encarte sobre anorexia

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Quando a vaidade se torna perigosa

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Projeto desenvolvido pelas alunas Fernanda Gonzalez, Matheus Godoi e Talita Alencar

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Page 1: Encarte sobre Anorexia

Quando a vaidade se torna perigosa

Page 2: Encarte sobre Anorexia

Todos nós comemos, não só porque necessitamos de o

fazer, como também porque nos dá prazer. No entanto, como em qualquer comportamento huma-no, o modo de nos alimentarmos varia gradualmente de pessoa para pessoa. Algumas pessoas comem mais, outras menos; algumas engordam com facili-dade, outras não. Mas algumas pessoas chegam ao extremo de comer em excesso ou restrin-gir a sua alimentação de uma forma abusiva. Nestes casos, podemos chamar de anorexia.

Em mulheres estas perturba-ções atacam 10 vezes mais do que nos homens, no entanto, os homens também podem sof-rer deste distúrbio alimentar.

A anorexia habitualmente tem início na adolescência, apesar de poder ter início num período anterior, a infância, ou poste-rior, aos 30, 40 anos de idade. Pensa-se que as mulheres ori-undas de meios socio-económi-co-culturais mais elevados e diferenciados têm uma maior incidência desta perturbação, mas também as restantes po

dem vir a sofrer da mesma.

Quase sempre, a anorexia tem início nas vulgares dietas que as adolescentes fazem. Cerca de 1/3 das pacientes com an-orexia tinha peso a mais antes de iniciar tais dietas. No entan-to, ao contrário das "dietas co-muns", que terminam quando o peso desejado é alcançado, na anorexia a dieta e a perca de peso subsistem até que a pessoa atinge níveis de peso muito inferiores às esperadas para a sua idade. A quantidade ínfima de calorias que são in-geridas; a restrição cada vez mais acentuada de alimentos até ao ponto de só serem ingeri-das saladas, fruta ou vegetais; a prática vigorosa de exercício físico e a tomada de comprimi-dos dietéticos, devem ser vis-tas como sintomas claros de uma possível anorexia nervosa.

Embora o termo "anorexia" sig-nifique "perca de apetite", o que se passa na realidade é que a pessoa com anorexia mantém o seu apetite normal, mas con-trola drasticamente o mesmo.

Page 3: Encarte sobre Anorexia

CELEBRIDADESE A ANOREXIA

Mischa Barton, antes e durante a anorexia.

Periodicamente o mundo das celebridades se agita com a notícia de al-gum famoso que está muito abaixo do peso, o que gera comen-tários e suspeitas a respeito da anorexia. O mundo da moda também é muito atin-gido por casos desse tipo. Nos anos 60 a modelo internacional Twiggy, ficou conhe-cia por quebrar os padrões estereótipos da moda. Seu porte magro foi cobiçado por milhares de estilistas na época,

que qualificavam o corpo de Twi-ggy perfeito para seus modelos. Apesar da ex modelo hoje afir-mar que nunca foi anoréxica, na época era dito que ela se alimen-tava de pastilhas e Coca-Cola.

Em 1975 a cantora Karen Car-penter, que fazia dupla com seu irmão Richard, no The Carpen-ters, grupo famoso na década de 70, foi diagnosticada com anorexia nervosa. Ela era muito magra e vivia em constante di-eta. Ela lutou contra a doença, fez vários tratamentos e chegou a apresentar melhora importante no início dos anos 80. Um pou-co mais tarde em 1983, faleceu

aos 32 anos.

Celebridades como a Princ-esa Diana, as Spice Girls Geri Halliwell e Victória Beck-ham, Mary Kate Olsen, Lindsay Lohan e Ala-nis Morissette, são algumas celebridades que tiveram

p r o b l e m a s com distúrbios alimentares.

Victoria Beckham assuta ao aparecer muito magra.

Page 4: Encarte sobre Anorexia

Daniel Johns, vocalista da banda Silverchair começou a sofrer de anorexia em 1997, quando sua banda estourou. “ Você é minha obcessão, eu te amo até os ossos, Ana destrói min-ha vida, como uma vida de anorexia” , é o que diz “Ana song’s” escrita por ele na época, que soa como um desabafo por sua situação. Hoje, conta que consider-ava a comida sua inimiga.

Em 2006, a modelo Ana Carolina Reston Macan, de 21 anos, morreu vítima

de anorexia nervosa, por uma infecção urinária que se transformou em uma in-fecção generalizada (septi-cemia). A causa da infecção foram cálculos renais causa-dos pela ingestão insuficiente de água. O quadro se agra-vou e evoluiu para uma in-fecção generalizada. Ela tin-ha cerca de 40 kg - e 1,74 m

“Você é minha obcessão, eu te amo até os ossos, Ana destrói minha vida,

como uma vida de anorexia”

Daniel Johns, na época anorexico

Ana Carolina Reston, morta por anorexia

Page 5: Encarte sobre Anorexia

A anorexia, distúrbio alimentar provocado pela preocupação exa-gerada com o peso corporal, atinge principalmente jovens entre 18 e 25 anos. A doença se caracteriza pela perda de peso ex-cessiva, decorrente da baixa ingestão ou muitas vezes de re-cusa alimentar. Pessoas que possuem o transtorno sofrem com distorção da imagem corporal, onde se enxergam sempre com excesso de peso e seguido ao medo de engordar, não medem esforços para reduzir o peso corporal. Segundo pesquisa, meni-nos ocupam 60% dos leitos do Ambulatório de Bulimia e Trans-tornos Alimentares do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Sintomas e reações da anorexia no organismo

Page 6: Encarte sobre Anorexia

Coisa de Garoto

Ao contrário do que muitos pen-sam os transtornos alimentares não fazem distinção de sexo, pes-quisas mostram que a cada ano o número de garotos que sofrem com bulimia e anorexia aumenta

Quem vê o estudante Bruno Martini hoje, aos 19 anos, não imagina o que ele passou quan-do tinha por volta dos onze. Na fase da pré-adolescência, o ga-roto sofria com a implicância de seus colegas de escola, todos comentavam sobre o seu exces-so de peso. Comentários que ini-cialmente pareciam inocentes,

se tornaram repetitivos e abusi-vos, foi então que Bruno decidiu fazer uma séria restrição ali-mentar, com o intuito de acabar com as “brincadeiras” dos colegas de uma vez por todas.

Nesse período, o estudante tin-ha por volta de 1,35 m e pesa-va 50 quilos, o ideal para esse peso e altura seria de 34 a 45 quilos, Bruno estava somente cinco quilos acima de seu peso ideal, e isso foi o suficiente para ele encarar a pior experiên-

Bruno Martini, hoje com 62 kilos

Page 7: Encarte sobre Anorexia

cia de sua vida, experiência essa que jamais esquecerá.A busca pelo corpo perfeito começou com a redução de re-feições ao dia, Bruno deixou de lado o jantar, passou a comer pouco durante o dia, a noite in-ventava uma desculpa aos seus pais e sempre consegui ir para a cama sem comer nada. Ao ver que só isso não estava surtindo o efeito desejado, começou a deixar de lado a café da manhã e logo após o almoço. Começou a reduzir a quantidade de calo-rias ingeridas por dia, até ficar propriamente sem comer.

Para esconder a doença de seus pais, procura-va usar sempre roupas largas, com manga e de forma alguma comentava com eles a respeito do problema com seu peso. Nesse momento o transtorno não era encarado pelo garoto como uma doença. “É complicado, porque você começa sem saber que esta doente, eu me achava gordo, e cada dia, mais feio”.

Bruno chegou a ficar semanas sem se alimentar, apenas toma-va água. Após quatro meses

nessa jornada em busca de um corpo perfeito, Bruno já tinha perdido 22 quilos, para sua mãe Valéria Martini, uma perda de peso nessa idade era normal, até que Valéria presenciou uma cena que a deixou chocada.Em uma tarde de calor, ao sair com Bruno para tomar um sor-vete, Valéria percebeu um certo desconforto por parte de seu filho, logo após, chorando muito e aos gritos Bruno dizia que não podia tomar aquele sor-vete, pois estava muito gordo, foi então que percebendo algo errado, procurou um médico.

“O levei ao m é d i c o , depois de alguns ex-ames, o

doutor constatou que ele es-tava muito abaixo do peso, subnutrido nos aconselhou a interná-lo ao mais rápido pos-sível, pois ele estava anorexico”.

Em casos como o de Bruno, a falta de informação dos pais é o fator mais preponderante para o agravamento da doença.

Após passar pela observa-ção dentro do hospital, Bruno

“A falta de informação dos pais é o principal fator para o

agravamento da doença”

Page 8: Encarte sobre Anorexia

foi encaminhado para uma clinica privada, onde ficou in-ternado por doze semanas, acompanhado por médicos, psicólogos e nutricionista.

Após três meses dentro da cli-nica, Bruno pôde sair, porém o tratamento continuou por mais dois anos, com visitas freqüentes ao médico, psicól-ogo e nutricionista. Hoje, nove anos após o ocorrido, Bruno diz não se preocupar mais com seu peso, com os padrões estéticos e principalmente aos comentári-os maldosos de pessoas próxi

.

mas, porém não se con-sidera totalmente curado.

“Você nunca está cem por cento curado, porque sempre fica a sombra da enfermidade e o medo de ficar doente novamente”.desabafa Bruno.

Tratamento

Acredita-se que o aumento da procura por tratamentos em ho-mens se deve a adequada di-vulgação pelos diferentes meios de Pinto de Azevedo, psiquiatra e Coordenador do Ambulatório de Transtornos Alimentares em Homens do AMBULIM, no meio médico-científico, a procura de homens por tratamentos era tão pequena que não justifica-va montar-se uma estrutura de tratamento para ser oferecido. Mas que, homens portadores de TA nunca deixaram de existir. A partir dos estudos epidemiológi-cos, a prevalência de orientação homossexual é cerca de 40% entre os portadores homens de transtornos alimentares. “Con-siderando que esta prevalência na população geral gira em tor-no de 6% a 10%, torna-se claro uma maior tendência de homos-Após 8 anos Bruno ainda teme a ficar doente

Page 9: Encarte sobre Anorexia

sexualismo entre os portadores de TA”, explicou Dr. Azevedo.

Anorexia x Stress

Aos 14 anos, Cristian Soares de-senvolveu anorexia nervosa que se estendeu até aos 16 anos. A doença foi causada não por mo-tivos esté-ticos, mas por prob-l e m a s com stress físico e e m o c i o -nal. O ga-roto, que não aceit-ava nen-hum tipo de brin-c a d e i r a , a l te rava-se fácil com colegas e famil-iares. As brigas constantes fiz-eram Cristian chegar ao seu limite quando agrediu o melhor amigo. Os colegas acabaram o evitando, e ao ficar sem ami-gos parou de comer, o que já não era um hábito constante.

O garoto chegou a pesar 49 qui-los aos 15 anos. “Não imaginava o tamanho que podia se tornar

um simples problema, não con-seguia admitir que realmente precisava de ajuda”, afirma. Mayara Nunes, melhor amiga de Cristian na época, foi a peça fundamental para o reconheci-mento da doença e sua recupe-ração. Os familiares de Cristian

não recon-h e c e -ram a doença, p e n s a -vam que anorexia era coisa de mul-heres e m o d e -los, mas a amiga não se d e i x o u

levar por esse pensamento e conversou com seus pais, aju-dando o início do tratamento.

O resultado do diagnóstico de um nutricionista, anorexia ner-vosa, assustou a todos. “O tratamento durou cerca de 6 meses com nutricionista, e a ajuda de um psicólogo foi fun-damental para entender real-mente o problema. Hoje meu

Christian na época do tratamento

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amigo está curado”, diz Mayara. Dentro as diversas consequên-cias nutricionais estão os distúr-bios hidroeletrolítico (desidrata-ção), hipoglicemia (falta de açúcar sanguíneo), ane-mia ferro priva, fraqueza, aumen-to do colesterol, queda da pressão sanguínea, deficiências re-nais, amenorréia (ausência de menstruação), obstipação in-testinal, perda de massa mus-cular e principalmente a morte.

As consequências psicológicas, físicas e emocionais são compl-exas e devem ser tratadas por profissionais da saúde, equipe multidisciplinar, para orientar

de forma cor-reta e impedir e p i s ó d i o s recorrentes. “A cura é de difícil alcance, por isso o indivíduo

que sofreu transtornos alimenta-res deve ser acompanhado por longo período de tempo”, orien-ta a nutricionista Vivian Salazar.

“Não imaginava o tamanho que podia se tornar um simples problema, não

conseguia admitir que real-mente precisava de ajuda”

Christian e Mayara