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O Secretário Estadual da Educação Rossieli Soares pede que todos os profissionais da educação se cadastrem no site https://vacinaja.sp.gov.br/educacao para receberem a primeira dose da vacina. Na primeira etapa serão vacinados servidores e funcionários a partir de 47 anos. Saiba mais aqui . Reportagem de 27/03/2021 da Folha de São Paulo divulgou os resultados de estudo inédito do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS) sobre a desigualdade na educação em comparação internacional. O estudo analisa mudanças havidas ou não entre gerações. Mostra que a chance de repetir a baixa escolaridade do pai entre brasileiros é o dobro do que entre americanos. O efeito da cor/raça nas oportunidades educacionais no Brasil se soma ao efeito da pobreza. Visite o site do IMDS , que conta com tabelas e gráficos interativos. É uma fonte de informação para educadores(as) que também pode ser usada em sala de aula. O que há de novo ANO II - EDIÇÃO 25 ABRIL DE 2021 BOLETIM EDUCAÇÃO EM EVIDÊNCIAS SEMINÁRIO EM 09/04 NESTA EDIÇÃO DEBATE: GÊNERO NA ESCOLA - MASCULINIDADES E A TRAJETÓRIA DE MENINOS 1 PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO DE SP SERÃO VACINADOS A PARTIR DO DIA 12 DE ABRIL AHIRTON LOPES ALGORÍTIMO PARA PREVENIR A EVASÃO ESCOLAR Foto de Magda Ehlers no Pexels NOVOS INDICADORES COMPARAM A DESIGUALDADE EDUCACIONAL ENTRE PAÍSES

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O Secretário Estadual da Educação Rossieli Soares pede que todos os profissionais daeducação se cadastrem no site https://vacinaja.sp.gov.br/educacao para receberem aprimeira dose da vacina. Na primeira etapa serão vacinados servidores e funcionários apartir de 47 anos. Saiba mais aqui.

Reportagem de 27/03/2021 da Folha de São Paulo divulgou os resultados de estudoinédito do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS) sobre a desigualdadena educação em comparação internacional. O estudo analisa mudanças havidas ou nãoentre gerações. Mostra que a chance de repetir a baixa escolaridade do pai entrebrasileiros é o dobro do que entre americanos. O efeito da cor/raça nas oportunidadeseducacionais no Brasil se soma ao efeito da pobreza. Visite o site do IMDS, que conta comtabelas e gráficos interativos. É uma fonte de informação para educadores(as) quetambém pode ser usada em sala de aula.

O que há de novo

A N O I I - E D I Ç Ã O 2 5 A B R I L D E 2 0 2 1

BOLETIM EDUCAÇÃOEM EVIDÊNCIAS

SEMINÁRIO EM 09/04

N E S T A E D I Ç Ã O

DEBATE: GÊNERO NAESCOLA -MASCULINIDADES E ATRAJETÓRIA DE MENINOS

1

PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO DE SP SERÃO VACINADOS A PARTIR DODIA 12 DE ABRIL

AHIRTON LOPESALGORÍTIMO PARAPREVENIR A EVASÃOESCOLAR

Foto de Magda Ehlers no Pexels

NOVOS INDICADORES COMPARAM A DESIGUALDADE EDUCACIONALENTRE PAÍSES

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Como otratamento dedadosadministrativospode melhorar aeducação?

Como aInteligênciaArtificial ajuda aprever a evasãoescolar?

Ahirton Lopes é Chief Data Officer na Lambda3, tendoatuado como Cientista de Dados na Seduc SP durantedois anos. Premiado em 2020 como Most ValuableProfessional (MVP) em Inteligência Artificial pelaMicrosoft, também é professor de MBA na FIAP, efundador e co-organizador na AI Brasil. É mestre emEngenharia Elétrica pela Universidade PresbiterianaMackenzie (UPM) e doutorando em Engenharia Elétricae Computação na mesma instituição.

Dados gerados pelo monitoramento diário de alunos eprofessores, tanto em ambientes tradicionais deaprendizagem quanto em e-learning, podem serutilizados para melhorar a educação de váriasmaneiras, subsidiando a recomendação de materiaisdidáticos, a criação de planos de estudo personalizadose gerando previsões sobre o desempenho dos alunos.No seminário Ahirton falará de um desses usos, voltadoà identificação de alunos em situação de evasãoescolar, baseado no uso de de algoritmos deInteligência Artificial e dados administrativos, demodo que possamos visualizar o que vem a seguir.

Agenda dos SemináriosASSISTA PELO APLICATIVO E NO YOUTUBE DO CENTRO DE MÍDIAS DESÃO PAULO, CANAL GESTÃO

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DIA 09/04 ÀS14H

AHIRTON LOPES

O USO DEALGORÍTMOSPARA PREVENIRA EVASÃOESCOLAR

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No dia 04 de dezembro do ano passado oseminário do Escritório de Evidênciasrecebeu Cinthia Torres Toledo, doutoranda em educação pela USP combolsa pela Fapesp, mestre em educação elicenciada em pedagogia pela mesmauniversidade, pesquisadora do temagênero e desempenho escolar, com focona produção teórica sobremasculinidades e o desempenho escolarde meninos. O título de suaapresentação, em que apresentouresultados preliminares de sua pesquisade doutorado, fruto de trabalho decampo realizado em escolas em 2018, foi:“Masculinidade e escolarização. Meninospodem ser bons alunos?”Em 26 de março passado recebemosBetina Stefanello Lima e Maria Lúcia deSantana Braga, que falaram daparticipação feminina nas ciências e nastecnologias (em breve no Youtube). Acomplementaridade entre essas duasabordagens é evidente, e serve paramostrar como concepções e práticas degênero prejudicam tanto meninos quantomeninas, de maneiras distintas, em suaexperiência escolar. Quando falamos deconcepções e práticas de gêneroestamos falando de modos de pensar eagir de estudantes, famílias,comunidades, professores(as),gestores(as) escolares, construídossocialmente, pautados muitas vezes porvisões preconcebidas, preconceituosas esimplificadoras do que é “ser menino /ser homem” ou “ser menina / sermulher”. Se tais visões são construídassocialmente, elas podem também serdesconstruídas, transformadas,

Evidências educacionais em debateGÊNERO NA EDUCAÇÃO PARTE 1: MASCULINIDADES E ASTRAJETÓRIAS DE MENINOS

a partir do estudo e reflexão coletivasobre tais fenômenos. Nesse contexto, opapel da escola é fundamental. Nomomento atual por que o Brasil estápassando, em que a ciência tem sidofortemente atacada, e em que osmecanismos de comunicação em massavia redes sociais transmitem informaçõesfalsas sobre quase tudo, a escola tem,mais que nunca, a obrigação de ser aguardiã do pensamento crítico ecientífico, e dos valores da igualdade ecidadania.Neste artigo falaremos do estudo deCinthia Toledo, e em um próximo boletimserá a vez de discutir as meninas emulheres nas ciências exatas, e o papelda escola nisso tudo. Algumas dasperguntas centrais que a pesquisa deCinthia busca responder são: o queexplica a diferença de desempenho entremeninos e meninas? Quem são osmeninos que enfrentam maioresdificuldades? Seu ponto e partida são os dadosestatísticos, que demonstram que noBrasil, a partir dos anos 1950, as meninase mulheres passaram a superar meninos ehomens no acesso à educação, e queparticularmente os meninos negros, eentre eles os de famílias pobres, têm ospiores níveis de acesso e permanência naeducação. Essa é a primeira constataçãoimportante: se fala em masculinidades noplural justamente porque cor/raça/etnia,classe social e gênero são todosaspectos inter-relacionados edeterminantes da experiência individual,conforme comprova o gráfico abaixo,extraído da apresentação de Cinthia.

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O 1o quartil de renda (1o.Q na legendaacima) reúne os 20% mais pobres, e o 5o.os 20% mais ricos. Notem a enorme desigualdade de acesso entre negros dosexo masculino no grupo mais pobre ebrancas do grupo mais rico. Constatando a escassez de estudossobre educação e masculinidades noBrasil, Cinthia conta que quis estudarcomo pensam e agem os meninos, eparticularmente os meninos negros,porque esse aspecto ainda não tinha sidoestudado pelas pesquisas brasileiras – asque existem falam das concepções epráticas de professores(as). Observa queas trajetórias escolares curtas econturbadas dos meninos negros epobres em geral são explicadas pelosenso comum a partir apenas dosaspectos de classe e raça, quando háuma participação muito importante dasconcepções de gênero, como ela procuramostrar com sua pesquisa. Falando um pouco do método, Cinthiafez o que a antropologia chama de“trabalho de campo”: frequentou umaescola pública municipal dasubprefeitura do Butantan,

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de março a dezembro de 2018, em média3 vezes por semana, acompanhando asaulas, as interações e entrevistandomeninos, meninas e professores(as). Osalunos eram em sua maioria negros evinham das favelas no entorno. Em suaapresentação, ela recorre bastante a suasanotações dos cadernos de campo, muitoricas. Seguramente muitos professores eprofessoras se identificarão com osrelatos dela, vale assistir justamente porisso: a reflexão teórica se torna muitomais significativa quando está próximada realidade de vida e profissional dapessoa.Partindo da bibliografia internacional,Cinthia menciona estudos sobre outroscontextos nacionais que descobriram,entre meninos das classes trabalhadoras,uma visão do trabalho escolar comosendo feminino, segundo a qual um“menino de verdade” não pode se engajarnele. Segundo esses estudos, taismeninos teriam dificuldade de agirsocialmente como “bons alunos”. Cinthiaquis verificar se o mesmo poderia serafirmado para o contexto brasileiro.

Fonte: Simões, A.A. 2019

CURVAS DE ACESSO DE JOVENS DE 19 A 24 ANOS POR GRUPOS COM CARACTERÍSTICASCOMBINADAS DE RENDA, SEXO E COR/RAÇA. BRASIL - 2017

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Cinthia verificou uma disputa entre osmeninos “do fundão” e “da frente”.Mesmo que os do fundão nãonecessariamente tivessem todos baixosdesempenhos, a maioria dos repetentesestava no grupo. Da mesma forma,mesmo que os da frente não tivessemnecessariamente os melhoresdesempenhos, eles não entravam emconflito com as(os) professoras(os) eparecia haver uma noção difusa de queeles teriam trajetórias escolares maislineares, cursariam o ensino médio,enquanto que sobre o fundão o futuroescolar estava sempre em discussão.Mais do que definir distinções espaciais,esses termos definiam, segundo Cinthia,práticas sociais bem distintas demasculinidade, que denotam o desafiocomum para todos os meninos, que é adificuldade de se constituir e se afirmarcomo bom aluno nas interações com osoutros meninos. Mesmo meninos dofundão que, segundo as professoras,tinham bom desempenho, faziamquestão de se autodeclararem comomaus alunos.Dedicar-se demais às atividades faziacom que os meninos fossem provocadospelos pares. Tal atitude era associada a“continuar a ser criança”, enquantoamadurecer, virar adolescente, estavaassociado a um afastamento da escola.Ser estudioso seria, nesse contexto,continuar a ser criança. Os meninos dofundão expressavam publicamente, àsvezes inclusive por práticas de assédio, ointeresse em estabelecer relaçõesheterossexuais com meninas da escola, eprovocavam os meninos da frente, quechamavam pejorativamente de“mongóis”, dizendo que eles não sabiamusar a inteligência para o que era“importante”, conquistar as meninas.

Cinthia levanta ainda um outro elementoque traz maior complexidade ao assunto,que é o fato de esses alunos seremmeninos de periferia, “da favela”,cotidianamente associada à violência ecriminalidade, lembrando a constanteviolência policial sofrida por taiscomunidades. A escola é permeável a taisnoções, algo que afeta osrelacionamentos entre estudantes eprofessores. Um dos meninosentrevistados disse ter a impressão, pelaatitude dos(as) professores(as), quandose surpreendem com gestos deengajamento ou bom desempenho, deque elas devem pensar: “esse aí ou vaidar caixão ou vai dar cadeia”. O contextosociocultural em que os meninos negros,pobres e periféricos se encontramtambém permeia suas interações naescola: práticas ilícitas ou pequenasviolações da legalidade são valorizadasnessas interações. Afirmam, usandoexemplos de jovens mais velhos, o altostatus social daqueles que “estão nocrime”. Aqui abrimos um parêntese paramencionar estudos de Alba Zaluar eoutros autores, sobre a construção deconcepções de masculinidade associadasà violência e ao crime, em comunidadesperiféricas do Rio de Janeiro, quetambém contribuem para esse debate,muito embora não tenham sido objeto doSeminário de Cinthia. Para concluir, evoltando à indagação inicial, a pesquisade Cinthia verificou, em uma escolabrasileira, fenômeno semelhante àqueleverificado em estudos internacionais, emque a noção de masculinidade dosmeninos negros e pobres os afasta daescola, mostrando como concepções epráticas de gênero de grupos de pares –ou seja, grupos de meninos – podemcondicionar seu desempenho escolar nos

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anos iniciais e finais do ensinofundamental. Essa oposição entre o“fundão” e a frente não é algo novo, éalgo bem observado por professores. Oque é preciso estudar mais a fundo écomo a escola pode agir a partir doconhecimento desses aspectosassociados à construção dasmasculinidades. Cinthia aponta anecessidade de mais estudos queaprofundem a investigação sobre orelacionamento desses grupos demeninos com a escola. Interessante

observar que entre as meninas não haviaqualquer oposição entre grupos: asmeninas com melhor desempenho tinhammaior status social entre suas pares. Nãopor acaso, em geral eram as meninas commelhor condição econômica na família,que não viviam na favela, as “melhoresalunas”. Por outro lado, Cinthia verificouque meninos “do fundão”, que agiamcomo rebeldes, tinham maior statussocial entre todas as meninas – mais umaspecto das questões de gênero na escolaa exigir estudo e reflexão.

Caros(as) leitores(as), Agradecemos a todos e todas que têm escrito para o Escritório de Evidências com sugestões,motivadas pelos seminários ou pelos Boletins!

Lembrando: buscamos sugestões de pesquisas sobre educação que em sua opinião mereçam serapresentadas em nossos seminários, ou de assuntos a serem tratados no boletim.

Se tiverem resenhas de obras que acham importante divulgar, sempre na lógica das evidênciaseducacionais, mandem pra gente também!

Abraços,

Cartas, recados, e outros...ESCREVAM PARA [email protected]

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