em tempo - 20 de outubro de 2013

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MÁX.: 34 MÍN.: 24 TEMPO EM MANAUS FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700 ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO, SALÃO IMOBILIÁRIO E CONCURSOS ANO XXVI – N.º 8.158 – DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO O JORNAL QUE VOCÊ LÊ FLORESTA VIRA LENHA DE OLARIAS 1 Para construir a Cidade Universitária, na região metropolitana, o governo está sendo obrigado a sacrificar a floresta no entorno. Mas, pela primeira vez na história do Estado, fez a coisa correta, licenciando a lenha e a madeira para ser utilizada na queima de tijolos do polo de cerâmica de Iranduba. 2 Máquinas estão abrindo uma clareira no meio da floresta e árvores cen- tenárias estão sendo tombadas. Somente nas obras de acesso à Cidade Universitária, foi autorizada o volume de 9.186 metros cúbicos de lenha e 117 metros cúbicos de madeira. 3 A retirada desse material foi feita por lenheiros da Cooperativa Extrativista de Bio- massa do Amazonas e repassada à Associação dos Ceramistas do Amazonas (Aceram), para direcionamento às olarias associadas. O total de madeira recolhido até o final da obra, garantirá a queima de tijolos até o ano de 2015. Caderno Especial A obsessão pelas redes sociais PERIGO Dia a dia C6 e C7 Um memorial da política amazonense RESGATE Os conflitos de ‘Barrados no Baile’ TELEVISÃO HOJE É DOMINGO Manaus vai sediar, de 25 a 27 de outubro, o primeiro curso sobre autismo. Número de casos no país chega a 1 milhão. Saúde F8 Histórico da construtora e documentos são alguns dos cuidados que o comprador deve ter para evitar transtorno. Salão Imobiliário 1 FOGÃO X VASCO Os rivais Botafogo e Vasco movimentam o G4 e a zona de rebaixamento, neste domingo, no clássico carioca, pela 30ª rodada do Campeonato Brasileiro. Pódio E5 ‘O acesso à Justiça vai melhorar’ RICARDO TRINDADE Com a palavra A7 FOTOS: RICARDO OLIVEIRA DIVULGAÇÃO IONE MORENO COPA EM MANAUS ABRE 10 MIL VAGAS Economia B1 Gonzagão ultrapassou fronteiras Ilustríssima G8 Política A5 Plateia D4 As máquinas avançam na Cidade Universitária e lenheiros recolhem a madeira e a empilham em forma de feixes de lenha. O passo seguinte é transportar a carga para as olarias A lenha retirada no local é usada nos fornos para a queima de tijolos Para construir a obra, árvores centenárias são sacrificadas Saúde e bem-estar PREÇO DESTA EDIÇÃO R$ 2,00

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EM TEMPO - Caderno principal do jornal Amazonas EM TEMPO

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Page 1: EM TEMPO - 20 de outubro de 2013

MÁX.: 34 MÍN.: 24TEMPO EM MANAUSFALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700

ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO, SALÃO IMOBILIÁRIO E CONCURSOS

ANO XXVI – N.º 8.158 – DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO

O JORNAL QUE VOCÊ LÊ

FLORESTA VIRA LENHA DE OLARIAS1Para construir a Cidade Universitária, na região metropolitana, o governo está

sendo obrigado a sacrifi car a fl oresta no entorno. Mas, pela primeira vez na história do Estado, fez a coisa correta, licenciando a lenha e a madeira para

ser utilizada na queima de tijolos do polo de cerâmica de Iranduba.

2Máquinas estão abrindo uma clareira no meio da floresta e árvores cen-tenárias estão sendo tombadas. Somente nas obras de acesso à Cidade Universitária, foi autorizada o volume de 9.186 metros cúbicos de lenha

e 117 metros cúbicos de madeira.

3A retirada desse material foi feita por lenheiros da Cooperativa Extrativista de Bio-massa do Amazonas e repassada à Associação dos Ceramistas do Amazonas (Aceram), para direcionamento às olarias associadas. O total de madeira recolhido até o fi nal

da obra, garantirá a queima de tijolos até o ano de 2015. Caderno Especial

A obsessão pelas redes sociais

PERIGO

Dia a dia C6 e C7

Um memorial da política amazonense

RESGATE

Os confl itos de ‘Barrados no Baile’

TELEVISÃO

H O J E É D O M I N G O

Manaus vai sediar, de 25 a 27 de outubro, o primeiro curso sobre autismo. Número de casos no país chega a 1 milhão. Saúde F8

Histórico da construtora e documentos são alguns dos cuidados que o comprador deve ter para evitar transtorno. Salão Imobiliário 1

FOGÃO X VASCOOs rivais Botafogo e Vasco movimentam o G4 e a zona

de rebaixamento, neste domingo, no clássico carioca, pela 30ª rodada do Campeonato Brasileiro. Pódio E5

‘O acesso à Justiça vai melhorar’

RICARDO TRINDADE

Com a palavra A7

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Ilustríssima G8

Política A5

Plateia D4

As máquinas avançam na Cidade Universitária e lenheiros recolhem a madeira e a empilham em forma de feixes de lenha. O passo seguinte é transportar a carga para as olarias

A lenha retirada no local é usada nos fornos para a queima de tijolos

Para construir a obra, árvores centenárias são sacrificadas

Saúde e bem-estar

Economia B1

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PREÇO DESTA EDIÇÃO

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Page 2: EM TEMPO - 20 de outubro de 2013

A2 Última Hora MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013

Pesquisa do Ministério da Justiça mostrou que o Amazonas está entre os Estados onde o crime tem como objetivo principal o trabalho escravo

Silêncio vira obstáculo contra tráfico de pessoas

A ausência de denúncias sobre o tráfico de pes-soas dificulta o enfren-tamento desse tipo de

crime, disse na última sexta-feira (18) o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, duran-te o lançamento da pesquisa Diagnóstico sobre Tráfico de Pessoas nas Áreas de Fronteira no Brasil. O ministro classificou a prática como subterrânea, devido à dificuldade de verificar a sua ocorrência.

“O crime do tráfico de pesso-as é o que eu poderia chamar de crime subterrâneo. É um crime difícil de detectar e que dificulta profundamente as au-toridades policiais e os órgãos de investigação e de repressão do Estado de poderem atuar”, disse Cardozo.

O ministro também ressaltou que a dificuldade na obtenção de dados está relacionada à cultura permissiva nesse tipo de crime, o que leva à pouca notificação dos casos. “Esta pesquisa dentre vários aspec-tos nos mostra, por exemplo, a existência, especialmente nos Estados de fronteira, de uma cultura permissiva, de uma cul-tura que parece ditar ser normal que as pessoas possam ser traficadas”, declarou. “Também a ausência de denúncias se prende à vergonha das vítimas e das famílias em não querer dizer que sofreram esses atos ilícitos”, completou o ministro.

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José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça: “Tráfico de pessoas é um crime difícil de detectar”

O levantamento, feito pela primeira vez na região de fronteira, abrangendo 11 Es-tados (Acre, Amapá, Ama-zonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Roraima, Rondônia e Santa Catarina), constatou que as pessoas ge-ralmente são traficadas para fins de exploração sexual e trabalho escravo. Também detectou, situações como pessoas traficadas para a prática de mendicância e de crianças e adolescentes para

servidão doméstica. A pesquisa mostrou ainda

a falta de conhecimento so-bre o tráfico de índios que residem em regiões mais remotas e que migram de um estado para outro, de um país para outro. “Tráfico de índios que são forçados muitas vezes a serem ‘mulas’ para transportar drogas e de índios que são levados para mão de obra escrava em plantações, na região Sul do país”, disse Cardozo.

Nos Estados do Rio Grande

do Sul, Pará, Paraná, Ama-zonas, de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul é maior o tráfico para fins de traba-lho escravo. O levantamento destaca que a maior parte é traficada para trabalho es-cravo na indústria têxtil ou zona agrícola.

A maioria dos casos de trá-fico para exploração sexual foi identificada nos Estados de Roraima, Rondônia, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, do Pará, Amapá e Acre.

Delito para obter mais escravos

LUCIANO NASCIMENTOAgência Brasil

Governo entrega mais de 2 mil títulos na Zona Norte

O vice-governador José Melo entregou ontem 2.719 títulos definitivos de terra para moradores de sete bair-ros das zonas Norte e Oes-te de Manaus. A solenidade aconteeu na Escola Estadual Ana Neire Marques da Silva, no conjunto Galileia 2, Cida-de Nova, Zona Norte.

Foram entregues 1.460 títulos para moradores do bairro Monte das Oliveiras; 129 no Campos Salles; 132 no Vale do Sinai; 228 na Colônia Terra Nova; 39 na Colônia Santo Antônio; 504 no Riacho Doce; e 227 no Novo Israel. Foi a quarta entrega de títulos realizada este ano, informa o secre-tário de Política Fundiária, Ivanhoé Mendes. A primeira foi realizada dia 20 de abril, com a entrega de mais de 700 títulos para moradores do Puraquequara e Colônia Antônio Aleixo.

No dia 31 de julho, foram entregues 3,2 mil títulos para moradores de 11 bairros das zonas Oeste e Centro-Oeste de Manaus e, no dia 14 de setembro, 1.537 títulos para

famílias dos bairros Zumbi dos Palmares e Tancredo Neves, na Zona Leste.

Ivanhoé Mendes informa que outros bairros de Manaus estão em processo de regu-larização fundiária, que deve ser concluído até 2014. “Vários bairros de Manaus estão re-

cebendo equipes da SPF para medição dos terrenos e cadas-tramento socioeconômico dos proprietários”, explica.

Mais de 8 mil títulos foram entregues na capital, deven-do chegar, até o final do ano, a 15 mil e atingir a marca de 40 mil em todo o Estado, no final de 2014.

TERRAS

NÚMEROSForam entregues 1.460 títulos no Monte das Oliveiras, 129 no Cam-pos Sales, 132 no Vale do Sinai, 228 na Colô-nia Terra Nova, 39 na Colônia Santo Antônio, 504 no Riacho Doce e 227 no Novo Israel

José Melo na entrega dos títulos: 40 mil até o fim deste ano

CHIC

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Médicos não abrem mão da greveOntem a classe médica local

participou da tribuna popular projeto Jaraqui, às 10h, na pra-ça Heliodoro Balbi (praça da Polícia), no centro de Manaus, para discutir o cenário da saúde pública e mecanismos considerados “repressores da democracia”.

O presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam), Mário Vianna, con-testou todas os argumentos dos gestores municipais que por meio de recursos jurídicos impediriam o direito legítimo da categoria fundamentado na

Constituição Federal e Lei de Greve 7.783/1989.

“Não aceitamos o retrocesso no processo da democracia! O prefeito de Manaus, Arthur Neto, e o secretário munici-pal de Saúde, Evandro Melo, não cumpriram a pauta de reivindicação dos médicos e não aceitaram a negociação segmentada proposta pelo Simeam”, disse Vianna.

Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos, neste fim de semana o Comando de Greve iria se reunir para discutir as estratégias de ação e a as-

sessoria jurídica da entidade e elaborar a Contestação e Agra-vo Regimental contra a deci-são do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas (TJAM), que declarou a suspensão da greve no âmbito municipal na última sexta-feira (18).

Entre as principais reivin-dicações da categoria estão a regularização dos médicos concursados que trabalham 40 horas para cumprimento de 20 horas, de acordo com o edital do concurso, e revisão do Plano de Carreiras, Cargos e Salários (PCCS).

MANIFESTAÇÃO

Ativistas organizam protestoANIMAIS

Cerca de 50 ativistas de defesa dos animais passa-ram a noite de sexta-feira (18) em vigília em frente ao Instituto Royal, em São Roque (a 66 quilômetros de São Paulo), de acordo com a Polícia Militar.

O grupo permanecia on-tem no local, onde estava marcada uma manifestação contra o uso de cães em testes feitos pelo instituto a partir das 10h (hora local). Mais de 9 mil pessoas haviam confirmado participação no protesto pelo Facebook.

Na madrugada de sex-ta-feira, um grupo de ao menos cem ativistas inva-diu o instituto e resgatou 178 cães da raça beagle, usados em pesquisas para empresas farmacêuticas.

Não é a primeira vez que o

instituto é alvo de protestos. Em agosto do ano passado, cerca de 200 manifestantes de diversas ONGs de prote-ção aos animais foram até o portão da empresa, onde quatro seguranças estacio-naram o carro em frente ao portão de entrada para evitar arrombamentos.

Outro ladoO advogado do Instituto

Royal afirmou que o local “passa por constantes visto-rias e nunca foi encontrada irregularidade”.

Segundo ele, todas as atividades com animais de-senvolvidos no instituto são regulares, certificadas e to-cadas por profissionais quali-ficados, com ampla experiên-cia e reconhecimento.

O laboratório registrou

um boletim de ocorrência e aguarda o resultado de in-quérito policial para decidir se vai adotar alguma medi-da jurídica. “Equipamentos de laboratório, computado-res, medicamentos e outros objetos ou foram levados ou foram destruídos. Várias salas foram arrombadas. Ainda não foi calculado o prejuízo.”

Segundo o promotor do Meio Ambiente de São Ro-que, Wilson Velasco, que in-vestiga indícios de violação dos direitos dos animais por parte do instituto, laudos de veterinários comprovaram que o espaço estava dentro das normas exigidas.

Ele disse que a invasão do instituto fez com que se per-desse qualquer prova que pu-desse indicar maus-tratos.

Fábrica fechada para trabalhadoresCerca de 100 funcionários

da empresa Sundown, marca da Brasil & Movimento (B&M), estiveram ontem pela manhã na frente da fábrica de motos, na avenida Buriti, Distrito In-dustrial, levados pela notícia de que a companhia seria arre-matada na última sexta-feira (18) em leilão realizado pela Justiça do Trabalho em 30 de agosto, por R$ 16 milhões. A venda seria efetuada para pagamento de dívidas traba-lhistas, e a arrematante foi a Ibepar Participações (Trans-portes Bertolini).

Segundo o advogado da em-presa, Rui Mendonça, a notícia surpreendeu a todos, pois um acordo com os credores havia sido feito e homologado em 26 de setembro passado. “Fui informado da situação e fui até o local, onde trabalhadores estavam reunidos em frente aos portões trancados em

cumprimento a um mandado judicial”, informou.

Sem trabalhoA unidade da Sundown na

capital amazonense tem em torno de 90 colaboradores, que questionam como irão trabalhar se perderem seus empregos, tendo famílias para sustentar. Os funcionários co-meçaram a se reunir em frente à sede da empresa desde as 7h. “Alguns deles afirmaram que irão ficar acampados até segunda-feira à espera de uma resposta”, disse Mendonça.

O processo que tem a B&M como executada tramita na 1ª Vara do Trabalho, e a decisão do juiz Djalma Monteiro de Almeida teve como base o descumprimento de acordos. “O juízo deixa de homologar a ratificação do acordo não cumprido, primeiro, porque seria anuir com o calote, ou

seja, aceitar a ratificação de um negócio não cumprido; segundo, porque seria des-respeitar o princípio da segu-rança jurídica, como se a hasta pública não tivesse nenhum valor; e terceiro, seria contri-buir com um negócio nebuloso envolvendo uma empresa, a cessionária, que além de não cumprir com a sua parte no negócio anterior, não assina o documento de ratificação”, informou o magistrado em sua decisão.

Nessa novela, o Sindicato dos Metalúrgicos, reclamente no processo, informou que a Bertolini havia depositado em juízo o valor do imóvel, mas os embargos apresentados pela Sundown causaram o atraso do pagamento dos operários. O leilão abrangeu dois lotes de terras, um de 29 mil metros quadrados e outro de 26 mil metros quadrados.

DISTRITO INDUSTRIAL

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Page 3: EM TEMPO - 20 de outubro de 2013

MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013 A3Opinião

O programa Ronda no Bairro surpreende os moradores das áreas (praticamente toda a cidade) em que atua, pois não se trata de um comportamento usual dos policiais em relação aos comunitários. Onde e quando já se viu um cidadão caminhar pelas ruas do seu bairro e ser abordado com cordiali-dade por um policial?

Pois é disso que se trata. Os policiais entregam aos comunitários folders com informações sobre o programa criado há pouco mais de um ano, o distrito a que está ligado, o mapa das ruas que os carros patrulham e os telefones de cada viatura. Policiais e moradores aprendem a se tratar pelo nome, o que estabelece um clima de confi ança mútua. Há um exercício de boa vizinhança estabelecido por esse programa, que também é inédito na cidade. Agora, pergunte se os profi ssionais do Médico da Família têm a mesma disposição ou a mesma orientação?

Copiado sem o menor cuidado das ações básicas de saúde promovidas em Cuba, esse programa prima por estabelecer o maior distanciamento possível das comunidades onde deveria interagir (pois só assim poderá cumprir seu objetivo). Mas o atendimento básico de saúde permanece como ação de emergência, em que os usuários do serviço são tratados como anônimos com quem jamais se tratará uma segunda vez. Um ambiente de barracas armadas depois da passagem de um furacão, uma relação informal com refugiados e desenraizados. Se o governo tiver fôlego – quer dizer, se o próximo governo não desmantelar, como é de praxe o programa que está dando certo e ganhando a estima da população – para amadurecer essa experiência que parece exitosa, é bem provável que o Ronda no Bairro consiga disseminar entre as várias boas intenções governamentais alguma política que dê certo.

Contexto3090-1017/8115-1149 [email protected]

Para o poeta VinIcius de Moraes – que ontem completou 100 anos –, por sua obra, história de vida e talento para cantar o amor, a felicidade, o sorriso e a flor.

VINICIUS DE MORAES

APLAUSOS VAIAS

Empreitada em Belém

Mas não fi ca só nisso. Os mesmos quatro pedrei-

ros manauenses que estavam fazendo obras no Rio Grande do Sul estão, agora, passando alguns dias com a família em Manaus, e semana que vem já embarcam para fazer novas obras.

E sabe aonde? Em Belém do Pará.

Novo tempo

Dá para acreditar?Pois é a pura e boa verdade.

Um novo horizonte profi ssional se abre para esses profi ssionais que durante muito tempo eram quase que discriminados como trabalhadores sem qualifi cação nenhuma.

Hoje, pedreiro viaja o país, com passagem e estada pagas, para trabalhar.

O passageiro que fez a mes-ma viagem com os pedreiros e conversou longamente com eles é Leandro Coronel, tam-bém manauense, formando em publicidade e propaganda pela ESPM/RS – Escola Superior de Propaganda e Marketing.

— Confesso que me senti orgulhoso de ver aqueles qua-tro trabalhadores conquistando um espaço de muito respeito e mostrando competência numa região onde a disputa no mer-cado de trabalho é muito forte –, comentou o publicitário.

Dá-lhe, Maria!

Ao lado de grandes marcas, como Osklen, Melissa e Bo-ticário, a amazonense Maria Oiticica está representando sua marca de joias sustentá-

veis em feira de inovações em Nova York.

A designer de biojoias, que morou em Manaus até o início de 2002, é uma das convidadas a participar do Be Brasil, evento em estilo pop up store, que apre-senta algumas inovações brasi-leiras em diversos setores.

Joias da fl oresta

O Be Brasil está rolando desde o dia 15 de outubro e termina dia 22 de outubro, no Soho, em Nova York.

Maria Oiticica vai representar sua marca de joias sustentáveis, com produtos da Amazônia, e contar um pouco de suas cria-ções, entre elas cinco de suas peças favoritas.

Ponte polêmica

A ponte sobe o rio Madeira na BR-364, distrito de Abunã, está dando o maior quiproquó.

Quando recebeu em audiên-cia os senadores de Rondônia e Acre para tratar do assunto, o então ministro Alfredo Nas-cimento informou que o projeto estava sendo redimensionado para adequar-se à realidade do rio após a construção das barra-gens das usinas hidrelétricas.

Deixa comigo

Alfredo tranquilizou a todos informando que a obra da ponte estava no PAC e já tinha, des-de então, recursos da ordem de R$ 240 milhões para sua execução.

Enquanto o preço apresenta-do pela construtora era de R$ 131 milhões.

O dedo dele

Na época, foi levantada uma forte suspeita sobre a licitação

subfaturada.E a culpa foi jogada sobre o

deputado Roberto Dorner (PP-MT), que possui quatro outor-gas de autorização concedidas pelo governo federal para ex-plorar serviço de transporte de passageiros, veículos e cargas na navegação de travessia em três rodovias federais na Bacia Amazônica.

Manobra criminosa

A falta de educação no trân-sito continua provocando cenas absurdas na ponte do bairro São Jorge, sentido Centro-bair-ro, onde a pista oposta está fechada para obras.

Motociclistas, taxistas e muitos motoristas confi ados permanecem fazendo retorno indevido no acesso pela traves-sa Arthur Bernardes, até mesmo batendo contra os “dentes de dragão” instalados na área.

Toda hora

O fato acontece até mesmo em horários de pico.

Principalmente à noite, e nos fi ns de semana, gerando estres-se por conta de quem precisa passar por aquele trecho.

Falta cidadania

Está na hora de se colocar um agente de trânsito – o chamado marronzinho –, para fl agrar e punir os irresponsáveis que en-garrafam o trânsito, não sabem o que é cidadania e brincam com a vida de seu semelhante.

Motora do bem

O bom motorista sempre se-gue até a rotatória nas proximi-dades do colégio Castelo Branco para pegar a outra pista, sem causar problemas ao tráfego.

Para o karma brasileiro de ter que convi-ver eternamente com bandidos e corruptos. Por mais que a polícia prenda, as investiga-ções desbaratem quadrilhas todos os dias, eles continuam surgindo aos borbotões.

BANDIDOS E CORRUPTOS

Na quinta-feira passada, o voo da Azul deixou Porto Alegre com destino a Manaus, com escala em Belo Horizonte.

Trazia entre os passageiros quatro amazonenses que estavam trabalhando numa cidade do interior dos pampas gaúchos. Detalhe, os quatro eram pedreiros manauenses contratados para obras do governo gaúcho. Imaginar isso há 10 anos seria delírio. Exceto se os trabalhadores fossem executivos de uma grande empresa. Pedreiros, nem pensar. Mal conseguiam trabalho por aqui. E – quem diria –hoje faltam pedreiros em Manaus. Talvez até dois motivos: tem muita obra e pouco pedreiro. E os poucos que temos ainda estão sendo contratados pelo governo gaúcho.

Manaus exporta pedreiro

DIVULGAÇÃO ABR

[email protected]

Exemplo da ronda no bairro

João Bosco Araújo

Diretor Executivo do Amazonas

EM TEMPO

Quando uma questão atinge a dois lados e os dois têm interes-ses, versões e objetivos diferen-tes e ainda, além disso, vivem em mundos ou ambiências díspares, será sempre muito difícil resolvê-la, precisamente porque a harmo-nização conciliadora dependerá de concessões e de renúncias de interesses unilaterais.

Escritores e pesquisadores com índole de historiador reagem com veemência contra a posição as-sumida por músicos e artistas de outros naipes que, em nome de uma possível preservação da privacidade pessoal, se insurgem contra a liberação de imagens e dados biográficos que se torna-riam públicos por meio de livros e artigos.

Dentre os que pretendem im-pedir ou apenas embaraçar o trabalho dos biógrafos, há os que o fazem por razões ape-nas pessoais, como ocorreu, por exemplo, com o cantor Roberto Carlos, que conseguiu impedir judicialmente a publicação da sua história pessoal. Neste caso, como em outros semelhantes, não se vislumbra nenhuma outra razão que não seja o desejo de ocultar suas particularidades e, tenha ou não esse direito, nada há aí de incongruente ou con-traditório.

Em outros específicos casos surge uma dimensão a mais, que alguns veem como intrinseca-mente contraditória. São aqueles que envolvem artistas e intelec-tuais altamente politizados, que se deixaram marcar por intensa participação na vida pública e po-lítica da nação, sobretudo quando se manifestaram com veemência contra qualquer tipo de censura. A essa colocação respondem que não estão agindo em defesa da censura, mas apenas exercendo o

direito de preservação da própria intimidade pessoal.

Há porém uma particularidade que não pode ser excluída do debate e que atinge tanto um artista de comportamento po-lítico comedido, como é o caso de Roberto Carlos, quanto um artista que sempre foi um ati-vista político e que, inclusive, teve problemas marcantes com os governos autoritários, que o levaram mesmo a exilar-se em outros países, como ocorreu, por exemplo, com Chico Buarque e com Caetano Veloso.

Esse dado particular reside sim-plesmente no fato de que todos eles são personalidades públicas, que se promovem e se aceitam como de consumo social e, assim, passam a pertencer à cultura na-cional e, por isso, ao próprio povo, com acentuada restrição do seu direito à privacidade, já que um pacto tácito é estabelecido entre eles e o seu público, abrindo suas vidas à sociedade que os consome e os mantêm. Muito difícil, como se vê, estabelecer aí os limites que seriam razoáveis para ambas as partes.

Finalmente, há que conside-rar-se que a obra de um artista e mesmo de qualquer homem público sempre se vincula estrei-tamente à sua vida pessoal e às contingências que a marcaram. Seria então legítimo privar-nos do conhecimento a respeito des-ses expoentes da humanidade?

Como aceitar ser privado de saber sobre a vida de Beethoven, mesmo que nos deem o acesso à sua obra genial? Nada saber sobre as pessoas de Balzac, de Galileu, de Maquiavel, de Shakes-peare, de Molière seria razoá-vel, porque seus descendentes gostariam de proteger segredos pessoais ou familiares?

João Bosco Araú[email protected]

João Bosco Araújo

A questão e seus dois lados

[email protected]

Charge

Finalmente, há que consi-derar-se que a obra de um artista e mesmo de qualquer homem pú-blico sempre se vincula estreitamente à sua vida pessoal e às contingências que a mar-caram. Seria então legíti-mo privar-nos do conheci-mento a res-peito desses expoentes da humanidade?”

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Page 4: EM TEMPO - 20 de outubro de 2013

A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013

FrasePainelVERA MAGALHÃES

Os líderes dos partidos da Câmara vão discutir na terça-feira pedido do deputado Newton Lima (PT-SP) para que seja votado em plenário projeto seu que acaba com a censura a biografi as e está parado na Comissão de Constituição e Justiça. O presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), diz que agilizará a votação da matéria se o colegiado decidir. “Está na pauta nacional e o Legislativo pode decidir.” Ele evita, no entanto, antecipar sua opinião sobre o mérito da proposta.

Placar A maioria dos líderes já se manifestou a favor da liberação de biografi as. A dúvida recai sobre que posição será adotada pelo deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO).

Histórico Caiado processou em 2005 o escritor Fernando Morais, e obteve sua conde-nação, por ter sido citado no livro “Na Toca dos Leões”, so-bre a agência de publicidade W/Brasil.

Dinastia O projeto original que retira do Código Civil o dis-positivo que permite censura a biografi as é do ex-ministro Antonio Palocci. Foi reapresen-tado na legislatura passada pelo atual titular da Justiça, José Eduardo Cardozo e, em 2011, teve a terceira versão, pelas mãos de Lima.

Na reserva O governo de São Paulo fez as contas e afi r-ma que está “pouco propenso” a reduzir sua alíquota de ICMS incidente sobre combustível de aviação, de 25% para 12%. O pedido foi feito pelo minis-tro Moreira Franco (Aviação Civil), em uma tentativa de abrir espaço para a redução das tarifas aéreas.

Onde pega Auxiliares de Ge-raldo Alckmin reconhecem que, para fugir do imposto de 25%, as empresas aéreas abastecem suas aeronaves em outros Es-tados. A perda de arrecadação, entretanto, seria maior com o corte do ICMS. O Distrito Federal atendeu a pedido das compa-nhias e reduziu a alíquota.

Ponta... Municípios consul-tados pela Frente Nacional dos Prefeitos estimam que suas dí-vidas com a União devem cair entre 30% e 40% com a pro-posta de mudança na fórmula de correção.

... do lápis Depois de fazerem as contas, os prefeitos passaram a telefonar para os deputados em Brasília para pedir a apro-vação do projeto.

Dois pra lá... Eduardo Cam-pos viajará a São Paulo amanhã para acompanhar Marina Silva na TV Cultura, onde a ex-sena-dora e sua possível companheira de chapa em 2014 dá entrevista ao programa “Roda Viva”.

... dois pra cá O governador de Pernambuco, por sua vez, participa dia 11 de novembro do “Programa do Jô”, da Rede Globo,

que na semana passada exibiu entrevista com a ex-senadora.

Túnel do tempo De um alia-do que conversou recentemente com Lula, sobre a reação do ex-presidente à aliança entre Campos e Marina: “Acho que, se pudesse voltar atrás, ele recolhe-ria pessoalmente assinaturas para viabilizar a Rede”.

SAC Nas conversas políticas, Lula procura traçar um diag-nóstico de como anda a relação do governo Dilma Rousseff com os Estados, na tentativa de re-mover obstáculos às alianças para 2014.

Infi ltrados Eduardo Campos tem manifestado contrariedade com a ação de dirigentes do PSB suscetíveis a pressões do PT. Tem dito que terá de achar um modo de contê-los na cam-panha.

Sem alta Diferentemente de outros ministros que serão candidatos e devem deixar as pastas entre dezembro e janeiro, Alexandre Padilha (Saúde) não recebeu sinal de Dilma sobre quando será liberado para a campanha para o governo de São Paulo.

Vai passar?

Contraponto

Geraldo Alckmin (PSDB) fi cou desconfortável ao perceber que era uma das poucas autoridades sem gravata em um evento do governo paulista na última sexta-feira.--Queria pedir desculpas por ter vindo aqui sem gravata. Em Pindamonhangaba, minha cidade natal, ir a solenidade sem gravata é como estar literalmente nu - disse.Depois, o tucano se justifi cou:- É que eu saí cedo e encontrei meu fi lho indo trabalhar. Ele estava sem gravata porque, nas empresas privadas, sexta-feira é o “casual day”. Eu vi ele sem gravata e quis entrar nessa - explicou, provocando risos.

Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”

Com a mão no bolso

Tiroteio

DE WADIH DAMOUS, presidente da Comissão da Verdade do Rio, sobre artistas que defendem a necessi-dade de autorização para publicação de biografi as.

Será que a família de Augusto Pinochet autorizaria biografi a sobre as bar-baridades que o ex-ditador cometeu e ordenou no Chile?

As missões católicas e as das igrejas protestantes históricas se caracterizam, sobretudo na África e na Ásia, por duas cons-truções além da igreja: a escola, em geral com internatos para meninos e meninas, e o dispen-sário ou hospital.

Assim acontece a propagação do Evangelho e a implantação da Igreja. De um lado o cui-dado com a vida material, a saúde e, de outro a instrução que acompanhava a catequese e o catecumenato. Isto aconte-ceu, sobretudo dos meados do século 19 até meados do século 20, quando o Estado assumiu a educação e a saúde, muito em-bora muitas escolas e hospitais ainda estejam com a Igreja e com novas expressões religiosas que vão surgindo.

Não deveria causar admira-ção este método missionário uma vez que o cristianismo é a religião da Palavra. E como religião da Palavra logo se incul-turou na cultura greco-romana, utilizando-se de seus conceitos racionais para expressar os seus dogmas, e da sua racionalidade legal para organizar-se.

Mais adiante é na Igreja e com ela que começam as instituições que dariam origem as Universi-dades. Por isso a fé cristã autênti-ca não se opõem à razão e quando razão e fé não se entendem é preciso dialogar e aprofundar cada uma das duas para detectar onde está o problema.

Para a religião da Palavra a única forma válida de expan-são é o diálogo, que se torna característico da missão. Diá-logo supõe palavra e mais que isto confiança na palavra e na sua força. Supõem também re-conhecimento do outro e da vontade fundamental que existe

em todo ser humano de buscar e encontrar a verdade. Diálogo supõe liberdade religiosa e isto quer dizer também estado laico. Na história da missão sempre houve a tentação de usar o poder do Estado para impor o Evangelho e vice-versa, a ten-tação de usar a religião como suporte e legitimação do poder político. O resultado sempre foi desastroso.

As instituições religiosas de-vem colaborar para o bem co-mum e por isso o Estado as deve reconhecer e em muitos casos subsidiar, com regras claras e transparentes.

Dois grandes perigos rondam a humanidade, o primeiro é o crime organizado, uma socieda-de paralela que se rege por leis próprias, considerando os seres humanos meros consumidores de drogas ou mercadorias que podem ser traficadas a vontade, o segundo é o fundamentalismo religioso que mata em nome de Deus, sem nenhum respeito pela liberdade individual e pelos di-reitos humanos fundamentais.

Nesta situação é preciso vol-tar ao sinal de Jonas, que foi a palavra que mudou a situação de Nínive. Fortalecer a Palavra sem medo da razão, fortalecer a palavra sem utilizar-se do poder e sem usá-lo para expandir a Igreja que deve manter-se livre e libertadora.

O Estado laico deve reconhe-cer a religião, garantir seus es-paços e não interferir nas suas atividades próprias, desde que estas não firam a liberdade dos outros. Cabe às religiões não caírem na tentação do conchavo político, das alianças espúrias, da utilização de meios que des-troem a liberdade e a dignidade das pessoas.

Dom Sérgio Eduardo [email protected]

Dom Sérgio Eduardo Castriani

Dom Sérgio Eduardo

CastrianiArcebispo Metropo-

litano de Manaus

Diálogo su-põe palavra e, mais que isto, confi ança na palavra e na sua força. Na história da missão sem-pre houve a tentação de usar o poder do Estado para impor o Evangelho e vice-versa, a tentação de usar a religião como suporte e le-gitimação do poder político. O resultado sempre foi desastroso”.

O sinal de Jonas

Olho da [email protected]

A preocupação com o câncer de mama e o alerta para o preventivo do câncer de útero e ovário, dessa vez, ganhou adeptos inusitados. Quando se esperaria que um ônibus “de linha” se atrevesse a “vestir” o rosa da campanha e saísse a divulgá-la sem cobrar um aumento de tarifa, que é a pauta de todos os dias?

IONE MORENO

Manter a imunidade de impostos da emenda constitucional nº 75 também para fora da área da Zona Franca signifi ca eliminar fatores de compensação comparativa das indús-trias do segmento audiovisual, que operam e empregam

um grande número de trabalhadores, o que poderá causar a extinção das indústrias fonográfi cas no Estado

Omar Aziz, governador do Amazonas, ao ingressar, sexta-feira 18, com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra

a emenda constitucional conhecida como PEC da Música, que criou isenção de impostos para CDs e DVDs de artistas nacionais. A ação está nas mãos do ministro Teori Zavascki.

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MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013 A5Política

Política de Manaus será contada em um memorialInstalado no salão nobre da Câmara Municipal de Manaus (CMM), o espaço vai ser inaugurado na próxima quarta-feira

Os 180 anos de histó-ria da Câmara Mu-nicipal de Manaus (CMM), que serão

comemorados em dezembro, e de alguns dos principais nomes da política da cidade serão resgatados e contados por meio de tecnologia de ponta.

Fatos históricos, fotos de vereadores e ex-presidentes da casa legislativa, objetos pessoais, livros e vídeos esta-rão disponíveis para visitação a partir do dia 23 de outubro no memorial da Câmara, que será equipado com 11 telas de 55 polegadas, sensíveis ao to-que, para tornar acessíveis as informações que resgatam a memória política de Manaus.

O memorial será inaugurado na próxima quarta-feira, em comemoração ao aniversário de 344 de Manaus (que acon-tece no dia seguinte) e será o espaço de referência da ci-dade sobre os fatos históricos dos políticos amazonenses. O museu audiovisual funcionará no salão nobre do Legislati-vo municipal, que receberá o nome do ex-vereador, escritor, historiador e jornalista Car-los Zamith, que faleceu aos 87 anos, em julho deste ano, deixando uma grande contri-buição à história de Manaus e ao futebol amazonense.

A iniciativa do Memorial surgiu depois que o presi-dente da casa, vereador Bosco Saraiva (PSDB), durante uma visita ao depósito da sede do Legislativo municipal en-controu um vasto acervo da Câmara em condições precá-rias e misturadas em meio a móveis velhos e entulho. “Foi uma imagem que me marcou muito. Como podia a história dos representantes políticos

da nossa cidade, personagens ilustres como o Fábio Lucena, ficarem esquecidos daquela forma. Os jovens precisam conhecer quem foram essas pessoas, o que elas pensavam, defendiam e a sociedade pre-cisa relembrar essa história. Quem me conhece sabe o valor que dou para a história da nossa cidade, dos nossos representantes políticos. Por isso convidamos os funcioná-rios da CMM a colaborar com esse projeto”, disse Bosco.

ResgateEntre as personalidades que

ganharão as telas do me-

morial estão os ex-senadores Fábio Lucena, Jefferson Peres, João Bosco Ramos de Lima e o governador do Amazonas, Omar Aziz (PSD). A história da Câmara, da cidade de Ma-naus e dos ex-presidentes da instituição desde 1833, tam-bém fazem parte do acervo virtual.

“A intenção do memorial da Câmara Municipal de Manaus é resgatar a história política da cidade e é contando a vida política de pessoas que contribuíram com a cidade, participaram ativamente da política e da formação do parlamento que faremos esse

resgate. Por meio da história de vida desses personagens que fazem parte da Câmara desde 1833, é possível contar muito da história da Câmara e de Manaus”, explicou Dori Car-valho, responsável pelo acervo e conteúdo do espaço.

PersonagensEntre as relíquias do memo-

rial, várias fotos do ex-sena-dor Fábio Lucena, uma delas, durante sessão plenária na década de 70, quando foi vere-ador em Manaus. Ele foi eleito em 1972 e 1976 e durante esse tempo ajudou a escrever a história da casa legislativa com Projeto de Decreto que atribuiu o nome do ex-presi-dente da CMM, Adriano Jorge, ao plenário do Parlamento.

Nascido em Barcelos (AM), Lucena – que também foi se-nador eleito por dois manda-tos (1982 e 1986), morreu em 1987 deixando sua marca na política do Amazonas. Tatiana Lucena, uma das filhas do ex-senador, destaca que a vida de figuras históricas não deve ser esquecida. “É importante esse resgate da história do meu pai, que é sinônimo de coragem e honestidade, o que falta muito hoje nesse cenário político”, disse. “Louvável a atitude do presidente Bos-co Saraiva em resgatar essa memória do Brasil e do Ama-zonas”, finalizou Tatiana. Além de fazer parte da história da Câmara, Fábio Lucena é parte de Manaus por ter dado nome a escolas, ruas, becos e à ponte que liga o bairro São Raimundo ao bairro Aparecida.

O memorial ganhou ainda um livro escrito por Simão Pessoa, sobre a história da Câmara de Manaus, que ainda será lançado.

EXPOSIÇÃOEstará exposto ainda no memorial a carteira de identidade do ex-vereador Sérgio Rodri-gues Pessoa Neto, que assumiu a presidência da CMM em 1948, após a morte do presidente, Adriano Jorge

Neste primeiro momento, o museu será virtual, com telas onde as pessoas aces-sarão as informações por meio de conteúdo interativo. Os visitantes terão acesso ao acervo por meio de ges-tos em frente à tela.

De acordo com o respon-sável pelo sistema tecnoló-gico do memorial, o chefe do Departamento de Informá-tica da CMM, Luciano Men-des, não há outro projeto com tecnologia similar em Manaus que ofereça essa interação e acessibilidade que o memorial terá. Além das telas com sensor de mo-vimento, os visitantes pode-rão ouvir a história por fones e acompanhar a tradução em libras, o que permitirá que pessoas com deficiência

visual ou auditiva possam visitar e ter acesso ao con-teúdo multimídia.

Em um segundo momento, o memorial será ampliado e trará novas informações, objetos e estatuetas de personalidades da política amazonense. A atualiza-ção das informações será contínua, com novas fotos, vídeos e objetos que po-dem ser doados ou cedidos para exposição na Câmara. O memorial está em busca de objetos pessoais, fotos históricas, livros vídeos ou qualquer item da família e de amigos que contêm a his-tória da política manauara.

ContribuiçõesO acervo virtual foi organi-

zado a partir de contribuições

de familiares, amigos e da pesquisa de servidores da CMM que buscam registros históricos desde o início do ano para montar o memo-rial. Entre os colaboradores estão as servidoras da casa e pesquisadoras Cíntia Lins e Laura Vicuña; o designer Jean Ítalo Collares; os servidores Antônio Diniz e Dori Carvalho, responsáveis pelo conteúdo do memorial; o escritor Si-mão Pessoa; o responsável técnico Luciano Mendes, a professora Gisela Braga, que cedeu fotos antigas de Ma-naus, familiares e amigos de vereadores e figuras políticas do Estado. O espaço ficará aberto ao público no mesmo horário de funcionamento da Câmara que é das 8h às 14h, de segunda a sexta-feira.

Misto de interação e tecnologia

O ex-vereador Fábio Lucena (em pé) é um dos homenageados no Memorial da Câmara

O poeta Dori Carvalho, que é o responsável pelo acervo e conteúdo do “Memorial Carlos Zamith”, explicou que a intenção do espaço é resgatar a história política do Estado e de seus personagens

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A6 Política MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013

Contribuinte é quem paga multas dos partidos

Terminado o prazo de fi -liações partidárias, pré-can-didatos queimam a largada antecipando campanhas em aparições públicas e progra-mas de televisão, em fl agran-te desrespeito à lei e aos cidadãos. O Tribunal Superior Eleitoral distribui multas, ten-tando impedir as infrações. Mas o detalhe é que as penali-dades aos partidos infratores são pagas pelo mesmo con-tribuinte desrespeitado, por meio do Fundo Partidário.

Pobre eleitorEm 2010, Dilma (PT) foi

multada pelo TSE em R$25 mil, e Aécio Neves (PSDB) em R$ 22,5 mil, mas quem pagou foi o eleitor-contribuinte.

Por nossa contaSaem do bolso do con-

tribuinte os quase R$ 400 milhões anuais que compõem o Fundo Partidário, objeto de desejo dos donos de siglas.

Tá explicadoAs leis são feitas pelos po-

líticos, e eles defi nem como e quanto pendurar as pró-prias malfeitorias no Fundo Partidário.

Fundo é uma mãeAté quando a multa é pela

má prestação de contas de campanhas, o dinheiro sai dos cofres públicos que abas-tecem o Fundo Partidário.

Farra federal: US$ 12 mil a datilógrafa no Japão

Só o Itamaraty pode explicar o que faz com os ideogramas japoneses a datilógrafa brasi-leira (CPF ***.245.211-**) que embolsa US$ 12 mil por mês no Japão: ela integra o “trem da alegria” de servidores colo-cados à disposição de embai-xadas e consulados, burlando o “caráter excepcional” de uma

lei de 2006. O vale-tudo con-templa profi ssões já extintas e até inúteis nas representações diplomáticas, como artífi ce.

ExcepcionaisOs “farristas” descumprem

a exigência legal de vagas nos postos, domínio do idioma local, concurso e formação educacional adequada.

Mantra Marina Silva bateu na tecla,

em reunião do diretório do PSB, de sua aposta na alter-nativa política para o País, e não em projeto de poder.

Ao ataqueAécio Neves planeja in-

tensifi car suas visitas a São Paulo, onde deu uma trégua para não parecer provocação ao desafeto José Serra.

Sob pressãoTestemunha em sindicân-

cia do Departamento de Imigração e Assuntos Jurí-dicos do Itamaraty, o ad-vogado Luis Vásques disse na quarta (16) que chegou a responsabilizar pessoal-mente diplomata Eduardo Sabóia por eventual suicídio do opositor Roger Molina na Embaixada do Brasil.

Clésio 2014O senador Clésio Andrade

(PMDB) já informou a diver-sos personagens da política mineira, incluindo pré-candi-datos como Fernando Pimen-tel (PT), que sua candidatura a governador de Minas Gerais é irreversível.

Falta qualidadeApós Dilma afi rmar que

seus adversários terão de “estudar” para ser presidente, o deputado Marcos Pestana (PSDB-MG) ironizou o even-tual cursinho preparatório da presidenta: “Aécio, Eduardo e Marina não se interessariam,

porque prezam muito a qua-lidade do ensino”.

Chapa dos sonhosO governador Jaques Wag-

ner (PT-BA) articula para lan-çar o secretário Rui Costa (Casa Civil) candidato a sua sucessão, em chapa com Otto Alencar (PSD) ao Senado e Mário Negromonte (PP) can-didato a vice.

Boa política O chanceler Luiz Alberto Fi-

gueiredo acertou com o sena-dor Ricardo Ferraço (PMDB-ES) participar de audiência pública na Comissão de Relações Exte-riores do Senado, na próxima quinta-feira (24).

Aberto ao públicoLíder do PSB, Beto Albu-

querque (RS) sugeriu ao go-vernador Eduardo Campos (PE) e a Marina Silva que o PSB e a Rede criem um Con-selho Político com participa-ção de lideranças políticas, artistas e intelectuais.

Pedras no caminhoCotado para disputar o

governo paulista, o depu-tado Walter Feldman (PSB) terá de enfrentar idêntica pretensão dos deputados so-cialistas Luiza Erundina e Márcio França. Mas Marina prefere Feldman.

Briga no TOO PSD-TO vai à Justiça

contra o governador Siqueira Campos (PSDB), por ame-açar cortar verbas públicas de prefeitos da oposição e interferir em processos no Tribunal Regional Eleitoral e no Tribunal de Contas.

Pensando bem......com políticos, doadores

de campanha e até defuntos no cadastro, o Bolsa Família deveria se chamar Mamata Família.

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

www.claudiohumberto.com.br

Estou disponível para o partido para o que ser e vier”

JOSÉ SERRA (PSDB) torcendo para que a pré-candida-tura de Aécio Neves não decole

PODER SEM PUDOR

Bolsas para todosConta-se em Urussanga (SC),

cidade vizinha a Criciúma, que em 1999 estudantes carentes pediram bolsas de estudo ao vice-prefeito Sandrini, que assumira no lugar do titular, Ruberval Pilotto. Solícito, o prefeito interino chamou um assessor e determinou que fosse à papelaria adquirir todas as bolsas que fossem necessárias. E ainda reforçou, para incredulidade geral:

- Se a prefeitura não tiver dinheiro, pode colocar na minha conta, eu pago.

Bolsas para todosConta-se em Urussanga (SC),

cidade vizinha a Criciúma, que

prefeito interino chamou um assessor e determinou que fosse à papelaria adquirir todas as bolsas que fossem necessárias. E ainda reforçou,

Proposta em parceria com o site Congresso Em Foco quer realizar debates de temas nacionais por um novo Brasil

Parlamentares lançam projeto suprapartidário

Um encontro realiza-do na última quinta-feira no restaurante Olivae, em Brasília,

costurou as linhas gerais de um projeto ambicioso. Promo-ver um debate suprapartidá-rio entre as lideranças mais bem avaliadas do Congresso Nacional, personalidades de diferentes áreas e a sociedade com a pretensão de propor soluções concretas para os grandes problemas nacionais. A ideia nasceu de parlamen-tares agraciados este ano com o Prêmio Congresso em Foco, realizado anualmente pelo site jornalístico de mes-mo nome e que, aceitou o desafi o de viabilizá-la.

Debates nas principais capitais do país, com trans-missão ao vivo pela internet, contemplarão temas tradicio-nalmente negligenciados pelo Parlamento brasileiro e que voltaram à tona com as ma-nifestações defl agradas em junho, como educação, saúde, previdência, mobilidade urba-na, combate à corrupção e à cri-minalidade e desenvolvimento econômico sustentável.

As discussões serão realiza-das a partir de março de 2014 e os seus resultados serão reunidos em livro e, confor-me sugestão aprovada pelos parlamentares participantes do almoço, convertidos em propostas legislativas a serem

apresentadas no Congresso.Nove parlamentares pres-

tigiaram o lançamento do projeto: os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Cristovam Buarque (PDT-DF), Pedro Si-mon (PMDB-RS) e Randolfe Rodrigues (Psol-AP) e os depu-tados Alessandro Molon (PT-RJ), Chico Alencar (Psol-RJ), Jean Wyllys (Psol-RJ), Marcus

Pestana (PSDB-MG) e Paulo Teixeira (PT-SP). Os senado-res Humberto Costa (PT-PE), Ana Amélia (PP-RS), Delcídio do Amaral (PT-MS) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e a depu-tada Luiza Erundina (PSB-SP) se desculparam pela impossi-bilidade de comparecer, mas afi rmaram apoio à iniciativa.

O fundador do Congresso em Foco, Sylvio Costa, apresen-tou um esqueleto da ideia, que foi enriquecida com diversas sugestões de aprimoramento, tanto em relação aos temas a serem tratados quanto ao formato do projeto, cujo nome provisório é “Brasil em foco”. Em 2014, ele substituirá o Prêmio Congresso em Foco, que não será realizado no ano que vem em razão da coincidência com a campanha eleitoral (o prêmio será retomado em 2015).

A conexão entre o prêmio e o novo projeto é forte. Os par-lamentares premiados, além de participarem dos debates a serem realizados, atuarão como curadores informais, in-dicando por exemplo nomes representativos para partici-par das mesas de discussão.

PREOCUPADOSEleito o melhor sena-dor pelos internautas este ano, Cristovam Buarque destacou que os parlamentares pre-miados têm em comum o fato de não serem indiferentes às reivin-dicações populares

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) foi quem teve a idea de concretizar esse projeto

GERALDO MAGELA/AGÊNCIA SENADO

Autor da ideia de reunir os parlamentares premiados em torno de discussões sobre o futuro do país, o senador Randolfe defendeu que os debates não se limitem a “teses acadêmicas”. “Mais importante que o debate é propor conclusões. Dos debates, sairiam propostas legislativas”, sugeriu. O se-nador recomendou, ainda, que essas conclusões se-jam tema de debate entre os candidatos à Presidência

da República, mediado pelo Congresso em Foco.

Pedro Simon também de-monstrou entusiasmo com a possibilidade de abertura de uma nova janela de debate sobre questões nacionais, algo que, segundo ele, dei-xou de existir no Parlamento há algumas décadas. Marcus Pestana também lamentou o desaparecimento de espa-ços para encontros supra-partidários entre congres-sistas que se preocupam em

discutir os grandes temas.Aécio e o petista Alessan-

dro Molon deixaram de lado as divergências partidárias e sugeriram a inclusão da mobilidade urbana entre os objetos de discussão.

Paulo Teixeira e Jean Wyllys também defenderam a dis-cussão de temas levantados pelas manifestações. “O tema da democracia vai além do Parlamento. Talvez possamos dar uma abrangência maior a esse item’’, disse Teixeira.

Debates têm que ser amplos

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MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013 A7Política

A grande verdade é que os de-fensores tiveram que se desdo-brar, com uma carga excessiva de trabalho. E todas as pessoas que nos procu-ram nunca ficaram sem atendimento”

Com a au-tonomia financeira, a Defenso-ria vai ter a liberdade de gerir o seu próprio orça-mento para fazer concur-so ou adquirir prédios, por exemplo, sem pedir autori-zação para o governo”

Com 27 anos de pro-fissão, sendo 23 na Defensoria Pública do Estado do Amazonas

(DPE-AM), e 54 anos de ida-de, o defensor-geral Ricardo Trindade vive o apogeu profis-sional. À frente da Defensoria do Estado, está vendo 60 no-vos defensores públicos sen-do incorporados à instituição, que sofria com a falta desses profissionais. Em sua gestão, também vê a autonomia fi-nanceira se tornar realidade com o recente anúncio feito pelo governador Omar Aziz (PSD), que já adiantou que enviará o projeto para análise do Legislativo estadual.

Trindade contou para a reportagem que entrou na defesa dos mais carentes, antes mesmo da criação da Defensoria - instituída pela Constituição Federal de 1988 - no extinto serviço de As-sistência Judiciária gratuita, em 1986. O defensor disse que a escolha foi vocacional e que as recentes conquistas na DPE-AM representam um ganho para a cidadania.

EM TEMPO – Por que a maior parte dos novos defensores públicos esta-duais são de outros Es-tados?

Ricardo Trindade – Pri-meiro, porque nós tivemos um número grande de escritos de fora do Amazonas e de pes-soas que se dedicam a fazer concurso em todo o Brasil, que nós chamamos de “concursei-ros”. É uma tendência muito grande nas carreiras jurídicas de aprovação de pessoas de outros Estados.

EM TEMPO – Existe muita reclamação de entidades de classe e de membros da Justiça, bem como dos serviços essenciais, sobre a falta de profissionais e es-trutura. Como isso afeta a qualidade do atendimento à população?

RT – Com esse fortalecimento da Defensoria, porque é o órgão que permite o acesso à Justiça aos carentes, com o aumento do número de defensores e, acima de tudo, com a nossa autonomia financeira, que foi anunciada pelo governador, a

tendência é que haja uma me-lhora considerável do acesso à Justiça, à resolução mais rápida dos processos, à diminuição da população carcerária.

EM TEMPO – Perguntaria, justamente, como a chega-da dos novos defensores vai mudar esse cenário de reclamação de morosida-de, falta de profissionais?

RT – Principalmente no in-terior do Estado, onde não há advogados, os processos ficam paralisados porque não tem quem atue no processo. Agora, com a presença do promotor de Justiça e do de-fensor público, a tendência é que esses processos tenham andamento. A chegada desses profissionais vai permitir tam-bém que a população possa ajuizar ações em relação aos diretos a que fazem jus e deixam de reivindicar na Jus-tiça, justamente, por conta da falta de um profissional para assisti-los. É um ganho para a cidadania.

EM TEMPO – O que a população sabe realmente sobre o trabalho da defen-soria?

RT – Nos últimos anos, a Defensoria vem se tornando bem mais conhecida. A Defen-soria Pública do Amazonas foi criada em 1990. Algum tempo atrás o conhecimento sobre ela era muito reduzido. Temos observado que esse conheci-mento tem aumentado e tem repercutido no aumento da demanda dos serviços porque há uma procura bem maior, principalmente na capital.

EM TEMPO – Existe um projeto, que está em vias de ser sancionado pela presidente Dilma Rousse-ff, que facilita o processo de criação de novos muni-cípios. No Amazonas, isso vai impactar de que forma o trabalho da Justiça e dos serviços auxiliares?

RT – Dependendo da quan-tidade de municípios que fo-rem criados, certamente, vai influenciar. Deverão implicar na necessidade de aumento de mais defensores, juízes, promotores, na medida em que surjam mais comarcas.

EM TEMPO – Na posse dos novos defensores, o go-

vernador Omar Aziz disse esperar que o trabalho dos nomeados seja focado em ações coletivas, não esque-cendo as ações individuais. O senhor compartilha des-se pensamento?

RT – Compartilho plena-mente. Até porque nas ações coletivas se consegue atingir um número de pessoas bem maior, beneficiando toda uma coletividade numa ação só. É de suma importância que a Defensoria Pública se volte para ajuizar ações em prol das comunidades, quando estas estiverem sofrendo com algo que afete seus direitos.

EM TEMPO – A maior de-manda é de processos fami-liares, em que as ações são individuais. Se a orientação é trabalhar por ações cole-tivas e a maior demanda são ações individuais, como equalizar essa conta?

RT – Nas ações coletivas, apesar de ser um número me-nor de ações, podemos atingir um número maior de pessoas, 500, 600 até 5 mil. Em relação às ações familiares, temos mais ações, mas menos pes-soas beneficiadas.

EM TEMPO – Na prática, qual o benefício da au-tonomia financeira para a instituição?

RT – Com a autonomia fi-nanceira, a Defensoria vai ter a liberdade de gerir o seu próprio orçamento para fazer concurso ou adquirir prédios, por exemplo, sem pedir auto-rização para o governo. Então caberá ao gestor tomar as iniciativas que ele achar im-portante.

EM TEMPO – O senhor falou que esses 60 novos defensores ainda não sa-tisfazem a necessidade do Estado. Explique.

RT – Quando se fala isso é porque, em razão da ca-rência existente na capital, esses novos defensores mui-to brevemente estarão vindo para Manaus. Então, dai nós vislumbrarmos futuramente, em 2015 ou 2016, realizar um outro concurso para suprir aqueles defensores promovi-dos para a capital.

EM TEMPO – Qual o perí-odo mínimo que esse pro-

fissional deve ficar lotado no interior?

RT – Três anos. O período do estágio probatório. O início de carreira começa obrigato-riamente no interior, assim como no Ministério Público e na magistratura. A classe para qual serão promovidos está vazia, então logo terão que ocupá-las.

EM TEMPO – Por que existia tanta carência de defensores?

RT - Isso é decorrente do longo tempo que a Defenso-ria ficou sem fazer concurso público. Antes desse último concurso, só tivemos um ou-tro em 2003 nesses 25 anos. Nesse período, o quadro foi se esvaziando por conta de aposentadoria, falecimentos que culminou nessa situação de vazio no quadro, que agora está sendo resolvido.

EM TEMPO – Nesse tempo que a instituição ficou defa-sada de profissionais como conseguiu se manter?

RT - A grande verdade é que os defensores tiveram que se desdobrar, com uma carga excessiva de trabalho. E todas as pessoas que nos procuram nunca ficaram sem atendimento. Um volume de trabalho grande. Tanto é que os defensores atuam em pelo menos três varas. Para dar conta, avaliamos aos casos mais urgentes que são prio-rizados.

EM TEMPO – Em todos es-ses anos de trabalho, existe algum caso que marcou a sua vida, além do campo profissional?

RT - Fui designado para defender um rapaz acusado de praticar homicídio. A fa-mília disse que era legítima defesa e montei minha tese. Quando fui falar com ele tive uma surpresa: ele estava com uma Bíblia nos braços e disse “doutor, sei que minha família disse que foi para me defen-der, mas é mentira, aceitei o senhor e não vou mentir mais”. Anos mais tarde, quando o vi novamente ele estava bem arrumado e tinha se torna-do pastor evangélico. Fiquei muito feliz e aquilo me mar-cou profundamente, fazendo acreditar cada vez mais no ser humano.

Ricardo TRINDADE

‘O ACESSO à Justiça VAI MELHORAR’

Nos últimos anos, a De-fensoria vem se tornan-do bem mais conhecida. A Defensoria Pública do Amazonas foi criada em 1990. Algum tempo atrás, o conhecimen-to sobre ela era muito reduzido. Temos obser-vado que esse conheci-mento tem aumentado e tem repercutido no aumento da demanda”

LUCIANO FALBOEspecial EM TEMPO

FOTOS: IONE MORENO

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A8 Política MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013

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[email protected], DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013 (92) 3090-1045Economia B4

A autonomia do trabalho de free lancer

IONE MORENO

Empresas no AM abrem 10 mil vagas para a CopaEmpreendimentos de vários setores “correm contra o tempo” para contratar mão de obra qualifi cada para o evento mundial

Quem quer garantir renda com a Copa de 2014, ainda dá tempo de encon-

trar emprego. A menos de oito meses para o início dos jogos do grande evento fu-tebolístico mundial, setores importantes da economia amazonense procuram pro-fissionais qualificados para preencher em torno de 10 mil vagas que estão abertas no aguardo por interessados.

Somente no setor de bares e restaurantes, ao menos 5 mil vagas serão disponibili-zadas em Manaus até junho do próximo ano, quando será dado o pontapé inicial para os jogos da Copa de 2104.

Segundo a presidente da Associação Brasileira de Ba-res e Restaurantes no Ama-zonas (Abrasel/AM), Janete Fernandes, as oportunida-des abertas vão suprir a necessidade do setor que deverá registrar crescimen-to de 10% até meados do próximo ano. “Atualmente, empregamos em torno de 60 mil pessoas na capital amazonense e deveremos contratar mais 5 mil em-pregados para garantir a demanda do setor”, explica.

Por sua vez, a rede hotelei-ra ofertará até 3 mil vagas para a Copa de 2014. A de-manda será, principalmente, por camareiras, recepcionis-

tas, mensageiros, técnicos em manutenção e garçons. Para essas categorias, os salários vão variar entre R$ 750 a R$ 2,2 mil confor-me a função, qualificação e necessidade das empresas. “Há empresas que querem contratar profissionais que falem dois ou até mesmo três

idiomas”, conta o presiden-te da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Amazonas (Abih/AM), Rober-to Bulbol.

Segundo ele, a expansão da oferta foi favorecida também pela inauguração de cinco empreendimentos, cujas portas vão ser aber-tas no próximo ano com 2 mil novos apartamentos. “Ao menos mil pessoas deverão ser contratadas em de-finitivo, enquan-to os demais a t u a -rão em

regime temporário”, revela Bulbol.

ComércioJá no comércio, as vagas

que serão criadas exclusiva-mente para a Copa de 2014 somam 2 mil oportunidades, conforme estimativa da Câ-mara de Dirigentes Lojista de Manaus (CDL Manaus). Conforme o presidente da CDL Manaus, Ralph Assayag, o volume ofertado poderia ser maior se houvesse mais investimentos. “Poderia ser a melhor o número de contra-tação diante da magnitude de evento como a Copa de 2014”, analisa.

ANWAR ASSIEquipe EM TEMPO

Segundo os empresários, apesar de as oportunida-des existirem, falta mão-de-obra capacitada para aten-der a demanda do mercado. Para enfrentar esse gargalo a aposta é em cursos profi s-sionalizantes nas áreas que vão ser mais demandadas para a Copa de 2014.

No caso dos bares e res-taurantes, a Abrasel reali-za com frequência cursos próprios para qualifi car as pessoas áreas da gastrono-mia, incluindo, garçons, co-

zinheiros, chefes de cozinha, atendentes, recepcionista, barman entre outros.

Segundo a entidade, um garçom ou cozinheiro po-dem ganhar em média até R$ 2 mil dependendo da casa onde trabalham. Já o chefe de cozinha pode re-ceber salário de até R$ 5 mil. O piso da categoria é de R$ 600.

PronatecOutra opção é o Progra-

ma Nacional de Acesso ao

Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), do Ministério do Turismo, que vai oferecer 61.439 vagas até dezembro nas modalidades Pronatec Copa e Pronatec Copa na Empresa. Entre os 54 cursos estão inglês, espanhol, re-cepcionista e camareira em meios de hospedagem.

Segundo o governo, a meta do programa é oferecer 240 mil vagas em cursos em ocupações de base do setor turístico, em 120 municípios brasileiros, até 2014.

Capacitação é um dos gargalos

TORNEIOAo todo, Manaus vai receber quatro jogos durante a Copa de 2014, ou seja, oito seleções diferentes virão jogar na cidade, atraindo turistas para região e criando opor-tunidades de emprego

Ao menos 5 mil vagas serão abertas nos bares e restaurantes na capital amazonense

Camareiras, recepcionistas, mensageiros, técnicos em manutenção e garçons fi guram entre principais categorias que serão demandadas durante jogos que acontecerão em Manaus no próximo ano

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idiomas”, conta o presiden-te da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Amazonas (Abih/AM), Rober-to Bulbol.

Segundo ele, a expansão da oferta foi favorecida também pela inauguração de cinco empreendimentos, cujas portas vão ser aber-tas no próximo ano com 2 mil novos apartamentos. “Ao menos mil pessoas deverão ser contratadas em de-finitivo, enquan-to os demais a t u a -rão em

2014”, analisa. virão jogar na cidade, atraindo turistas para região e criando opor-tunidades de emprego

Rede ho-teleira vai contratar

3 mil pessoas

DIVULGAÇÃO

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B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013

Com habilidade e clareza de posi-cionamento, como membro nato na composição do Conselho de Admi-nistração da Suframa, o presidente da Fieam, Antônio Silva foi ao ponto: cobrou especial atenção do represen-tante do MDIC, o secretário-executivo, Ricardo Schaefer, para as demandas salariais dos servidores da Suframa e da reposição dos cargos e funções esvaziadas. Os servidores têm uma depreciação histórica nos vencimen-tos e falta gente e instrumento pra tocar na orquestra. De quebra, inda-gou sobre a liberação dos PPBs. O questionamento se insere no movi-mento maior de impaciência e revolta de empresas que esperam 6, 12, 24, 36... meses, por uma autorização, com data pré-fi xada pelo Conselho da autarquia, que confere as isenções constitucionais. Este tem sido o maior entrave federal – à parte os gargalos de infraestrutura. Apesar dos dados otimistas da Suframa de faturamen-to em real, na aferição que utiliza o dólar, há um visível encolhimento do desempenho do PIM. É absurdo deixar investimentos embargados na gaveta sob a alegação de prejuízos virtuais em outras regiões do país. É como se fosse um jogo de futebol, em que, na volta do intervalo, o juiz mudou as regras e não avisou aos interessa-

dos. São episódios que autorizariam a reescrever uma versão baré do Processo de Franz Kafka, o clássico da literatura tcheca que descreve as situações de absurdo existencial e social em limites insuspeitados. Com uma composicao que inclui os minis-terios de Desenvolvimento e de C&T e Inovação, além da representacao institucional dos atores envolvidos, o CAS é uma esquizofrenia institucional, com personalidades ambíguas que se degladiam contra o interesse de quem as mantém.

O caso Adidas é emblemático, e remete a uma das maiores fábricas de material esportivo do mundo, que optou por iniciar suas atividades em Manaus, um forte apelo ambiental, e que fi ca no Brasil, o país do futebol. A empresa teve que instalar na Argentina sua fábrica, por decisão/embromação kafkiana dos burocratas de Brasília. Ninguém cogitou consultar as entidades locais para saber vantagens ou eventu-ais prejuízos concorrenciais. Nem levou em conta a contrapartida que exigisse – formalmente - a paulatina adoção dos fatores e elementos da biodiversidade e diversidade étnica e cultural milenar da fl oresta como a empresa sugeriu. E que, por evidentes razões de mercado, pretendia fazer. O alerta da FIEAM revela uma inquietação em relação às regras

do jogo. É complicado investir numa economia, marcada pela volatilidade de tantos fatores, à mercê de burocra-tas distraídos. Este é um cenário que precisa ser enfrentado e que se deve abrir uma discussão pública a respei-to. Os descaminhos são decorrência direta e proporcional ao mandonismo do gabinete.

A questão é crucial e defi nitiva. E tudo sugere que o novo secretário-executivo do Mdic está disposto, pelo menos, a escutar. É um embaraço perverso sobre o qual é imperativo conversar, argumentar, regulamen-tar e esclarecer, em defi nitivo, e no melhor dos mundos, no contexto de construção de uma politica industrial. Topamos a parada desde quando não signifi que travar o modelo, afugentar investimentos em nome de abstrações explícitas ou barganhas sombrias. A especulação em cima de eventuais se-tores de canibalização de investidores precisa ser debatida sobre os registros econômicos da História sob o signo de Macunaíma. Com os acertos políticos da União antropofágica, a produção de açúcar na Amazônia, além da bor-racha e do cacau, foi canibalizada por outras regiões do país, exatamente pela ausência crônica de uma defi ni-ção combinada de segmentação in-dustrial na perspectiva da redução das

desigualdades regionais. No caso dos embargos autoritários do PPB, o bom senso sugere que é melhor verticalizar – com as exigências de nacionalização de componentes - do que não publicar, condenar ao estado de expectativa e suspensão investidores que optaram compartilhar este desafi o de investir e desenvolver no meio da fl oresta comprometidos com sua conservação e sustentabilidade. Com todo respeito às alianças politicas federais... esta relação de dependência já esgotou suas prodigalidades.

A questão do Centro de Biotecnologia da Amazônia – pra ilustrar a psicopato-logia atávica - foi novamente pautada, como ocorre há 13 anos, e a promessa da iminente defi nição do modelo de gestão, que “estava saindo do forno” no dia 19 de agosto último, deverá ser objeto de uma nova consulta. Comissão técnica virá de Brasília para colher expectativas locais de sua estruturação institucional para prospecção de negócios e resultados. Um fi lme cuja reprise já ultrapassou todos os limites de paciência na expec-tativa de um fi nal, se não feliz, decente e coerente com o interesse local. Vem à mente o impacto dessa enrolação sobre todas as propostas e oportunidades de negócios que foram alimentados, estimulados há mais de uma década, e que aguardam o desfecho da festa com

a defi nição de um CNPJ... A expectativa de fazer da relação entre o chip da inovação e o cipó deste bioma infi nito, uma caldeirada de negócios, fi ca para depois, montada mais uma comissão, para resolver aquilo que já tem solução e defi nição natural.

Tudo sugere, porém, que a Suframa descartou convidar a Embrapa para ajudar a equacionar o enigma, com sua bagagem de 40 anos no setor. Ao longo dos últimos meses esta foi uma solução a mais sensata e disponível – que envolveu o apoio de mais de três dezenas de instituições locais - para fazer andar na direção dos bionegócios este empreendimen-to que já consumiu mais de R$ 120 milhões das empresas instaladas na ZFM. A Suframa não tem gente, hoje, para atender as demandas formais das exigências que a Lei e suas variações absurdas impõem. Ao que consta, em seu quadro defasado de material humano, não há especialis-tas em biotecnologia. Entre os que lá atuam – a opinião pública fi cou sabendo nesta quinta-feira – ganham salários ridículos, menores que de mui-tas categorias de quem não se exige qualifi cação ou experiência. E neste vai e vem da esquizofrenia federal, fi ca difícil ouvir e saber , meu caro Thomaz, que pito toca o CAS?

Alfredo MR Lopes [email protected]

Que pito toca o CAS? Alfredo MR Lopes

Filósofo e ensaísta

Topamos a parada des-de quando não signifi -que travar o modelo, afugentar in-vestimentos em nome de abstrações explícitas ou barganhas sombrias.

A ‘cobiça’ estrangeira por negócios no AmazonasEmpresários dos ‘quatro cantos do mundo’ chegam ao Estado para investir em diferentes áreas econômicas do Estado

O interesse de empre-sários estrangeiros em fi rmar negócios no Amazonas ultrapassa

os limites da indústria local. Os “gringos” cruzam a fronteira para investir em áreas como a de alimentos e bebidas, serviços, logística, meio ambiente e até na aviação.

A parceira entre a capital do Peru, Lima e o Amazonas é uma das conexões comerciais em alta. Segundo o gerente geral do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Amazo-nas (Fieam), Marcelo Lima, na primeira quinzena deste mês, empresários do país sul-ameri-cano vão receber representan-tes de 15 empresas do ramo de alimentos e bebidas de Estados da Região Norte, entre eles, o Amazonas, para prospecção de negócios.

O dirigente adianta que em-presas como a fabricante de chocolates com sabores regio-nais Oiram e a Cachaçaria do Dedé estão entre as empresas que irão negociar possíveis parcerias com o país vizinho. “A expectativa de negócios é promissora”, aposta o gerente.

AlemanhaA Alemanha trilha o mesmo

caminho para fechar acordos com o Amazonas. Segundo Marcelo Lima, até abril de 2014, negócios que começaram a ser defi nidos este ano com o Esta-do alemão de Baden-Württem-berg, devem sair do papel. Entre as áreas de interesse do país europeu estão engenharia, me-talurgia, distribuição de estru-turas móveis, indústria automo-tiva, tecnologia da informação, energia renováveis e serviços públicos. “O interesse varia en-tre formação de joint venture e troca de canais de distribuição e produção”, detalha.

PortugalUma parceria que deu certo

foi a fi rmada entre Portugal e Amazonas. Em setembro, a Transportes Aéreos de Portugal (TAP) anunciou investimentos de quase R$ 60 bilhões para oferecer o vôo que liga Manaus a Lisboa a partir de 2014.

Os empresários pensam em trazer também o Park Europa, projeto hoteleiro que contará com cinco parques temáticos, 72 unidades hoteleiras e mais de 200 restaurantes no Estado. O investimento previsto é de qua-se R$ 30 bilhões e geração de 75 mil empregos no Amazonas.

Mesmo em fase de im-plantação, o Polo Naval atraiu investidores inte-ressados em se instalar no novo parque fabril.

O Estado foi visitado por comissões de cinco países interessados no potencial do novo distrito, a mais recente realizada a duas semanas por em-presários japoneses.

Holandeses, fi nlande-ses, italianos e ingleses também vieram sondar a possibilidade de se insta-lar no futuro polo. “Fora as grandes comissões, pequenos grupos vindos da China, Espanha e Es-tados Unidos também demonstraram interesse durante visitas”, conta o presidente do Sindicato da Indústria Naval, Náu-tica, Off shore e Reparos do Amazonas (Sindnaval-AM), Matheus Araújo.

Polo Naval tem atraído investidores

Na esteira dos negócios fechados com Portugal, o in-vestimento em novas rotas de vôo ligando o Amazonas a países sul-americanos e europeus se confi gura como a aposta do Estado tanto para o incentivo ao turismo quanto para escoar a produ-ção local.

Segundo o assessor téc-

nico da Coordenação Geral de Comércio Exterior da Suframa (Cogex), Frederi-co Aguiar, pelo menos duas novas rotas estão em fase fi nal de Estudo. A primeira é a linha que ligaria Manaus à capital do Equador, Quito e de lá faria conexão com um país europeu ainda em fase de negociação.

CustosA segunda é a rota que

ligaria Manaus à capital do Peru, Lime e à Madri na Espanha. Entre as empresas cotadas para fechar o acor-do está a chilena LAN linhas aéreas. “A conexão deixaria mais baratos os custos de produção e distribuição de produtos do PIM”, justifi ca.

Novas rotas estão em análise

JULIANA GERALDOEquipe EM TEMPO

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B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013

Consumo de peixe em altaDe acordo com dados do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), o brasileiro tem ingerido 23,7% mais pescado, nos últimos dois anos, comportamento que favorece a produção das espécies e os investimentos na piscicultura no país

Os brasileiros hoje consomem muito mais pescado do que antigamente,

para surpresa de especialistas das áreas de alimentação e abastecimento. Segundo da-dos do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), a média por habitante ano no país al-

cançou 11,17 quilos em 2011, nada menos do que 14,5% a mais do que em relação ao ano anterior.

Já entre 2009 e 2010 o ritmo de crescimento da demanda foi de 7,9%. Em dois anos (2010 e 2011) o crescimen-to da demanda por peixes e frutos do mar aumentou

em média 23,7%. Assim, pode-se acreditar, com al-guma margem de segurança (as importações continuaram aquecidas), que atualmente os brasileiros já devem consumir pescado na média mínima re-comendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de 12 quilos por habitante/ano.

Este fenômeno de aumento acentuado de consumo de pes-cado, que se repete em outras partes do mundo, pode ser explicado no país por alguns fatores, segundo o secretário de Infraestrutura e Fomento do MPA, Eloy de Sousa Araújo. “Nos últimos anos, a condição de vida dos brasileiros melho-

rou, a moeda nacional, o real, readquiriu o poder de compra e a população procura alimen-tos mais saudáveis para con-sumo, sendo o pescado uma excelente opção”, avalia.

O crescimento no consumo foi confirmado com a divulga-ção do Boletim Estatístico do MPA sobre a produção brasi-

leira de pescado em 2011, o mais recente disponível.

O boletim permitiu rela-cionar a produção nacional com as importações e ex-portações de pescado neste ano de referência, bem como avaliar em perspectiva os anos anteriores e as ten-dências de mercado.

“Há uma década os supermercados não con-tavam com espaço para a exposição de peixes congelados e principal-mente frescos, que era no imaginário popular característica de local sujo. Hoje encontramos o tambaqui, a pescada amarela, o pargo e a cioba apenas pra citar alguns”, recorda o secre-tário Eloy Araújo.

Com o tempo, os jovens descobriram os sashimis da culinária oriental e os restaurantes de comida a quilo nas cidades pas-saram a oferecer pes-cado aos seus clientes. Também a indústria inovou com produtos de preparo mais fácil, de cortes prontos e as pizzas de sabor atum.

A demanda aquecida motivou a indústria do pescado, sobretudo da aquicultura, modalidade com maior espaço para crescer a produção.

Em 2011, a criação de pescado em cativeiro no país atingiu 628,7 mil toneladas, crescimento de 31,1% em relação ao ano anterior.

Mudança de hábito ajuda na expansão

Nos últimos anos, o Brasil se estruturou para se tornar um grande pro-dutor de pescado, assim como já tem liderança em outros tipos de carne, como bovina, suína e de frango. O país, afinal, é o que possui mais água doce no mundo (13%) e um extenso litoral.

No final de 2012, o governo federal lançou o Plano Safra da Pesca e Aquicultura, que oferta R$ 4,1 bilhão em crédito para o setor. Também o MPA criou uma rede de laboratórios oficiais para certificar a quali-dade do pescado para exportação, importação e consumo interno.

Este ano, um edital do MPA incluiu 27% dos mu-nicípios brasileiros em programa para estimular a piscicultura em proprie-dades rurais. O governo também passou a im-primir maior velocidade no lançamento de editais para a produção de pes-cado em grandes reser-vatórios e no litoral.

Brasil quer a liderança da produção

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013

A busca da autonomia no trabalho free lancerProfissionais abrem ‘mão’ da carreira em empresas corporativas para trilhar caminho no comando do próprio negócio

Liberdade de escolhas, flexibilidade de horá-rios e ‘fazer’ o próprio salário são alguns dos

motivos que levam profissio-nais competentes optar por uma carteira de trabalho “em branco” e se aventurar no universo free lancer. Entretan-to, a escolha da autonomia, que vem se tornando popular também em Manaus, envolve vantagens e desvantagens e exige cuidados específicos de planejamento para que o tra-balhador moderno não passe por apuros financeiros.

Há três anos, o fotógrafo e hoje, microempresário, Fran-cisco Araújo, aceitou o desafio de mudar o estilo profissional e de vida. A opção de Francisco foi abandonar o jornalismo fotográfico e se dedicar aos eventos sociais e empresa-riais. “Eu saí de um emprego convencional com salário cer-to e quando fui procurar por outras oportunidades resolvi tentar a sorte trabalhando de forma mais livre”, recorda.

Entre vantagens e desvan-tagens, o aspecto mais im-portante da mudança foram as adaptações financeiras.

“Precisei adotar um caderno e anotar todas s entradas e saídas de dinheiro no mês para não me perder nas con-tas. Também precisei apren-der a emitir notas fiscais e descontar o valor referente à Previdência Social, uma vez que deixei de ter um empre-gador para fazer o depósito por mim”, relaciona.

“Sapos”O publicitário, Rafael Fro-

ner, que hoje tem emprego fixo, além de trabalhar sozinho paralelamente, já trabalhou seis meses como freelancer e descobriu no estilo profis-sional seu modo de vida. “O melhor desse universo é ga-nhar em qualidade de vida e deixar de engolir sapos, uma vez que você é seu próprio chefe”, argumenta.

Ele conta que precisou se adaptar. A primeira medida que tomou foi abrir uma pou-pança e se disciplinar para re-alizar depósitos regulares e se esforçar para não movimentar o dinheiro. “Quebrei os cartões de crédito, passei a pagar as dívidas logo no início do mês, a separar uma quantia para conta corrente e guardar o resto na poupança. Foi uma libertação”, comemora.

Francisco Araújo (à esquerda) abandonou as redações dos jornais impressos, onde era empregado, para atuar de forma autônoma

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AÇÃOJULIANA GERALDO

Equipe EM TEMPO

Para o economista Marcus Evangelista, os profissionais devem ficar atentos a outros cuidados. Segundo ele, nes-sa modalidade é importante manter uma reserva emer-gencial. “Podem ocorrer mo-mentos em que não tenham contratos previstos a curto prazo e se forem preveni-dos, os autônomos podem

fazer uso desses recursos para uma eventual época de vacas magras”, simplifica.

O especialista também sugere que os profissionais independentes evitem con-tas a prazo para não assu-mir compromissos mensais e correr o risco de atrasar as prestações, caso a de-manda de serviço esperada

não ocorra. Outra dica é o depósito ao

Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) de sua contri-buição mensal baseada no volume de recursos recebi-dos pelos serviços presta-dos. “Uma vez iniciado os recolhimentos, ele não deve falhar e recolher mês a mês, para garantir uma aposenta-

doria razoável”, ensina Evangelista reforça ain-

da a importância de uma planilha mensal de controle de gastos e recebimentos, e de um depósito preferen-cialmente em poupança. “A poupança é mais prática apesar do menor rendimen-to e permite retiradas de emergência”, completa.

Economista alerta para alguns cuidados

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B5EconomiaMANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013

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B6 País MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013

Comitê interministerial foi instalado pela presidente Dilma e vai recorrer às cidades-sedes para conter abusos comerciais

Governo vai fazer pressão para conter preços na Copa

A presidente Dilma Rousseff (PT) deter-minou a criação de um comitê intermi-

nisterial para monitorar pre-ços, tarifas e qualidade dos serviços durante a Copa do Mundo de 2014. Sob a co-ordenação da Casa Civil, os ministérios do Esporte, Justi-ça, Turismo, Fazenda, Saúde e a Secretaria de Aviação Civil vão, com os Procons das 12 cidades-sede, fazer um “diagnóstico detalhado” dos preços e qualidades de serviços em hotéis, restau-rantes, aeroportos e demais serviços turísticos.

O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) também po-derá acionar o Conselho Ad-ministrativo de Defesa Eco-nômica (Cade) para fiscalizar, nos setores aéreo e hoteleiro, situações que ameacem a li-vre concorrência.

“Não tabelamos nem tabe-laremos preços, mas nós não permitiremos abusos. Vamos utilizará todos os instrumen-tos à disposição do Estado para garantir a defesa dos direitos do consumidor, seja ele brasileiro, ou estrangeiro”, disse a ministra Gleisi Hoff-mann (Casa Civil), em nota.

O monitoramento valerá, inclusive, para os produtos oferecidos pela Fifa dentro dos estádios, como refrige-rantes, lanches e cerveja. O ministro José Eduardo Cardo-zo disse que o grupo poderá tomar medidas, desde que fique comprovado o abuso. “Tudo será analisado por este comitê. A partir do momento

em que nós entendermos que existem situações que estão fugindo daquele parâmetro, tomaremos as medidas ca-bíveis”, disse Cardozo, ao ser questionado especificamen-te sobre os preços nos está-dios durante a Copa.

A Folha de S.Paulo mostrou que, a oito meses para a Copa do Mundo começar, o preço

de passagens aéreas chega a ser dez vezes mais alto do que em um dia normal.

O valor cobrado do passa-geiro é superior, por exemplo, ao de bilhetes para a Europa e para os Estados Unidos no mesmo período.

ExplicaçõesUma das explicações da-

das pelas empresas aéreas é a lei da oferta e da demanda: se mais gente compra, res-tam menos lugares no voo, e os assentos que sobram tem tarifário mais caro.

A tarifa subiu principalmen-te nos trechos mais procura-dos, como a ponte aérea entre os aeroportos de Congonhas (São Paulo) e Santos Dumont (Rio), a rota mais movimen-tada do Brasil.

Durante a semana reuni-ram-se para a criação do co-mitê, além de Gleisi e de Car-dozo, Gastão Vieira (Turismo) e Moreira Franco (Aviação Civil). Participaram também os presidentes da Embratur, Flávio Dino, e da Anac (Agên-cia Nacional de Aviação Civil), Marcelo Guaranys.

A primeira reunião do gru-po será na próxima quinta-feira, 24. Um dos alvos da fiscalização do governo será o aumento nos preços das passagens aéreas

MARCELO CAMARGO-ABR

FISCALIZAÇÃOJosé Eduardo Cardozo (Justiça) também poderá acionar o Conselho Ad-ministrativo de Defesa Econômica (Cade) para fiscalizar, nos setores aéreo e hoteleiro, situa-ções que ameacem a livre concorrência

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Negro corre mais risco de ser morto Um estudo do Instituto de

Pesquisa Econômica Aplica-da (Ipea) sobre racismo no Brasil, divulgado esta sema-na revela que a possibilidade de um adolescente negro ser vítima de homicídio é 3,7 vezes maior do que a de um branco. Segundo o estudo, existe racismo institucional no país, expresso principal-mente nas ações da polícia, mas que reflete “o desvio comportamental presente em diversos outros grupos, inclusive aqueles de origem dos seus membros”.

Intitulado “Segurança Pública e Racismo Institu-cional”, o estudo faz par-te do Boletim de Análise Político-Institucional do Ipea e foi elaborado por pesquisadores da Diretoria de Estudos e Políticas do Estado das Instituições e da Democracia (Diest). “Ser negro corresponde a (fazer parte de) uma população de

risco: a cada três assassi-natos, dois são de negros”, afirmam os pesquisadores Almir Oliveira Júnior e Ve-rônica Couto de Araújo Lima, autores do estudo. Na apresentação do trabalho,

em entrevista coletiva na sede do Ipea em Brasília, o diretor da Diest, Daniel Cerqueira, que, do Rio, par-ticipou do evento por meio de videoconferência, apre-sentou outros dados que

ratificam as conclusões da pesquisa sobre o racismo institucional. Segundo ele, mais de 60 mil pessoas são assassinadas a cada ano no Brasil, e “há um forte viés de cor/raça nessas mortes”, pois “o negro é discriminado duas vezes: pela condição social e pela cor da pele”. Por isso, questionou Cerqueira, “como falar em preserva-ção dos direitos fundamen-tais e democracia” diante desta situação?

Para comprovar as afir-mações, Cerqueira apre-sentou estatística demons-trando que as maiores vítimas de homicídios no Brasil são homens jovens e negros, “numa proporção 135% maior do que os não negros: enquanto a taxa de homicídios de negros é de 36,5 por 100 mil habitan-tes. No caso de brancos, a relação é de 15,5 por 100 mil habitantes”.

PESQUISA

RACISMOExiste racismo expres-so principalmente nas ações da polícia, mas que reflete “o des-vio comportamental presente em diversos outros grupos, inclusive aqueles de origem dos seus membros”

Pesquisa revela que adolescentes negros correm 3,7 mais chance de morrer do que brancos

Vítimas de tráfico de pessoas são usadas para atos sexuais

A exploração sexual é a prin-cipal atividade dos brasileiros vítimas do tráfico internacio-nal de pessoas, atingindo prin-cipalmente mulheres, adoles-centes e crianças. Por outro lado, entre os estrangeiros que vêm ao Brasil, especialmente os bolivianos, cresce o número dos que são traficados para fins de trabalho escravo. No entanto, não há dados mais detalhados. As conclusões são do “Diagnóstico sobre Tráfi-co de Pessoas nas Áreas de Fronteira no Brasil”, divulgado esta semana pelo Ministério

da Justiça.Segundo o estudo, das 475

vítimas identificadas pela rede consular brasileira no exterior entre 2005 e 2011, 337 sofre-ram exploração sexual e 135 trabalho escravo, além de três pessoas em que a forma de exploração não é conhecida. O estudo não tem números sobre o tráfico interno de pessoas nem de estrangeiros que vêm ao Brasil. Segundo o ministro da Justiça, José Eduardo Car-dozo, há poucos números a respeito desse crime, uma vez que ele é de difícil detecção.

EXTERIOR DESAPARECIDAS

Portal vai localizar crianças

O Conselho Federal de Me-dicina (CFM) lançou um sítio na internet com um cadastro de crianças desaparecidas em países da América Latina, de Portugal e da Espanha. A intenção é mobilizar a socie-dade na busca das crianças e, em especial, os médicos.

Moderada pelo CFM, e com o nome “Médicos em Resgate de Crianças Desaparecidas”, a página é aberta ao cadas-tramento de crianças desa-parecidas por meio de um formulário, no qual podem ser registradas informações sobre a criança, com foto, e também sobre o responsá-vel. É necessário o registro do boletim de ocorrência do desaparecimento.

O portal, tem versões em português, inglês e espa-nhol. Podem ser cadastra-das crianças desaparecidas no Brasil, em Portugal, na Espanha, Argentina, Bolívia; no Chile, na Colômbia, em Cuba; no Equador, México, Paraguai; no Peru, Uruguai e na Venezuela.

Integrante da Comissão de Assuntos Sociais do CFM, Ricardo Paiva expli-ca a importância da par-ticipação dos médicos na localização das crianças. “Toda criança, em algum momento, vai precisar ou de um médico pediatra, ou ir a uma emergência. E o médico mobilizado pode re-conhecer que aquela crian-ça tem sinais de violência ou não está na companhia dos pais ou de um parente”, diz. “Nosso diferencial é que é um portal de mé-dicos da América Latina, Portugal e Espanha.

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B7MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013 Mundo

Schwarzenegger luta para mudar lei e ser presidente

O ator e ex-governador da Califórnia Arnold Schwarze-negger vem fazendo um for-te lobby em Washington para conseguir mudar a lei que de-termina que presidentes nor-te-americanos precisam ter nascido nos EUA, segundo o jornal “New York Post”.

Austríaco naturalizado norte-americano, Schwarze-negger planeja se candidatar à presidência dos Estados Unidos em 2016 caso a lei seja mudada.

A tarefa, no entanto, não é nada fácil. Nos EUA, uma emenda constitucional pre-cisa da aprovação de dois terços da Câmara e do Sena-do. Schwarzenegger se natu-ralizou americano em 1983. Em 2010, quando perguntado pelo apresentador Jay Leno se gostaria de concorrer à Casa Branca caso a Constituição fosse mudada, o ator respon-

deu: “sem dúvida nenhuma.”Após ter governado a Cali-

fórnia entre novembro de 2003 e janeiro de 2011, Schwarze-negger está sem cargo políti-co, se dedicando a sua carreira de ator. Atualmente, o ator está promovendo seu último filme, Rota de Fuga, ao lado do astro Sylvester Stallone.

Outro lobby de Schwarze-negger quer que a Agência de Proteção Ambiental mude uma resolução de 2007 feita no governo do colega republi-cano, o ex-presidente George W. Bush (2001-2008), que im-pede os Estados de determinar os próprios índices de tole-rância de emissão de gases em carros novos, picapes e veículos utilitários. Para a ad-ministração Bush, os padrões só podiam ser determinados por uma resolução sobre efi-ciência de combustíveis, o que cabe à União.

EUA

Após acordo emergencial entre governo e Congresso americano, crise foi interpretada como manobra para favorecer inimigos

Obama adverte que crise política encoraja inimigosO presidente dos Es-

tados Unidos adver-tiu que a recente crise política rela-

cionada com o orçamento e a dívida norte-americana encorajou os inimigos do país e prejudicou os seus aliados, defendendo que “não existem vencedores” neste processo.

“As disfunções políticas en-corajam os nossos inimigos e prejudicam os nossos aliados que procuram em nós uma liderança firme”, afirmou Ba-rack Obama, durante uma intervenção na Casa Branca, um dia depois da aprovação de um acordo bipartidário (republicano e democrata) no Congresso norte-americano que afastou temporariamen-te a ameaça de um eventual incumprimento por parte dos Estados Unidos.

Na mesma intervenção, Obama apelou às duas fa-ções políticas para se unirem na aprovação de um orça-mento a longo prazo e para deixaram manobras políticas arriscadas que ameaçam a economia e desperdiçam a confiança do povo norte-americano.

O Senado norte-americano (câmara alta do Congresso), e depois a Câmara dos Re-presentantes (câmara baixa), adotaram sucessivamente na quarta-feira, 16, por largas maiorias, um texto de com-promisso, após intensas ne-gociações entre republicanos e democratas, que permitiu a reabertura dos serviços da administração federal nor-te-americana, parcialmente paralisada durante 16 dias, e a subida do teto da dívida dos Estados Unidos.

O entendimento alcança-do implica subir o limite da dívida até 7 de fevereiro e garantir o financiamento do Estado até 15 de janeiro.

Momentos depois da apro-vação do Congresso, o acordo foi assinado pelo presidenter Obama. “Vamos ser claros. Não existem vencedores. Es-

tas últimas semanas provo-caram danos completamen-te desnecessários na nossa economia”, disse o chefe de Estado norte-americano.

Credibilidade“Provavelmente nada pro-

vocou mais danos na credi-bilidade dos Estados Unidos no mundo, na nossa posição face a outros países, que este espetáculo que assisti-mos nas últimas semanas”, concluiu.

A paralisação parcial da administração federal norte-americana, devido à falta de um acordo orçamental no Congresso entre democratas e republicanos, teve início a 1 de outubro.

A reforma do sistema de

saúde, patrocinada pelo Presidente norte-americano e conhecida como “Obama-care”, tem sido o principal ponto de discórdia entre de-mocratas e republicanos.

LimitesO limite máximo da dívida

autorizado até à data pelo Congresso norte-americano era de 16.699 biliões de dólares (12.329 mil milhões de euros).

Este limite foi ultrapas-sado a 17 de maio e, des-de então, o Departamento do Tesouro tem coberto os compromissos por meio de manobras contabilísticas, atrasos nos pagamentos e transferências de fundos fiduciários. Para o presidente americano Barack Obama a saída para a crise financeira do país não teve “heróis” e nem “vencedores”

AE

Refugiados sírios precisam de local seguro, diz ONU

A agência de refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU) apelou para os países europeus e outros Estados que concedam asilo a mais sírios, pois um número crescente está abandonando seu país e seguindo em pe-rigosas viagens através do Mediterrâneo. Os vizinhos mais próximos da Síria, bem como a Líbia e o Egito, estão enfrentando dificuldades para lidar com um êxodo diário de 4 mil sírios e precisam de apoio para dividir esse peso, afirmou o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur).

“Um número crescente de sírios está cruzando o Me-diterrâneo, do Egito para a Itália, dizendo passar por um aumento cada vez maior de ansiedade sobre sua segu-rança, bem como incidentes de ataques físicos, ameaças verbais, detenção e depor-tação”, declarou a principal porta-voz da Acnur, Melis-

sa Fleming, em um contato com a imprensa em Genebra. Somente no período desde agosto, 6.233 sírios e pales-tinos que estavam refugiados na Síria chegaram à Itália em 63 barcos, disse ela. Em todo o ano de 2012 foram apenas 350 sírios.

DesaparecidasSegundo Melissa, cerca de

300 pessoas estão desapare-cidas depois que uma embar-cação levando perto de 500 sírios e palestinos da Síria naufragou na costa de Malta, em 11 de outubro, após partir da Líbia. Sobreviventes dizem que o barco foi alvo de tiros umas duas horas depois de ter deixado a costa líbia. O governo líbio negou que forças do país tenham atirado, mas prometeu investigar o caso. Outro barco, com 112 pas-sageiros, incluindo 40 sírios, afundou na mesma noite na costa do Egito.

ABANDONODIVULGAÇÃO

AMEAÇASObama apelou às duas facções políticas para se unirem na aprovação de um orçamento a longo prazo e para deixarem manobras políticas ar-riscadas que ameaçam a economia e desperdiçam a confiança do povo

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B8 Mundo MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013

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Dia a diaCade

rno

C

[email protected], DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013 (92) 3090-1041

Quando o lazer vira problema

Dia a dia C6-C7

IONE MORENO

Uma pitadinha de perigoEspecialista em sistema digestivo alerta que o sal em excesso pode causar câncer do estômago. Segundo projeção do Instituto Nacional do Câncer (Inca), 320 casos da enfermidade devem ser registrados no Estado até o fi m deste ano

O sal comum, utili-zado diariamen-te no cozimento de alimentos e

para temperar saladas, por exemplo, é um dos gran-des causadores do câncer de estômago. O composto predispõe à ação que leva a um processo infl amatório que, se não tratado, pode se tornar crônico e desenvolver uma neoplasia maligna, in-forma o especialista em sis-tema digestivo e cirurgião da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), Sidney Chalub. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), vinculado ao Ministé-rio da Saúde, 320 casos da doença devem ser registra-dos no Amazonas, durante todo o ano de 2013.

De acordo com ele, en-

quanto o recomendado por especialistas é a ingestão de até três gramas de sal ao dia, há pessoas que conso-mem mais que o triplo disto, comprometendo a saúde, já que o sal pode causar, ainda, doenças como a hiperten-são arterial, que pode levar ao infarto e ao Acidente Vascular Cerebral (AVC).

O tratamento, no caso do câncer de estômago, é ape-nas cirúrgico, com a retirada total ou parcial do órgão. Se a retirada for total, explica Chalub, o alimento segue di-reto para o intestino, onde é digerido, uma vez que o es-tômago serve apenas como armazenador. “Neste caso, a pessoa tem que reduzir a quantidade de alimentos ingeridos, mas consegue levar uma vida quase que normal após o tratamento”.

As cirurgias, na rede pública do Amazonas, são realizadas na FCecon, órgão vincula-do à Secretaria de Estado de Saúde (Susam).

Sidney Chalub alerta, no entanto, que o sucesso do tratamento está associado à descoberta do câncer em fase inicial, já que na forma tardia, as chances de cura acabam reduzidas. De acordo com o cirurgião, o ideal é reduzir a quantidade de sal nos ali-mentos ao mínimo, evitando assim problemas futuros.

CongressoO cirurgião, que tem mes-

trado em tumores de fígado, será um dos palestrantes do 2º Congresso Pan-Amazôni-co de Oncologia, durante o qual temas como este serão debatidos. O evento, promo-vido pela FCecon, acontece

entre os dias 27 e 30 de novembro, no Manaus Pla-za Centro de Convenções, na avenida Djalma Batista, Zona Centro-Sul de Manaus. As inscrições estão abertas e podem ser feitas no site www.panamazonicodeon-cologia.com.br. Paralelo ao evento serão realizados o 2º Congresso de Enferma-gem Oncológica da Região Amazônica, a 4ª Jornada de Radiologia, a 1ª Jornada de Anestesiologia e a 1ª Jornada Amazonense de Terapia da Dor e Cuidados Paliativos. O congresso oferece 1,2 mil vagas para congressis-tas. Além dos profi ssionais do Amazonas, convidados de outros Estados também irão participar, conduzindo parte das 90 palestras pro-gramadas. A programação está disponível no site.

FCECON/DIVULGAÇÃO

Sidney Chalub alerta que o consumo sem controle de sal pode trazer riscos de

câncer de estômago

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C2 Dia a dia

Vai um pedaço de terra pública aí?Ação de grileiros visa terras principalmente no Amazonas e no Pará, servindo de sinal de alerta para as facilidades nas vendas de terrenos, especialmente ao longo das rodovias

A proliferação de placas de venda de terrenos ao longo das rodovias é sinal de alerta para

a ação de grileiros, criminosos que utilizam artifícios fraudu-lentos para vender terras pú-blicas. Em setembro passado, a Polícia Civil prendeu 11 pessoas na operação Gaia, cujas investi-gações foram iniciadas em 24 de abril, onde foi descoberto esquema de venda de terras públicas e privadas por meio de um escritório de fachada. O golpe dos grileiros e esteliona-tários rendeu até R$ 10 milhões mensais à quadrilha e ludibriou mais de 200 pessoas.

Segundo o Instituto Nacio-nal de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o Amazonas e o Pará são os principais focos de grileiros em todo o país. Somen-te o Estado vizinho tem 70% de suas terras com pertencentes aos governos federal e estadual, destinadas a assentamentos, reservas indígenas e ambien-tais e áreas de conservação.

Por meio de fiscalização, desde 2004 boa parte das ter-ras consideradas griladas foi impossibilitada de conseguir qualquer tipo de documentação. De acordo com informações

do Incra, recentemente foram ajuizadas 74 ações para rei-vindicar 400 mil hectares de terras públicas, e a luta continua em parceria com o Ministério do Meio Ambiente.

No Amazonas, não é preciso ir muito longe para identificar os casos de riscos de grilagem. Na verdade, basta atravessar

a ponte Rio Negro para che-gar a terras em Iranduba e Manacapuru que em boa parte pertencem à União e foram palco de recentes invasões já desarticuladas, deixando um rastro de devastação ambiental e a certeza do oportunismo de grileiros que iludem suas víti-mas com promessas de terras fáceis e legalizadas.

De acordo com o titular da Delegacia de Meio Ambiente da Polícia Federal (PF), Daniel Vian-

na Ottoni, o trabalho para com-bater a grilagem é constante. Recentemente, um grileiro foi preso, quando foi atestada a do-cumentação falsa e a venda dos hectares para terceiros.

“A situação é que realmente há casos que precisam ser inves-tigados, pois percebemos quan-do as terras são ou não griladas. Uma boa parte dos grileiros tem condição financeira estável, e quando a fiscalização chega nesse terreno acompanhamos cada detalhe das investigações e todos os procedimentos”, disse o delegado.

As terras pertencentes ao Incra são repassadas para a reforma agrária, agricultores ou pessoas que as utilizam para cultivo. “Quando há um manejo florestal é necessário haver a autorização dos órgãos estadu-ais, caso contrário é demarcado como crime”, explicou Ottoni.

O Instituto de Proteção Am-biental do Amazonas (Ipaam) é responsável pela autorização do manejo florestal, mas a questão mineral tem responsabilidade da União. “Não é porque a pes-soa tem um terreno que pode fazer a retirada”, informou.

Quando a grilagem é confir-mada, o infrator é preso na PF e só é liberado com o pagamento da fiança, que pode chegar a 100 salários mínimos. “Despojos” deixados após desocupação de terras públicas invadidas em Iranduba, na Região Metropolitana de Manaus: terras pertencentes ao governo são muito visadas

Enganação acontece via internet Com o avanço das tec-

nologias, os grileiros também usam a internet para enganar as pessoas com venda de milhões de hectares de floresta. Con-forme a organização não governamental Greenpea-ce, a análise das ofertas de propriedades em sete corretoras virtuais revela a existência de um bilio-nário comércio de terras na Amazônia.

São oferecidos 11 mi-lhões de hectares de flo-resta nos Estados do Ama-zonas, Pará, Rondônia e Roraima, movimentando

um mercado de quase R$1 bilhão. Há casos espanto-sos, como uma imensa área de 2,3 milhões de hectares no município de Alenquer,

no Pará, anunciada pela www.selocorretora.com.br, pela bagatela de R$ 40 por hectare, ou a oferta de uma área de 900 mil hectares em Canutama, in-terior do Amazonas, onde aproximadamente 97% das terras do município pertencem à União.

Outro portal anunciado pelo Greenpace é o www.mercadodeterras.com.br, que negocia uma área de 800 mil hectares em Novo Progresso, no Pará, mas o anúncio ressalta que a escri-tura da propriedade não está registrada em cartório.

COMÉRCIOSão oferecidos 11 milhões de hectares de floresta nos Estados do Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima, movimentando um mercado de quaseR$ 1 bilhão, segundoo Greenpeace

DADOSDe acordo com informa-ções do Incra, recente-mente foram ajuizadas 74 ações para reivindi-car 400 mil hectares de terras públicas, e a luta continua em parceria com o Ministério do Meio Ambiente

O escândalo da operação “Gaia”A operação “Gaia” desba-

ratou uma quadrilha que, segundo o delegado-ge-ral da Polícia Civil, Josué Rocha, anunciou, agia na capital há pelo menos sete anos, enganando até pes-soas mais experientes.

Os terrenos vendidos ile-galmente ficavam nos lo-teamentos do Águas Cla-ras, Parque das Garças e Água Rica, localizados na Zona Norte. “Uma boa parte desses terrenos estava em áreas de preservação, além de também ser terrenos pú-blicos. Há relatos de que em alguns casos vendiam o

mesmo lote de terra mais de uma vez, enganando os compradores”, explicou Ro-cha na ocasião da prisão dos integrantes do bando.

Entre os acusados de participação nos esquemas fraudulentos estavam o co-ronel da Polícia Militar, Birilo Bernadino de Oliveira, apon-tado como um dos líderes da quadrilha, Maria Silma Lima Braga e Jean Cláudio Lima Sombra, suspeitos de agilizar as vendas irregula-res. Ambos são conhecidos por liderar invasões e vender terrenos nas comunidades. De acordo com a polícia,

Maria Silma vendia os ter-renos com documentos falsi-ficados na imobiliária Banco de Negócios Imobiliários (BNI), localizada no conjunto Vieiralves, onde foram en-contrados vários documen-tos, certidões e carimbos falsificados.

Sombra se identificava para as vítimas como ofi-cial de Justiça e realizava a reintegração dos lotes para serem novamente vendidos. Ele também se passava por juiz federal e já respondia por tráfico internacional e consi-derado o estelionatário mais procurado pela Justiça.

ISABELLE VALOISEquipe EM TEMPO

Placas de venda de lotes de terras apreendidas durante a operação “Gaia”, no mês passado: ação de quadrilha ludibriou mais de 200 pessoas e rendeu aos criminosos até R$ 10 milhões por mês

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MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013 C3

Vai um pedaço de terra pública aí?

“Despojos” deixados após desocupação de terras públicas invadidas em Iranduba, na Região Metropolitana de Manaus: terras pertencentes ao governo são muito visadas

Placas de venda de lotes de terras apreendidas durante a operação “Gaia”, no mês passado: ação de quadrilha ludibriou mais de 200 pessoas e rendeu aos criminosos até R$ 10 milhões por mês

Depois da desocupação, efeitos da devastação provocada por invasores ficam mais evidentes

IONE MORENO

A grilagem começa quando um suspei-to adentra em terras pertencentes à União e falsifica a documen-tação, informando que pertencem a seus fa-miliares e foram doa-das pelo Estado, en-volvendo cartórios e outras pessoas. Quan-do não, ele próprio ven-de as terras para uma ou mais pessoas.

A origem do nome é explicada por uma história de que os que cometiam a falsifica-ção da certidão a guar-davam dentro de uma caixa com dois grilos. Quando um fiscal apa-recia para verificar a situação do terreno, o proprietário retirava a documentação que ti-nha aparência de ser bem antiga. Isso acon-tecia porque o grilo, dependendo do tem-po em que fica dentro da caixa, libera uma substância que deixa a documentação bem amarelada.

O que é e como ocorre a grilagem

Compra de terras precisa ser cercada de cuidados para evitar envolvimento com grileiros

ALBERTO CÉSAR ARAÚJO

ALBERTO CÉSAR ARAÚJO

IONE MORENO

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013 C5

Amazonas Saúde Itinerante chegou a 59 municípiosO número de cirurgias realizadas este ano surpreende. Foram 3.883, incluindo cirurgia geral e ginecológica e também as de catarata em diversos cantos do Estado

O Programa Amazo-nas Saúde Itineran-te, criado pelo go-verno do Amazonas

para facilitar o acesso dos moradores das sedes e zonas rurais do interior, a diagnósti-cos e tratamentos de saúde, já alcançou 59 municípios do Estado, somente este ano, re-gistrando, pelo menos, 148,3 mil ações, das quais 99,4 mil foram realizadas a partir dos barcos Pronto Atendimento Iti-nerante (PAI). A meta é chegar ao fi nal do ano tendo atin-gido todos os municípios do interior do Amazonas.

Segundo o secretário es-tadual de Saúde, Wilson Ale-crim, o programa existe para suprir a ausência de médicos especialistas no interior do Estado. A determinação do governador Omar Aziz, res-salta o secretário, é criar oportunidades a todos os que moram no Amazonas.A coordenadora de Ações Itinerantes da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), Carmelita Maria da Silva Al-ves, destaca que a principal característica do projeto é a atuação itinerante dos profi s-sionais, levando atendimento a áreas de difícil acesso.O programa é dividido em três eixos: cirurgias eletivas de bai-xa e média complexidade (ve-sícula e hernia principalmente,

e incluindo as de catarata), consultas com especialistas e atendimento ost almológico, com dispensação de óculos para os casos prescritos. Car-melita explica que, nas ações em terra, 48,9 mil pessoas já foram benefi ciadas este ano pelo programa, que, além dos municípios, também esteve nas comunidades Itapeaçu, em Urucurituba, e Santo Antônio do Mapuí, em Manicoré.

No caso das cirurgias eletivas, a equipe é composta por dois cirurgiões gerais, um gineco-logista-obstetra, dois aneste-siologistas, um enfermeiro, um técnico de enfermagem instru-mentador e os médicos espe-cialistas. As cirurgias são feitas nas unidades da rede estadual de saúde, onde o paciente re-cebe todo o acompanhamen-to durante o procedimento e

também nos períodos pré e pós-operatórios.O número de cirurgias rea-lizadas este ano surpreende. Foram 3.883, incluindo cirurgia geral e ginecológica e tam-bém as de catarata. Até o fi nal do ano, outras 400 de-vem ocorrer. Carmelita ressalta que no mesmo período foram entregues à população 14,1 mil óculos, com estimativa de outros 1,6 mil até dezembro.Ela destaca que, só nos primei-ros oito meses do ano, o pro-grama registrou mais de 30,8 mil consultas, nas seguintes especialidades: ost almologia, endoscopia, ginecologia, pe-diatria, angiologia, cardiologia, urologia e neurologia.Já nos três barcos PAI, foram realizadas consultas médi-cas, procedimentos odonto-lógicos e dispensação de me-dicamentos, além da entrega de 800 próteses. Dezoito mu-nicípios foram contemplados com as ações de saúde a partir das embarcações. Só em consultas foram contabi-lizadas cerca de 10 mil, sen-do 3,7 mil odontológicas e 6,3 mil com clínico geral.Para a realização das ações do programa, que são executadas em parceria com o Ministério da Saúde e secretarias mu-nicipais de saúde do interior, o governo do Estado investe, anualmente, R$ 18,3 milhões.

INVESTIMENTO

18,3é o valor gasto anualmen-te pelo governo do Estado para realização de ações do programa

MILHÕES DE REAIS

Equipes atuam de forma itinerante, levando atendimento médico e cirúrgico aos diversos pontos do Estado do Amazonas por meio do programa executado pelo governo com apoio do Ministério da Saúde

SUSAM/DIVULGAÇÃO

O governo do Estado con-ta com três barcos PAI – Pu-xirum I, Puxirum II e Zona Franca Verde –, onde são oferecidos, dentre outros serviços, o atendimento médico ambulatorial, para as pessoas que moram em localidades nas calhas dos rios. Essas unidades são equipadas para oferecer consultas médicas e odon-

tológicas, com dispensa-ção de próteses dentá-rias, além de realização de exames básicos.

EquipeA equipe de saúde que

atua nos barcos é compos-ta por médicos, odontólo-gos, protéticos, auxiliares de consultórios dentários, enfermeiros, técnicos de

enfermagem e auxiliares administrativos. Esta ação é desenvolvida pela Susam em parceria com a Secreta-ria de Estado da Assistência Social e Cidadania (Seas) e a Agência Amazonense de Desenvolvimento Eco-nômico e Social (AADES). Cada barco realiza duas via-gens por ano, com duração de seis meses.

Barcos auxiliam nas atividades

Os barcos PAI auxiliam as atividades do Amazonas Saúde Itinerante nos municípios

BLOG PREVIDÊNCIA

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013 C5

Amazonas Saúde Itinerante chegou a 59 municípiosO número de cirurgias realizadas este ano surpreende. Foram 3.883, incluindo cirurgia geral e ginecológica e também as de catarata em diversos cantos do Estado

O Programa Amazo-nas Saúde Itineran-te, criado pelo go-verno do Amazonas

para facilitar o acesso dos moradores das sedes e zonas rurais do interior, a diagnósti-cos e tratamentos de saúde, já alcançou 59 municípios do Estado, somente este ano, re-gistrando, pelo menos, 148,3 mil ações, das quais 99,4 mil foram realizadas a partir dos barcos Pronto Atendimento Iti-nerante (PAI). A meta é chegar ao fi nal do ano tendo atin-gido todos os municípios do interior do Amazonas.

Segundo o secretário es-tadual de Saúde, Wilson Ale-crim, o programa existe para suprir a ausência de médicos especialistas no interior do Estado. A determinação do governador Omar Aziz, res-salta o secretário, é criar oportunidades a todos os que moram no Amazonas.A coordenadora de Ações Itinerantes da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), Carmelita Maria da Silva Al-ves, destaca que a principal característica do projeto é a atuação itinerante dos profi s-sionais, levando atendimento a áreas de difícil acesso.O programa é dividido em três eixos: cirurgias eletivas de bai-xa e média complexidade (ve-sícula e hernia principalmente,

e incluindo as de catarata), consultas com especialistas e atendimento ost almológico, com dispensação de óculos para os casos prescritos. Car-melita explica que, nas ações em terra, 48,9 mil pessoas já foram benefi ciadas este ano pelo programa, que, além dos municípios, também esteve nas comunidades Itapeaçu, em Urucurituba, e Santo Antônio do Mapuí, em Manicoré.

No caso das cirurgias eletivas, a equipe é composta por dois cirurgiões gerais, um gineco-logista-obstetra, dois aneste-siologistas, um enfermeiro, um técnico de enfermagem instru-mentador e os médicos espe-cialistas. As cirurgias são feitas nas unidades da rede estadual de saúde, onde o paciente re-cebe todo o acompanhamen-to durante o procedimento e

também nos períodos pré e pós-operatórios.O número de cirurgias rea-lizadas este ano surpreende. Foram 3.883, incluindo cirurgia geral e ginecológica e tam-bém as de catarata. Até o fi nal do ano, outras 400 de-vem ocorrer. Carmelita ressalta que no mesmo período foram entregues à população 14,1 mil óculos, com estimativa de outros 1,6 mil até dezembro.Ela destaca que, só nos primei-ros oito meses do ano, o pro-grama registrou mais de 30,8 mil consultas, nas seguintes especialidades: ost almologia, endoscopia, ginecologia, pe-diatria, angiologia, cardiologia, urologia e neurologia.Já nos três barcos PAI, foram realizadas consultas médi-cas, procedimentos odonto-lógicos e dispensação de me-dicamentos, além da entrega de 800 próteses. Dezoito mu-nicípios foram contemplados com as ações de saúde a partir das embarcações. Só em consultas foram contabi-lizadas cerca de 10 mil, sen-do 3,7 mil odontológicas e 6,3 mil com clínico geral.Para a realização das ações do programa, que são executadas em parceria com o Ministério da Saúde e secretarias mu-nicipais de saúde do interior, o governo do Estado investe, anualmente, R$ 18,3 milhões.

INVESTIMENTO

18,3é o valor gasto anualmen-te pelo governo do Estado para realização de ações do programa

MILHÕES DE REAIS

Equipes atuam de forma itinerante, levando atendimento médico e cirúrgico aos diversos pontos do Estado do Amazonas por meio do programa executado pelo governo com apoio do Ministério da Saúde

SUSAM/DIVULGAÇÃO

O governo do Estado con-ta com três barcos PAI – Pu-xirum I, Puxirum II e Zona Franca Verde –, onde são oferecidos, dentre outros serviços, o atendimento médico ambulatorial, para as pessoas que moram em localidades nas calhas dos rios. Essas unidades são equipadas para oferecer consultas médicas e odon-

tológicas, com dispensa-ção de próteses dentá-rias, além de realização de exames básicos.

EquipeA equipe de saúde que

atua nos barcos é compos-ta por médicos, odontólo-gos, protéticos, auxiliares de consultórios dentários, enfermeiros, técnicos de

enfermagem e auxiliares administrativos. Esta ação é desenvolvida pela Susam em parceria com a Secreta-ria de Estado da Assistência Social e Cidadania (Seas) e a Agência Amazonense de Desenvolvimento Eco-nômico e Social (AADES). Cada barco realiza duas via-gens por ano, com duração de seis meses.

Barcos auxiliam nas atividades

Os barcos PAI auxiliam as atividades do Amazonas Saúde Itinerante nos municípios

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C6 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013

Meumundoe nada maisFacebook, Twitter e outras redes sociais acabam tendo seu “lado negro” quando o usuário praticamente deixa de lado o mundo real para se dedicar ao universo virtual

A cena hoje é comum. Sozinhas ou em gru-pos, pessoas estão alheias ao mundo

real e ficam absortas nos smartphones ou tablets – al-guns por necessidade, como conferir e-mails, outros por pura impossibilidade de largar o vício em que se tornaram as redes sociais. Há casos em que tanta con-centração no virtual rende cenas bizarras, muito além da tão constante reunião em torno de uma mesa de bar na qual as pessoas não conversam – apenas teclam, talvez umas com as outras – ou, mais frequentemente, andam pelas ruas sem pres-tar atenção até mesmo onde pisam, sem desviar o celular da tela do dispositivo.

Uma dessas cenas foi testemunhada pela profes-sora universitária Graciene Siqueira, envolvendo um ra-paz e, claro, um smartphone, há alguns meses, quando ela subia as escadas para chegar à sua sala no campus da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) em Parin-tins. “Um homem (acredito

que um aluno), entre 25 e 35 anos estava descendo as escadas. Ele passou por mim mexendo no celular e o pé passou do degrau. Ele caiu faltando uns três ou quatro degraus para chegar à plataforma que dava aces-so à outra escada”, conta. “Ele levou um baita susto. Perguntamos se ele estava

bem e a única coisa em que eu conseguia pensar era até que ponto chegamos nessa fixação de estar olhando celular, como se algo fosse nos escapar se não fizermos isso imediatamente. Lem-bro também que, passado o susto e constatado que ele estava bem, não pude deixar de rir da situação”,

relembra.Para Graciene, as redes

sociais dão a sensação de que não estamos sozinhos, com pessoas com quem po-demos compartilhar nossos pensamentos, sonhos e sen-timentos, o que muitas vezes não ocorre com amigos no “cara a cara”. “Penso ainda que o ser humano não gosta de estar sozinho, que sente necessidade de estar inse-rido em um grupo, assim, se ele não desenvolve essa rede de amigos na escola, no trabalho ou mesmo em casa (seja por qual motivo for), as redes sociais vão se tornar potenciais redes de relacionamento para o ser humano, com a possibilida-de de estarmos conectados 24 horas”, analisa.

É essa ligação interminá-vel ao Facebook, Twitter e outras redes, porém, é que gera o problema. “Há uma raiz além das facilidades de comunicação. Todos nós, inclusive eu, estamos sujei-tos a ficarmos viciados nas redes, mas acredito que o fato de termos atividades como trabalho nos limita, nos coloca com o pé no chão, afinal, redes sociais tomam tempo e tempo é dinheiro”, analisa a professora.

Em sua profissão, Gra-ciene acaba lidando com essa falta de limites entre o mundo real e o virtual em sala de aula. “Os alunos co-locam a bolsa sobre a mesa para esconder o celular, mas o olhar sempre denuncia. Quando estão teclando, dizem que estão anotando na agenda algo relacionado à disciplina”, explica. “Tem aluno que não percebe, por exemplo, que eu parei a aula esperando ele terminar de digitar no celular. Imagine: a professora calada, a turma toda observando o aluno e quando ele termina com o celular é que percebe que

todos o estavam olhando. Essas situações até rende-ram um vídeo feito por eles onde tem uma cena do pro-fessor dando aula e eles de olho em notícia de novela e compartilhando um com o outro”, conta.

Mais recente no univer-so dos chats, o aplicativo Whatsapp – que permite até conversas em grupos via smartphone e por meio de conexão à internet – rendeu, literalmente, dor de cabeça para a jornalista Maria Derzi. O motivo foi justamente o vício que atrapalhou a sua concentração. “Um dia, de-pois do almoço, eu voltava no

maior calor para o trabalho. Meu celular estava no conso-le do carro, e como sempre, apitava sem parar com as mensagens do Whatsapp. Eu faço parte de um gru-po formado por repórteres da área policial, apesar de eu não mais trabalhar nela. Agoniada com o calor e aper-reada para ver as notícias, assim que estacionei peguei o celular e fui logo saindo do carro, quando senti a quina da porta na minha testa”, lembra. “Passei o resto da tarde com dor, mas também com o celular na mão de tão viciada que estou nesse troço”, acrescenta.

Limites entre real e virtual

CÉSAR AUGUSTOEquipe EM TEMPOcom assessorias

Penso ainda que o ser humano não

gosta de estar sozinho, que sente necessidade de es-tar inserido em um

grupo

Graciene Siqueira, professora universitária

As cenas protagoniza-das por esses “viciados em rede” são engraçadas, mas no fundo devem ser vistas com muita preocupação. Segundo a psicóloga do Sistema Hapvida de Saú-de de Manaus, Irle Rocha, os usuários devem ficar alertas para não deixarem esse comportamento com-portamento atrapalhar sua rotina. “Tudo em excesso é prejudicial. As pessoas pre-cisam de um policiamento para que a utilização errada e exagerada da tecnologia não prejudique sua rotina. Em muitas situações, os pais têm o papel de redobrar o cuidado com as crianças, que têm muito acesso à tecnologia, redes sociais e várias ferramentas que

costumam prejudicar sua concentração”, alertou.

Segundo a especialista, os usuários precisam mudar o comportamento assim que perceberem os primeiros si-nais de que o hábito está sen-do prejudicial. “O maior preju-ízo é no meio social, quando muita gente acaba deixando

de lado o convívio com outras pessoas para ficarem monito-rando mensagens, Whatsapp ou atualizações nas redes so-ciais”, afirmou.

Irle disse ainda que os amigos podem aconselhar o “viciado”, que muitas ve-zes não entende que seu comportamento está sendo desagradável. “Os amigos e família são importantes para darem esse alerta. No entanto, o conselho precisa ser bem aceito e o tempo dispensado às redes sociais e à tecnologia precisa ser diminuído o quanto antes. Ninguém quer ser excluído de sua roda social por con-ta de um vício que pode se tornar um comportamento extremamente desagradá-vel”, finaliza.

Motivos para muita preocupaçãoPRECAUÇÃOSegundo a psicóloga Irle Rocha, os usuá-rios de redes sociais precisam mudar o comportamento assim que perceberem os primeiros sinais de que o hábito está sendo prejudicial

Jovem absorta em seu mundo virtual: convívio social acaba sendo deixado de lado pelo usuário

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C7Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013

Meumundoe nada mais

FOTOS: IONE MORENO

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C8 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013

PELMEX

Ameaçado de extinção, sauim recebe homenagemPasseio ciclístico organizado pelos grupos Pedala Manaus, Guaribike e PAN Sauim-de-Coleira faz alertas ambientais hoje

Chamar a atenção de toda a sociedade em relação ao direito de ir e vir das pessoas e

também dos animais, além da importância da manutenção das áreas verdes para o bem-estar de todos os habitantes da cidade. Este é o objeti-vo dos participantes de um passeio ciclístico organizado pelos grupos Pedala Manaus, Guaribike e PAN Sauim-de-Coleira para comemorar o dia do sauim-de-coleira, neste domingo, a partir das 8h.

De nome Saguinus bicolor, essa espécie ameaçada de extinção ocorre apenas na ci-dade e arredores de Manaus. De acordo com os organiza-dores do evento, a perda de florestas urbanas e do en-torno da cidade tem afetado gravemente as populações de animais, especialmente o sauim-de-coleira. As ruas, avenidas e estradas acabam se tornando barreiras para a movimentação dos animais, o que vem acarretando a morte por atropelamento de sauins e de várias outras es-pécies silvestres. Sauins são também agredidos por cães e gatos domésticos, atingi-dos por pedras atiradas com baladeiras e até mesmo mor-

rem eletrocutados em fios elétricos.

A pedalada vai sair do Bos-que da Ciência, no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), passar pela avenida das Torres e chegar no parque do Mindu, onde estão previstas várias ativi-dades como distribuição de

brindes, exposições fotográfi-cas, apresentações artísticas e demais ações que fazem parte da comemoração do Dia do Sauim e a semana do aniversário de Manaus.

Palestra gratuitaNo dia 30 de outubro, o bi-

ólogo Marcelo Gordo, um dos organizadores do evento, será o convidado do projeto Ciên-

cia às Sete e Meia, do Museu da Amazônia. A palestra, com entrada gratuita, será reali-zada no Teatro Direcional, no Shopping Manauara. Marcelo é graduado em Ciências Bio-lógicas pela Universidade Es-tadual de Campinas, mestre em Biologia (Ecologia) pelo Inpa e doutor em Zoologia pelo Museu Paraense Emílio Goeldi. Tem experiência na área de Ecologia, atuando principalmente nos seguintes temas: Amazônia, Saguinus bicolor, conservação, herpe-tofauna e primatas.

A ecóloga Fernanda Mei-relles, do Musa, que também participa do movimento, ex-plica que o sauim-de-coleira é um importante dispersor de sementes, na medida que os frutos são um dos seus principais alimentos. “Ele também consome gomas de árvores, néctar, flores, ovos e, ocasionalmente, filhotes de aves”, completa.

Também chamado de sa-gui, pertence à família de menores primatas do mundo. Os adultos medem de 28 a 32 centímetros de comprimento da cabeça ao tronco e pos-suem uma cauda fina de 38 a 42 centímetros. Pesam entre 450 e 550 gramas.

O risco de extinção pelo qual passa o sauim-de-coleira chama a atenção dos organizadores

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PERIGODe acordo com os or-ganizadores do evento, a perda de florestas urbanas e do entorno da cidade tem afetado gravemente as popula-ções de animais, espe-cialmente o sauim-de-coleira

Na Reserva Florestal Adolpho Ducke, pesquisa-dores viram um gato-ma-racajá (Leopardus wiedii) tentando se alimentar de um sauim-de-coleira. Para

atrair o sauim, o gato-ma-racajá imitava o som de um filhote. No entanto, os bandos de sauins contam com um macho sentinela sempre atento a qualquer

ameaça ao seu bando. Neste caso, o sentinela percebeu que o som fora produzido por um felino e imediatamente gritou para que o bando fugisse.

Curiosidades sobre os animais

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[email protected], DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013 (92) 3090-1042 Plateia 3

Fábio Rabin apresenta stand up, hoje

REPRODUÇÃO

A maioria dos canais fechados tem sede nos EUA e isso pode gerar produ-tos de qua-lidade, sim. Espero que o “Historieta” contribua para quebrar isso”

“Historietas as-sombradas (para crianças mal-criadas)” é uma

série de desenhos animados que coleciona o rótulo “nem-parece-brasileira”, que encabeça a lista dos programas mais assistidos na TV por assinatura, mesmo tendo apenas cinco meses de exibição. De acordo com os últi-mos dados do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), a animação comanda o interesse de crianças de 4 a 11 anos de idade, superando até mesmo as produções ame-ricanas, que ainda são maioria na grade de programação. O criador e diretor do desenho, Victor Hugo Borges, fala ao EM TEMPO sobre as inspirações que o levaram a criar as peças e quais as perspectivas reais de começar a exportá-las.

EM TEMPO – De onde veio a primeira ideia para “His-torietas assombradas (para crianças malcriadas)”?

Victor Hugo Borges – Veio em 2004, quando fui convidado para um projeto infantojuvenil com tema folclórica. Era para um edital cultural (“Curta crian-ça”). Usei como premisssa as histórias que eu ouvia quando criança, contadas pela minha avó e pelas pessoas mais velhas ao meu redor. Sou natural da cidade de Santos (SP), mas alguns fa-miliares moravam numa região perto do litoral, chamada Vale do Ribeira. Ali, consistia em um ambiente de sítios. Eu eventu-almente frequentava e peguei quase o fi m dessa era. Quando ia visitá-los, pude presenciar o porquê de tantas histórias. Ainda pequeno, tive “insights” para a justifi cativa para essa imagina-ção toda. Afi nal, tratava-se de

uma área sem energia elétrica, muito rústica e à noite tudo fi cava muito escuro. Não conseguíamos enxergar um passo a frente. Só tínhamos, portanto, a imagina-ção frequente para nos guiar. Pois bem, quando fui pensar o projeto audiovisual desenterrei essa memória. Tudo veio, en-tão, desse ambiente de história oral. O curta estreou em 2005 nas emissoras de TV públicas e a aceitação foi muito boa. O material foi inserido em festivais do segmento e, até hoje, já são mais de 70 prêmios conquistados e isso refl etiu no interesse de parceiros que começaram a ser atraídos para investir nisso.

EM TEMPO – Existe, de fato, alguma intenção didá-tica como efeito pretendido da animação?

VHB – Se você não consegue entreter uma criança, nada con-segue ensinar a ela. A gente não quer deixar de colocar nenhuma mensagem no roteiro. Por mais que não force a barra para cons-truir uma moral, isso está muito associado com a raiz do projeto, porque aquelas histórias rurais trazem toda a premissa de uma moral. Elas eram quase sempre inventadas para informar as crianças. É algo muito antigo. Mas nossas preocupações são mais sociais, como tratar da tolerância com as escolhas feitas pelos outros, etc. Tudo é feito de uma forma sutil, sem ser militante, sem parecer didático e sem tom professoral, para não correr o risco de a criança não se entreter.

EM TEMPO – A quê você atribui o sucesso da anima-ção?

VHB – É muito difícil estabe-lecer o porquê disso. Afi nal, se soubesse o que dá certo, nada daria errado. Mas, se fosse ele-ger, diria que é respeitar o pú-

blico alvo, falando de igual para igual. A gente muita série que é muito bem feita, mas que não bate com o público. A gente não esperava que tudo chegasse a esse ponto, mesmo porque ainda existe um preconceito grande com a animação nacional. Te-mos momentos mais ousados, mas não esperava ultrapassar as séries americanas.

EM TEMPO – Existe alguma projeção para exportar o pro-duto?

VHB – O próprio Cartoon Ne-twork vai distribuir na América Latina inteira ainda este ano. Além disso, negociamos a série para o mercado americano. Vai demorar um pouco mais, porque para lá va-mos juntar a primeira e a segunda temporadas. No momento, esta-mos produzindo a segunda (que vem com mais do que o dobro de episódios da anterior) e traduzindo o material da primeira (no ar no Brasil). Eu coordeno as traduções e coordeno o produto como um todo. É raro o criador ainda ter o controle sobre isso.

EM TEMPO – Quais as prin-cipais difi culdades desse seg-mento de arte?

VHB – A primeira que temos é a falta de expertise, pois o país está construindo isso agora. As leis novas estão ajudando nisso, forçando o exibidor a procurar séries boas para exibir. Acho que o brasileiro tem um certo problema de autoestima, porque parece que não gosta tanto de se ver na tela em outra realidade, como a realidade americana. Os EUA conquistou o mundo pela cultura e apesar de ter-mos uma infl uência cultural gran-de, não necessariamente estamos perto de atingir o mesmo padrão. A maioria dos canais fechados tem sede nos EUA e isso pode gerar produtos de qualidade, sim. Espero que o “Historieta” contribua para quebrar isso.

Victor HUGO BORGES

‘Tudo é feito DE FORMA SUTIL sem ser militante’

Se você não consegue entreter uma criança, nada consegue ensinar a ela. A gente não quer deixar de colocar ne-nhuma mensagem no roteiro. Por mais que não force a barra para cons-truir uma moral, isso está associado ao projeto”

GUSTAV CERVINKAEquipe EM TEMPO

O próprio Cartoon Network vai distribuir na América Latina in-teira ainda este ano. Além disso, negociamos a série para o mercado americano”

FOTOS: DIVULGAÇÃO

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Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br

. Como o tempo é de festejar Portugal, a coluna irá realizar sua grande festa de fim de ano, com uma elaboradíssima Noite Portuguesa, no dia 6 de dezembro, no Diamond.

. E será um festão mesmo! Jantar com bufê de delícias portuguesas, aliás uma das culinárias mais interessantes e aplaudidas do mundo, E toda uma produção lembrando o país.

. O ponto alto da noite, além da apresentação de uma típica dança portuguesa, será o sorteio de duas passagens para Lisboa, no voo inaugural da TAP, via Paradise Turismo. Alguém vai querer ficar de fora? Agendem, a festa será chic e reunirá os nomes de frente do Jet-set local.

>> Noite Portuguesa vai agitar o society de Manaus

A top amazonense Suelem Pinho Collins na festa de inauguração da Move Lounge,

nova pista eletrônica da cidade

. Neste domingo, a partir das 8h, as areias da Ponta Negra, receberão o inédito Desafi o Rei da Praia de Beach Wrestling.

. O evento é uma realização da Federação Amazonense de Luta Livre Esportiva, Olímpica e Greco-Romana (Falle), Federação Ama-zonense de Mixed Martial Arts (Femma), com apoio institucional do governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado da Juventude, Desporto e Lazer (Sejel). O Rei da Praia é voltado para atletas de luta olímpica, jiu-jítsu, judô, luta livre esportiva e submission. A regra é simples: ganha quem jogar o oponente na areia – cada queda vale um ponto.

>> Esporte. A sociedade de Manaus

está de luto pela morte da queridíssima dona Stella Lustoza.

. Ela era, realmente, uma grande dama! Representou o que havia de mais ele-gante, tradicional e espe-cial em Manaus. Empresária corretíssima, fi gura forte e emblemática de uma época em que a educação era o fa-tor principal da comunidade que se convencionou chamar de alta sociedade. Enorme perda para Manaus. A coluna se emociona e envia os votos de pesar à família!

>> Luto. Neste domingo, a partir das 8h, as areias da Ponta

Negra, receberão o inédito Desafi o Rei da Praia de

. O evento é uma realização da Federação Amazonense de Luta Livre Esportiva, Olímpica e Greco-Romana (Falle), Federação Ama-zonense de Mixed Martial Arts (Femma),

luta livre esportiva e submission. A regra é simples: ganha quem jogar o oponente na areia

. Há cinco anos a Carolina Herrera lança uma edição especial em outubro, o mês conhecido mundialmente pela campanha de combate e prevenção ao câncer de mama, ou como ficou conhecido, o “Outubro Rosa”.

. E este ano não foi diferente, a estilista deu uma repa-ginada na tradicional fragrância CH Carolina Herrera, e toda a verba da venda do perfume será revertida em prol da luta contra o câncer de mama.

>> Objeto de desejo

Waisser Bote-lho com Aman-

da e o ator Max Fercondini, na

badalada festa que comemorou

os 13 anos da revista ‘Quem’ em São Paulo

Sempre atenta aos cuidados com a saúde da mulher, a primeira-dama Nejmi Aziz reforça a importância da segunda dose da vacina contra o HPV, que vai até o dia 30 de outubro. A imunização é voltada para as meninas entre 11 e 13 anos, que foram vacinadas na primeira etapa da campanha. Vale a pena prevenir

. E este ano não foi diferente, a estilista deu uma repa-. E este ano não foi diferente, a estilista deu uma repa-ginada na tradicional fragrância CH Carolina Herrera, e ginada na tradicional fragrância CH Carolina Herrera, e toda a verba da venda do perfume será revertida em prol toda a verba da venda do perfume será revertida em prol da luta contra o câncer de mama.

SILVIA CASTRO

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V

‘Escritório’ ganha mais uma ediçãoHá muito tempo os ama-

zonenses demonstram seu amor pelo samba. E foi justa-mente essa paixão que levou Arrecad Produções a criar o projeto musical “Escritório do Samba”, que já se tor-nou destino certo para quem curte o gênero musical. O evento, tradicionalmente re-alizado aos domingos, acon-tece no Lappa (Vieiralves), sempre a partir das 15h. Nesta semana o local con-tará com as participações da banda amazonense Nosso Jeitto e da cantora cearense Tayna Pimentel.

Segundo um dos sócios-proprietários da Arrecad, Breno Pimentel, o “Escri-tório do Samba” surgiu dá necessidade de preencher uma lacuna que existia na cidade. “O público local gosta de um bom samba de raiz e também de samba-rock. Sabemos dessa proximida-de que Manaus tem com o Rio de Janeiro. Então, nada mais justo do que realizar um “sambão” no domingo e,

principalmente, em um lugar que faz uma homenagem a um dos bairros mais tradicio-nais da Cidade Maravilhosa, a Lapa”, explica.

Pimentel também destaca que essa mistura do samba de raiz com o samba-rock vem justamente de encontro ao pedido dos bambas locais. “Na verdade, gostamos de misturar. Temos como prin-cipal referência o “sambão”, mas é claro que o pagode e o samba-rock não poderiam fi car de fora. Então, decidi-

mos contar com a presença da Nosso Jeitto, que tem esse lado mais tradicional e a Tayna, apresenta clássicos da Música Popular Brasileira com uma levada mais agi-tada”, diz.

Ainda para o organizador do evento, o sucesso do “Es-critório do Samba”, se deve ao serviço oferecido pela sua equipe. “Fazemos de tudo para agradar nossos clien-tes. E, sempre que possível, contamos com novidades. No caso deste domingo, te-remos as “cupidas”, que se-rão duas garotas vestidas de cupido e que facilitarão a vida dos homens que qui-serem “azarar” as mulheres. Elas levarão os bilhetes e, no fi nal da noite, a mulher que mais tiver bilhetes vai ganhar um prêmio surpre-sa”, adianta.

Vale ressaltar que, dois jogos do Campeonato Bra-sileiros são transmitidos ao longo da tarde e, o chope Brahma é liberado até as 18h.

A cantora cearense Tayna Pimentel será uma das atrações do projeto musical no Lappa

AGITO

SERVIÇOESCRITÓRIO DO SAMBA

Quando:

Onde:

Quanto:

Todos os domin-gos, a partir das 15hLappa Vieiralves (rua Rio Madeira, 98, Vieiralves)R$ 25

REPRODUÇÃO

O comediante apresenta pela primeira vez em Manaus o seu mais novo stand up, que tem base em sua nova fase de vida

Fábio Rabin‘queimando o fi lme’

O c o m e d i a n t e Fábio Rabin re-torna a Manaus hoje para apre-

sentar o seu novo stand up “Queimando o Filme”. O espetáculo aborda tex-tos que falam sobre o cotidiano de quem as-sume a responsabilidade de sustentar uma família. Por telefone, o humoris-ta adiantou detalhes da apresentação. Uma delas é a inclusão de piadas com contextos regionais como a natureza, o calor, as espécies de peixes, entre outras questões.

O primeiro espetáculo exibido por Rabin era inti-tulado “Sem Noção”. Nes-se show o público ouvia histórias que caracteriza-vam uma pessoa solteira. Bebidas, baladas, drogas faziam parte do roteiro. Agora, a situação é bem diferente. O comediante exibe um texto repleto de avaliações sobre a deci-são de assumir um com-

promisso afetivo e até mesmo a experiência de enfrentar a paternidade. “Esses acontecimentos fazem parte das etapas de vida de todo o ser humano. Comigo não foi diferente. Sou pai e estou casado. Por isso resolvi fazer meu segundo show com base nessa realidade”, explica.

Rabin comenta que ape-sar de o nome “Queiman-do o Filme” estar ligado a um fator negativo, a ideia é que os acontecimentos cotidianos sejam repas-sados de forma cômica sob uma visão realista dos fatos. “Brinco com

as difi culdades, com as situações que um pai e uma mãe enfrentam, mas não externam. Geralmen-te quem vê o seu fi lho elogia e o acha lindo, mas não imagina o que acon-tece durante todo o dia”, lembra. A apresentação ainda aborda temas po-lêmicos como a religião, além de atualidades do cenário nacional. O show tem duração de uma hora e quinze minutos. “É um show bem diferente do primeiro stand up”, cita.

O humorista afi rma que se apaixonou pela capi-tal amazonense desde o primeiro momento. Ele lembra que teve a opor-tunidade de mergulhar no rio Negro e ainda de co-nhecer pontos turísticos, mas o que mais lhe cha-mou a atenção foram os elementos naturais como os rios e a fl oresta.

De acordo com Rabin, o público pode esperar uma apresentação dife-rente com um repertório totalmente repaginado e autoral.

O comediante apresenta pela primeira vez em Manaus o seu mais novo stand up, que tem base em sua nova fase de vida

Fábio RabinFábio Rabin‘queimando o fi lme’

Carreira iniciou em um bar

Ator há 11 anos, o hu-morista iniciou a carreira contando piadas, sendo conhecido nacionalmen-te após uma entrevista para o programa “Pânico na Rádio”, em 2008.

Após conquistar um espaço na MTV, chegou a ser um dos apre-sentadores do “VMB”, prêmio de música nacional.

A t u a l -m e n t e , ele inte-grar o e l e n c o de apre-senta-d o r e s do ca-nal Mul-tishow.

SERVIÇO“QUEIMANDO O FILME”

Quando:

Onde:

Ingres-sos:

Hoje, às 20h

Teatro Ma-nauara R$ 40 (meia) e R$ 80 (inteira)

O humorista afi rma ser

apaixonado por Manaus e adianta que a apresentação contará com

elementos regionais

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PRISCILA CALDASEquipe EM TEMPO

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D4 Plateia MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013

A adolescência nos anos 90RESENHA

PERFIL

Tricia Cabral jornalista e autora do livro “Cinema Rebelde”

No início dos anos de 1990, quando a mi-nha geração come-çava a se despedir

do ensino médio, não havia mais do que uma inovadora MTV atraindo espectadores assíduos dos primeiros vi-deoclipes de qualidade pro-duzidos no Brasil, graças a uma forcinha de jovens publicitários como Andrucha Waddington e José Henrique Fonseca, da Conspiração Fil-mes, que mais tarde pro-duziriam filmes como “Eu, Tu, Eles” e “O Homem do Ano”, além de peças publi-citárias premiadas e clipes como “Ela Disse Adeus”, do Paralamas do Sucesso.

Pois bem. Além da MTV bra-sileira, a grande “novidade” do momento no início daquela década era uma série cha-mada “Beverly Hills 90210”, que virou “Barrados no Baile” nas traduções exóticas da TV Globo. O que muita gente não sabe é que Beverly Hills seria a precursora de outras séries de sucesso, como “Dawson’s Creek” e “Melrose Place”, e posteriormente de “Friends”, “Charmed” e tudo o que apare-cia na TV americana abordan-do os dramas da adolescência e da juventude.

E nós devemos isso a um cara chamado Aaron Spelling (1923-2006), o criador e produtor dessas séries nas décadas de 1990 e 2000. Sim, posso dizer com muita

propriedade que a minha geração teve sorte. Que época! Depois da saga dos videogames Atari, Odyssey e Nintendo na infância, fomos con-templados por apare-lhos celulares tijolões dos quais ainda não fazíamos questão e nem imaginávamos o quanto seríamos “reféns” dos iPhones e Galaxies da vida, nos dias de hoje.

Mas, voltando a Aaron Spelling e suas novidades teens, eis que surge em 1990 “Barrados no Bai-

le”, protagonizado pelos hoje quarentões Shannen Doherty, Jason Priestley, Jennie Garth, Luke Perry, Tori Spelling e até a vencedora de dois Oscar de Melhor Atriz, Hilary Swank (por “Meninos Não Choram” e “Menina de Ouro”).

Pela primeira vez, a TV brasileira, por meio da TV americana, tratava aber-tamente de assuntos como aborto, abuso sexual, virgin-dade, dependência química, alcoolismo e violência no pior grau em um programa volta-do para adolescentes. Emba-lados pelo sucesso do R.E.M, “Losing my Religion”, um dos temas da série, a maioria dos personagens sobreviveu a dez temporadas ininterruptas.

Os fãs da série ainda espe-ram pelo prometido filme que contaria o que aconteceu com os irmãos gêmeos Brandon e Brenda (que saíram da classe média baixa de Minnesota para os altos padrões de vida

de Los Angeles) e seus amigos Kelly, Stevie, Donna, David e até do Peach Pit, “point” de encontro dos personagens da série.

Quem tem entre 30 e 45 anos teve o privilégio de con-ferir a ousadia de um velhinho chamado Aaron Spelling e suas séries voltadas para a juventude, nas quais a reali-zação pessoal e profissional se sobrepunha, sem qualquer sentimento de culpa, à ga-nância e à falta de escrúpu-los, ainda tão comuns nos dias de hoje. O remake de “Beverly Hills 90210”, exibido atualmente pela Sony? Nem merece comentários.

Quem tem entre 30 e 45 anos teve o privilégio de conferir a ousadia de um ve-lhinho cha-mado Aaron Spelling e suas séries voltadas para a ju-ventude”

PRECURSORAO que muita gente não sabe é que Beverly Hills seria a precursora de outras séries de su-cesso, como “Dawson’s Creek” e “Melrose Place”, e posteriormen-te de “Friends”, “Char-med”

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D5PlateiaMANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013

Canal [email protected]

Flávio Ricco

Colaboração:José Carlos Nery

TV Tudo Novelas com menos capítulos

Desde que a novela é novela, aqui no Brasil, os custos de produção, geralmente muito altos, acabam se diluindo ao longo dos seus quase 200 capítulos. Tudo o que existe como despesa termina por se pagar sem muita difi culdade. Isso funciona assim desde o começo. Nos últimos anos, isso mudou um pouco. Já existem os seriados de temporada e as novelas mais enxutas na faixa das 23h, experiência que aos poucos se pretende estender para outros horários.

Permanece o suspense. Até agora não existe uma confirmação oficial do Gugu Liberato, se ele participará ou não do Teleton do próximo fim de semana. O convite foi feito, mas por razões particulares ele ainda não respondeu.

C’est fi ni

Bate–Rebate• O Premiere deveria agir

com mais rigor no aluguel de equipamentos para as transmissões do campeona-to brasileiro, séries A e B.

• O que se assiste em determinadas ocasiões é de um nível de qualidade muito abaixo do suportável. Quase um VHS. Não dá.

• E não se deve esquecer, em momento nenhum, que este é um serviço pago. Tem muito dinheiro em jogo.

• Nova novela da Globo, “Em Família”, vai trocar a cor do cabelo da Bianca Ri-naldi.

• Nadja Haddad, nesta últi-ma semana, gravou o torneio musical do “Programa Silvio Santos”.

• A ideia da Globo, pelo menos até abril do ano que vem, é continuar com Re-nata Vasconcellos e Tadeu Schmidt na apresentação do “Fantástico”. Só os dois.

• Fernanda Paes Leme será uma das convidadas do “Es-quenta”, hoje, na Globo.

Fortes emoçõesOs atores de “Amor à

Vida” receberam ordens para não assumir outro trabalho até 31 de janeiro. Detalhe: é nesse dia, uma sexta-feira - se não hou-ver outra alteração - que a Globo irá exibir o seu último capítulo. Ou seja, as gravações poderão acontecer horas antes da novela entrar no ar.

Primeira na GloboA atriz e apresentado-

ra Jacqueline Sato, com uma passagem pela Rede TV! no programa “O En-cantador de Cães”, vai fazer a sua primeira no-vela na Globo, “Além do Horizonte”. Jéssica é a personagem, uma tatua-dora e motoqueira, tipo bem radical, que namo-ra um hacker, vivido por Lucas Salles. Entra no |segundo capítulo.

FestivalEm novembro, no Teatro

OI Futuro em Ipanema, Rio, vai acontecer o Fes-tival Internacional de Pilo-tos. O seriado “Grudados e Soltinhos”, escrito por Emílio Boechat e Marília de Toledo, com direção de André Miranda, é um dos concorrentes ao prêmio de “Melhor Piloto”.

EscaladaDany Bananinha gravou

no começo da semana uma matéria com o Gabriel Moo-jen para o “Zona de Im-pacto” do SporTV. Os dois foram escalar o Morro da Urca, um grande desafio para a assistente de palco do “Caldeirão do Huck” que tem sérios problemas com

altura. A matéria vai ao ar ainda este mês.

Deixa comigoNesta reta fi nal de grava-

ções de “Sangue Bom”, Dennis Carvalho, diretor de núcleo, as-sumiu a direção dos trabalhos e assim irá até o “apito” fi nal. O último capítulo vai ao ar no dia 1º de novembro.

DescartáveisPegações à parte, os personagens da Maria Casade-

vall e Caio Castro não têm mais importância nenhuma nos rumos atuais de “Amor à Vida”. Ficaram naquilo, o que é uma pena, a não ser que o autor reserve uma grande reviravolta no caso para os próximos capítulos.

DIVULGAÇÃO

Eliana faz parceria com YouTubeVale mostrar que sabe can-

tar, que possui um talento diferente, que tem um jeito nada convencional ou, então, que é mestre em divertir o público. Esse é o perfi l que se espera dos candidatos do qua-dro “Fenômenos do YouTube’’, que estreia hoje no “Eliana’’ (SBT). Na acirrada disputa pela audiência aos domingos, a loira lança agora uma par-ceria com o canal de vídeos da internet, a fi m de levar ao palco os tipos mais curiosos que circulam pela rede. “Ne-gar o sucesso da web é algo que não se deve fazer. Ela é importante e complementar à televisão’’, analisa Eliana.

“Fenômenos do YouTube’’ será, no entanto, um concur-so. O candidato se inscreve no site do programa e, após as eliminatórias, o melhor ví-deo ganhará R$ 50 mil. “Toda semana a plateia elege o que

mais gostou entre os concor-rentes já pré-selecionado pelo júri. Na grande fi nal, teremos seis pessoas, que terão 15 dias para apresentar um ví-deo novo. O vencedor leva o prêmio’’, diz o diretor do programa, Ariel Jacobowitz.

Segundo ele, qualquer pessoa pode participar do quadro. “Não estamos procu-rando um talento, mas, sim, um fenômeno. E a fórmula para um fenômeno nascer na internet não existe’’, diz Ja-cobowitz, recordando-se do irmãos Jeff erson e Suellen, que fi zeram sucesso em 2012 ao cantar “Para Nossa Ale-gria’’. “Pode ser uma criança rabiscando a geladeira, um susto entre amigos, um pas-sinho de uma música funk ou qualquer outra situação inusitada’’, complementa.

Entre os vídeos que com-petirão na estreia do quadro

estão o do cobrador de ônibus Emerson Leandro da Silva, que alegra os passageiros cantando e dançando, e o de Ederson Thiago do Carmo, que surpreendeu o amigo, Cleyton de Oliveira, ao jogar um balde de água em sua cabeça. “Os donos dos vídeos vão ao palco do programa para uma entre-vista ou apresentação com a Eliana e os jurados, que serão convidados que se revezam a cada semana. Assim, o teles-pectador conhecerá melhor os participantes e as histórias de suas gravações’’, adianta Jacobowitz. O diretor conta que, hoje, o público é criador de um conteúdo que serve para a internet e para a TV. “São ve-ículos diferentes, mas somos todos criadores de conteúdo. O que passa no “Eliana” vira viral no Youtube’’, diz.

Por Alex Francisco

HOJE

A apresentadora realizará um concurso batizado de “Fenômenos do Youtube” a partir de hoje

REPRODUÇÃO

Caro professor Renan. Para nós, cientistas sociais, a ideia de ciclo merece ser olhada com certa estra-nheza e tensão. O ciclo não nasce e acaba como geralmente se supõem ao falar das drogas do sertão ou da Borracha, por exemplo. As estruturas ainda se mantém, fi rmes e intrans-poníveis, neste novo extrativismo que é o seringal eletrônico.

A onda de manifestações que vem assolando o Brasil nos últimos meses nos dá a certeza de que a esperança é a última que morre. Mas morre. Mas até lá, estamos na luta por tudo aquilo que acreditamos, pen-samos e sonhamos e mandar para bem longe a morte da esperança que, um dia venceu, para um certo alguém, o medo.

Mas a sociologia nasceu justa-mente de uma revolução e com o senhor, professor Renan, apren-demos em Sociologia do Planeja-mento, Sociologia Contemporânea e Teoria Sociológica a tensionar as teorias de autores clássicos como Max Weber e Karl Marx às conjun-turas sociais atuantes em nosso processo de formação regional e nacional e a identifi car os paralelos com outras formas de atuação no mundo. Com o senhor aprendemos a olhar a Sociologia com o mesmo empenho dos grandes intelectuais, onde o amor pela pesquisa, pela análise acurada, pela observação sensível e pelo rigor metodológi-co possam atuar de forma sincera sobre a vida dos homens.

Nascido em Alagoas, és certa-mente um dos maiores intelectuais deste país. Dono de uma erudição brilhante, foi, é e sempre serás lembrado por seus alunos com certo embaraço, uma vez que seu alto nível de refl exão sempre nos causou torpor e ao mesmo tempo admira-ção, pois suas conexões passavam

de Giddens a Faulkner, de Márcio Souza a Lévi-Strauss, de Buñuel a Roberto Evangelista, num registro impressionante e digno dos grandes homens das ideias. Como diretor da Tv Educativa temos o exemplo da construção de uma verdadeira TV pública e não do público, como àquela famosa cadeia televisiva carinhosamente chamada de plim-plim insiste em se repetir.

É certo que és um dos maio-res conhecedores da obra de Max Weber no Brasil, além de sua tese de doutorado publicada há alguns anos, “A Sociologia de Florestan Fernandes”, ser considerada uma das melhores análises sobre a vida e obra deste outro grande sociólogo, Florestan Fernandes.

Com o senhor, professor Renan, aprendemos a cobrar da universida-de a construção de um sólido projeto de antropologia, que já vemos acon-tecer. As Universidades Amazônicas, como bem frisas, devem lutar para serem cosmopolitas, ao mesmo tem-po que devem ser um dos principais instrumentos de conhecimento de defesa e valorização da diversidade étnica e cultural da região.

Nós, cientistas sociais, ou mais precisamente, antropólogos, soció-logos e/ou cientistas políticos, não poderíamos deixar de reverenciar nosso mais brilhante cientista, a quem a Universidade Federal do Amazonas certamente tem orgu-lho de tê-lo em seus quadros. Sua amizade, Renan, seu respeito, hu-mildade, competência, erudição e carinho nos guiará com ímpeto em nossa trajetória intelectual. E tenha a certeza de que seu exemplo será o foco e luz de nossa vida acadê-mica e profi ssional. Receba nosso amor e gratidão, Ernesto Renan Melo de Freitas Pinto, ou simplesmente, professor Renan.

Marcio BrazE-mail: [email protected]

Marcio Braz*ator, diretor,

cientista social, membro do Nú-cleo de Antropo-logia Visual e do Conselho Muni-cipal de Política Cultural

Carta aberta a Renan Freitas Pinto

Com o se-nhor, profes-sor Renan, aprendemos a cobrar da universidade a constru-ção de um sólido proje-to de antro-pologia, que vemos acon-tecer”

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D6 Plateia MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013

Programação de TV

3:05 Jornal do SBT4:00 Igreja Universal5:00 Pesca Alternativa6:00 Brasil Caminhoneiro6:30 Aventura Selvagem7:30 Vrum8:00 Sorteio Amazonas da Sorte9:00 Domingo Legal13:00 Eliana17:00 Roda a Roda Jequiti17:45 Sorteio da Telesena18:00 Programa Silvio Santos22:00 De Frente Com Gabi23:00 Série0:00 Série2:20 Big Bang – A Teoria3:00 Igreja Universal

SBT

GLOBO

REDE TV

3:55 Santa Missa em Seu Lar4:55 Amazônia Rural5:25 Pequenas Empresas, Grandes Negócios6:00 Globo Rural6:55 Auto Esporte7:30 Esporte Espetacular10:30 Temperatura Máxima12:15 Esquenta

3:45 Bíblia em Foco

4:00 Santo Culto em Seu Lugar

4:30 Desenhos Bíblicos

7:00 Desenhos Bíblicos

8:00 Sorteio Amazonas da Sorte

9:00 Record Kids

10:30 Tudo a Ver

13:15 Melhor do Brasil

17:30 Domingo Espetacular

21:15 Tela Máxima

23:15 Programação IURD

BAND

RECORD

6:30 Igreja Internacional da Graça

7:30 Igreja Internacional da Graça

8:30 Amazonas Dragway na TV

9:00 Rompendo Barreiras

10:00 Blitz Top TV

10:30 A Questão É

11:00 Igreja da Graça

12:00 Fique Ligado

13:00 Em Circuito

14:30 A Questão É

15:00 AD & D

15:30 TV Kids

15:45 Vídeo Mania

16:15 Ritmo Brasil

17:00 Morning Show

18:30 Te Peguei na TV

20:15 Teste de Fidelidade

21:35 TV Shopping Manaus

22:35 Dr. Hollywood

23:30 É Notícia

0:30 Bola na Rede

1:30 Igreja Internacional da Graça

HoróscopoGREGÓRIO QUEIROZ

ÁRIES - 21/3 a 19/4 O encaminhamento que você dê a qualquer assunto deve ser precedido de uma boa descriminação. Evite jogar com o acaso ou se permitir displicências agradáveis.

TOURO - 20/4 a 20/5 Os amigos tendem a participar de alguma situação confusa ou enganosa. Pode ser você que se coloque nessa situação, provavelmen-te. Uma boa discriminação é necessária.

GÊMEOS - 21/5 a 21/6 Você tende a confi ar nas pessoas erradas ou então julgá-las equivocadamente. É pre-ciso melhor discernimento, em especial com aquelas pessoas ligadas ao trabalho.

CÂNCER - 22/6 a 22/7 Procure não seguir às cegas os projetos ou as ordens. Olhe atentamente para a situação de trabalho. Certas tarefas podem não levar a nada. Elimine os equívocos e a confusão.

LEÃO - 23/7 a 22/8 Alguém pode estimular sua imaginação. O desejo de se entregar é forte. Os sentimentos amorosos se exaltam. No entanto, tudo isso tende a levar a frustração e confusão.

VIRGEM - 23/8 a 22/9 A indisposição com certas pessoas se baseia em sentimentos ou julgamentos que tendem a ser bastante parciais. Não confunda ainda mais a situação acentuando as distorções.

LIBRA - 23/9 a 22/10 A desorganização da agenda e a indisciplina nos afazeres diários complicam o trabalho. A comunicação displicente também é fator de prejuízos no trabalho e no trato com colegas.

ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 Os riscos nas relações amorosas devem ser evitados. A chance de se confundir e fazer bobagem é bem grande. Também não desper-dice recursos com projetos sem sentido.

SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 A imaginação está ativa e corre solta, mas em direção duvidosa. Lembre-se que a visão está turva e a mente fora de foco. Você enxerga distorcidas as situações familiares.

CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/1 Tendência a se perder nos compromissos e cometer atos falhos na comunicação. As viagens e os estudos são assuntos particu-larmente afetados por esta confusão.

AQUÁRIO - 20/1 a 18/2 Atenção com as grandes ideias e o en-tusiasmo no contato com pessoas espe-ciais. Nem tudo será como é prometido hoje. Cuidado com enganos no uso do dinheiro.

PEIXES - 19/2 a 20/3 Por um lado inebriado com algo na vida material, por outro insatisfeito e indeciso em suas próprias decisões. Qualquer decisão im-portante deveria esperar mais alguns dias.

CruzadinhasCinema

ESTREIA

Silent Hill: Revelação: FRA/CAN. 16 anos. Playarte 1 – 18h50, 20h50 (3D/dub/diariamente), 22h50 (3D/dub/somen-te sexta-feira e sábado), 13h20, 15h20, 17h20, 19h20, 21h20 (leg/diariamente), 23h20 (leg/somente sexta-feira e sábado). Cinemais Plaza – 18h50, 21h10 (dub/dia-riamente).

Riddick 3: EUA. 16 anos. Cinépolis 10 – 20h30 (leg/diariamente). Cinemark 2 – 12h30 (dub/somente sábado e dominho), 15h20, 18h, 20h50 (dub/diariamente), 23h20 (dub/somente sexta-feira e sábado). Playartee 9 – 13h45, 16h10, 18h35, 21h (dub/diariamente), 23h25 (dub/somente sexta-feira e sábado). Cinemais Plaza – 14h10, 16h30, 19h20, 21h40 (dub/dia-riamente). Cinemais Millennium – 14h50, 17h20, 19h40, 22h (leg/diariamente).

É o fi m: EUA. 16 anos. Cinépolis 10 – 17h55 (leg/diariamente). Cinemark 3

– 14h10 - 19h10 (dub/diariamente). Cine-mais Millennium – 21h (leg/diariamente).

Rota de Fuga: EUA. 14 anos. Cinépolis 9 – 22h20 (leg/diariamente). Playartee 8 – 20h30 (dub/diariamente), 22h50 (dub/somente sexta-feira e sábado). Cinemais Plaza – 14h40, 17h, 19h15, 21h30 (dub/dia-riamente). Cinemais Millennium – 19h35, 21h50 (leg/diariamente).

Dragon Ball Z: A Batalha dos Deuses: JAP. 10 anos. Cinépolis 6 – 12h30, 14h40, 17h, 19h35 (dub/diariamente). Cinemark 8 – 12h40 (dub/somente sábado e domingo), 15h, 17h10, 19h20, 21h30 (dub/diaria-mente), 23h40 (dub/sexta-feira e sábado). Playarte 7 – 13h20, 15h10, 17h, 18h50 (dub/diariamente). Cinemais Plaza – 14h, 16h (dub/diariamente). Cinemais Millen-nium – 14h30, 16h40 (dub/diariamente).

Tá Chovendo Hambúrguer 2: EUA.

Livre. Cinépolis 4 – 13h40, 16h, 18h35, 21h20 (3D/dub/diariamente), 12h50, 15h10 (dub/diariamente). Cinemark 1 – 13h40 - 16h, 18h30, 21h (dub/diariamente), 14h50, 17h30, 19h50 (3D/dub/diariamente). Playar-te 1 – 12h50, 14h50, 16h50 (3D/dub/dia-riamente), 13h10, 15h10, 17h10, 19h10 (dub/diariamente). Cinemais Plaza – 14h20, 16h20, 18h40, 20h50 (3D/dub/diariamente), 14h50, 16h50 (dub/diariamente). Cinemais Millennium – 14h40, 17h, 19h (dub/dia-riamente), 13h30, 15h30, 17h30 (3D/dub/diariamente).

Gravidade: EUA. 12 anos. Cinépolis 5 – 14h, 16h30, 19h20, 21h40 (3D/leg/diariamente). Cinemark 6 – 22h10 (3D/dub/diariamente exceto sábado), Playarte 4 – 13h15, 15h10, 17h05, 19h, 20:55 (leg/diariamente), 22h50 (leg/somente sex-ta-feira e sábado). Cinemais Millennium – 19h30, 21h35 (3D/leg/diariamente).

Mato Sem Cachorro: BRA. 12 anos.

Cinépolis 7 – 13h25, 16h15, 19h05, 22h (diariamente). Cinemark 4 – 14h, 16h50, 19h40, 22h30 (diariamente). Playarte 8 – 13h15, 15h40, 18h05 (diariamente). Cine-mais Plaza – 19h, 21h35 (diariamente). Ci-nemais Millennium – 14h20, 16h45, 19h15, 21h45 (diariamente).

Elysium: EUA. 12 anos. Cinemark 3 – 16h40, 22h (dub/diariamente). Playarte 3 – 21h10 (dub/diariamente), 23h20 (dub/somente sexta-feira e sábado). Cinemais Millennium –14h35, 16h50, 19h10, 21h20 (leg/diariamente).

Família do Bragulho: EUA. 14 anos. Playarte 7 – 20h40 (dub/diariamente), 22h55 (dub/somente sexta-feira e sába-do).

Invocação do Mal : EUA. 14 anos. Cinemais Plaza – Dub. - 14h45, 17h10, 19h30, 22h (dub/diariamente).

CONTINUAÇÕES

Serra Pelada: BRA. 14 anos. 1980. Juliano (Juliano Cazarré) e Joaquim (Júlio Andrade) são grandes amigos que fi cam empolgados ao tomar conhecimento de Serra Pelada, o maior garimpo a céu aberto do mundo, localizado no estado do Pará. A dupla resolve deixar São Paulo e partir para o local, sonhando com a riqueza. Só que, pouco após chegarem, tudo muda na vida deles: Juliano se torna um gângster, enquanto que Joaquim deixa para trás os valores que sempre prezou. Cinépolis 1 – 13h, 13h30, 15h35, 16h10, 18h10, 19h, 20h45, 21h50 (diariamente). Cinemark 7 – 13h50, 16h20, 18h50, 21h20 (diariamente). Playarte 6 – 13h40, 15h50, 18h00, 20h10 (diariamente), 22h20 (somente sexta-feira e sábado). Cinemais Plaza – 15h20, 17h30, 21h50 (diariamente). Cinemais Millennium – 15h, 17h10, 19h20, 21h30 (diariamente).

Conexão Perigosa:EUA. 12 anos. Adam Cassidy (Liam Hemsworth) é um ambi-cioso funcionário junior que não vê a hora de subir de posição dentro da empresa em que trabalha, a gigantesca Wyatt Corporation. Entretanto, após cometer um erro que custou bastante caro à empresa, Adam entra na lista negra de Nicholas Wyatt (Gary Oldman), o CEO da corporação. Para compensar o problema causado, Nicholas chantageia Adam de forma que ele seja empregado na maior concorrente da empresa, comandada por Jock Hoddard (Harrison Ford), o antigo mentor de Wyatt. A tarefa de Adam é que ele seja um espião dentro da empresa de Hoddard, passando a Wyatt todas as informações internas que julgue interessantes. Sem saída, Adam aceita a tarefa. Cinépolis 2 – 12h40, 15h30, 18h20, 21h10 (leg/diariamente).

Diana: RU/FRA. 12 anos. O longa irá abordar o relacionamento de Lady Di com o cirurgião paquistanês Hasnat Khan, que é descrito no livro “As Crônicas de Diana”, de Tina Brown, como o grande amor da vida dela. Os dois se conheceram em 1995, quando Diana visitou um amigo que havia sido operado no Hospital Royal Brompton, onde Khan trabalhava, e estiveram juntos por dois anos. A relação terminou poucos meses antes do acidente que vitimou a Princesa de Galles, em agosto de 1997. Na ocasião, ela já estava se relacionando com o milionário Dodi Fayed, que também morreu no acidente. Cinépolis 3 – 13h55, 16h50, 19h40, 22h30 (leg/diariamente). Playartee 10 – 13h20, 15h40, 18h, 20h20 (leg/diariamente).

Os Suspeitos: EUA. 12 anos. Em Boston, um pai de família deve lidar com o desaparecimento de sua fi lha e de um amigo dela. Quando suspeita que o detetive encarregado das buscas já desistiu de procurar pelo culpado, este pai desesperado começa a desconfi ar de todas as pessoas ao redor. Fazendo sua própria investigação, ele encontra o principal suspeito e decide sequestrá-lo. Cinépolis 8 – 14h20, 17h30, 20h20 (leg/diariamente). Cinemark 5 – 12h (dub/somente sábado e domingo), 15h10, 18h20, 21h50 (dub/diariamente). Playartee 5 – 14h20, 17h10, 20h (leg/diariamente), 22h50 (leg/somente sexta-feira e sábado). Cinemais Plaza – 15h, 18h30, 21h25 (dub/diariamente). Cinemais Millennium – 15h20, 18h45, 21h40 (leg/diariamente).

4:00 Igreja Mundial

4:50 Popeye

5:00 Local

8:30 Mackenzie em Movimento

8:45 Infocomercial

9:45 Verdade & Vida

10:00 Pé na Estrada

10:35 Band Esporte Club

11:05 De Olho no Futebol

11:10 Gol - O Grande Momento do

Futebol

11:40 Copa do Mundo Sub 17

13:50 Futebol 2013

15:50 Terceiro Tempo

18:00 Oscar

18:10 Caçadoras de Relíquias

19:00 Só Risos

21:00 Pânico na TV

0:00 Canal Livre

1:00 Minuto do Futebol

1:05 Show Business

1:55 Copa de Futebol Sub 17

3:00 Igreja Mundial

14:00 Futebol 2013

16:00 Domingão do Faustão

18:45 Fantástico

21:10 Série Americana

22:05 Domingo Maior

23:45 Hino Obrigado Senhor

23:50 Hino Nacional

23:55 Encerramento Previsto

Marília Gabriela apresenta programa aos domingos no SBT

REPRODUÇÃ

O

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D7PlateiaMANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013

Jander [email protected] - www.jandervieira.com.br

Marilza Mascarenhas, Sandra Monteiro e Ma-nuella Pedrosa estão tro-cando de idade hoje. Os

cumprimentos da colu-na.

O hotel SleepInn, que completa neste mês seis anos de atuação no Ama-zonas, fez parceria com os organizadores do Seven

Music Festival, e oferecerá pacotes especiais de hospe-dagem para que vai curtir o evento, que será realizado no próximo dia 14, na Arena Povos da Amazônia. As reservas já estão sendo realizadas pelo telefone 3321-8800.

Hoje, às 20h, tem sessão sorriso com stand-up “Sem Noção” do talentoso Fabio Rabin. Onde? No Teatro Direcional em única apre-sentação.

Karina Bessa e Evelise Pes-soa ganharam sessão para-béns do tipo surpresa no almo-ço do Zefi nha Bistrô. A dupla é queridíssima entre as fi nas da cidade, na terça os cliques do evento concorrido.

Bonecos da Companhia de Teatro Vitória-Régia vão compor a produção visual do show da ban-da pernambucana Mundo Livre S/A em Manaus, na próxima sexta-feira, na reinauguração do R2 Universo Cultural. O novo espaço vai funcionar na Visconde Porto Seguro, no Parque das Laranjeiras.

Os salões da cidade fi carão um tanto sem graça. Dona Stella Oliveira Fonseca Lus-tosa, dona de uma elegância única e mulher de grandiosida-de ímpar, não está mais entre nós. À família enlutada, os mais profundos sentimentos, nesta hora tão difícil. O colunista sabe o tamanho e força dessa dor... Somente Deus conforta.

::::: Sala de Espera

A Moto Honda convida para participar da cerimônia de inauguração do mais novo Centro Educacional de Trânsito Honda, o CETH, em comemoração ao aniversário de Manaus. Quando? No próximo dia 23, na Cidade Nova, às 10h30, seguido de almoço aos convivas. Com essa iniciativa a Honda avança ainda mais em suas ações de promover a prática de direção segura entre os motociclistas, por meio de palestras e cursos práticos de pilotagem, visando aprimorar as técnicas de condução e prevenir a ocorrência de acidentes. Aplausos.

::::: Convite

É hoje, no Mon Plaisir, a partir das 16h07. O esperado Sunset com o show impagável da banda Redphone, apre-sentação única e exclusiva somente para poucos convidados. Depois do pôr do sol a coluna, em parceria com Ney Barroso, fecha a noitada com a trilha sonora do DJ Sidney Almada até às 22h. Lógico que você não se furtará desse auê chique, não é?

::::: Sunset

Ainda que a ingratidão seja a moeda dos desonestos, o casal mais charmoso da cena política no Brasil setentrional segue a vida como Deus assim o quer para eles. Ou seja, felizes e fortalecidos. Nem a tirania da traição e muito menos a baixa-ria da ingratidão irá abalar o amor verdadeiro entre os dois. Já as plantonistas teatrais de altar e assíduas assinantes da cartilha do alpinismo social terão que esperar outro in-cauto casal. Se é que vocês me entendem...

::::: Raposa ingrata

Plateia

Marilza Mascarenhas, Sandra Monteiro e Ma-nuella Pedrosa estão tro-cando de idade hoje. Os

cumprimentos da colu-

completa neste mês seis anos de atuação no Ama-zonas, fez parceria com os organizadores do Seven

Music Festival, e oferecerá pacotes especiais de hospe-dagem para que vai curtir o evento, que será realizado no próximo dia 14, na Arena Povos

:::::de Espera

A Moto Honda convida para participar da cerimônia de inauguração do mais novo Centro Educacional de Trânsito Honda, o CETH, em comemoração ao aniversário de Manaus. Quando? No próximo dia 23, na Cidade Nova, às 10h30, seguido de almoço aos convivas. Com essa iniciativa a

Esbanjando elegância na dosagem certa: Hamilcar Silva e Eliane Schneider no deslumbrante casório dos belos Clara e Antônio Chaves, no Diamond

O chique que cabe no bolso quem tem a receita são as ótimas Tânia Castro e Gisele Alfaia com os lançamentos

indispensáveis da TeG. Depois dos lindos lenços, durante a semana, a dupla criativa lançou os jogos americanos da gri-

fe. Simplesmente lindos e indispensáveis

Cumpriu agenda concorrida durante a semana. O Dia do Professor, co-memorado na última terça-feira, foi lembrado pelo vice-governador José Melo como um momento para se rever os avanços conquistados pela categoria na capital e no interior nos últimos três anos. Aplausos

O governador Omar Aziz e sua Nejmi foram agracia-dos pela Câmara dos Diri-gentes Lojistas de Manaus com o Oscar do Comércio na categoria ‘Grã Person-nalité’. O efeito é referen-te ao importante apoio da administração Aziz na pro-jeção do comércio local. Já a honraria para a primeira-dama é alusiva ao intenso apoio à campanha “Liquida Manaus 2013”, que obteve grande sucesso junto aos manauenses.

::::: Casal ofi cial

FOTOS: JANDER VIEIRA

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D8 Plateia MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013

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MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013 [email protected] (92) 3090-1010

3 Vidas que se cruzam no infi nito Os trilhos de ‘Anna Kariênina’ e as biografi as de Tolstói. Págs. 4 e 5

2 Da Guerra Fria à ciberguerra Motivos da espionagem americana no Brasil. Pág. 3

1 Os fi lmes de Joseph Losey E outras 9 indicações cinematográfi cas. Pág. 2

6

Do arquivo de Aracy Amaral

4 Diário de Londres O que se passa nos tubos do ‘tube’. Pág. 6

A música que expandiu as fronteiras do Nordeste. Pág. 8O grande sertão de Luiz Gonzaga

5 São Paulo, 1973. Pág. 7

Capailustração deClaudius

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G2 MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013

Ilustríssimas Semana O MELHOR DO CINEMA EM 10 INDICAÇÕES

Ilustríssimos desta edição

Folha.com

A BIBLIOTECADE RAQUELA colunista do Painel das Letras e repórter da “Ilustríssima” co-menta o mercado editorial

FOLHA.COM/ILUSTRISSIMAAtualização diária da página da “Ilustríssima” no site da Folha

CAIS DO SERTÃOImagens do museu sobre o mú-sico Luiz Gonzaga, no Recife

>>folha.com/ilustrissima

ANTONIO RISÉRIO, 59, é antropólogo e consultor especial do Cais do Sertão Luiz Gonzaga.

ARACY AMARAL, 83, é curadora e crítica.

BERNARDO MELLO FRANCO, 29, repórter da Folha, foi correspondente do jornal em Londres até setembro.

CLARA ALLAIN é tradutora.

CLAUDIUS CECCON, 75, é arquiteto e cartunista.

IRINEU FRANCO PERPETUO, 42, é jornalista e tradutor.

BRASILEIRO

ESTRANGEIRO

POP

PAULA GIOLITO - 14.12.11/ FOLHAPRESS

LIVRO | O CINEMA ERRANTE Professor de história do cinema da UFMG,

Luiz Nazario reúne ensaios sobre três diretores: Alberto Cavalcanti, David Perlov e Glauber Ro-cha. Em comum, os cineastas viveram períodos de autoexílio e pregaram uma arte engajada, capaz de transformar a realidade.

Perspectiva | R$ 60 | 246 págs.

LUIS GUSMÁN, psicanalista e escritor argentino, é autor de “O Vidrinho” (Iluminuras) e “Hotel Éden”, a sair pela mesma editora.

MIKE TWOHY é cartunista da revista “The New Yorker”.

RAFAEL CAMPOS ROCHA, 43, é ilustrador, autor de “Deus, Essa Gostosa” (Quadrinhos na Cia.).

RICHARD D. MAHONEY, ex-bolsista John F. Kennedy na Universidade do Massachusetts, é o atual diretor da Escola de Questões Públicas e Internacio-nais da

Universidade da Carolina do Norte.

RUBENS FIGUEIREDO, 57, professor, escritor e tradutor, transpôs do russo, entre outros, “Anna Kariênina” (Cosac Naify), de Liev Tolstói.

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LIVRO | MISE EN SCÈNE NO CINEMA O crítico e pesquisador Luiz Carlos Oliveira

Jr., ex-editor do site “Contracampo”, analisa e traça a trajetória do conceito de “mise en scène” (colocar em cena). O estudo abarca desde textos da revista francesa “Cahiers du Cinéma” que dão fundamento teórico à expressão até fi lmes recentes (“Elefante”, “O Intruso”) que colocam em xeque alguns de seus postulados.

Papirus | R$ 69 | 224 págs.

CINEMATECA | MARCAS DA MEMÓRIA O ciclo exibe, em versão restaurada, filmes

dos anos 1960 a 1980 que refletem o contexto da ditadura, como “O Caso Dos Irmãos Naves” (qui,. às 18h) e “Os Fuzis” (sáb., às 18h).

de qua. (23) a dom. (27) | grátis

L37ª MOSTRA | NATHAN, O SÁBIO O clássico do cinema mudo

alemão, lançado em 1922, será exibido em versão restaurada na área externa do Auditório Ibira-puera, com trilha sonora executada ao vivo pela Orquestra Petrobras Sinfônica. O fi lme dirigido por Manfred Noa teve um percurso atribulado: foi proibido pelo gover-no, desapareceu em 1930 e só foi redescoberto em 1996.

dia 27, às 20h | grátis

37ª MOSTRA | FILMES DA MINHA VIDA O ciclo de debates que se es-

tende ao longo do evento reúne artistas para comentar fi lmes marcantes em suas formações. Os cineastas Júlio Bressane (qua., 23) e Walter Salles (sex., 25), o crítico francês Michel Ciment (dom., 27) e o crítico da Folha Cássio Starling Carlos (qua., 30) são alguns dos convidados.

Espaço Itaú Augusta | 12h | grátis

LIVRO | CINEMA JAPONÊS NA LIBERDADE Nos anos 1950 e 1960, São Paulo chegou

a ter quatro salas de cinema exclusivamente voltadas ao cinema japonês no bairro da Li-berdade. O pesquisador Alexandre Kishimoto relata em seu livro o impacto da produção japonesa e o ambiente cultural fomentado por ela no bairro.

Estação Liberdade | R$ 48 | 304 págs.

DVD | JOSEPH LOSEY O Instituto Moreira Salles (IMS) lança

“Cerimônia Secreta” (1968), em que o dire-tor americano (1909-84) enfoca a relação de duas mulheres (Elizabeth Taylor e Mia Farrow) que fantasiam ser mãe e filha. O filme integra também mostra do IMS sobre Losey, que inclui longas como “O Maldito” (1951) e “Eva” (1962).

DVD “Cerimônia Secreta” | R$ 39,90 Mostra Joseph Losey IMS-RJ | de sexta

(25) a 10/11 | R$ 16 programação em ims.uol.com.br

37ª MOSTRA | MÁRIO LAGO Vida e obra do ator e compositor carioca (1911-2002) são o tema do

fi lme de Marco Abujamra e Markão Oliveira exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. O documentário traz depoimentos de amigos, cenas de fi lmes, novelas e poemas de Lago musicados por Arnaldo Antunes. A sessão de quarta será seguida de debate com os diretores.

qua. (23), às 20h, e sáb. (26), às 18h, no Espaço Itaú Augusta; qui. (24), às 20h10, na Matilha Cultural | de R$ 15 a R$ 19

LIVRO | IMAGEM-VIOLÊNCIA Cinema e antropologia se mesclam no trabalho da profes-

sora da USP Rose Satiko Gitirana Hikiji a respeito de filmes como “Cães de Aluguel” (1992), de Quentin Tarantino, “A Estrada Perdida” (1997), de David Lynch, e “Fargo” (1996), dos irmãos Coen. A violência retratada, mais ou menos exacerbada em cada um, serve de base a reflexões sobre as relações sociais e o poder da arte.

Terceiro Nome | R$ 32 | 192 págs.

37ª MOSTRA | 2001 O livro de Arthur C. Clarke que inspirou o clássico

filme de Stanley Kubrick ganha nova tradução em português. A edição traz ainda texto do escritor sobre o cineasta e os contos “A Sentinela” e “En-contro no Alvorecer”. Já “2001”, o filme, integra retrospectiva Kubrick em São Paulo.

trad. Fábio Fernandes | Aleph | R$ 54 | págs. 336 págs.

sessões amanhã, às 21h30, no Cinespaço Granja Vianna; qua. (23), às 16h50, no Cine-sesc; ter. (29), às 21h10 no Shopping Cidade Jardim | de R$ 15 a R$ 19

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

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G3MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013

Política

2Meu melhor inimigo

Durante a visita ofi cial que fez a Washington em abril de 1962, o presidente brasileiro João Goulart per-guntou ao americano John F. Kennedy o que a Agência Central de Inteligência (CIA) estava fazendo no Brasil. Ele recebeu de Kennedy o tipo de resposta que o presidente Barack Obama deve ter dado à presidente brasileira atual, Dilma Rousseff , na conversa de 20 minutos que tiveram no último 16 de setembro: “Você vai ter que confi ar em mim”.

Um ano depois da visita de Jango, que incluiu um desfi le triunfal em Nova York, a Casa Branca de Kennedy estava conspirando para afastá-lo do poder.

Quando as evidências das simpatias comunistas de Goulart se mostraram um tanto quanto fracas – o en-dinheirado latifundiário gaú-cho usava uma medalha de Nossa Senhora no pescoço –, o fato de ele ter despre-zado dois militares brasilei-ros seniores apoiados pelos EUA para promover no lugar deles dois oficiais “ultrana-cionalistas” foi visto como suficientemente grave para levar o sucessor de Kennedy, Lyndon B. Johnson, a dar o sinal verde.

Mas, em março de 1964, a aprovação do presidente dos EUA ao golpe não passava de formalidade, porque – então como agora – o dinamismo de agir, de operacionalizar, está embutido na atividade americana de inteligência.

“Com os relacionamentos profundos que tínhamos na comunidade militar e na de inteligência do Brasil, não precisávamos realmente fa-zer muita coisa”, relataria mais tarde a este autor o embaixador americano no Brasil naqueles anos, Lincoln Gordon. Os planos secretos de Washington de desembar-car “marines” em São Paulo e lançar ataques aéreos a partir da Argentina em apoio

RICHARD D. MAHONEY TRADUÇÃO CLARA ALLAIN

EUA e Brasil na ciberguerra global

RESUMOA descoberta de que a presidente Dilma Rousseff e a Petrobras foram alvos de es-pionagem de agência americana azedou a relação entre o Brasil e os EUA: apesar do duro protesto brasileiro feito na ONU, Barack Obama não se desculpou em público e provavelmen-te não o fará. O texto abaixo cita quatro si-nais de uma emergente guerra cibernética.

aos golpistas acabaram sen-do desnecessários.

Nos anos seguintes, a colaboração entre Brasil e Estados Unidos, que cres-ceu a partir do golpe, seria frutífera para ajudar a CIA a derrubar um governo atrás de outro no Cone Sul.

Quando os militares chile-nos tomaram o poder em seu país, em setembro de 1973, ofi ciais de inteligência ame-ricanos fi zeram uma ponte aérea para levar interrogado-res brasileiros treinados nos EUA para o estádio nacional de Santiago, convertido em imenso centro de detenção.

Com esses interrogadores chegou um instrumento es-pecial de tortura conhecido por lá como “parrilla”, um catre metálico ligado a um aparelho elétrico. Os inter-rogados eram eletrocutados com a “picana eléctrica” e queimados nas “parrillas”.

Agentes de segurança na-cional dos Estados Unidos, presentes em abundância no Brasil hoje em dia, lhe dirão que os maus velhos tempos ficaram no passado.

Eles provavelmente têm ra-

zão. As democracias latino-americanas, antes cambale-antes, hoje são muito mais fortes e mais profundamente enraizadas do que eram nos anos 1960 e 1970, em grande medida porque muitos dos lí-deres latino-americanos são como Dilma, que aprendeu da maneira mais difícil a ser re-sistente e vigilante durante a ditadura militar.

Mesmo assim, é preciso indagar por que, após 20 anos de relações crescen-temente amistosas entre os Estados Unidos e o Brasil, anos nos quais se viu uma explosão do comércio, de investimentos e formação de “joint ventures” no setor energético, sendo o Brasil hoje um ator internacional de grande importância, o presidente americano não pediu desculpas públicas ao país e à presidente, simples-mente, renovando o convite a Dilma para a visita de Esta-do que seria a única recebida por Obama no ano.

Mas o fato é que ele não o fez e provavelmente não o fará, e vale a pena tentar entender a razão disso. A pre-sidente Dilma, e nós outros que nos preocupamos com o Brasil e os Estados Unidos, poderíamos tomar nota de alguns sinais emergentes

neste caminho sombrio.

‘Plus ça change...’ Supostamente o homem

mais poderoso do mundo, o presidente dos EUA é, na realidade, um dos líderes mais confinados, expostos e frustrados do mundo.

Ele é criticado e obstru-ído em todas as áreas, a exceção de uma: no imenso e impenetrável labirinto da segurança nacional ameri-cana, ele preside sobre uma panóplia de artes das trevas – espionagem, guerra e exe-cuções extrajudiciais.

Como Kennedy e até seu fartamente criticado pre-decessor, George W. Bush, Obama dispõe de meios para salvar vidas ou causar mor-tes, para mudar regimes e para gerir orçamentos de se-gurança nacional que, juntos, ultrapassam de longe todos os gastos empenhados por Brasília em um ano inteiro.

Dilma, que afirma querer saber “tudo” sobre a espio-nagem praticada pelos EUA no Brasil, terá que somar-se ao Congresso americano, à imprensa e ao povo america-nos, que também gostariam de saber o que está aconte-cendo. Ninguém ficará sa-bendo no futuro próximo.

Nova soberana O lugar, que um dia coube

à CIA, de rainha das agências de inteligência de Washington – entre as quais há uma disputa perpétua –, foi tomado pela Agência Nacional de Segurança (NSA), convertida em colosso global graças à sua missão de garimpagem e interceptação eletrônica de dados.

Antes dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2011, a NSA fornecia cerca de 60% do conteúdo do supersecreto “Briefi ng Diário do Presiden-te”, que Obama e os principais funcionários da administração leem todas as manhãs para se pautarem ao longo do dia.

Hoje, a porcentagem provi-da pela NSA é muito mais alta. A agência também é uma co-laboradora crucial na determi-nação dos alvos dos ataques de drones contra terroristas – algo que, não obstante duas catástrofes militares no Ira-que e Afeganistão, é motivo de orgulho técnico para a admi-nistração Obama. Conclusão: para Obama, a NSA é o que a CIA era para Kennedy: sua rainha secreta.

Regras de Washington Obama deve ter ficado

surpreso ao ver que seu te-lefonema a Dilma não surtiu o efeito desejado.

Normalmente os amigos e aliados de Washington acei-tam a equação de dois pesos, duas medidas praticada por Washington no que tange os erros de comportamento in-ternacionais: nós podemos co-metê-los, vocês não podem.

Isso é o que se conhece como a excepcionalidade ame-

ricana, uma combinação de letalidade ilimitada e ilimitado complexo de vítima, e a síndro-me que ele provoca é algo de que os EUA não precisam e que não benefi cia o mundo.

Em favor de Obama, há que recordar que o presi-dente questionou o estado permanente de guerra: “Pre-cisamos definir a natureza e o escopo desta luta [a guerra ao terror], caso con-trário ela nos definirá”, ele disse no último 23 de maio, na Universidade Nacional de Defesa. Ela nos está definin-do, senhor presidente.

O verdadeiro inimigo Assim como os brasileiros,

os americanos talvez se per-guntem por que razão, com a Guerra Fria ganha e a guer-ra ao terror contida, ainda é necessário invadir todos os espaços conhecidos de comunicação, sejam eles de indivíduos ou de nações, a fi m de capturar informações.

Interceptar comunicações entre Dilma e o presidente do México pode parecer algo amalucado, mas, segundo Ri-chard A. Clarke, uma das auto-ridades em segurança nacional mais respeitadas dos Estados Unidos, representa apenas um pequeno vislumbre do que é a ciberguerra global.

Embora esteja muito atrás da China e Rússia quanto às possibilidades de defesa da pátria contra um ataque co-ordenado, Washington está muito à frente desses países no que diz respeito a suas capacidades de ataque.

Uma dessas capacidades é a “botnet” – uma rede, cujo posicionamento é secreto, de computadores invadidos, que por sua vez atacam outros siste-mas, apagando ou reescreven-do seus sost wares. Uma vez em operação, uma “botnet” pode derrubar ou levar ao colapso equipamentos de infraestrutura civil como hospitais, barragens ou redes de transportes aéreos,

além de serviços de comunica-ção e aparato militar.

Ninguém sabe se a NSA plantou “botnets” no Brasil, mas, em seu discurso recente na Assembleia Geral da ONU, Dilma conseguiu chamar a atenção do mundo para uma prática perigosa – o hacking de Estado contra Estado.

O Brasil, porém, se mos-traria realmente inovador se seu governo conclamas-se à criação de um Tratado de Limitação de Ciberguerra (Cyber War Limitation Treaty, ou CWLT), algo defendido por especialistas como Clarke.

Um tratado desse tipo esta-belece a proibição de todas as formas de hacking de um Estado contra outro, delimita padrões internacionais de responsabili-dade nacional e protocolos de inspeção, e, com o tempo, pode fazer o que fez o Tratado de Não Proliferação Nuclear: isolar os Estados irresponsáveis. Claro que isso não deixaria de fora o maior deles.

DÚVIDAOs americanos talvez se perguntem por que, com a Guerra Fria ga-nha e a guerra ao terror contida, ainda é neces-sário invadir todos os espaços conhecidos de comunicação, a fi m de capturar informações.

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G4 MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013 MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013 G5

Literatura

RESUMOA presença dos trens no romance de Tolstói (1828-1910) apon-ta para uma trama subjacente à obra, a das pretensões modernizadoras da Rússia. Mas a imagem ferroviária refl ete também o princípio ordenador da trama, em que pares de per-sonagens e situações se desdobram sem se encontrarem, como as paralelas dos trilhos.

O leitor difi cilmente dei-xará de notar o peso da presença dos trens em “Anna Kariênina”. É numa estação ferroviária, por exemplo, que Anna conhece Vrónski, seu futuro amante. Na ocasião, para horror da protagonista, um homem morre esmagado por um trem – ela própria, como se sabe, se suicidará jogando-se sob as rodas de um vagão. As últimas cenas do romance também se pas-sam numa estação, quando Vrónski parte para a guerra como voluntário. Seu intuito é antes morrer do que alcan-çar um triunfo militar. E o trem é o veículo para obter o que deseja.

Na mesma passagem, pri-meiro na estação e depois dentro de um vagão, os per-sonagens põem à prova suas visões a respeito da guerra. São inúmeras, no romance, escrito entre 1873 e 1877, as situa-ções em que o trem é fator da ação – elemento presente ou objeto de alusões em conver-sas, pensamentos ou sonhos.

As ferrovias eram novidade na Rússia. Exprimiam um dos esforços mais salientes para modernizar uma sociedade que se via como atrasada, tolhida por traços pré-capi-talistas. As vias férreas eram encaradas não só como um instrumento com fi ns práticos óbvios num país de territó-rio vastíssimo, mas também como um símbolo do empenho para equiparar a Rússia aos países ricos.

Por isso é importante ressal-tar que Liévin – um dos per-sonagens mais importantes do livro – manifesta críticas às estradas de ferro.

Sua atitude é ridicularizada por amigos, que mal lhe per-mitem expor suas objeções e nem mesmo querem ouvi-lo. Nesse aspecto, veem em Lié-vin um excêntrico ou um pro-vinciano retrógrado. E Tolstói

RUBENS FIGUEIREDO ILUSTRAÇÃO CLAUDIUS

Paralelismos e desencontros em “Anna Kariênina”

RUMOA distribuição da ação em linhas para-lelas escapa de ser mecânica porque tais linhas têm rumos independentes. Não seguem direção única; seu destino é tortuo-so, incerto.

3Biografi as sobre trilhos

se vale do personagem para apresentar muitas de suas dúvidas e questionamentos em relação ao que a Rússia pretendia fazer de si mesma e ao projeto de integrar o país ao capitalismo.

Mau agouroÉ inevitável lembrar que o

próprio Tolstói viria a morrer justamente numa estação de trem. Mas nem é preciso che-gar a tanto. Sem sair das pági-nas do romance, constatamos que a ferrovia está associada ao destino infeliz ou trágico de personagens importantes do livro. Contra esse fundo, o conforto dos vagões de luxo e a comodidade dos desloca-mentos rápidos, a despeito da sua imagem orgulhosa de progresso, contêm uma nota de mau agouro.

Se o trem concentra um dos principais temas subjacentes ao romance – a polêmica em torno do projeto moderniza-dor da Rússia –, de outro lado oferece a fi gura visual cons-tante de dois trilhos paralelos. Isso vem ao caso, pois as linhas paralelas representam um dos princípios mais importantes na estruturação do livro, a constante formal que baliza a ação e ajuda o livro a manter coesas as numerosas e varia-das linhas do enredo.

O título nos rascunhos era “Dois Casais”, ou “Dois Casa-mentos”. Essa dupla de pares justapostos reforça a imagem das linhas paralelas e traz à mente a imagem dos trilhos. Assim, o casamento integra-se ao tema de fundo do livro e confere uma forma concreta ao mais importante princípio estruturador do romance: o paralelismo.

Do que se diz aqui, alguém que não leu “Anna Kariênina” poderia pensar que se trata de um romance esquemático, escrito com régua e esquadro. Não é nada disso, nem de lon-ge. Não que o forte da prosa de Tolstói seja a sutileza ou a discrição. Não é. Seu ímpeto procura o concreto. Um dos principais méritos do livro, sua abrangência, deve muito ao fato engenhoso de não se prender a um centro.

A distribuição da ação em linhas paralelas, em geral for-madas por casais, escapa do

perigo de adquirir uma feição mecânica porque tais linhas têm rumos em grande parte independentes. Não seguem uma direção única, estável; seu destino é tortuoso, incer-to. O crítico russo Viktor Chk-lóvski (1893-1984) estudou os procedimentos estilísticos de Tolstói e sublinhou o para-lelismo. Chklóvski cunhou o conceito de construção esca-lonada, procedimento que se apresenta quando a narrativa desdobra um objeto mediante refl exos e justaposições. Essa é a base do paralelismo em “Anna Kariênina”.

Senão vejamos: a cons-tante presença da ferrovia contém um reflexo das li-nhas paralelas em que se distribuem os casais e os personagens. De maneira mais específica: o acidente ocorrido na chegada de Anna a São Petersburgo no início do livro contém um reflexo da sua própria morte sob as rodas de um trem, no final. E ainda: a frustrada tenta-tiva de suicídio de Vrónski, o amante de Anna, surgirá como um reflexo antecipado do suicídio de Anna. E mais ainda: o livro abre com a crise conjugal por que passa

o irmão de Anna. Ela che-ga à capital para preservar o casamento ameaçado. E consegue. Mas essa crise, vista em retrospecto, surge como um reflexo da crise conjugal da própria Anna, que se desenvolverá nas par-tes seguintes.

As duas crises conjugais refletem-se. A segunda, a de Anna, se apresenta mais grave do que a primeira, a do irmão: ela se consuma na separação do casal ofi-cial, ao contrário da primei-ra crise, resolvida com uma conciliação formal. A mesma gradação do mais fraco para

o mais forte se verifica nas duas tentativas de suicídio: a primeira – a de Vrónski – se mostra mais fraca, contor-nável; a segunda – de Anna – tem desfecho fatal.

Olhando bem, até nesse quadro de dois pares e de duas ações que se refletem vemos formar-se outro pa-ralelo: o da gradação a que ambos os pares obedecem. O primeiro tem efeito mais fra-co; o segundo é conclusivo. O primeiro poderia ser visto como um agouro, um mau sinal. Talvez uma variedade mágica do paralelismo.

Mas voltemos às duas cri-ses conjugais. Elas se re-fletem, embora tomem ru-mos distintos. A despeito do motivo comum (o adultério), são independentes, exceto na sua disposição no espa-ço do romance, pois aí as duas crises conjugais estão presas uma à outra. Ou seja, só a construção do livro cria uma associação entre tais fatos. Os acontecimentos em si mesmos não supõem tal associação.

Outro efeito desses re-flexos de ações cronologi-camente distantes é o en-fraquecimento da noção do tempo linear. Pois, se um objeto ou um fato se reflete em outro, do passado ou do futuro, ambos estão pre-sentes simultaneamente no pensamento: o tempo perde sua força de sequência, de concatenação, e adquire ou-tra forma – a da duração.

DesdobramentoA técnica do desdobramento

do material romanesco permi-te que Tolstói expanda o ro-mance até alcançar as dimen-sões incomuns que apresenta, sem perder a coesão.

Não se trata apenas de

desdobrar a crise conjugal do irmão de Anna na crise conjugal da própria Anna, como já vimos. Também não se trata apenas de desdobrar o eixo principal da narração em dois casamentos: o de Liévin e Kitty e o de Anna e Vrónski. O próprio casamen-to de Anna se desdobra em dois: o de Anna com Kariênin e de Anna com Vrónski. E mais ainda: Tolstói dá um passo além e conduz o processo de desdobramento até o âmago da personalidade de Anna.

Refiro-me à passagem em que Anna começa a ser ven-cida pela indecisão e pela ambivalência da sua situa-ção, na qual tinha um marido e também tinha um amante, sem nada esconder de am-bos e sem poder desfazer-se nem de um nem de outro. Diz o texto de Tolstoi: “Anna não só estava pesarosa, como também começava a sentir um pavor diante de um novo estado de espírito, que nunca experimentara. Sentia que em sua alma tudo começava a duplicar-se, como às vezes se duplicam os objetos para os olhos cansados. Às vezes, não sabia o que temia e o que desejava. Não sabia se

temia ou se desejava o que existira antes ou o que iria existir, nem sabia exatamen-te o que desejava”.

Logo adiante, o texto diz: Anna “sentiu que sua alma começava a duplicar-se”. Quer escrever uma carta para o marido e outra carta para Vrónski. Planeja aban-donar o marido, mas quer levar o filho. Tolhida pelas alternativas, Anna se divide entre elas. E esse processo de divisões e subdivisões su-cessivas contém um reflexo do processo de duplicação, de desdobramento, que ocor-re em paralelo. Pois, na pas-sagem citada, a consciência dividida de Anna engendra um mundo duplicado. Passo a passo, o romance se expande e multiplica as linhas do seu enredo e as projeta em dobro sempre adiante.

Digno de nota é o caso dos fi lhos de Anna. São dois: um menino, que ela tem com o marido; e uma menina, que tem com o amante. Anna se apega cada vez mais ao me-nino, o fi lho do marido, cujas feições se refl etem no rosto da criança. No correr do romance, vê-se separada à força do fi lho e passa a procurá-lo com um

ímpeto que toma o aspecto dos anseios de uma mulher apaixonada. De outro lado, Anna repudia a fi lha que tem com Vrónski. Parece ver na menina uma espécie de usur-padora que pretende tomar a posição do fi lho.

Esse desdobramento dos filhos e o paralelo formado pelos sentimentos vão se re-fletir no marido de Anna. Pois o marido, Kariênin, mesmo sabendo que não é o pai da criança, trata a menina com zelo paternal e, sem seu cui-dado, talvez a criança nem sobrevivesse aos primeiros

dias após o parto. Kariênin jamais se mostrou assim com o próprio filho.

Portanto ele também se duplica: no caso da filha de Vrónski, ele deixa de ser o ho-mem preso às convenções. Chega a tratar com grande consideração o amante da esposa. Desse modo como que atravessa as linhas para-lelas que compõem o nosso próprio quadro.

DinamismoNessa situação, tão niti-

damente calcada em linhas duplas que se dividem e se desdobram, pode-se ver que o paralelismo em “Anna Ka-riênina” não se traduz em antíteses, em oposições si-métricas, nitidamente con-trastantes. Há um dinamis-mo capaz de dar aos termos de cada um desses paralelos uma boa margem de autono-mia, de vida própria.

O refl exo, processo em que os termos de cada par se espelham, confere coesão ao conjunto. O dinamismo que os movimenta evita que essa coesão se prenda a simetrias. Quero dizer, os termos que formam os pares e os parale-los não têm o mesmo peso.

O movimento de linhas pa-ralelas tem um duplo aspecto. Supõe necessariamente uma semelhança, uma vez que as linhas se acham sempre lado a lado: cada uma sempre se refere à outra. Mas também supõe que as linhas nunca es-tão juntas. Sempre refl etidas uma na outra, prendem-se, na verdade, em função de um desencontro.

Assim todos os casais im-portantes em “Anna Kari-ênina” se mantêm ligados em função de um constante desencontro. O que distin-gue os vários casais é seu sucesso ou seu fracasso em manter tal desencontro to-talmente sob controle.

No caso de Kitty e Liévin – a família supostamente feliz –, esse esforço de estabilidade no desencontro chega ao fim do romance com sinais de um êxito precário. No caso de Anna e seu novo casamen-to, nunca sancionado social-mente, o desencontro sai do controle. Torna-se insusten-tável e conduz à destruição a parte mais frágil: a mulher. Nesse aspecto, a construção com base no paralelismo, da forma elaborada por Tolstói – um paralelismo assimétri-

co –, contém marcas de um mundo social intrinsecamen-te desigual e opressivo.

Merece lembrança outro paralelo, não mencionado explicitamente no roman-ce, mas postulado em sua concepção geral: o desen-contro que prende a Rússia aos países ricos da Euro-pa. Em várias situações de “Anna Kariênina”, a vida da elite russa apresenta refle-xos desse modelo distante. Basta lembrar a frequência com que se fala francês, inglês e alemão entre as personagens e com que se mencionam obras e conquis-tas científicas e políticas da-queles países.

Aqui também, a exemplo do que ocorre com os vários casais do livro, os dois termos do par não se encontram. Cor-rem em paralelo, com pesos desiguais. A Rússia e o modelo capitalista estão presos um ao outro em um desencontro constante. Se isso, por sua vez, pode ser visto como um refl exo antecipado – como sinal ou mau agouro – de outro paralelo do qual somos parte hoje, é uma questão que vale a pena se fazer, quando lemos “Anna Kariênina”.

IDENTIDADEA técnica do desdo-bramento do material romanesco permite que Tolstói expanda o romance até alcançar suas dimensões inco-muns, sem perder a coesão característica a suas obras.

PADRÃOO movimento de li-nhas paralelas tem um duplo aspecto. Supõe uma semelhança, uma vez que as linhas se acham sempre lado a lado. Mas também supõe que elas nunca estão juntas.

LAÇOMerece lembrança outro paralelo, não explicitado no roman-ce de Tolstói, mas postulado em sua con-cepção: o desencontro que prende a Rússia aos países ricos do continente europeu.

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G4 MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013 MANAUS, DOMINGO, 20 DE OUTUBRO DE 2013 G5

Literatura

RESUMOA presença dos trens no romance de Tolstói (1828-1910) apon-ta para uma trama subjacente à obra, a das pretensões modernizadoras da Rússia. Mas a imagem ferroviária refl ete também o princípio ordenador da trama, em que pares de per-sonagens e situações se desdobram sem se encontrarem, como as paralelas dos trilhos.

O leitor difi cilmente dei-xará de notar o peso da presença dos trens em “Anna Kariênina”. É numa estação ferroviária, por exemplo, que Anna conhece Vrónski, seu futuro amante. Na ocasião, para horror da protagonista, um homem morre esmagado por um trem – ela própria, como se sabe, se suicidará jogando-se sob as rodas de um vagão. As últimas cenas do romance também se pas-sam numa estação, quando Vrónski parte para a guerra como voluntário. Seu intuito é antes morrer do que alcan-çar um triunfo militar. E o trem é o veículo para obter o que deseja.

Na mesma passagem, pri-meiro na estação e depois dentro de um vagão, os per-sonagens põem à prova suas visões a respeito da guerra. São inúmeras, no romance, escrito entre 1873 e 1877, as situa-ções em que o trem é fator da ação – elemento presente ou objeto de alusões em conver-sas, pensamentos ou sonhos.

As ferrovias eram novidade na Rússia. Exprimiam um dos esforços mais salientes para modernizar uma sociedade que se via como atrasada, tolhida por traços pré-capi-talistas. As vias férreas eram encaradas não só como um instrumento com fi ns práticos óbvios num país de territó-rio vastíssimo, mas também como um símbolo do empenho para equiparar a Rússia aos países ricos.

Por isso é importante ressal-tar que Liévin – um dos per-sonagens mais importantes do livro – manifesta críticas às estradas de ferro.

Sua atitude é ridicularizada por amigos, que mal lhe per-mitem expor suas objeções e nem mesmo querem ouvi-lo. Nesse aspecto, veem em Lié-vin um excêntrico ou um pro-vinciano retrógrado. E Tolstói

RUBENS FIGUEIREDO ILUSTRAÇÃO CLAUDIUS

Paralelismos e desencontros em “Anna Kariênina”

RUMOA distribuição da ação em linhas para-lelas escapa de ser mecânica porque tais linhas têm rumos independentes. Não seguem direção única; seu destino é tortuo-so, incerto.

3Biografi as sobre trilhos

se vale do personagem para apresentar muitas de suas dúvidas e questionamentos em relação ao que a Rússia pretendia fazer de si mesma e ao projeto de integrar o país ao capitalismo.

Mau agouroÉ inevitável lembrar que o

próprio Tolstói viria a morrer justamente numa estação de trem. Mas nem é preciso che-gar a tanto. Sem sair das pági-nas do romance, constatamos que a ferrovia está associada ao destino infeliz ou trágico de personagens importantes do livro. Contra esse fundo, o conforto dos vagões de luxo e a comodidade dos desloca-mentos rápidos, a despeito da sua imagem orgulhosa de progresso, contêm uma nota de mau agouro.

Se o trem concentra um dos principais temas subjacentes ao romance – a polêmica em torno do projeto moderniza-dor da Rússia –, de outro lado oferece a fi gura visual cons-tante de dois trilhos paralelos. Isso vem ao caso, pois as linhas paralelas representam um dos princípios mais importantes na estruturação do livro, a constante formal que baliza a ação e ajuda o livro a manter coesas as numerosas e varia-das linhas do enredo.

O título nos rascunhos era “Dois Casais”, ou “Dois Casa-mentos”. Essa dupla de pares justapostos reforça a imagem das linhas paralelas e traz à mente a imagem dos trilhos. Assim, o casamento integra-se ao tema de fundo do livro e confere uma forma concreta ao mais importante princípio estruturador do romance: o paralelismo.

Do que se diz aqui, alguém que não leu “Anna Kariênina” poderia pensar que se trata de um romance esquemático, escrito com régua e esquadro. Não é nada disso, nem de lon-ge. Não que o forte da prosa de Tolstói seja a sutileza ou a discrição. Não é. Seu ímpeto procura o concreto. Um dos principais méritos do livro, sua abrangência, deve muito ao fato engenhoso de não se prender a um centro.

A distribuição da ação em linhas paralelas, em geral for-madas por casais, escapa do

perigo de adquirir uma feição mecânica porque tais linhas têm rumos em grande parte independentes. Não seguem uma direção única, estável; seu destino é tortuoso, incer-to. O crítico russo Viktor Chk-lóvski (1893-1984) estudou os procedimentos estilísticos de Tolstói e sublinhou o para-lelismo. Chklóvski cunhou o conceito de construção esca-lonada, procedimento que se apresenta quando a narrativa desdobra um objeto mediante refl exos e justaposições. Essa é a base do paralelismo em “Anna Kariênina”.

Senão vejamos: a cons-tante presença da ferrovia contém um reflexo das li-nhas paralelas em que se distribuem os casais e os personagens. De maneira mais específica: o acidente ocorrido na chegada de Anna a São Petersburgo no início do livro contém um reflexo da sua própria morte sob as rodas de um trem, no final. E ainda: a frustrada tenta-tiva de suicídio de Vrónski, o amante de Anna, surgirá como um reflexo antecipado do suicídio de Anna. E mais ainda: o livro abre com a crise conjugal por que passa

o irmão de Anna. Ela che-ga à capital para preservar o casamento ameaçado. E consegue. Mas essa crise, vista em retrospecto, surge como um reflexo da crise conjugal da própria Anna, que se desenvolverá nas par-tes seguintes.

As duas crises conjugais refletem-se. A segunda, a de Anna, se apresenta mais grave do que a primeira, a do irmão: ela se consuma na separação do casal ofi-cial, ao contrário da primei-ra crise, resolvida com uma conciliação formal. A mesma gradação do mais fraco para

o mais forte se verifica nas duas tentativas de suicídio: a primeira – a de Vrónski – se mostra mais fraca, contor-nável; a segunda – de Anna – tem desfecho fatal.

Olhando bem, até nesse quadro de dois pares e de duas ações que se refletem vemos formar-se outro pa-ralelo: o da gradação a que ambos os pares obedecem. O primeiro tem efeito mais fra-co; o segundo é conclusivo. O primeiro poderia ser visto como um agouro, um mau sinal. Talvez uma variedade mágica do paralelismo.

Mas voltemos às duas cri-ses conjugais. Elas se re-fletem, embora tomem ru-mos distintos. A despeito do motivo comum (o adultério), são independentes, exceto na sua disposição no espa-ço do romance, pois aí as duas crises conjugais estão presas uma à outra. Ou seja, só a construção do livro cria uma associação entre tais fatos. Os acontecimentos em si mesmos não supõem tal associação.

Outro efeito desses re-flexos de ações cronologi-camente distantes é o en-fraquecimento da noção do tempo linear. Pois, se um objeto ou um fato se reflete em outro, do passado ou do futuro, ambos estão pre-sentes simultaneamente no pensamento: o tempo perde sua força de sequência, de concatenação, e adquire ou-tra forma – a da duração.

DesdobramentoA técnica do desdobramento

do material romanesco permi-te que Tolstói expanda o ro-mance até alcançar as dimen-sões incomuns que apresenta, sem perder a coesão.

Não se trata apenas de

desdobrar a crise conjugal do irmão de Anna na crise conjugal da própria Anna, como já vimos. Também não se trata apenas de desdobrar o eixo principal da narração em dois casamentos: o de Liévin e Kitty e o de Anna e Vrónski. O próprio casamen-to de Anna se desdobra em dois: o de Anna com Kariênin e de Anna com Vrónski. E mais ainda: Tolstói dá um passo além e conduz o processo de desdobramento até o âmago da personalidade de Anna.

Refiro-me à passagem em que Anna começa a ser ven-cida pela indecisão e pela ambivalência da sua situa-ção, na qual tinha um marido e também tinha um amante, sem nada esconder de am-bos e sem poder desfazer-se nem de um nem de outro. Diz o texto de Tolstoi: “Anna não só estava pesarosa, como também começava a sentir um pavor diante de um novo estado de espírito, que nunca experimentara. Sentia que em sua alma tudo começava a duplicar-se, como às vezes se duplicam os objetos para os olhos cansados. Às vezes, não sabia o que temia e o que desejava. Não sabia se

temia ou se desejava o que existira antes ou o que iria existir, nem sabia exatamen-te o que desejava”.

Logo adiante, o texto diz: Anna “sentiu que sua alma começava a duplicar-se”. Quer escrever uma carta para o marido e outra carta para Vrónski. Planeja aban-donar o marido, mas quer levar o filho. Tolhida pelas alternativas, Anna se divide entre elas. E esse processo de divisões e subdivisões su-cessivas contém um reflexo do processo de duplicação, de desdobramento, que ocor-re em paralelo. Pois, na pas-sagem citada, a consciência dividida de Anna engendra um mundo duplicado. Passo a passo, o romance se expande e multiplica as linhas do seu enredo e as projeta em dobro sempre adiante.

Digno de nota é o caso dos fi lhos de Anna. São dois: um menino, que ela tem com o marido; e uma menina, que tem com o amante. Anna se apega cada vez mais ao me-nino, o fi lho do marido, cujas feições se refl etem no rosto da criança. No correr do romance, vê-se separada à força do fi lho e passa a procurá-lo com um

ímpeto que toma o aspecto dos anseios de uma mulher apaixonada. De outro lado, Anna repudia a fi lha que tem com Vrónski. Parece ver na menina uma espécie de usur-padora que pretende tomar a posição do fi lho.

Esse desdobramento dos filhos e o paralelo formado pelos sentimentos vão se re-fletir no marido de Anna. Pois o marido, Kariênin, mesmo sabendo que não é o pai da criança, trata a menina com zelo paternal e, sem seu cui-dado, talvez a criança nem sobrevivesse aos primeiros

dias após o parto. Kariênin jamais se mostrou assim com o próprio filho.

Portanto ele também se duplica: no caso da filha de Vrónski, ele deixa de ser o ho-mem preso às convenções. Chega a tratar com grande consideração o amante da esposa. Desse modo como que atravessa as linhas para-lelas que compõem o nosso próprio quadro.

DinamismoNessa situação, tão niti-

damente calcada em linhas duplas que se dividem e se desdobram, pode-se ver que o paralelismo em “Anna Ka-riênina” não se traduz em antíteses, em oposições si-métricas, nitidamente con-trastantes. Há um dinamis-mo capaz de dar aos termos de cada um desses paralelos uma boa margem de autono-mia, de vida própria.

O refl exo, processo em que os termos de cada par se espelham, confere coesão ao conjunto. O dinamismo que os movimenta evita que essa coesão se prenda a simetrias. Quero dizer, os termos que formam os pares e os parale-los não têm o mesmo peso.

O movimento de linhas pa-ralelas tem um duplo aspecto. Supõe necessariamente uma semelhança, uma vez que as linhas se acham sempre lado a lado: cada uma sempre se refere à outra. Mas também supõe que as linhas nunca es-tão juntas. Sempre refl etidas uma na outra, prendem-se, na verdade, em função de um desencontro.

Assim todos os casais im-portantes em “Anna Kari-ênina” se mantêm ligados em função de um constante desencontro. O que distin-gue os vários casais é seu sucesso ou seu fracasso em manter tal desencontro to-talmente sob controle.

No caso de Kitty e Liévin – a família supostamente feliz –, esse esforço de estabilidade no desencontro chega ao fim do romance com sinais de um êxito precário. No caso de Anna e seu novo casamen-to, nunca sancionado social-mente, o desencontro sai do controle. Torna-se insusten-tável e conduz à destruição a parte mais frágil: a mulher. Nesse aspecto, a construção com base no paralelismo, da forma elaborada por Tolstói – um paralelismo assimétri-

co –, contém marcas de um mundo social intrinsecamen-te desigual e opressivo.

Merece lembrança outro paralelo, não mencionado explicitamente no roman-ce, mas postulado em sua concepção geral: o desen-contro que prende a Rússia aos países ricos da Euro-pa. Em várias situações de “Anna Kariênina”, a vida da elite russa apresenta refle-xos desse modelo distante. Basta lembrar a frequência com que se fala francês, inglês e alemão entre as personagens e com que se mencionam obras e conquis-tas científicas e políticas da-queles países.

Aqui também, a exemplo do que ocorre com os vários casais do livro, os dois termos do par não se encontram. Cor-rem em paralelo, com pesos desiguais. A Rússia e o modelo capitalista estão presos um ao outro em um desencontro constante. Se isso, por sua vez, pode ser visto como um refl exo antecipado – como sinal ou mau agouro – de outro paralelo do qual somos parte hoje, é uma questão que vale a pena se fazer, quando lemos “Anna Kariênina”.

IDENTIDADEA técnica do desdo-bramento do material romanesco permite que Tolstói expanda o romance até alcançar suas dimensões inco-muns, sem perder a coesão característica a suas obras.

PADRÃOO movimento de li-nhas paralelas tem um duplo aspecto. Supõe uma semelhança, uma vez que as linhas se acham sempre lado a lado. Mas também supõe que elas nunca estão juntas.

LAÇOMerece lembrança outro paralelo, não explicitado no roman-ce de Tolstói, mas postulado em sua con-cepção: o desencontro que prende a Rússia aos países ricos do continente europeu.

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Metrô fantasma em alta e recado do além de Diana

Memórias do subsolo inglês

Diário de Londres O MAPA DA CULTURA

Os subterrâneos de Londres es-condem mais do que terra, tubos, fi os e vestígios da ocupação roma-na no século 1º d.C. A cidade tam-bém caminha sobre uma rede fan-tasma de metrô, com quase quatro dezenas de estações abandonadas ao longo do tempo. Algumas delas ainda preservam o prédio original no nível da rua, com a típica fa-chada de cerâmica vermelha do período eduardiano.

Uma das mais intactas é a de Aldwych, no centro. Foi inaugu-rada em 1907, quando os pas-sageiros circulavam de cartola e pincenê. Pertenceu a um rabicho desativado da linha Piccadilly e serviu de esconderijo para obras de arte durante os bombardeios alemães da Segunda Guerra. Meio século depois, em 1994, foi apo-sentada devido à baixa demanda de tráfego.

Desde que fechou as portas, a estação virou cenário para fi lmes como “V de Vingança” (2005) e “Desejo e Reparação” (2007). A partir do próximo dia 7, vai virar atração turística: seus túneis po-derão ser percorridos em visitas

organizadas pelo Museu do Trans-porte de Londres.

Os passeios fazem parte da comemoração dos 150 anos do metrô londrino, o mais anti-go do mundo. Quem não estiver na capital britânica, mas quiser conhecer seu submundo pode assistir ao documentário “The Secret Station” (www.youtube.com/watch?v=6xSzU0oM4mM).

Liquidação As estações abandonadas do

“tube” também entraram na mira da especulação imobiliária, um as-sunto tão frequente em Londres como o preço dos aluguéis no Rio de Janeiro. A bola da vez é Brompton Road, riscada do mapa da linha Piccadilly em 1934.

A velha estação fi ca numa das áreas mais valorizadas da capital britânica, entre South Kensington e Knightsbridge. Também preserva a fachada original e, do lado de dentro, os azulejos coloridos do arquiteto Leslie Green.

O imóvel pertence ao Ministério da Defesa e foi um dos bunkers do sistema de artilharia antiaérea durante a “blitzkrieg”. O leilão terá lance mínimo de 20 milhões, cerca de R$ 70 milhões.

Ali perto, em Mayfair, a an-tiga parada Down Street ainda não desperta o mesmo interesse. Usada como bunker por Winston Churchill, hoje dá lugar a um merca-dinho simples, que vende sorvetes e enlatados.

Fiasco real Fazia tempo que um fi lme não

era tão malhado nessas ilhas. Lan-çado com uma ampla campanha de propaganda, “Diana” despencou nas bilheterias e virou o fi asco do ano no Reino Unido. Em um mês, conseguiu se tornar mais impopu-lar que a rival da princesa na vida real, Camilla Parker-Bowles.

Não é que a cinebiografi a tome as dores do palácio e transforme a Lady Di (1961-97) em vilã. O que afugentou o público foi retratá-la como uma solteirona banal em seus dois últimos anos – uma es-pécie de Bridget Jones com título da realeza, na defi nição do “Daily Telegraph”.

O constrangimento começou antes da estreia, quando a atriz Naomi Watts sugeriu ter recebido o aval da princesa, diretamente do além, para interpretá-la. O diálo-go sobrenatural caberia no tosco roteiro do fi lme, em que Di vive

um romance de folhetim com um médico paquistanês.

“A triste verdade é que, 16 anos depois, Diana sofreu mais uma morte terrível”, fuzilou Peter Bra-dshaw, do “Guardian”. Recente-mente, o diretor do fi lme, Oliver Hirschbiegel, se disse arrasado com as críticas negativas. Nas ruas de Londres, Watts continua a sorrir vestida de Diana em anúncios nos ônibus de dois andares.

Licença para matar “Não é só sexo casual. Parece,

na minha opinião, que ele deseja um relacionamento de verdade.” O autor da frase é William Boyd, o novo escritor da série 007. “Ele” é James Bond, o agente secreto a serviço de Sua Majestade.

A revelação assustou aspirantes a bondgirl no lançamento do romance “Solo”. Para tranquilizar as leitoras, Boyd deixou claro que o espião conserva outros “maus hábitos”, como a bebida e o cigarro.

O livro começa com um café da manhã solitário no hotel Dorchester, com vista para o Hyde Park. Para imitar o ex-mulherengo, é preciso encarar quatro ovos mexidos e api-mentados, meia dúzia de fatias de bacon tostado e um café forte.

BERNARDO MELLO FRANCO

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5 Um evento de vanguarda

Arquivo Aberto MÉMORIAS QUE VIRAM HISTÓRIAS

Em fi ns de 1972 já se podia per-ceber que muitos artistas plás-ticos faziam experimentações com novos meios: audiovisuais, super-8, 16 mm e som, e não apenas trabalhos conceituais ou com pintura, desenho, gravura, performance.

Considerei que seria uma boa ideia reunir esses artistas num evento para que pudessem apre-sentar seus trabalhos. Come-cei relacionando aqueles que já conhecia em São Paulo e, por correspondência com Hélio Oiticica (que estava em Nova York) e Antonio Dias (em Mi-lão), procurei saber quais outros criadores estavam trabalhando nessas especulações.

Assim surgiram, além deles, artistas como Raymundo Cola-res, então em Trento, Iole de Freitas, Anna Maria Maiolino e Cildo Meireles.

Em São Paulo, Marcello Nits-che já manejava o super-8, além de Gabriel Borba Filho, Donato Ferrari, Fridman. Mario Cravo Neto, na Bahia, também parti-

ciparia. Devi muito a Marcio Sampaio,

crítico de Belo Horizonte, para trazer ao evento alguns mineiros. Mauricio Andrés nos brindou com o sensual “Lama”. Já o goiano Paulo Fogaça nos surpreendeu com o “Bicho Morto”.

Era tempo de regime militar, e eram perceptíveis as alusões políticas disfarçadas alegorica-mente: no corpo, na poesia, as improvisações criadas por cada um tinham um sabor que hoje, por certo, chamarão a atenção das novas gerações.

Consegui então o patrocínio do Banco Novo Mundo e a par-ticipação da Fotóptica, para a parte de equipamentos. E onde realizar o evento? Desejava um espaço neutro, nem museu nem galeria.

Procurei Abrão Berman, que tinha, na rua Estados Unidos, quase esquina da Melo Alves, um centro de formação para os que se iniciavam com o super-8, o Grife (Grupo de Realizadores Independentes de Filmes Expe-rimentais). Ele acolheu de ime-diato a ideia, que se realizou em

junho de 1973. ExpoProjeção73 foi um nome

híbrido, proposital, para o even-to. Posso dizer que foi um su-cesso. Pude realizar, graças ao patrocínio, um catálogo bilíngue que teve o logotipo e o desenho gráfi co de Claudio Tozzi e Julio Abe Wakahara, com impressão gráfi ca a cargo do editor Mas-sao Ohno.

Resultou em programação diá-ria de sete dias. Havia fi la para entrar na Grife, tal a afl uência ao evento.

O crítico Romero Brest, da Argentina, escreveu sobre a ex-posição na revista “Vision” e chamou a atenção de Jorge Glus-berg, diretor do Centro de Arte y Comunicación de Buenos Aires, que apresentou uma síntese do evento em dezembro de 73.

Em época sem internet e sem assistentes, o trabalho de contatar artistas, datilografar cartas, prepa-rar conteúdo do catálogo e solicitar patrocínio foi feito na garra. As car-tas levavam cerca de uma semana para os Estados Unidos e de oito a dez dias para a Europa.

Às vezes havia um contratempo.

Uma carta para Oiticica seguiu para Milão, e a destinada a Dias, para Nova York. Mas eles troca-ram a correspondência e nada de grave ocorreu! E assim seguiu célere o preparo da exposição.

Hoje, para celebrarmos os 40 anos do evento no Sesc Pi-nheiros, os audiovisuais foram remasterizados.

O esforço agora foi tentar localizar os trabalhos, muitos extraviados, e os autores, um a um, em trabalho paciente. A ideia de comemorar os 40 anos do evento foi do produtor de vídeo Roberto Moreira S. Cruz, que apresentará uma síntese de vídeos no Brasil, de 1974 até hoje. E a Cinemateca participou na recuperação e/ou limpeza dos super-8.

E que tal expor arquivos do evento de 1973, registro de como se organizou há 40 anos um evento de vanguarda?

NotaA ExpoProjeção 1973/2013

será realizada no Sesc Pinhei-ros entre quarta (23/10) e 12/1. A entrada é franca.

ARACY AMARAL

Capa do catálogo original da ExpoProjeção73

ACERVO PESSOAL

São Paulo, 1973

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Música

6RESUMOMais do que o praia-no Dorival Caymmi, o músico de Exu (1912-89) exportou a cultu-ra do Nordeste para os núcleos urbanos do Sul e do Sudeste. Elemento agregador para os migrantes, Gonzaga ganha, em dezembro, um museu que busca refl etir a dialética entre tradi-ção e tecnologia que ele próprio imprimiu a sua música.

Luiz Gonzaga e as fronteiras do Nordeste

O sertão e muito mais

Costumo dizer que Luiz Gon-zaga e Dorival Caymmi eram so-ciologicamente previsíveis. Não que fossem necessariamente acontecer, como efeitos de al-guma lei infl exível que regesse as coisas do mundo. Mas porque os ambientes ecológicos e so-ciais eram propícios à aparição

ANTONIO RISÉRIO

de um e do outro. Caymmi nasceu num recôn-

cavo negro-mestiço impressio-nantemente aquático, pleno de orixás. Um espaço de praias, rios, jangadas, saveiros, marca-do pela poesia e pela música do samba de roda e dos terreiros do candomblé.

Não foi apenas por acaso que nasceu na Bahia, dona da maior fatia do litoral brasileiro, um poeta como ele – o raro e claro cantor das canções praieiras, cultivando um samba diverso do samba já estilizado do Rio de Janeiro. Gonzaga, por sua vez, nasceu entre jagunços e vaqueiros, na região da pecuária e da cultura do couro, marcada por longos períodos de seca.

Era esperável que as circuns-tâncias socioecológicas se gra-vassem ou se imprimissem um dia, funda e profundamente, nas criações poético-musicais de ambos (no caso de Gon-zaga, incluindo seus principais parceiros, Humberto Teixeira e Zé Dantas). E de fato elas se encarnaram. Não é por outro motivo que devemos tratar Caymmi como uma expressão estética concentrada da cultura tradicional litorânea da Bahia de Todos os Santos e seu Recônca-vo. E Luiz Gonzaga como uma expressão estética concentrada

do amplo e rico contexto em que se confi gurou a cultura nordes-tina – vale dizer, sertaneja.

PaisagemEm “Os Sertões” (1902), Eu-

clydes da Cunha contrapôs a lonjura sertaneja à extensão praieira. E o que ele vê no sertão é a paisagem atormen-tada. O “martírio da terra”, que se deixa ler “no enterroado do chão, no desmantelo dos cerros quase desnudos, no contorcido dos leitos secos dos ribeirões efêmeros, no constrito das gar-gantas e no quase convulsivo de uma fl ora decídua embaralhada em esgalhos”.

No interior desse martírio da terra é que ele vai situar o martírio humano, “refl exo da tortura maior, mais ampla, abrangendo a economia geral da vida”. O ser humano em ques-tão é, obviamente, o sertanejo, “rocha viva da nacionalidade”. É o Nordeste das “fi guras de homens e de bichos se alon-gando quase em fi guras de El Greco”. Nordeste das ossadas esbranquiçadas. Dos “sertões de areia seca rangendo debaixo dos pés”. Das “paisagens duras doendo nos olhos”.

Um é o Nordeste barroco-ca-navieiro, místico-erótico, com suas praias e seus orixás. Outro

é o Nordeste do gado e do couro, seco-ascético-milenarista, com procissões que se arrastam pe-dindo chuva.

O rei do baião pertence ao Nordeste messiânico da caa-tinga abrasada, do sol sinistro e do chão malcriado. “O sertão é ele”, declarou Câmara Cascu-do, à lembrança dos ritmos e das paisagens dos sertões per-nambucanos. É por isso que foi ele – e não Dorival Caymmi – a estrela das migrações nordes-tinas. Luiz Gonzaga se projetou no contexto dessa migração massiva, e desempenhou aí o papel de referencial de cul-tura, infl uenciando na coesão psicossocial do migrante e, graças ao sucesso que alcan-çou no sul, no processo de integração do “baiano” à nova realidade sudestina.

Circulando no eixo das cida-des mais modernas do Brasil, tocando nas emissoras de rádio e gravando discos, entrou com o Brasil sertanejo país adentro. Ali onde milhares e milhares de camponeses passavam, de repente, à condição de urba-nitas. A história da cidade, no Brasil, foi marcada por isso. Por este deslocamento massivo da “Communitas” à “Gesellschast ”, da comunidade à sociedade. Mais do que de uma transição

brusca, trata-se de um corte profundo e radical.

O sujeito caía na roda-viva de um novo universo geográfi co, climático, social e cultural. E jamais se dá sem difi culdade este salto em direção a outra ordem, em que passavam a vigorar direitos e modos asso-ciativos defi nitivamente desse-melhantes aos que as pessoas conheciam em seus lugares de origem. Entrava em jogo, em São Paulo e em outras partes do país, e num horizonte de crise, toda uma teia de valores, padrões de comportamentos, estruturas de crenças, relações de trabalho etc. E tudo se des-dobrando num meio muitas ve-zes hostil, em cujo âmbito se multiplicavam, por falar nisso, as “piadas de baiano”.

Gonzaga desempenhou o pa-pel nada insignifi cante, social e culturalmente, de força an-tidesagregadora. Atuando na dimensão dos signos – e em plano de massas –, ele trazia consigo um universo familiar aos nordestinos, com suas re-presentações conhecidas e seus referenciais nítidos.

Desse modo, evitou que se esgarçasse ou se rompesse, na migração, o tecido original da cultura sertaneja nordestina. E ainda contribuiu para a sua

afi rmação nos bairros que hoje compõem o cinturão mais colo-rido e mais vivo da periferia da maior cidade que os brasileiros construíram. Luiz Gonzaga viu que era possível reconstruir uma unidade na dimensão da cultura. E isto a partir de uma adequação não subordinada do subsistema cultural sertanejo às realidades em movimento numa nova es-fera metropolitana.

Luiz Gonzaga foi o primeiro produto industrial que o Nor-deste exportou. E se impôs. Conheceu herdeiros e futuros herdeiros. No fi nal da década de 1950, podia olhar para trás e se congratular pela espetacular vitória cultural de seu projeto nordestino.

Veio o declínio, no horizonte da cultura de massa de um país que se atualizava e procurava se afi rmar no mundo como nação moderna. Era o Brasil sob o signo de Brasília. No campo mu-sical, o rock and roll, a bossa nova e, em seguida, a jovem guarda ocuparam o centro da cena. Com o tempo, porém, Gonzaga renasceria para o país, na voz da novíssima geração da década de 1960. E o baião continuou dando frutos, e os frutos do baião são muitos, encarnando a cultura tradicional como a encarnação do novo.

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