embargos a ação monitoria - fies - priscila benarrós assunção

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  • 8/10/2019 Embargos a Ao Monitoria - Fies - Priscila Benarrs Assuno

    1/31

    Escritrio de Advocacia

    Dra. Emlia Carolina Mello VieiraOAB n: 3.872

    Endereo: Avenida Tef n. 508(altos)CachoeirinhaCEP: 69.065-020Fone/Fax: (0**92) 3663-9880/ 3663-2100 Cel: 9985-7726

    E-mail: [email protected]

    1

    EXCELENTSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DA

    3 VARA DA SEO JUDICIRIA DO ESTADO DO AMAZONAS.

    Processo n. 10587-70.2010.4.01.3200Autor:CAIXA ECONMICA FEDERALRU:PRISCILA BENARRS ASSUNO

    PRISCILA BENARRS ASSUNO,

    brasileira, solteira, industriaria, natural de Manaus/AM, portador da cdula de

    identidade n: 13207318 SSP/AM, inscrito no CPF n: 647.761.902-49, residente e

    domiciliado no Beco So Joo, n: 04, Bairro: Japiim, CEP: 69077-761, vem, por

    intermdio de sua advogada e procuradora (Instrumento Procuratrio anexo), com

    escritrio profissional localizado no endereo constante do timbre, onde dever

    receber as notificaes e intimaes forenses de estilo, nos autos da AO

    MONITRIA, sob o nmero acima mencionado, movida pela CAIXA

    ECONMICA FEDERAL, j qualificada, apresentar, nos termos do art. 1.102 b art.

    1.102 c do Cdigo de Processo Civil, seus EMBARGOS, pelos fatos e fundamentos a

    seguir expostos:

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    Escritrio de Advocacia

    Dra. Emlia Carolina Mello VieiraOAB n: 3.872

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    2

    IDA TEMPESTIVIDADE:

    O presente embargo tempestivo, eis que a

    advogada da embargante juntou aos autos o instrumento de procurao no dia

    21/03/2012, tomando conhecimento do teor da ao e dos documentos

    arregimentados, sendo que o prazo comeou a fluir dia XX/XX/XXXX

    II - DOS FATOS ALEGADOS PELAEMBARGADA:

    A Embargante foi citada no dia 18 de Maro

    de 2012 para pagar o montante de R$ 30.304,26 (Trinta Mil Trezentos e Trinta e

    Quatro Reais e Vinte e Seis Centavos), valor cobrado pela Embargada relativo ao

    Financiamento EstudantilFIES realizado pela Embargante PRISCILA BENARRSASSUNO.

    De acordo com a ao monitria proposta

    pela Embargada, a cobrana se d pelo inadimplemento do contrato de n:

    02.1302.185.0003530-80 e aditamento para financiamento de parte do curso de

    graduao.

    III DOS FATOS NARRADOS PELA

    EMBARGANTE:

    A Embargante celebrou com a Embargada,

    na data de 13 de Julho de 2000, o contrato n; 02.1302.185.0003530-80, s fls.07 a 12

    dos autos, relativo Abertura de Crdito para Financiamento Estudantil de Ensino

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    3

    SuperiorFIES, onde figura como fiadora a Sra. AMLIA BENARRS ALENCAR.

    O referido contrato visou obter recurso, por emprstimo, para honrar as parcelasmensais junto ICESAMINSTITUTO CULTURAL DE ENSINO SUPERIOR DO

    AMAZONAS.

    O Referido contrato custeou 70% dos

    encargos educacionais da Embargante em curso de graduao de Bacharelado em

    Psicologia. Houveram aditamentos Contratuais, respectivamente, em 28/01/2002( fls.

    15 a 19), em 25/07/2002(fls. 20 a 24), e em 30/01/2003( fls. 25 e 26).Conforme planilha juntada aos autos, a

    Embargante pagou da 1(primeira) at a 30(Trigsima) parcela do financiamento,

    estando abertas as parcelas de n: 31 a 60, em face dos encargos manifestamente

    excessivos e extremamente onerosos, em pretenso de enriquecimento ilcito da

    Embargada.

    A Embargada vem cobrar judicialmente daEmbargante o montante excessivo e abusivo de R$ 30.304,26(Trinta Mil Trezentos e

    Quatro Reais e Vinte e Seis Centavos), com base em exigncia de vantagens abusivas

    e indevidas, em afronta lei.

    Artigo 6 da CF - So direitos sociais a

    educao, a sade, o trabalho, a moradia,

    o lazer, a segurana, a previdncia social,

    a proteo maternidade e infncia, a

    assistncia aos desempregados, na forma

    desta Constituio.

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    Artigo 205 da CFA educao, direito de

    todos e dever doEstado e da famlia, ser promovida e

    incentivada com a colaborao da

    sociedade, visando ao pleno

    desenvolvimento da pessoa, seu preparo

    para o exerccio da cidadania e sua

    qualificao para o trabalho.

    A Educao um sagrado direito do

    cidado, por isso que o Estado visando efetivar concretamente essa garantia

    constitucional, criou o financiamento estudantil ao estudante de baixa renda, a fim de

    possibilitar o acesso ao ensino superior. Portanto, o FIES um financiamento de

    natureza eminentemente pblica e social.Desta maneira, Excelncia, o contrato de

    financiamento em questo, no pode ter fim saliente a lucro, a remunerao do capital,

    e sim facilitar o acesso universidade particular aos estudantes que no dispem de

    recursos financeiros suficientes para suportar as altas prestaes de um estudante

    universitrio. Se o crdito estudantil fosse um emprstimo comum, no haveria

    necessidade da interveno estatal para a criao de um plano estudantil para

    viabilizar aos menos favorecidos a insero na universidade particular.

    O valor abusivo pleiteado pela Embargada,

    traduz, efetivamente, o abandono das finalidades e objetivos do programa, levando ao

    final do contrato, no um novo profissional de nvel superior, mas uma pessoa

    endividada e sem qualificao profissional para assumir o encargo da dvida.

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    IV DO DIREITO. DA APLICAODO CDIGO DE DEFESA AO

    CONSUMIDOR AO FIES.

    Todo e qualquer servio, seja de fomento,

    tal como o de financiamento imobilirio, tal qual o estudantil, alm das atividades

    securitrias e bancrias, enquadram-se no mbito de incidncia do ordenamentoconsumerista.

    Art.3 CDC Fornecedor toda pessoa

    fsica ou jurdica, pblica ou privada,

    nacional ou estrangeira, bem como os

    entes despersonalizados, que desenvolvem

    atividades de produo, montagem,criao, construo, transformao,

    importao, exportao, distribuio ou

    comercializao de produtos ou prestao

    de servios.

    2 - Servio qualquer atividade

    fornecida no mercado de consumo,

    mediante remunerao, inclusive s de

    natureza bancria, financeira, de crdito

    e securitria, salvo as decorrentes das

    relaes de carter trabalhista.

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    Assim, evidente, no caso em tela, a ofensa

    ao CDC, porque os reajustes das prestaes so semelhantes aos contratos definalidade lucrativa.

    VDA POSSIBILIDADE DA REVISO

    E ALTERAO JUDICIAL DO

    CONTRATO.

    O CDC em seu artigo 6, inc. V, c/c o artigo

    83, autoriza o consumidor propositura de qualquer demanda visando modificao

    ou reviso de contratos contra legem. Vejamos abaixo descrito:

    Art. 6 - So direitos bsicos do

    consumidor:V a modificao das clusulas

    contratuais que estabelecem prestaes

    desproporcionais ou sua reviso em razo

    de fatos supervenientes que as tornem

    excessivamente onerosas.

    Art. 83 Para a defesa dos direitos e

    interesses protegidos por este Cdigo so

    admissveis todas as espcies de aes

    capazes de propiciar sua adequada e

    efetiva tutela.

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    O Art. 51, caput, 4 do CDC assegura areviso na hiptese de onerosidade excessiva das avenas coadunando-se orientao

    com os princpios vetores do novo Cdigo Civil, que em seu art. 478 que tambm

    prev a possibilidade de reviso contratual, ou extino, quando se verificar a

    onerosidade excessiva. Vejamos os artigos citados abaixo:

    Art. 51So nulas de pleno direito, entreoutras, as clusulas contratuais relativas

    ao fornecimento de produtos e servios

    que:

    4 - facultado a qualquer consumidor

    ou entidade que o represente requerer ao

    Ministrio Pblico que ajuze acompetente ao para ser declarada a

    nulidade de clusula contratual que

    contrarie o disposto neste Cdigo ou de

    qualquer forma no assegure o justo

    equilbrio entre direitos e obrigaes das

    partes.

    Diz o art. 478 do Cdigo Civil:

    Art. 478 Nos contratos de execuo

    continuada ou diferida, se a prestao e

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    uma das partes se tornar excessivamente

    onerosa, com extrema vantagem para aoutra, em virtude de acontecimentos

    extraordinrios e imprevisveis, poder o

    devedor pedir a resoluo do contrato. Os

    efeitos da sentena que a decretar

    retroagiro data da citao.

    O contrato firmado visa o acesso ao ensino

    superior, de modo que no pode ser instrumento que desqualifiquem ou imponha ao

    indivduo desonra, constrangendo-o e ferindo sua dignidade, sob pena que estar

    violando os princpios fundamentais da CF em seu art.1 III, que diz:

    Art. 1 - A Repblica Federativa doBrasil, formada pela unio indissolvel

    dos Estados e Municpios e do Distrito

    Federal, constitui-se em Estado

    Democrtico de Direito e tem como

    fundamentos:

    IIIa dignidade da pessoa humana;

    Podemos concluir que o contrato em questo

    poder ser revisado pela Embargada, j que a situao de equilbrio inicial fora

    rompida e o princpio da dignidade humana est em perigo.

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    VI - DOS JUROS EXCESSIVOS.

    VIOLAO AO CDIGO DE DEFESADO CONSUMIDOR:

    A teor da Smula n 297 do STJ, resta

    jurisprudencialmente assente a aplicabilidade das normas da Lei Federal n 8078/90 s

    Instituies Financeiras, como o caso do embargado, que, nos presentes autos, a

    partir de contrato de financiamento estudantil, objetiva locupletar-se indevidamente scustas dos hipossuficientes. Nesse sentido, o Colendo TRF 4 Regio, por sua

    Eminente Presidenta j decidira:

    certo que os contratos de fornecimento

    de crdito bancrio, seja qual for a

    modalidade considerada, configuramatualmente um dos instrumentos mais

    importantes a possibilitar o

    estabelecimento de relaes de consumo,

    caracterizando-se, sobretudo, por serem

    contratos de adeso, com clusulas

    previamente estabelecidas sem que o

    tomador do crdito tenha oportunidade

    de sobre elas divergir.

    Considerada esta realidade, seria de todo

    incompatvel com a finalidade do Cdigo

    deixar margem de sua proteo

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    justamente aquelas relaes nas quais

    mais aparente a desigualdade doconsumidor em relao ao fornecedor do

    crdito, a qual se faz sentir no apenas em

    decorrncia do desequilbrio econmico,

    mas tambm em razo das peculiaridades

    deste tipo de contrato, que, alm de serem

    por adeso, implicam o contato cominstitutos de difcil compreenso pelo

    cidado comum, como aqueles que ora se

    discute, ou seja, capitalizao de juros,

    comisso de permanncia, ndices de

    correo monetria, entre outros.

    (TRF-4 R., 3 T., AC n2005.71.08.002439-9/RS, Rela. Desa. Fed.-

    Pres. SILVIA MARIA GONALVES

    GORAIEB, publ. D.J.U. de 28/06/2006)

    Cumpre registrar, que no caso dos autos no

    houve conveno entre as partes, seno que adeso do consumidor s clusulas

    impostas unilateralmente pelo embargado fornecedor de servios bancrios, a teor do

    art. 54/CDC; no sendo dado aos embargantes discutir as clusulas do contrato, o que

    j denota indcios da abusividade do procedimento do autor:

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    da Embargante, auferindo demasiados proveitos. Ocorreu, assim, violao ao

    princpio do equilbrio contratual (inc. III do art. 4 c/c inc. II, 1 do art. 51 da Lei

    8078/90) ou do justo equilbrio ( 4 do art. 51 da Lei 8078/90) contratual, pois

    foram impostas pela Embargada, conforme abaixo demonstrado, obrigaes inquas e

    desproporcionais a Embargante, de forma a impingir-lhe desvantagens excessivas.

    Voltando-se a lei consumerista coibio e

    represso de todos os abusos praticados no mercado de consumo (inc. VI do art. 4

    da Lei 8078/90), necessria a adequao contratual de forma a expungir da relaonegocial todas as ilegalidades perpetradas pela Embargada atravs da imposio de

    obrigaes nulas de pleno direito, por abusivas.

    Ademais, a jurisprudncia proclama a

    nulificao e afastamento das avenas contratuais abusivas nulas de pleno direito

    como maneira de adequar o contrato lei e apurar eventual indbito a favor dos

    embargantes, e tambm porque o negcio jurdico nulo no suscetvel deconfirmao, nem convalesce pelo decurso do tempo (art. 169/CC):

    Veja-se que numa perspectiva do Direito

    do Consumidor no se admite, em

    qualquer avena contratual, a

    subsistncia de clusulas abusivas que

    garantam vantagens excessivas para uma

    das partes em detrimento da outra.

    (TJRS, 14 CC, AC n 70013206495, Rel.

    Des. ROGRIO GESTA LEAL, j.

    10/11/2005)

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    O banco um prestador de servio e,

    como tal, sendo detentor do podereconmico, deve ter suas atividades

    controladas por normas de ordem pblica

    e de carter social, visando a conteno de

    eventuais abusos nos contratos postos

    disposio dos clientes e consumidores em

    geral. Desta forma, as normas do CDCesto acima daquelas oriundas do

    Conselho Monetrio Nacional e do Banco

    Central. Assim, possvel a reviso do

    contrato vigente entre as partes, ainda

    mais quando a instituio financeira est

    exigindo encargos e valores abusivos,pondo em situao de desequilbrio a

    relao existente entre o prestador de

    servio e o consumidor, trazendo

    vantagens demasiadas e excessivas quele,

    com o conseqente empobrecimento

    deste, a parte mais fraca da relao.

    No caso, aplicam-se os artigos 1; 3, 2;

    6, IV e V; 39, V; 47 e 51, IV, todos do

    Cdigo de Defesa do Consumidor.

    (TJRS, 11 CC, AC n 70008072621, Rel.

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    Des. JORGE ANDR PEREIRA

    GAILHARD, j. 28/04/2004)

    Pelo fato da pretenso da Embargada violar

    normas de ordem pblica, indisponveis, e de interesse eminentemente social,

    dispostas na Lei Federal n 8078/90, seu pedido no pode ter procedncia, pois, de

    forma conscientemente inqua, busca vantagem exagerada, pois sabe de antemo ser a

    Embargante pessoa hipossuficiente e sem condies econmicas e sociais de adimpliro dbito no montante abusivamente exigido:

    E, de acordo com o artigo 1 do

    mencionado diploma legal, em sendo as

    normas de proteo e defesa do

    consumidor de ordem pblica e interessesocial, h de ser declarada, at mesmo de

    ofcio, a nulidade de pleno direito de

    disposies contratuais que imponham ao

    consumidor ONEROSIDADE

    EXCESSIVA, importando em

    VANTAGEM EXAGERADA ao credor.

    (...)

    Nesse sentido, contemplando a

    possibilidade do julgador declarar ex

    officio a nulidade de disposies

    contratuais abusivas, ilustrativamente

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    trago colao aresto unnime emanado

    da Quarta Turma do egrgio SuperiorTribunal de Justia, da relatoria do

    eminente Ministro SLVIO DE

    FIGUEIREDO TEIXEIRA, no

    julgamento do REsp. n 100.521-RS

    (TJRS, 14 CC, AC N 70013332317,

    RELA. DESA. ISABEL DE BORBALUCAS, J. 05/01/2006)

    Sendo matria de ordem pblica (art.

    1, CDC), a nulidade de pleno direito das

    clusulas abusivas nos contratos de

    consumo no atingida pela precluso, demodo que pode ser alegada no processo a

    qualquer tempo e grau de jurisdio,

    impondo-se ao juiz o dever de pronunci-

    la de ofcio..

    (TJRS, 14 CC, AC n 70011259868, Rel.

    Des. DORVAL BRAULIO MARQUES, j.

    19/01/2006)

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    4) DA VEDAO DACAPITALIZAO DE JUROS EM

    QUALQUER PERIODICIDADE.

    Dispe o Cdigo de Defesa do Consumidor

    que:

    Art. 51. So nulas de pleno direito, entreoutras, as clusulas contratuais relativas

    ao fornecimento de produtos e servios

    que:

    IVestabeleam obrigaes consideradas

    inquas, abusivas, que coloquem o

    consumidor em desvantagem exagerada,ou sejam incompatveis com a boa-f ou a

    eqidade;

    1 Presume-se exagerada, entre outros

    casos, a vantagem que:

    III se mostra excessivamente onerosa

    para o consumidor, considerando-se a

    natureza e contedo do contrato, o

    interesse das partes e outras

    circunstncias peculiares ao caso.

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    Entende-se que a cobrana de juros

    capitalizados, em qualquer periodicidade que seja, configura condio ou clusulaabusiva e excessivamente onerosa para o consumidor, que traz vantagem exagerada

    Instituio Financeira.

    Segundo a conceituao econmica da

    capitalizao de juros, estes levam ao crescimento exponencial em progresso

    geomtrica do capital ao longo do tempo, recaindo, sempre, cumulativamente sobre o

    saldo a maior do ms imediatamente anterior, de forma a, invariavelmente, trazerproveito exagerado e injusto ao credor:

    A figura da capitalizao composta de

    juros caracteriza-se pela incidncia da

    taxa de juros sobre o capital inflado pelos

    juros do perodo prximo anterior,

    provocando um comportamentoexponencial do capital ao longo do tempo,

    ou seja, o seu valor se altera como se fosse

    uma progresso geomtrica. Nesse

    sistema, os juros so calculados sempre

    sobre o saldo acumulado, imediatamente

    precedente, sobre o qual j foram

    incorporados juros de perodos

    anteriores. (Fundao Instituto de

    Pesquisas Contbeis Atuariais e

    Financeiras, Manual de controle

    operacional de sociedades de

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    arrendamento mercantil, 2. Ed, So

    Paulo: Atlas, apud Mrcio Mello Casado,Proteo do Consumidor de crdito

    bancrio e financeiro. So Paulo: RT,

    2000, p. 124).

    A descabida onerao do tomador do

    emprstimo provocada pela capitalizao dos juros, pondo-o em desvantagemexagerada, incentivou a adoo de posicionamentos jurisprudenciais inibidores do

    anatocismo. Assim que, veda-se a capitalizao de juros, em qualquer periodicidade,

    ainda que pactuada expressamente, segundo a Smula n 121 do STF e a

    jurisprudncia:

    Quanto a capitalizao dos juros, com arevogao da parte final do art. 1262, do

    Cdigo Civil, pelo art. 4, do Decreto n

    22.626, ela somente permitida naqueles

    negcios em que haja lei especial

    autorizadora, matria essa j pacificada

    na Corte Suprema atravs da Smula

    121: vedada a capitalizao de juros,

    ainda que expressamente convencionada.

    A exceo se d nos casos de negcios

    comerciais, industriais e de crdito rural,

    para os quais h autorizao de

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    capitalizao semestral em legislao

    especial, uma vez prevista no contrato, oque tambm j foi consolidado no

    Superior Tribunal de Justia pela Smula

    93. (grifos nossos)

    (TJRS, 14 CC, AC n 70013182837, Rel.

    Des. ROGRIO GESTA LEAL, j.

    10/11/2005)

    A capitalizao dos juros, mesmo

    quando expressamente convencionada,

    em contratos como o presente, no

    admitida, tanto em observncia

    legislao atinente (art. 4 do Decreto22.626/33), quanto pela aplicao da

    Smula 121 do Supremo Tribunal

    Federal. (grifos nossos)

    (TJRS, 14 CC, AC n 70013332317, Rela.

    Desa. Isabel de Borba Lucas, j.

    05/01/2006)

    Com efeito, a imposio de juros

    capitalizados mensais a Embargante significa pretenso exagerada e desproporcional

    realidade econmica e social do contrato, afrontosa da jurisprudncia do STJ, que

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    consagra a vedao da capitalizao de juros em quaisquer periodicidade (mensal ou

    anual):CAPITALIZAO DE JUROS.

    A JURISPRUDNCIA DO SUPERIOR

    TRIBUNAL DE JUSTIA

    CONSOLIDOU-SE no sentido de que, nos

    contratos de mtuo, A

    CAPITALIZAO DOS JUROS,QUALQUER QUE SEJA A

    PERIODICIDADE, DEVE SER

    AFASTADA. Recurso especial conhecido

    e provido. (grifos nossos)

    (STJ, 3 Turma,REsp. n 281171/PR, Rel.

    Min. ARI PARGENDLER, DJ:06/10/2003)

    Em que pese o artigo 591 do novo

    Cdigo Civil admitir a capitalizao

    anual, de se manter a posio no sentido

    de ved-la. Isso porque admitir no

    significa impor, e a vedao da

    capitalizao, dentre outras, seria uma

    forma de facilitar o adimplemento

    contratual, fim precpuo do direito

    obrigacional. (...)

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    Por concluso, nos negcios jurdicos

    bancrios em geral, a exemplo doscontratos de carto de crdito, planos de

    consrcio, financiamento com garantia de

    alienao fiduciria, arrendamento

    mercantil e compra e venda com reserva

    de domnio, no possvel que se admita a

    capitalizao de juros, simplesmente porno haver previso legal expressa, de

    forma que tambm esta clusula deve ser

    nulificada. (grifos nossos)

    (TJRS, 14 CC, AC n 70011259868, Rel.

    Des. DORVAL BRAULIO MARQUES, j.

    19/01/2006)

    Pelo exposto, desde j requer se digne V.

    Exa. determinar o afastamento da cobrana da juros mensalmente capitalizados, feita

    pela Embargada na sua planilha de clculo, ordenando-se, de conseguinte, o reclculo

    do dbito expurgando os juros capitalizados em qualquer periodicidade.

    6) DA ABUSIVIDADE DA INCIDNCIA

    DA TABELA PRICE:

    Consta da Clusula 10 e 10.3 do contrato:

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    10 AMORTIZAO: O valor

    financiado ser restitudo nas pocasprprias e nas condies fixadas neste

    instrumento, em qualquer agncia da

    CAIXA ou onde essa determinar, sendo

    amortizado da seguinte forma:

    10.3 A partir do 13 (dcimo terceiro)ms de amortizao, o ESTUDANTE

    ficar obrigado a pagar prestaes

    mensais e sucessivas compostas de

    principal e juros, calculadas segundo o

    Sistema Francs de AmortizaoTabela

    Price.

    sabido que na amortizao baseada no

    sistema "Price" os juros crescem em progresso geomtrica, sobrepondo-se juros

    sobre juros, caracterizando-se o anatocismo. O STJ, bem como o TRF, proclamam que

    a aplicao da Tabela Price, nos contratos em referncia, encontra vedao na regra

    disposta nos artigos 6, V, e 51, IV, 1, III, do CDC, em razo da excessiva

    onerosidade imposta ao estudante, concluindo que no contrato de financiamento

    estudantil deve-se aplicar os juros legais, ajustados de forma no capitalizada ou

    composta:

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    No que pertine Tabela Price, o

    Superior Tribunal de Justia tem sepronunciado pelo afastamento desta

    modalidade de clculo, com o fito de

    excluir o cmputo de juros compostos ou

    capitalizados, para que seja aplicado

    exclusivamente os juros pactuados no

    contrato de forma linear.No REsp 572.210/RS, o Ministro Jos

    Delgado em seu voto relator e condutor

    da deciso na Turma assim analisa o

    anatocismo produzido pela aplicao da

    Tabela Price:

    "...Ento, como antes referido, na TabelaPrice, percebe-se que somente a

    amortizao que se deduz do saldo

    devedor. Os juros jamais so abatidos, o

    que acarreta amortizao menor e

    pagamento de juros maiores em cada

    prestao, calculados e cobrados sobre

    saldo devedor maior em decorrncia da

    funo exponencial contida na Tabela, o

    que configura juros compostos ou

    capitalizados, de modo que o saldo

    devedor simples e mera conta de

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    diferena. Alm disso, tratando-se, como

    antes visto, de progresso geomtrica,quanto mais longo for o prazo do

    contrato, mais elevada ser a taxa e maior

    ser a quantidade de juros que o devedor

    pagar ao credor.

    Na Price o saldo devedor - como mera

    conta de diferena (e esse , digamosassim, mais um dos 'truques' da Tabela) -

    maior do que na incidncia de juros

    simples, de modo que as sucessivas

    incidncias de juros ocorrem sempre

    sobre um valor ou uma base maior do que

    no clculo dos juros simples. E isso ocorreporque se trata de taxa sobre taxa, juros

    sobre juros, funo exponencial,

    progresso geomtrica, ou como se queira

    chamar: anatocismo, capitalizao ou

    contagem de juros de juros.

    Observa-se, claramente, que na

    prestao da Price que esto embutidos

    ou, melhor dizendo, disfarados, os juros

    compostos e onde exatamente se visualiza

    o anatocismo ou incidncia de juros sobre

    juros ou taxa sobre taxa ou progresso

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    geomtrica.

    E isso porque, repita-se, o saldo devedor,no sistema da Price, no propriamente o

    saldo devedor real, mas uma simples

    conta de diferena.

    No segundo exemplo acima (Situao

    "D"), conclui-se que, no clculo com juros

    simples, sem a capitalizao provocadapela funo exponencial da Price, o saldo

    credor, em face de uma amortizao

    maior, j que os dados da dvida pactuada

    so exatamente os mesmos. (...)

    Entretanto, como j referido

    anteriormente, na Price os juros socapitalizados por que so calculados taxa

    sobre taxa em razo da funo

    exponencial j aludida, contida na

    frmula."

    evidente que, conforme demonstrado,

    h cobrana de juros capitalizados ou

    compostos quando para fix-los, obedece-

    se Tabela PRICE. Esta caracteriza

    sistema em que h sucessivas reaplicaes

    dos juros.

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    Isso posto, dou provimento ao recurso

    para determinar a reviso do contrato afim de que os juros no sejam calculados

    pela aplicao da Tabela PRICE,

    observando-se, em substituio, juros

    legais ajustados de forma no

    capitalizada ou composta..."

    (TRF-4 R., 3 Turma, AC n2004.71.08.004155-1/RS, Rel. Des. Fed.

    CARLOS EDUARDO THOMPSON

    FLORES LENZ, publ. D.E. de

    14/03/2007)

    Clusula abusiva e demasiadamente onerosaque , a estipulao unilateral da Tabela Price pela Embargada, configura nulidade

    contratual por implicar em desvantagem evidentemente exagerada ao estudante

    hipossuficiente, que tem aniquilada sua capacidade econmica e progresso social pelo

    recrudescimento estratosfrico do dbito provocado por tal mtodo de amortizao

    capitalizado da dvida.

    Na linha da argumentao supra, est a mais

    recente jurisprudncia do TRF 4 Regio, na voz dos seus mais Eminentes

    Desembargadores, ressaltando o manifesto abuso e nulidade absoluta da adesiva

    estipulao da Tabela Price nos contratos de financiamento estudantil, de manifesta

    conotao de cunho pblico-social, que, como contratos bancrios, no admitem a

    capitalizao de juros disfarada, resultante da adoo do mtodo de clculo Price:

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    "1. O contrato de financiamento decrdito educativo, ajustado entre a Caixa

    Econmica Federal e o estudante, de

    natureza bancria, pelo que recebe a

    tutela do art. 3, 2, da Lei 8.078, de

    1990 (Cdigo de Defesa do Consumidor).

    2. indevida a utilizao da Tabela Pricena atualizao monetria dos contratos de

    financiamento de crdito educativo, uma

    vez que, nesse sistema, os juros crescem

    em progresso geomtrica, sobrepondo-se

    juros sobre juros, caracterizando-se o

    anatocismo.3. A aplicao da Tabela Price, nos

    contratos em referncia, encontra

    vedao na regra disposta nos artigos 6,

    V, e 51, IV, 1, III, do Cdigo de Defesa

    do Consumidor, em razo da excessiva

    onerosidade imposta ao consumidor, no

    caso, o estudante.

    4. Na atualizao do contrato de crdito

    educativo, deve-se aplicar os juros legais,

    ajustados de forma no capitalizada ou

    composta.

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    5. Recurso especial conhecido e provido.".

    RECURSO ESPECIAL N 572.210 RS(2003/0148634-1) RELATOR MINISTRO

    JOS DELGADO, 1 Turma, Os Srs.

    Ministros Francisco Falco, Teori Albino

    Zavascki e Denise Arruda votaram com o

    Sr. Ministro Relator.

    (TRF-4 R., 3 Turma, AC n2004.71.08.004155-1/RS, Rel. Des. Fed.

    CARLOS EDUARDO THOMPSON

    FLORES LENZ, publ. D.E. de

    14/03/2007)

    Aplicao da Tabela PRICEEsta Turma j assentou que descabida a

    utilizao do Sistema Francs de

    Amortizao - Tabela PRICE.

    Ocorre que o mtodo adota a tcnica de

    incidncia de juros sobre juros, vedada

    expressamente no art. 4 do Decreto n.

    22.626/33, como bem destacado pelo E.

    Des. Fed. Luiz Carlos de Castro Lugon,

    quando do julgamento da AC n.

    2003.04.01.002697-7/PR que, em

    homenagem brevidade, deixo de

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    29

    transcrever.

    (TRF-4 R., 3 Turma, AC n2005.71.08.002439-9/RS, Rel. Des. Fed.-

    Pres. SILVIA MARIA GONALVES

    GORAIEB, publ. DJU de 28/06/2006)

    2. A organizao do fluxo de pagamento

    constante, nos moldes do Sistema Francsde Amortizao (Tabela Price), concebe a

    cotao de juros compostos, o que

    vedado legalmente, merecendo ser

    reprimida, ainda que expressamente

    avenada, uma vez que constitui

    conveno abusiva.(TRF-4 R., 3 T., AC n

    2005.71.05.006782-7/RS, Rel. Des. Fed.

    LUIZ CARLOS DE CASTRO LUGON,

    publ. D.J.U. de 04/10/2006)

    Pelo exposto, desde j requer a Embargante

    se digne V. Exa. determinar a excluso da Tabela Price, e da capitalizao de juros

    que tal mtodo de amortizao traz consigo, no clculo feito pela Embargada.

    VII DA POSSIBILIDADE DE

    ACORDO

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    Nesta oportunidade, a Embargante sugere apossibilidade de acordo com a Embargada, e sei dispes a pagar o valor do dbito de

    forma parcelada, desde que a proposta apresentada seja razovel e o valor da mora

    seja incorporado ao saldo devedor.

    Com intuito de evitar a demora do trmite

    judicial, que tambm est prejudicando a Embargante, pois seu nome sofre restries

    nos rgos de proteo ao crdito, afiguram-se oportuna e benfica para ambas aspartes a conciliao judicial.

    Um acordo o modo mais vivel da

    Embargada receber seu ativo, pois a Embargante no possui bens passveis de

    penhora, e, portanto, a recusa em receber os valores da forma solicitada teria como

    conseqncia a total ineficcia da presente ao.

    Assim, a Embargante aguarda aapresentao de acordo pela Embargada, para iniciar o pagamento do saldo devedor,

    de forma parcelada, desde que a proposta seja justa e razovel.

    VIIIDO PEDIDO:

    Por todo exposto REQUER ao final:

    a) A total procedncia dos presentes

    embargos, expurgando-se do dbito da

    Embargante os valores indevidos, acima

    mencionados;

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    31

    b) A intimao da Embargada para que

    proceda excluso imediata do nome daEmbargante dos rgos de proteo ao

    crdito, at o final da presente demanda,

    caso o tenha feito;

    c) O clculo do dbito do Embargante com

    a CAIXA, utilizando-se juros simples

    durante todo o perodo, semcapitalizao, ou com capitalizao em

    perodo anual;

    d) A designao de percia contbil, a fim

    de ser recalculado o dbito da

    Embargante na forma exposta acima;

    e)

    A intimao da Embargada, paraapresentar proposta de acordo, na forma

    acima exposta;

    Nestes Termos,

    Pede Deferimento.

    Manaus, 28 de maro de 2012.

    EMLIA CAROLINA MELLO VIEIRA

    OAB/AM n 3.872