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EM707 – Controle de Sistemas Mecânicos
Camino, J. F.
DSI / Faculdade de Engenharia MecânicaUNICAMP, Campinas, SP, 13083-860, Brasil
Campinas, 20 de abril de 2021
Camino, J. F. (DSI/FEM/UNICAMP) EM707 – Controle de Sistemas Mecânicos 1 / 34
Nota ao leitor
Estas notas são baseadas principalmente nas referências:
K. Ogata, Engenharia de Controle Moderno, 4a edição, Pearson Education do Brasil,2003.
G. F. Franklin and J. D. Powell and A. E.-Naeini, Feedback Control of DynamicSystems, 6th Ed., P.-Hall, 2010.
Material suplementar: R. C. Dorf and R. H. Dorf, Sistemas de controle Modernos, 8a edição, LTC Livros
Técnicos e científicos, 2001.
J. R. Rowland, Linear Control Systems: Modeling, analysing, and design, John Wiley& Sons, Inc., 1986.
B. C. Kuo, Automatic Control Systems, 7th edition, Prentice Hall, 1994.
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Conceitos de modelagem de sistemasSistema mecânico com um grau de liberdade
Mola de rigidez k. Pela lei de Hooke, tem-se que a força F exercida pela mola éproporcional ao deslocamento x com sentido oposto.
replacements
x
F
F = kx
Amortecimento. Coeficiente de amortecimento c. Nesse caso, a força é proporcionalà velocidade x com sentido oposto.
F
v
F = cv = cdx
dt→ F = cx
Inércia. Segunda lei de Newton.força aceleração
massa
F = ma = mdv
dt= m
d2x
dt2→ F = mx
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Conceitos de modelagem de sistemasSistema mecânico com um grau de liberdade
Exemplo: Considere o sistema massa-mola abaixo, sujeito à ação da gravidade.
m
kEquilíbrio
da mola Posição de
equilíbrio estático
δ
m
fg = mg
kδ
m
fk
fg
x
x x
Devido à ação da gravidade, a mola se deflete e a nova posição de equilíbrioestático, denotada pela constante δ, é dada por
kδ = mg
No diagrama de corpo livre (DCL), fk e fg são, respectivamente, a força da mola ea força devido à gravidade:
fk = k(x + δ) e fg = mg
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Conceitos de modelagem de sistemasSistema mecânico com um grau de liberdade
Aplicando a segunda lei de Newton, a partir do DCL, obtém-se
+ ↓∑
Forças = −fk + fg = mx
Portanto, a equação de movimento é dada por
−fk + fg = mx → −k(x + δ) + mg = mx
Lembrando que kδ = mg, do equilíbrio estático, obtém-se
mx + kx = 0
Definindo a frequência natural por ωn =√
k/m, a equação de movimento podeainda ser rescrita na forma
x + ω2nx = 0
Essa equação diferencial linear de segunda ordem requer duas condições iniciais:
x(t = 0) = x0 e x(t = 0) = v0
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Conceitos de modelagem de sistemasSistema mecânico com um grau de liberdade: rotacional
No caso de sistemas rotacionais, o deslocamento passa a ser um deslocamentoangular, geralmente representado por θ.
A velocidade angular, denotada por ω, é dada por
ω =dθ
dt
Assim, a aceleração angular é dada por
dω
dt=
d2θ
dt2= θ
O torque T aplicado ao sistema possui as seguintes relações:
Mola torcional de rigidez k:T = kθ
Coeficiente de amortecimento c:T = cθ
Momento de inércia I:T = Iθ
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Conceitos de modelagem de sistemasSistema mecânico com um grau de liberdade: rotacional
Exemplo: Considere o sistema torcional apresentado abaixo.
Ibarra TE
θ
Nesse sistema, um torque externo TE é aplicado a uma massa com momento deinércia I, acoplada a uma barra de rigidez k e coeficiente de amortecimento c.
O diagrama de corpo livre para esse sistema está apresentado na figura abaixo.
I
TETc Tk θ
Sob ação de T , a massa I sofre uma rotação θ. Assim, as reações são
Tk = kθ e Tc = cθ
O balanço de torques, usando a segunda lei de Newton, fornece
+∑
T = TE − Tc − Tk = Iθ → Iθ + cθ + kθ = TE
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Conceitos de modelagem de sistemasSistema mecânico com múltiplos graus de liberdade
Considere o sistema abaixo.
m1 m2 m3
x1 x2 x3
k1 k2
c1 c2
f(t)
Os procedimentos para obter a equação diferencial que governa esse sistema sãoidênticos aos executados anteriormente, usando-se a segunda lei de Newton.
O diagrama de corpo livre para esse sistema está apresentado na figura abaixo.
replacements
m1 m2 m3
x1 x2 x3
Fk1 Fk2
Fc1Fc2
f(t)
Considerando o sinal das forças representado no diagrama de corpo livre, tem-se
Fk1= k1(x2 − x1), Fk2
= k2(x3 − x2)
Fc1= c1(x2 − x1), Fc2
= c2(x3 − x2)
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Conceitos de modelagem de sistemasSistema mecânico com múltiplos graus de liberdade
Aplicando o balanço das forças para cada uma das massas mi, i = 1, 2, 3, dado por
+→∑
j
Fkj+ Fcj
= mixi
em que Fkje Fcj
são as forças atuantes no corpo i, tem-se
Fk1+ Fc1
= m1x1
−Fk1+ Fk2
− Fc1+ Fc2
= m2x2
f(t) − Fk2− Fc2
= m3x3
Equivalentemente,
m1x1 − k1(x2 − x1) − c1(x2 − x1) = 0
m2x2 + k1(x2 − x1) − k2(x3 − x2) + c1(x2 − x1) − c2(x3 − x2) = 0
m3x3 + k2(x3 − x2) + c2(x3 − x2) = f(t)
Essa equação pode ser reescrita na forma matricial, como segue:[
m1 0 00 m2 00 0 m3
] [x1
x2
x3
]
+
[c1 −c1 0
−c1 c1 + c2 −c2
0 −c2 c2
] [x1
x2
x3
]
+
[k1 −k1 0
−k1 k1 + k2 −k2
0 −k2 k2
] [x1
x2
x3
]
=
[001
]
f(t)
Assim, tem-se: Mx + Cx + Kx = F f(t)
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Conceitos de modelagem de sistemasLinearização: série de Taylor
A série de Taylor da função f(x) no ponto x é dada por
f(x) = f(x)+df
dx
∣∣∣∣x=x
(x− x)+1
2!
d2f
dx2
∣∣∣∣x=x
(x− x)2 + · · ·+ 1
n!
dnf
dxn
∣∣∣∣x=x
(x− x)n + · · ·
Assim, a aproximação de primeira ordem (linearização) é dada por
f(x) ≈ f(x) +df
dx
∣∣∣∣x=x
(x − x)
Funções de várias variáveis. Expansão de f(x1, x2) em torno de x = (x1, x2):
f(x1, x2) = f(x1, x2) +
2∑
i=1
∂f
∂xi
∣∣∣∣x=x
(xi − xi)+
1
2!
2∑
i=1
2∑
j=1
∂2f
∂xi∂xj
∣∣∣∣x=x
(xi − xi)(xj − xj) + · · ·
Assim, a aproximação de primeira ordem em x = (x1, x2) é dada por
f(x1, x2) ≈ f(x) +
2∑
i=1
∂f
∂xi
∣∣∣∣x=x
(xi − xi)
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Conceitos de modelagem de sistemasLinearização: série de Taylor
A seguir, são apresentados alguns exemplos:
a) Linearizar f(θ) = cos(θ) em θ:
f(θ) ≈ cos(θ) +d
dθcos(θ)
∣∣∣∣θ=θ
(θ − θ) = cos(θ) − (θ − θ) sin(θ)
b) Seja f(θ) = sin(θ). Então:
f(θ) ≈ sin(θ) + (θ − θ) cos(θ)
c) Seja f(θ, θ) = θ2 sin(θ). Então:
f(θ, θ) ≈ ˙θ2 sin(θ) +∂
∂θθ2 sin(θ)
∣∣∣∣∣θ=θ
θ= ˙θ
(θ − θ) +∂
∂θθ2 sin(θ)
∣∣∣∣∣θ=θ
θ= ˙θ
(θ − ˙θ)
Assim,
f(θ, θ) = ˙θ2 sin(θ) + cos(θ) ˙θ2(θ − θ) + 2 ˙θ sin(θ)(θ − ˙θ)
d) Linearizar f(θ, θ) = θ cos(θ):
f(θ, θ) ≈ ¨θ cos(θ) + cos(θ)(θ − ¨θ) − ¨θ sin(θ)(θ − θ)
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Conceitos de modelagem de sistemasLinearização: série de Taylor
Exemplo: Considere o sistema massa-mola-amortecedor abaixo, sujeito à ação dagravidade g, com fk = ky3 a força não linear da mola.
m
fkc
y(t)g
Considerando que y = 0 é a posição de equilíbrio antes da deflexão da mola, aequação de movimento é dada por
my + cy + ky3 + mg = 0
Devido à ação da gravidade, a mola se deflete e a nova posição de equilíbrioestático, denotada pela constante y, fica sendo
ky3 = −mg
Para obter a equação de movimento linear, deve-se linearizar y3 em torno de y,como segue
y3 ≈ y3 + 3y2(y − y) = y3 + 3y2y − 3y3
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Conceitos de modelagem de sistemasLinearização: série de Taylor
Substituindo essa aproximação na equação diferencial, tem-se
my + cy + ky3 + 3ky2y − 3ky3 + mg = 0
Usando o fato de ky3 = −mg, chega-se finalmente ao sistema linearizado:
my + cy + 3ky2y − 3ky3 = 0
Note que essa equação diferencial possui um termo forçante −3ky3. Assim,aplicando a mudança de variável:
x = y − y, x = y, x = y
tem-semx + cx + 3ky2x = 0
Observação: Resultado idêntico é obtido se a mudança de variável x = y − y foraplicada de início, ou seja, se a equação de movimento for dada por
mx + cx + k(x + y)3 + mg = 0
Como linearizar y em torno de y é equivalente a linearizar x em torno de x = 0:
(x + y)3 ≈ (x + y)3 + 3(x + y)2(x − x) = y3 + 3y2x
Obtém-se diretamente a equação de movimento anterior mx + cx + 3ky2x = 0
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Conceitos de modelagem de sistemasLinearização: série de Taylor
Exercício: Linearize a equação de movimento do sistema carro-pêndulo abaixo.
M f(t)g
m, l, Ic
θ
A equação de movimento não linear é dada por
(M + m)x + 1/2ml(θ cos θ − θ2 sin θ) = f(t)(Ic + 1/4ml2
)θ + 1/2ml(x cos θ + g sin θ) = 0
A equação linearizada na origem com Ic = ml2/12 é dada por
Mx − 3/4mgθ = f(t), M = M + 1/4m
2/3Mlθ + Mgθ = −f(t), M = M + m
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Conceitos de modelagem de sistemasSistemas elétricos
Modelo matemático de alguns sistemas elétricos básicos.
R L C
Resistor ôhmico R. A diferença de potencial (tensão) v [V] nos terminais do resistorR [Ω], a qualquer instante, é proporcional à corrente i [A], ou seja,
v = Ri
Indutor L. A diferença de potencial v [V] nos terminais do indutor L [H], a qualquerinstante, é proporcional à corrente i [A], ou seja,
v = Ldi
dt⇐⇒ i =
1
L
∫
vdt
Capacitor C. A diferença de potencial v [V] através do capacitor C [C], numinstante de tempo t [s], depende da carga elétrica q acumulada nas placas docapacitor, ou seja,
v =q
C
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Conceitos de modelagem de sistemasSistemas elétricos
A corrente i que flui através do capacitor é igual à razão com que as cargas elétricasse movem, i.e. i = dq/dt.
Dessa forma, a carga total acumulada nas placas do capacitor é dada por
q =
∫
idt
Substituindo a carga q na equação da tensão v = q/C, tem-se
v =1
C
∫
idt
Derivando a tensão v e usando a relação i = dq/dt, tem-se
dv
dt=
1
C
dq
dt=
1
Ci
Portanto, a corrente pode ser determinada através da relação
i = Cdv
dt
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Conceitos de modelagem de sistemasSistemas elétricos
Lei dos nós. A lei dos nós estabelece que a soma algébrica das correntes que entramnum nó é nula, ou seja,
∑
ij = 0
Como regra geral, admite-se que a corrente pode ser indicada a priori semnecessidade de se saber se a corrente circula verdadeiramente no sentido indicado.
Como convenção, uma corrente indicada como entrando num nó será contadapositivamente. No caso contrário, será contada negativamente.
Lei das malhas. A lei das malhas estabelece que a soma algébrica das tensões aolongo de um circuito fechado, ou numa malha fechada, é nula, ou seja,
∑
vj = 0
Da mesma forma, deve-se começar por estabelecer a priori as tensões aos terminaisde cada dipolo e o sentido do percurso do cálculo em cada malha.
Por convenção, as tensões definidas de tal modo que o sentido do percurso entrepelo polo positivo e saia pelo polo negativo serão contadas positivamente.
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Conceitos de modelagem de sistemasSistemas elétricos
Exemplo: Para ilustrar esse método de análise, considere o circuito abaixo.
−
v+
+R1
−
i1A
+
R2
−
i2
B
+R3
−
i3
+
R4
−
Para aplicar a lei dos nós, seleciona-se um nó, por exemplo o ponto A, e denota-sepor vA a tensão desse nó com relação a um nó de referência, nó B.
Aplicando a lei dos nós em A, tem-se
i1 − i2 − i3 = 0 =⇒ i1 = i2 + i3
Aplicando a lei das malhas na primeira malha (a malha da esquerda), tem-se
−v + vR1+ vR2
= 0
em que vRjé a tensão através do resistor Rj .
Como a corrente através de R1 é i1 e a tensão em R2 é vA, tem-se de imediato que
v = i1R1 + vA =⇒ i1 =v − vA
R1
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Conceitos de modelagem de sistemasSistemas elétricos
Como a corrente que passa por R2 é i2, tem-se
vA = vR2= i2R2 =⇒ i2 =
vA
R2
Agora, aplicando a lei das malha na segunda malha (a malha da direita), tem-se
−vR2+ vR3
+ vR4= 0
Como a corrente i3 circula através de R3 em série com R4, e a tensão nessacombinação também é vA, tem-se
vA = vR3+ vR4
= i3(R3 + R4) =⇒ i3 =vA
R3 + R4
Substituindo os valores de i1, i2 e i3 na equação i1 = i2 + i3, tem-se
v − vA
R1=
vA
R2+
vA
R3 + R4
Agora é possível isolar a tensão vA, fornecendo
vA = vR2(R3 + R4)
R2(R3 + R4) + R1(R2 + R3 + R4)
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Conceitos de modelagem de sistemasSistemas elétricos
Método das correntes de malha. Considera-se que as correntes circulam nas malhascomo descrito na figura abaixo.
−
v+
R1
R2
R3
R4i2i1
Assim, é necessário aplicar a lei das malhas para cada uma das malhas acima.
Para a primeira malha com corrente i1, tem-se
v = i1R1 + (i1 − i2)R2
De forma similar, para a segunda malha, com corrente i2, tem-se
0 = i2R3 + i2R4 + (i2 − i1)R2
Dessa forma, obtêm-se duas equações algébricas em i1 e i2, que podem serresolvidas simultaneamente.
Uma vez obtidas as correntes, a tensão nos resistores é prontamente determinada.
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Conceitos de modelagem de sistemasSistemas elétricos
Exemplo: Considere o seguinte circuito resistor-capacitor.
−
+vE
Ri
C vC
Aplicando a lei das malhas, com vR = iR, obtém-se
vR + vC = vE → iR + vC = vE
Usando a relação entre corrente e tensão num capacitor, dada por
i = CdvC
dt
em que τ = RC é a constante de tempo do circuito, obtém-se
τdvC(t)
dt+ vC(t) = vE(t)
Essa equação descreve a relação entre a tensão de entrada vE e a de saída vC .
Essa é uma equação diferencial de primeira ordem, portanto, para que seja resolvida,é preciso uma condição inicial, ou seja, uma tensão vC0 no tempo t = 0.
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Conceitos de modelagem de sistemasSistemas elétricos
Exemplo: Considere o seguinte sistema resistor-indutor-capacitor.
−
+vE
Ri
L
C vC
Aplicando a lei das malhas para esse circuito, obtém-se
vL + vR + vC = vE
Para o resistor, vR = iR. Para o indutor, vL = L(di/dt). Assim, tem-se
Ldi
dt+ iR + vC = vE
Usando a relação entre corrente e tensão através do capacitor C, dada por
i = CdvC
dt=⇒ di
dt= C
d2vC
dt2
obtém-se a seguinte equação diferencial linear de segunda ordem:
LCvC(t) + RCvC(t) + vC(t) = vE(t)
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Conceitos de modelagem de sistemasSolução da equação diferencial homogênea
A solução homogênea da equação diferencial de primeira ordem, dada por
τ v(t) + v(t) = 0, v(0) = v0,
pode ser obtida considerando que a solução geral tem a forma
vh(t) = Aest
Derivando essa solução e substituindo-a na equação diferencial, tem-se
0 = τAsest + Aest =⇒ 0 = (τs + 1)Aest =⇒ (τs + 1) = 0
Resolvendo, obtém-se s = −1/τ . Assim, a solução geral da homogênea é dada por
vh(t) = Ae−t/τ
A constante A é determinada usando-se a condição inicial
vh(0) = Ae0 = A = v0
Portanto, a solução homogênea fica sendo
vh(t) = v0e−t/τ
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Conceitos de modelagem de sistemasSolução da equação diferencial não homogênea
A solução da equação diferencial não homogênea
τ v(t) + v(t) = p(t), v(0) = v0,
é dada pela solução geral da homogênea vh mais a solução particular vp
v(t) = vh(t) + vp(t)
Considerando p(t) = E constante, pode-se escolher vp também constante:
vp(t) = C
Substituindo na equação diferencial, obtém-se a integral particular:
τ vp(t) + vp(t) = E =⇒ vp(t) = E
A solução geral da equação não homogênea passa a ser
v(t) = vh(t) + vp(t) = Ae−t/τ + E
A constante A é determinada usando-se a condição inicial, como segue
v0 = A + E =⇒ A = v0 − E
Consequentemente, a solução completa fica sendo
v(t) = v0e−t/τ + E(1 − e−t/τ )
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Conceitos de modelagem de sistemasSolução da equação diferencial não homogênea
Solução completa para uma entrada p(t) qualquer. Considere a equação anterior
τ v(t) + v(t) = p(t), v(0) = v0,
Considere que a solução seja dada por
v(t) = e−t/τ y(t), com y(t) a determinar
Substituindo a solução v(t) na equação diferencial, tem-se
τ[−1
τe−t/τ y(t) + e−t/τ y(t)
]
+ e−t/τ y(t) = p(t)
−e−t/τ y(t) + τe−t/τ y(t) + e−t/τ y(t) = p(t)
τe−t/τ y(t) = p(t)
Assim
y(t) =1
τet/τ p(t)
Para obter y(t), é preciso integrar ambos os lados da equação acima:
y(t) − y(0) =1
τ
∫ t
0
eα/τ p(α)dα
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Conceitos de modelagem de sistemasSolução da equação diferencial não homogênea
Agora, usando o fato de que
v(t) = e−t/τ y(t) ⇐⇒ y(t) = et/τ v(t)
e notando que y(0) = v(0), a equação
y(t) − y(0) =1
τ
∫ t
0
eα/τ p(α)dα
fica sendo
et/τ v(t) − v(0) =1
τ
∫ t
0
eα/τ p(α)dα
Portanto
v(t) = e−t/τ v(0) +1
τ
∫ t
0
e−t/τ eα/τ p(α)dα
Finalmente, obtém-se a solução completa abaixo:
v(t) = e−t/τ v(0) +1
τ
∫ t
0
e−(t−α)/τ p(α)dα
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Conceitos de modelagem de sistemasSolução da equação diferencial não homogênea
Exercício: Calcule a reposta do circuito RC para uma entrada de tensão constantep(t) = E [V] e tensão inicial v(0) = v0 [V].
A equação do circuito é dada por
τ v(t) + v(t) = p(t), v(0) = v0,
A solução completa é dada por
v(t) = e−t/τ v(0) +1
τ
∫ t
0
e−(t−α)/τ p(α)dα
Assim
v(t) = v0e−t/τ + Ee−t/τ 1
τ
∫ t
0
eα/τ dα
= v0e−t/τ + Ee−t/τ eα/τ
∣∣∣∣
t
0
= v0e−t/τ + Ee−t/τ(et/τ − 1
)
= v0e−t/τ + E(1 − e−t/τ
)
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Conceitos de modelagem de sistemasRegime transiente e regime estacionário
A solução completa também pode ser particionada em um termo relacionado aoregime transiente e um termo relacionado ao regime estacionário (permanente).
Para a equação diferencial de primeira ordem (como a do circuito RC), obteve-se
v(t) = v0e−t/τ
︸ ︷︷ ︸
homogênea
+1
τ
∫ t
0
e−(t−α)/τ p(α)dα
︸ ︷︷ ︸
forçada
Assim, considerando que a tensão de entrada p(t) = E é constante, tem-se
v(t) = v0e−t/τ
︸ ︷︷ ︸
homogênea
+ E(1 − e−t/τ )︸ ︷︷ ︸
forçada
Que pode ainda ser decomposta como a soma dos regimes transiente e estacionário
v(t) = (v0 − E)e−t/τ
︸ ︷︷ ︸
transiente
+ E︸︷︷︸
permanente
Assim, em regime permanente com t → ∞, a resposta claramente é dada porv(t) = E e o capacitor estará plenamente carregado.
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Conceitos de modelagem de sistemasSistema de nível de líquido
Para o sistema abaixo, h é a altura em regime permanente constante e h(t) suavariação. De forma similar, q é a vazão em regime permanente constante e qi(t) eqo(t) são as variações nas vazões de entrada e de saída, respectivamente.
Qi = q + qi
C : Capacitância
H = h + h
R : ResistênciaQo = q + qo
A capacitância C [m2] é a variação no volume [m3] pela variação na altura [m].
Como o fluxo de entrada q + qi menos o fluxo de saída q + qo durante um intervalode tempo dt é igual à quantidade adicional armazenada no reservatório, tem-se
CdH = (Qi − Qo)dt
A resistência R, em [s/m2], representa a variação na altura [m] pela variação navazão em volume [m3/s]. Essa relação é dada por:
Qo =Hβ
R, 0 < β ≤ 1,
β = 1 , para regime laminar
β = 1/2 , para regime turbulento
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Conceitos de modelagem de sistemasSistema de nível de líquido
Portanto, as equações que governam esse sistema são:
CdH = (Qi − Qo)dt e RQo = Hβ
Substituindo H = h + h e Qi = q + qi, obtém-se
Cdh = (q + qi − Hβ/R)dt =⇒ RCdh
dt= Rq + Rqi − Hβ
A função Hβ linearizada no ponto H = h (regime permanente) é dada por
Hβ ≈ Hβ + βH(β−1)(H − H) = hβ + βh(β−1)h
que substituída na equação do tanque, fornece:
RCdh
dt= Rq + Rqi − hβ − βh(β−1)h
Como em regime permanente hβ = Rq (já que qo = qi = h = 0), tem-se
RCdh
dt= Rqi − βh(β−1)h =⇒ τ
dh
dt+ αh = Rqi,
τ = RC
α = βh(β−1)
Substituindo a linearização de Hβ na relação RQo = Hβ , tem-se
R(q + qo) = hβ + βh(β−1)h =⇒ Rqo = αh
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Conceitos de modelagem de sistemasSistema de nível de líquido
Foi visto que a dinâmica do sistema fluídico é dada pela seguinte equação diferencial:
τdh
dt+ αh = Rqi,
β = 1 , para regime laminar
β = 1/2 , para regime turbulento
Para o caso turbulento, com β = 1/2 e α = βh(β−1) = 1/√
4h, tem-se
τdh
dt+ αh = Rqi, com τ = RC a constante de tempo.
Assim, a função de transferência entre H(s) = L[h(t)] e Qi(s) = L[qi(t)] é
H(s)
Qi(s)=
R
τs + α=⇒ Qo(s)
Qi(s)=
α
τs + α
Para o caso laminar, com β = 1 e α = 1, tem-se
τdh
dt+ h = Rqi, τ = RC
cuja função de transferência é dada por
H(s)
Qi(s)=
R
τs + 1=⇒ Qo(s)
Qi(s)=
1
τs + 1
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Conceitos de modelagem de sistemasSistema de nível de líquido
Exemplo: Considere o sistema (em regime laminar) contendo dois tanques.
q + qi
C1
h1 + h1 q + q1
R1 C2
h2 + h2
R2
q + q2
Para o primeiro tanque, a relação entre as vazões, fornece:
C1dh1
dt= qi − q1
Para o segundo tanque, tem-se:
C2dh2
dt= q1 − q2
As vazões que fluem pelas resistências R1 e R2 são dadas por
h1 − h2 = R1q1 e h2 = R2q2
Portanto, a função de transferência entre a entrada qi e a saída q2 é dada por:
Q2(s)
Qi(s)=
1
R1C1R2C2s2 + (R1C1 + R2C2 + R2C1)s + 1
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Conceitos de modelagem de sistemasSistema de nível de líquido
Obtendo a função de transferência através dos diagramas de bloco dos subsistemas.
Para as relações h1 − h2 = R1q1 e h2 = R2q2, tem-se respectivamente:
1
R1
H1(s) +
H2(s)
−Q1(s)
1
R2
H2(s) Q2(s)
As relações C1dh1 = (qi − q1)dt e C2dh2 = (q1 − q2)dt fornecem respectivamente:
1
C1s
Qi(s) +
Q1(s)
−H1(s) 1
C2s
Q1(s) +
Q2(s)
−H2(s)
Conectando-se os diagramas de bloco, obtém-se:
1
C1s
1
R1
1
C2s
1
R2
Qi(s) +
H1(s)
+ Q1(s) + Q2(s)
−
H2(s)
−
−
Que após algumas simplificações, fornece a seguinte função de transferência:
1
(R1C1s + 1)(R2C2s + 1) + R2C1sQi(s) Q2(s)
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Conceitos de modelagem de sistemasSistema de nível de líquido
Exemplo: Considere o sistema (em regime laminar) contendo duas entradas.
C1
h1 + h1
q1 + qi1
q1 + q1
R1
C2
h2 + h2
R2
q2 + q1 + qo
q2 + qi2
Para esse sistema, as equações são dadas por:
C1dh1 = (qi1 − q1)dt h1 − h2 = R1q1
C2dh2 = (q1 + qi2 − qo)dt h2 = R2qo
Eliminando-se o estado intermediário q1 das equações acima, obtém-se:
dh1
dt=
1
C1
(
qi1 − h1 − h2
R1
)
dh2
dt=
1
C2
(h1 − h2
R1+ qi2 − h2
R2
)
Exercício: Mostre que essas equações fornecem a seguinte função de transferência:
Qo(s) =Qi1(s) + (C1R1s + 1) Qi2(s)
C1C2R1R2s2 + (C1R1 + C1R2 + C2R2)s + 1
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