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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Porto Velho - Fórum Cível Av Lauro Sodré, 1728, São João Bosco, 76.803-686 e-mail: Fl.______ _________________________ Cad. Documento assinado digitalmente em 04/08/2014 09:38:38 conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001. Signatário: JORGE LUIZ DOS SANTOS LEAL:1010891 PVH1CIVEL-03 - Número Verificador: 1001.2013.0142.2381.424992 - Validar em www.tjro.jus.br/adoc Pág. 1 de 12 CONCLUSÃO Aos 22 dias do mês de Maio de 2014, faço estes autos conclusos ao Juiz de Direito Jorge Luiz dos Santos Leal. Eu, _________ Clêuda S. M. de Carvalho - Escrivã(o) Judicial, escrevi conclusos. Vara: 1ª Vara Cível Processo: 0014186-85.2013.8.22.0001 Classe: Procedimento Ordinário (Cível) Requerente: Marizete Vieira Alves Requerido: TSC Engenharia Ltda S E N T E N Ç A Vistos, etc... RELATÓRIO MARIZETE VIEIRA ALVES propôs ação reparatória de danos materiais e morais em desfavor de TSC ENGENHARIA LTDA alegando em síntese que firmou contrato de promessa de compra e venda com a requerida referente à casa nº 43 no Condomínio residencial a ser edificado na quadra 17 do setor 13 nesta cidade de Porto Velho – RO. Aduziu que a entrega do imóvel estava agendada para julho de 2012. Entretanto, por um acordo entabulado entre as partes, a entrega do imóvel foi antecipada para março de 2011 conforme documento acostado às fls. 42. A requerida não entregou a obra no prazo estipulado. Informou que devido ao atraso na entrega do bem teve que alugar uma residência para sua moradia, bem como alugou um espaço para seus familiares que estavam na cidade para a festa de aniversário de seu cônjuge. Disse que o atraso para a entrega do imóvel lhe trouxe grandes prejuízos, pleiteando ao final pela condenação da requerida ao pagamento de indenização por danos materiais referentes aos alugueis pagos com sua moradia, bem como com a hospedagem de seus familiares; requereu a condenação da ré ao pagamento da multa contratual referente ao atraso da obra; ao pagamento de lucros cessantes e por fim danos morais pelos abalos que sofreu. Devidamente citada, a Requerida apresentou contestação,

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Documento assinado digitalmente em 04/08/2014 09:38:38 conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001.Signatário: JORGE LUIZ DOS SANTOS LEAL:1010891

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CONCLUSÃOAos 22 dias do mês de Maio de 2014, faço estes autos conclusos ao Juiz de Direito Jorge Luiz dos Santos Leal. Eu, _________ Clêuda S. M. de Carvalho - Escrivã(o) Judicial, escrevi conclusos.

Vara: 1ª Vara CívelProcesso: 0014186-85.2013.8.22.0001Classe: Procedimento Ordinário (Cível)Requerente: Marizete Vieira AlvesRequerido: TSC Engenharia Ltda

S E N T E N Ç A

Vistos, etc...

RELATÓRIO

MARIZETE VIEIRA ALVES propôs ação reparatória de danos

materiais e morais em desfavor de TSC ENGENHARIA LTDA alegando em síntese

que firmou contrato de promessa de compra e venda com a requerida referente à

casa nº 43 no Condomínio residencial a ser edificado na quadra 17 do setor 13

nesta cidade de Porto Velho – RO. Aduziu que a entrega do imóvel estava

agendada para julho de 2012. Entretanto, por um acordo entabulado entre as

partes, a entrega do imóvel foi antecipada para março de 2011 conforme documento

acostado às fls. 42. A requerida não entregou a obra no prazo estipulado. Informou

que devido ao atraso na entrega do bem teve que alugar uma residência para sua

moradia, bem como alugou um espaço para seus familiares que estavam na cidade

para a festa de aniversário de seu cônjuge. Disse que o atraso para a entrega do

imóvel lhe trouxe grandes prejuízos, pleiteando ao final pela condenação da

requerida ao pagamento de indenização por danos materiais referentes aos

alugueis pagos com sua moradia, bem como com a hospedagem de seus familiares;

requereu a condenação da ré ao pagamento da multa contratual referente ao atraso

da obra; ao pagamento de lucros cessantes e por fim danos morais pelos abalos

que sofreu.

Devidamente citada, a Requerida apresentou contestação,

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suscitando a preliminar de inépcia da petição inicial. No mérito, disse que o contrato

previa a entrega da obra para julho/2012, admitida a tolerância de 180 dias.

Impugnou o documento juntado às fls. 42, requerendo sua nulidade, alegando que o

mesmo foi assinado entre os representantes da requerida (pessoas físicas) e que

não deve prevalecer tal documento em relação à empresa (pessoa jurídica). Disse

que não teve culpa pelo atraso na obra, pois este se deu pela dificuldade na

contratação da mão de obra, devido a chegada das usinas hidrelétricas de Santo

Antonio e Jirau, bem como entraves na concessão de alvarás e autorizações. Ao

final, requereu a improcedência dos pedidos da inicial.

Réplica às fls. 135/141.

Instadas as especificar provas, a parte autora informou o

desinteresse na produção de novas provas e a parte Ré quedou-se inerte.

É o Relatório. Decido.

FUNDAMENTAÇÃO

Afasto a preliminar de inépcia, pois os fatos narrados são

compreensíveis e os pedidos estão em conformidade com a lei. Analisando a

petição inicial, vejo que ela preenche os requisitos do art. 282 e 283 do CPC, sendo

apta aos fins a que se destina e proporcionando à Requerida o exercício pleno de

seu direito de defesa.

MÉRITO

Assim, ultrapassada esta questão, vejo que as partes são legítimas

e estão bem representadas. Estando presentes as condições da ação e os

pressupostos processuais, o mérito pode ser analisado.

DA VALIDADE DO ACORDO

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Trata-se de ação ordinária de indenização por danos materiais e

morais, alegando a autora que a Ré descumpriu sua obrigação, deixando de

entregar a obra no prazo estabelecido no termo de acordo de fls. 42, causando-lhe

prejuízos.

A requerida por sua vez, alegou em sua contestação a invalidade do

termo de acordo acima mencionado, pois os signatários não praticaram os atos

como representantes da requerida, pessoa jurídica, mas sim como pessoas físicas,

bem como requereram a improcedência total dos pedidos da autora.

Em que pesem as alegações da requerida, elas não devem

prosperar, tendo em vista que, analisando o instrumento particular de alteração do

contrato social da empresa TSC ENGENHARIA, juntado às fls. 99/104, verifico que

os únicos sócios proprietários da Requerida são os Senhores DIRCEU CORRÊA

JUNIOR e CELSO LUIZ GONÇALVES RIBEIRO, os mesmos que assinaram o

termo de acordo de fls. 42 se comprometendo a entregar o imóvel em março de

2011. Não há dúvida que os únicos sócios e representantes da ré assinaram o

documento.

Portanto, não há que se falar em invalidade do acordo formulado

entre as partes, eis que foi celebrado entre os proprietários da requerida e a parte

Autora.

Dentro do ordenamento jurídico brasileiro, encontramos um princípio

de extrema relevância para o presente caso, no qual visa resguardar a boa-fé e a

segurança jurídica. Trata-se da teoria da aparência. No presente caso, analisando o

termo de acordo juntado às fls. 42, vejo que a Requerente acreditava estar

negociando com a própria empresa, agindo com total boa-fé, eis que os próprios

proprietários da empresa Requerida assinaram e reconheceram a assinatura no

documento.

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Assim, temos que a requerente agiu com total boa-fé, não podendo

sofrer os dissabores de uma possível mudança no acordo firmado com os sócios da

Requerida, porque isso estaria violando a segurança jurídica.

DO DANO MORAL

Além disso, a requerida tenta eximir-se da responsabilidade civil por

suposta falta de mão de obra qualificada para a construção civil. Falou também que

a construção das usinas hidrelétricas do Madeira atrapalhou a contratação de

funcionários, bem como na dificuldade de conseguir alvarás e licenças para

construir.

Ocorre que estes argumentos não merecem prosperar. Esta matéria

é trazida pelas construtoras em sua defesa há muitos anos e sempre são afastadas,

tanto nos Tribunais Superiores, como no nosso TJ/RO, in verbis:

'Preparo. Regularidade. Apelação. Conhecimento. Agravo retido. Reiteração.

Ausência. Não conhecimento. Indenização. Interesse de agir e possibilidade

jurídica do pedido presentes. Imóvel. Compra na planta. Prazo de entrega.

Mora da construtora. Caso fortuito e força maior. Não configuração.

Alugueres devidos. Inexiste deserção ou irregularidade no preparo recursal,

se este é feito tendo como base o valor da causa. Não se conhece de

agravo retido não reiterado em preliminar de apelação. É improcedente a

alegação de ausência de interesse de agir e de impossibilidade jurídica do

pedido, quando a análise do caso concreto evidenciar que a via eleita para

pleitear reparação de danos é correta e não há vedação no ordenamento

jurídico ao pedido deduzido na inicial. A incidência de volume de chuvas no

inverno amazônico dentro da média histórica para o período não configura

hipótese de caso fortuito ou força maior, a fim de justificar a demora na

entrega de apartamento adquirido na planta, especialmente considerando

que tal fato não é imprevisível e nem se consubstancia em evento

extraordinário. A alegação de falta de mão-de-obra também não

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desnatura a responsabilidade da construtora pela demora na entrega

de apartamento em obra, uma vez que seria de se esperar a adoção de

medidas prévia ao início das obras ou em sua execução a fim de

corrigir o problema, inclusive com a possibilidade de contratação de

trabalhadores em outras localidades. Comprovada a mora da construtora

na entrega de imóvel adquirido na planta, é devida a reparação danos

consistente nos valores a que os proprietários teriam direito a título de

alugueres acaso entre a obra no prazo contratualmente previsto.

ACÓRDAO. Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os

Desembargadores da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de

Rondônia, na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas

em, POR UNANIMIDADE, REJEITAR AS PRELIMINARES E NÃO

CONHECER DO AGRAVO RETIDO E, NO MÉRITO, NEGAR

PROVIMENTO AO RECURSO NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR.

Porto Velho, 20 de julho de 2011 DESEMBARGADOR(A) Marcos Alaor Diniz

Grangeia' (0141349-53.2006.8.22.0014 Apelação - Agravo Retido)

Dessa forma, não vejo outra solução senão afastar a alegação de

falta de mão de obra.

Mesmo considerando as dificuldades afirmadas pela requerida, não

parece razoável que um problema conjuntural do mercado de construções, possa

servir de justificativa para a exclusão de responsabilidade contratual, pois a vinda

de grandes empresas para a construção das usinas hidrelétricas não foi surpresa,

mas propalada pelos Governos Federal, Estadual e Municipal através da mídia

muito tempo antes.

O prazo para entrega da obra venceu em março/2011 (fls. 42).

Sendo assim, evidente que a Requerida constituiu-se em mora por 24 meses, o que

ultrapassa a esfera de razoabilidade, sendo evidente o dano sofrido pela autora, que

restou impossibilitada de usufruir de seu imóvel no melhor momento imobiliário que

conheceu o município de Porto Velho.

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O Tribunal deste Estado já pacificou entendimento neste sentido, in

verbis:

'Indenização por danos materiais e morais. Entrega do imóvel. Atraso. Prazo de Tolerância. Cláusula de tolerância. Inadimplência dos demais adquirentes. Inexistência. Abusividade. Responsabilidade do fornecedor. Danos materiais. Condenação integral. Dano moral. Configuração. Tem-se por idôneos os documentos pertinentes aos recibos de locação com a assinatura do locador, com idêntica semelhança à assinatura do contrato de locação de imóvel residencial. Em contrato de promessa de compra e venda, o atraso na entrega do imóvel é de responsabilidade do fornecedor, principalmente quando inexistente cláusula de período de tolerância, pela qual alega ser o motivo ensejador do aludido atraso. Deve a construtora reparar integralmente os prejuízos materiais causados ao promitente-comprador pelo atraso na entrega de imóvel, provenientes de pagamentos de alugueres que teve de adimplir no período que esperou pela entrega do bem. Cabe indenização por danos morais causados ao adquirente do empreendimento, que padece inseguranças, aflição e angústia ante a falta de previsibilidade quanto à data da entrega efetiva do imóvel, em observância ao princípio da dignidade da pessoa humana. ACÓRDAO. Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Desembargadores da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas em, POR UNANIMIDADE, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DE APELAÇÃO E DAR PROVIMENTO AO ADESIVO NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. Porto Velho, 14 de setembro de 2011. DESEMBARGADOR(A) Marcos Alaor Diniz Grangeia' (0202804-53.2009.8.22.0001 Apelação - Recurso Adesivo)

Resta apenas chegar ao quantum indenizatório.

No presente caso, verifico que o atraso na entrega do imóvel, por si

só, caracteriza o abalo moral conforme jurisprudência do TJ/RO supracitada.

Neste sentido, considerando a extensão do dano, a condição

econômica das partes e o caráter pedagógico da medida, tenho como justo fixar o

valor da indenização por danos morais em R$ 15.000,00 (quinze mil reais).

LUCROS CESSANTES

Com relação ao pedido de lucros cessantes, vejo que a Requerida

não está amparada legalmente.

No dizer de Costa Machado, in Código Civil Interpretado: “Lucro

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cessante é o que o credor razoavelmente deixou de lucrar em razão do

descumprimento da obrigação pelo devedor.”.

Da análise da inicial, vejo que a Autora adquiriu a propriedade com a

finalidade de moradia, ou seja o imóvel seria utilizado para uso próprio, não tendo

fim comercial.

Ela não deixou de auferir lucros, pois a finalidade da propriedade era

a própria moradia. Assim, vejo que não há outra solução a não ser julgar

improcedente o pedido de lucros cessantes.

DA MULTA CONTRATUAL

Quanto ao pedido de condenação ao pagamento de multa contratual

pelo inadimplemento do contrato, esta encontra respaldo no próprio documento

juntado às fls. 31/40, mais precisamente na clausula 8.1, no qual dispõe que no

caso de atraso da obra por culpa exclusiva da empresa, a promitente vendedora

pagaria 0,4% por mês de atraso.

Assim, conforme entabulado entre as partes, a Requerida deverá

pagar a Autora o valor equivalente a multa contratual exposta na clausula 8.1 do

presente contrato de promessa de compra e venda.

A presente matéria já foi analisada nos tribunais, vejamos:

APELAÇÃO. INDENIZAÇÃO. COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA.

ATRASO INJUSTIFICADO NA ENTREGA DO IMÓVEL. MULTA

CONTRATUAL. POSSIBILIDADE. PARCELA PAGA EM DIA. CORREÇÃO

MONETÁRIA. PREVISÃO CONTRATUAL INEXISTENTE. DEVOLUÇÃO EM

DOBRO. PARÁGRAFO ÚNICO, ART. 42, CDC. DANOS MORAIS.

OCORRÊNCIA. No compromisso de compra e venda, o compromitente

vendedor assume a obrigação de entregar o imóvel na data aprazada.

Caso não cumpra o contratado deve arcar com a multa contratual.

Cobrança de correção monetária, que não foi prevista no contrato, em

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parcela quitada dentro do prazo estipulado, gera o dever de devolução em

dobro, conforme preceitua o parágrafo único, do artigo 42, do CDC. Não

sendo afastado por motivo de força maior, a expiração do prazo de

tolerância para a entrega do imóvel, qual seja 180 (cento e oitenta) dias, pela

regra do ônus de prova (artigo 333 do CPC) reconhece-se o direito do

compromissário comprador à indenização pelos danos materiais e morais

suportados. EMENTA: APELAÇÃO - ATRASO NA ENTREGA DE IMÓVEL -

MULTA - INCIDÊNCIA NOS TERMOS DO CONTRATO - MULTA PELO

ATRASO NA OUTORGA DE ESCRITURA - AUSÊNCIA DE PREVISÃO

CONTRATUAL - DANOS MORAIS - NÃO CONFIGURAÇÃO. O atraso na

entrega de imóvel implica no pagamento de multa nos termos ajustados no

contrato. Não há que se falar em multa por atraso na outorga de escritura

quando não existe previsão contratual nesse sentido e a parte não comprova

qualquer prejuízo hábil à aplicação de penalidade. Não tendo sido

comprovado nos autos que o atraso na entrega do imóvel causou

transtornos que ultrapassaram a seara do mero aborrecimento, afetando de

forma grave a integridade psíquica do autor, não há que se falar em

condenação ao pagamento de indenização por danos morais. (TJ-MG - AC:

10024096673009002 MG , Relator: Antônio Bispo, Data de Julgamento:

20/03/2014, Câmaras Cíveis / 15ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação:

01/04/2014).

Assim, vejo que é devido o valor equivalente a multa contratual

previamente estipulada em contrato, no percentual de 0,4%, conforme disposto no

contrato juntado às fls. 31/40.

DANOS MATERIAIS

Em relação ao pedido de danos materiais suportados pela

Requerente, vejo que durante o período de atraso da obra (entre março de 2011 a

março de 2013) a autora teve que alugar um imóvel para moradia, bem como

abrigar parentes que estavam na cidade para a festa de aniversário de seu cônjuge.

Informou que o custo mensal que desembolsava referente aos alugueis era de R$

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1.500,00 (Mil e quinhentos reais), sendo que referidos gastos totalizariam o valor de

R$ 36.000,00 (Trinta e seis mil reais).

Para acomodar seus familiares a Requerente desembolsou o valor

de R$ 5.000,00 (Cinco mil reais) conforme recibo juntado às fls. 67. Acontece que,

mesmo que a Autora estivesse na casa, objeto da lide, ele iria alugar outro imóvel

para acomodar seus familiares, sendo que este valor não pode ser suportado pela

Requerida, tendo em vista que não é responsável por tal dano.

Apresentou contrato e comprovantes de pagamentos de aluguel dos

anos de 2011 à 2013 (fls. 46/67).

Vislumbro claramente que a autora teve que esperar até a data da

entrega do imóvel para parar de pagar aluguel. O valor que a autora pagava como

aluguel é razoável. Atribuo à ré responsabilidade pelo atraso na entrega da obra,

devendo, consequentemente, efetuar o ressarcimento dos alugueis que a parte

autora teve que pagar, pois se a obra tivesse sido entregue, o aluguel não seria

pago.

Os Tribunais estão se posicionando no sentido de indenizar o valor

que a parte teve que gastar com locação de imóvel para moradia durante o atraso

da obra, vejamos:

PETIÇÃO INICIAL INÉPCIA Inocorrência Possibilidade de aditamento

Pedido principal de ressarcimento de despesas pagas pelo recorrente para

manutenção de imóvel locado que, acolhido, tornaria prejudicado os demais

que com ele não se afinassem Afastada a extinção do processo sem

julgamento de mérito Necessidade de provimento jurisdicional Questão de

direito a ser analisada Lide a qual está em condições de imediato julgamento

Aplicação da regra do art. 515, § 3º, do CPC.COMPRA E VENDA

INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS Inadimplemento contratual Obra

não entregue Pretendida indenização, sem requerimento de rescisão do

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contrato Possibilidade Construção que não se efetivou por falta de

expedição de alvará por órgão público Contaminação do solo

Comercialização prévia da unidade Não poderia a incorporadora e

construtora ter negligenciado sobre as reais condições do solo onde faria

levantar as suas construções Responsabilidade exclusiva de garantia de

tudo o que seja indispensável à solidez e segurança da obra Inteligência do

art. 618, caput, do CC Responsabilidade extracontratual, na forma do

parágrafo único, do art. 927, do CC Responsabilidade objetiva decorrente da

atividade de risco desenvolvida por construtora Incorporadora responde pela

má execução do contrato pela não entrega da unidade Previsão expressa do

inc. II, do art. 43, da L. nº 4.591/64 Serviço defeituoso, nos termos do art. 14,

§ 1º, do CDC Ocorrência de perdas e danos, ante a não fruição do imóvel.

DANOS MATERIAIS Cabimento Comprador locou outro imóvel para

residir Período que já deveria morar no imóvel próprio Indenização

devida apenas para os valores efetivamente despendidos com aluguel,

condomínio e IPTU, desde o prazo máximo para entrega da obra até a

efetiva entrega das chaves, corrigidos monetariamente desde os

desembolsos e com juros de mora de 1% a contar da citação

Precedente desta Corte Recurso provido para esse fim. DANOS

MORAIS Ocorrência Atraso na entrega da obra configurado Admissão por

parte da ré em diversos documentos encartados no processo Irregularidade

na atuação da apelada que causou frustração e angústia ao adquirente

Necessário desestimular a reiteração de tais práticas pelos empreendedores

que atuam nesse ramo de negócios. DANOS MORAIS Montante Fixação

que deve ter em conta o princípio da razoabilidade e proporcionalidade

Caráter sancionatório e compensatório da dor moral Juros moratórios, a

partir do evento danoso Incidência das S. nº 54 e 362, do STJ Recurso

provido.(TJ-SP - APL: 9121629412007826 SP 9121629-41.2007.8.26.0000,

Relator: João Batista Vilhena, Data de Julgamento: 11/09/2012, 10ª Câmara

de Direito Privado, Data de Publicação: 14/09/2012) Negritei.

No caso concreto, o que deve ser considerado são os meses que a

autora efetivamente pagou aluguel enquanto esperava a entrega na obra. A Autora

trouxe aos autos contratos e comprovantes de pagamento de alugueis no qual

perfazem o valor de R$ 36.000,00 (Trinta e seis mil reais), devendo ser atualizados

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Documento assinado digitalmente em 04/08/2014 09:38:38 conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001.Signatário: JORGE LUIZ DOS SANTOS LEAL:1010891

PVH1CIVEL-03 - Número Verificador: 1001.2013.0142.2381.424992 - Validar em www.tjro.jus.br/adocPág. 11 de 12

com juros de 1% ao mês desde a citação e atualização monetária desde o efetivo

desembolso de cada parcela. Esse é o valor devido à autora.

DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Ademais, a parte autora requereu o pagamento das despesas

havidas com a contratação de advogado. No entanto, entendo não serem passíveis

de ressarcimento na forma de perdas e danos pela parte adversa. Quaisquer

ressarcimentos referentes aos honorários de advogado serão, eventualmente,

inseridos na sucumbência prevista na condenação. Caso não haja condenação, a

parte autora deve arcar com os honorários de seu patrono.

DISPOSITIVO

Por todo o exposto e o que dos autos consta, JULGO

PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados na exordial e:

1) Condeno a Requerida ao pagamento de danos morais no valor de

R$ 15.000,00 (Quinze mil reais), já atualizados; 3) Condeno a Requerida ao

pagamento de danos materiais pelos alugueis com moradia no valor total de

36.000,00 (Trinta e seis mil reais), que deverá ser atualizado conforme esclarecido

acima; 4) Julgo procedente o pedido de condenação da parte ré a pagar à autora

0,4% ao mês de atraso para a entrega da obra, por estar previamente contratado

entre as partes; 5) Julgo improcedente o pedido de pagamento de honorários

advocatícios 6) Julgo improcedente o pedido de pagamento de lucros cessantes por

falta de amparo legal.

Sucumbente na maior parte, condeno a ré ao pagamento das custas

processuais e honorários advocatícios que arbitro em 10% (dez por cento), sobre o

valor corrigido da condenação, nos termos do art. 20, § 3°, do Código de Processo

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Civil.

Sai a parte ré, desde já, devidamente intimada a cumprir a

obrigação fixada em sentença no prazo de 15 (quinze) dias após o trânsito em

julgado, sob pena de incidência da multa prevista no artigo 475-J do Código de

Processo Civil.

Passados 30 dias do trânsito em julgado e se as partes não se

manifestarem, dê-se baixa e arquive-se.

Publique-se. Registre-se. Intime-se. Cumpra-se.

Porto Velho-RO, segunda-feira, 4 de agosto de 2014.

Jorge Luiz dos Santos Leal Juiz de Direito

RECEBIMENTOAos ____ dias do mês de Agosto de 2014. Eu, _________ - Escrivã(o) Judicial, recebi estes autos.

REGISTRO NO LIVRO DIGITALCertifico e dou fé que a sentença retro, mediante lançamento automático, foi registrada no livro eletrônico sob o número 1610/2014.