empresas que já ganharam fundos -...

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Expresso, 22 de janeiro de 2016 ECONOMIA 20 MICROLIME A empresa de produtos de cal e variados tem em curso um investimento no valor global de €12,5 milhões de euros que se destina à construção de uma nova unidade fabril em Ourém. Aí, foram adquiridos uma pedreira e 18 hectares de terrenos para o projeto. Entre os aspetos tidos em conta destacam-se o enquadramento paisagístico, os acessos e a utilização da mais moderna tecnologia. NUNEX Estão sediados em Viana do Castelo e dedicam-se ao fabrico de fraldas descartáveis para crianças e adultos e outros produtos de higiene pessoal. Neste momento, a Nunex tem um programa de investimentos superior a €17 milhões de euros, onde se inclui novas máquinas, tendo como principal foco o reforço da internacionalização da empresa. SEA4US Encontrou no mar o ambiente ideal para o desenvolvimento de novos fármacos. O Sea4us tem como produto líder um analgésico para a dor crónica moderada ou severa. A empresa trabalha com produtos compostos de origem marinha e que podem ser determinantes no estabelecimento de novas terapias. Mais eficazes e para diferentes patologias humanas. AQUATLANTIS Fabrica aquários, terrários e móveis adaptados a estes equipamentos. A empresa foi pioneira na disponibilização de LED nos sistemas de iluminação integrados dos seus produtos. Nos próximos dois anos a Aquatlantis prevê um investimento de aproximadamente €2,8 milhões na ampliação das instalações e aquisição de novos equipamentos. BENEFICIÁRIOS DO ROXO A Associação de Beneficiários do Roxo distribui água para agricultura, populações e indústrias, proveniente do Aproveitamento Hidroagrícola do Roxo. A gestão e conservação das infraestruturas e pessoal, a promoção do regadio e atividades agrorrurais estão entre os desígnios que os próximos investimentos potenciarão em Aljustrel, Ferreira do Alentejo e Santiago do Cacém. empresas que já ganharam fundos 20 Conheça sete do lote de uma vintena de PME que captaram financiamento europeu. Leia a história completa destas empresas a partir de segunda- feira e até 26 de fevereiro no Expresso Diário texto miguel a. pinto 20+20 Texto Joana Nunes Mateus Foto Marcos Borga V ontade de investir é o que não falta nos concursos que dão acesso aos novos fundos europeus do Portugal 2020. Desde que a cor- rida aos novos sis- temas de incentivos empresariais começou nos últimos dias de 2014 já se registaram mais de 12 mil candidaturas que se propõem a investir €7,1 mil milhões na economia portuguesa com o apoio deste dinhei- ro de Bruxelas. Em cada dez propostas de investi- mento, cinco vêm de microempresas, três de pequenas empresas e uma de empresas de média dimensão. Quanto ao bolo do investimento, as fatias são praticamente iguais: as médias em- presas estão prestes a atingir €1,6 mil milhões de intenções de investimento enquanto as micro, as pequenas e as grandes empresas já ultrapassaram a barreira dos €1,7 mil milhões em candidaturas às dezenas de concur- sos que entretanto abriram durante o ano 2015. No final de 2015, €700 milhões de incentivos europeus já tinham sido aprovados a mais de 3200 projetos de investimento. Em número de pro- jetos, os investimentos na qualifica- ção ou internacionalização de micro, pequenas e médias empresas (PME) dominam com dois terços dos proje- tos aprovados. Em valor, os projetos de inovação produtiva respondem por mais de metade dos incentivos aprovados. Indústria lidera A indústria transformadora lidera a corrida aos novos fundos europeus e está a captar 75% dos incentivos já aprovados, com destaque para as fileiras metálica, do têxtil, do ves- tuário e do calçado, da borracha e plásticos, da mecânica e eletrónica e do papel e publicações. Os projetos de investimento incidem sobretudo em bens intermédios e de processa- mento regional e de média e baixa intensidade tecnológica. Até ao final de 2015, o comércio captara 4% dos incentivos já aprovados e o turismo também, respondendo os restantes serviços por 8% deste bolo de fundos europeus. Segundo o Compete 2020, já há grandes projetos que, pela maior di- mensão do investimento, não cabem nos normais concursos mas implicam negociações mais exigentes com a AI- CEP, ao abrigo do regime contratual de investimento. É o caso da Embraer Estruturas Metálicas, a Embraer Es- truturas em Compósitos, a Altran, a Faurécia, a Mecachrome Aeronáuti- Fundos Projetos da indústria transformadora e na região Norte lideram corrida aos novos incentivos europeus do Portugal 2020. Empresários querem investir €7 m ca, a Renova, a Continental Mabor, a Renault Cacia e a Tec Pellets. Norte à frente Os novos sistemas de incentivos do Portugal 2020 têm o sotaque do Nor- te. A região está a captar 47% dos in- centivos já aprovados ao investimento empresarial neste novo quadro para 2014/2020, seguida da região Centro com 33%, do Alentejo com 7% e do Algarve com 1%. Até ao final de 2015, 13% dos incentivos destinaram-se a projetos “multirregiões”. Um zoom ao mapa de Portugal revela que um em cada cinco euros dos incen- tivos já aprovados teve como destino a Área Metropolitana do Porto. Segue- -se o Ave com 10%, Aveiro com 9%, o Cávado com 8% e Leiria com 7%. Estas são as regiões mais vibrantes dos sistemas de incentivos do Portugal 2020. Juntas, respondem por mais de metade dos incentivos e das candidatu- ras, seja em número seja em propostas de investimento, tendo já captado mais de €380 milhões dos novos fundos europeus para as empresas. Mais concursos em 2016 Os sistemas de incentivos do Por- tugal 2020 têm perto de €4 mil milhões para apoiar o investimento empresarial e a nova ronda de con- cursos começa dentro de momentos. Nas próximas semanas, deverão abrir candidaturas a novos fundos europeus para empresas interessadas em investir nos domínios do empreen- dedorismo, da inovação produtiva, da internacionalização e da qualificação das PME ou da investigação e desen- volvimento tecnológico (I&DT), sejam projetos individuais, núcleos de I&DT ou programas mobilizadores. [email protected]

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Expresso, 22 de janeiro de 2016ECONOMIA20

MICROLIMEA empresa de produtos de cal e variados tem em curso um investimento no valor global de €12,5 milhões de euros que se destina à construção de uma nova unidade fabril em Ourém. Aí, foram adquiridos uma pedreira e 18 hectares de terrenos para o projeto. Entre os aspetos tidos em conta destacam-se o enquadramento paisagístico, os acessos e a utilização da mais moderna tecnologia.

NUNEXEstão sediados em Viana do Castelo e dedicam-se ao fabrico de fraldas descartáveis para crianças e adultos e outros produtos de higiene pessoal. Neste momento, a Nunex tem um programa de investimentos superior a €17 milhões de euros, onde se inclui novas máquinas, tendo como principal foco o reforço da internacionalização da empresa.

SEA4USEncontrou no mar o ambiente ideal para o desenvolvimento de novos fármacos. O Sea4us tem como produto líder um analgésico para a dor crónica moderada ou severa. A empresa trabalha com produtos compostos de origem marinha e que podem ser determinantes no estabelecimento de novas terapias. Mais eficazes e para diferentes patologias humanas.

AQUATLANTISFabrica aquários, terrários e móveis adaptados a estes equipamentos. A empresa foi pioneira na disponibilização de LED nos sistemas de iluminação integrados dos seus produtos. Nos próximos dois anos a Aquatlantis prevê um investimento de aproximadamente €2,8 milhões na ampliação das instalações e aquisição de novos equipamentos.

BENEFICIÁRIOS DO ROXOA Associação de Beneficiários do Roxo distribui água para agricultura, populações e indústrias, proveniente do Aproveitamento Hidroagrícola do Roxo. A gestão e conservação das infraestruturas e pessoal, a promoção do regadio e atividades agrorrurais estão entre os desígnios que os próximos investimentos potenciarão em Aljustrel, Ferreira do Alentejo e Santiago do Cacém.

empresas que já ganharam fundos20Conheça sete do lote de uma vintena de PME que captaram financiamento europeu. Leia a história completa destas empresas a partir de segunda-feira e até 26 de fevereiro no Expresso Diário texto miguel a. pinto

20+20

Texto Joana Nunes Mateus Foto Marcos Borga

Vontade de investir é o que não falta nos concursos que dão acesso aos novos fundos europeus do Portugal 2020.

Desde que a cor-rida aos novos sis-temas de incentivos

empresariais começou nos últimos dias de 2014 já se registaram mais de 12 mil candidaturas que se propõem a investir €7,1 mil milhões na economia portuguesa com o apoio deste dinhei-ro de Bruxelas.

Em cada dez propostas de investi-mento, cinco vêm de microempresas, três de pequenas empresas e uma de empresas de média dimensão. Quanto ao bolo do investimento, as fatias são praticamente iguais: as médias em-presas estão prestes a atingir €1,6 mil milhões de intenções de investimento enquanto as micro, as pequenas e as grandes empresas já ultrapassaram a barreira dos €1,7 mil milhões em candidaturas às dezenas de concur-sos que entretanto abriram durante o ano 2015.

No final de 2015, €700 milhões de incentivos europeus já tinham sido aprovados a mais de 3200 projetos de investimento. Em número de pro-jetos, os investimentos na qualifica-ção ou internacionalização de micro, pequenas e médias empresas (PME) dominam com dois terços dos proje-tos aprovados. Em valor, os projetos de inovação produtiva respondem por mais de metade dos incentivos aprovados.

Indústria lidera

A indústria transformadora lidera a corrida aos novos fundos europeus e está a captar 75% dos incentivos já aprovados, com destaque para as fileiras metálica, do têxtil, do ves-tuário e do calçado, da borracha e plásticos, da mecânica e eletrónica e do papel e publicações. Os projetos de investimento incidem sobretudo em bens intermédios e de processa-mento regional e de média e baixa intensidade tecnológica. Até ao final de 2015, o comércio captara 4% dos incentivos já aprovados e o turismo também, respondendo os restantes serviços por 8% deste bolo de fundos europeus.

Segundo o Compete 2020, já há grandes projetos que, pela maior di-mensão do investimento, não cabem nos normais concursos mas implicam negociações mais exigentes com a AI-CEP, ao abrigo do regime contratual de investimento. É o caso da Embraer Estruturas Metálicas, a Embraer Es-truturas em Compósitos, a Altran, a Faurécia, a Mecachrome Aeronáuti-

Fundos Projetos da indústria transformadora e na região Norte lideram corrida aos novos incentivos europeus do Portugal 2020. Aprovados €700 milhões em 2015

Empresários querem investir €7 m il milhões

ca, a Renova, a Continental Mabor, a Renault Cacia e a Tec Pellets.

Norte à frente

Os novos sistemas de incentivos do Portugal 2020 têm o sotaque do Nor-te. A região está a captar 47% dos in-centivos já aprovados ao investimento empresarial neste novo quadro para 2014/2020, seguida da região Centro com 33%, do Alentejo com 7% e do

Algarve com 1%. Até ao final de 2015, 13% dos incentivos destinaram-se a projetos “multirregiões”.

Um zoom ao mapa de Portugal revela que um em cada cinco euros dos incen-tivos já aprovados teve como destino a Área Metropolitana do Porto. Segue--se o Ave com 10%, Aveiro com 9%, o Cávado com 8% e Leiria com 7%. Estas são as regiões mais vibrantes dos sistemas de incentivos do Portugal 2020. Juntas, respondem por mais de

metade dos incentivos e das candidatu-ras, seja em número seja em propostas de investimento, tendo já captado mais de €380 milhões dos novos fundos europeus para as empresas.

Mais concursos em 2016

Os sistemas de incentivos do Por-tugal 2020 têm perto de €4 mil milhões para apoiar o investimento empresarial e a nova ronda de con-

cursos começa dentro de momentos. Nas próximas semanas, deverão

abrir candidaturas a novos fundos europeus para empresas interessadas em investir nos domínios do empreen-dedorismo, da inovação produtiva, da internacionalização e da qualificação das PME ou da investigação e desen-volvimento tecnológico (I&DT), sejam projetos individuais, núcleos de I&DT ou programas mobilizadores.

[email protected]

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Expresso, 22 de janeiro de 2016 ECONOMIA 21

UM PROJETO

VALE DA ROSAÉ atualmente o maior produtor nacional de uva de mesa, com uma área de produção de 250 hectares e 12 variedades de uva de reconhecida qualidade. Os métodos de produção da Herdade Vale da Rosa baseiam-se no sistema pérgola, constituído por vinhas altas, em latada, que promovem um microambiente favorável que permite antecipar a época de produção e proteger a vinha das adversidades climáticas.

NORAS PERFORMANCEÉ responsável pelo desenvolvimento de um projeto inovador a nível mundial e que pode fazer a diferença. Trata-se de um boia telecomandada que evita que o nadador-salvador tenha de se lançar à agua em situações de maior risco. A produção da Noras Performance será numa fábrica em construção em Torres Vedras. Um projeto global que representa um investimento a rondar os €11 milhões.

Guia de candidatura

Quais são os

primeiros passos?

Ver atentamente os

regulamentos no site

do Portugal 2020

Olhar para a organização

de programas e fundos

Perceber que candidaturas

estão abertas

Onde se faz

a inscrição?

No Balcão 2020, acessível

a partir do site

A candidatura é sempre

feita digitalmente

Todos os documentos

são pedidos num

único momento

O que é preciso?

Uma senha fiscal atribuída

pela Autoridade Tributária

e Aduaneira

Garantias financeiras

e bancárias

Ter a contabilidade

organizada e simplificada

Como marcar

a diferença?

Através de uma declaração

de intenção de financiamento

bancário

Provar os méritos ec

onómicos

e sociais do projeto

Recorrer a consultores

especializados

Mais Portugal 2020

A importância que a atribuição dos fundos comunitários terá no tecido empresarial nos próximos anos é por demais evidente. É por isso que, na sequência do projeto Portugal 2020 — em que são feitas atualizações mensais e precisas

do programa —, o Expresso e o BCP Capital entenderam lançar, ao mesmo tempo, o 20+20. Veja nos próximos meses, tanto no semanário como no Expresso Diário, outras novidades sobre o tema, mais opinião e cinco guias caso pretenda candidatar-se.

Projetos da indústria transformadora e na região Norte lideram corrida aos novos incentivos europeus do Portugal 2020. Aprovados €700 milhões em 2015

Empresários querem investir €7 m il milhões

Brito Fernandes, administrador da

Microlime, conseguiu fundos europeus.

Investimento global da empresa de cal e

derivados: €12, 5 milhões

Painel 2+2Dois convidados, duas perguntas. No painel desta semana, Luís Florido alerta para o erro de candidaturas

desligadas da realidade, José Carlos Caldeira aconselha a usar os apoios de forma integrada

1 Um erro comum é preparar candidaturas desligadas da realidade do negócio e da empresa. Os projetos de investimento devem enquadrar-se na estratégia, ter uma dimensão financiável e gerar um retorno adequado face aos riscos que comportam. Quando o projeto é preparado sem adesão à realidade, a sua execução vai ter desvios e, muitas vezes, resultar na devolução dos apoios e em dificuldades para a empresa. Outro erro frequente é a displicência perante o processo de candidatura. Simplificação de procedimentos não se traduz na elegibilidade de todos os projetos. Antes de avançar com uma candidatura, a empresa e/ou os seus consultores devem avaliar com cuidado o potencial de sucesso da mesma. Os sistemas de incentivos são seletivos e as empresas devem ter cuidado com quem lhes prometa facilidades ou certezas.

2 Em primeiro lugar, devem definir com rigor quais são os seus objetivos de crescimento, qual a estratégia que vão usar para os alcançar e quais são os investimentos necessários para serem bem-sucedidas. De seguida, devem mapear esses investimentos com os sistemas de incentivos disponíveis. Sendo poucas as empresas com uma equipa interna especializada em incentivos, o recurso a consultores é uma opção, sendo normal que a avaliação inicial da elegibilidade de projetos não acarrete custos. Deste exercício deve resultar a identificação dos projetos em que a estimativa de custos e benefícios justifique avançar com candidaturas. Quando se recorre a apoio externo, qualquer insistência em acrescentar investimentos não prioritários ou em não acautelar os riscos de insucesso devem ser acompanhadas com especial atenção.

1 Para os projetos de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, tanto o Portugal 2020 como o Horizonte 2020 têm novos instrumentos e novas exigências. Importa ter em consideração na fase de preparação e submissão dos projetos o seguinte: apresentar um projeto com ambição, tendo em conta a dimensão internacional, onde o grau de avanço relativamente ao estado da arte esteja devidamente justificado. Constituir um consórcio completo e sólido, reunindo as capacidades e competências necessárias às atividades de I&D mas também à valorização e exploração comercial dos respetivos resultados, com impacto na competitividade das empresas e da economia. Justificar o enquadramento nas prioridades das estratégias de especialização inteligente relevantes e/ou nas prioridades definidas nas políticas europeias.

2 As empresas devem aproveitar as oportunidades de apoio ou financiamento disponíveis, assegurando os recursos necessários para cobrir todo o ciclo de inovação e algum do risco associado às atividades de I&D, pois só assim os investimentos realizados a montante poderão gerar impacto económico e social. As empresas devem estar atentas aos vários instrumentos de apoio ao IDI existentes e utilizá-los de forma integrada e complementar. A Agência Nacional de Inovação (ANI) aposta nesta nova abordagem, promovendo os vários programas de apoio ao IDI, financeiros ou fiscais, nacionais ou internacionais, nomeadamente o PT 2020, o Horizonte 2020 e o SIFIDE, capacitando as empresas com informação e ajudando-as a utilizá-los de forma sinergética, no desenvolvimento de novos produtos, serviços ou processos inovadores.

Luís Florindo, diretor executivo da EY

José Carlos Caldeira, presidente da ANI

1 QUE ERROS AS EMPRESAS NÃO PODEM COMETER PARA APROVEITAREM ESTE PACOTE?

2 COMO TIRAR PARTIDO DOS FUNDOS PARA CRIAR MAIS RIQUEZA E EMPREGO?