em audiências públicas, vereadores aprofundaram o debate ... · como os esqueletos de obras...

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A Câmara Municipal do Rio de Janeiro teve uma semana agitada com as discussões do or- çamento do município para 2016 e das mudan- ças nas regras urbanísticas da cidade. Na última quarta-feira, a Frente Parlamentar pelo Desen- volvimento Urbano do Rio realizou a quarta audiência pública do Programa Carioca Local, cujo foco foram os imóveis ociosos do Rio. No dia seguinte, o debate feito pela Comis- são de Finanças, Orçamento e Fiscalização Fi- nanceira girou em torno do orçamento da Se- cretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (Seconserva), bem como de seus ór- gãos subordinados - Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) e Companhia Mu- nicipal de Energia e Iluminação (Rioluz) - que deverão movimentar recursos da ordem de R$ 2,5 bilhões. Num plenário bastante concorrido, foram dis- cutidos: o PL 1395/2015, que concede benefí- cios fiscais aos adquirentes de imóveis em mal estado de conservação ou com obras paralisa- das em estágio de estrutura; o PL 1396/2012, que regulamenta instrumentos para promover o aproveitamento adequado de imóveis não edifi- cados, subutilizados ou não utilizados; e o PLC 84/2012, que altera o artigo 71 da Lei Comple- mentar 111, para incluir a macrozona de Ocupa- ção Controlada (Centro e Zona Sul) para fins de parcelamento, edificação e utilização compulsó- ria, permitindo estender os benefícios previstos para todo o território municipal. O PL 1396 que, entre outras medidas, estabe- lece a progressão do IPTU para imóveis ociosos, com aumento anual da alíquota, pelo prazo de cinco anos consecutivos, até o limite máximo de 15%, conta com o apoio do presidente da Frente vereador Thiago K. Ribeiro (PMDB). “Vejo como um instrumento legal da prefeitura para agir con- tra o proprietário que, por inércia ou descaso, não toma os cuidados necessários para manter o imóvel”, destacou. Para o vereador Jefferson Moura (Rede), re- lator da Frente, a prefeitura tem que retomar os imóveis com IPTU atrasado e levá-los a leilão ou incorporá-los ao patrimônio da cidade, salvo aqueles utilizados como moradia. “Me preocupa oferecer mais incentivo fiscal a grupos empresa- riais com imóveis estocados que não estão cum- prindo as suas obrigações legais”, disse. O vereador Reimont (PT) fez coro: “no meu entendimento esses imóveis têm que ser desa- propriados por preço justo e transformados em moradia social”. Em pauta, orçamento e novas regras urbanísticas Frente Parlamentar pelo Desenvolvimento do Rio faz nova emenda ao programa Carioca Local Em audiências públicas, vereadores aprofundaram o debate sobre imóveis ociosos (foto) e analisaram o orçamento da Seconserva O GLOBO PROJETOS DE MARKETING Pelo fim dos imóveis ociosos Desafios dos Jogos Rio 2016 Me preocupa oferecer mais incentivo fiscal a grupos empresariais com imóveis estocados que não estão cumprindo as suas obrigações legais l vereador Jefferson Moura (Rede), relator da Frente Parlamentar A forma como o assunto é tratado na Lei pode servir de incentivo à indústria de imóveis abandonados, como os esqueletos de obras paralisadas há anos. É preciso detalhar mais l Rosemery Compans da Silva, Conselho de Arquitetura e Urbanismo Eduardo Uzal Este conteúdo é de responsabilidade da Link Comunicação Integrada l Dia 10/11 Audiência Pública Lei Orçamentária Secretaria Municipal de Saúde e RioSaúde. Horário: 9h30 às 13h30 - Local: Plenário l Dia 12/11 Audiência Pública Lei Orçamentária Secretaria Municipal de Educação e MultiRio Horário: 9h30 às 13h30 - Local:Plenário l Dia 19 /11 Audiência Pública Lei Orçamentária Secretaria Municipal de Obras , GeoRio e RioUrbe Horário: 9h30 às 13h30 - Local: Plenário l Orçamento Participativo Envie suas sugestões, até o dia 20/11, através do Portal: www.camara.rj.gov.br > Serviços ao Cidadão> Fale Com > Envie Sugestão de Lei. Anote na agenda Ao ampliar o debate sobre o Ca- rioca Local, a Frente Parlamentar pelo Desenvolvimento Urbano do Rio vem contribuindo para apri- morá-lo. O PL 1395, que estende a obras paralisadas os mesmos bene- fícios concedidos a imóveis preser- vados receberá uma emenda graças à intervenção da representante do Conselho de Arquitetura e Urbanis- mo (CAU-RJ), conselheira Rosemery Compans da Silva. “A forma como o assunto é tratado na Lei pode ser- vir de incentivo à indústria de imó- veis abandonados, como os esque- letos de obras paralisadas há anos. É preciso detalhar mais”, defendeu Rosemery. Diante do alerta, Maria Madalena Saint-Martin, secretária Municipal de Urbanismo, reconhe- ceu a necessidade de rever o proje- to.“Relendo o texto, reconheço que falta uma definição melhor. O bene- fício realmente não pode ser estendi- do de modo generalizado. Devemos fazer uma emenda definindo o que é uma obra paralisada para identifi- car aquelas que precisam de estímu- lo”, disse. O vereador Renato Cinco (PSOL), por sua vez, está preocupa- do com a gentrificação, processo por meio do qual a valorização de uma região requalificada acaba obrigan- do a migração dos moradores menos favorecidos.Os benefícios previstos no Carioca Local são para adquiren- tes de imóveis, mas muitas edifica- ções são ocupadas por moradores de baixa renda, sem regularização. “Temos que garantir na Lei que o imóvel com moradia irregular só seja beneficiado depois de uma solução definitiva a respeito da situação dos moradores”, assinalou. O vereador Carlo Caiado (DEM), vice-presiden- te da Frente Parlamentar, solicitou à prefeitura uma relação das edifica- ções abandonadas. “Precisamos que nos apresentem um mapa dos casa- rões que poderão ser beneficiados pela legislação, para saber onde es- tão localizados”, finalizou. Com orçamento de R$ 582 mi- lhões, a Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (Seconserva) responde pelos servi- ços de manutenção da infraestrutu- ra urbana. Por conta dos Jogos Rio 2016, tem como meta instalar 810 rampas e recuperar 7.500 m² de cal- çadas na cidade para facilitar a aces- sibilidade. O vereador Célio Lupa- relli (DEM) questionou a viabilidade do projeto, por considerar a verba disponível no orçamento muito pe- quena. O secretário municipal de conservação, Marcus Belchior Cor- rêa Bento, esclareceu: “Estamos li- citando a construção de 10 rampas em pontos turísticos e mais 500 em parceria com outras secretarias do município”. A Rioluz, responsável por im- plantar e manter a iluminação da cidade, pretende investir R$ 38 mi- lhões na modernização da ilumina- ção pública, o que inclui ampliar a utilização de LED, cujo consumo é 50% inferior ao da lâmpada tra- dicional, reduzindo custos de ope- ração e manutenção. Atualmente, existem cerca de quatro mil pontos iluminados por LED, de um total de 430 mil pontos de iluminação da ci- dade. O orçamento previsto para o ano é de R$ 152 milhões. O orçamento da Comlurb, res- ponsável pela coleta de lixo e pela limpeza urbana está estima- do R$ 1,8 bilhão, sendo R$ 248 mi- lhões de recursos próprios - recei- ta obtida pela prestação de serviços de limpeza e manutenção de hospi- tais e escolas para as secretarias de Saúde e de Educação. Durante o de- bate, Luiz Mário Behnken, assessor do vereador Renato Cinco (PSOL), questionou o percentual destina- do ao pagamento dos 14.800 garis. O presidente da empresa, Luciano Moreira Santos, esclareceu que a re- muneração dos garis representa cer- ca de 70% dos gastos com pessoal, que chegam R$ 912 milhões.

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A Câmara Municipal do Rio de Janeiro teve uma semana agitada com as discussões do or-çamento do município para 2016 e das mudan-ças nas regras urbanísticas da cidade. Na última quarta-feira, a Frente Parlamentar pelo Desen-volvimento Urbano do Rio realizou a quarta audiência pública do Programa Carioca Local, cujo foco foram os imóveis ociosos do Rio.

No dia seguinte, o debate feito pela Comis-são de Finanças, Orçamento e Fiscalização Fi-nanceira girou em torno do orçamento da Se-cretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (Seconserva), bem como de seus ór-gãos subordinados - Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) e Companhia Mu-nicipal de Energia e Iluminação (Rioluz) - que deverão movimentar recursos da ordem de R$ 2,5 bilhões.

Num plenário bastante concorrido, foram dis-cutidos: o PL 1395/2015, que concede benefí-cios fiscais aos adquirentes de imóveis em mal estado de conservação ou com obras paralisa-das em estágio de estrutura; o PL 1396/2012, que regulamenta instrumentos para promover o aproveitamento adequado de imóveis não edifi-cados, subutilizados ou não utilizados; e o PLC 84/2012, que altera o artigo 71 da Lei Comple-mentar 111, para incluir a macrozona de Ocupa-ção Controlada (Centro e Zona Sul) para fins de parcelamento, edificação e utilização compulsó-ria, permitindo estender os benefícios previstos para todo o território municipal.

O PL 1396 que, entre outras medidas, estabe-lece a progressão do IPTU para imóveis ociosos, com aumento anual da alíquota, pelo prazo de cinco anos consecutivos, até o limite máximo de

15%, conta com o apoio do presidente da Frente vereador Thiago K. Ribeiro (PMDB). “Vejo como um instrumento legal da prefeitura para agir con-tra o proprietário que, por inércia ou descaso, não toma os cuidados necessários para manter o imóvel”, destacou.

Para o vereador Jefferson Moura (Rede), re-lator da Frente, a prefeitura tem que retomar os imóveis com IPTU atrasado e levá-los a leilão ou incorporá-los ao patrimônio da cidade, salvo aqueles utilizados como moradia. “Me preocupa oferecer mais incentivo fiscal a grupos empresa-riais com imóveis estocados que não estão cum-prindo as suas obrigações legais”, disse.

O vereador Reimont (PT) fez coro: “no meu entendimento esses imóveis têm que ser desa-propriados por preço justo e transformados em moradia social”.

Em pauta, orçamento e novas regras urbanísticas Frente Parlamentar pelo Desenvolvimento do Rio faz nova emenda ao programa Carioca Local

Em audiências públicas, vereadores aprofundaram o debate sobre imóveis ociosos (foto) e analisaram o orçamento da Seconserva

O GLOBO PROJETOS DE MARKETING

Pelo fim dos imóveis ociosos

Desafios dosJogos Rio 2016

Me preocupa oferecer mais incentivo fiscal a grupos empresariais com imóveis estocados que não estão cumprindo as suas obrigações legais l vereador Jefferson Moura (Rede), relator da Frente Parlamentar

A forma como o assunto é tratado na Lei pode servir de incentivo à indústria de imóveis abandonados, como os esqueletos de obras paralisadas há anos. É preciso detalhar mais l Rosemery Compans da Silva, Conselho de Arquitetura e Urbanismo

Eduardo Uzal

Este conteúdo é de responsabilidade da Link Comunicação Integrada

l Dia 10/11Audiência Pública Lei Orçamentária Secretaria Municipal de Saúde e RioSaúde. Horário: 9h30 às 13h30 - Local: Plenário

l Dia 12/11Audiência Pública Lei OrçamentáriaSecretaria Municipal de Educação e MultiRioHorário: 9h30 às 13h30 - Local:Plenário

l Dia 19 /11Audiência Pública Lei OrçamentáriaSecretaria Municipal de Obras , GeoRio e RioUrbe Horário: 9h30 às 13h30 - Local: Plenário

l Orçamento ParticipativoEnvie suas sugestões, até o dia 20/11, através do Portal: www.camara.rj.gov.br > Serviços ao Cidadão> Fale Com > Envie Sugestão de Lei.

Anote na agenda

Ao ampliar o debate sobre o Ca-rioca Local, a Frente Parlamentar pelo Desenvolvimento Urbano do Rio vem contribuindo para apri-morá-lo. O PL 1395, que estende a obras paralisadas os mesmos bene-fícios concedidos a imóveis preser-vados receberá uma emenda graças à intervenção da representante do Conselho de Arquitetura e Urbanis-mo (CAU-RJ), conselheira Rosemery Compans da Silva. “A forma como o assunto é tratado na Lei pode ser-vir de incentivo à indústria de imó-veis abandonados, como os esque-letos de obras paralisadas há anos. É preciso detalhar mais”, defendeu Rosemery. Diante do alerta, Maria Madalena Saint-Martin, secretária Municipal de Urbanismo, reconhe-ceu a necessidade de rever o proje-to.“Relendo o texto, reconheço que falta uma definição melhor. O bene-fício realmente não pode ser estendi-

do de modo generalizado. Devemos fazer uma emenda definindo o que é uma obra paralisada para identifi-car aquelas que precisam de estímu-lo”, disse. O vereador Renato Cinco (PSOL), por sua vez, está preocupa-do com a gentrificação, processo por meio do qual a valorização de uma região requalificada acaba obrigan-do a migração dos moradores menos favorecidos.Os benefícios previstos no Carioca Local são para adquiren-tes de imóveis, mas muitas edifica-ções são ocupadas por moradores de baixa renda, sem regularização. “Temos que garantir na Lei que o imóvel com moradia irregular só seja beneficiado depois de uma solução definitiva a respeito da situação dos moradores”, assinalou. O vereador Carlo Caiado (DEM), vice-presiden-te da Frente Parlamentar, solicitou à prefeitura uma relação das edifica-ções abandonadas. “Precisamos que nos apresentem um mapa dos casa-rões que poderão ser beneficiados pela legislação, para saber onde es-tão localizados”, finalizou.

Com orçamento de R$ 582 mi-lhões, a Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (Seconserva) responde pelos servi-ços de manutenção da infraestrutu-ra urbana. Por conta dos Jogos Rio 2016, tem como meta instalar 810 rampas e recuperar 7.500 m² de cal-çadas na cidade para facilitar a aces-sibilidade. O vereador Célio Lupa-relli (DEM) questionou a viabilidade do projeto, por considerar a verba disponível no orçamento muito pe-quena. O secretário municipal de conservação, Marcus Belchior Cor-rêa Bento, esclareceu: “Estamos li-citando a construção de 10 rampas em pontos turísticos e mais 500 em parceria com outras secretarias do município”.

A Rioluz, responsável por im-plantar e manter a iluminação da cidade, pretende investir R$ 38 mi-lhões na modernização da ilumina-

ção pública, o que inclui ampliar a utilização de LED, cujo consumo é 50% inferior ao da lâmpada tra-dicional, reduzindo custos de ope-ração e manutenção. Atualmente, existem cerca de quatro mil pontos iluminados por LED, de um total de 430 mil pontos de iluminação da ci-dade. O orçamento previsto para o ano é de R$ 152 milhões.

O orçamento da Comlurb, res-ponsável pela coleta de lixo e pela limpeza urbana está estima-do R$ 1,8 bilhão, sendo R$ 248 mi-lhões de recursos próprios - recei-ta obtida pela prestação de serviços de limpeza e manutenção de hospi-tais e escolas para as secretarias de Saúde e de Educação. Durante o de-bate, Luiz Mário Behnken, assessor do vereador Renato Cinco (PSOL), questionou o percentual destina-do ao pagamento dos 14.800 garis. O presidente da empresa, Luciano Moreira Santos, esclareceu que a re-muneração dos garis representa cer-ca de 70% dos gastos com pessoal, que chegam R$ 912 milhões.