em frente 07-09 · 2009-07-01 · sendo assim, não faz sentido nenhum ser pré‐seminarista sem...
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Em Frente (Contacto com os Pré‐seminaristas Dehonianos) Publicação Mensal ‐ Ano IX ‐ nº 189 ‐ Julho de 2009
Proprietário, Director e Editor: Pe. Fernando Ribeiro, SCJ Redacção e Administração: Caminho do Monte, 9 | Ap. 430 | 9001‐905 ‐ FUNCHAL
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Depósito Legal nº 120 306
Como dizemos na primeira página, recordando o que já devias saber e consta da ‘folha verde’, vamos ter o nosso ‘encontro formativo’, ao qual tradicionalmente damos o nome de ‘Estágio de Admissão’. É, de facto, durante este ‘encontro’ que fazemos a admissão ao Colégio Missionário daqueles que têm vindo a preparar‐se e têm manifestado essa intenção.
Intenção que deveria ser a de todos os pré‐seminaristas. De facto, como temos explicado repetidas vezes e qualquer pessoa minimamente inteli‐gente compreende, ser pré‐seminarista é uma situação anterior a ser seminarista. Sendo assim, não faz sentido nenhum ser pré‐seminarista sem essa intenção. No último ‘encontro’, em Maio, foi preciso dizer a um pré‐seminarista para deixar de o ser, exactamente por não manifestar essa intenção.
Além disso, é um ‘encontro’ um pouco mais longo do que os habituais. Vamos aproveitá‐lo para nos conhecermos melhor e também para apro‐fundarmos aqueles conhecimentos que dizem respeito ao Pré‐Seminário e ao tema fundamental da ‘vocação’. Vamos também dar uma atenção espe‐cial ao trabalho de casa e, por isso, aqui vai a recomendação para todos trazerem, além do RRR bem feito, também os últimos números do Em Frente, ou seja, os de Maio e Junho. O RRR a apresentar é o de Junho.
Aproveitamos já para adiantar que no ‘Encontro de Verão’, em Agosto, será necessário trazer e apresentar dois trabalhos: o RRR de Julho e o RRR de Agosto. Isto requer, como sempre deveria acontecer, um cuidado mui‐to grande para não perder o Em Frente, mas, ao contrário, coleccioná‐lo e guardá‐lo em lugar bem seguro, com as coisas do Pré‐Seminário.
Uma palavra também acerca do livro de ‘Leitura Espiritual’. Deve trazer‐‐se sempre, mesmo que não esteja acabado. Alguns têm sido um bocado descuidados neste aspecto.
‐ DATA: de 02 (quinta‐feira à tarde) e 05 (domingo) de Julho. ‐ CHEGADA: entre as 18.00 e as 21.00 h. da quinta‐feira. ‐ REGRESSO: no domingo, depois das 13.30 e, possivelmente, antes
das 14.00 horas. Não te esqueças de trazer tudo o que é preciso, também roupa sufi‐
ciente (sobretudo interior) para esses quase três dias, que podem ser de calor.
Nota: Sendo o dia 2 um dia de semana, é natural que os pais só possam vir trazer os filhos mais tarde. Por isso, a chegada poderá ser até às 21 horas. Quem vier para jantar, terá de informar a tempo e chegar antes das 19.30.
Caro PRÉ‐SEMINARISTA! Não tendo havido nenhum ‘encontro formativo’ durante todo
o mês de Junho, recebes este número do teu jornalzinho ainda antes de acabar o mês, sobretudo devido à ‘convocatória’ para o chamado ‘estágio de admissão’ que é logo no princípio de Julho. Pelo que te foi dito no último ‘encontro’, recordado no Em Frente do mês passado e, além de tudo, consta da ‘folha verde’, não tens razão nenhuma para não comparecer. Mas, a este respeito, lê bem tudo o que te é dito na última página, onde encontras a ‘Convocatória’.
Quero pedir‐te que estejas bem consciente de que em Julho vives o teu primeiro mês inteiro de férias. A respeito deste tem‐po de descanso e de lazer já te foram feitas recomendações. No entanto, precisas de as recordar e pôr em prática. O ‘Em Frente’ dá‐te uma ajuda nesse sentido. Assim a saibas aproveitar. E sabe‐rás aproveitar como deve ser, se ao longo de todo o mês tiveres o cuidado de ler, e até de reler estas páginas, com atenção e inte‐resse, mostrando assim a tua boa vontade e o teu sentido de res‐ponsabilidade.
Assim, poderás melhor cultivar e manter bem viva a consciên‐cia daquilo que és. E é isso que, mês após mês, estas páginas pre‐tendem. Todos os meses, mas muito especialmente nestes meses de maior descontracção, elas querem despertar e manter bem viva a tua consciência de pré‐seminarista com tudo o que isso significa.
Já pensaste na desgraça que seria esqueceres a tua “especial situação” e passares este tempo de Verão como um rapaz qual‐quer? Pelo amor de Deus! Em qualquer circunstância, no descanso e no divertimento, em casa e fora de casa, és sempre um rapaz com compromissos próprios, entre os quais se destaca o de “viver em atitude permanente de discernimento vocacional”.
Desse compromisso derivam, como sabes, todos os outros. Por seres pré‐seminarista, deves ser um “rapaz diferente” nas tuas atitudes e nos teus comportamentos, cumpridor fiel das tuas obrigações sem falhas nem falsas desculpas.
Pe. Fernando Ribeiro, SCJ
EEEm Frm Frm Freeennnttteee Publ. Mensal ‐ nº 189 ‐ Julho de 2009 ‐ Preço 0,25€ (IVA incl.)
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Para ti, A PALAVRA DO PADRE DEHON
S. Tarcísio era acólito. Conhecemos a história deste jovem santo. Foi‐‐lhe confiada a Eucaristia. Mas sabe que não é só para ele. Tem de levá‐la aos prisioneiros. Atravessa a cidade rezando, adorando o seu Jesus. Sabe que está exposto a perigos, à distracção e à perseguição. A distrac‐ção evita‐a tanto quanto possível. Evita o “forum”; escolhe as ruas mais discretas, menos frequentadas. Adora.
É assim que eu procedo? Levo sempre Jesus que está no meu coração pela sua vida mística. Levo‐o para mim e também para os outros a quem devo edificar? Tenho gosto pelo silêncio, a calma, o recolhimento e o desapego, que são condições para bem levar Jesus e para ser fiel aos actos da vida interior?
COMENTÁRIO:
Encontras nestas páginas a breve história de S. Tarcísio. Recordando‐a, o Pe. Dehon convida‐nos a reflectir. Para isso, formula algumas perguntas. Pergunta, por exemplo, se também nós sabemos levar Jesus aos outros. Sim, porque Jesus não é só para nós. Ele é para todos. E quem O possui pela fé, quem O tem no seu coração deve levá‐l’O aos seus irmãos. Concretamente, deve levá‐l’O, edificando‐os. Edificar significa dar bom exemplo. Somos edificantes, quando os nossos comportamentos e atitudes são exemplares. É isso que se espera do todo o bom pré‐seminarista: que edificando os outros lhes leve Jesus.
LEVAR JESUS
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[eler] [eflectir] [esponder] 1. a) Por que razão Junho é o mês do Coração de Jesus?
b) Que foi o “Ano Jubilar Paulino”? c) Por que considerou S. Paulo todas as coisas como lixo?
a) Quem é a cabeça do “Corpo místico” de Jesus? E quem são os seus mem‐bros?
b) Que é que podemos acrescentar ao que já sabíamos a respeito de Jesus? c) Que simbolizam a “cabeça” e o “coração”? d) Por que é que Jesus é o nosso coração? e) E por que é que é mais “nosso coração do que nossa cabeça”?
a) Que é que o Papa diz que é “um dom divino”? b) Onde se insere esse dom? c) Que é que sobressai dentro da vocação universal à santidade? d) Para que chamou o “divino Mestre” (que é Jesus) os Apósto‐
los? e) Por que é que devemos dar graças ao Senhor?
a) Que é que deve ter todo o verdadeiro amigo de Jesus? b) Que continha a terceira lista?
As vocações sacerdotais e religiosas são sinal de quê?
a) Porque queria o futuro bispo sair do Seminário? b) E porque é que ele achava que não tinha vocação? c) E que achas que significa a expressão “ouvir o Espírito Santo”?
Transcreve a frase de S. Paulo que achas mais significativa?
Qual é uma das mais belas características da Religião Católica”?
Perguntas sobre o “Directório” (páginas 18‐19) a) Pode um pré‐seminarista dizer “Eu ando no Pré‐Seminário”? Porquê? b) Como deveria, então, dizer? c) Na definição de ‘pré‐seminário’ entram cinco elementos. Refere‐os um por
um. d) Por que é que a definição de ‘pré‐seminário’ é relativamente longa? e) É completamente diferente a situação do ‘pré‐seminarista’ e a do
‘seminarista’? Porquê?
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Senhor, fazei de nós um arco‐íris, um sinal visível de paz e de perdão. Um corajoso arco‐íris que una o passado e o futuro, o antigo e o novo. Um sinal do céu que Vós mesmo colocastes ao longe. Um sinal da promessa que nunca engana. O arco‐íris será para todos um sinal de esperança. Um sinal do vosso amor pela criação, da promessa do vosso Espírito que renova o universo. Fazei que Vos sigamos com sadia inquietude. Tornai‐nos inquietos, quando nos sentimos satisfeitos e seguros de nós próprios; quando, em vez de caminhar, pensarmos ter cortado a meta. Tornai‐nos inquietos, quando nós, além de nos satisfazermos com as coisas que possuímos, perdemos a sede da vossa presença e da paz na justiça. Não permitais que, em vista do futuro, nos domine a indiferença nem a cegueira de cada dia, nem o zelo alucinado, nem a agitação. Dai‐nos a paz, fruto da união conVosco, o tacto, a amizade, a cortesia e a amabilidade para com todos os seres vivos e todas as criaturas inanimadas. Senhor, mantende‐nos vigilantes, para que sejamos ousados e mutuamente solidários, atentos à vossa Palavra, sensíveis aos gritos dos pobres, abertos às gerações jovens. Concedei‐nos que Vos sigamos com total fidelidade. Sim, fazei de nós um arco‐íris, um sinal de esperança apara o Mun‐do Novo.
PARA LER E MEDITAR
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Dêmos graças ao Senhor, que continua hoje também a convocar trabalhadores para a sua vinha. Se é verdade que, em algumas regiões, se regista uma preocupante carência de presbíteros e que não faltam dificuldades e obstáculos no caminho da Igreja, sustenta‐ ‐nos a certeza inabalável de que esta é guiada firmemente nas sendas do tempo rumo à realização definitiva do Reino por Ele, o Senhor, que livremente escolhe e convida a segui‐l'O pessoas de qualquer cultura e idade, segundo os insondáveis desígnios do seu amor misericordioso.
Por conseguinte o nosso primeiro dever é manter viva, através de uma oração incessante, esta invocação da iniciativa divina nas famílias e nas paróquias, nos movimentos e nas associações empenhados no apostolado, nas comunidades religiosas e em todas as articulações da vida diocesana. Devemos rezar para que todo o povo cristão cresça na confiança em Deus, sabendo que o «Senhor da messe» não cessa de pedir a alguns que livremente disponibilizem a sua existência para colaborar mais intimamente com Ele na obra da salvação.
(Da Mensagem de 2009)
A PALAVRA DO PAPA, para ti
DEVEMOS REZAR
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UMA HISTÓRIA DE CADA VEZ
Precisava de sentir-se útil O Manuel nascera saudável e robusto
e assim se desenvolveu no seio de uma família cristã.
Desde muito novo demonstrou um temperamento alegre e bondoso. Afei‐çoava‐se facilmente aos companheiros mais fracos e ai de quem se atrevesse a incomodá‐los. O Manuel lá estava sempre presente e pronto a defendê‐los. Estes, por sua vez, retribuíam‐lhe com uma ami‐zade sincera. E era vê‐los torcer pela equipa em que o Manuel jogava a ponta de lança.
Outro aspecto do seu temperamento que aos poucos se foi manifestando era o gosto pela aventura. Estas características levaram‐no a procurar uma maneira de viver, uma “vocação”, diríamos nós, que a princípio não era clara.
Quando os pais lhe perguntavam que curso queria seguir, ele encolhia os ombros. O pai, que era professor univer‐sitário, gostaria de vê‐lo seguir e mesma carreira. Mas não pressionava.
Entretanto, o Manuel ia crescendo e estudando. Não quer dizer que não se preocupasse com o seu futuro. Queria, de facto, descobrir a sua vocação. Mas não via com clareza o modo de realizar a sua ânsia de aventura, a sua necessidade de emoções fortes e de entrega aos outros.
Pedia a Deus que o iluminasse, sobre‐tudo ao ver aproximar‐se o tempo de tomar uma decisão. E, depois de muito pensar, acabou por decidir‐se pelo curso de engenharia naval.
Os pais não contavam com tal deci‐são, mas souberam compreender e res‐peitar. Sofreram principalmente quando viram chegar a altura de o filho, já tenen‐te da Marinha, começar as suas andanças permanentes pelos mares.
O Manuel também sofria, porque não
se sentia plenamente feliz e realizado. Aventuras não lhe faltavam na vida que tinha. Mas e o resto? Precisava de sentir‐ ‐se útil, de fazer algo pelos outros. Mas como?
Como bom cristão, continuava a rezar e a pedir luz. Até que um dia teve a res‐posta. Era exactamente o Dia Mundial das Missões. Na Missa, ouviu o sacerdote dizer:
‐ jovens generosos, fortes e corajosos, neste dia dedicado às Missões, recordo‐ ‐vos a maior aventura em que podeis rea‐lizar‐vos como homens e como cristãos: a de vos entregardes para ir levar a Boa Nova a quem não a conhece ainda; a de ir falar de Jesus e do seu amor a quem nun‐ca ouviu falar d’Ele.
E, como era Missionário, falou da sua Congregação e dos Seminários que pre‐param os jovens para a mais bela das aventuras.
O engenheiro Manuel saiu da igreja alegre, esclarecido e decidido. Iria con‐tactar o Seminário das Missões. Lá teria tempo para reflectir e verificar se era mesmo essa a sua vocação.
Assim fez. E em boa hora o fez, por‐que a vocação missionária cimentou‐se nele, uma vez que correspondia como nenhuma outra à sua maneira de ser. Era jovem, forte, dinâmico, despido de ambi‐ção pessoa, desejoso de ajudar e comuni‐car aos outros a Mensagem Salvadora.
Preparou‐se, foi ordenado sacerdote e partiu depois para terra de Missão, onde encontrou finalmente uma alegria e uma felicidade nunca antes sentida. 9
sabedoria
10 grãos de
1. Dai e dar‐se‐vos‐á. Pois com a medida que empregardes vos será por sua vez medido a vós. (Jesus)
2. Temos de abandonar‐nos em tudo a Nosso Senhor e viver serenos nos braços da sua Providência, como crianças nos braços de sua mãe. (Padre Dehon)
3. O impossível retira‐se à medida que vamos ao seu encontro. (Saint‐Exupéry)
4. A única maneira de garantir a própria felicidade é não pensar senão na dos outros. (Raoul Follereau)
5. A juventude consegue a sua verdadeira riqueza, quando é vivida, de modo particular, como tempo de reflexão vocacional. (João Paulo II)
6. Os santos indicam‐nos o caminho para sermos felizes e mostram‐nos como se consegue ser pessoas verdadeiramente humanas. (Bento XVI)
7. Eu creio que os homens que vivem para os outros conseguirão, um dia, reconstruir o que os egoístas destruíram. (Luther King)
8. As grandes obras são levadas a efeito não pela força, mas pela perseve‐rança. (Johnson)
9. As vitórias de ontem são menos importantes do que os planos para ama‐nhã. (Home Almance)
10. Dá‐se com a oração o que se dá com o corpo, quando repousa no silêncio pacífico de uma tarde de domingo depois do trabalho fatigante da sema‐na. A oração é a poesia da vida eterna. A oração é a característica mais específica do homem. (Tihamér Toth)
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adaptações. Era um estudo puxado com professores exigentes demais. Mas o Cleodon conseguiu superar. Foi aprova‐do.
OS PRIMEIROS DIAS NO SEMINÁRIO: No começo, o Cleodon estava muito
eufórico e feliz. Era, enfim, o que ele sem‐pre quisera. Seis meses depois, foi transferido para
a Cidade de Aparecida do Norte, onde, no Seminário Maior, cursou Filosofia. Preci‐sava de fazer o vestibular, mas não tinha tido tempo para se preparar, pois o seu curso Colegial exigiu muito dele. Fez as provas. Por providência de Deus, foi aprovado. Tudo estava sob controlo. O reitor do
seminário era da sua Diocese, o que lhe dava segurança. Aparecida do Norte fica a 20 km de
Lorena. Todas as semanas estava em casa de seus pais, visitando‐os. O seu Director Espiritual, Pe. Toninho,
da Arquidiocese de Aparecida, era muito bom e ajudou‐o muito. Nunca se arrependeu da sua condição
de vida, enquanto esteve no seminário. Era tudo o que queria.
CRISES E MOMENTOS DIFÍCEIS As crises vocacionais são comuns e
quem não as tem não é uma pessoa nor‐mal. Como dizia o meu Director Espiritual:
"É normal passar pelas crises vocacionais; mas é muito importante superá‐las. Per‐manecer nelas é sinal de profundo dese‐quilíbrio emocional". A única maneira de superar as crises
vocacionais é através da oração. Sem dúvida nenhuma, não pode faltar um bom Director Espiritual. É bom lembrar, que há crises em todo o
tipo de trabalho e em todo o tipo de vocação. Por exemplo, um homem que se casou e depois se separou, passou por crise vocacional no casamento e não con‐
seguiu superar. Se conseguisse, estaria com a mesma esposa.
PADRE, APRESENTADOR. OUTROS OB‐JECTIVOS Quer fazer doutoramento em Sagradas
Escrituras. Já tem o Mestrado. Um outro trabalho que quer fazer é
gravar um bom CD com repercussão nacional. Já tem um contrato assinado e está desenvolvendo um trabalho nesta linha.
FACTO MARCANTE E INESQUECÍVEL Quando visitou a Terra Santa, numa
reportagem que realizou para a TV SÉCU‐LO 21, no momento em que entrou no Santo Sepulcro. Foi muito forte o que sentiu ali.
SER PADRE Ser Padre é ser do povo. Dar ao povo o
que tanto procura: Deus. Procurar aque‐les de entre o povo que estão distantes de Deus. Ser Padre para ele é transcender a
sacristia e os limites da paróquia. É muito fácil ser padre para aqueles que vão à Igreja. Deus precisa de Padres‐Pastores, que aceitem o desafio de buscar as ove‐lhas desgarradas: aqueles que foram bap‐tizados, mas só são católicos de nome.
MENSAGEM PARA OS QUE QUEREM "SER PADRES" É um chamamento maravilhoso. Você
sentir‐se‐á sempre na presença de Deus. Pertinho d’Ele. O mundo precisa de você como padre‐
pai. A Igreja precisa de você como padre‐administrador. Deus precisa de você como padre‐pastor.
Não importa que tipo de padre você vá ser. O importante é que seja padre. Uma vez padre, a sua tendência natural para o trabalho pastoral vai desabrochar.
Pe. Cleodon Amaral de Lima
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PÁGINA VOCACIONAL
Jesus, o Servo e o Senhor, é também aquele que chama. Chama a ser como Ele, porque só no serviço, o ser humano descobre a dignidade pró‐pria e a dos outros. Ele chama a servir como Ele serviu: quando as rela‐ções interpessoais são inspiradas no serviço recíproco, cria‐se um mundo novo, e neste desenvolve‐se uma autêntica cultura vocacional. Com esta mensagem queria, quase, emprestar a voz a Jesus, para propor a tantos jovens o ideal do serviço, e ajudá‐los a superar as tentações do individualismo e a ilusão de buscar, deste modo, a felicidade. Apesar de certos impulsos contrários, todavia presentes na mentalidade hodierna, existe no coração de muitos jovens uma natural disposição para se abrir ao outro, especialmente ao mais necessitado. Isto torna‐os generosos, capazes de empatia, dispostos a esquecer‐se de si mesmos para antepor o outro aos próprios interesses. Servir, caros jovens, é vocação natural, porque o ser humano é natural‐mente servo, não sendo dono da própria vida e sendo, por sua vez, neces‐sitado de tantos serviços dos outros. Servir é manifestação de liberdade face à invasão do próprio eu e de responsabilidade em relação ao outro; e servir é possível a todos, através de gestos aparentemente pequenos, mas, de facto, grandes, se animados pelo amor sincero. O verdadeiro ser‐vo é humilde, consciente de ser "inútil" (cfr Lc 17,10), não procura provei‐tos egoístas, mas gasta‐se pelos outros, experimentando no dom de si a alegria da gratuidade. Espero, caros jovens, que saibais escutar a voz de Deus que vos chama ao serviço. É esta a estrada que abre para tantas formas de ministerialidade em favor da comunidade: do ministério ordenado aos outros ministérios instituídos e reconhecidos: a catequese, a animação litúrgica, a educação dos jovens, as várias expressões da caridade (cfr Novo millennio ineunte, 46). Recordei, na conclusão do Grande Jubileu, que esta é "a hora de uma nova ‘fantasia’ da caridade" (ibidem, 50). Compete a vós jovens, de modo particular, fazer com que a caridade se exprima em toda a sua riqueza espiritual e apostólica. João Paulo II
SER- VIR
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TESTEMUNHO
PCSB!EP!FTQjSJUP!TBOUP!
INFÂNCIA Nasceu em São Paulo (Brasil), aos qua‐
tro de Abril de 1966. A família mudou‐se para Lorena – Inte‐
rior de São Paulo – quando tinha 7 anos. Sua mãe tinha mais segurança em criar os filhos no Interior, do que na Capital, pois nela, eram mais presos. O Cleodon é o segundo de 6 filhos. Começou a frequentar a Igreja Católica
com sua avó paterna. Na altura tinha 8 anos. A sua base vocacional nasce aí.
ADOLESCÊNCIA Foi acólito durante alguns anos da ado‐
lescência. Fez a Primeira Comunhão e foi crismado na Paróquia de Santo António, em Lorena, onde começou a servir, entre outros lugares, como acólito. Frequentou muito os oratórios salesianos, onde conheceu os ensinamentos de Dom Bos‐co e teve contacto com o seu "Método Preventivo". Quando tinha os seus 12 anos, Cleodon
tinha um desvio de personalidade chama‐do "cleptomania". Menino extremamen‐te carente, começou a roubar para "chamar a atenção" e "sentir‐se impor‐tante". Sofreu muito por não entender o momento que estava a atravessar. A família também.
IGREJA EVANGÉLICA Aos 14 anos, começou a frequentar
uma Igreja Evangélica: Assembleia de Deus. Conheceu o filho do pastor e torna‐ram‐se amigos. A sua ligação com Deus era muito for‐
te. Foi exactamente isto que o levou a continuar a procurar a Face de Deus. Era difícil permanecer na Igreja Católica
por causa da vigilância cerrada, que mui‐tos mantinham sobre ele, devido à clep‐tomania. Ninguém o levou ao psicólogo. Ninguém se sentava para conversar e orientar, na paciência. Continuava sem entender o que se pas‐
sava com ele. O seu maior medo era ser um dia preso pelo próprio pai – que era polícia na altura. Sentia‐se bem na Igreja Evangélica. Lá,
ninguém o vigiava. Claro! Ninguém sabia que roubava. Para eles, tinham acabado de conquistar mais um jovem que queria ser padre; que era acólito de padre. Fique bem claro: o Cleodon foi para a
Igreja Evangélica, porque na Igreja Católi‐ca se sentia constrangido. Foi uma situa‐ção que ele mesmo criou. Não foi por motivo de fé ou por convicções doutriná‐rias. No entanto, enquanto evangélico, tor‐
nou‐se professor de Escola Dominical;
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assistente pedagógico da Escola Domini‐cal; evangelista, teólogo. Além disso, can‐tava no coro, pregava em todas as situa‐ções possíveis e já apresentava progra‐mas de rádio. O chamamento vocacional ainda era
forte. Lá, como não podia ser padre, esta‐va‐se preparando para se tornar pastor.
REGRESSO À IGREJA CATÓLICA Um dia, uma amiga sua – a primeira
professora de Escola Dominical que teve – aproximou‐se e perguntou‐lhe se conhecia o Pe. Jonas Abib. O Cleodon conhecia muitos padres de
Lorena. Mas justamente esse, não. Ela então pediu que, na primeira opor‐
tunidade que tivesse, ouvisse o padre. Ela mesma disse que o padre tinha um pro‐grama de rádio todos os dias ao meio dia. Naquela época ainda não existia a TV Canção Nova. Cleodon foi e ouviu o Pe. Jonas. Uma mudança começou a ocorrer na
sua vida. Foi obra do Espírito. Sentiu um forte impulso para conhecer
pessoalmente o padre. Através da intercessão de Nossa
Senhora e da unção do Espírito Santo, o Pe. Jonas conseguiu fazer com que a Palavra de Deus penetrasse no coração daquele jovem, durante a conversa que tiveram. Foi um momento de difícil decisão. Alguns meses mais tarde, depois de
muito estudo e aprofundamento da Pala‐vra de Deus, Cleodon resolveu voltar para a Igreja Mãe – a Católica.
NAMORO Toda a experiência de namoro que o
Cleodon teve foi enquanto estava na Igreja Evangélica. Como lá tudo era peca‐do, os seus namoros foram sempre muito comedidos. Chegou quase a ficar noivo. Só não ficou, porque estava na adoles‐cência; sentia‐se muito imaturo para dar um passo tão grande.
DESCOBERTA VOCACIONAL Na verdade, o Cleodon já dizia que que‐
ria ser padre quando tinha 8 aninhos e frequentava a Igreja com a mãe de seu pai. Como a vocação ainda latejava no seu interior, foi para a Igreja Evangélica. Lá continuava seguindo o caminho de Deus. Não se quis apartar da presença do Senhor. Quando voltou para a Igreja Católica, o
Cleodon procurou entrar o mais cedo possível no seminário. Achava que já tinha perdido tempo demais.
DIFICULDADES NO SEMINÁRIO: Claro! Já no começo. Poderia ter entrado para o Seminário
Salesiano. Mas o Cleodon não tinha von‐tade de viver em comunidade, como a Vida Religiosa. Apesar de um padre sale‐siano o ter ajudado muito a voltar para a Igreja Católica. Na Diocese de Lorena, ele teria uma
certa dificuldade, porque era muito conhecido na cidade. Inclusive, era conhecido como Pastor sem ainda o ser. Por isto, o Bispo de Lorena na época, Dom João Hipólito de Morais, seu padri‐nho de Crisma, sentiu‐se reticente em recebê‐lo. Queria acompanhá‐lo vocacio‐nalmente, antes de o enviar para o semi‐nário. Isto levaria um certo tempo. Tem‐po que o jovem Cleodon não queria per‐der. Um padre da Diocese de Lorena estava‐
‐se a transferir, na época, para a Diocese de Bragança Paulista. Era amigo do Cleo‐don e apresentou‐o ao Bispo da sua futu‐ra Diocese, que o recebeu, com todo o carinho, imediatamente. Entrou no Seminário Menor da Cidade
de Bragança Paulista, onde terminou os estudos secundários. O Cleodon veio de um colégio onde
estudava Ciências Biológicas. Foi transfe‐rido para um Colégio comum de Bragan‐ça Paulista. Por isso, foi obrigado a fazer