em que medida é possível incorporar a ideologia de autores da
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G r a d u a n d o , F e i r a d e S a n t a n a , v . 4 , n . 6 / 7 , p . 1 9 - 3 2 , j a n . / d e z . 2 0 1 3
E M QUE ME D I DA É P OS S Í VE L I NC OR P ORA R A
I D E OL OG IA D E A UT OR E S DA ÁR E A E DU CA C I ON A L N A C ONS TR UÇ ÃO D O P R O JE T O P OL Í T I CO -
P E DA G ÓG I C O
F l ág i l a Ma r i nh o d a S i l v a L ima 1
L i c enc i a t u r a em Le t r as Ve r n ácu l as
f l ag i l a . e n eb@gma i l . c om
Resumo : O pr esente a r t i go v i sa re f l e t i r em que med ida é
poss íve l i ncorpora r a i deo l og i a de autores da á rea educac i ona l
na const rução do Pro je to Po l í t i co -Pedagóg i co ( PPP ) . A metodo -
l og i a é de cunho b i b l i ográ f i co , dessa forma , o embasamento
teór i co dar -se-á com es tud i osos da á rea educac i ona l , bem
como autores da Aná l ise de D i scurso de L i nha F rancesa . Ta l
d i á l ogo ent re as refer i das teor i as fo i impor tan te para uma
ma ior compreensão/esc l a rec imento acerca da e l aboração do
PPP e as nuances i deo l óg i cas que perme i am essa cons t rução .
Logo , a par t i r dos es tudos sobre o t ema , fo i poss íve l compre -
ender que nenhum d i scurso é dotado de neut ra l i dade , nem
mesmo quando se t ra ta do d i scurso c i en t í f i co . Por tan to , os
autores da educação , ao par t i l ha rem em seus d i scursos peda -
góg i cos : i de i as , va l o res , pre ferênc i as , ca r regam ne l es determ i -
nadas i deo l og i as , que , por sua vez , são compar t i l hadas pe l o
PPP da esco l a , que os esco l heu como sus tentação teór i ca para
a sua cons t rução .
Pa l av ras-chave : Esco l a . P l ane jamento . Pro je to Po l í t i co -Pedagó-
g i co . D iscurso . Ideo l og i a .
1 I N T RO D U Ç Ã O
É impor tan te perceber que a esco la assume um pape l
fundamenta l na soc i edade , pr i nc i pa lmente no que concerne à
ISSN 2236-3335
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cons t rução de i dent i dade e c i dadan ia . Logo , é fundamenta l que
e l a possa adota r um pos i c i onamento pedagóg i co e po l í t i co que
d i rec i one sua práx i s . Nes te caso, o p l ane jamento esco la r se
torna uma fer ramenta impresc i nd íve l , po i s , como a f i rma L i bâneo
( 1 994 , p . 22 ) , “ [ . . . ] p l ane jamento é uma a t iv i dade de ref l exão
acerca das nossas opções e ações . ” É , por tan to , nessa
con jun tura do p l ane jamento esco l a r , que se encont ra o
chamado Pro je to Po l í t i co-Pedagóg i co (doravante PPP ) que ,
segundo Vasconce l l os ( 2009 ) , va i def i n i r c l aramente o t i po de
ação educa t iva que se a lme ja rea l i za r .
Ora , sendo então o PPP o “p lane jamento ma ior ” de or i en -
tação para práx is pedagóg i ca da esco la e tendo es te como o
d i scurso que rege sua concepção de educação , pr i nc i pa lmente
no âmb i t o po l í t i co e soc i a l , é necessár i o que e l e se ja compre -
end i do , não apenas quanto a sua e l aboração e es t ru turação,
mas , sobretudo , na i deo l og i a que l he perme i a . Por i deo l og i a
entende-se , como a f i rma F i o r i n (2007 , p. 28 ) :
A esse con j un to d e i d e i a s , a e ssa s r ep r e sen t açõ es
q ue se r v em p a r a j u s t i f i c a r e e xp l i c i t a r a o r d em soc i a l ,
as co nd i ç õ es d e v i d a d o h omem e a s r e l açõ es q u e e l e
man tém com o s o u t ro s h omens é o q u e comumen t e
se ch ama d e i d eo l og i a .
De ta l modo , F re i re ( 201 1 , p . 1 22 ) i n fere que “Saber i gua l -
mente fundamenta l à prá t i ca educa t iva do professor ou da
professora é o que d i z respe i t o à força , às vezes ma ior do
que pensamos da i deo l og i a . ” De ta l modo , é impor tan te que o
educador conheça os processos i deo l óg i cos e se pos i c i one de
forma consc i en te e cr í t i ca d ian te das ma i s d iversas c i rcuns -
tânc i as .
Pa r t i ndo do pressupos to de que não ex i s te to ta l neut ra l i -
dade d iscurs iva , mesmo quando se fa l a em d i scurso c i en t i f i co ,
é que o presente t raba l ho v i sa ref l e t i r em que med ida é poss í -
ve l i ncorpora r a i deo l og i a de autores da á rea educac i ona l na
cons t rução do Pro je to Po l í t i co -Pedagóg i co . Ass im sendo , pa ra o
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desenvo lv imento do refer i do t raba l ho foram ut i l i zados os auto -
res : L i bâneo ( 1 994 ) , Vasconce l l os ( 2009 ) , Pad i l ha ( 200 1 ) , F re i re
( 20 1 1 ) , F i o r i n ( 2007 ) , Or l and i ( 2001 , 20 12 , 2012b ) , Mussa l im (20 12 ) ,
Chau í ( 20 12 ) e Pêcheux ( 1988 ) t endo em v is t a que ta i s es tu -
d i osos cont r i buem s i gn i f i ca t i vamente para essa d i scussão .
2 P L A N E J A M E N T O E P RO J E T O P O L Í T I C O - P E D A G Ó G I C O
De acordo com o d i c i onár i o Auré l i o ( 20 10 , p . 590 ) P lane ja r
é : “v td . 1 . Fazer o p l ano ou a p lan ta de ; t raçar . 2 . Tenc i onar ,
pro je ta r . 3 . E l abora r um p l ano de . ” Nesse contex to do d i c i onár i o
Auré l i o , o p l ane jamento assume um pape l mu i t o res t r i t o , po is se
ref ere apenas ao a to de p l ane ja r e não faz ou supõe uma
dependênc i a ent re a e l aboração e a rea l i zação . No contex to da
esco l a , esse “p l ane ja r ” assume uma d imensão mu i t o ma ior , uma
vez que abrange não apenas o a to de p l ane ja r , mas , sobre -
tudo , a efet i vação desse p lane jamento . Isso imp l i ca a f i rmar que
é prec i so pôr em prát i ca o que fo i p l ane jado sem perder o
foco do ob je t ivo f i na l . Só ass im o p l ane jamento esco l a r terá
sent i do ; em out ras pa lav ras , será rea l .
Como assegura Vasconce l l os ( 2009 , p . 79) , o que va i
i n t eressar à esco la é um conce i t o ma is i n tegra l de
p l ane jamento , o qua l se j a : “ [ . . . ] p l ane ja r é antec i pa r menta lmente
uma ação a ser rea l i zada e ag i r de acordo com o prev i s to .
P l ane ja r não é , po i s , apenas a l go que se faz antes de ag i r ,
mas é também ag i r em função daqu i l o que se pensou . ”
A inda sobre p l ane jamento , os autores Fonseca , Nasc i -
mento & S i lva ( 1995 , p . 8 1 -86 apud PAD ILHA, 200 1 , p . 3 1 ) apon -
tam a impor tânc ia e as cond i ções necessár i as para um bom
p l ane jamento e ressa l tam que es ta é uma capac i dade exc l us iva
do homem, conforme segue :
É uma a t i v i d ade essen c i a l e e xc l u s i v amen t e h uman a .
Somen t e o h omem , como an ima l r ac i o n a l e t empo r a l
q ue é , r e a l i z a a comp l e xa a t i v i d ade d e p l an e j amen t o .
[ . . . ] P en sa r an t e s d e ag i r . O r g an i z ação e ação .
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Adequ a r me i o s a f i n s e v a l o r e s . Es t as exp r essõ es
s i n t e t i z am o con ce i t o d e p l an e j amen to , c o n s i de r ando -o
uma t é cn i c a , uma f e r r amen t a p a r a a ação . Co l o c a - se
es t a q u es t ão d en t ro d o q ue se co nven c i ono u ch amar
d e v i são i n s t rumen t a l d o p l an e j amen t o , d es t acando - se
seu asp ec to u t i l i t á r i o . [ . . . ] G l o b a l , i n t e g r ado , co n t í nu o ,
r e a l i s t a , f l e x í v e l , i n t e rd i sc i p l i n a r e mu l t i p ro f i s s i on a l ,
par t i c ipa t ivo : e stas são a lgumas cond ições , en t re ou t ras ,
par a um bom p lane j amen to , inc lus ive o educac iona l .
Des ta r te , a a t i v i dade docente é consc i en te e s i s temá t i ca ,
e o a to de p l ane ja r é de suma importânci a para que suas
i n tenções educa t ivas se jam e fet i vadas . Não obs tan te , essas
i n tenções educa t ivas necess i t am de que es te j am d i re tamente
a t re l adas ao contex to soc i ocu l t u ra l da sua comun idade , dos
seus su je i t os , i s to é , dos que , ef e t i vamente , cons t roem a
esco l a .
Po i s bem, para L i bâneo ( 1 994 ) , O p l ane jamento esco l a r
es tá d iv i d i do em pe l o menos t rês n íve i s : O p l ano da esco l a
( PPP ) , o p l ano de ens i no e o p l ano de au l a . Ass im sendo , o
Pro je to Po l í t i co -Pedagóg i co es tá i nser i do nesses n íve i s de
p l ane jamento e se conf i gura como sendo o documento ma is
g l oba l que l i ga a esco l a ao s i s tema escol a r ma i s amp lo e
também aos p l anos de ens i no propr i amente d i t os . E é jus ta -
mente esse n íve l de p l ane jamento que o r efer i do t raba l ho se
a ten ta rá .
Par t i ndo do própr i o termo “Pro je to Po l í t i co -
Pedagóg i co” (como a ma ior i a dos autores prefer em chamar ) ,
pode-se ter uma noção de qua l s e j a a sua f unção dent ro da
esco l a . Segundo o d i c i onár i o Auré l i o ( 20 10 ) : Pro je to vem do
l a t im pro jectu , que s i gn i f i ca l ançado para d i an te ; Po l í t i ca s i gn i -
f i ca a a r te e a c i ênc i a de bem governar ; e Pedagóg i co é
re l a t i vo ou conforme à Pedagog i a . Ass im , o PPP é i n tenc i ona l ,
compromet i do com a formação po l í t i ca do c i dadão e é uma
proem inênc i a nas ações educat i vas .
Pa ra Vasconce l l os ( 2009 , p . 169 ) :
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O P r o j e to P o l i t i c o - Ped agóg i c o ( o u P ro j e t o Ed u ca t i vo ) é
o p l ano g l o b a l d a i n s t i t u i ç ão . P o de se r en t end i do como
a s i s t ema t i z ação , n u n ca d e f i n i t i v a , d e um p r o cesso d e
P l an e j amen to P a r t i c i p a t i v o , q u e se ap er f e i ç o a e s e
con c r e t i z a n a c am i nh ad a , q u e d e f i n e c l a r amen t e o t i p o
d e ação edu ca t i v a q u e se q ue r r e a l i z a r . É um i n s t r u -
men t o t e ó r i c o -me t odo l óg i c o p a r a a i n t e r v en ção e
mud an ça d a r e a l i d ade . É um e l emen t o d e o r g an i z ação
e i n t e g r ação d a a t i v i d ad e p r á t i c a d a i n s t i t u i ç ão n es t e
p ro cesso d e t r an s fo rmação .
Concebendo o PPP de forma ef i caz , a esco l a ev i ta o
improv i so , def i ne metas e o cam inho para a lcançá - l as , a l ém de
ofer t a r segurança teór i co-metodo l óg i ca . O grande desa f i o ,
a i nda ho je , cons i s te na es t ru turação e e l aboração do PPP de
forma co l e t i va e democrát i ca , sem fa l a r que mu i t os depo is de
prontos são “engavetados” , o que l eva a perceber que só
foram preparados para supr i r a ex igência de uma instância ma ior .
Para Vasconce l l os ( 2009 ) , o PPP é compos to de bas i ca -
mente t rês grandes par tes : Marco Referenc i a l , D i agnós t i co e
Programação . E é com base no refer i do autor que se aborda
aqu i t a is d imensões . O Marco Referenc i a l d i z respe i t o ao pos i -
c i onamento da esco la ; é a tomada de pos ição da i ns t i t u i ção
f ren te a sua i dent i dade , sua v isão de mundo , va l o res , ob je t ivos
e comprom issos . A l ém d i sso , ev i denc i a a “d i reção” , o rumo que
a esco l a esco l heu para pro je ta r a sua prá t i ca . É subd iv i do em:
Marco S i t uac i ona l (onde es tamos e como vemos a rea l i dade) ;
Marco Dout r i na l (pa ra onde queremos i r ) ; e o Marco Opera t i vo
( que hor i zonte queremos para a nossa ação ) . A i nda de acordo
com o refer i do autor , é impor tan te perceber que o Marco
Refer enc i a l não se t ra ta de um i dea l i smo que va l or i za apenas
as i de i as , os pressupos tos f i l osóf i cos , as boas i n tenções sem
l evar em conta sua efet ivação , is to é , sem a l t era r a rea l i dade .
Dessa forma , só i rá se conf i gura r enquanto e l aboração quando
se tem ações concretas na esco l a .
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O D i agnós t i co , por sua vez , é a l oca l i zação das necess i -
dades da i ns t i t u i ção par t i ndo da aná l i se da rea l i dade , ou então
do conf ronto com um parâmet ro ace i t o como vá l i do . Faz par te
do d i agnós t i co : conhecer a rea l i dade , j u l gá - l a e l oca l i za r as
suas necess i dades . Da mesma forma que o Re ferenc i a l , o
D i agnós t i co não pode se conf i gura r apenas como a cons ta -
tação da rea l i dade a tua l .
E , por f im , a Programação , que va i cor responder ao
con jun to de ações concretas que a i ns t i t u i ção assume naque l e
espaço de tempo prev i s to no p lano , e tem por ob je t i vo supera r
as d i f i cu l dades encont radas . E l a es tá subdiv i d i da em qua t ro
formas de organ i zação da prá t i ca : Ações Concretas , L i nhas de
Ação , At iv i dades Permanentes ou Determ inações . A ta refa de
t rans formação não é uma ta refa fác i l , mas é necessár i a pa ra
se desenvo lver . Contudo é prec i so ter a tenção para a qua l i -
dade da ação que se propõe a desenvo lver , i s to é , promover
uma ação poss íve l e s i gn i f i ca t iva para a i nst i t u i ção que a tenda
a suas rea i s necess i dades.
D i ante d i sso , f i ca a cer teza da impor tânc i a do p l ane ja -
mento , pr i nc i pa lmente no âmb i t o educac i ona l . Logo , o PPP se
conf i gura como um for te a l i ado na cons t rução de uma or i en -
tação pedagóg i ca bem es t ru turada . Lamentave lmente , es tudos
têm demons t rado que , mu i tas vezes , esse documento é
de i xado de l ado pe l as i ns t i t u i ções , o que ocas i ona numa esco la
desorgan i zada , sem or i en tação teór i co -metodo l óg i ca , na qua l
preva l ece o i nd iv i dua l i smo em vez do co l e t ivo , do democrá t i co .
3 I D E O L O G I A
É i negáve l que a i deo l og ia perme i a a conv ivênc i a em
soc i edade . Nos re l ac i onamentos com as pessoas , expr imem-se
uma sér i e de e l ementos i deo l óg i cos por me io de a tos , pa l av ras
e emoções . Des ta forma , em se t ra tando de ideo l og i a , percebe -
se quão per t i nen te é ref l e t i r sobre . Af i na l , conhecer como os
processos i deo l óg i cos perme iam as re l ações soc i a i s é impor -
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t an te para que o su je i t o possa i r a l ém do v is í ve l , adotando
uma pos tura ref l ex i va d ian te do que l he aparenta ser a l go
na tura l e homogêneo, como mu i tas vezes é ev i denc i ado pe l a
i deo l og i a de grupos dom inantes .
D i a l ogando com a concepção marx is t a , Chau í ( 2012 ) a f i rma
que é necessár i o , an tes de qua lquer co i sa , não confund i r i deo -
l og i a com i deár i o (v isão comum/não cr í t i ca ) , em que a i deo l og i a
é empregada no sent ido de ser apenas um con jun to qua l quer
s i s tema t i zado e encadeado de ide i as , sem ref l exões , assu -
mindo , ass im , uma pos tura de “pass iv i dade” . Ideo l og i a não é
“qua l quer ” con jun to encadeado de i de i as , mas é um i deár i o
h i s tór i co , soc i a l e po l í t i co , que ocu l ta a rea l i dade para manter a
exp l oração econôm ica , a des i gua l dade soc ia l e a dom inação
pol í t i ca . Ass im, a autora caracter iza a ideo log ia segundo a
concepção marx is ta como um instrumento de dominação de
c lasse, uma vez que a classe dominante faz com que suas ide ias
sejam ader idas por todos. Como bem ci ta Chauí (2000, p. 63) :
Marx descobr iu que temos a i l u são de est armos
pensando e ag indo com nossa p róp r i a cabeça e po r
nossa p róp r ia von tade , rac iona l e l i v remen te , de aco rdo
com nosso en tend imen to e nossa l i be rdade , po rque
desconhecemos um poder inv i s íve l que nos fo rça a
pensar como pensamos e ag i r como ag imos . A esse
poder - que é soc i a l - e le deu o nome de ideo log ia .
Logo , conhecer as tá t i cas da i deo l og i a é assum i r uma
pos tura “cr i t i ca ” f ren te à rea l i dade .
A inda de acordo com Chau í ( 20 12 ) , o termo I deo l og i a fo i
usado pe l a pr ime i ra vez na F rança , no i n í c i o do sécu l o XIX , em
1 80 1 , por Des tu t t de Tracy em E l éments d ` i déo l og i e (E l ementos de i deo l og i a ) . Com i sso , Des tu t t de Tracy buscava uma gênese
das i de i as e , nesse contex to , e l a va i des i gnar uma c i ênc i a
na tura l da aqu i s i ção pe l o homem das i de i as ca l cadas sobre o
própr i o rea l . Da í em d i an te , vá r i as cor ren tes de es tud i osos u t i l i -
za ram ta l t ermo para expressar suas concepções de i deo l og i a .
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Na concepção marx is ta , a ideo log ia é t ida como
“mascaramento da rea l idade” a favor de uma determinada classe
socia l , no caso, a dominante. F ior in (2007, p. 26) , ao ref l et i r sobre
i deo log ia , também na l inha marx is ta , a f i rma que: “Numa formação
socia l , temos do is n íveis de rea l idade: um de essência e um de
aparência , ou seja , um profundo e um superf ic ia l , um não -v is ível
e um fenomênico. ” Dessa forma, é no n ível da aparência que
maciçamente é v is ta a ideo log ia , f icando o n ível da essência
quase despercebido. Fre i re (201 1 ) va i fazer uma comparação da
i deo log ia com a “miop ia” no sent ido de d i f icu l tar uma percepção
mais clara , ma is n í t ida das coisas .
Chau í ( 20 12 , p . 13 1 ) conce i t ua -a como :
A i d eo lo g i a é um con j un t o l ó g i co , s i s t emá t i c o e
co e ren te d e r ep re sen t ações ( i d e i a s e v a l o r e s ) e d e
n o rmas e r eg r as ( d e co ndu t a ) q u e i nd i c am e p r e scr e -
vem ao s memb ro s d a so c i e d ad e o qu e d evem p ensa r
e como d evem p en sa r , o q u e d evem va l o r i z a r , o q ue
d evem sen t i r e como d evem sen t i r , o q u e d evem
f az e r e como d evem f az e r . E l a é , p o r t an t o , um cor po
exp l i c a t i v o ( r e p re sen t açõ es ) e p r á t i c o ( n o rmas , r e g ras ,
p r ece i t o s ) d e ca r á t e r p r e sc r i t i v o , n o rma t i v o , r e gu l ado r ,
c u j a f u n ção é d a r ao s membr o s d e uma so c i edad e
d i v i d i d a em c l asses uma exp l i c ação r ac i on a l p a r a a s
d i f e r enças so c i a i s , p o l í t i c as e cu l t u r a i s , sem j ama i s
a t r i bu i r t a i s d i f e r en ças à d i v i s ão d a so c i ed ad e em
c l a sses a p a r t i r d as d i v i sõ es n a es f e r a d a p r odu ção .
P e l o con t r á r i o , a f un ção d a i d eo l og i a é a d e ap ag a r a s
d i f e r enças como d e c l a sses e f o r n ece r ao s membr o s
d a so c i ed ad e o sen t imen t o d a i d en t i d ad e soc i a l ,
e n con t r ando ce r to s r e f e r en c i a i s i d en t i f i c ado r es d e
t o do s e p a r a t od o s , como , p o r exemp lo , a H uman i d ad e ,
a L i be r d ad e , a I g u a l d ad e , a N ação , ou o Es t ado .
Com i sso a autora resume bem o conce i t o e a função da
i deo l og i a , sobretudo na rea l i dade a tua l . Pa ra Pêcheux ( 1 975) as
formações i deo l óg i cas não são nem un iversa i s nem i nd iv i dua is ,
mas l i gadas a grupos soc ia i s .
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A Aná l ise de D iscurso de L inha Francesa (doravante ADLF) ,
que tem como seu pr inc ipa l representante o f i lósofo Miche l
Pêcheux, parte do pr inc ip io de que não ex is te su je i to sem
discurso nem d iscurso sem i deo log ia . Isso impl ica d izer que todo
suje i to ao enunciar , o faz de um dado lugar , que é socia l , e o
seu d iscurso será sempre marcado por questões ideo lóg icas .
D i ferentemente da concepção marx is ta , em que a ideo log ia é t ida
como “ inversão da rea l idade” , a ADLF vem ev idenciar , por me io
dos seus d iscursos , expressões, posturas , dentre outros os
pos ic ionamentos ideo lóg icos dos suje i tos . Sendo ass im, Pêcheux,
que fo i a luno e d isc ípu lo de A l thusser , va i concordar com a
concepção de ideo log ia do seu mestre. Para Al thusser , a
ideo log ia tem mater ia l idade e não f i ca apenas no p lano das ideias ,
é o que ele va i se chamar de mater ia l i smo h is tór i co.
4 I D E O L O G I A E S E U S R E F L E X O S N O P R O J E T O P O L Í T I C O - P E D A GÓ G I C O
Conhecer como func i ona a i deo l og i a , sua impor tânc i a , sua
imp l i cação, no que concerne à formação do su je i t o , é de a l t a
re l evânc i a , i nc l us i ve no setor da educação , po i s es te tem s i do
a i ns tânc i a ma ior de formadores de su je i t os .
A par t i r do momento que se compreende a re l evânc i a da
esco l a na formação c i dadã , compreende -se também quão
impor tan te é re f l e t i r sobre a i deo l og i a na reg i ão esco l a r . Dessa
forma , A l t husser , em Ideo l og i a e apare l hos i deo l óg i cos do es tado ( 1 970/1974 apud MUSSAL IN , 20 12 ) , fazendo uma re l e i -
t u ra de Marx , no que tange à i deo l og i a , pa r te do pressupos to
de que as i deo l og i as têm uma ex i s tênc i a ma ter ia l e que as
mesmas devem ser es tudadas não como i de i as , mas s im como
con jun to de prá t i cas ma ter i a i s . É A l t husser t ambém que va i
def i n i r a esco l a como sendo um apare l ho i deo l óg i co do es tado ,
i sso porque e l a se apresenta , de uma forma gera l , com o ob je -
t i vo de manter o func i onamento da i deo l og i a dom inante . Nesse
contex to , assevera Sobr i ño ( 1 986 , p . 8 ) :
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As r ep r e sen t açõ es i d eo l óg i c as ve i c u l ad as p e l a ed uca -
ção – f o r t emen t e i n t e rn a l i z ad a p e l as p esso as , i n co rp o -
r ad as e a t u a l i z ad as n as condu t as , p r i n c ip a lmen t e
como r e su l t ad o d as p r á t i c as p ed agóg i c as co n c re t as -
con s t i t u em um pod er o so i n s t r umen to d e d om i n ação
so c i a l q u e co n segu em uma t ác i t a ace i t aç ão , i n c l u s i v e
d o s se to r e s comp rome t i do s n a t r an s fo rmação .
Logo , o autor chama a a tenção para a força da i deo l og i a
e a força que e l a pode exercer , i nc l us i ve, sobre a função
ma ior da esco l a , qua l se j a : de t rans formação . I sso imp l i ca d i zer
que , enquanto que a esco l a dever i a “ t rans formar ” , acaba
sendo , na ma ior i a das vezes , um l ugar de a l i enação e mante -
dora da i deo l og i a dom inante . Nesse sent i do , sendo o PPP um
documento teór i co -metodo l óg i co que caracter i za a esco l a ,
confer i ndo- l he i dent i dade , necess i ta ser contemp lado sob o
v i és d i scurs ivo , t an to na sua cons t rução como na sua propos -
ta de ação dent ro da esco l a .
Ass im , quando a esco l a se l ec i ona determ inados autores e
a par t i r de l es faz suas l e i t u ras para cons t rução do seu PPP ,
nesse momento, l ança-se mão da i n terpretação e , por tan to ,
compart i l ha rá da i deo l og i a desses autores . Como bem c i t a
Or l and i ( 20 12 , p . 4 5 ) , “O fa to mesmo da i n terpretação , ou
melhor , o fa to de que não há sent i do sem i n terpretação , a tes ta
a pr esença da i deo l og i a ” . É por i sso que para Pêcheux ( 1 988 )
não ex i s te neut ra l i dade d i scurs iva , e que nenhum d i scurso é
i ngênuo do ponto de v i s t a i deo l óg i co , mesmo quando se t ra ta
do d i scurso c i en t í f i co .
É nessa perspect i va também que Or l and i ( 200 1 ) va i expor
a l gumas cons i derações sobre o D i scurso Pedagóg i co (DP ) , que
e l a conce i t ua como sendo um “supos to” d i scurso neut ro (só
t ransm i t e i n formação ) , ca racter i zado pe l a ausênc i a da
enunc i ação e da mesma forma sem su je i t o , v i s to que qua l quer
um poder i a ser o su je i t o e , por tan to , haver i a uma d i s tânc i a
máx ima ent re em issor e receptor . Ora , t em -se a i l usão de que
o d i scurso c i en t i f i co é imparc i a l . A i nda de acordo com a r efe -
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r i da autora , o DP , t a l como se mos t ra ho je , é s im um d i scurso
autor i tá r i o , l ogo , sem nenhuma neut ra l i dade .
A t í t u l o de exemp l i f i cação , sobre o fa to de que os DP
car regam s im i deo l og i as a t ravés das suas i de i as , va l o res , op i n i -
ões , pos i c i onamentos em re l ação a determ inado assunto ,
observa-se a segu i n te passagem do l i v ro de Vasconce l l os
( 2009 , p . 169 ) :
Em r e l aç ão a o u t r as n omenc l a t u r as co r re l a t a s , t emos
a d i z e r qu e p r e f er imo s P r o j e to P o l í t i c o - Ped agóg i co a
P ro po s t a P ed agóg i c a p o r en t end e r qu e a p r ime i r a é
ma i s ab r an gen t e , q u a l se j a , c on t emp l a d esde a s
d imen sõ es ma i s e sp ec í f i c as d a esco l a ( c omun i t á r i a s e
adm in i s t r a t i v as , a l ém d a p ed agóg i c a ) , a t é as ma i s
g e r a i s ( po l í t i c as , c u l t u r a , e co nom i a e t c . ) .
Nesse momento , o autor que é um su je i t o soc i a l , cons t i -
t u í do na h i s tór i a e , por tan to , i n terpe l ado por i deo l og i as , pe l a
própr i a esco l ha do nome (Pro je to Po l í t i co -Pedagóg i co ) j á
ev i denc i a uma marca i deo l óg i ca , uma vez que determ ina sua
pos i ção, sua concepção de PPP . Ou se ja , o PPP , pa ra e l e
( su j e i t o d i scurs ivo ) , não é apenas um documento que expressa
as a t iv i dades pedagóg i cas e adm in i s t ra t ivas da esco l a , mas ,
sobretudo, um documento que expressa a pos tura po l i t i zadora
dessa i ns t i t u i ção . Ass im , mu i t as esco l as , em consonânc i a com
o re fer i do autor , t ambém assumem ta l nomenc l a tura e , conse -
quentemente , sua v i são i deo l óg i ca – esco l a como uma i ns tânc i a
po l i t i zadora .
É nesse sent i do que F i o r i n ( 2007 ) va i a f i rmar que não
ex i s te um conhec imento neut ro , po i s e l e sempre expressa o
ponto de v i s t a de uma determ inada c l asse a r espe i t o da rea l i -
dade . E o dese jo de mu i t os autores de separa r c i ênc i a de
i deo l og i a , f i ca apenas no âmb i t o i dea l .
Por t an to , cons i derando o PPP como sendo um d i scurso
que r ege as prá t i cas pedagóg i cas da esco l a , cons t ru í do a t ra -
vés de out ros d i scursos (nesse caso , dos autores ) , será
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poss íve l perceber , por tan to , ges tos de i deo l og i as no seu
d i scurso pedagóg i co adv indas dos d i scursos desses autores
da á rea educac i ona l .
Af i na l , a i nda de acordo com Or l and i ( 20 12 , p . 1 53 ) , “O
d i scurso é o l ugar em que podemos observar a a r t i cu l ação
ent re l í ngua e i deo l og i a . D iscurs ivamente , cons i deramos que a
ma ter ia l i dade espec í f i ca da i deo l og i a é o d i scurso e a ma ter i a l i -
dade espec í f i ca do d i scurso é a l í ngua . ” Sendo ass im , no
d i scurso do PPP (ma ter i a l i zado em forma de documento ) é
poss íve l perceber a i deo l og i a da sua i ns t i tu i ção de ens i no e
es ta , por sua vez , a l i cerça sua práx i s pedagóg i ca .
5 C O N S I D E RA Ç Õ E S F I N A I S
Com a cer teza de que ta l d i scussão não f i nda aqu i , pe l o
cont rá r i o , é apenas um i n ten to de que se busque ma is acerca
do tema que , por s i na l , se mos t ra mu i t o i n teressante , é que se
aventuram a l gumas cons i derações . Logo , d i an te do expos to , é
poss íve l a f i rmar que não va i ex i s t i r neut ra l i dade comp le ta nos
d i scursos e que , i nc l us ive o d i scurso c i en t í f i co , apesar de ser
ob je t i vo , t ambém reve l a a i deo l og i a dos seus pesqu i sadores a
par t i r do momento em que expressa um ponto de v i s t a , uma
i de i a .
Ass im , toda e qua l quer c i ênc i a es tá impregnada de i deo l o -
g i as . Engana-se ao se pensar que ex i s ta d i scurso imparc i a l .
Desse modo , as teor i as educac i ona i s são d i re tamente i n f l uen -
c i adas pe l o seu contex to sóc i o -h is tór i co- i deo l óg i co . Os autores
das obras são su je i t os h i s tór i cos , envo lv i dos com ques tões
dos ma is d iversos âmb i t os soc i a i s , i nc l us ive do educac i ona l , e
possuem determ inadas concepções de v i da , de educação .
Sendo ass im , é na tura l que seus d i scursos , por ma i s ob je t i vos
e d i re tos (c i en t í f i cos ) , apresentem t raços i deo l óg i cos . Por
consegu in te , quando a esco l a adota determ inados autores e
cons t ró i seu PPP é , de cer ta forma , i n f l uenc i ada pe l as i de i as e
concepções desses autores , i s to é pe l as suas i deo l og i as .
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Abs t ract : Th is paper a ims to ref l ec t i n wh i ch way i t i s poss i b l e to i ncorpora te the i deo l ogy of au thors f rom the educa t i ona l a rea i n the cons t ruct i on of the Pedagog i ca l Po l i t i ca l Pro ject (PPP ) . The methodo logy i s character i zed as a b i b l i ograph i c s tudy , whose theoret i ca l founda t i on i s based on exper ts i n the educa t i ona l a rea and authors f rom F rench d i scourse ana l ys is t rend . The d i a l ogue between those theor i es was impor tan t to unders tand the PPP e l abora t i on and the ideo l og i ca l nuances tha t permea te th i s cons t ruct i on . Accord i ng to the s tud i es about the sub ject i t was poss i b l e to comprehend tha t no speech i s neut ra l , no t even the sc i en t i f i c d i scourse . There fore , when the authors f rom the educa t i ona l a rea share i deas , va l ues , prefer ences , they car ry i n the i r pedagog i ca l d i scourses spec i f i c i deo l og i es tha t a re shared on the PPP of the schoo l tha t chose them as theoret i ca l basement to cons t ruct i t . Keywords : Schoo l . P l ann i ng . Pedagog i ca l Po l i t i ca l Pro ject . D i scourse . Ideo l ogy .
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