meu

e sorri de lado.— Eu também. Agora vamos, porque o sinal já tocou — falo e ele assente.Caminhamos para dentro da faculdade sobe olhares curiosos, mas não dei a mínima. O

ajudo a chegar até o seu armário e pego os livros que ele irá precisar, em seguida o levo até asua sala, explico o caminho para que ele possa conseguir se locomover com menos dificuldadequando não houver alguém por perto.

Confesso que estou um pouco preocupada por não saber como Guilherme irá se virarsozinho, mas ele está indo muito bem e me disse que desde quando ele soube que iria perder avisão, vem estudando braile, então já está meio que se adaptando. Depois que ele me falou issofiquei um pouco mais tranquila. No entanto dói ver que uma pessoa tão jovem, nunca maisvoltará a enxergar, a sua deficiência não tem cura. Só que este pequeno detalhe não me impedede amá-lo ainda mais.

Vou para a minha sala, me sento em meu lugar e logo Kátia e Paula começam com osseus questionamentos e aproveito para saber se Paula e Felipe estão mesmo juntos.

***

Finalmente a hora do intervalo chegou, saio quase correndo da minha sala e vou para a

de Guilherme. Olho na porta e ele ainda está sentado em sua carteira. Os óculos no rosto, oscabelos caídos sobre a testa e ele passa os dedos sobre um livro. Entro na sala e sigo em suadireção.

— Oi — digo e então ele ergue o pescoço olhando para frente.— Pati? — pergunta com um sorriso nos lábios.— Eu mesma. Você não vai sair? — pergunto, me sento na carteira ao lado e seguro

em sua mão para que ele saiba que estou ao seu lado.— Sim. Mas eu estava perdido sem saber onde fica a porta — diz baixo e morde o

lábio.— Então a sua namorada chegou para te salvar — brinco e ele ri.— Acho linda a sua atitude, mas às vezes me sinto mal por fazer você passar por isso...— Ei, não é nem um incomodo para mim — asseguro e seguro em seu rosto. — Nem

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um, tá?Ele sorri sem mostrar os dentes.— Tá.Saímos da sala e fomos até o refeitório juntos, recebendo olhares por todo o caminho.Compro nossos lanches e decidimos nos sentar afastado de todos, já sentados o ajudo a

comer a coxinha e suco que comprei.Então começamos a conversar.— Nesses últimos dias aconteceram tantas coisas que não tive tempo de dizer direito

que eu amei ouvir você cantando e tocando para mim naquele dia. Foi perfeito e eu quero bis— diz sorrindo.

— Oh. Eu faço, mas com uma condição — falo e ele ergue a sobrancelha.— Qual? — indaga.— Que você me mostre onde fica o seu estúdio — digo e ele sorri de lado.

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CAPÍTULO 22

— Bem espertinha você, né? — brinca e rio.— Ah! Só quero ver como você faz o programa que tanto amo — retruco.— Tudo bem. Hoje à noite te mostro, mas quero ouvir você tocando ainda hoje em

mocinha. — Ele passa os seus dedos em meu queixo.— Pode deixar. Ah, os meus pais querem que você vá almoçar com a gente amanhã —

aviso.— Sério? — pergunta e ergue a sobrancelha.— Aham! — confirmo, ele sorri e o puxo selando os nossos lábios.Guilherme acaricia a minha bochecha com o dedo polegar e aprofunda o beijo, sinto o

gosto de menta misturado com coxinha e suco em seus lábios macios, acaricio os seus cabeloslisos, mordo os seus lábios de leve e então finalizamos o beijo com longos selinhos.

— O que você fará hoje à tarde? — pergunta e encosta a testa na minha com arespiração ofegante como a minha.

— Nada, por quê? — Passo a minha mão em seus cabelos.— Quer ir ao parque comigo? Quero que você me conheça melhor e eu também quero

te conhecer, além de querer ficar o mais perto possível de você e aproveitamos para você tocarpara mim. — Ele sorri ventando.

— É claro que vou. Quero saber tudo a seu respeito, senhor misterioso. Você nunca mefalava muitas coisas — brinco.

— Nem você, mocinha. — Ele me rouba um selinho e ri.— Suas covinhas são lindas — confesso.— As suas também, eu lembro que você tem uma aqui. — Ele passa o polegar em

minha bochecha. — E outra aqui. — Põe o dedo do outro lado e sorrio.

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— Mesmo você não me vendo agora, você conhece cada detalhe meu, ninguém nuncafez isso por mim — conto e mordo o meu lábio.

— Eu farei tudo o que estiver ao meu alcance por você, Pati. — A sua voz é firme,então o abraço.

Ele me aperta forte em seus enormes braços e inalo o seu perfume que é agora é meuaroma favorito.

O sinal bate, então voltamos para as nossas salas. Ajudei Guilherme até a dele e depoissegui para a minha. Mas antes de entrar sinto alguém segurar o meu braço, me virobruscamente e encontro os olhos de Felipe.

— Quer dizer que você me trocou por aquele nerd idiota? —questiona rude.— Idiota é você. Agora me deixa em paz e vai curtir a sua nova namorada. — Me solto

dele, pisco entro em minha sala bufando.Quem ele pensa que é para chamá-lo assim? Me sento em minha carteira e abro o meu

caderno rabiscando algo, então Paula entra na sala e para em minha frente. Olho para e ela quetêm os braços cruzados e uma carranca.

— O que o Felipe queria com você? — indaga.Rolo os olhos.— Insultar o Guilherme — respondo seca.Ela cerra o maxilar e senta em sua carteira. Fecho os meus olhos e balanço a cabeça,

em seguida abro-os. Hugo entra na sala e me lança um sorriso de lado, Kátia chega mais paraperto de mim e fala baixinho:

— Amiga, já que você agora namora aquele nerd gato, que tal me dar uma ajuda com onerd moreno? — pergunta sorrindo e rio.

— Bom, posso apresentá-los e o resto é com você — falo e pisco o olho para ela quesorri e assente.

A professora entra na sala e começa a aula.

*** Finalmente a aula termina e os alunos começam a sair, pego as minhas coisas

rapidamente, pois lembrei que Guilherme ainda não está acostumado a andar pela faculdade eele está sem a bengala. Saio da sala e caminho até a dele, no entanto quando chego ele já estána porta.

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— Conseguiu achar a saída? — pergunto e ele dá um sorriso ao me ouvir.— Sim, você me ensinou direitinho. Bom, agora só preciso que você me explique para

eu sair até o portão — Ele sorri mostrando os seus dentes brancos e alinhados.— Então vamos — falo animada e entrelaço os nossos braços.Caminhamos juntos, explico o caminho para que ele possa lembrar dos detalhes da

faculdade. O campus não é adaptado para deficientes visuais, mas deve ser imediatamente.Chegamos ao estacionamento, me encosto no meu carro e Guilherme fica parado em minhafrente, estamos esperando por Hugo.

Ponho as minhas mãos em sua cintura e olho para o rosto dele. Ele está de óculosescuro e os cabelos caídos sobre a testa. Guilherme cola mais os nossos corpos e se inclinapara ficar mais baixo. Pondo os braços ao redor da minha cintura.

— Você é tão alto — comento e ele sorri de lado.— E você é tão baixinha — diz sorrindo.Ele põe a mão em meu rosto e acaricia, o seu toque quente me traz paz. Ele contorna a

minha boca e aproxima o seu rosto lentamente do meu. Como alguém pode ser tão perfeitocomo ele é? Em cada toque seu, Guilherme diz que me ama. Felipe não era assim, só queriame levar para a cama, ele não estava nem ai em me amar sem precisar ir para a cama comigo.Os beijos, toques e abraços de Guilherme são inocentes, sem malicia, tem sentimentos acimade desejos e é por isso que eu o amo.

Olho para os seus lábios carnudos e rosados entreabertos, o nariz fino, o rostoquadrado. Me pergunto como Deus pode criar alguém com uma beleza tão incrível? Dávontade de deixá-lo em meu quarto para que eu possa admirá-lo todos os dias e horas. Levantoos meus pés e coloco o meu braço em seu pescoço, cada detalhe dele é como se ele estivesseme vendo mesmo. Mesmo com os óculos percebo que ele olha exatamente em minha direção,agora os nossos lábios estão a centímetros um do outro, sinto a sua respiração leve e ouço asbatidas do seu coração. Então ele traz os seus lábios de encontro aos meus selando-os. O beijoé calmo e cheio de amor, a sensação de sentir um friozinho na barriga é maravilhosa. Em nossobeijo, tanto ele como eu, queremos provar o máximo que pudermos um do outro. Guilhermesegura em minha nuca aprofundando mais o beijo, ele tem um gosto único.

— Eu te amo — sussurra entre beijos.Sorrio sentindo borboletas no estômago.— Também amo você — sussurro e ele sorri continuando o beijo.Finalizamos o beijo com um selinho, Hugo chega e nos despedimos, ficamos de nos

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encontrar no parque hoje à tarde. O vejo entrar no carro de Hugo, então entro no meu e sigopara a minha casa.

Vou ouvindo a música Como eu não poderia amar você - Bruna Karla. A letra éexatamente como me sinto.

Agora eu tenho Guilherme comigo e sou tão feliz.

BÔNUS: GAROTO DA RÁDIO.

— Você sabe que está com cara de bobo, né? — Hugo pergunta rindo.Tenho estado assim desde quando me revelei para Patrícia. Estar com ela parece até um

sonho, é tão perfeito que tenho medo que seja apenas um sonho e que em breve irei acordar.Por isso eu amo tocá-la, só assim para me convencer de que é real, que estamos realmentejuntos. O nerd e a patricinha, não mais patricinha, juntos.

— Se é assim que a gente fica quando está com a garota que ama. Então irei ficar parasempre com a cara de bobo. — Rio.

— Ah meu Deus, agora pronto. Vocês já estão me dando diabetes — resmunga e rio.— Ah, sabia que a Kátia amiga da Pati está interessada em você? — pergunto e ergo a

sobrancelha.— O quê? Sério isso produção? — pergunta incrédulo.Pela sua voz, ele provavelmente está com a cara de espantado e sorrindo ao mesmo

tempo.— Pois é. Pati quer apresentá-los depois — comento.— Ai Senhor — murmura e rio.— Vai que essa é a sua chance. Além de ganhar uma alma para Cristo, ainda ganha

uma namorada. Ela é bonita e parece ser gente boa — digo.— Quem sabe, né — responde pensativo.Alguns minutos depois e ele estaciona em frente a minha casa. Hugo me ajuda a

entrar, ainda não estou acostumado com a minha bengala e a esqueço sempre.— Obrigado Hugo — agradeço e ele aperta o meu ombro.— Sabe que sempre pode contar comigo — afirma e assinto.— E você comigo — asseguro.

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Ele se despede e caminho pela sala.Hugo e eu nos conhecemos desde os dez anos de idade, ele congrega na mesma igreja

que eu e somos super amigos. Ele é mais velho que eu, um ano, mas passou algumasdificuldades na vida que o impediram de começar a faculdade antes, por isso ainda estácursando administração.

Ele sempre esteve comigo e eu com ele, somos melhores amigos e irmãos. E por falarem irmãos a minha querida irmã, chega onde estou já gritando.

— Maninho — grita e pula em mim, pegando-me de surpresa.O ruim de não ver é que você nunca sabe quando alguém vai pular em cima de você,

literalmente.— Oi pirralha, você esqueceu que agora tenho uma super audição e que os seus gritos

quase estouraram os meus tímpanos? — zombo.— Ah, desculpa. Mas você sabe como sou — diz e me puxa para subirmos a escada.— Realmente — murmuro.— Então, como foi na faculdade? E a sua namorada? Nossa é tão legal ter uma

cunhada, coisa que eu não tinha há muito tempo, né — ela resmunga me bombardeando deperguntas.

A última vez que havia namorado de fato foi há muito tempo, creio que eu tinha unsdezessete anos e durou no máximo dois meses.

— Na faculdade foi muito bem. E a minha namorada, bom, eu já estou com saudades— confesso bobo.

Pode parecer ser meloso isso, mas nossa, eu esperei por ela um bom tempo e agoraquero matar a saudade. O que me deixa mais feliz é o fato de que a minha deficiência visualnão é nada para ela. Patrícia até esquece que tenho algo, não fica o tempo todo perguntando seestou bem, se preciso de algo ou se já fui ao médico tal para ver se ele faz um milagre em mim.Ela me ama como estou e não quer me mudar. Tá que se eu voltasse a enxergar seria muitobom, pois ninguém quer nascer cego ou nascer enxergando e do nada perder a sua visão.Entretanto, Deus sabe o que faz, ele tem um propósito para tudo e creio que se ele me fez ficarassim deve ter um motivo e eu sou apenas uma ferramenta nas mãos dele. Ninguém precisaentender os seus motivos, uma hora nos entendemos.

Chegamos em meu quarto e Elena foi para o dela. Entro e ponho a minha mochila emcima da minha cama. Eu me adaptei até que rápido a minha nova realidade, vejo pessoas quenão aceitam os fatos muito rápido como eu.

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Começo a me despir e encontro o caminho até o meu banheiro, tomando cuidado paranão fazer um desastre nele. Tomo o meu banho, quando termino, me seco, enrolo a toalha emminha cintura e caminho até o meu closet. Abro e passo as minhas mãos e dedos em umacalça, pela sua textura sei que é uma calça jeans surrada que sempre costumo usar, em seguidapego uma camisa qualquer, não tem como eu saber a cor mesmo. Passo perfume, penteio osdedos entre os meus cabelos e torço para que não esteja parecendo um ninho de passarinho.

***

A hora que havia marcado com a Pati finalmente chegou, então pedi para o meu

motorista me deixar no parque da cidade. Já dentro do carro, a caminho do lugar quemarcamos, ligo para ela. Pedi para Raul, o meu motorista, discar o número e depois me passaro aparelho.

— Oi amor. — A sua voz doce faz o meu coração bater forte, diferente das outrasvezes que ouvi a sua voz através do celular agora ela me conhece e é a minha namorada.

— Oi anjo, tudo bem?— Muito bem e você?— Estou muito bem. Já estou a caminho — falo.— Tudo bem. Já estou chegando lá.— Tá, só liguei para avisar que eu não sei qual a cor da minha camisa. Vou chegar em

um carro preto e por favor não pule em cima de mim, porque eu tenho namorada e tipo eu nãovejo quem está pulando em mim — falo divertido e ela dá uma gargalhada gostosa.

— Tudo bem baby, não irei pular em cima de você, sem avisar é claro. E aposto que asua namorada tem ciúmes de você — diz divertida.

— OK. É, ela tem ciúmes, sim. — Rio — Te amo.— Te amo.Me despeço e desligo a chamada. Minutos depois Raul avisa que chegamos ao parque.

Desço do carro.— A sua namorada já vem ali, Guilherme — Raul avisa.— OK. Obrigado Raul, quando eu for embora ligo para você — digo.— Ele não irá ligar. Pode deixar que eu o deixo em casa. — A voz de Patrícia ecoa

divertida e sorrio apenas por ouvir a sua doce voz.— Tudo bem, então — Raul responde sorrindo.

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Ouço ele fechar a porta do carro e sinto a mão de Patrícia em mim.— Olha, essa sua camisa branca está deixando você ainda mais bonito — ela diz e

sorrio.— Hum, obrigado anjo. Eu não posso ver você, mas sei que você está muito linda. —

Sorrio de lado.— Bom, deixe-me dizer como estou: visto um vestido rosa com umas bolinhas pretas,

ele vai até um pouco abaixo dos meus joelhos e as mangas até o cotovelo. Ele é justo até aminha cintura e desce soltinho, ah e calço uma sapatilha preta.

— Uau! viu só, você está linda — elogio. — Agora deixe-me ver uma coisa? — peço.

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CAPÍTULO 23

Guilherme é uma pessoa simplesmente incrível. O quanto você imaginar que ele éincrível, fofo, agradável e perfeito, ainda é pouco. Porque eu aqui, olhando para ele nãoacredito que ele é realmente real. Ele tem os óculos no rosto e os seus cabelos estão levementebagunçados.

Ele toca o meu rosto e os seus dedos quentes em contato com a minha pele me dão umchoque bom. Ele leva as mãos até os meus cabelos e desce até o final dos fios que estão soltos.

— Eu amo você de cabelo solto — ele diz e sorri.Guilherme é cego, entretanto enxerga muito mais do que às pessoas que se dizem ter

visão.— Então usarei somente ele solto — falo divertida e ele sorri. — Tenho uma surpresa

para você.— Qual? — pergunta curioso e sorri de lado.— Espera. Vem. — Seguro em seu braço e seguimos até o meu carro.Pego o meu violão e uma canga que estendo na grama em um local mais reservado.

Peço para Guilherme sentar e o mesmo faz, em seguida me sento em sua frente. Coloco oviolão em cima das minhas pernas. E então começo a tocar e cantar.

— Eu sempre achei difícil entender, como duas vidas podem, se tornar apenas uma.Mas quando eu te encontrei eu te amei e um milagre aconteceu...

Termino de cantar e ele está com um enorme sorriso nos lábios.— Uau! — exclama. — Você me pegou de surpresa, amei anjo. A sua voz é

simplesmente divina e só para você saber essa é uma das minhas músicas favorita — ele diz esorri.

— Oh! Fico feliz que tenha gostado — digo.

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Guilherme segura a minha mão e deposita um beijo.— Me dê o violão aqui, por favor — pede.Ergo as sobrancelhas e entrego o violão para ele.— Tem uma coisa sobre mim que você não sabe. — Ele sorri de lado e então os seus

dedos começam a tocar as cordas do violão.Abro a minha boca surpresa, ele faz as notas nas cordas e lugares certos. É incrível,

mas perfeito mesmo é a sua voz entoando uma linda canção.Fico paralisada ouvindo a sua voz, rouca e grossa, cantando.— Por muito tempo eu calei o meu coração quis sufocar, esse sentimento que

floresceu, não há como explicar...Ele termina de tocar e me lança um sorriso perfeito, revelando as suas covinhas e os

seus dentes brancos.— Uau! Não sabia que você tocava, muito menos que cantava. — Bato palmas e falo

surpresa.— Eu canto na igreja há um bom tempo — conta.— Ah! — Sorrio.Olho para Guilherme e o vejo com os seus óculos escuros. Eu amo olhar os seus olhos,

mesmo que ele não me veja. A cor azul deles é o mais perfeito que os meus olhos já viram.— Posso fazer uma coisa? — indago.— O que você quiser, anjo.Eu acho lindo quando ele me chama de anjo, faz com que eu me sinta especial e amada.

Me aproximo mais dele e ponho as minhas mãos em seu rosto.— Quero olhar seus olhos — peço e ele assente.Retiro os seus óculos e os coloco de lado em cima da canga, então encaro os seus

olhos. Ele parece até me ver, é tão intenso o seu olhar, é como se ele estivesse vendo a minhaalma. Acaricio o seu rosto e passo as minhas mãos em sua testa indo até o cabelo para que omesmo fique mais para trás.

— Tem certeza que você não me vê? Seu olhar é tão intenso, parece que você vê aminha alma — questiono e ele sorri.

— Infelizmente não, anjo. Não com os olhos — diz.Guilherme procura a minha mão e em seguida deposita um beijo carinhoso. Sorrio do

seu gesto. O violão ainda se encontra sobre as suas pernas, fico de joelhos e coloco os meusbraços em volta do seu pescoço. Ele põe as mãos em minha cintura, então desfiro um beijo

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calmo em seus lábios carnudos e rosados.

*** Começamos a tocar várias músicas da Bruna Karla, Pamela, Leonardo Gonçalves, entre

outros. Algumas vezes eu cantava e ele tocava, outras eu tocava e ele cantava. Às pessoaspassavam por nós e sorriam, algumas começaram a se juntar conosco e logo se formou umapequena roda de pessoas cantando as músicas junto com a gente.

Quando já estava na hora de irmos para casa, Guilherme pediu-me para entregarfolhetos da igreja para as pessoas que estavam conosco. Eles amaram tudo e foi muito legalfazer coisas que Deus se agrada junto de Guilherme. Fizemos da nossa tarde romântica umaforma de levar o evangelho a outras pessoas através das melodias entoadas.

Fomos para o meu carro, então segui para a minha casa, pois vou trocar de roupas e ircom Guilherme para o estúdio de rádio dele. Não vejo a hora de conhecer o lugar em que metrouxe o homem mais perfeito do mundo para a minha vida, sem falar que conheci um Deusque antes eu não me importava nem um pouco. Os dois me mudaram e me mostraram overdadeiro amor.

***

Chegamos na minha casa, estaciono o meu carro na garagem e saímos. Caminho atéGuilherme, seguro a sua mão e entramos na minha casa. Logo vejo os meus pais descendo aescada e vindo em nossa direção.

— Olha só quem está aqui — diz o meu pai com entusiasmo.— Pois é — Guilherme diz sorrindo.Os meus pais se deram muito bem com ele e fico feliz com isso, pois é muito ruim não

ter a aprovação dos nossos pais em um relacionamento. Eles gostavam de Felipe, mas jamaisigual gostam de Guilherme e isso é muito gratificante. Deixo-os conversando e vou para o meuquarto me arrumar.

De uns tempos para cá resolvi trocar a minha forma de vestir, estou fazendo umamudança em tudo: as minhas roupas, o meu jeito de se portar e eu estou amando esse novoestilo de vida.

Depois de tomar banho, pego uma saia jeans longa, uma blusa de seda branca e visto-as. Penteio os meus cabelos deixando-os soltos, passo hidratante corporal, perfume, um gloss

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nos lábios, calço uma rasteirinha preta e dou-me por pronta.Desço as escadas e encontro os meus pais rindo de algo que Guilherme está falando,

fico os admirando e nunca me senti tão feliz como estou agora.— Cheguei! — aviso chamando a atenção deles e Guilherme abre um sorriso.Me despeço dos meus pais e seguimos para a casa do Guilherme, de lá iremos para o

estúdio. Não é porque namoro o garoto da rádio agora que deixarei de ouvi-lo. Agora é queamo mesmo a sua voz e ouvindo-a pessoalmente é ainda mais perfeito. Guilherme tem umavoz única, com o seu sotaque paulistano e a sua voz grossa e rouca ao mesmo tempo. Parecemúsica para meus ouvidos.

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CAPÍTULO 24 Chegamos finalmente ao estúdio, descemos do meu carro e ajudo Guilherme a subir

alguns degraus que há na entrada. Logo chegamos a recepção, onde se encontra uma moçabem vestida e com um sorriso simpático.

— Boa noite! — nos cumprimenta.— Boa noite Raquel — Guilherme a cumprimenta.— Boa noite. — Sorrio.Guilherme nos apresenta e em seguida ela nos leva até o estúdio dele. Quando ela abre

a porta entro e fico boquiaberta com o lugar. O ambiente é todo cinza, com uma parede devidro, há uma mesa de som, vários computadores, microfones e fones, também há um telefonee duas cadeiras, onde provavelmente o locutor se acomoda.

— O que achou? — A voz de Guilherme atrás de mim me tira do transe.— Incrível. Jamais imaginei que um estúdio de rádio fosse tão chique e bonito —

comento admirada. Guilherme sorri e fecha a porta.— Pois é, aqui é o meu cantinho onde me escondia de você — brinca e sorrio.— É lindo — confesso.Olho a hora no relógio de pulso e falta meia hora para o programa começar. Guilherme

se senta em uma cadeira e eu na outra, ele começa a mexer nos aparelhos e me pede ajuda comalgum botão que ele não lembra onde fica na mesa de som.

A ansiedade chega até mim a cada minuto maior. Minutos depois ele me avisa queentrará no ar, Elena chega para atender os pedidos e fico admirando o homem e voz que quetanto amo. Ele põe a trilha sonora de sempre quando começa e então a sua voz ecoa peloambiente me dando novamente um frio na barriga.

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— Horizonte FM 20h01m, ótima noite para os apaixonados de plantão nesta terça-feira. Estamos começando mais um Love Me, com muita música, amor e paixão, especialmentepara vocês. A partir de agora até às 21h00 tocando o seu coração. Participe comigo ligandoou enviando s sua mensagem para o número: 353XXXXX ou 9918XXXXX, faça o seu pedido eofereça para a pessoa que você ama. Obrigado pela sintonia, que Deus chegue até vocêsatravés destas belas canções e a primeira da noite é: te amo da Bruna Karla e ofereçoespecialmente para a minha namorada.

A música começa a tocar e o meu coração bate ainda mais forte por ouvir que elededicou a música para mim.

Seguro a sua mão e ele me lança um sorriso.— O que está achando do programa hoje, minha ouvinte fiel? — indaga sorrindo.— Divinamente incrível garoto da rádio — digo empolgada e ele sorri.O programa continua e igual as outras vezes, eu fico atenta a cada palavra que sai da

sua boca maravilhosa. Fico admirando-o, às vezes ele sorri mostrando as suas covinhas, passaos dedos entre os seus fios loiros, tira o fone e coloca-o novamente. Os seus dedos passam porcada botão da mesa de som e fico admirada com a facilidade que ele tem de manuseá-la,mesmo sem estar vendo.

***

Infelizmente o programa terminou, queria ficar o ouvindo sentada ali, o admirando.

Elena nos convidou para irmos a uma pizzaria na praia do Leblon e acabamos aceitando.Aproveitamos para chamar Hugo e Kátia.

E aqui estamos nós a caminho da pizzaria.— O que achou? — Guilherme pergunta quebrando o silêncio.— Perfeito, é ainda melhor te ouvir pessoalmente que por um rádio. Mas você sempre

será o meu garoto da rádio. — Pego em sua mão e ele aperta firme a minha.— Você é simplesmente perfeita! — Ele deposita um beijo carinhoso em minha mão e

sorri de lado.Guilherme está sem os óculos e os seus cabelos loiros e olhos azuis fazendo uma

combinação perfeita. Ele me lança um olhar tão profundo que às vezes acho que ele estáapenas me enganando e que no fundo não perdeu a visão. O seu olhar é intenso, cheio de vidae me dá borboletas no estômago, uma felicidade enorme invade o meu peito e coração.

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Chegamos à praia do Leblon, estaciono o carro em uma vaga próximo de ondemarcamos com Hugo e Kátia. Quero apresentá-los hoje, quem sabe eles gostam um do outro,eles formariam um belo casal.

Descemos do carro, Elena vai na frente e seguro o braço de Guilherme, entãocaminhamos e encontramos Hugo, logo atrás Kátia chega em seu carro. Os seguimos para apizzaria e nos sentamos. Uma moça vem até nós com um caderninho em mãos e fazemosnossos pedidos, a moça não tira os olhos do Guilherme e do Hugo e nessa hora agradeci porGuilherme não ver. Não é querendo ser egoísta, mas quero que ele veja somente a mim.

Ficamos conversando e não demorou muito serviram as nossas pizzas, entãocomeçamos a comer. Hugo e Kátia parecem ter se dado bem, eles estão conversandoanimadamente e fico feliz por isso. Enquanto eles conversam, Guilherme, Elena e euconversamos sobre como são às pessoas da igreja e fico com medo de que não me aceitem.

— Fique tranquila, anjo, todos os irmãos são muito legais e aposto que irão ficar muitofeliz em vê-la — Guilherme me acalma.

— Isso mesmo. Bom, quem não irá gostar muito de você serão as meninas. Elas sãoloucas pelo meu irmão e pelo Hugo, mas eles não estão nem ai para elas — diz Elena e sintouma pontada de ciúmes.

— Agora é que vou ir mesmo, mostrar para elas que Guilherme agora tem dona. E embreve quem sabe, Hugo também terá — digo, Guilherme e Elena sorriem.

— Está vendo, maninha? Tenho uma namorada bem ciumenta — brinca.— E ela está certinha, tem que cuidar do que é seu mesmo — concorda Elena e pisca

para mim. Sorrio dela.— Isso mesmo — digo em concordância.Logo depois de comermos, cada um foi para as suas casas. Já sinto saudades do

Guilherme, ele foi embora com Hugo e Elena. Como Kátia veio em seu carro foi sozinha e eutambém. Sigo para casa com um enorme sorriso nos lábios, finalmente tudo está seencaixando.

Estou ansiosa para amanhã, pois irei para a igreja com Guilherme. Kátia e Hugo sederam muito bem, trocaram números de celular e tudo mais, acredito que isso ainda vai dar oque falar.

Chego em casa e estaciono o meu carro na garagem, saio e caminho para dentro decasa. Cumprimento os meus pais que estão assistindo deitados no sofá.

— Boa noite família!

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— Olha quem chegou — diz o meu pai animado.— E com um sorrisão nos lábios — completa minha mãe e sorrio ainda mais.Converso um pouco com eles e conto sobre o meu dia, ambos ficam muito felizes em

saber que mudei e para melhor e não veem a hora de verem Guilherme novamente, poisgostaram muito dele. Em seguida sigo para o meu quarto e mal posso esperar para encontrarcom Guilherme amanhã na faculdade.

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CAPÍTULO 25

UM ANO DEPOIS... Nem acredito que já se passaram doze meses, trezentos e sessenta e cinco dias. O que

posso dizer a respeito desse um ano é que muitas coisas aconteceram durante esse tempo. Sevocê está se perguntando como o meu relacionamento com Guilherme está indo, eu só digouma coisa: perfeito. Namoramos há exatamente um ano e é o melhor relacionamento que eupoderia ter tido, ele continua cego e é isso o que me faz amá-lo ainda mais. Guilherme éincrível e continuo apaixonada por sua voz e sou sua fã número um. Ele é o meu amigo,namorado, companheiro, confidente, o meu sonho. Graças a ele conheci o amor de Deus e hojesomos da mesma religião. Os meus pais foram visitar a igreja logo depois que me batizei eamaram, os irmãos os receberam muito bem e graças a Deus eles se batizaram semana passada,foi uma grande bênção. Eu me sinto a garota mais feliz do mundo.

Felipe e eu somos amigos, ele continua namorando Paula e eles se dão muito bem.Kátia e Hugo estão se dando bem também e formam um belo casal, embora entre eles tenhatido muitos obstáculos, pois os pais de Kátia não aceitam o relacionamento deles devido aoHugo não ser rico como Kátia é. Eu acho isso uma grande bobagem, pois ele é um bom rapaz edinheiro não é tudo. No entanto estamos orando para que no final dê tudo certo para eles.

Continuamos a ir para a faculdade, mas agora trabalho na empresa da família e até queestou gostando, Guilherme ainda é o meu garoto da rádio, ele continua a fazer o programa e eunão perco um dia. Nesse exato momento estou sentada na varanda, lugar em que sempre oaguardo, o rádio que ele me deu de presente em minhas pernas e então a sua voz rouca e grossaecoa através do rádio. Aquele frio na barriga chega até mim igualmente quando o ouvi pelaprimeira vez.

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— Horizonte FM 20h01m, ótima noite para os apaixonados de plantão nesta quinta-feira. Estamos começando mais um Love Me, com muita música, amor e paixão, especialmentepara vocês. A partir de agora até às 21h00 tocando o seu coração. Participe comigo ligandoou enviando a sua mensagem para o número: 353XXXXXX ou 9918XXXXX, faça seu pedido eofereça para a pessoa que você ama. Obrigado pela sintonia, que Deus chegue até vocêsatravés destas belas canções e a primeira da noite é: parece que foi ontem da Bruna Karla.

A música começa a tocar e a letra é maravilhosa, só para perturbá-lo resolvi ligar paraele. No segundo toque ele atende.

— Oi anjo.— Olá garoto da rádio, o seu programa continua fantástico — elogio e ele sorri.— Oh! Muito obrigado, moça, é bom saber que tenho uma ouvinte fiel — diz divertido.Sorrio e mordo o meu lábio.— Sempre! Eu te amo.— Também amo você. Não sai daí, hoje o programa será especial — avisa e fico

curiosa.— Especial? — indago.— Sim. Logo você saberá. Beijos.— Ok. Beijos. — Desligo a chamada.A música termina e logo ele está de volta, às vezes, ouvindo a sua voz através do rádio,

fico lembrando da primeira vez que eu o ouvi. Naquela noite eu jamais imaginária que aquelelocutor anônimo mudaria a minha vida de uma forma tão maravilhosa e o mais incrível: meapaixonei por ele apenas ouvindo a sua voz. Também chego a pensar que estou apenassonhando com este locutor e que ele não é o meu namorado, como sempre falo: Guilherme éum sonho de consumo.

— Estamos de volta, ouvimos na sequência a música da Bruna Karla. Hoje o nossoprograma é especial porque eu quero fazer uma pergunta muito importante para alguém maisque especial para mim. Mas você só saberá quem é ela depois desta música: Era Você,William Nascimento. 20h24m.

Ele me deixa curiosa e ansiosa para saber do que se trata, ouço a música e canto juntocom o cantor.

Logo depois do intervalo comercial, toca uma introdução bem romântica e logoGuilherme começa a falar, deixando-me com um sorriso bobo nos lábios apenas por ouvi-lo.

— Chega de enrolação né? — Ele sorri e sorrio também. — A pessoa especial para

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mim se chama: Patrícia Queen, ela chegou em minha vida de uma forma inesperada e fomosnos apaixonando através desse simples programa de rádio, ela se tornou a razão da minhafelicidade, o motivo do meu sorriso, ela é a mulher da minha vida e é por isso que eu a queropara sempre minha vida. Patrícia Queen, você aceita se casar comigo? Aceita ouvir a minhavoz todos os dias? Espero a sua ligação até o final do programa.

Quando ele termina de falar fico boquiaberta, sem acreditar no que acabei de ouvir. Ele me pediu em casamento ao vivo? Em casamento? O meu coração está batendo acelerado, as minhas mãos estão suando e trêmulas.

Seguro firme o rádio sem acreditar no que ouvi.— Ai meu Deus, Guilherme te pediu em casamento. — A voz eufórica da minha mãe

me tira do transe. — Você vai aceitar, né?Pisco algumas vezes até voltar a mim, então percebo que tenho que respondê-lo. Eu

apenas assinto para a minha mãe e disco o número de Guilherme. A rádio está ao vivo e elecontinua a falar algumas coisas que nem dou importância, então ele atende.

— Olha só ela me ligou, eu e todos que ouvem o programa queremos saber a suaresposta, anjo — diz divertido e fico imaginando o seu sorriso perfeito.

— Sim! Sim! É claro que aceito casar com você, meu garoto da rádio. Eu te amo —respondo quase gritando, minha mãe bate palmas e ri de mim.

— Ela disse sim minha gente, ai meu Deus como eu amo essa mulher.Guilherme finaliza o programa e toca uma outra música romântica, pego o meu celular

e não penso duas vezes em ligar para ele.— Quero ver você, amor — digo na hora que ele atende.— Mas já está tarde — diz preocupado.— Eu sei. Mas não aguento esperar até amanhã para te ver. Não depois de ser pedida

em casamento — falo melosa e ele sorri.— Você não faz ideia de como estou feliz e com saudades. Vou pedir para Hugo me

levar até ai. Ok?— Está bem! Te aguardo.— Te amo!— Te amo!Desligo o celular e corro até o banheiro, tomo um banho rápido e me arrumo. Mesmo

que eu saiba que ele não vá me ver, eu sempre quero estar bem vestida para ele. Passo perfumee desço para esperá-lo na sala.

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Deus realmente é bom com quem faz a sua vontade, ele me deu alguém que é muitoespecial para mim, me ama e me faz ser alguém feliz. Deus também me deu amigosverdadeiros, como Hugo e Elena, ambos são os meus melhores amigos e Kátia se mostroualguém bem diferente do que pensava que ela era. Além de Deus ter me moldado e me feito seruma nova pessoa, uma nova criatura, Deus é bom o tempo todo.

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EPÍLOGO

O grande dia chegou, hoje Guilherme e eu nos tornaremos uma só carne e uma só vida.Estou nervosa e ansiosa e acredito que ele também está. Só nos falamos ontem por telefone eele me disse que não via a hora de finalmente estarmos casados. Há quatro meses nospreparamos para este dia e se for de acordo com à vontade de Deus dará tudo certo.

Passei a manhã em um SPA, onde fizeram unha, cabelo e outras coisas. Tive um dia deprincesa, na verdade. Kátia, Elena e eu tivemos um dia de princesas.

Agora estamos em meu quarto enquanto termino de me vestir. O meu vestido de noivaé simples, mas elegante e muito bonito, é o vestido que sempre sonhei para o meu grande dia.Ele é rendado, não tem calda, tem decote nos meus seios, nada vulgar e sem ser sensual,simples, mas sofisticado.

Termino de me vestir e me olho no espelho, os meus cabelos estão soltos com umatiara linda em minha cabeça, eu já amava os meus cabelos soltos e depois que Guilhermeconfessou que gosta deles assim eu nunca mais parei de usá-lo dessa forma. O meu rosto estáquase natural, a maquiadora fez apenas um retoque para dá mais brilho e iluminação para omesmo. Em meus lábios tem um gloss de morango e calço um salto alto branco com rendas eumas pedrarias muito lindas.

— Filha, você está linda — minha mãe elogia.Olho para ela que veste um longo vestido azul escuro de seda que caiu muito bem em

seu corpo, os seus cabelos estão em um coque e algumas mechas caem para fora deixando-aainda mais bonita.

— Você também está muito linda, mãe — elogio e ela me lança um sorriso.Ela caminha até mim e segura as minhas mãos.— Filha, eu sempre sonhei com o dia em que veria você se casando. Quero te dizer que

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você escolheu o homem certo para isso. Guilherme, apesar da sua deficiência, nunca deixouque isso o impedisse de fazê-la feliz, vocês merecem um ao outro e tenho certeza que serãomuito felizes. Desejo que Deus continue abençoando vocês. Casamento não é somente rosas,há espinhos também, mas sei que com Deus em suas vidas e o amor que há entre vocês dois,nada impedirá de ser um casamento próspero. — ela diz e nossos olhos já estão marejados,então a abraço.

— Obrigada mãe, eu te amo — falo com a voz embargada, ela me afasta e segura emmeu rosto.

— Também te amo. — Sorri e beija a minha testa.— Desculpa interromper o momento, mas o meu maninho já deve estar enlouquecendo

à espera da noiva — diz Elena entrando no quarto com um buquê de rosas naturais. Rimos.Ela me entrega o buquê, inalo o seu aroma e então descemos para encontrar Kátia. O

motorista já está a nossa espera. Entramos no carro, como não coube muita gente dentro docorola, a minha mãe foi no dela com Joana e sua família.

***A cerimônia acontecerá na igreja central que fica em Copacabana. Chegamos e já vejo

vários carros estacionados e pessoas em frente à igreja, Elena e Kátia saem primeiro eanunciam a minha chegada, todos começam a voltar para dentro da igreja.

Estou ansiosa para ver Guilherme, sei que ele deve estar lindo de terno, com aquelecabelo loiro bem penteado e aquele sorriso que amo no rosto. Desço do carro com a ajuda domotorista e encontro meu pai à minha espera. Ele caminha até mim e abre um sorriso.

— Nossa, princesa! Você está maravilhosa — me elogia e me abraça.Retribuo o carinho.— Você está um gato, pai — falo e ele ri soltando-me.O meu pai veste um terno cinza, os seus cabelos castanhos meio grisalhos estão bem

penteados, barba por fazer deixando-o mais elegante. O meu pai é realmente muito bonito, temrazão da minha mãe ser ciumenta.

Ele segura em meu braço e caminhamos para a entrada da igreja. Logo começa amarcha nupcial, seguro firme o braço do meu pai, pois estou tão nervosa que até as minhaspernas tremem. Suspiro fundo e começo a andar, a igreja está cheia e toda decorada, todos meolham e sorriem para mim. Então os meus olhos veem Guilherme, ele está divinamente lindo,veste um smoking preto, os cabelos penteados para trás. As suas mãos estão apertando uma aoutra e ele sorri, me disseram que ele tem um ponto no ouvido onde há uma pessoa narrando

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todos os detalhes do casamento, então fico mais calma por saber que ele está imaginando emsua cabeça como devo estar neste momento.

Chego até o altar e Guilherme se vira para mim, o meu pai entrega minha mão a ele quea aperta firme e sorri mostrando os seus dentes alinhados.

— Guilherme, você sabe que Patrícia é minha única filha e a maior dadiva e bênçãoque Deus me deu. Hoje entrego ela em suas mãos e espero que você a ame e a proteja sempre.

— Pode deixar, eu prometo que irei fazê-la a mulher mais feliz do mundo e a suabênção é a minha, desde quando a conheci. — Ele sorri e massageia a minha mão.

O meu pai põe a mão no ombro de Guilherme e se retira. Nos viramos para a frente,onde se encontra o pastor oficial para discorrer a cerimônia. Guilherme vira em meu ouvido efala baixinho:

— Me falaram que você está muito linda e eu realmente acredito que sim.— Estou linda para você — digo e mordo o meu lábio. Guilherme pisca para mim e

então o pastor começa a cerimônia.— Estamos hoje aqui para celebrarmos o casamento destes dois jovens...O pastor continua a falar, mas não ouço mais nada, pois os meus pensamentos estão

voltados apenas nas lembranças de como o meu amor por Guilherme surgiu. Pensar que háalguns anos eu imaginava estar casada com Felipe e que eu achava que iria ser feliz com ele. Eentão apenas por ouvir um programa de rádio eu conheci o verdadeiro amor.

Pensar também que eu odiava Guilherme, na verdade ele sempre me chamou atenção,desde quando os meus olhos o encontraram, fiquei encantada com a sua voz e o seu sotaqueincrível. A forma como ele me olhava através dos óculos, o seu sorriso e o choque elétrico quedeu em mim quando o toquei pela primeira vez na biblioteca. Tudo nele me dizia que ele era ohomem ideal para mim, eu apenas não queria aceitar o fato.

Fizemos os nossos votos de casamento e Guilherme me fez chorar ainda mais, entãotudo o que mais queria ouvir finalmente foi dito.

— Patrícia, você aceita Guilherme Lancaster Williams como o seu esposo para amá-loe honrá-lo, na saúde e na doença, alegria e tristeza até que a morte os separe?

— Sim. Claro que sim — digo com a voz embargada e Guilherme sorri.— Guilherme, você aceita Patrícia Robert Queen como a sua esposa para amá-la e

honrá-la, na saúde e na doença, alegria e tristeza até que a morte os separe?— Sim! Mil vezes, sim.— Eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.

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E com estas palavras Deus selou o nosso amor.

*** Guilherme e Patrícia Williams, tiveram dois filhos: Zayron (um ano depois do

casamento) e Ásia (quando Zayron completou cinco anos). Guilherme continua cego, mas oamor deles um pelo outro é maior a cada dia e assim firmes aos pés de Cristo eles estão,vivendo felizes para sempre.

Não existe fim, quando há uma continuação dentro do seu coração.Patrícia e Guilherme.

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BÔNUS: A LUA DE MEL — Tenho um presente para os recém-casados — O meu pai anuncia chamando a nossa

atenção.Olho para ele e franzo a testa, ele me olha e sorri. Todos o olham esperando ele falar

que surpresa é essa. Guilherme segura a minha mão e também aguarda curioso o meu pai falar.— Qual? — indago.Ele se aproxima de nós.— Vocês dois são um exemplo de romantismo e nada melhor que ir passarem a lua de

mel na cidade mais romântica do mundo. O meu presente para vocês são passagens de ida evolta para Paris e na volta vocês ainda passarão um dia em Lisboa, Portugal. — Quando eletermina de falar todos gritam e batem palmas.

— Sério? — pergunto incrédula e ponho a mão na boca surpresa.Guilherme sorri.— Sim e é bom se apressarem, o avião sai em algumas horas — avisa.— Ai meu Deus, obrigada pai — digo com os olhos marejados e o abraço.— Vocês merecem — diz abraçando-me.Sorrio, nos separamos e seguro a mão de Guilherme.— Obrigado, Paulo — Guilherme agradece.— Como disse: vocês merecem — diz meu pai e aperta o ombro Guilherme.Ele sorri de lado.— Então gente, aproveitem a festa, pois Paris nos aguarda. — brinco sorrindo.— É isso ai — Guilherme concorda.Nos despedimos de todos, então Guilherme e eu deixamos o local da festa. Pedi para o

motorista particular da minha família nos levar em casa para pegarmos as nossas malas, já

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havíamos preparado tudo. Estávamos com planos de passar a nossa noite de núpcias no Brasilmesmo, mas já que ganhamos passagens para Paris, deixaremos para viajar pelo Brasil depois,afinal Paris é simplesmente: Paris.

Passamos primeiro em minha casa e em seguida fomos para a casa de Guilherme.Pegamos a mala dele e seguimos para o aeroporto. Trocamos de roupa, vamos passar algumashoras dentro de um avião e não quero estragar o meu vestido, quero guardá-lo para recordaresse dia perfeito ao lado do homem da minha vida.

O motorista nos deixa em frente ao aeroporto, nos ajuda a pegar as malas dentro doporta-malas do carro, então nos despedimos.

— Boa viagem para vocês — ele diz.— Obrigada.— Obrigado.Pegamos as nossas malas, dou o braço para Guilherme e então entramos no aeroporto.Depois de fazer check-in, nos sentamos na sala de espera, estamos aguardando

chamarem o nosso voo.— Essa com certeza será a melhor viagem da minha vida — Guilherme diz e sorri.Ele está lindo, sempre está. Ele já não está de smoking, veste uma calça jeans, camisa

branca e uma jaqueta de couro preta, calça botas e os cabelos estão levemente bagunçados.Amo a forma como ele se veste e deixa os cabelos meio desgrenhados.

Encosto a minha cabeça em seu ombro, ele me aperta, me traz para mais perto e beija aminha cabeça.

— A minha também — confesso.— Me sinto o cara mais sortudo do mundo por estar ao seu lado — diz baixinho.Fecho os meus olhos e sorrio, me aninho mais em seu abraço quente e reconfortante.— Eu que sou uma mulher de sorte. Eu te amo tanto Guilherme — falo firme.— Eu também amo você. — Ele beija a lateral do meu rosto.Chamam o nosso voo, então nos levantamos e saímos pela sala de embarque.Já dentro do avião, nos acomodamos em nossas poltronas. O meu pai não economizou

quando comprou as passagens, estamos na primeira classe rumo à cidade do sonho de muitagente.

Fico do lado da janela, Guilherme está ao meu lado. Olho pela janela e vejo apenas asluzes do aeroporto, o céu escuro.

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***Depois de horas dentro do avião sobrevoando o imenso céu, chegamos em solo francês.

Deixamos o avião e saímos pela sala de desembarque, pegamos as nossas malas e caminhamospelo enorme aeroporto.

Pegamos um táxi e pedi, ter estudado um pouco de francês facilitou a nossa vida, para otaxista nos deixar em frente ao hotel que iremos ficar hospedados por uma semana.

Dentro do táxi observo a cidade e vou narrando tudo para que Guilherme também possaapreciar a beleza do lugar. A cidade é linda, não há prédios tão altos como no Rio de Janeiro eNova Iorque, as ruas são limpas, as casas são com a estrutura antiga, tudo muito diferente doBrasil. Pego a minha câmera e tiro algumas fotografias, quero registrar tudo.

Chegamos ao nosso hotel que fica de frente para a famosa Torre Eiffel.Pago o taxista e entro no hotel. Um lugar luxuoso e sofisticado, claro que não deixo de

contar tudo o que vejo para Guilherme.Depois de pegarmos a chave da nossa suíte, os empregados do hotel se encarregam de

levar logo depois as nossas malas.Saímos do elevador e seguimos pelo corredor até chegarmos ao nosso quarto, abro a

porta. Entramos e fico extasiada com a beleza e sofisticação do quarto. Fecho a porta e observoo lugar.

— Uau, o nosso quarto é lindo, amor — digo. — A cor é um tom cinza quase branco,há uma cama enorme com coxa branca com detalhes pretos, vários travesseiros, um closet,criado-mudo com luminárias de cada lado da cama, um sofá, divã, penteadeira e uma varandaque dá para ver a torre bem de perto.

— Você tem os olhos muito melhores que os meus — comenta divertido e rio.— As mulheres sempre observam tudo, os mínimos detalhes — falo.— Entendo — diz sorrindo.Entro no banheiro e ele é quase do tamanho de um quarto normal na minha casa e tem

uma jacuzzi.— Temos uma jacuzzi — conto.— Oh! — exclama.— Vem, vamos sentir a brisa parisiense. — Seguro a mão de Guilherme e vamos para a

varanda. — Amor, daqui dá para ver a torre bem de perto — conto animada.Ele sorri.— Nos demos bem, então.

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Sorrio.— Sim — concordo e olho para ele.Guilherme está com os óculos no rosto, toda vez que o olho me sinto uma pessoa de

sorte por tê-lo em minha vida. Além dele ser maravilhoso por fora é por dentro também.— Sinto que você está me encarando — ele diz e sorri.Sorrio.— Sim — admito.Ele fica sério, tira os óculos e põe na gola da camisa, segura a minha mão e a acaricia,

depois a sobe por meu braço a levando até o meu rosto e acaricia a minha bochecha. Olho paraele, os seus olhos azuis estão mais escuros e intensos, engulo seco e sinto o meu coração bateracelerado. As pontas dos seus dedos tocam e contornam os meus lábios, então ele se abaixa eencontra e me beija.

Fecho os meus olhos e retribuo o beijo, ele me traz para mais perto de si, seguro em suanuca e aprofundo o beijo, que é lento e cheio de sentimentos. Guilherme puxa o meu lábioinferior lentamente e suspiramos.

Ele segura a minha cintura com uma mão e a outra segura a minha nuca, aperta a minhacintura e os nossos corpos se fundem ainda mais.

— Oh Pati, como eu te quero — murmura desferindo beijos em meu queixo e pescoço.— Então me faça sua — peço de olhos fechados sentindo os seus lábios quentes em

minha pele.Em seguida ele beija os meus lábios. O beijo fica mais urgente, o interrompo e seguro a

mão de Guilherme.— Vem — chamo.Voltamos para o quarto. Fico na frente dele, tiro os seus óculos da camisa e coloco em

cima do criado-mudo, deslizo a sua jaqueta por seus ombros, então o beijo. Guilherme tira aminha blusa lentamente, depois tiro a camisa dele. Beijo o seu pescoço, peitoral e abdômen,em seguida os seus lábios novamente.

E assim nos tomamos apenas um, me fiz sua mulher e ele se fez o meu homem,consumando o que Deus uniu.

***

O amor verdadeiro surge quando menos esperamos, no momento certo Deus envia

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aquela pessoa que fará o seu coração bater forte, as suas mãos ficarem gélidas e a sua vida terum novo sentindo. Foi assim que me senti e sinto desde que conheci o garoto da rádio, que porsinal é o meu anjo da guarda, me completa e me fez entender o que é o amor.

Como o sol tem o mar e o céu o luar, para me ver feliz Deus me deu você.