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Em Busca de Maior Eficácia no Mapeamento de Macroprocessos: Discussão de Método a partir de dois Estudos de Caso Rodrigo Souza de Lima Rocha Pedro Montenegro Rosa Barcellos Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Vinícius Cardoso Rio de Janeiro Abril de 2016

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Em Busca de Maior Eficácia no Mapeamento de

Macroprocessos: Discussão de Método a partir de

dois Estudos de Caso

Rodrigo Souza de Lima Rocha

Pedro Montenegro Rosa Barcellos

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia de Produção da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos necessários

à obtenção do título de Engenheiro.

Orientador: Vinícius Cardoso

Rio de Janeiro

Abril de 2016

Em Busca de Maior Eficácia no Mapeamento de

Macroprocessos: Discussão de Método a partir de dois

Estudos de Caso

Rodrigo Souza de Lima Rocha

Pedro Montenegro Rosa Barcellos

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO

CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO.

Examinado por:

________________________________________________

Prof. Vinícius Carvalho Cardoso

________________________________________________

Prof. Adriano Proença

________________________________________________

Prof. Renato Flórido Cameira

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

Abril de 2016

Rocha, Rodrigo. Montenegro, Pedro

Em busca de Maior Eficácia no Mapeamento de

Macroprocessos: Discussão de Método a partir de dois

Estudos de Caso / Pedro Montenegro Rosa Barcellos e

Rodrigo Souza de Lima Rocha – Rio de Janeiro: UFRJ/

Escola Politécnica, 2016.

5, 56 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Vinícius Cardoso

Projeto de Graduação – UFRJ/ POLI/ Curso de

Engenharia de Produção, 2016.

Referências Bibliográficas: p. 62-63

1. Elaboração de Cadeia de Valor. 2. Desenvolvimento

de Método. 3. Importância da Cadeia de Valor I. Cardoso,

Vinícius II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ,

Curso de Engenharia de Produção. III. Titulo.

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

Em busca de Maior Eficácia no Mapeamento de Macroprocessos: Discussão de

Método a partir de dois Estudos de Caso

Rodrigo Souza de Lima Rocha

Pedro Montenegro Rosa Barcellos

Abril/2016

Orientador: Vinícius Cardoso

Curso: Engenharia de Produção

Resumo: O presente projeto visa desenvolver um método para a Elaboração de

Cadeias de Valor nas empresas. Introduz-se o projeto apresentando o objetivo, o

objeto de estudo e a unidade de análise. Em seguida, abrimos o projeto justificando a

importância da ferramenta para as empresas através de legislações vigentes,

oportunidades de melhoria historicamente proporcionadas, projetos que usualmente

envolvem a ferramenta e artigos que justifiquem o seu uso. Então foram realizados

Estudos de Caso e vasta pesquisa de revisão bibliográfica para buscar informações

que viessem a englobar boas práticas do mercado, experimentações teóricas e

experiência dos autores em um novo método que possa vir a ser seguido e utilizado,

tanto por agentes internos quanto externos das empresas que venham a realizar o

Mapeamento da Cadeia de Valor da Empresa. A parte chave é a constituição do

método em si, descrevendo as etapas, os recursos necessários, os pontos críticos e

de atenção de cada etapa, o tempo necessário e o sequenciamento das etapas;

através de uma compilação das informações previamente obtidas.

Palavras-chave: Cadeia de Valor, Elaboração, Método e Desenvolvimento

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Industrial Engineer.

In search of greater efficiency in the mapping of macro processes: Method

Discussion from two case studies

Rodrigo Souza de Lima Rocha

Pedro Montenegro Rosa Barcellos

Abril/2016

Advisor: Vinícius Cardoso

Course: Industrial Engineering

Abstract: This project aims to develop a method for the Development of Value

Chains in companies. Introduced the project presenting the purpose, the object of

study and analysis unit. Then we open the project justifying the importance tool for

businesses through existing laws, improvement opportunities historically provided,

projects that usually involve tools and articles to justify their use. So they were

conducted Case Studies and extensive literature review research to find information

that came to encompass industry best practices, theoretical experimentation and

experience of the authors in a new method that may be followed and used both as

external as internal agents of companies who will realize the Company Value Chain

Mapping. The key part is the constitution of the method itself, describing the steps, the

necessary resources, the critical points and attention to each step, the time and the

sequence of steps; through a compilation of previously obtained information.

Keywords: Valeu Chain, Mapping, Development, Method and Companies

Sumário

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 6

1.1 Apresentação do Problema ............................................................................................ 6

1.2 Justificativa ....................................................................................................................... 7

1.3 Objeto – Objetivo ............................................................................................................. 9

1.4 Objeto – Temática ......................................................................................................... 10

1.5 Objeto – Unidade de Análise ....................................................................................... 10

2. METODOLOGIA ................................................................................................................... 12

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................... 15

4. ESTUDOS DE CASO .......................................................................................................... 19

4.1 Estudo de caso Brasilcap ............................................................................................. 19

4.2 Estudo de Caso Guanabara Diesel ............................................................................ 29

5. PROPOSTA DO MÉTODO DE ELABORAÇÃO DE CADEIA DE VALOR ................. 40

5.1 Etapa 1 – Estudo da Empresa e do Contexto ........................................................... 41

5.2 Etapa 2 – Reunião com PMO ...................................................................................... 43

5.3 Etapa 3 – apresentação geral do projeto para todos ............................................... 44

5.4 Etapa 4 – estudo de benchmarking e modelos de referencias .............................. 46

5.5 Etapa 5 – Agendamento de Entrevistas e de Acompanhamento .......................... 47

5.6 Etapa 6 – Entrevistas de Mapeamento ...................................................................... 49

5.7 Etapa 7 - Preenchimento do Diagrama de Escopo .................................................. 50

5.8 Etapa 8 – Acompanhamento do Processo na Realidade/Prática .......................... 51

5.9 Etapa 9 – Compilação de Informações ...................................................................... 53

5.10 Etapa 10 – Desenho da Versão Inicial ..................................................................... 54

5.11 Etapa 11 – Reunião de validação da versão inicial ao vivo .................................. 58

5.12 Etapa 12 – Desenho da versão alterada ................................................................. 59

5.13 Etapa 13 – Apresentação da versão alterada para as áreas ............................... 59

5.14 Etapa 14 – Workshop de validação entre áreas ..................................................... 60

5.15 Etapa 15 – Apresentação para a diretoria ............................................................... 61

6. CONCLUSÃO: ...................................................................................................................... 63

7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 65

6

1. INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação do Problema

A Cadeia de Valor, conceito proposto por Michael Porter, desagrega

uma empresa em suas atividades relevantes, separando as atividades em duas

grandes partes: primeiramente em áreas de Apoio, constituídas de áreas como

a infraestrutura física e de sistemas, a gestão de pessoas, a tecnologia da

informação e compras; em seguida em áreas primárias, exemplificadas como a

logística, operações, vendas e serviços, com os objetivos fundamentais de

entender o comportamento da geração de valor do produto ao longo da

empresa, o comportamento de custos e os potenciais de diferenciação.

(PORTER, 1989).

Figura 1: Cadeia de Valor, por Porter

Porter (1985). Competitive Advantage: Creating and Sustaining Superior Performance. Cap. 2

Assim, pesquisaram-se materiais de referência de como proceder

claramente com a elaboração da Cadeia de Valores, boas práticas desse

processo de mapeamento, estratégias de sucesso e experimentadas para tal,

porém, não foram encontrados livros ou artigos que englobassem todo o

processo, como por exemplo, o artigo “Discussão do Modelo Portesiano

Através de Críticas e Teoria dos Recursos”, de Marcelo P Binder, 2003; e

também o artigo “Análise Estratégica de Cadeia de Valor: um Estudo

7

Exploratório do Segmento Indústria-Varejo”, de Welington Rocha, 2007, onde

os dois, durante os processos vivenciados, citam e descrevem a importância da

utilização da Cadeia de Valor para seus processos, mostram a Cadeia de Valor

do objeto de estudo pronta, em forma de produto final, entretanto não elucidam

nem descrevem como foi o processo de geração dessa Cadeia de Valor,

justamente ponto de foco do projeto em questão.

Deste modo, imaginou-se que, devido à importância da Cadeia de Valor

que será citada e explicada em mais detalhes em seguida, seria de grande

valia e utilidade para as empresas que serão descritas como sendo a unidade

de análise, também posteriormente, que fosse elaborado e, principalmente,

descrito, um método para essa elaboração.

1.2 Justificativa

A Cadeia de Valor dentro das empresas habilita uma visão estratégia,

fornecendo uma visão ampla da operação e possibilitando um entendimento

interligado das questões de alta relevância. Além disso, fornece uma maior

capacidade de analisar problemas, identificar as oportunidades e indicar os

pontos de mudança e reestruturações, orientando à organização à entrega de

melhores serviços ou produtos. (Epstein e Roy, 1998)

A utilização da Cadeia de Valor das empresas em diversos projetos

pode ser apontada fator de reforço para a importância e justificativa do projeto

proposto. É importante saber que os projetos em seguida descritos não têm por

obrigação o mapeamento da Cadeia de Valor para que sejam realizados,

dependerá da forma com que vai ser conduzido, das metodologias utilizadas,

etc.; por outro lado, é um instrumento, muitas vezes, facilitador do alcance do

objetivo final em questão de ter uma visão clara de como ocorre a agregação e

geração de valor dentro da empresa numa visão ampla e interligada, uma

aderência com a realidade vivida pela empresa e uma interação clara e

estruturada entre os processos ao longo da Cadeia de Valor. Pode-se citar

alguns tipos projetos em que a Cadeia de Valor foi instrumento de referência

para organizar atividades e conduzir o projeto, como por exemplo, projetos de

Mapeamento de Processos, Gestão de Riscos, Plano de Capacitação,

Planejamento Estratégico, Gestão de Indicadores de Desempenho,

8

Identificação de Oportunidade de Melhorias, Estruturação e Gestão de

Informação, Mapeamento de Competências, Análise de Impactos

Operacionais, Seleção de ERP, entre outros. (Banco Central do Brasil,

Voto211/2013).

Passando pelos projetos, outro viés que justifica a importância de

empresas a ter uma Cadeia de Valor publicada são as exigências regulatórias.

Existem diversas normas, leis, circulares e regulamentações que convergem no

sentido de estimular e, por muitas vezes, obrigar que a empresa tenha a

Cadeia de Valor. Entre elas temos o grupo de normas técnicas ISO 9000 criado

pela instituição não governamental International Organization for

Standardization, que estabelecem um modelo de gestão de qualidade para as

organizações. De acordo com o seu site (www.iso.org), essas normas

requerem que o sistema de gestão tenha uma abordagem que considera todo

trabalho como sendo um processo, foca em satisfazer a necessidade do

cliente, identifica e compromete os donos do processo, elimina os processos

que não agreguem valor, controla os fatores críticos de sucesso de todo o

sistema e identifica processos de referências que possam ser utilizados como

base.

Muitas destas normas exigem que se tenham processos mapeados

preestabelecidos, como normas de mapeamento de riscos, banco de dados de

perdas e riscos operacionais. Como é o caso da Circular SUSEP Número 492,

de 31 de julho de 2014, que exige um banco de dados de perdas operacionais

(BDPO) para instituições. Ela cita, em seu Art. 5, as fases do BDPO: " I -

Controles de Captura e Classificação – compreendem o desenvolvimento de

controles de identificação, captura e classificação das perdas operacionais

materiais, dos eventos de recuperação e das atualizações a elas associadas."

e "II - Projeto e Implementação do Banco de Dados - compreende os sistemas

de armazenamento físico dos dados de perdas operacionais, com mecanismos

de consulta, alteração e reportes e as definições relativas à segurança lógica

desses sistemas.". Para realizar essas etapas é preciso saber e entender o

processo de geração de valor para a instituição, para assim, através de

ferramentas específicas, identificar e concluir quais são as suas perdas

operacionais em decorrências dos riscos operacionais.

9

Outro exemplo é a Lei de Sarbanes-Oxley (SOX), criada em 2002 nos

Estados Unidos, que obriga todas as empresas americanas de capital aberto a

incluir no seu plano de ação o mapeamento de seus processos chaves. Sendo

assim, todas as empresas que querem ter suas ações negociadas nas bolsas

de valores dos Estados Unidos (incluindo as brasileiras) passaram a se

preocupar com um cenário muito forte de auditoria interna, onde precisam ter

uma definição clara e detalhada de controle de cada área para conseguirem

fornecer informações transparentes aos administradores e investidores sobre a

sua situação patrimonial e financeira. Através dos artigos 300, que definem as

responsabilidades da empresa, e consequentemente de seus membros, ela

passa a utilizar uma grande segregação de função, onde, todos tem sua alçada

muito bem definida e sabem até onde vai a sua função, para que não haja

dúvida de quem executa cada tarefa e indique o responsável caso haja alguma

fraude.

1.3 Objeto – Objetivo

A partir dessa definição, o objetivo com o presente projeto é de

desenvolver e descrever um método claro para a elaboração de uma Cadeia de

Valores nas empresas. De forma a tornar esse processo mais estruturado e

alinhado com experiências de sucesso anteriores e que gere resultados mais

plausíveis e compatíveis com a realidade da empresa alvo, possibilitando a

utilização de forma objetiva para possíveis futuros projetos. Aliado ao manual,

irá se justificar a importância para as empresas de terem uma Cadeia de Valor

e as vantagens que podem ser obtidas competitivamente uma vez que a

Cadeia de Valor está bem estruturada com a inter-relação entre processos e

áreas, fidedigna e aderente com a realidade dos processos da empresa.

O método que será elaborado para ser utilizado ao desenvolver a

Cadeia de Valor em uma instituição, empresa ou organização conterá as

atividades chave do processo, sequenciadas cronologicamente, desde fases

mais iniciais até as mais avançadas e finais, passando por fases

intermediárias, relacionando e explicitando os recursos e colaboradores que

serão envolvidos em cada etapa, o tempo estimado para esse envolvimento e

necessário para que cada etapa seja cumprida, com uma descrição objetiva do

que deve ser feito na etapa.

10

O método deverá ser realizado e construído de forma a possibilitar que

tanto recursos internos das empresas, quanto agentes externos possam

elaborar a Cadeia de Valor. Sendo os recursos internos aqueles de setores

como de Desenvolvimento Empresarial, Engenharia, Gestão e Escritório de

Processos, áreas comuns em empresas. E os agentes externos aqueles de

empresas de Consultoria com foco em processo.

1.4 Objeto – Temática

O projeto tem uma temática bem definida, está inserido no âmbito da

Engenharia de Processos. Uma vez que a Cadeia de Valor é nada mais que

uma interligação entre processos bem definidos, assim como, para Davenport

(Reengenharia de Processos, 1994), um processo seria uma ordenação bem

definida das atividades de trabalho no tempo e no espaço. Aliado com a visão

de Rummler e Brache (Melhores Desempenhos das Empresas, 1994) onde a

Cadeia de Valor é dita ser uma série de etapas criadas para produzir um

produto ou serviço; pode-se concluir que a Cadeia de Valor é um conjunto de

etapas constituintes de um processo de agregação de valor.

1.5 Objeto – Unidade de Análise

O processo de elaboração da Cadeia de Valor pode ser aplicado a uma

quantidade bem variada de empresas, de diversas áreas e setores da

economia, tanto públicas, quanto privadas. Sendo assim, a unidade de análise

contempla um número bem vasto de organizações. Os critérios de restrição

utilizados serão o seu tamanho e a sua nacionalidade.

Em pequenas empresas o processo de elaboração seria bem diferente,

devido ao menor número de áreas, menor quantidade de gestores e níveis

hierárquicos. Além disso, o estudo se torna mais complexo tendo em vista que

geralmente estas instituições não possuem muito controle sobre todos os seus

dados, despendendo um tempo muito grande para coletá-los. Sendo assim o

estudo se baseará em empresas de grande porte.

No quesito nacionalidade, seria muito difícil o acesso e o entendimento de

todas as etapas de funcionamento, necessários para a elaboração do método,

em empresas multinacionais, com trâmites internacionais de aprovação,

métodos mundiais, entre outros fatores. Empresas brasileiras estão mais

11

acessíveis ao alcance para estudo tendo em vista a proximidade e a já

obtenção de estudos de casos de empresas de origem no Brasil. Com isso, o

projeto contempla todas as grandes organizações nacionais.

12

2. METODOLOGIA

O próximo passo para desenvolver o método de elaboração da Cadeia

de Valor, foco do projeto, é estabelecer uma metodologia de abordagem para

elaboração do método de forma consistente e contínua, para pautar o

andamento do projeto, separando as etapas, os resultados esperados em cada

uma das etapas, os atores envolvidos e as ações a serem tomadas em cada

etapa. Para evitar conflitos de entendimento, será utilizado o termo

“Metodologia” para referenciar o método para elaborar o método, e manter-se-á

o termo “Método” para citar o método para elaboração da Cadeia. Serão

buscadas as melhores práticas para entendimento de como elaborar um

método e utilizaremos no nosso projeto.

A metodologia de elaboração do método será separada em três

principais macro etapas, assim como as etapas de um processo de trabalho, a

serem descritas a seguir.

Primeiramente será feita uma revisão bibliográfica sobre o assunto, suas

características principais e seus atributos de valor, para, deste modo,

identificar, entender e conhecer as teorias sobre a elaboração da Cadeia de

Valor, quais boas práticas já foram descritas e estudadas, qual ou quais as

metodologias mais empregadas de forma geral, que tipo de erro é comum de

acontecer, que tipo de erro é relevante ser mitigado, quais riscos são

encontrados comumente, entre outros pormenores que serão estudados.

As pesquisas em bases de artigos, como Capes e Google Acadêmico,

foram feitas primeiro por palavras que foram julgadas chaves, tanto em

português quanto em inglês. O próximo filtro foi pelos títulos que apareciam

como resultado da pesquisa. Selecionados os artigos cujos títulos foram

julgados mais importantes, passou-se para a última etapa de seleção, que foi

ler os seus resumos. Com esse filtro foi possível obter os artigos e estudos de

casos que seriam utilizados. Além disso também foram reunidas, publicações,

periódicos e livros do assunto, que compõem todo o acervo teórico julgado

necessário para o seu entendimento. Através desse acervo foi obtido o

embasamento e conhecimento inicial consolidado para que fosse possível

desenvolver uma revisão bibliográfica, que será exposta à frente, de quais as

13

práticas mais utilizadas na hora de elaborar uma Cadeia de Valor, necessárias

para dar continuidade ao projeto.

Em seguida serão analisados alguns estudos de casos pregressos, onde

a Cadeia de Valor foi elaborada, seja com o intuito de ser o produto final do

projeto ou então para ser utilizada como instrumento para auxiliar e amparar o

projeto em questão, assim como nos exemplos de projetos que foram descritos

previamente, na fase inicial.

Entende-se que por meio de experiências prévias com resultados já

obtidos e conhecidos é possível ter um melhor entendimento sobre o objeto

estudado, facilitando assim, a escolha de qual caminho seguir na formulação

de um método ideal para a elaboração da Cadeia de Valor. A análise dos

estudos de caso se dará através de entrevistas e conversas com os gestores e

participantes do projeto, para, assim, entender qual ou quais foram os métodos

empregados, que fases e etapas foram realizadas, os recursos e o tempo que

foi envolvido e gasto em cada uma das etapas, além disso, entender e inferir

sobre os pontos positivos, os pontos negativos e falhos, os pontos faltantes e

os resultados que o método gerou, seja ele a real utilização da Cadeia no

projeto ou então uma necessidade de nova elaboração, entre outros.

Os entrevistados irão expor suas sugestões e ideias, e com isso será

possível entender a relação entre o método utilizado e os resultados finais em

termos da Cadeia de Valores como produto, ou seja, se ela foi rapidamente e

facilmente entendida, difundida e implantada; se ela ainda é utilizada, se teve

necessidade de seguidos ajustes, e também como ela foi julgada pelos

diretores do projeto, pelos recursos que participaram do processo de

elaboração e também pelo próprio agente que elaborou.

Feito isso, já existirá uma análise e compilação dos conhecimentos

teóricos, dos estudos; e também uma vertente de análise por experimentação,

vinda dos estudos de casos analisados. Assim, o próximo passo será o de

compilar as informações. Nesta última fase serão relacionadas as fases e seus

pontos que foram obtidos nos estudos vindo das referências bibliográficas com

as etapas citadas e descritas nos casos práticos, buscando encontrar um

denominador comum para um método.

14

Finalmente será possível priorizar e sequenciar as etapas já

identificadas tendo como objetivo elaborar o método final. Neste método

constarão todas as etapas de forma sequenciada, de acordo com o que foi

estudado e constatado durante as fases de pesquisa e estudos de caso,

contemplando também quais e quantos recursos serão necessários em cada

etapa e também o tempo estimado necessário para que a etapa seja realizada.

Além disso, serão determinados os pontos de atenção e as dificuldades

esperadas em cada fase. No elaboração do método serão incorporados alguns

pontos, etapas ou recursos que foram julgados pelos autores como sendo

importantes e tendo validade a partir de experimentação prática. Assim, além

de se obter o conhecimento vindo da bibliografia do assunto, dos estudos de

caso, também será utilizado conhecimento próprio.

Figura 2: Descrição de Metodologia

Fonte: Autoria Própria

15

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Depois de uma busca para somar uma boa quantidade de material para

estudo prévio, pode-se concluir que cada autor utiliza um método diferente para

obter uma Cadeia de valor, sendo assim, a sua estruturação não é um

processo genérico. Cada literatura encontrada mostra um caminho diferente

até chegar ao objetivo final. Contudo, observou-se que algumas etapas eram

semelhantes e interessantes de serem desmembradas.

Uma delas é conhecer toda a história da empresa. Segundo Matthias

Holweg e Petri Helo (2014), conhecer todas a trajetória da instituição,

entendendo todos os seus períodos e fases, permite o estudo e a comparação

de múltiplas decisões ao longo do tempo, como o critério que vem sendo

usado, o peso desse critério nas tomadas de decisões e quais os dados são

consultados. As mudanças de caminho que a empresa toma ao longo do tempo

são fundamentais para as transformações nas suas Cadeias de Valor.

É importante ressaltar que entender os fatores que levaram às tomadas

de decisão no passado é fundamental para realizar qualquer tipo de previsão

de quais serão as movimentações futuras. Esse entendimento pode deixar a

Cadeia de valor que será modelada muito mais duradoura.

Juntamente como o estudo da história e transformação da empresa em

seu tempo de existência, também foi observado o entendimento de suas

Cadeias de Valor antigas. O estudo dos processos que foram considerados

agregadores de valor em outros tempos também são importantes para modelar

a atual.

Para uma melhor estruturação de uma Cadeia também é importante

conhecer o mercado cuja empresa atua. A evolução da indústria, suas

tendências, os fornecedores e concorrentes são alguns dos fatores que fazem

parte deste mercado. Uma vez conhecendo-o é possível identificar o quanto de

valor cada segmento adiciona ao produto.

Além de se estudar toda a trajetória da empresa, também é fundamental

entender toda a sua atuação, bem como todos os seus processos internos.

Segundo Gary Gereffi e Karina Fernandez-Stark (2011) a identificação das

16

estruturas de input e output é muito importante para construir a Cadeia de

Valor.

Para identificar quais são as atividades e segmentos principais, é

preciso entender que uma cadeia representa o todo o processo de input-output,

o qual leva o produto ou serviço desde a concepção inicial até chegar no

consumidor. Esse processo de input-output indica o fluxo de bens e serviços

tangíveis e intangíveis, fundamental para mapear a adição de valor nos

diferentes estágios de uma cadeia e estratificar a informação de interesse.

Uma maneira muito utilizada para avaliar o que agrega valor ao

processo é o método Value Stream Mapping (VSM). Segundo Ramesh, Prasad

e Srinivas (2008), VSM é uma ferramenta de visualização orientada pela

manufatura lean que ajuda a entender e simplificar o processo. O seu objetivo

é identificar, demonstrar e diminuir o desperdício, que é toda atividade que não

adiciona valor ao produto final. Essa ferramenta é o ponto inicial para que o

desperdício seja reconhecido e suas causas sejam identificadas.

Em "Learning to see", de Rother e Shook (1999) são explicados uma

série de fatores que dão grande importância à ferramenta VSM. Eles são: o

fato de que ela ajuda a visualizar além de único processo, todo o fluxo; o

mapeamento ajuda a identificar os recursos de desperdício no fluxo de valor;

produz uma linguagem comum para falar sobre processos; toma decisões

sobre o fluxo aparente; conecta os fluxos de informação e material e forma uma

base para o desenvolvimento do plano de implementação, já que torna-se um

diagrama do fluxo de valor segunda à manufatura lean.

Ainda em "Learnig to see", é possível entender e desenvolver todo o

processo de utilização do VSM. Primeiramente é preciso desenhar o diagrama

da atual situação dos processos da empresa. Isso é feito por meio de coleta de

informações de todas as operações. Através de símbolos e ícones são

desenhadas as categorias dos processos presentes e seus fluxos até que toda

a operação da empresa seja contemplada. A figura a seguir ilustra o

mapeamento:

17

Figura 3 : Exemplo do mapeamento dos processos atuais de uma empresa

Fonte: "Learning to see"

A partir deste primeiro mapeamento é possível visualizar o fluxo de valor

e reconhecer as áreas de "superprodução". Com isso já se pode eliminar os

recursos que geram desperdícios, aumentando o seu valor. Partindo do

princípio de que toda a análise já foi realizada, o próximo passo é desenvolver

o diagrama futuro dos processos. O objetivo é construir uma cadeia de

produção em que os processos individuais estão conectados aos seus

consumidores através de um fluxo contínuo onde cada processo só produzam

o que o seu consumidor quiser no momento em que ele quiser. A figura a

seguir mostra como ficaria a proposta de processos futuros do exemplo da

figura anterior:

18

Figura 4: Exemplo do mapeamento dos processos futuros

Fonte: "Learning to see"

A partir de todas as informações obtidas através de todos esses estudos

citados já seria possível a elaboração da Cadeia de Valor. Compilando os

dados é possível descrever cada elo e integrá-los, agregando o que foi obtido

nas fases iniciais do processo.

Quando passada a fase de desenhar, descrever e desenvolver é preciso

analisar e validar a Cadeia de Valor. Segundo Souza e Kliemann Neto (2002)

essa análise é constituída das seguintes etapas: analisar de forma individual

cada elo da cadeia principal e auxiliar; realizar uma análise integrada da

cadeia; realizar, além da análise vertical, a análise horizontal entre os elos;

identificar os elos fracos da cadeia e identificar os problemas de

relacionamento entre os elos. Seguindo essa etapas é possível a sua

validação.

19

4. ESTUDOS DE CASO

Nesta seção serão apresentados os estudos de caso que foram

analisados e estudados para obtenção dos métodos utilizados para elaboração

da Cadeia de Valor. Baseando-se em projetos realizados em que a Cadeia de

Valor foi mapeada. Foi utilizada a estratégia de conversar e entrevistar os

participantes do projeto, principalmente os agentes do mapeamento. Tentou-se

entender tanto diretamente, ou seja, através de suas respostas, quanto

indiretamente, através de percepções, como foi realizado o projeto, permeando

os recursos, tempo necessário, tempo utilizado, pontos positivos e negativos.

Figura 5: Fluxo do Estudo de Caso

Fonte: Autoria Própria

4.1 Estudo de caso Brasilcap

O primeiro estudo de caso que analisamos é do caso do projeto

realizado na Brasilcap, a empresa de capitalização do Banco do Brasil. Para

isso, foram realizadas entrevistas e conversas com os consultores Pedro Pecly

e Mariana Freitas, especializados em processos e agentes do mapeamento na

empresa em questão. Pediu-se que os dois contassem como foi feito todo o

processo de elaboração da Cadeia de Valor da Brasilcap, pontuando os pontos

positivos, quanto tempo foi despendido em cada etapa, os recursos que foram

envolvidos e qualquer outro ponto que for julgado como importante de cada

fase, além de curiosidades do processo.

Primeiramente é importante saber que este projeto tinha como intenção

final a elaboração da Cadeia de Valor, ou seja, o produto final a ser entregue

para o cliente era a Cadeia de Valor, nos níveis que foram acordados

20

previamente, foram eles os macroprocessos e o nível de processos para todos

os macroprocessos. Então, cada macroprocesso teria, dentro dele, os

processos que fazem parte.

O projeto começou com um grande e profundo estudo da empresa e do

contexto que estava inserido. Foram duas semanas de estudo do tema, no

caso a capitalização, de como funcionava a operação capitalização, quais eram

os órgãos reguladores, quem eram os clientes, quais eram os tipos de produto

comercializados e todas as características gerais e principais da empresa e do

mercado. Entendeu-se, nesse momento, como a empresa realizava suas

operações de investimento, de relacionamento com os clientes, sua posição no

mercado e de concorrentes, foram feitas consultas no site da empresa;

entendeu-se o contexto geral antes de agendar a primeira reunião formal de

mapeamento da Cadeia de Valor. (Foram realizadas reuniões apresentação da

proposta e venda do projeto anteriormente, porém, não são parte do

mapeamento da Cadeia de Valor).

Importante salientar que o estudo foi feito internamente, sem envolver

recursos da empresa cliente e foram utilizados estudos de mercado, sites das

empresas do ramo, normas e regulamentações publicadas, notícias sobre o

assunto nos mais diferentes veículos, conhecimentos de outros consultores,

entre outras fontes de informação que viessem a agregar ao projeto.

O estudo prévio realizado foi de grande valor pois facilitou o andamento

das reuniões seguintes, uma vez que o vocabulário e os termos empregados já

não eram estranhos aos consultores e as questões básicas de funcionamento

da empresa e da operação não precisavam ser explicadas repetidamente pelos

funcionários durante as reuniões iniciais, além disso o conhecimento

apresentado inicialmente passava confiança aos funcionários e credibilidade

para os consultores perante os colaboradores da Brasilcap. Visto que os

próprios colaboradores da Brasilcap sabiam que não era um tema e uma área

de conhecimento popular, assim, os consultores terem demonstrado

conhecimento inicial sobre o assunto inspirou confiança e deu credibilidade

para que a reunião fluísse de forma a apresentar os resultados esperados e

num tempo hábil, sem que se estendesse muito. Assim, uma reunião inicial,

21

que vai ser tratada em seguida, conseguia render e funcionar de forma a

passarem pouco tempo nos pormenores iniciais e conseguir aproveitar grande

parte do tempo para o objetivo real, o de mapeamento.

Feito o estudo e passadas as duas primeiras semanas, iniciou-se a fase

de reunião com o PMO (Project Management Office) da empresa, lá chamado

de setor de Desenvolvimento Empresarial. Foram realizadas duas reuniões de

apresentação do que seria desenvolvido e da metodologia que seria

empregada, para solicitar aprovação da equipe de Desenvolvimento

Empresarial e assim obter indicação de com quem dever-se-ia falar em cada

área, de acordo com necessidade de informação para o projeto e função do

funcionário. Durante as duas reuniões com a área de Desenvolvimento

Empresarial foram apresentados os próximos passos do projeto e foi obtida

uma lista de contatos de cada área e a natural aprovação para entrar em

contato com cada um.

Cada reunião durou em torno de duas horas e envolveu o gerente da

área e pelo menos um analista.

Esta fase foi importante para respaldar os passos seguintes tomados

pela equipe de consultores. Uma vez que a equipe de Desenvolvimento

Empresarial entrou em contato com os gerentes da área apresentando o

projeto, contextualizando de forma objetiva, contando o que viria a ser feito,

explicando que a equipe de consultores entraria em contato e que eles

deveriam disponibilizar certo tempo e alguns recursos.

Esse respaldo dado pelo Desenvolvimento Empresarial, sustentado por

um discurso de apoio vindo da diretoria foi de grande importância, uma vez

que, por muitas vezes em projetos de consultoria que envolvem os funcionários

diretamente, os recursos ficam receosos de perderem tempo demais durante

as reuniões, perdendo o seu tempo de atividade fim, rendendo menos e não

alcançando as metas ou cumprindo as tarefas, acabando, assim, por não entrar

em detalhes sobre seus processos ou então não criticarem alguma informação

de modo a ganhar o máximo de tempo possível.

22

O ponto negativo dessa fase é o de que os gestores das áreas, ponto

focal inicial, não passaram a informação, em alguns casos, para seus

subordinados, que viriam a ser entrevistados, então por muitas vezes os

recursos abaixo dos gerentes da área não tinham conhecimento do projeto que

estava em andamento, não esperavam o contato da equipe de consultores e

não se planejavam em questão de agenda para uma possível reunião; então

existia um dispêndio de tempo inicial durante as reuniões com esses recursos

para explicação do projeto, contextualização da função do funcionário no

projeto, a importância das informações que ele passaria e de dar segurança

para que o funcionário pudesse contar o que acontece na prática. Tal fato

ainda será descrito adiante quando da descrição da etapa de reuniões com as

equipes.

Após a marcação e agendamento das entrevistas por telefone

(pouquíssimas foram agendadas ao vivo e todas foram confirmadas por

agenda eletrônica) foi realizado um estudo em duas vertentes, primeiramente

benchmarkings e modelos de referência de Cadeias de Valor das áreas que a

empresa tinha. Ou seja, a equipe de consultores estudou diversas Cadeias de

Valor que lhes foram oferecidas pela sua gerência, de diversas empresas, para

tentar obter insights sobre os processos realizados nas áreas, principalmente

aquelas que são comuns a maior parte das empresas, como Financeiro,

Infraestrutura, Contabilidade, Recursos Humanos, entre outros. A outra

vertente foi a análise da Cadeia de Valor existente já na empresa, mesmo

obsoleta e ultrapassada ela poderia fornecer informações iniciais relevantes

sobre como a empresa se via e como estavam estruturados principalmente os

macroprocessos.

A utilização dos modelos de referência foi válida para poder criticar as

informações dos processos que os recursos viriam a fornecer. Por vezes os

recursos, ao falarem sobre seus processos, acabam por não mencionar sua

totalidade, esquecendo algum talvez de menor importância ou então não

identificando alguma atividade executada como um processo; então, quando

indagados sobre processos que são comuns em outras empresas, acabam se

lembrando e constatando alguns outros processos da área que foram

esquecidos. Além disso, o conhecimento prévio de alguma área, principalmente

23

as mais complexas, facilita o andamento das reuniões, pelo mesmo motivo

descrito na etapa das reuniões iniciais. O interlocutor percebe que o consultor

realmente tem conhecimento suficiente para entender o processo e

efetivamente fornecer soluções para os problemas que ele vive e então, pode

entrar em detalhes, utilizar os termos da área, e se sente à vontade para contar

sobre a área e seus processos sabendo que está sendo entendido e que existe

a possibilidade de melhoria através do projeto.

O estudo da Cadeia de Valor já existente na Brasilcap teve função

principal de entendimento dos Macroprocessos que iriam ser tratados adiante,

até mesmo porque a Cadeia que foi fornecida para os consultores estava

desatualizada e parcialmente obsoleta. Assim, a ideia era de cada área

identificar se já está sendo contemplada em algum macroprocesso ou se

precisa ser criado um novo para englobar a área e seus processos.

Então se iniciaria a primeira fase de mapeamento real e efetivo, com as

reuniões com cada gestor de área e a equipe que ele tivesse selecionado e

levado para a reunião.

O processo dessa reunião era simples. Primeiramente era explicado o

que era o projeto, quais os objetivos e como seria feito para alcançá-lo. Em

seguida, apresentariam uma primeira versão dos macroprocessos, com base

no que já tinha sido estudado nos modelos de referência e benchmarking e na

Cadeia já existente. Cada área deveria identificar se se via presente e sendo

englobada em algum dos macroprocessos ou se então precisaria ser criado um

novo macroprocesso para que ela fosse parte da Cadeia de Valor. A Cadeia já

estava dividida em processos de gestão, de suporte e finalísticos; então

também existia o trabalho de deixar claro para cada área se a mesma tratava-

se de uma área de gestão, de suporte ou de função primária/finalística. Feito

isso, se a área já fosse englobada, ela deveria detalhar de forma aberta e

ampla todos os processos que ela realiza, os processos que ela participa, as

atividades que ela realiza e todos os outros pontos que eles julgarem

necessários apresentar. Se a área não se visse nos macroprocessos, seria

criado um macroprocesso para a área e então se seguia com as informações

sobre os processos, assim como já descrito. Os consultores anotavam todas as

informações relevantes fornecidas pelos funcionários.

24

As reuniões duravam em média 4 horas, envolvendo sempre dois

consultores, um gerente da área e a equipe que ele levasse. Um consultor

tinha o dever de anotar tudo que fosse discutido, colocar seus insights e

comentários, o outro de conduzir a reunião de forma a indagar sobre os

processos faltantes, criticar algum processo, ajudar a deixar claro qualquer tipo

de dúvida dos interlocutores. Principalmente no quesito tempo de reunião, dado

que os funcionários, por muitas vezes, acabam se estendendo nas discussões,

trazendo diversos problemas que a área enfrenta e perdem um pouco do foco

inicial da reunião. É papel de o consultor manter o direcionamento da reunião.

Na figura 1 podemos ver a Cadeia de Valor da Brasilcap no sentido dos

Macroprocessos, já divididos em Gestão, Suporte e Finalísticos. A caixa de

gestão tem 9 macroprocessos, a de suporte tem 7 macroprocessos e a

finalística tem 6 macroprocessos. Lembrando que cada macroprocesso deste

foi desmembrado a nível de processo, como será visto mais à frente.

Figura 6: Cadeia de Valor - Macroprocessos - Brasilcap

Fonte: Material Fornecido pelos Entrevistados

25

Em seguida da reunião com cada área, onde foi identificado ou criado o

macroprocesso ao qual ela pertence, os consultores deveriam realizar um

trabalho interno de compilar as informações relevantes dos processos

fornecidas durante as reuniões e a partir dessas informações moldar e mapear

a Cadeia de Valor dentro de cada macroprocesso. Feito isso, cada

macroprocesso teria sido desmembrado ao nível de processo. Como pode ser

visto na figura 2, o exemplo do Macro processo de Gerir Responsabilidade

Socioambiental, que teve 6 processos identificados dentro do mesmo.

Figura 7- Cadeia de Valor do Macroprocesso de Gerir Responsabilidade Socioambiental

Fonte: Material Fornecido pelos Entrevistados

Uma vez que todos os macroprocessos foram desmembrados ao nível

de processo pelas áreas e desenhados pelo time de consultores, todos eles

foram enviados para validação com as áreas responsáveis pelo

macroprocesso. Alguns macroprocessos tinham participação de mais de uma

área, logo foram enviados para todas as envolvidas e deveriam ser validados

de forma conjunta. A parte de validação é de grande importância,

principalmente quando a equipe de consultores é externa. Todas as validações

foram salvas em formato pdf e entregues junto com a Cadeia de Valor (produto

final) para que não houvesse nenhum caso da área dizer posteriormente que

discorda das informações, que não fez tal mapeamento ou que não validou tal

documento.

26

Naturalmente alguns macroprocessos geraram dúvidas nas áreas. Para

sanar as dúvidas restantes e qualquer desentendimento que tivesse acontecido

entre as áreas em relação aos processos foram agendadas algumas reuniões

com os solicitantes, para que houvesse uma discussão das dúvidas e para que

a Cadeia de Valor fosse elaborada de forma conjunta. Ao final dessa reunião

foram enviadas novamente para validação aqueles macroprocessos que

tiveram suas cadeias alteradas e modificadas.

Com todos os macroprocessos validados chegava-se a última etapa. A

etapa consistia em um Workshop de validação geral com todos os gerentes,

com os diretores e com os participantes do mapeamento, todos num auditório.

A dinâmica era a de inicialmente a equipe de consultores apresentarem de

forma breve o projeto e o resultado até então, ou seja, a Cadeia de Valor com

os macroprocessos e os processos de cada um dos macroprocessos. Em

seguida separariam a sala em equipes de acordo com as funções, por

exemplo, todos os gestores e equipes de TI estariam em um time, todos os

gestores e equipes de pós-venda estariam em outro time. Então os consultores

entregariam em papel a Cadeia de Valor e os macroprocessos que cada grupo

participava. Para, assim, os grupos discutirem entre si, ou seja, entre áreas e

equipes diferentes se estavam de acordo com o que estava descrito, se o

nome do processo estava condizente com a realidade, se as ligações de

continuidade e sequenciamento estavam de acordo e se a granularidade

estava coerente em todos. A equipe de consultores ficava a disposição das

equipes formadas para auxiliar em possíveis discussões, para encaminhar para

alguma vertente e para tirar dúvidas.

A ideia e execução do workshop foi de grande valia pois conseguiu inter-

relacionar as áreas e aumentar a participação de todas as áreas. Assim, todas

as áreas conseguiram ter uma visão do funcionamento geral da empresa, além

de promover a discussão. A presença e apoio do alto escalão de diretoria e

gerência da empresa deu maior credibilidade ao Workshop, fazendo com que

todos buscassem o melhor resultado possível.

Feito isso, ao final da discussão em cada equipe, cada uma delas trouxe

a Cadeia que havia recebido em papel com as sugestões que foram feitas em

27

conjunto e com a equipe de consultores, para que, em tempo real, a Cadeia

fosse alterada e ao final do Workshop fosse apresentada a versão final, que

seria enviada para validação do presidente e do conselho.

O resultado final foi de grande qualidade, uma vez que a Cadeia foi

utilizada posteriormente em outros projetos sofrendo poucas alterações em seu

conteúdo. Os entrevistados passaram que receberam diversos feedbacks do

cliente sobre a Cadeia de Valor. Ela foi instrumento de base de outros dois

projetos realizados dentro da Brasilcap, o primeiro de Descrição dos

Procedimentos Internos e o segundo de Mapeamento de Riscos; onde foram

encontradas poucas e pontuais modificações e atualizações, consideradas

totalmente naturais tanto pelo cliente, quanto pela equipe de consultores. Dado

que durante o mapeamento e no intervalo entre os projetos a empresa realizou

melhorias, se atualizou, incorporou novos processos e extinguiu alguns outros.

A seguir podemos ver o resumo do mapeamento da Cadeia de Valor em

forma de fluxograma para facilitar a imagem:

28

Figura 8 – Macroprocessos da Elaboração na Brasilcap

Fonte: Autoria Própria

29

4.2 Estudo de Caso Guanabara Diesel

O segundo estudo de caso é o do projeto de Identificação de

Oportunidades de Melhorias da Guanabara Diesel, concessionária da

Mercedes Benz do Brasil, localizada ao lado da passarela 12 da Avenida Brasil

– Rio de Janeiro, especializada na venda de caminhões, utilitários, vans,

sprinters, além de venda e troca de peças e pneus e dos serviços de oficina.

Foram entrevistadas as consultoras Vanessa Feldmann, Mariana Freitas

e Amanda Tomaz, todas líderes de frentes do projeto. Vanessa Feldmann foi a

líder da frente que ficou responsável pela frente da Oficina, Mariana Freitas

liderou a frente de Peças e Pneus e Amanda Tomaz tinha a frente de Venda de

Veículos como sua responsabilidade. Todas as três participaram de todas as

fases do projeto e puderam ajudar de forma significativa com informações

pertinentes ao trabalho.

O projeto, assim como o nome já diz, não tinha como produto final a

Cadeia de Valor, contrastando com o estudo de caso apresentado

previamente. Entretanto, ela seria utilizada como instrumento para identificar os

processos que seriam mapeados e então, a partir dos processos mapeados,

gerar um mapa de oportunidades de melhoria.

Figura 9: Processo do Projeto da Guanabara Diesel

Fonte: Smart Art de autoria própria

O projeto começou com um grande e profundo estudo da empresa e do

contexto que estava inserido, assim como o estudo de caso número um. Foram

três semanas de estudo do tema, no caso o estudo consistiu no entendimento

de concessionárias de caminhão e outros veículos de grande porte, alinhando

com serviços de compra, venda destes veículos automotores. Estudo de

processos de empresas em termos estocagem de ferramentaria, peças e

Mapear Cadeia de Valor

Identificar e Mapear

Processos

Gerar Mapa de Oportunidades de Melhorias

30

pneus, além dos serviços básicos de oficina que também eram oferecidos.

Entenderam-se quais eram os órgãos reguladores dos funcionamentos internos

e das entregas, questões de logística, quem eram os clientes, quais eram os

tipos de produto e todas as características gerais e principais da empresa e do

mercado, inclusive em termos de concorrência e valores de marca.

Entendeu-se como a empresa realizava suas operações de compra e

venda e seu aporte logístico, como funcionava o seu serviço de oficina interno,

qual era sua estratégia de venda dos veículos, sua posição no mercado e a

seus de concorrentes, foram feitas consultas no site da empresa; enfim,

entendeu-se o contexto geral antes de agendar a primeira reunião formal de

mapeamento da Cadeia de Valor. (Foram realizadas reuniões apresentação da

proposta e venda do projeto anteriormente, porém, não são parte do

mapeamento da Cadeia de Valor).

Importante salientar que o estudo foi feito internamente, sem envolver

recursos da empresa cliente e foram utilizados estudos de mercado, material

enviado pelo cliente, sites das empresas do ramo, normas e regulamentações

publicadas, notícias sobre o assunto nos mais diferentes veículos,

conhecimentos de outros consultores, entre outras fontes de informação que

viessem a agregar ao projeto.

O estudo prévio realizado, como identificado durante o primeiro estudo

de caso, foi de grande valor, pois facilitou o andamento das reuniões seguintes,

uma vez que o vocabulário e os termos empregados já não eram estranhos aos

consultores e as questões básicas de funcionamento da empresa e da

operação não precisavam ser explicadas repetidamente pelos funcionários

durante as reuniões, além disso, o conhecimento apresentado inicialmente

passava confiança aos funcionários e fornecia credibilidade para os

consultores. Visto que os próprios colaboradores do cliente sabiam que não era

um tema e uma área de conhecimento tão popular quanto seria se fosse

tratado de automóveis de passeio ou de uma oficina convencional de carros de

pequeno porte, assim, os consultores terem demonstrado conhecimento inicial

sobre o assunto foi ponto chave para adquirir confiança e fornecer credibilidade

para que a reunião fluísse de forma a apresentar os resultados esperados num

31

tempo esperado. Assim, uma reunião inicial, que vai ser tratada em seguida,

conseguia render e funcionar de forma a passarem pouco tempo nos

pormenores iniciais e conseguir aproveitar grande parte do tempo para o

objetivo real, o de mapeamento.

Os entrevistados foram indagados sobre o estudo de modelos de

referência, uma vez que já identificado durante o estudo do presente projeto,

que é uma prática relativamente comum. As três consultoras foram incisivas

em afirmar que é um passo muito importante durante o mapeamento, que traz

grande ganho de tempo e que reconhecem a importância de realizar tal estudo,

mas que, no presente caso, não existia material suficiente que pudesse ter sido

utilizado como base, mas que, sempre que realizam projetos desse tipo ou com

este intuito, buscam estudar modelos de referência. Assim, é atestada

novamente a importância dessa etapa para o mapeamento da Cadeia de Valor.

Em seguida, feito o estudo inicial todo, foi agendada a primeira reunião

com o cliente, que teria como interlocutores os diretores e o presidente, que

veio a participar ativamente do projeto. Nessa reunião foi apresentada a

metodologia de trabalho, quais os passos que seriam dados daquele momento

em diante, que resultados eram esperados em cada etapa, que recursos eram

necessários em cada etapa e por quanto tempo. Nessa reunião foram

decididas as três frentes de trabalho, separadas em Peças e Pneus, Oficina e

Venda de Veículos, sendo que cada frente teria um consultor específico para

tratar. Assim, naturalmente, seriam geradas três Cadeias de Valor, uma para

cada frente individualmente.

Essa fase é de extrema importância, uma vez que tendo o respaldo e

apoio direto da presidência e dos diretores, o contato e o agendamento das

reuniões subsequentes se torna muito mais fácil. Além disso, era papel dos

diretores repassarem para suas respectivas equipes o contexto do projeto,

indicar a participação de alguns funcionários e mediar toda e qualquer situação.

Entretanto, o ponto negativo era que, justamente, nem todos os diretores

repassaram as informações para todos os pontos focais, assim, alguns

interlocutores que foram entrevistados posteriormente, não compreendiam o

que estava se passando. Assim, foi, inclusive foi sugestão dos consultores

32

durante essa entrevista, que exista sempre uma apresentação formal e oficial

do projeto para um leque maior de pessoas, que não englobe somente os altos

gerentes; pelo contrário, onde supervisores e outros que venham por participar

do projeto saibam do seu contexto e ainda mais, sintam se parte do projeto.

Posteriormente, realizou-se o contato com cada uma das três frentes e

ficou decidido que a forma de identificação, conhecimento e mapeamento dos

processos de cada uma das três frentes seria o acompanhamento do trabalho

na prática. Ou seja, a consultora responsável pela oficina iria passar o tempo

determinado de uma semana na oficina acompanhando a supervisora geral de

oficina em sua rotina, tendo liberdade para acompanhar durante esse tempo,

de mais de perto, algum outro processo pontual que acontecesse. Então, a

consultora participou de todos as atividades realizadas na oficina, não tão

focada na técnica da atividade, mas sim na existência dela, sendo assim,

acompanhou todo o trâmite de chegada, cadastramento, locação, manutenção

e saída de veículos; os processos de solicitação de peças e pneus ao estoque;

os processos de pagamento, enfim, tudo que a supervisora vivenciou naquela

semana teve acompanhamento direto da consultora da frente, sempre

indagando sobre o que estava acontecendo, sobre o sequenciamento de

atividades e sobre a atribuição de responsabilidades e registros.

Da mesma maneira aconteceu na parte de Peças e Pneus, onde a

consultora da frente acompanhou os processos de compra e aquisição de

peças e pneus do fornecedor, o acompanhamento da entrega pela parte do

fornecedor, a chegada e organização no estoque, os controles de sistema e

cadastramento, além da venda e da distribuição para clientes finais, enfim, todo

o processo dentro do setor.

O mesmo fez a consultora que analisou a venda de veículos,

acompanhando prospecção de clientes, o recebimento e tratamento do cliente

na loja, os trâmites das negociações, descontos fornecidos, formas de

pagamento e todo o pós-venda.

O acompanhamento das atividades, sempre com algum local para

anotação de toda e qualquer informação julgada como válida, foi de grande

valor para o mapeamento da Cadeia de Valor. Ao contrário do que é observado

33

normalmente, até devido ao curto espaço de tempo disponível, não foram

realizadas entrevista pontuais, restritas a uma sala. Assim, o acompanhamento

das atividades na prática possibilitou uma aproximação das consultoras com a

realidade, diminuindo a possibilidade de esquecimento por parte dos

colaboradores. Ao observar o ambiente de trabalho, ficava mais fácil para a

consultora indagar sobre possíveis atividades ou operações que ela via mas

que não tinham sido citadas. Sem contar que o sequenciamento e as

atribuições de responsabilidades ficavam bem mais claras. Uma vez que era

possível ver as atividades acontecendo, as atividades que seriam

subsequentes e quem que estava realizando cada atividade. Tal método exige

menos de ambas as partes, uma vez que o colaborador precisa executar sua

rotina diária e o consultor fica imerso na realidade do cliente.

O único ponto negativo que foi descrito pelas entrevistadas sobre o

mapeamento dessa forma, foi o de que, como foi feito durante uma semana,

algumas atividades que tinham periodicidade maior que uma semana ou

frequência de ocorrência maior que semanal poderiam ser esquecidos,

justamente por não terem ocorrido durante a semana de mapeamento. Elas,

inclusive, perguntaram para seus pontos focais se existia alguma atividade que

claramente não tinha acontecido, e que, por ventura, seria importante ser

citada; mesmo assim, essas atividades só poderiam ser realmente identificadas

durante o restante do projeto, a partir de uma lembrança do ponto focal ao

acontecimento. Ou seja, se a atividade acontecesse durante o resto do projeto

e o ponto focal lembrasse que esta atividade, operação ou processo não foi

citada durante o acompanhamento do serviço, ela seria englobada e

incorporada na Cadeia de Valor. Este ponto foi identificado e a Cadeia de Valor

foi sempre deixada em aberto para estes possíveis acontecimentos.

As entrevistadas ressaltaram que só foi possível realizar o

acompanhamento do chão de fábrica devido ao tempo que tinha sido alocado

para tal atividade. Além do que elas tinham um ponto focal em cada uma das

três frentes, então, imaginaram que seria deveras complicado para que este

ponto focal descrevesse toda a atividades de um setor que era robusto. De

qualquer forma, percebe-se que uma integração entre entrevistas e

34

acompanhamento da situação real é de grande valor para um bom

mapeamento de Cadeia de Valor.

Durante o acompanhamento das atividades eram geradas informações

que ao final da semana de trabalho tiveram de ser compiladas, organizadas e

priorizadas para geração da Cadeia de Valor. Cada consultora realizou a

organização das suas ideias, esboçou e preparou uma primeira versão da

Cadeia de Valor.

Após a primeira versão foi importante a conversa que existiu entre as

consultoras, uma vez que existiam atividades que permeavam as áreas. Pode-

se citar por exemplo um carro que chega na oficina e necessita de uma peça

específica. A oficina deve solicitar a área de Peças e Pneus que envie essa

peça para que seja feita a manutenção do carro. Já a área de Peças e Pneus

deve receber a solicitação, realizar os trâmites de estoque e enviar a peça. Tal

atividade só seria completamente englobada a partir da conversa entre as três

e da identificação das atividades que tinham uma parte em cada área. Feito

isso, foram geradas as versões iniciais de cada Cadeia de Valor. Nas figuras a

seguir podemos observar os exemplos das cadeias e dos processos feitos em

duas das frentes.

35

Figura 10 – Cadeia de Valor frente Venda de Veículos

Fonte: Material Fornecido pelos Entrevistados

Acima pode-se ver a Cadeia de Valor da frente que tratou de veículos na

figura 5, onde tem-se os três macroprocessos, de Gerir Estratégia de Vendas,

Gerir Vendas e Suportar Vendas, claramente separando o Gerir Vendas,

processo finalístico, posicionado no meio, do Suportar Vendas, evidentemente

um macro de suporte, e do Gerir Estratégia de Vendas, exercendo papel de

macro de gestão. É importante perceber que as formas geométricas também

dão um entendimento de fluxo contínuo para o processo finalístico e ambas

demais estão voltadas para o processo primário. Já na figura abaixo, (figura 6),

podemos ver outra frente, a que estava cuidando dos processos de Oficina,

onde se utilizou também do posicionamento central para o grupo de processos

primários. Importante salientar que o nível de granularidade que cada uma

apresenta tem relação com os objetivos de cada um e com a necessidade que

cada situação apresenta.

36

Figura 11 – Cadeia de Valor frente Oficina

Fonte: Material fornecido pelos entrevistados

Cada consultora teve o trabalho de compilar suas informações, entender

e discriminar quais eram os processos, qual era a sequência que eles ocorriam,

definir o que eram apenas atividades ou operações e que não se tratavam de

processos por sua definição, organizar de forma visivelmente entendível e que

representasse a realidade.

Feito isso, com as Cadeias das três frentes prontas e falando entre si, foi

realizada uma reunião de validação com os diretores de cada área. A reunião

teria participação das três consultoras e do diretor de cada uma das áreas,

Peças e Pneus, Oficina e Venda de Veículo. As três iriam expor o material

gerado, abrir um espaço para discussão onde os diretores iriam questionar,

sugerir alguma possível alteração, realizada em tempo real, para, ao final,

saírem da reunião com as Cadeia de Valor validadas.

O ponto negativo foi a não participação do ponto focal de cada área, que

realizou todo o trabalho junto com as consultoras, tirou dúvidas e também deu

37

sugestões. O ponto focal tem uma visão muito diferente do diretor, uma visão

possivelmente mais da ponta, da prática e da operação, enquanto o diretor tem

uma visão mais gerencial e de gestão. Além disso, os pontos focais poderiam

explicar alguma questão que ficasse em dúvida, pois dominam os termos e

foram eles que passaram as informações para as consultoras. As próprias

consultoras identificaram que foi um erro a não participação destes

colaboradores.

A reunião de validação foi unitária e durou cerca de 4 horas, sendo

reservada uma grande sala de reunião, com projetor e tudo que era necessário

para que a discussão acontecesse e as mudanças fossem feitas em tempo

real. Enquanto uma das consultoras apresentava sua parte, outra estava no

computador para alterar qualquer que fosse o necessário em tempo real.

O intuito da reunião de validação com os diretores era chegar na reunião

de apresentação para o presidente com o menor número de dúvidas, falhas e

desconexões possível. E, para isso, a reunião de validação foi válida, uma vez

que diversas nomenclaturas, posicionamentos e sequenciamentos foram

discutidos, alterados e atualizados. Tudo isso para que a reunião com o

presidente tivesse poucos percalços e fluísse sem causar muitas dúvidas. Uma

vez que o tempo do presidente é mais escasso e é necessário otimizar

qualquer reunião ou apresentação que conte com sua presença. E foi

exatamente o que aconteceu. A reunião de apresentação com o presidente foi

de bastante proveito, as informações já tinham sido discutidas então puderam

ser apresentadas de forma clara e objetiva, as dúvidas que poderiam surgir,

surgiram na reunião de validação então já estavam prontas para serem

sanadas caso viessem da parte do presidente. A reunião de apresentação para

a presidência contou com a presença dos três diretores que participaram da

validação e teve duração de menos de duas horas.

Por fim, o material entregue foi considerado de grande valor pela

empresa cliente, foi utilizado fielmente durante a continuação do projeto,

sofrendo algumas poucas atualizações, conforme comentado sobre as

atividades que não foram visualizadas durante a semana de acompanhamento

38

e devido à grande complexidade das atividades realizadas, principalmente no

que diz respeito às particularidades das mesmas.

39

Figura 12 – Fluxograma de Elaboração – Guanabara Diesel

Fonte: Autoria Própria

40

5. PROPOSTA DO MÉTODO DE ELABORAÇÃO DE CADEIA DE VALOR

Finalmente chega-se à parte do projeto em que será proposto um novo

método para elaboração de Cadeia de Valor, intuito inicial do projeto de

graduação em questão. Serão juntados os conhecimentos obtidos através da

análise dos estudos de caso e das entrevistas que foram feitas, com os pontos

vistos em todo o material de referência bibliográfica que foi pesquisado. Além

disso, será utilizado a vivência e experiência dos autores no assunto para

agregar valor ao método proposto.

Basicamente será separado o método sequenciando as etapas que

foram julgadas necessárias, se explicará como cada etapa deverá ser

realizada, em que moldes e em que direcionamento, em seguida serão

apontados os recursos que deverão ser envolvidos e o tempo necessário em

cada uma, também será declarado os pontos positivos da etapa, o que ela traz

de valor para o processo, em que ela beneficia, tanto o colaborador quanto o

agente de elaboração e para fechar serão colocados alguns pontos de atenção

necessários na etapa. A figura abaixo descreve como funcionará a explicação

do método.

Figura 13– Funcionamento da Descrição das Etapas

Fonte: Smart Art de autoria própria

Etapa

Como fazer

Direcionamento

Recursos Necessários

Tempo Necessário

Pontos Positivos

Pontos Críticos e de Atenção

41

Importante pontuar que o método vai tratar da elaboração a partir do

momento em que ambas as partes decidiram executar o projeto. Ou seja,

quando uma consultoria vai iniciar o projeto dentro de um cliente ou quando

uma área interna vai começar o projeto dentro da empresa; não serão tratadas

as reuniões de negociação como parte do mapeamento.

Assim pode-se iniciar a descrição do método.

5.1 Etapa 1 – Estudo da Empresa e do Contexto

A primeira etapa do método vai ser o estudo da empresa e do contexto

dentro do qual ela está inserida. Esta etapa consistirá em três sub etapas

fundamentais, separadas em Estudo do Tema, Estudo da Empresa e Estudo

do Contexto e Mercado. A etapa de estudo do tema consiste em obtenção do

máximo de informações possíveis sobre o que a empresa faz, uma pesquisa

sobre o tema. Primeiramente é indicado entender qual o tema da empresa, ou

seja, qual é negócio da empresa e estudar o funcionamento de tal negócio. É

valida a pesquisa em artigos que tratem do assunto, notícias de jornais,

matérias de revistas especializadas, entre outros veículos para obtenção de um

entendimento; além de procurar especialistas no assunto que possam dar uma

visão geral do assunto. Em seguida chega a parte do Estudo da Empresa, que

consiste no entendimento e conhecimento da situação da empresa em si. Uma

pesquisa no site da empresa para conhecer a forma de contato e as

informações disponíveis para os clientes, uma pesquisa de demonstrativos de

resultados financeiros, uma pesquisa de ações de marketing da empresa e de

documentações fornecidas pela empresa cliente, como por exemplo

Planejamento Estratégico, Book de Processos, Missão e Valores, é de grande

importância para que o conhecimento necessário seja obtido. Para finalizar

esta macro etapa é necessário realizar o Estudo de Mercado, que consiste

basicamente em conhecer os concorrentes, as principais diferenças entre os

concorrentes, em que posicionamento está o cliente dentro do mercado, as

tendências do mercado, as origens do mercado e os principais players e

órgãos reguladores.

Esta etapa deve demorar em torno de duas semanas, onde é possível

realizar as três sub etapas de forma completa e obter um conhecimento inicial.

42

Não é necessário grande envolvimento do cliente nesse momento, uma

vez que os consultores ou agentes internos tem um trabalho interno de

pesquisa, estudo e troca de conhecimento.

A realização desta etapa de forma correta e completa traz alguns pontos

positivos para o decorrer do projeto. Como foi visto nos estudos de caso

apresentados previamente, a demonstração de conhecimento de caso por

parte do consultor nas reuniões iniciais, seja com alta gerência, diretoria ou

operação, fornece credibilidade ao consultor, passa confiança para o

interlocutor e permite que as reuniões aconteçam de forma otimizada. Quando

o consultor mostra conhecimento sobre o assunto, sobre a empresa e sobre o

contexto, o interlocutor fica mais à vontade para contar os detalhes do

funcionamento, utilizar termos, jargões e expressões do meio, entrando em um

nível mais profundo do funcionamento da empresa e dos processos e

atividades. Ou seja, ganha a confiança do interlocutor. O caso contrário seria

aquele em que o interlocutor se resumiria em percorrer a entrevista contando

de forma geral e resumida os processos e atividades. A credibilidade vem

diretamente da percepção do interlocutor que tem um profissional sério e

capacitado o entrevistando, que ele tem reais possibilidades de ajudar tanto a

atividade do funcionário quanto a empresa como um todo. E a agilidade vem do

fato de não precisarem utilizar o tempo de reunião para explicar termos,

expressões, situações usuais e contextualizações. A figura abaixo descreve

claramente os desdobramentos que o conhecimento obtido na etapa 1 pode

trazer.

Figura 14– Conhecimento trazendo credibilidade, agilidade e confiança

Fonte: Autoria Própria

43

O ponto crítico e de atenção desta fase é de grande importância na

relação pessoal entre interlocutor e entrevistado. É necessário deixar o

interlocutor falar, se sentir importante. Muitas das informações que são

passadas nas reuniões, principalmente as iniciais, já são de conhecimento do

consultor, entretanto é necessário que o consultor demonstre interesse em

ouvir o que o funcionário tem a dizer e deixe claro que ele, o consultor, tem

muito para aprender sobre o tema. Os funcionários, que exercem o trabalho

durante todos os dias, por muitas vezes relutam em aceitar que algum agente

externo opine ou saiba mais sobre sua atividade. Logo, existe todo um trabalho

pessoal de conquista do interlocutor. Existe uma linha tênue entre demonstrar o

conhecimento e ser arrogante ou intimidar o interlocutor. Esta linha deve ser

respeitada para que o projeto e as reuniões possam fluir da melhor maneira

possível.

5.2 Etapa 2 – Reunião com PMO

A segunda etapa do método de elaboração da cadeia de valor é a

execução de uma reunião com o PMO.

Esta etapa consiste em agendamento e execução de uma reunião com a área

da empresa ou com o funcionário da empresa responsável internamente pelo

projeto. O ponto focal. É a área ou pessoa que vai indicar os contatos,

apresentar as áreas e fornecer os materiais iniciais necessários. Os

consultores devem apresentar de forma clara e coesa qual será a metodologia

empregada, um cronograma das atividades a serem realizadas, a necessidade

de envolvimento de cada área em cada etapa e solicitar que esta área ou

pessoa realize uma primeira apresentação do projeto.

Esta reunião pode ser única e não necessita grande dispêndio de tempo,

bastando envolver o contratante, membros da diretoria e a área ou pessoa

responsável internamente pelo projeto. Nesta reunião é necessário que os

consultores obtenham todos os contatos necessários, se possível, uma planilha

com nome, telefone, cargo e e-mail; de modo a facilitar o contato para

agendamento das reuniões futuras.

A importância dessa etapa é o alinhamento entre consultores e empresa.

Alinhamento de expectativa e realidade do projeto, de forma a resguardar

44

qualquer imprevisto que possa vir a acontecer. As consultoras entrevistas

relataram que existem casos em que não existe esse alinhamento e surgem

atritos durante o processo. Onde o cliente cobra alguma etapa, algum produto

ou alguma metodologia que não estava alinhada ou então a equipe de

consultores muda o planejamento, executa de forma diferente do programado.

Assim como qualquer reunião é importante que tudo esteja sendo

registrado em ata, posteriormente em e-mail com o material apresentado,

novamente para evitar desalinhamentos futuros.

5.3 Etapa 3 – apresentação geral do projeto para todos

A terceira etapa do método consiste em uma apresentação oficial do

projeto para toda a empresa. A principal diferença dessa apresentação é o

envolvimento da maior parte da empresa possível, de modo a informar o maior

contingente possível de funcionários.

Nesse método os consultores devem preparar uma apresentação do

projeto, do seu contexto, dos seus objetivos e da metodologia para apresentar

durante um intervalo de em torno de uma hora para a grande massa da

empresa, composta por desde diretores e alta gerência até os cargos

operacionais. Nesta apresentação deve constar uma apresentação introdutória

dos consultores, empresa e função, seguida do contexto do projeto, resumindo

as causas da realização do projeto, se é por alguma nova regulamentação,

normativo, lei ou norma, se é por objetivos estratégicos, se é uma tendência do

mercado, se é uma necessidade urgente ou qualquer outra situação. No

contexto deve constar também uma listagem das áreas e cargos que serão

requisitados e envolvidos no projeto, o nível de participação que cada um virá a

ter, de modo a facilitar a organização da equipe e das áreas para não

prejudicar o andamento do dia-a-dia da empresa. Em seguida deverá vir a

parte dos objetivos do projeto, que devem ficar bem claros e de fácil

entendimento. Uma explicação breve do conceito de Cadeia de Valor

mostrando exemplos e explicitando sua importância, numa linguagem acessível

e termos conhecidos, deixando sempre claro que o objetivo do projeto vai ser

de ajudar a buscar melhorias, sejam elas em processos, em sistemas ou em

organização e gestão. Por último deve-se apresentar a metodologia que virá a

45

ser utilizada, ou seja, qual será a abordagem para definição dos processos,

como a equipe realizará o mapeamento e abortar o tema das validações. A

figura a seguir descreve claramente como deverá ser a apresentação.

Figura 15 – Molde da Apresentação

Fonte: Autoria Própria

Nos casos que foram estudados percebeu-se que a informação do

projeto é transmitida para uma pequena parcela da liderança da empresa que

fica responsável por repassar as informações para seus liderados e assim por

diante. Entretanto, por muitas vezes a informação se perde nessa passagem e

não chega de forma clara e objetiva na ponta, nos funcionários que executam

as atividades. Essa desconexão entre as funções de passagem de informação

causa uma perda de produtividade nas reuniões subsequentes, dado que o

consultor deve explicar no início da reunião o contexto do projeto, os objetivos,

tirar algumas dúvidas, para só então, poder começar a realizar o mapeamento.

O ponto positivo desta etapa é o de passagem de informação. Deste

modo todos os funcionários que virão a participar do projeto estarão cientes do

mesmo, se sentirão parte da causa. Isso possibilita que as áreas possam se

organizar internamente em relação de disponibilidade de horários e

funcionários para ajudar a equipe de consultores e reduzirá o tempo perdido

em explicações iniciais durante reuniões posteriores.

O ponto de atenção dessa etapa está dividido em duas partes. O

primeiro é o nível de detalhamento e sigilo das informações que serão

passadas na apresentação. Informações estritamente estratégicas e de visão

46

da diretoria devem estar bem alinhadas para não serem divulgadas ao grande

contingente. O segundo ponto é o tempo de duração e a dinâmica da

apresentação. Uma vez que movimentará grande parte da empresa, não se

pode perder muito tempo na reunião e não se pode perder o direcionamento,

que é típico em apresentações com grande público em empresas. Atenção na

duração e horário, e também na facilidade de entendimento e dinâmica são

fundamentais para o sucesso desta etapa.

5.4 Etapa 4 – estudo de benchmarking e modelos de referencias

A quarta etapa, paralela à segunda e à terceira é o estudo de Modelos

de Referência e Benchmarking.

Esta etapa é paralela às duas anteriores pois é um estudo que deve ser

realizado, tendo como única restrição acontecer antes das entrevistas e do

acompanhamento, etapas que serão descritas mais adiante. Assim, fica a

critério do executor do método implantá-la entre as fases 2 e 5.

Assim como todas as etapas, esta também tem sub processos em seu

interior, que ajudarão a garantir a efetividade da etapa. Primeiramente deve-se

listar todas as áreas que serão mapeadas, sejam elas consideradas de

suporte, gestão ou finalísticas. Em seguida deve-se buscar modelos de

referência dos processos dessa área. Ou seja, se a área financeira é uma das

áreas que serão mapeadas, deve-se buscar modelos que descrevem os

processos realizados normalmente nas áreas financeiras. Essa busca pode ser

feita em artigos ou então na base de documentação da empresa (em casos de

consultorias). É sempre válido procurar por benchmarking e modelos de

empresas do mesmo ramo ou de ramo semelhante. A última sub etapa dessa

etapa é o desenho de um esboço de cadeia de valor para área, juntando os

conhecimentos já obtidos da empresa até o momento, principalmente na etapa

1, com os conhecimentos obtidos nos modelos de referência e benchmarking.

A importância dessa fase é embasar o consultor ou agente de

mapeamento para as reuniões, aumentando o conhecimento dele sobre a área,

deste modo, o consultor pode indagar o entrevistado sobre processos que ele

não citou, como será descrito posteriormente na etapa das reuniões.

47

O ponto de atenção desta fase é para a validade e aderência dos

modelos obtidos. É importante saber a relação entre os ramos das empresas

que são pesquisadas e a empresa cliente do caso, para que não surjam

processos fora da realidade e seja desperdiçado tempo nas reuniões. É

importante buscar informações que venham a agregar e complementar, não

informações para simplesmente inchar o número de processos da área.

Figura 16 – Processo de Pesquisa de Modelos de Referência e Benchmarking

Fonte: Autoria Própria

Algumas cadeias de valor de empresas estão disponíveis na internet e

nos próprios sites das empresas. Empresas de consultoria tem uma base de

projetos já executados que sempre pode vir a agregar com os modelos de

referência.

5.5 Etapa 5 – Agendamento de Entrevistas e de Acompanhamento

Após a reunião de apresentação para a empresa e seus funcionários

começa a fase de agendamento das entrevistas e da marcação de um dia e

horário para acompanhar o funcionário em sua jornada.

Basicamente esta é a metodologia indicada pelo método para realizar o

mapeamento da Cadeia de Valor. Um mix entre entrevistas e acompanhamento

prático. A explicação das justificativa e importância de cada um dos dois e da

sua realização conjunta será feita nas respectivas etapas.

Nesta fase o consultor ou agente de mapeamento deve pegar a lista de

contatos obtida na reunião com o PMO e entrar em contato com cada um dos

funcionários que serão envolvidos no mapeamento. Antes de ligar é importante

48

que o consultor tenha uma agenda montada e uma lista dos contatos que vai

fazer.

As figuras abaixo mostram um exemplo de lista de telefones para

contato e de agenda.

Figura 17 – Exemplo de Lista de Telefones para Contato

Fonte: Autoria Própria

A lista de telefones para contato tem o papel principal de controle para

saber com quem foi realizado contato e marcada a entrevista e aqueles com

quem não foi possível realizar o contato ou agendar a entrevistas, estes casos

devem ser indicados na coluna Ok/Nok. Esta listagem deve ser passada para o

PMO ao final da etapa, para que o mesmo possa averiguar os motivos da não

marcação da reunião e tomar as providências cabíveis.

Figura 18 – Modelo de Agenda de Reunião

Fonte: Autoria Própria

Área Funcionário Tel Ok/Nok

MKT A xxxx-xxxx Ok

MKT B xxxx-xxxx

Vendas C xxxx-xxxx Nok

Vendas D xxxx-xxxx

RH E xxxx-xxxx

RH F xxxx-xxxx

Seg Ter Qua Qui Sex

08:00 Financeiro

09:00 Financeiro

10:00 RH

11:00 RH

12:00

13:00

14:00

15:00 MKT

16:00 MKT

17:00

18:00

Agenda

49

Já a agenda deve acompanhar o consultor durante as ligações. Ele deve

listar quais são os dias e horários disponíveis para realização de reuniões e de

acompanhamento da rotina diária, dentro de todo seu cronograma. Em cada

ligação ele deve preencher o horário e dia em tempo real para que possa

sempre alinhar com a área o melhor horário, fornecer os dias disponíveis de

modo a não causar conflito de horários e nem sobreposição de horários.

É de suma importância a realização tanto da agenda quanto da listagem,

principalmente no que diz respeito ao controle e organização.

5.6 Etapa 6 – Entrevistas de Mapeamento

Esta é a fase crucial do método de elaboração da cadeia de valor. O

intuito desta fase é entrevistar o funcionário de modo a extrair dele todas as

informações sobre os processos que ele realiza, a sequência dos mesmos,

mantendo sempre o direcionamento da reunião e indagando sobre processos

não citados.

A reunião de entrevista deve ser iniciada com um breve objetivo da

mesma, deixando claro o que deve ser alcançado ao final da entrevista, que

são os processos realizados pela área e sua sequência. Em seguida, o

entrevistador deve solicitar ao funcionário que dê um breve resumo geral do

funcionamento geral da área e comece a citar quais processos ele realiza. A

partir desse resumo geral o entrevistador deve direcionar as perguntas para

que o funcionário entre em mais detalhes de cada processo. Por exemplo, o

funcionário do financeiro descreve suas atividades e o entrevistador realiza

perguntas específicas para que o funcionário descreva melhor os processos,

aumentando a granularidade da informação.

O entrevistador deve realizar as perguntas e manter o direcionamento

até conseguir englobar todos os processos da área. Perguntas como “O que

você faz quando começa a trabalhar?”, “Quais demandas você tem no dia?”,

“Que documentos você precisa liberar?”, e outras do gênero são boas para

ajudar no direcionamento.

Durante toda a entrevista, é necessário ter a cadeia de valor rascunhada

da etapa anterior em mãos, pois assim fica mais fácil acompanhar os

50

processos que já foram citados e direcionar as perguntas para os processos

que por ventura não tiverem sido citados.

O entrevistador deve acompanhar a tendência do entrevistado. Isto é,

perceber se o funcionário que está sendo entrevistado se atem a um nível

muito grande de detalhes, descrevendo todas as atividades e tarefas, para

poder direcionar o mesmo para um nível mais macro; ou do lado contrário, o

funcionário que se mantêm num nível macro dos processos da sua área deve

ser indagado de forma a mergulhar em um nível maior de detalhes.

É de suma importância sempre perguntar e indagar sobre os processos,

saber se algum processo que já foi visto na etapa 4 está faltando, utilizar os

conhecimentos para desenvolver a entrevista e tentar chegar o mais perto da

realidade possível.

O ponto de atenção dessa fase é a condução da reunião e o seu

direcionamento. O entrevistador deve conduzir a reunião da melhor forma

possível, entendendo corretamente a granularidade das informações que estão

sendo passadas, o nível do processo que está sendo tratado, se atentar para

conflitos entre atividades, tarefas, processos e macro processos; e, dentro

disso, ter as perguntas certas para conduzir a reunião para o seu objetivo,

sempre alinhado com a aderência a realidade.

5.7 Etapa 7 - Preenchimento do Diagrama de Escopo

Ao final da reunião de mapeamento dos processos o consultor ou agente

de mapeamento tem um trabalho interno de compilar as informações e

preencher o que será chamado de diagrama de escopo.

O diagrama de escopo é uma ferramenta que vai ser preenchida com o

escopo de cada processo, ou seja, com uma delimitação clara do início do

processo e do fim do processo, de modo a facilitar e consolidar o entendimento

do sequenciamento dos processos.

O diagrama de escopo pode ser dividido na parte de cima e na parte de

baixo. Na parte superior pode ser dividido em Entradas, à esquerda, e Saídas,

à direita. Já na parte inferior devem constar as linhas de Partes Interessadas,

que são as áreas que são envolvidas naquele processo, Leis e Regulamentos,

51

Escopo do Processo, onde vai se deixar claro um ponto de início, um ponto de

final e a periodicidade do processo e por fim as diretrizes do processo,

evidenciando os objetivos do processo. Assim como está exemplificado na

figura subsequente.

Figura 19 – Diagrama de Escopo do Processo

Fonte: http://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/tre-to-metodologia-de-gestao-de-processos

5.8 Etapa 8 – Acompanhamento do Processo na Realidade/Prática

Já com a cadeia de valor desenhada em primeira versão, chega a etapa

de acompanhar na prática a execução da atividade, que já foi agendada

previamente com o funcionário e marcada na agenda.

Esta etapa consiste basicamente em acompanhar o funcionário na sua

rotina diária, acompanhando os processos que ele realiza, entendendo a

complexidade de cada um deles e validando as informações que já foram

obtidas.

52

Para isso o consultor ou agente de mapeamento deve acompanhar a

rotina do funcionário desde seu início, de modo a não perder nenhuma

informação útil para o mapeamento. O consultor deve carregar consigo algum

material para realizar anotações e apontamentos, além disso, deve deixar claro

para o funcionário que ele deve realizar sua rotina normalmente, que é apenas

um visita de acompanhamento e não uma auditoria.

O consultor deve anotar tudo que está acontecendo. Quais atividades

estão sendo realizadas, quando termina uma atividade, quando se inicia uma

atividade, principalmente alinhando com uma primeira versão da cadeia de

valor que ele já tem oriunda das entrevistas e dos estudos prévios.

A importância de realizar a combinação entre entrevistas e

acompanhamento na prática é a maior aderência à realidade obtida. A

entrevista possibilita que o funcionário fale de todos os seus processos e

atividades num tempo muito curto. Um funcionário conta sua rotina de semana

ou mês dentro do intervalo de tempo da reunião. O acompanhamento na

prática vem para completar a entrevista. Algum processo ou atividade que foi

esquecido dentre o mundo de informações da entrevista pode ser visto na

prática. Além disso, acompanhando o processo na prática, ao vivo e tempo

real, fica muito mais claro o início de um processo e o final de um processo.

Por muitas vezes esse método não é realizado devido às limitações de

tempo, horário e cronograma. Entretanto, durante o estudo, principalmente

durante as entrevistas dos estudos de caso, foi vista que é uma estratégia

muito positiva e que traz resultados satisfatórios para o mapeamento. Nas

entrevistas os funcionários acabam tendo alguma dificuldade para listar

situações de paralelismo de processos, definir as entradas e saídas e

posicionar o sequenciamento; problemas os quais conseguem ser melhor

explorados quando do acompanhamento do consultor.

O ponto crítico desta fase é o cronograma. O acompanhamento

demanda um tempo muito maior que uma entrevista, logo ele deve ser feito de

forma proveitosa. Utilizar todo o tempo acompanhando o processo para sanar

dúvidas e obter o máximo de informações possível. Importante novamente

53

ressaltar que o consultor ou agente de mapeamento deve estar sempre

anotando as informações obtidas.

5.9 Etapa 9 – Compilação de Informações

Em seguida da finalização das entrevistas e do acompanhamento dos

processos é necessário realizar uma compilação das informações para iniciar o

desenho da versão inicial

Nesta etapa o consultor deve organizar todas as informações obtidas e

anotadas durante as entrevistas, no diagrama de escopo e no

acompanhamento do processo.

Ele deve listar os processos identificados, a sequência em que os

processos ocorrem e alguns comentários também devem ser colocados juntos.

A compilação das informações é de suma importância para que nada seja

perdido e para que as dúvidas apareçam. Durante a compilação das

informações o consultor vai relembrar das conversas realizadas e do

acompanhamento dos processos, facilitando a etapa subsequente de desenho

da cadeia.

Durante esta etapa vão surgir as dúvidas de algumas informações,

alguns pontos não estarão claros o suficiente e é o momento de entrar em

contato com os funcionários que participaram do mapeamento para que as

dúvidas sejam sanadas antes do desenho da Cadeia de Valor. Se a dúvida for

pequena, uma simples ligação provavelmente resolverá. Por outro lado, se a

dúvida for maior, é importante que seja feita uma nova reunião ou até mesmo

um acompanhamento do processo. Caberá ao consultor definir exatamente

qual o melhor meio para sanar a dúvida.

O ponto crítico dessa fase é o intervalo entre o mapeamento e a

compilação das informações. Este intervalo não pode ser muito grande senão

algumas informações acabam caindo no esquecimento por não estarem mais

na memória recente. É válido sempre realizar uma pequena compilação das

informações após cada reunião ou acompanhamento, de modo a organizar

todas as anotações feitas e manter as informações organizadas e

condensadas.

54

Nesta fase é de suma importância a preocupação com o conteúdo, ou

seja, organizar todo o conteúdo, deixar as informações sobre os processos o

mais alinhado possível, para que o desenho da Cadeia de Valor fique o mais

próximo da realidade.

5.10 Etapa 10 – Desenho da Versão Inicial

Em seguida tem-se a etapa do desenho da versão inicial, visto que

previamente só foi rascunhado a Cadeia de Valor. Assim, nesta fase é o

momento de se preocupar um pouco mais com o visual, com a forma e com o

posicionamento dos processos. Para isso, indica-se alguns posicionamentos,

formas geométricas e localizações dos processos na Cadeia. Serão utilizados

alguns exemplos visuais para exemplificar.

Na figura abaixo pode-se ver as três classificações de processos que

foram citados previamente. Os processos de Gestão, de Suporte e

Primários/Finalísticos.

A indicação é que os macroprocessos de Gestão fiquem posicionados

na parte de cima, sempre apontando para baixo, dando realmente uma ideia de

que esses macroprocessos são mais estratégicos e vêm de uma parte mais

alta da empresa. Assim, como pode-se ver na figura abaixo os macroprocessos

de Gerir Estratégia Empresarial e Prover Inteligência Competitiva; ambos tem

uma ideia de mais estratégia do que operação e estão posicionados na parte

de gestão, localizada acima na Cadeia e voltados para baixo.

Os macroprocessos de Suporte devem ficar localizados na parte inferior

da Cadeia de Valor e voltamos para cima. Justamente para garantir a ideia de

processos que suportam a operação finalística. Não são os processos chave

da empresa, mas são fundamentais para que os processos finalísticos

funcionem da melhor forma possível. Assim como vemos na figura abaixo os

macroprocessos de Gerir Contabilidade/Fiscal e Gerir Tecnologia da

Informação, processos que claramente não são a atividade fim da empresa,

mas que suportam completamente a operação.

Por fim, os processos Primários/Finalísticos devem ficar posicionados na

parte central, com maior destaque, entre os processos de gestão e os

55

processos de suporte. Os processos Finalísticos devem seguir um fluxo da

esquerda para a direita, assim como indicado na figura abaixo. Os processos

Finalísticos são aqueles que geram valor diretamente para a empresa. Uma

pergunta que foi passada por um dos entrevistados que ajuda a identificar se o

processo é finalístico ou não é a seguinte: “Se o processo em questão

passasse a não existir, a empresa acabaria em um mês, um ano ou não

acabaria?” Se acabasse em um mês, certamente o processo é finalístico. No

caso abaixo se o Macroprocesso de Administrar Títulos acabasse, certamente

a empresa de Capitalização acabaria. Entretanto se o macroprocesso de Gerir

Serviços Administrativos acabasse a empresa não acabaria no curto prazo.

Figura 20: Cadeia de Valor Macroprocessos - Brasilcap

Fonte: Material Fornecido pelos Entrevistados

Feito o desenho dos macroprocessos separados em Gestão, Suporte e

Finalísticos, é necessário fazer o desenho da Cadeia de cada macroprocesso

acima. Seguindo o mesmo modelo, os processos de gestão devem estar

direcionados para baixo, conforme mostra a figura abaixo, onde mostra-se um

dos macroprocessos de gestão da Cadeia de Valor evidenciada acima, e pode-

56

ses ver que todos os processos deste macroprocessos estão com o mesmo

direcionamento do macro, ou seja, apontados para baixo mostrando a

característica de gestão:

Figura 21 – Macroprocesso de Gerir Responsabilidade Socioambiental - Brasilcap

Fonte: Material Fornecido pelos Entrevistados

Assim também deve acontecer com os processos de suporte, que

também devem seguir o mesmo padrão no macroprocesso, ou seja, estarem

direcionados para cima, de modo a dar uma ideia de suporte da operação

chave. Assim, mostra-se na figura abaixo o macroprocesso de Gerir

Comunicação Institucional com seus processos, todos no mesmo

posicionamento geométrico apontando para cima:

Figura 22: Macroprocesso de Gerir Comunicação Institucional - Brasilcap

Fonte: Material Fornecido pelos Entrevistados

57

Por fim tem-se os processos finalísticos, que assim como os de Suporte

e os de Gestão, devem seguir o mesmo modelo do macroprocesso, ou seja,

estar num fluxo da esquerda para a direita, assim como mostra a imagem

abaixo, onde é apresentado o macroprocesso de Administrar Títulos e todos os

seus processos:

Figura 23: Macroprocesso de Administrar Títulos

Fonte: Material Fornecido pelos Entrevistados

Alguns pontos do desenho inicial ainda precisam ser ressaltados.

Primeiramente em questão de nomenclatura. É indicado que todos os

processos tenham como nome inicialmente um verbo no infinitivo. Como Gerir,

Administrar, Prover, Realizar.

Na questão de cor é sempre importante alinhar com a empresa cliente

as cores que serão utilizadas, algumas empresas já tem suas cores padrão e é

de grande valor que se faça a Cadeia nesses mesmos padrões.

O alinhamento dos processos e espaçamento também é importante para

o visual da Cadeia de Valor. Manter o espaçamento igual entre os processos,

deixá-los centralizados e alinhados ao meio é importante.

A forma de apresentação da Cadeia de Valor é de grande importância, a

parte visual deve ser levada em conta. A compreensão deve ser fácil e rápida.

58

5.11 Etapa 11 – Reunião de validação da versão inicial ao vivo

Feito o desenho da versão inicial, com as formas dentro do padrão, os

nomes e alinhamentos conforme o sugerido, chega o momento de validar as

Cadeia de Valor.

Para isso normalmente o ideal é que dois consultores ou agentes de

mapeamento participem da reunião, além disso é imprescindível que o

funcionário ou funcionários que realizaram o mapeamento estejam presentes.

Um dos consultores terá o papel de guiar a reunião e apresentar a

Cadeia de Valor e o outro terá o papel de realizar em tempo real as alterações

propostas durante a reunião. Assim, um consultor passa toda a Cadeia,

deixando claro os nomes, o fim de cada processo e início do outro e

confirmando com os interlocutores se as informações estão corretas, se o

sequenciamento está conforme a realidade.

Sempre que existirem dúvidas a discussão deve ser fomentada, o

consultor deve argumentar o porquê de ter colocado de tal forma, porém, se for

necessária a mudança, é ideal que seja feita em tempo real, mesmo que não

haja preocupação com a forma. Pode ser colocada apenas uma anotação na

Cadeia de Valor, de modo a não perder muito tempo com a forma e se

preocupar em validar as informações.

O ponto crítico desta fase é uma junção de dois pontos. O primeiro deles

é o nível de conhecimento do consultor sobre o material. O consultor deve

saber claramente o porquê de cada informação que conste no produto e saber

justificar a presença ou não de cada processo. Além disso, o outro ponto é

querer realizar as alterações de forma durante a reunião, perdendo objetividade

da reunião.

As reuniões de validação dos macroprocessos não são normalmente

muito extensas, o indicado para esta etapa são reuniões de duas à três horas

de duração.

59

5.12 Etapa 12 – Desenho da versão alterada

Feita a reunião de validação da versão inicial da Cadeia de Valor com os

participantes do mapeamento, é necessário um trabalho interno dos

consultores em arrumação de forma e visual.

As mudanças sugeridas durante a reunião de validação devem ser

analisadas e a Cadeia de Valor deve ser alterada, mantendo os padrões de

forma, espaçamento, cores e nomenclatura.

O desenho da nova versão é rápido, dado que o grosso da Cadeia de

Valor já está pronto e só é necessária uma pequena alteração, seja em forma

de exclusão, inclusão ou adaptação dos processos. Em menos de uma hora

um macroprocesso consegue ser totalmente alterado e colocado de forma

alinhada com as expectativas dos funcionários e com a realidade.

5.13 Etapa 13 – Apresentação da versão alterada para as áreas

Feitas as alterações na primeira versão da cadeia é necessário revalidar

a Cadeia de Valor. Para isso deve se agendar uma reunião de validação com

os mesmos funcionários que realizaram o primeiro mapeamento e as

sugestões na primeira reunião de validação.

Esta reunião visa apresentar os resultados e obter o “Ok” das áreas. O

consultor ou agente de mapeamento deve passar todos os processos,

explicando o sequenciamento e todas as questões relativas ao macroprocesso

e a área deve dar o Ok.

Como já foi feita uma primeira reunião um pouco mais longa para

validação das informações e retirada de dúvidas, esta reunião acaba sendo um

pouco mais rápida, entretanto, possíveis dúvidas ou alterações ainda podem

ser possíveis e devem ser realizadas. Na maioria dos casos que foram vistos,

nesta fase são necessárias pequenas alterações que podem ser feitas na hora

sem que se prejudique o andamento da reunião.

O tempo indicado para esta reunião é de em torno de 30 minutos. E um

ponto de atenção é para os casos em que ainda restam muitas dúvidas e é

necessária uma reunião mais longa e uma parte de organização de forma

60

posteriormente. Estes casos devem ser relatados ao PMO e tratados como

exceção.

5.14 Etapa 14 – Workshop de validação entre áreas

Uma vez que todos os macroprocessos foram validados com suas

respectivas áreas é necessário realizar um Workshop de validação onde todas

as áreas estejam presentes. Para isso deve se alinhar com o PMO uma data e

horário, agendar uma sala onde todas as áreas possam estar presentes, de

preferência o funcionário que realizou o mapeamento e seu gestor.

A dinâmica deste Workshop é a seguinte. Todas as áreas vão estar na

mesma sala e serão divididas em grupos. Cada grupo será composto pelas

áreas que compartilham macroprocessos, ou seja, se a área Financeira, a área

de Investimento e a área de Contabilidade compartilham processos, estas

devem estar no mesmo grupo, assim como se a área de Pós-Venda, a área de

Relacionamento e a Ouvidoria compartilham processos, elas devem estar no

mesmo grupo.

Feito isso, cada grupo vai receber em papel as Cadeias de Valor dos

macroprocessos que compartilham, um para cada participante do grupo. Então

os grupos vão poder realizar uma discussão entre áreas, averiguando questões

de nomenclatura, sequenciamento e inclusão ou falta de processos. Além

disso, vai ser possível que uma área justifique a presença do processo,

argumentando a favor do mesmo.

A equipe de consultores ou agentes de mapeamento ficará totalmente à

disposição dos grupos durante a dinâmica, para ajudar a explicar algumas

questões, para sanar algumas dúvidas que por ventura possam existir.

Os grupos devem anotar as mudanças sugeridas, as alterações de

nome, mudanças de ordem, inclusão ou exclusão. Terminadas as anotações

de mudanças cada grupo deve entregar o material para a equipe de

consultores que deve, instantaneamente, realizar as alterações propostas.

Quando todos os grupos tiverem terminado, passado o material para a

equipe de consultores e a equipe tiver realizado todas as alterações, será feita

uma apresentação da Cadeia de Valor por algum dos membros de cada grupo.

61

Ou seja, o grupo deverá selecionar um dos membros para realizar a

apresentação de todos os macroprocessos que a grupo participa

coletivamente. É importante promover essa apresentação de modo a suscitar a

participação de todos durante o mapeamento e para que os funcionários se

sintam parte do projeto.

O workshop é uma etapa mais demorada e de suma importância, assim,

a dinâmica em questão de horário é que seja realizada toda a parte de

discussão entre os grupos e sugestão de alterações durante um período de

cerca de 2 horas e enquanto os consultores realizam as alterações, seja

proposto um coffee break para os funcionários, de em torno de meia hora, em

seguida deve se continuar com as apresentações da versão final para o

restante dos funcionários.

5.15 Etapa 15 – Apresentação para a diretoria

Uma vez que o Workshop foi realizado e toda a Cadeia de Valor está

validada pelas áreas, chega a parte final do projeto, também a deste método,

que é a formalização da entrega final com uma apresentação para a diretoria.

Nesta apresentação devem constar os pontos positivos do projeto, os

pontos críticos, destacar alguns participantes que se envolveram e se

motivaram mais para ajudar e em seguida apresentar o produto final, a Cadeia

de Valor, passando por todos os macroprocessos.

Esta reunião deve contar com a presença do PMO e da alta gerência,

diretoria e presidência. O tempo sugerido para estar reunião é de em torno de

duas horas.

A seguir temos o fluxograma de atividades do nosso método:

62

Figura 24: Fluxograma de Atividades do Método Proposto

Fonte: Autoria Própria

10. Desenho da Versão

Inicial

9. Compilação de

Informações

11. Reunião de Validação

da Versão

Inicial ao Vivo

12. Desenho da Versão

Alterada

14. Workshop de Validação

entre as

Áreas

13. Apresentação

da Versão

Alterada

15. Apresentação

para a

Diretoria

63

6. CONCLUSÃO:

Através da união dos estudos das referências bibliográficas,

entendimentos dos estudos de caso e experiência própria foi possível

desenvolver um método para a elaboração de uma Cadeia de Valor. Esse

método consiste em uma série de passos, todos explicados de uma forma

muito didática e completa, do caminho que deve ser seguido até chegar ao

objetivo principal.

Buscou-se mesclar a parte mais teórica, encontrada nas referências

bibliográficas, com a parte mais prática, encontrada nos estudos de caso para

gerar um método mais satisfatório. Como o principal objetivo na elaboração

desse método era a busca da melhor qualidade possível de uma Cadeia de

Valor, e não na redução do tempo gasto na sua elaboração, foi possível unir as

etapas que foram julgadas melhores em todos os estudos para enfim chegar

em um método confiável.

Além disso, algumas etapas estudadas anteriormente foram corrigidas e

melhoradas para que os erros apresentados não voltassem a acontecer e não

atrapalhassem o andamento do processo. Isso pode reduzir o tempo perdido,

desnecessariamente, em algumas etapas e em alguns retrabalhos.

Alguns pontos que foram considerados positivos serão reafirmados a

seguir:

A etapa 2 é fundamental para um bom andamento do processo. Nessa

primeira reunião é apresentado todo o projeto e alinhadas as expectativas e as

realidades. Se essa etapa não ocorrer podem ocorrer confrontos de ideias ao

longo do processo que resultem em alterações da sua trajetória, havendo

perda de tempo.

A etapa 3 foi considerada de grande importância para o bom andamento

do método. A reunião com o máximo de funcionários possível da empresa para

apresentar o projeto ajuda no entendimento geral do mesmo. Além disso

previne perdas de tempo desnecessárias, esclarecendo as dúvidas, na

explicação individual para cada um na hora das entrevistas.

64

Foi observado em alguns casos que houve somente a entrevista com os

funcionários ou somente o acompanhamento dos processos. Entende-se que

essas duas etapas complementam-se e devem caminhar lado a lado. Sendo

assim, nenhuma das duas pode ser excluída na hora da elaboração do método.

A escolha de uma, em detrimento da outra, pode resultar na falta de obtenção

de informações necessárias para o melhor andamento do processo.

Nas etapas de reuniões para validações preliminares da Cadeia de Valor

foi julgada necessária a participação dos funcionários que ajudaram no

entendimento dos processos e não apenas dos diretores de cada área, como

foi observado em alguns estudos de caso. Normalmente os diretores tem maior

ênfase em gestão e não são capazes de identificar a avaliar de forma completa

os processos.

A prática da realização do workshop de validação entre as áreas,

apresentada em um dos estudos de caso, foi julgada como bem positiva e

reaproveitada na elaboração do método. Através da etapa 14, os integrantes

de todas as áreas da empresa tem um envolvimento muito maior no projeto,

com a colaboração para completar a Cadeia de Valor. Além disso, é possível

olhá-la de forma completa, ajudando o entendimento dos processos das áreas

as quais os funcionários não fazem parte.

Através das melhorias e adições de etapas explicadas anteriormente,

chegou-se ao método proposto. Julgou-se que os objetivos iniciais do projeto

foram alcançadas e as etapas citadas compõem um método eficaz e confiável

na elaboração de uma Cadeia de Valor de uma instituição.

65

7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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