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    RevistaBang!9/Fevereirode2011ISBN: 978-989-637-319-1Propriedade: Edies SadadeEmergncia.Todos os direitos (emais alguns)reservados.Directoreescravodas gals: Luis CorteRealEditora(procuradapelaInterpol):SafaaDibDirecodearteecatering:SadadeEmergnciaColaboradores exploradosnestaedio: TiagodaSilva,JooLameiras,PedroMarques,PedroGadan-ho,AntniodeMacedo,JooBarreiros,Ins Botelho,FernandaSemedo,MrioMatosAutores eoutros convidados semvotonamatria:JorgePalinhos,AndersonSantos,R.A.Salvatore,StephenHunt,GeorgeR.R.Martin,DavidSoares,ElizabethBear,CristinaCorreia,AlbertoSimes eAnaMendes Lopes Redacoesalrio:RuaAdelinoMendes,n152,QuintadoChoupal2765-082 S.PedrodoEstoril,PortugalImpresso(gralhas includas): Rainho&Neves Tiragemdereviraros olhinhos:8500 Copyright: Textos propriedadedaeditorae/oudos respectivos autores,etcetal.

    PARAMAIS INFORMAESSOBRE ACOLECOBANG!OUA EDITORASADADE EMERGNCIAVISITE-NOSEM: SAIDADEEMERGENCIA.COM

    Destaqueilustrador:TiagodaSilva

    Os mundos imaginriosdofantsticoportugus.

    AntniodeMacedo

    1964Oanodosfantasmas edos demnios.SafaaDib

    02

    Eueafantasiatemos umalongahistria.GeorgeR.R.Martin

    Os negros anos-luzdeTerryJames.PedroMarques

    06

    14

    Os livros das minhasvidas.DavidSoares

    56

    Desenharoirrepresentvel.JooLameiras

    Aarquitecturadofuturoeofuturodaarqui-tectura.PedroGadanho

    Crticaliterria

    AInvaso.AndersonSantos

    Memorial.ElizabethBear

    Os crisntemosafricanos.JorgePalinhos

    EspelhoNegro.R.A.Salvatore

    24

    36

    58

    62

    69

    16

    29 21

    42

    Fico

    Vidanoutrosplanetas.StephenHunt34

    Tvolaredonda.SafaaDib

    66

    Num artigo de 18 de Novembro no jornal The Guardian,intitulado Stranger than Science Fiction, o jornalista Damien

    G. Walter levantou algumas questes interessantes sobrea incapacidade da literatura realista em compreender um mundocada vez mais dominado pela fico. J. G. Ballard foi quem me-lhor expressou a questo crucial, afirmando que vivemos nummundo governado por fices de todo o tipo.

    O mundo respeitado da literatura ainda governado porhistrias que reflectem as vidas cruas de pessoas e famlias dis-funcionais e nada melhor do que a consagrao recente de umromancista como Jonathan Franzen para prov-lo. Mas ao retratarfielmente a nossa sociedade estaremos a reflectir sobre ela daforma certa? Que tipo de servio estaremos a prestar literaturaagarrando-nos a noes literrias ultrapassadas de realismo quan-do na verdade vivemos, como Ballard to bem escreveu, no inte-rior de um grande romance? Estamos hoje todos ligados numavasta rede global que permite despoletar revolues no outro ladodo mundo, permitindo-nos expressar a nossa solidariedade nessemesmo instante em que a revoluo est a ser feita nas ruas.

    Vivemos rodeados pelo fantstico que se est a tornar o nossodia-a-dia. E no poderia ser de outro modo. At mesmo a afirma-o do fantstico como fonte de escapismo cada vez mais ques-tionvel, pois todos os leitores deste gnero podem compreendero que solido e ser desprezado pela nossa prpria famlia esociedade atravs da histria do elfo negro Drizzt DoUrden. Po-demos compreender o quo difcil ser uma mulher num mundodominado por homens atravs da fantasia urbana de Patricia

    Briggs. Descobrimos o que significa perder a nossa identidade eptria num romance como Tiganade Guy Gavriel Kay.

    Por isso, quando folhearem as pginas seguintes da Bang!,devem considerar o fantstico como o melhor instrumento,talvez o nico, capaz de expressar o esbater cada vez maisforte da fronteira entre a fico e a realidade. E descobriroque o design, a arquitectura, a literatura, o cinema, a BD soapenas algumas das formas artsticas que ousam constante-mente construir a grande fico, a mais importante de todas, a

    que molda o nosso mundo. BANG!

    VIVEMOSNUMMUNDOGOVERNADOPORFICESDE TODOOTIPO

    SafaaDibassistenteeditorialdaeditoraSadadeEmergncia.Juntamen-tecomRogrioRibeiro,organizaaconvenoanualdoFrumFantstico.

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    1

    alho

    dez

    ram

    acta

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    eno

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    iscos

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    ados.

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    ada,

    sde

    or-

    tistas

    ao

    eum

    anced

    livro

    009,

    uma

    Este

    idos

    ano

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    laso

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    G!

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    pessoal,foi

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    estudo

    de

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    que

    quis

    experimenta

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    das

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    mateChanges:

    Produzido

    para

    uma

    exposio

    sobre

    o

    aquecimento

    globa

    l,

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    tambm

    publicado

    no

    livro

    Digital

    Painters

    2(2010).

    S

    LI

    T

    ERA

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    [Resum

    od

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    A

    noperd

    er

    Exlio

    R.A.Salvato

    re

    Ondeandamto

    dasaquelas

    dezenasdemilh

    aresdejovens

    quelerameado

    raramos

    livrosdeHarry

    Potter?Cer-

    tamentequecresceram,e

    comelescresceuograude

    complexidadeq

    ueapreciam

    nosenredosep

    ersonagens

    doslivrosquelem.Apensar

    literaturafantsticasempreexistiuesempreexi

    cialparaadefiniodoseulugarnaculturapop

    emtodososgneros,osmauslivrosempurram

    bonslivros.Esta

    realidadeaindamaisverdade

    Ora,a

    literaturafantsticaestavendercomon

    remmaisemais

    comelairresistvel.Oresulta

    soosmelhores

    livrosachegaraostops,ogne

    menoreseanive

    lar-secadavezmaisporbaixo.

    deixadevendereamaioriadaseditorasabando

    velho,rotoemalcheirosoqueningumquerte

    recuperarumaliteraturaquesetenhaafundado

    dofantsticocombaterestatendncia.Eaosed

    responsabilidade

    acrescidadepesarqualidadee

    mosdadas)em

    cadaedio.NaColecoBan

    ro.Porissouma

    partedocatlogode2011u

    aqualidadeeasvendasnosopreocupao.A

    CliveBarker,DanSimmons,ScottLynch,Merv

    TimPowers,Ray

    BradburyouFrankHerbert.

    ajudaradignificarumaliteraturaquemerecea

    A

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    umviciantevirardepginas,

    estaumasrie

    quesurpre-

    endeosleitores

    pelaprofun-

    didadeeexcelentecaracteriza-

    odepersonagens.

    OMago

    EspinhodePrata

    RaymondE.Feist

    Oregressodesteautor

    clssicovaiagra

    daramuita

    gente.Depoisd

    eatingiros

    topsdevendascomOMago

    AprendizeOMagoMestre

    noanode2010

    ,Raymond

    E.Feist(umdo

    snomesmais

    importantesda

    fantasiapica

    dosltimos30anos)regres-

    sacomOMagoEspinhode

    Prata.

    Este3volume

    openlti-

    modasagadO

    Mago,quea

    ColecoBang!prevfechar

    aindaduranteo

    anode2011.

    Comvendaseq

    uiparveisa

    AsCrnicasdeGeloeFogode

    GeorgeR.R.M

    artin,esta

    sagaestaseru

    msucessode

    vendasdentrodogneroem

    Portugal.Eno

    seriadees-

    perarmenos,poisRaymond

    E.Feistjvendeumaisde15

    milhesdelivro

    semtodoo

    mundo.

    dogneroparanormal.Entre

    osquejleramecom

    enta-

    ram,percebe-sequeaautora

    conseguiuumaexcelente

    recepoemterraslu

    sas.

    Depoisdeserumbestseller

    nosEstadosUnidos,

    Melissa

    Marrcomeaacimentara

    lideranaeprotagonismoque

    conseguiunosltimo

    sanos.

    Publicadaemmaisde20

    pasesecomvendasmuito

    fortesemtodoseles,

    jviu

    osdireitosdecinema

    dasua

    srieseremvendidos

    para

    Hollywood.Estaumaapos-

    tafortedaBang!para2011.

    FrgilEternidadeseroprxi-

    mottuloaserpublicado.

    LaosdeSangue

    CharlaineHarris

    OoitavolivrodasrieSangue

    Frescoestnosprincip

    aistops

    nacionaishvriasse

    manas

    -oque,paraumasag

    ato

    longa,inditoemPortugal.

    AsrietelevisivadaH

    BO

    (baseadanoslivros)a

    cabade

    renovarpormaisdua

    stem-

    poradas,continuaaserlder

    deaudincias,eagorajse

    falanumaversoaraocine-

    arigaisoladosnuma

    ida.Ohumorest

    emcadapgin

    a,

    fasedados

    queosdoisjovens

    orcolocarasipr-

    ueavida,oque

    oqueareligi

    o?

    atchettnoseum

    e-

    provadequeal-

    osjuvenisdevem

    ser

    todososadulto

    s?

    da

    ristinCast

    (talvezcentenas)

    tentaramherdar

    esdeCrepsculo.

    onseguiramen

    e-

    obemcomoA

    oitedameefilha

    jovenssetransformamem

    vampyros,asuavidaentra

    numaespiraldesegredos,

    traiesetambmdeamo-

    resimpossveiseamizades

    perigosas.Asautorascom-

    preenderamtudoaquilo

    queapaixonouosjovensna

    sagadeStephenieMeyer.

    Noscompreenderam

    comoconseguiramirainda

    maislongenodesenvol-

    vimentodaspersonagens,

    permitindoquemesmoos

    maioresfsdeCrepsculo

    VnculodeSangue

    PatriciaBriggs

    Poucasheronasdafantasia

    urbanamostramliteralmente

    asgarrascomoMercedes

    Thompson,ametamorfa

    comacapacidadedesetrans-

    formaremcoiote,criao

    dePatriciaBriggs.Longeda

    figuratradicionaldaadoles-

    centedeliceu,Mercyuma

    mecnicadeautomveisque

    temdeaprenderasobreviver

    nummundoondeconvivede

    Ser

    possvel

    ler

    romance

    paranormal

    e

    fantasia

    urbana

    em

    que

    a

    herona

    no

    seja

    uma

    tontinha

    cad

    a

    aos

    ps

    doseu

    amor?

    Sim,

    possvel:Mer

    cy

    Thmposon

    mecnica

    e

    arreia

    pancada

    em

    qualquer

    tip

    mais

    afoito.

    APromessade

    JacquelineCare

    Esteoquartolivro

    sagafantsticadeco

    maisliterrio.Depois

    DardodeKushiel,A

    KushieleAEleitade

    verdadequenoa

    aostopsdevendas.

    sejaumaautorapara

    eleitorasmaisexperi

    nafantasia,masariq

    personagens,omun

    asdivindadeseaco

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    1

    NTSTICO

    TUGU

    S

    ESTA

    ASEGUNDAPARTE

    NTNIODEM

    ACEDO

    NAPOBREZA,N

    OMELHOR

    ENOPIOR,

    MORTEVOSSEPARE.

    E.S

    EMP

    RECUMPRIOQU

    EASSINEI.

    TRANG

    ULEIAEFUIME

    EMBORA.

    UELEIRIA,CONTOSDOGIN

    TONIC

    QU

    E

    DO

    S

    C.

    XX

    c.X

    Xa

    literaturafantsticaemPortugal

    garoquejvinhadosfinsdosc.X

    IX.

    pesaeosoevaosaexremosaucna-

    trios,porm

    nasuacolectneadeno-

    velasCuemFogo(1915)queofantstico

    deS-Carneiromaisclaramenteserecorta,

    sobretudoemAGrandeSombraouem

    OFixadorde

    Instantes,etalvezmais

    aindaemAEstranhaMortedoProf.An-

    tena,considera

    daaprimeiranovelapor-

    tuguesadeFC.

    Nestaseabordapelapri-

    meiravez,naliteraturaportuguesa,otema

    dosmundosparalelos.Numestudoque

    publicouem1998,TeresaSousadeAlmei-

    danotaoseguin

    te:

    Paraquemch

    egadomainstream,

    espantaaquantidadeeaqualida-

    dedosautoresqueemPortugal

    escrevemFC

    ouquedelase

    utilizamparaescreveroutrotipo

    detextosded

    ifcilclassificaoe

    quehojeemdiaconhecidopor

    F(Fantasia).Trata-sedeumterri-

    triosubterr

    neo,deumaespcie

    dereversoda

    literaturaoficial,

    comoutroscdigosecomoutras

    leis,etalvezcomoutrahistria.

    []Seolharmosahistriada

    literaturafantsticadoladoda

    instituiolite

    rria,o

    bservaremos

    aemergncia

    deumterritrioque

    noespecialmentevalorizadoa

    noserquand

    oesquecido.No

    artigoconsagradoaoMaravilho-

    sonoDicionriodeLiteraturaPor-

    tuguesa,JacintoPradoCoelhonota

    quenosc.X

    IXqueseproduz

    emPortugalumaliteraturafantstica

    econsideraqueestegnerotem,en-

    trens,umavogarestrita.

    []Opressu

    postodequealitera-

    turafantsticatempoucopesoem

    Portugaldeve

    riaserreanalisado,so-

    bretudosese

    tiveremcontaquea

    prpriahistriadaliteraturaqueatri-

    buimaioroumenorimportnciaa

    umgnero,in

    tegrandoouexcluindo

    autoreseobras,seundocritriosue

    sc.XIX,

    eparamoscomescroreso

    mainstream

    quefazemincursesno

    fantstico

    comoporexemploAquilino

    Ribeiro,FerreiradeCastro,Jorgede

    Sena,NatliaCorreia,

    UrbanoTavares

    Rodrigues,DavidMouro-Ferreira,Jos

    GomesFerreira,

    DrdioGuimares,

    AnaHath

    erly,AlmeidaFaria

    Todosestesebastantesoutros

    vmrepre

    sentadosnavolumosaAntologia

    doContoFantsticoPortugusorganizadapor

    Fernando

    RibeirodeMello,publicadaem

    F

    ernandoPessoa

    (1888

    -1935)

    eMriodeS

    -Carneiro

    (1890

    -1916)

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    1

    quereerremosneseargo,ecomesa

    notaesperoevitarfuturasedesnecess-

    riasrepeties.

    Ataosfins

    dadcadade70podemos

    considerarqu

    eseencerraumperodo

    dofantstico

    portuguscaracterizado

    porformassombrias,talvezaindaremi-

    niscentesdaevanescenteinflunciado

    gtico,maisd

    oqueporumapelopuro

    livreimagina

    o:BranquinhodaFonse-

    ca,OBaro(1942);DomingosMonteiro,

    HistriasCastelhanas(1955)eHistriasdeste

    MundoedoOu

    tro(1961);JosRodrigues

    Miguis,Lahe

    OutrasHistrias(1958);Jor-

    gedeSena,OFsicoProdigioso(1977).

    OFsicoProdigiosomerecedestaque

    especial.Comnovidadescomouma

    exuberncia

    erticaquenocabia

    noRomantismoportuguseliber-

    dadesformaisextremamentefelizes

    comoodesdobramentodotexto

    emduascolunasquerepresentam

    duasleiturassimultneaspossveis,

    JorgedeSen

    aseguealinhadeHer-

    culanoaoprocurarinspiraonas

    velhaslenda

    smedievais,nestecaso

    doiscaptulosdeOOrtodoEsposo

    [finaisdosc.XIV].Osrequintesde

    horroreperversidadeultrapassam

    todosostratamentosdospactos

    satnicosetornamestecontotalvez

    ocasomais

    fascinantedaexplorao

    dohorrornaliteraturaportuguesa

    contempor

    nea,porventuramesmo

    detodaaliteraturaportuguesa.[24]

    Maisadmirvelquetodosestes,porm

    emminhahumildeopinio

    oex-

    traordinrioro

    mancedeJosGomesFer-

    reiraAsAventu

    rasdeJooSemMedo(1963),

    aqueoprpr

    ioautorchamoupanfleto

    mgicoemf

    ormaderomance,uma

    obra-primade

    imaginaodesconcertan-

    teeumdosliv

    rosfantsticosmaisprovo-

    cadoresseno

    mesmomaisdelirantesda

    nossaliteratura.

    onc

    ;ovosonoso

    n

    ;

    CasosdoDireitoGalctico(1975).

    Dosegundodestacam-seAK:ATeseeo

    Axioma(1959);NolhesFaremosaVontade

    (1970);A

    Buzina(1972).

    Aimp

    ortnciadeMrio-HenriqueLei-

    riaede

    RomeudeMelocomofiguras

    tutelaresdamodernatradioportugue-

    sadeficescientficasefantsticasficou

    testemunhadapelahomenagemquese

    lhesprestouporocasiodossegundos

    EncontrosdeFicoCientficaeFants-

    ticodeCascais,de1997:aantologiade

    contos(bilingue)intituladaEfeitosSecund-

    rios/SideEffects,quenesseanoaSimetria

    FC&Feditouparaassinalaroevento,

    antecedidaporumaexpressivadedicat-

    riamemriadessesdoisautores,como

    razesin

    spiradorasdemuitodoquese

    lhessegu

    iu.

    Teresa

    SousadeAlmeida,quejcit-

    mosanteriormente,referindo-seaRo-

    meudeMeloobservaqueesteautor

    no

    figuranemnashistriasda

    literatu

    ra,nemnosdicionrioslite-

    rrios,

    comose,defacto,notivesse

    existido.Maisinteressantesdoque

    oseuprimeiroromance,AK:ATese

    eoAxioma,publicadoem1959em

    edio

    deautor,soosseuscontos

    que,ameuver,rivalizamcomoque

    demelhorsetempublicadoentre

    ns.[25]

    Oseu

    romanceABuzinaumastira

    desapiedadaacertasimposturasdapoltica

    mundial:

    oprotagonistaumantropide

    queseexprimepormeiodeumabuzina,

    vistoquenofala.Acabaporserelevado

    aocargo

    deSecretrioGeraldasNaes

    Unidas,

    comorepresentantedospases

    subdesen

    volvidos;asbuzinadelascomque

    procurafazer-seentendertmdeserinter-

    pretadas,

    oquedorigemaosmaisvariados

    comentrios,discussesetentativasdeex-

    licao,

    criandoumaassustadoradistn-

    -

    HenriqueLeiria,tradutordeBraveNewWorldede

    outroste

    xtosdeFCque,em1975,publicaCasosde

    DireitoGalctico,pequenaobra-prim

    aesquecidapela

    literatura

    oficial.[

    ]Anarrativa

    constitudapor

    umconjuntodecasosexemplaresapresentados

    anlise

    doCursodeDireitoGal

    cticopara

    estudantesdafederaomista(humanidadesdo

    1.Aglom

    eradoEstelar)naUniversidadeRegional

    deAldeb

    aran3,numastiraevidenteinstituio

    universitria,e

    funcionam,quasesempre,como

    umparadoxocujaresoluoserev

    elaarbitrria

    eimpossveldeajuizar,nospor

    quepem

    emcena

    seresquefuncionamcom

    paradigmas

    excntric

    os,mastambmporque[]aprpria

    funoreferencialdalinguagemse

    encontraabalada.

    Poucasvezessetercriadonaliteraturaportuguesa

    umuniversotosubversivoquenospeem

    causaom

    undoterrestre,como,em

    ltimaanlise,a

    prpriap

    ossibilidadedecomunica

    oededilogo

    quedeve

    riaserinerenteprprialinguagem.[26]

    1993,revistaeacrescentada,

    deconsulta

    proveitosa

    senomesmoimprescindvel

    paraquem

    queiraficaraconheceratota-

    lidadedomaterialqueexisteatessadata.

    Aolong

    odasdcadasde80e90do

    sc.XX,ea

    taosfinaisdosculo,o

    Fants-

    ticoportugusdesenvolveu-seeexpandiu-

    sedumaformaquaseexplosiva,fenme-

    nodecertomodoassociadoaodesen-

    volvimentoeexpansodaFCcriadaem

    Portugal:nestasduasdcadas,comonota

    lvarode

    SousaHolstein,publicaram-se

    maislivrosdeautoresnacionaisdeFC&F

  • 7/23/2019 Elfo Negro.pdf

    8/41

    1

    -

    (eemlargamed

    idaaindaim-

    em)sobreaproduodefic-

    speculativanacional,entreos

    seincluemaacogenerali-

    dacrticaliterriaemjornaise

    as,que,aspirandoguindar-se

    innciasdecrticamainstream,

    steemignorarosautorespor-

    sesdeFC&F,aindaqueno

    osdelesjosten

    temumaex-

    tequalidadeliterria,preferin-

    tovalorizar-seresenhandoos

    esestrangeirose

    sobretudoos

    agradosdocostume,situao

    ontinuaaverificar-se,mesmo

    isdestesanostodos,como

    ataDavidSoare

    snoseuen-

    sobreoFantstic

    oaquejfiz

    nciana1.parte:

    oproblemanotantoa

    adeediesrelacionadas

    oFantstico,m

    asafalta

    umverdadeirodiscursocrtico

    epensesobreos

    livrose

    apresenteaosleitores.[27]

    ealcedaminhares

    ponsabi-

    ade]

    ratentarinverterestatendn-

    sautoresquese

    reuniamem

    es-tertlianaprimeirametade

    cadade90decidiramprovo-

    macontecimen

    tomeditico

    chamasseaatenoparao

    oquevivemoseparaosque

    ortugalteimam

    emdedicar-

    iteraturadeficescientficas

    tsticaseassimnasceram

    ncontrosInternacionaisde

    FdeCascais,iniciadosemSe-

    rode1996equ

    ederamori-

    associaoSim

    etriaFC&F.

    almdapresenadosautores

    guesesjpublicadosnaCa-

    oenoutraseditoras,novos

    ,

    portugueseseanglfonos.

    Bom,tristereconh

    ec-lomas

    asdiversasacesem

    preendidas

    nombitodestesEncontros,que

    seprolongaramat2001(workshops,

    concursos,espectculos,exposi-

    es,conferncias,retrospectivas,

    debatescomautores

    ecrticos,

    etc.),noproduziram

    osefeitos

    mediticosqueespervamos,a

    tendnciadacrticaap

    arentemen-

    tenoseinflectiu,salvonumou

    noutrocasopontualde

    artigosso-

    breFC&Fportuguesa,

    comcurtos

    excertosdeentrevistasaosautores,

    equeporvezesaparecemnesteou

    naquelesuplementocu

    lturaldeste

    oudaqueleperidico.A

    sprincipais

    excepesdignasderegisto,que

    meocorremeagradeoqueal-

    gummaisbeminform

    adodoque

    euacrescenteoquem

    efalha,

    soasdeJooBarreiro

    snoPblico

    enoIndependente,edeP

    edroFoyos

    noDiriodeNotcias,q

    uedurante

    algumtempomantiveramseces

    deresenhasdeFC&Fnosreferidos

    peridicos,almdeVctorQuelhas,

    quenoExpresso,temcontinuadoa

    darrealce,a

    indaquein

    termitente-

    mente,aobraseevento

    sdeFC&F

    portugueses

    salien

    tando-seo

    casodarevistaOsMeusLivros,com

    acrticaregulareespecializadade

    JooSeixas,embora

    tantonum

    casocomonoutroaesmagadora

    incidnciadeobrase

    autoreses-

    trangeirosacabeporquasediluira

    presenadumoudou

    trooriginal

    portugusquesevaipu

    blicando.

    Chegoaofimdestasecocom

    umroldosprincipaisa

    utorespor-

    tuguesesquenasdcadasde80e

    90dosc.XXmaissed

    istinguiram

    noFantstico,desdeomaissobre-

    naturalaosimplesmentealegrico,

    Jos

    Saramago,

    Mrio

    de

    Carvalho,

    Joo

    Barreiros,

    Joo

    Aguiar

    e

    David

    Soares

    ,

    -

    cerammaissalientesdentrodachamada

    ficoespecula

    tiva:

    JosSaramag

    o(ObjectoQuase1978,A

    JangadadePedra1986,HistriadoCercodoLis-

    boa1989,Ensaio

    sobreaCegueira1995,Todos

    osNomes1997);

    MriodeCarvalho(Contos

    daStimaEsfera1981,CasosdoBecodasSardi-

    nheiras1982,OL

    ivroGrandedeTebasNavioe

    Mariana1983,A

    InauditaGuerradaAvenida

    GagoCoutinho1983;posteriormente,M

    rio

    deCarvalhoabandonouofantsticopara

    seinserir,cada

    vezmais,nomainstream);

    JooAniceto(O

    sCaminhosNuncaAcabam

    1982,OQuarto

    Planeta1986,ODesafio

    1987,ALenda1988,ATeia1993);Edu-

    ardoBrum(Viviana1983,Romancedeuma

    Sereia1985,OBeijoNegro1986,SemCorao

    1997);HliaCorreia(Montedemo1983,A

    CasaEterna1991,Insnia1996);MariaIsa-

    belBarreno(Con

    tosAnalgicos1984,OMun-

    doSobreoOutroDesbotado1986,OEnviado

    1991,OsSensosIncomuns1993,OSenhordas

    Ilhas1994,OCrculoVirtuoso1996);Daniel

    Trcio(AVocaodoCrculo1984,ODem-

    niodeMaxwell1993,PedradeLcifer1998);

    JooAguiar(O

    HomemSemNome1986);

    IsabelCristina

    Pires(UniversalLimitada

    1987,A

    rvored

    asMarionetas1989,ACasa

    emEspiral1991);IreneAntunes(Contosda

    TerceiraMargem1989;AEstreitaSombrade

    CatarinaVale1991);LusFilipeSilva(OFu-

    turoJanela1991,GalxMenteI:ACidadeda

    Carne1993,GalxMenteII:Vinganas1993;

    Terrarium[emco

    autoria]1996);Antniode

    Macedo(OLimitedeRudzky1992,Contosdo

    Androthlys1993,Sulphira&Lucyphur1995,

    ASonatadeCristal1996,Erotosofia1998);

    MariadeMenezes(TrsHistriascomFinal

    Feliz1993);Joo

    BotelhodaSilva(Bedunos

    aGasleo1993,AsHorasdoDeclnio1996);

    JooBarreiros

    (OCaadordeBrinquedos

    1994,Terrarium[emcoautoria]1996);Te-

    olindaGerso,A

    CasadaCabeadoCavalo

    1995,Arvore

    dasPalavras1997;Ricar-

    doLopesMoura(Phenomenae1996);Ione

    Frana(OSculodosAnjos1996,ODomador

    .

    Finalme

    nte,umabrevenotaparadois

    fanzinesque,emboradevidacurta,deixa-

    ramdealg

    ummodoasuamarca:Eventos,

    fanzineonlinedeLuisFilipeSilva,iniciado

    em1998e

    continuado,comintermitncias,

    at2001;Paradoxo(1.srie),editadopela

    SimetriaFC&F,iniciadoem1998eter-

    minadonomesmoano,aoqualsucedeua

    revistaParadoxodequefalaremosaseguir.

    EQUANTOAOS

    C.XXI?

    Ofinaldosc.XX

    foidecerto

    m

    odoassinaladocomumaes-

    p

    ciededobreafinadosque

    felizmente

    noteveconsequnciastof-

    nebrescomoseriadetemer:refiro-me

    curtaexistnciadomagazineParadoxo:Re-

    vistadeFC

    eFantstico,idealizadoedirigido

    porDanielTrcio,quesucedeuaofanzine

    atrscitadoeque,entre1999e2000,saiu

    trimestralm

    entecomfico,ensasmote-

    mtico,crtica,crnicas,estudos,etc.,onde

    colaboram

    ,entreoutros,

    JooBarreiros,

    GersonLodi-Ribeiro,JooSeixas,LusFi-

    lipeSilva,JorgeCandeias,MariadeMene-

    zes,DanielTrcio,AnaCristinaLuz(a.k.a.

    AnaVasco),LusR.deSequeira,Gonalo

    Valverde,

    AntniodeMacedo,Ricardo

    Madeira,e

    tc.D

    istinguiu-seporbalizarum

    relevantep

    ontodeviragemnaficoespe-

    culativaportuguesaeensasmoassociado,

    bemcomopelaspolmicasqueosseus

    textossuscitaram.D

    igamosqueosupradi-

    todobreafinadosencerrousobretudoa

    experinciadaSimetriaFC&Fedosseus

    EncontrosInternacionais(oltimofoiem

    2001),bem

    comoocicloqueeclodiracom

    osanos80e90.

    Outros

    fanzineserevistas,empapele

    online,tm

    vindoasurgirdepoisdoano

    2000:DragoQuntico,

    fanzineeditado

    porRogrioRibeiroonline,aparecidopela

    primeirav

    ezemFevereirode2002;Bang!,

    revistaeditadaempapelporRogrioRi-

  • 7/23/2019 Elfo Negro.pdf

    9/41

    1

    ,

    -

    sistnciaentu

    siasticamenteempenhadas,

    oFFdesdeo

    seuinciotemconseguido

    manterumnveleumaqualidadedepar-

    ticipaoquesoderealarelouvar:alm

    deautoresportugueses,entreveteranos

    erevelaes,trouxessuasediesauto-

    resderenomeinternacionalcomoMark

    Brake,R

    hysH

    ughes,EdwardJames,Paul

    McAuley,Elia

    Bercel,

    NickSagan,Zo-

    ranZivkovic,

    BlancaRiestra,NeilHook,

    ChristopherP

    riest,

    LenArsenal,

    C.

    B.

    Cebulski,etc.

    Refira-setambm,noarranquedosc.

    XXI,aestreiaem2001deumacolecode

    autoresportuguesesantigosemodernos,

    nareadofantstico,qualjtiveopor-

    tunidadedealudirnoinciodestacrnica:

    acolecoBibliothecaPhantastica,publicada

    pelaeditoraH

    ugineinterrompidaporfa-

    lnciadaeditoraem2005.Paraalmda

    jconsagrada

    MariadeMenezes,nelase

    comearamarevelarnovosnomes,como

    LusaMarquesdaSilva,PedroLcio,Sr-

    gioFranclime

    OctviodosSantos,empa-

    ralelocomclssicosnovecentistascomo

    TefiloBraga,JoodaRochaeEduardo

    deFaria.Desteltimo,oromanceAEs-

    :Bang!n.3,Janeiro

    e.Lisboa:Sadade

    ia;p.2

    1:

    w.saidadeemer-

    /uploads/books/

    3.pdf

    ciaoSimetria

    borahmuitotempo

    sica,temmantido

    egularnaInternet:

    g.simetria.org/

    mconjuntodeactivida-

    tivascontnuas,levadas

    umasuaprognie,a

    ovem:

    g.simetria.org/cate

    -

    tria-jovem/

    /epicapt.wordpress.

    eOpinado(lydoeopinado.b

    logs-

    pot.com/);AsLeiturasdoCorvo

    (asleiturasdocorvo.b

    logspot.

    com/);OsLivros(oslivros.blogs.

    sapo.pt/);BadBooksDontExist!

    (www.bbde.org/);Tecnofantasia,

    deLusFilipeSilva(www.tecno-

    fantasia.com/cgi-b

    in/tfmaint.

    cgi);BladeRunner,deJooSeixas

    (www.spaceshipdown.blogspot.

    com/);CadernosdeDaath,de

    DavidSoares(cadernosdedaath.

    blogspot.com/);Chicago1900,

    deMiguelGarcia(chicago1900.

    blogspot.com/);BelaLugosi

    isDead,deRuiPedroBaptista

    (belalugosiisdead.b

    logspot.com/);

    IDreaminInfrared,deRogrio

    ,

    ,

    -

    vros.Duranteoitoanosfoiumbem-v

    indo

    evastorepositriode(quase)tudooque

    seiapu

    blicando,

    incluindoumaseco

    crticaespecializada,regular,nocampoda

    FC&F,a

    cargodeJooSeixas,cujoconhe-

    cimento

    ecompetncianamatriadesne-

    cessriosetornaenaltecer.EmMarode

    2010esteveameaadadeextinoos

    bonsmo

    rremcedo!masemMaiorecu-

    perou,noseiseporefeitodesimultanei-

    dadecomaFeiradoLivro,eesperemos

    quesejaparacontinuar.

    Penso

    todaviaquenestemomentoo

    queest

    acontarcommuitaforaem

    termos

    decrtica,tantoespecializada

    emFC&

    Fcomogeneralizada,oque

    sepassa

    naInterneteaincomensurvel

    abundn

    cia,semprecrescente,desitese

    bloguesque,cadavezmais,substitueme

    sesobrepemcrticaliterriaempapel.

    Nelestemlugar,porentreasmaisdiver-

    sasreflex

    escrtico-literrias,umaateno

    permane

    nteediodelivroseoutras

    publicaes,comresenhasecomentrios

    diversific

    ados,e

    bemestimulantesnalguns

    casos,

    literaturaportuguesanareada

    FCedo

    Fantstico.[30]

    com/);Rascunhos,deCristina

    Alves(acrisalves.wordpress.com/);

    LmpadaMgica,deJorgeCan-

    deias(lampadamagica.blogspot.

    com/);DasPalavrasoEspao,de

    JooVentura(fromwords.b

    logs-

    pot.com/).

    [31]ComoaInternetnotem

    fronteiras,suspeitoqueumaparte

    maisquesubstantivadesses30

    milsejadefansbrasileirosde

    FC&F.Bemsabemosquemuito

    difcil,senopraticamenteim-

    possvel,umadistribuioregular

    delivrosportuguesesnoBrasil;

    paraultrapassarestabarreira,os

    autoresportuguesesdeFC&F,e

    osrespetivoseditores,talvezno

    CONCLUS

    OPROVISRIA

    Poderemo

    steresperanadeuma

    actividadeautoraleeditorialcont-

    nuaede

    qualidadenapedregosae

    acidentadavere

    dadaFC&Fportuguesa?

    Nosouprofetanembruxoeporissome

    abstenhodeformularsequeromeuvoto

    dequeessetransgressivogneroliterrio

    floresaeseramifiqueabundantemente

    emPortugal.Bom,reconheoquesousu-

    ficientementevisionrioparameatrevera

    referirahiptes

    edetalvoto,mastambm

    sousuficientem

    enterealistaparasaber

    queascondiesautoraiseeditoriais,sal-

    voescassasexcepes,n

    oautorizamum

    optimismopor

    aalm.Emtodoocaso,

    osnmerosfalamporsiehumacons-

    tataofactualquenopodemosignorar:

    numartigointituladoMonstros,asvede-

    tasdonossotempo,publicadoemprin-

    cpiosdeAbrilde2010noDiriodeNot-

    cias,podemosle

    r:ArevistaBang!,lanada

    oficialmenteestasemana,temumataxa

    dedownloadsna

    ordemdos30milconta

    apenasnunstantos

    eurosqueolivro

    custa,ousequerna

    incomodidade

    da

    deslocaolivra-

    ria.Haverdecerto

    outrosfactores,in-

    cluso

    sociocultu-

    rais,queimportaria

    investigar.[31]

    Enquantocre-

    brosmaisargutose

    analticosdoqueo

    meuseentretma

    resolveroenigma,

    diagnosticando

    a

    origemdovruse

    descobrindoares-

    pectivacura,acres-

    centomaisumalistasquedeixeilmais

    atrs:destavezdeantologiassadasnapre-

    sentedcada,daquisaudandoaseditoras

    queseabalanaramaoempreendimento:

    FicesCientficas&Fantsticas(Chimpanz

    Intelectual,2006);ASombraSobreLisboa

    (SadadeEmergncia,2

    006);ContosdeTer-

    rordoHomem-Peixe(ChimpanzIntelectual,

    2007);AR

    epblicaNuncaExistiu(Sadade

    Emergnc

    ia,2

    008);BrincaComigo!Eoutras

    estriasfantsticascombrinquedos(Escritorio,

    2009).Acrescente-seaesterolaantologia

    PorUniversosNuncaDantesNavegados(edi-

    odeLu

    sFilipeSilva,2007),quedeixei

    paraofim

    porserluso-brasileiraeno

    exclusivam

    entenacional,talcomodei-

    xoparao

    fimumaoutraantologiaque,

    sendomaioritariamentemainstream,

    inclui

    todaviadoiscontosfantsticos:Playit,

    Sam!(Escritorio,2

    010).

    Noseuconjun-

    to,

    formamumarazovelcorbeilledeau-

    tores,velh

    osenovos,queaquienfileiro

    porordem

    alfabtica(algunstmcontos

    emmaisd

    eumadasantologias):Alexan-

    dreVieira;AntniodeMacedo;Baptista-

    Bastos;Br

    unoMartinsSoares;ClaraPinto

    Correia;D

    avidSoares;FernandoRibeiro;

  • 7/23/2019 Elfo Negro.pdf

    10/41

    1

    M

    uitoshoje

    conhecem

    aforado

    cinema

    dehorror

    japons

    graasa

    remakes

    norte-

    american

    osnaltimadcada,comoThe

    RingouT

    heGrudge,adaptadosparaas

    sensibilidadesocidentais,emuitossa-

    beroqu

    emuitadaforadessecinema

    sedesenvolveemtornodapresenade

    elementossobrenaturaiscomoosfan-

    tasmas(yurei),demnios(oni)ouespri-

    tosdem

    onstros(yokai).

    Voltan

    doatrsnotempo,h

    queirem

    buscadasrazesdessecinemaedosclssi-

    cosqueabrirampassagemparaessami-

    tologiae

    folclorejaponeses.Doisfilmes

    foramessenciaisparadefinirohorror

    japonsqueatravessoufronteiras,ambos

    comestreianoanode1964.N

    ospar-

    tilhamo

    anodeestreia,masbaseiam-se

    emcontoseparbolasqueexistiamno

    Japodesdetemposimemoriais.Tanto

    podemserhistriasdefantasmasquese

    arrastam

    nesteplanoexistencialapenas

    paraexercervinganaoudemniosque

    existemparaatormentarhumanos,mas

    naessnciasohistriascujoselementos

    sobrenaturaisexpemavulnerabilidade

    humanaeaconstantevivnciaaumpas-

    sodamo

    rte.Adivulgaodestaslendase

    mitosno

    Ocidentecomeoumuitoantes

    docinem

    anorte-americano,edeve-seem

    parteaoescritordosc.XIXdeorigem

    irlandesa

    egrega(quetambmdeixoua

    -

    .

    humanoscomfantasmasproduzemum

    suspenselentoeumambientedetenso

    semviolncia.O

    propsitonoassustar

    oespectadorcomaexistnciadefan-

    tasmas,masmo

    strarainterferncia,por

    vezescruel,por

    vezestrgica,domundo

    sobrenaturalna

    vidadoshumanos.A

    final

    osfantasmaseramhomensoumulheres,

    masroubadosp

    elamorteepresosaemo-

    estofortesquedespertamforaspara

    almdacompre

    ensodosmortais.

    NashistriasdeKwaidanencontramosa

    perdaeloucura

    causadapelavinganade

    umfantasma,m

    astambmencontramos

    pessoasassomb

    radasporvisesdeesp-

    ritos,enessaveiaahistriamaisnotvel

    doquartetoseradomsicocegoHoishi.

    Oseutalentoparacantarabaladadeuma

    antigaguerrajaponesadespertaosfantas-

    masdosherisesoldadosqueeleprprio

    evocanassuascanes.Todasasnoites,

    omsicocegoconduzidoporummis-

    teriososamuraiparaumcemitrioonde

    asuacegueirao

    impededeveracortede

    fantasmascativadapelopoderdasuam-

    sicaecanto,num

    acenadeenormebeleza

    visual.Quandomongesdescobremque

    aalmadeHoish

    iseencontraemperigo,

    tentamsalv-locobrindooseucorpode

    escriturassagrad

    asbudistas,masosmon-

    gescometemumerrocrasso,esquecendo-

    sedecobriraso

    relhasdeHoishi...

    Dovisualmarcadamenteexpressionista

    deKwaidan,saltamosparaumretratodo

    Japomedievalcruel,apretoebranco.

    Baseadonumaparbolabudistaonde

    umaraparigasalvapelaforadasuaf

    deumamulherquefingeserumdem-

    nio,OnibabadeKanetoShindoretrata

    umJapodilaceradoporguerracivil

    entresamuraisq

    ueforamoshomens

    aalistarem-senassuaslutasporpoder,

    causandoapena

    smisriaedestruiono

    pas.Oscamponesessodeixadossua

    sorte,esfaimado

    s,rendidosaodesespero

    eaosseusmaisprimitivosinstintosde

    aladadav

    elhaparaencontrossecretos

    ondeserendeluxriaeaodesejo.A

    tensoerticadosamantesinfluenciaa

    prpriasogra,abraoscomasuafrus-

    traosexual.Rejeitadososseusavanos

    pelohome

    m,e

    laimploraparaquenolhe

    roubeajovemmulher,semaqualseria

    incapazde

    sobreviverematarsamurais.

    ento

    queseiniciaumjogodegato

    eratoentreotrio,cominterpretaes

    notveisq

    ueroamoanimalesco,em

    queasogratentaatodoocustotravar

    osencontrosdosamantes.Umanoite,

    quandose

    encontrasozinha,umsamu-

    raicomm

    scaradedemnioperde-se

    nocanavialeobriga-aamostrar-lheo

    caminhop

    araacidade.Conduzindoo

    samuraisuaprpriamorte,avelha

    capturaamscaradedemnioeva

    suaoportunidadeparainduzirnajovem

    mulherum

    medosupersticioso.

    Aatmos

    feraopressivadoscanaviais,

    aliadaaum

    abanda-sonoraintensadecaos

    efrenesim,contribuiparaumcrescendo

    detensoqueatingeoseuclmaxnomo-

    mentoem

    queavelhapunidapelasua

    interfernc

    ia.O

    filmesuspende-senuma

    ltimaimagemdasmulheresasaltarem

    sobreopo

    onegro,apairaremsobrea

    mortedomesmomodoqueassuasexis-

    tnciasprecriasdesafiamconstantemente

    ooblvioe

    ofim.Pontuadopormomen-

    tosdeeroticismoeplanoslongosdas

    personagensasaciaremafomedeforma

    voraz,Onibabaumretratorealistaene-

    grodoindivduoreduzidosuacondio

    maisprimitivaeondeimperaapenasa

    necessidadedosexo,doalimento,aneces-

    sidadedes

    erpredadorenuncapresa,de

    matarpara

    viver,entreoscanaviaisonde

    nohlugarparafalsosmoralismos,e

    ondeexisteapenasavontadedesesperante

    desobrevivercontratodasasexpectativas.

    TantoKwaidaneOnibabaestodispon-

    veisnacolecodeDVDdaCriterion

    Classicse

    soconsideradasobras-

  • 7/23/2019 Elfo Negro.pdf

    11/41

    1

    oucosacreditaramemns,eagoraposs

    ivelmen-

    tesejatardedemais.Deixoessesregistro

    sparao

    casodehaversobreviventes,ouparaque,

    sealgum

    diaalgumavidainteligentehabitarnovam

    enteeste

    planeta,etiverasortedeencontrarestemanus-

    crito,possamsabercomoenfrentaraam

    eaaque

    destruiuahumanidade.Nenhumvrus,nenhuma

    guerranuclear,nenhumderretimentodascalotas,

    buraconacamadadeoznio,e

    feitoestu

    fa,nada.

    Foialgobemm

    aisinusitado.

    Paracompreenderoquesepassa,preciso,primeiro,quese

    faaumexercciodeabstraosimpleserpido.Vocv

    aiperder

    poucotempo,e

    istopodersalv-lo.Respirefundo,concentre-se

    emeacompanh

    e.

    Imagine-seemcasa,sozinho,numanoitedetempes

    tadetor-

    rencial.Noqualquerchuva.No...

    Umtemporal,daquelesem

    quenoseconseguevernadadoladodeforadajane

    la,ano

    serluzespassandolentaseinsegurasnaavenida,brilh

    andona

    pequenacachoe

    iraquesedeitasobreasparedesexternasdacasa,

    impedindoaind

    amaisovislumbredomundoexterior.Vocest

    emseuquarto,sentadosobreaescrivaninhaqueseapo

    ianapa-

    rededajanelae

    ouveumbarulhocomoodaspatasde

    umrato

    ariscaroassoalhoembuscadefendas,v

    indodealgum

    lugarna

    direooposta.Acuriosidadeofazvirar,assustado.Nohmais

    ningumemcasa.Naqueleladodoquartohapenaso

    armrio

    deroupas.Voclevanta,convencidodequenoirc

    onseguir

    enxergarnadap

    elavidraa,ecaminhaemdireoaoleverudo,

    algointeressantenoambiente.Aportadoarmrioestlevemen-

    teentreabertae

    ,semmedododesconhecido,vocterminade

    abri-la,sendosurpreendidoporalgocomasfacesto

    talmente

    plidasemumacabeaquaseesfrica,ovalada.Acria

    turatem

    grandesorbesnegrosnolugarondedeveriahaverolhos,sem

    plpebra,pestana,cliosousobrancelhas,oqueconfereaela

    poderparav-lo,independentementedolugarparaondevoc

    corra.Olhosqu

    etudovem.N

    oimportaondevocesteja,e

    la

    oolha.Umafendaamarela,tambmovalada,centralizaorosto

    doserimitando

    umnariz.Umnarizovalado,semnarinas,sem

    entradaparaar.Acimadacabeaorelhaspontudasou

    imitao

    deorelhas,algo

    comocornosquenoromperamape

    le,como

    chifresdisfarados.Acriaturanopossuilbios,nenhu

    maboca

    aparente,eon

    icosinaldequepodehaveralgoaliqueseasse-

    Foiassimquech

    infiltraram-seemno

    gatinhosestilizados,

    atravsdonegcio

    tenimentoinfantil.

    pessoasquesedeixa

    pelascriaturas,efeito

    queramosimunes,

    defita.C

    hegmosa

    Oestudodasocie

    forabemfeito.Tom

    mofoiumaestratg

    emplenaeradatoy

    gumaspessoasteria

    Empoucotemp

    marketingdosinvas

    recadassemmilhes.

    Roupas,jogos,emai

    seguisseminiciarod

    o,comeandoaap

    sas,adesivos,estamp

    seautomveisinspir

    cego.Enquantoissoac

    reunir.Pessoasque

    presentavam,etent

    doperigoiminenteq

    umdenstentoure

    tohipnticadasbo

    dadesdaredemun

    extinguiramquando

    tendonossasconver

    semultiplicavamat

    quantidadecadavez

    animados.Asitua

    Temerosos,muito

    gir,seesconder.Ten

    umgrupodemaisc

    casasdosintegrantes

    rios,paranocham

    entrens.Pareciaqu

  • 7/23/2019 Elfo Negro.pdf

    12/41

    1

    -

    .

    quetalveznun

    catenhachegado.

    Aspessoasagiamdessamaneira.Como

    amulherque

    possuaoespelho,masna

    verdadeerapossudaporele.Comoa

    mulherquenoviuqueotempointeiro

    oqueoespelhorefletiaeraotempoque

    elaperdia,aproximidadedeseufim.Eo

    tempotodons,daoposio,ramostes-

    tadosemnossaresistncia,tendodeevitar

    festasinfantis

    ondeaexposiobeiravao

    absurdocom

    todasaquelasimagenscer-

    candooambiente-oquemefaziapen-

    saremcultos

    fanticosuicidas-,

    lojasde

    convenincia

    ebazar,eposteriormente

    shoppings,grandesespaosdemercado,

    elocaispblicosdemovimentointenso.

    Comosabamosqueseriaimpossvel

    descobrirum

    meiodeaniquilarapraga

    quecresciaexponencialmenteemnos-

    sasociedade,

    comemosanosprepa-

    rarparaarecluso,aproteoouafuga.

    Armazenmosenlatadoscomprazosde

    validadeamplos,quesubstituamosde

    temposemte

    mposparatermosalimen-

    tonaeventua

    lidadedetermosquenos

    esconder.Nosarmmoseaprendemos

    aatirar,ainda

    quetivssemosquetrans-

    grediralgumasleisparaconseguirarma-

    .

    -

    sosencontros,Michele,aoutramulherdo

    grupo,contou-nosumahistriasurpreen-

    dente.Umahistriasobretrsamigos.

    aqu

    elanoiteeuquasemeapaixonei.

    Micheleeradeslumbrantementelin-

    da,

    equandoterminousuahistria,

    quedeixoumuitaspessoascomvontade

    deouvir

    mais,concluiudizendo:-

    Uma

    histriaterminaquandotemquetermi-

    nar.Nem

    antes,nemdepois.

    MicheledeviaserfdeStephenKing,

    Tolkien,

    Bradburyetodososoutrosau-

    toresqueeuvenerava.

    Eeralinda.

    Mas

    euresistiaosentimentodepaixo.Seno

    tivesseresistido,eutalveznotivessesan-

    guefrioparamat-lapoucotempodepois.

    Apesardetodootreinamento,poucos

    densconseguiramchegaratempoaeste

    abrigosubterrneoondeestouagora,e

    restama

    penasdoissobreviventeseuma

    armacommunioparaapenasdoisdis-

    paros.Enquantoescrevoestesfatos,meu

    ltimoamigovivoemitesonssufocados

    pelamordaa,sacudindoocorponacama

    ondeo

    amarrei,balbuciandopalavras

    ininteligveis,clamandopelamorterpida,

    descrentedapossibilidadedetornaraver

    ,

    estaremcaminhando,tinhamoltimo

    momentodediversoantesdeserem

    absorvidaspeloslindosgatinhosmons-

    truosidadescomquemtinhamdividido

    tantosbonsmomentosjuntos.Osadul-

    toslevavamalgumtempoatsedarcon-

    tadoqueestavaacontecendo.Oefeito

    sugestivotinha

    durabilidadevariadade

    pessoaparapessoa.Apsoimpactode

    ver-sefrentea

    frentecomosassassinos

    queinstantes

    anteseram

    inofensivos

    brinquedos,chaveiros,emochilas,pou-

    cosreagiam.D

    epoisqueospretensos

    inofensivosgan

    havamvida(naverdade,

    .

    hora,en

    sestvamosvivos.Vivoseem

    perigo.

    Comoseascriaturassoubessemde

    nossoard

    il,algunsdospequenosos

    quehibernavamemformadechaveiros

    emsuamaioriacomearamainfiltrar-se

    emnossacmarapeloestreitodutodear.

    Duasdas

    criaturaschegaramaentraran-

    tesquepudssemosved-lo.Mateusdeu

    cincotirosnadireodasfalsasgatinhas

    errandoto

    dos.Osextotiroreservoupara

    si.FoiJon

    asquemacertouasminigati-

    nhasgastandoquasetodasuamunio

    paranosdaracertezadequeelaseram

    vulnerveis.Pelomenosaspequenas,que

    explodiram

    deixandoumagosmadecor

    ocreespalhadapelochodoabrigo.As

    balasqueatingiamocorpodosinvasores

    noosafetavam.

    Emumtirodesorte,

    Jonasatingiuaprimeiradelasnolaode

    fita.Asegundateveomesmofimporde-

    duo.Osegredoatirarnolaodefita.

    Ligmosotelevisorquehavamosinsta-

    ladoaquiembaixo,noquerendopensar

    emquantoaraindateramos,evimoso

    queterminoudeenlouquecerorestode

    ns.Uma

    rededeTVnacionalconseguiu,

    numfuro

    dereportagem,transmitirima-

    gensdab

    arbrie,efoicomosoubemos

    dequemodoelesatacavam,antesqueo

    reprtere

    ocinegrafistafossemmortos.

    Elestm

    boca.

    No.Aquilonoumaboca.Talveza

    expresso

    no-bocafossemaisapropria-

    da.A

    imagemclaradatransmissodeTV

    oquememantmacordadoealerta,

    mesmodepoisdeMateusterencontrado

    emSharonumaseguidora.Sharonsur-

    preendeu

    Jonastomando-lheaarmadas

    mossem

    encontrarresistncianenhuma.

    Levouocanodapistolacalibre38para

    dentroda

    boca,puxandoogatilhoem

    nguloqu

    edirigiriaabaladiretamentea

    seucrebro,acabandocomoprprioso-

    frimentoecomamuniodaarmado

    companheiro.

    saamdahibernao)algunsconsegui-

    ramdarmeiavoltaecorrer,masnoo

    suficiente.

    Nodemormosaouvirosprimeiros

    gritosaterrorizados.Levmosmenos

    tempoparaentenderoqueestavaacon-

    tecendo.Havamosprevistoaquilouma

    centenadevezes,talvezmais.Havamos

    nospreparado,

    treinado,prevenido.Den-

    trodoprazoestipuladonostreinamentos,

    oitodensestvamosfechadosnoabri-

    goqueconstru

    moseabastecemospara

    manterseguros

    quinzehomensporum

    erodoestimadodesessentadias.Cada

    Acriaturatem

    grandesorbesnegros

    nolugaro

    ndedeveria

    haver

    olhos,sem

    plpebra,

    pestana,clios

    ousobrancelhas,oque

    confereaelapoderpara

    v

    -lo,independentedo

    lugarparaondevoc

    corra.Olh

    osque

    tudovem

    .

  • 7/23/2019 Elfo Negro.pdf

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    1

    -

    ambientesubterrneo,e

    issofezcomque

    saltassedetrsdeondequerqueestives-

    seescondidoeatingisseotopodacabea

    domonstroantesqueelefizessecomigo

    oquefezcomJonasinstantesantes.O

    primeirotirofoicerteiro,osegundoum

    desperdcioim

    pulsivo.A

    dmira-me,ainda,

    elenoterdescarregadoaarmascegas

    sematingirac

    riatura.

    Permitique

    elevoltasseparaacamaa

    fimdesereco

    mpor,seacalmaredescan-

    sar,mastendoemvistaoscomentrios

    queelefezantesdeadormecernova-

    mente,

    fuiim

    pulsionadoatomarmedi-

    dasdrsticas.

    Tobiassugeriuquetalvez,

    apenastalvez,

    aquelascriaturasestivessem

    tentandonos

    salvar,nosteletransportan-

    doparaoutrolugarnocosmo,umplaneta

    commenosdevastaes,maistecnologia,

    algumtipode

    paraso.Sugeriuque,sea

    pseudobocaeraoequivalenteaosstios

    dasesponjas,

    talvezosculoporonde

    sairiamaquele

    squeforamsugadosfosse

    umlugarmelhor.

    Sugeriucomissoque

    estvamosmatandoDeuses.Amarrei-o

    camacomu

    macordaqueencontreino

    armriodeferramentas,eoamordacei

    comumacam

    isa.J

    sepassouumasema-

    nadepoisdisso.

    Tenhotido

    sonhosestranhosquan-

    doconsigodormir.Nelesmeussentidos

    acordamen

    osabemquemso.Nada

    doqueouom

    edizalgo,eavisomediz

    apenascuidado.Todosossonssomira-

    gens,ecosfantasmagricosdelembran-

    asaprisionad

    asemmeucorpohmais

    tempodoque

    existo.Eshocheirodo

    passado.

    Colocomeussonhosrepetidosnopa-

    pelembuscadeautoconhecimento.N

    o

    osdividocom

    Tobiascomoquandocon-

    tvamoshist

    riasdeterror.E

    leviveseu

    prprioterror.Euvivoomeu.Nenhuma

    criaturaapare

    ceunoabrigodesdeque

    Tobiasexplod

    iuoinvasordemdiopor-

    te.Talvezeles

    sejamcapazesdefarejaro

    .

    Doisa

    migos,umaarma,duasbalas.Se-

    riasimples,masnopossofacilitarassima

    vidadessascriaturas.VoudesamarrarTo-

    bias,econcederaeleolivrearbtrioque

    lhetirei.Seelenoquisersubirsuperfcie

    comigo,

    permitireiqueelefecheaporta

    rapidamentedepoisqueeusair.Duasba-

    las.Apostoquenomorroantesdelevar

    doismonstrengoscomigo.

    Eunoseiparaquemescreviesterelato.

    Talvezparamim.Massevocestiverlen-

    doissoe

    malgumlugardofuturo,umfu-

    turoond

    eascriaturasjnoestejamsobre

    aTerra,poisoquelhesinteressavajhavia

    acabado,tenhacuidado.Euacreditoqueo

    queelas

    queriameranossaforavital.Se

    apopulaomundialcomearacrescerde

    maneira

    semlimitescomoaconteciaat

    semanapassada,elaspodemfarejaressa

    energiae

    voltar.

    Seelasaindaestiveremaqui,lembre-se.

    Atireno

    laodefita.opontofracode-

    las.SeelasnoestiveremmaisnaTerra,

    cuide-se.

    Espalheessamensagempara

    evitarumanovacatstrofe.

    Esperoque

    vocten

    haumfuturomelhordoqueo

    meupresente.Seeutivertidosorte,ha-

    verdua

    scriaturasamenosnaprxima

    invaso.BANG!

    Anders

    onSantos

    professor

    deMatemtica,

    poetaeescritor

    defico.

    Dentresuas

    publicaes

    recentes

    dedestaqueestoo

    livroImortal

    (Editor

    a21),quenarraas

    aventuras

    deum

    clde

    caado

    res

    devampiros

    pelas

    ruas

    dePortoAlegre

    edeSoSebastiodoCa

    noestadodoRioGrande

    doSul,eocontoNano,participantedacoletnea

    FCdoB

    -PanoramadaFic

    oCientficadoBrasil

    Terinsniasumacoisaquemeaborrece.

    Ejuntamentecomosjantarespesados,as

    visitasdequenoseestespera,ostalhe-

    reseloiasmallavados,achuvain

    esperada

    ameiodospasseiospelaquinta

    etudoo

    restoquemearreliatambmdassituaesmais

    recorrentesnaminhavida.Omeufalec

    idopap

    costumavadizerdearenfadadonorostoecopo

    deconhaquenamoquetodasasnossasmaleitas

    tmgostoemseacotovelarnossaporta.Foiem

    partepormelembrardissoqueomateicomuma

    machadinhadecarnenomeiodatesta.Opap

    sempreodiouroupamanchadaenomelembrei

    demelhorparalhesujaropijamadeflanela.Mas

    comoelesempreteveumespritodefi

    naironia,

    semdvidaqueambosaindanosriremosbastante

    destapequenapartidaquelhepreguei.

    Masnonosapressemos,poiseu,talcomo

    opap,sempreodieigentequeach

    aqueo

    tempotemprazodevalidade.

    Asminhasinsnias.Umincmodo,diziaeu.E

    sorarasasnoitesquemerecordoden

    oaster.

    Deitava-mepontualmente,desdecriana,s22h,

    poisosonodepoisdasdozevalemeno

    sdoque

    bronze,comodiziaamam,paramele

    vantars

    seteedartrabalhoretrete,a

    indanaspa

    lavrass-

    biasdamam,queasaprenderacoma

    suaav,

    queasaprenderacomasuame,queasa

    prendera

    comasuame,queasaprenderacoma

    suame,

    queasaprenderacomasuatia,numafe

    lizcadeia

    desaberfemininoqueremontavapelo

    menos

    esposadotiodeMartimMoniz,MonoM

    artins,de

    queafamliadamamseorgulhavaded

    escender

    emlinhaquasedirecta,quasepuraequaseisenta

    demordomosemoosdeestrebariamaisvirisdo

    queoapropriadonumacasaderespeito.

    Salvaguarde-se,porm,quetenhoinformaes

    rigorosasdequenotempodeMartim

    Monize

    seutioasretretesfuncionavamdemodoalgo

    diferentedosdiasdehoje.

    Eassimemrandeartedasminhasnoiteser-

    Umc

    onto

    deJorgePali

    nuncatendoreparad

    Enomeiodaquint

    teenacamalavadae

    tado,deolhosaberto

    costasoudelado,es

    dorelgiodesalaque

    deGoa,o

    latirdo

    queoprimoRodri

    deOxford,ochiar

    daestufa,e

    svezes

    dosAnjos,anossa

    friadeinsnias,emb

    quarta-feira,felizm

    visitavaatiaGraae

    Desdecrianaque

    vagar,maisdevagard

    aler,aestudar,atera

    vinhamacasaensin

    histria,geografia,f

    cristianismoeoutros

    tinhamcomoideaisp

    deboasfamlias.A

    lg

    outraseramcomRic

    Aminhairm:ain

    grandeafeio.Cres

    juntosecreioquen

    trens,oquegerav

    nossospais(irmos

    -eraasentenadam

    liberdades,comodo

    demodadaporen

    danossaestufaoub

    aolargodanossapr

    fundooamorqueno

    rodeiososeurostoo

    degrandespupilase

    negrocadoemtorn

    eruditaeespirituosa.

    causavadevia-seaos

    tica,queporvezess

    um

    odenodoente

  • 7/23/2019 Elfo Negro.pdf

    14/41

    1

    oasaqueasormasreomoagoraa

    minhanarrativa)sedeixaramexaminarsem

    problemas,permitindo-mefazervriasob-

    servaessobreestesseresonricos,que

    depoistiveoportunidadedeconfirmar

    edesmentird

    urantealgumaspesquisas

    nabibliotecadopap,quemedeixaram

    maravilhadocomaexactidoefantasia

    damemriah

    umana.

    Todasasformas,d

    isseeu?Engano.O

    tioCasimiromostrou-seumpoucoin-

    tratvel.F

    itou

    -mecarrancudoesibilou:

    -Paraonde

    raioestsaolhar?

    (OtioCasim

    iroforasempreumpouco

    comunista,tratandoarestantefamliaportu.)

    Continueiaexamin-losemprestargran-

    deatenosu

    arudeza,curiosoporperce-

    berosefeitosdeumtirodeumaarmaan-

    tigadisparadadetograndeproximidade.

    -Pradeolharparamim!Nosoune-

    nhumaesttua.

    Oseuincm

    odoeraevidente,peloque,

    respeitandoaminhaboaeducao,opas-

    seiamirardeformamaisdiscreta,masno

    menosinteressada.

    -Ests-mea

    fazerolhinhos,ouqu?

    Destaveznomeconseguicontere

    expliquei-lheq

    ueseriapreferveljuntaro

    pronomepessoalaoverboprincipaleno

    aoverboauxiliar,paranoseassemelhara

    umcampnio

    eeusabiaqueapossibili-

    dadedeconfundiremumparenteseucom

    umafigurapopulareracoisaparadarum

    achaquemam

    .

    -Nosejas

    parvo!Estcertodasduas

    maneiras.

    Pondereicontra-argumentarqueaminha

    propostatornavaoseudiscursomaisclaro

    eintuitivo,ma

    spareceu-meintilmanter

    umapolmicacomumfilamentodaminha

    imaginao,ep

    rescindidelheresponder.

    -Agoraests-meaignorar,?

    Poderiaalon

    gar-me,mascreioquej

    bvioqueanossaprimeiraconversano

    foidasmaisauspiciosaseterminoucomigo

    atentarignor-loeeleatornar-secadavez

    maisaressivo

    verbalmente,embora,sea-

    avoem

    orevoenamcerapropenso

    paraassombraroslocaisquehabitaram,

    enchendo-osdemelancoliaerevoltapela

    suatriste

    situaodedefuntos.Comomeu

    tioCasim

    iropassar-se-iaomesmo,apesar,

    outalvez

    comaagravante,deaviolnciater

    nascidod

    oseuprpriopunhoenodopu-

    nhodete

    rceirapessoa.

    Devoreferirdesdejquenoaceiteiesta

    explicaodeboamente.Aminhaatitude

    eminente

    menteracional,herdadadopap,

    levava-meapremcausaasuaexistncia

    comofantasmaeainclinar-meantespara

    umaexp

    licaomaismaterialnomea-

    damente

    adeque,poralgumefeitobi-

    zarro,naquelasconversasnocturnaseu

    estariadefactoadormireatervvidos

    sonhos,masqueomeuhbitodeinsone

    mefazia

    crerestaracordado.

    Comumacapacidadeargumentativae

    racionalqueoseumododeexpressono

    fariamsuspeitar,otioCasimiroapontou

    algumas

    inconsistnciasnaminhateoria,

    observan

    do,porexemplo,queambospo-

    damosc

    ontaremunssonoostoquesdo

    relgiodotio-avHermnioouoslatidos

    dospode

    ngosdopap.E,paraconfirmar

    arealidad

    edasuaexistncia,transmitiu-me

    algunsco

    nhecimentosdequeeunodispu-

    nha,com

    oalocalizaodasjiasdefamlia

    damam

    ouoesconderijodacolecode

    pornogra

    fiadopap

    descobertacomque

    pretendo

    confrontarestemuitoembreve.

    Taisdescobertasabalaramasminhas

    convicesracionaiselevaram-mea

    outraspesquisas.

    Vasculhandoabemfornecidabiblioteca

    familiar,c

    onsulteivriasobrassobrecincia,

    queserevelaramdemasiadomaterialistas

    paraomeuproblema.Estandoabiblioteca

    desprovidadeestudosdepsicologiaoupsi-

    quehumana,estudosque,julgojterrefe-

    rido,eram

    alvodetotaldesprezoporparte

    dopapedamam,entretive-medurante

    algumasnoitesafolhearalgunstomosque

    encontreinapartemaisaltadasestantes,e

    que,segundosabia,teriamvindodoEgipto

    umaprme

    raeuraenasou-meo

    estilorebuscado

    erepetitivodostextosea

    abundnciaderefernciasdesconhecidas,

    masaminhacuriosidadeealgumasdescri-

    esqueseaproximavamdaminhaprpria

    experincialevaram-meainsistirnaleitura.

    Li-osunsatrs

    dosoutroseasualgica

    estranhamas,d

    ealgumaforma,racional,

    deixou-mebasta

    nteperturbado.

    Tomeiconhecimentodeesquecidasci-

    vilizaesavanadas,entidadesinteligentes

    no-humanas,s

    erescolossaisparaquem

    araahumana

    nopassavadeummero

    incmodo,entesdeloucurasurgidosdas

    arestasdotempoedofundodainconsci-

    nciaequefazemdomundoolugarvil,

    cruelebrutalde

    queopapeamamtanto

    seesforarampormeproteger.

    Tiveoportun

    idadedeconversarsobre

    estasquestescomotioCasimiro,quepa-

    reciaconhecerbastantebemoslivrosque

    euleraemeco

    nfirmougrandepartedas

    minhassuspeita

    sdequenohaviaespe-

    ranapossvelparaestemundo.T

    inhasido

    essapercepo,

    naverdade,queolevaraa

    cometeroseuactosuicida,doqual,a

    firma-

    va,n

    osearrependia,poisconsideravaa

    imortalidadefan

    tasmagricaumacondio

    devidamuitom

    aisracionaleapetecveldo

    queaexistncia

    fsicasoboconstanteter-

    rordamorte,da

    perdaedosofrimento.As

    suaspalavrasafectaram-memuitoe,aps

    reflectirumpouco,perguntei-lhesenose-

    riamelhorqueeuprpriomesuicidasse.O

    tioCasimirofoi

    bastanteponderadoedis-

    se-mequeessaeraumaescolhapessoal,na

    qualelepreferia

    nointervir.Explicou-me

    queserianecessrioterumamorteviolenta

    edolorosa,emb

    oraarecompensafossea

    libertaodadoredetodasasnecessidades

    eperigoscorporais.Noentanto,entreou-

    traslimitaes,n

    oerapossvelsairdecasa

    esofria-sedealgumasolido,que,noseu

    caso,s

    seaten

    uaranoconvviocomigo.

    Reflectisobreestasobservaeseobservei

    quenaverdadeeujmalsaadecasae,de-

    poisdeconheceroshorroressobrenaturais

    eeumo

    rrer.m

    am

    couapavoraa

    equislogochamartodososmdicosao

    servioda

    famlia.Conseguiconvenc-la

    dequefalavaapenasdeformamuitore-

    motamentehipottica,masaexperincia

    demonstro

    ucomoaminhamorteseria

    umpesadofardoparaosmeuspais,que

    depositava

    memmimaesperanadeum

    matrimniocomameninaLeonor,a

    filha

    maisvelha

    dos

    lvaresPereira,unindoas-

    simduasfamliasdegloriosopassado.

    Converseisobreesteproblemacomotio

    Casimiro,queadmitiuadificuldadeesuge-

    riuqueam

    elhoroposeriaadeostentar

    convencer

    dequeestaseriaaminhaescolha

    eaquelaquemedeixariamaisfeliz.

    Leveiaideiapordiante,d

    iscutindocom

    opapasvantagensdavidaalm-morte.O

    papescutou-meemsilncio,bebeuum

    goledeco

    nhaque,comocostumavafazer

    antesdeemitirumdosseusditosespiri-

    tuosos,e

    ficoucalado.Umahoradepois

    fuivistop

    elodoutorFreitasepormais

    meiadziademdicosquesconhecia

    vagamente,quemedeclararamfisica-

    mentebem,masalgodebilitadomental-

    mentedevidosinsnias.

    Confirm

    eiassim,emdefinitivo,quea

    minhafam

    lianoaceitariadebomgradoa

    minhaop

    oe,emconversacomotioCa-

    simiro,estetambmconsiderouque,sem

    evidncias

    palpveis,aminhafamliano

    levariaabemomeusuicdio.

    Reflecti

    profundamentesobreestaques-

    todasev

    idnciaspalpveis.Nessamedi-

    taoocorreu-meque,emboraaconversa

    comotioCasimirofossedegrandeinteres-

    seintelectual,iriasentirafaltadaironiado

    pap,doscuidadosdamamedoafectoda

    minhairm

    .Naverdade,eraestasensao

    defaltasaudade,comodiriaograndees-

    critorTeixeiradePascoais-quemelevavaa

    hesitar,at

    mesurgirumaideiamuitosim-

    plesquere

    solviatodososmeusproblemas.

    Aideiaeratoclara,tosensata,toine-

    gvelnoseuvalor,eficciaegenerosidade,

    quenoe

    spereiparaconversarsobreela

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    1

    escrevinadaa

    noserfantasiapica.Por

    outroladoten

    hoamaltaqueleutodoo

    meumaterialantigo,enoentantoinsiste

    nailusodequeeusouum

    escritordeficocientfica

    quesevirou

    paraafanta-

    siaporrazesinquas.

    Averdadequetenho

    vindoalereescreverfan-

    tasia(ehorror,

    jagora)

    desdeosmeu

    stemposde

    rapazemBayonne.Apri-

    meirahistriaquevendi

    podetersidoficocient-

    fica,masasegundafoiuma

    histriadefantasmas,e

    deixemlaquelesmalditos

    hovercamies

    aandardum

    ladoparaoou

    tro.

    ETheExittoSanBre-

    tanofoide

    formaalgu-

    maaprimeira

    fantasiaqueescrevi.Mes-

    moantesdeJa

    rndeMarteedoseubando

    depiratasespaciaisaliengenas,eutinhao

    .

    quesecompravamnalojadostrezentos,

    evinham

    compequenasbaciasdeplsti-

    co,d

    ivididasaomeio,umladoparagua,

    ooutroparagravilha.No

    meiodabaciahaviauma

    palmeirafalsadeplstico.

    Tambmtinhaumcas-

    telodebrincarqueviera

    comosmeuscavaleiros

    debrincar(umcastelode

    latapintadaMarx,embora

    nomelembredomode-

    lo).Tinha-oemcimada

    mesaquemeserviadese-

    cretria,eoseuptiotinha

    espaomesmojustapara

    duasbaciasparatartarugas

    postasladoalado.

    Por-

    tantoeraaqueasminhas

    tartarugasviviameuma

    vezqueviviamdentrodum

    castelo,deviamserreis,cavaleiroseprnci-

    pes.(EutambmtinhaoForteApacheda

    Marx,m

    astartarugascowboyseriasim-

    AGuerradosTronosoprimeirovolume

    daquelaqueconsideradapelacrtica

    mundialamelhoremaisadultasagade

    fantasiapicadaactualidade.

    nistraconspira

    odoslagartos-de-

    chifresedoscamaleesqueviviam

    nosreinoscontguos.Atartaruga

    quesucedeua

    oGrandalhono

    tronoerabem

    intencionadamas

    incapazedepressamorreutam-

    bm,masmesmonaalturaem

    queascoisaspareciammaisde-

    sesperadas,Brin

    calhoeAnimado

    juraramamizad

    eeternaederam

    incioaumatvolaredondade

    tartarugas.

    AnimadoIveioaser

    omaiordosre

    istar-

    taruga,masquando

    envelheceu

    OCasteloda

    sTar-

    tarugas

    no

    tinha

    princpionem

    fim,

    mastevemontesde

    meio.Spartesda

    histriachegaram

    a

    serescritas,m

    aseu

    representavan

    aca-

    desconcertanted

    efugirdocastelo

    Marxedeaparecermortosdebai-

    xodofrigorfico

    ,oequivalentea

    Mordorparatartarugas.

    Portantoatm.

    Eusemprefui

    escritordefantas

    ia.

    A

    INFLUNCIA

    DE

    CONAN,O

    BRBARO

    Nopossodizerquesempretenha

    sidoumleitordefantasia,porm,

    pela

    simplesrazode

    que

    nohaviamuita

    fanta

    siaparaserlida

    nos

    anos50e60.

    Osmostruriosgira-

    triosdaminhainfn-

    ciaeramdominados

    por

    ficocientfica,

    polic

    iais,westerns,e

    romancesgticose

    hist

    ricos;podiamser

    umalonga

    hist

    Oautor

    deAsCrnicas

    deGelo

    eFogo

    divagaso

    b

    assuasin

    uncias,eostempos

    distantesemque

    ea

    fantasiatin

    hamospapistroca

    dos

    Em

    jo

    Marti

    v

    ido

    eco

    le

    desen

    (Nove

    rev

    ist

    cont

    quee

    l

    assin

    Marti

    aten

    estac

    intere

    fanz

    in

    lhede

    tornar

    Ma

    curta

    de70

    Prm

    i

    antes

    roman

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    1

    ameiodORegressodoRei

    abrandei.

    Srestavamal-

    gumascentenasdepginas,

    edepoisdeacabaremnun-

    capoderiavoltaralerOSe-

    nhordosAnispelaprimeira

    vez.Pormaisquedesejasse

    sabercomotudoficaria,

    noqueriaqueaexperin-

    ciaterminasse.

    Foiessaaintensidade

    comqueameiesseslivros,

    enquantoleitor.

    Comoescritor,noentanto,fiqueiseria-

    menteintimid

    adoporTolkien.Quando

    liaRobertE.

    Howard,pensava:Umdia

    talvezconsigaescrevertobemcomoele.Quan-

    doliaLinCar

    terouJohnJakes,pensava:

    Jsoucapazde

    escrevercoisasmelhoresdoque

    estas.

    Masqua

    ndoliTolkien,desesperei.

    Nuncasereicapa

    zdefazeroqueelefez,pensa-

    va.Nuncasereicapazsequerdemeaproximar.

    Emborativesseescritofantasianosanos

    seguintes,amaiorpartedelamanteveum

    tommaisprximododeHowarddoque

    dodeTolkien

    .Nosepodeteroatrevi-

    mentodepisa

    roscalcanharesdomestre.

    Comeceiu

    masegundahistriade

    Rhllorduranteomeuanodecaloirona

    Northwestern

    University,quandoainda

    meiludiapen

    sandoqueoCortanaesta-

    vasatrasado,nomorto,equeDark

    GodsofKor-Yubandeviaestarmesmo

    quase,quaseasair.Nasequela,omeu

    prncipeexiladoencontra-senoImp-

    riodeDothrak,ondesejuntaaBarron

    daLminaSa

    ngrentaparacombateros

    demniosaladosquemataramoav,o

    ReiBarristan,oOusado.Tinhavintee

    trspginasescritasquandoumdiauns

    amigosdescobriramahistriaemcima

    daminhasecretriaesedivertiramtanto

    aleraprosap

    retensiosaemvozaltaque

    fiqueidemasiadodesgostosoparaconti-

    nuar.(

    Aindatenhoaspginase,sim,s

    o

    umbocadinhopresunosas.)

    ,

    .

    fantasia.)Entreasrevistasexistentes,s

    a

    FantasticeaF&SFcompravamfantasia,

    eestaltimapreferiaexcntricasfantasias

    modernas,queiambebermaisaThorne

    SmitheaGeraldKershdoqueaTolkien

    ouHoward.Novasouantigas,asrevistas

    deFCtinhamsriasrivaisnascoleces

    deantologiasdeoriginais:Orbit,NewDi-

    mensions,Universe,Infinity,Quark,Alternities,

    Andromeda,Nova,Stellar,Chrysalis.

    (No

    haviaantologiasdeoriginaisdedicadas

    fantasia.)Asrevistasparahomenstam-

    bmestavamemexpanso,

    depoisde

    acabarem

    dedescobrirqueasmulheres

    tinhamplospbicos;muitasqueriam

    histrias

    deFCparapreencheraspginas

    entreas

    imagens.(Tambmcompravam

    horror,m

    asnemaaltafantasianemafan-

    tasiahericaeramaceites.)

    Havia

    maiseditorasdoquehojeem

    dia(aBantamDoubledayDellRandom

    HouseB

    allantineFawcetteraseisedito-

    ras,no

    uma,eamaioriadelastinhaco-

    lecesdeFC.

    Acolecoprincipalde

    fantasia

    eraaBallantineAdultFantasy

    Series,quesededicavaemgrandemedida

    areedies.ALancertinhaosseusttu-

    losdeRobertE.HowardmasaLancer

    erapeixedefundo,umaeditoradepou-

    coprestgioquepagavapouco,daqual

    amaior

    partedosescritoresfugiaassim

    queconseguiamvendernoutrosmerca-

    dos.)AConvenoMundialdeFantasia

    aindanoexistia,eaConvenoMundial

    deFicoCientficararamentenomeava

    fantasias

    paraprmiosHugo,talcomoa

    ScienceFictionWritersofAmerica(que

    aindanoacrescentaraandFantasyao

    nome)poucoasnomeavaparaosNbula.

    Emsuma,nosepodiafazercarreira

    comoescritordefantasia.

    Nessaaltura

    no.Aindano.Portantofizoquetodos

    osescritoresantesdemimtinhamfeito,

    oqueJackWilliamsontinhafeito,e

    Poul

    Anderso

    n,eAndreNorton,eJackVan-

    ceeHeinleineKuttnereRussellede

    Martinachegars

    sfoiSonhoFebril,

    ostraopotencialda

    ros,quandonasmos

    omestredohorror.

    por

    ELIZA

    BETH

    chalcedonynoforafeitaparacho-

    rar.Eraalgoquenoexistianela,a

    noserqueassuaslgrimasfossem

    gotculas

    devidrofriaseafiadas,

    temperadaspelocalorinfernalqueatinha

    inutilizado.Lg

    rimasassim,escorreriam

    pelasuapele,porcimadesensoresderre-

    tidos,pararetin

    irem,semseremsentidas,

    naareia.E,se

    issoacontecesse,elahave-

    riaderecolh-las,juntamentecomtodas

    asoutrasbugig

    angasgastas,e

    haveriade

    acrescent-lasaotesourodejiassem

    valorquelevavapenduradasnasredesde

    reforodasuacarapaamaltratada.

    T-la-iamconsideradoumsalvado,se

    restassealgum

    paraasalvar.Maselaeraa

    ltimadasmquinasdeguerra,umalgri-

    maachatadadetrspernas,dotamanho

    deumtanque

    deguerraprincipal,com

    doisgrandesgramposeummanipulador

    finodobradoc

    omoumpalpodearanha

    sobacabeap

    ontiagudaqueaencima-

    vaasuaarmad

    uraolicermicacomum

    boleta,desenterradospelasgrandesondas

    quedeixav

    amapraia,retorciam-senotri-

    lhodeareiamolhadadeixadopelaperna

    deChalcedony.Eraumadopartraseiro

    edavamenosproblemasquandoaareia

    estavacom

    pacta.Funcionavabemcomo

    pive,desdequeelanofosseparaasro-

    chas,podiaarrast-losemobstculos.

    Enquantoavanavacomesforoao

    longodalinhademar-alta,apercebeu-se

    dequealgumaobservava.Nolevantou

    acabea.Tinhaochassisequipadocom

    sensoresd

    irigidosquecaptaramautoma-

    ticamente

    afiguraandrajosaagachada

    juntodeumarochagastapelaeroso.

    Precisavad

    oinputpticoparaexaminaro

    emaranhad

    odealgasetbuasdevolvidas

    pelamar,esferoviteevidrodomarque

    traavama

    linhadamar-alta.

    Eleobservou-aapercorrerapraia,mas

    estavadesarmadoeosalgoritmosdela

    noocon

    sideraramumaameaa.

    Tanto

    melhor.Elaostavadaestranharochade

    Tr

    a

    d

    u

    o

    d

    e

    F

    e

    r

    n

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    g

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    1

    -

    .

    pedaodeco

    rrentecomalgumascon-

    tasbrilhantes

    incrustadasvidro,com

    pedaosdefo

    lhadeouroedeprataem-

    bebidosnassuasvoltas.Chalcedonydeu

    incioaolaboriosoprocessodeaapanhar,

    masdeteve-sequandoBelvederesaltou

    diantedela.Pegounacorrentecomuma

    mosuja,de

    unhaspartidas,eergueu-a.

    Chalcedonyficouimvel,quaseperdendo

    oequilbrio.Preparava-separaarrebataro

    tesourodasm

    osdacrianaeatir-laao

    marquandoe

    lesepsembicosdeps

    elhoestendeu,esticando-oporcimada

    cabea.Osfocosreflectiramasuasombra

    naareia,iluminandocadafiodoseucabe-

    loedassobrancelhasnumfortecontraste.

    maisfcilseforeuaapanhar

    disseele,enquantoofinomanipulador

    delasefechavamolementesobreaponta

    dacorrente.

    Elaergueuotesouroparaoexaminar

    luzdosfocos.

    Umsegmentobastante

    comprido,setecentmetros,quatrocontas

    brilhantesdacordepedraspreciosas.A

    suacabearan

    geuquandoelaaergueu,a

    corrosoaesc

    orrer-lhedasarticulaes.

    Elaprendeu

    acorrenteredeenrolada

    nasuacarapaa.

    D-meoteusaco

    disse.

    Belvederelevouamoredeenchar-

    cada,c

    heiade

    bivalvescrus,queescorria

    paraasuapernanua.

    Omeusaco?

    ,

    tarefaparacompletar.

    Nodeviamasf-lo.

    Ovap

    orergueu-sedosseusgrampos

    easconchasabriram-se,assandonoseu

    prpriomolhoenahumidadedasalgas

    comqueeleforraraarede.

    Cuidadosa-

    mente,eladevolveu-lheosaco,tentando

    noentornarolquido.

    Cuidadoavisou.

    Estquente.

    Elepegoucautelosamentenosacoe

    sentou-se,depernascruzadas,aosps

    dela.Quandoafastouasalgas,osbivalves

    jaziam,comojiasminsculas

    laran-

    ja-p

    lido,rosa,amarelo,verdeeazulno

    seuninh

    odeUlvaverde-erva,aalface

    domar.Provouumcomcautela,depois

    comeou

    asorvercomgrandedeleite,ati-

    randoco

    nchasemtodasasdireces.

    Cometambmasalgasaconse-

    lhouCha

    lcedony.

    Soricasemnutrien-

    tesimportantes.

    *

    Quando

    amarsubiu,Chalcedonysubiu

    apraiacomosefosseumgrandecaran-

    guejoencurvadoecomcincopernasam-

    putadas.

    Eraumafigurarotundaaoluar,

    osseustesourosabanandoerestolhando

    narede,tinindounsdeencontroaosou-

    troscom

    opedrasagitadasnumpunho

    fechado.

    Acrianaseguiu-a.

    Deviasdormir

    disseChalcedony,

    quandoBelvedereseaquietoujuntodela

    gramposeergueu-oporcimadacabe-

    a.

    Elegritou.

    Aoprincpioelatemeu

    t-lomagoado,masosgritostransfor-

    maram-seemg

    argalhadasantesdeelao

    colocarnumas

    alinciarochosainclinada

    queolevariaao

    cimodafalsia.

    Iluminouasa

    linciacomosseusfocos.

    Sobe

    disse,eelesubiu.

    Eregressoudemanh.

    *

    Belvederecontinuouesfarrapado,mas

    comaajudadeChalcedonyficoumaisro-

    lio.Elacapturavaeassavapssarosmari-

    nhosparaele,e

    nsinou-oafazeremanter

    fogueiraserebuscouassuasvastasbases

    dedados,proc

    urandosugestesparao

    mantersaudvelenquantocresciapor

    vezes,visivelmente,

    fracesdemilme-

    tropordia.Investigoueanalisouvegetais

    marinhoseintimou-oacom-los,eele

    ajudou-aareco

    lhertesourosqueosma-

    nipuladoresdelanoconseguiamagarrar.

    Algumasdasco

    ntasdosnaufrgioseram

    quentesefaziamosdetectoresderadia-

    odeChalced

    onyfuncionaraoralenti.

    Noeramuma

    ameaaparaelamas,pela

    primeiravez,d

    eitou-asfora.

    Tinhaum

    aliadohumano;oseuprogramaexigia-lhe

    queomantivessesaudvel.

    Elacontou-lh

    ehistrias.Asuabibliote-

    caeravastaerepletadehistriasdeguerra

    edehistriasac

    ercadeveleirosedenaves

    aosseus

    tesouros.Cortouarameapartir

    delatoresgatado,enfiou-lheascontase

    fabricouelosqueentrelaounasgrinaldas.

    Foiumaexperinciadeaprendizagem.

    Aoprincpio,oseusentidoestticono

    estavades

    envolvidoeelafaziaedesfazia

    muitasd

    ziasdecombinaesdecon-

    tasatencontrarumaquelheagradasse.

    Almdeserprecisoqueasformaseas

    coresficassemequilibradas,haviadifi-

    culdadesestruturais.Primeiro,ospesos

    eramdiferentes,eosfiosficavamtortos.

    Depois,oselostorciam-seesoltavam-see

    tinhamde

    serfeitosdenovo.

    Trabalhoudurantesemanas.

    Osme-

    moriaistinhamsidoimportantespara

    osaliadoshumanos,emboraelanunca

    tivessecompreendidoasualgica.

    No

    podiacon

    struirumtmuloparaosseus

    colegas,m

    asosmesmosarquivosquelhe

    forneciam

    ashistriasqueBelvederelam-

    biacomoumgatoalamberleite,transmi-

    tiam-lheo

    conceitodejoalhariadeculto

    funerrio.

    Elanopossuaqualquerdes-

    pojofsicodosseusaliados,nemfiosde

    cabelo,ne

    mpedaosderoupa,masno

    seriamas

    jiasdosnaufrgiossuficientes

    paraumtesouro?

    Onico

    dilemaeraquemusariaasjias.

    Deviamserparaumherdeiro,a

    lgumque

    guardasse

    memriasgratasdosfalecidos.

    EChalced

    onypossuaregistosdosparen-

    Enterrouoscor

    p

    osnapra

    poisestavaprogr

    amadap

    trata

    r

    respeitosamenteosi

    mortos,cumprindoosprot

    daguerra.

  • 7/23/2019 Elfo Negro.pdf

    19/41

    1

    -

    doemOutubro,quandoosdiascome-

    aramaficar

    maiscurtos.

    Comeouo

    41,paraachefeoperacionaldopeloto,

    sargentoPatterson,oquelevavaoBuda

    cinzento-azuladonofundoantesdo

    pr-do-sol.N

    oviaBelvederehalguns

    dias,masisso

    eranormal.N

    oacabariao

    colarnaquelanoite. *

    Avozdele

    acordou-adainactividade

    comqueaguardavaosol.

    Chalcedony?

    Algoguinchouquandoelaacordou.Um

    beb,

    identificou,masaformaquente

    nosseusbra

    osnoeraadeumbeb.

    Eraumco,umcachorrinho,umpastor

    alemocomo

    osquefaziamequipacom

    tratadoresqu

    eporvezestrabalhavam

    protegeu

    oanimalnosbraos.

    Est

    ferido.

    Elareflectiu.

    Queresqueotrate?

    Elefezquesimeelaconsiderouaideia.

    Precisariadosseusarmazenamentosin-

    substituveisdeluzedeenergia.Antibi-

    ticos,coagulanteseprovisescirrgicas,

    eoanim

    alpodia,mesmoassim,morrer.

    Masosceseramvaliosos;elasabiaque

    ostratadoresostinhamemgrandeestima,

    aindamaiorqueaestimadosargentoPat-

    tersonporChalcedony.Nasuabiblioteca,

    haviaficheirosdemedicinaveterinria.

    Acendeu

    osfocoseprocurouosfichei-

    ros.

    *

    Acabo

    uantesdeamanhnascerede

    assuasc

    lulasseesgotarem.Porpouco.

    Quando

    oSolselevantoueocachor-

    rinhorespiravaconfortavelmente,com

    ocorte

    aolongodaancacosidoea

    hemorra

    giasaturadacomantibiticos,

    elavolto

    uadedicar-seaoltimocolar.

    Teriade

    trabalharrapidamente,eoco-

    lardos

    argentoPattersoncontinhaas

    contasm

    aisfrgeisebelas,aquelasque

    Chalcedonytiveramaismedodepartir

    eporissoguardaraparaofim,quando

    tivessem

    aisexperincia.

    Osseu

    smovimentostornaram-semais

    lentos,maislaboriosos,medidaque

    odiapassava.Osolnoaalimentavao

    suficienteparasubstituirosgastosda

    noiteanterior.Mas,contaapsconta,o

    colarcre

    sceupedacinhosdepeltre,de

    cermica

    ,devidroedemadreprola.

    E

    oBudadecalcednia,porqueosargento

    PattersonforaooperadordeChalcedony.

    QuandooSolseaproximavadoznite,

    Chalcedonycomeouatrabalharmaisde-

    pressa,aproveitandoummpetodeener-

    gia.Oc

    achorrodormiasuasombra,

    depoisd

    edevorarosrestosdeaveque

    Belvederelhedera,quandoBelvederesu-

    biuaroc

    haeseagachouaoladodapilha

    decolare

    sterminados.

    Ten

    sde

    ofazer

    porm

    im.

    Encontrar

    pesso

    aspara

    recor

    daras

    hist

    rias.

    Encontrar

    pesso

    aspara

    lhesfalardo

    meu

    peloto.

    .

    aqui.Inseriuoutra

    contanacorrente,fechou

    oeloeendureceuometalcomomanipu-

    ladorfino.

    Nopodessairdapraia.Nosca-

    pazdesubir.

    Ociosamente

    ,elepegounumcolar,o

    deRodale,eestendeu-oentreasmos,de

    maneiraqueascontasapanhassemluz.

    Oselostiniram

    suavemente.

    BelvedereficoucomelaenquantooSol

    desciaeosmov

    imentosdelaficavammais

    lentos.Nessem

    omento,trabalhavaquase

    completamente

    aenergiasolar.Coma

    noite,voltariaa

    ficarquiescente.Quando

    chegassemastempestades,asondasrola-

    riamsobreelaenemmesmooSolvolta-

    riaaacord-la.

    Tensdeir

    disseela,

    comosgramposimveissobreocolar

    quasepronto.D

    epois,mentiu:Note

    queroaqui.

    Esteparaquem?perguntouele.

    Lembaixo,napraia,ocachorroergueu

    acabeaelatiu.

    Garner

    respon-

    deuela,edepo

    isfalou-lhedeGarner,e

    Antony,edeJavez,Rodriguez,Patterson,

    WhiteeWosczyna,atestartoescuro

    queasuavoze

    visofalharam.

    *

    Demanh,elepsocolaracabadode

    Pattersonnos

    gramposdeChalcedony.

    Deviaterestadoatrabalhardurantea

    noite,

    luzdafogueira.

    Noconsegui

    endureceroselos

    disse,quandooco-

    locousobreosseusgrampos.

    Silenciosamente,elaf-lo,umaum.O

    cachorrinhoestavadep,acoxear,

    fa-

    rejandoemtornodabasedarochaela-

    drandosondas,saves,aumcaranguejo

    apressado.Qua

    ndoChalcedonyacabou,

    colocouocola

    remtornodosombros

    deBelvedereeeleficoumuitoquieto.T

    i-

    nhaplosmaciosnasfaces.OsMarines

    homensbarbea

    vam-sesemprebemeas

    mulheresnotinhamplosnorosto.

    Dissesteq

    ueeraparaSirKay.

    -

    -

    .

    Resplande

    ciam.

    Conta-meahistriadeRodale

    pediu

    ela,percorrendoocolarsua-

    vementecomogrampo.

    Elecontou-a,

    maisoum

    enos,commetadedahistria

    deRoland

    oedeOlivermisturadas.De

    qualquermaneira,comoeleacontou,

    eraumah

    istriabastanteboa.Pelome-

    nos,naop

    iniodela.

    Levaoscolares

    disseela.

    Leva-os.S

    ojoalhariafnebre.D-osao

    povoeco

    nta-lhesassuashistrias.De-

    vemserentreguessgentes,querecorda-

    roehonraroosmortos.

    Eon

    dequeeuencontroessagen-

    te?perguntouele,carrancudo,cruzan-

    doosbra

    os.

    Noestonapraia.

    No

    concordouela.

    Noes-

    to.Tersdeosprocurar.

    *

    Masele

    noqueriadeix-la.E

    leeoco

    percorrera

    mapraiaparaafrenteepara

    trsmedidaquearrefecia.Eladormia

    cadavezmaistempoemaisprofunda-

    mente,po

    isongulobaixodoSolno

    erasuficie

    nteparaaacordar,exceptoao

    meio-dia.Vieramastempestadese,como

    amesaderochacortavaapulverizao,

    aguasalgadaendureceu-lheasarticu-

    laes,em

    bora,porenquanto,nolhe

    tivessecorrodooprocessador.Jnose

    mexiae,m

    esmoluzdodia,raramente

    falava,eB

    elvedereeocachorrousavam

    asuacarapaaearochacomoabrigo,o

    fumodas

    suasfogueirasenegrecendo-lhe

    abarriga.

    Elaestavaaacumularenergia.

    Emme

    adosdeNovembro,tinhasu-

    ficiente.E

    sperouefaloucomBelvedere

    quandoelevoltoucomocodosseus

    passeios.

    Tensdeir

    disse-lhe,e

    quandoeleabriuabocaparaprotestar,

    acrescento

    u,

    Estnahoradepartires

    natuaerrncia.

    Estende

    uamoparaocolardePat-

    terson,queeleusavacomduasvoltasem

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    1

    inhadescobertadofandom

    daficocientficano

    Reino

    ou,literalmente,em

    casa.Omeupaium

    grand

    efde

    ocientfica,ecrescirodeadodeumabibliotecam

    assiva

    grandementeem

    ficocientfica,

    fantasiaeromancesde

    dealgumpolicialnasmargens.Foiumaeduca

    obas-

    oriadaspessoas,osclssicossoShakespeareeC

    harles

    sa,

    foram

    H.G.Wells,

    JulesVerne,E.E.DocS

    mithe

    ualquermodo,euculpoomeupaiporteracabadocomo

    tstico.Elecu

    lpaosamericanosquandoeleain

    daera

    iavam

    naviosdeliberdadecheiosdearmas,munies

    m

    aGr

    -BretanhaalutarnaIIGuerraMundial.Tam-

    ualmenteperigosonosporesdecarga.Milhare

    semi-

    aserviremdelastro,quetinham

    queser

    descarr

    egadas

    gem

    devolta

    acasarodeadosdesubmarinosalemes.

    gStorieseAstoundingScienceFictioneram

    oferecidas

    aosmidosinglesesnasdocas,recrutandoumnovop-

    coaindaantesdopcausadopelosataquesdos

    msseis

    rraverdejant

    eeprazenteira.

    GR

    A

    F

    O

    DE

    M

    IC

    HA

    E

    L

    M

    O

    O

    R

    C

    O

    C

    K

    ipararsconvenesdeficocientficasquaisera

    levado

    NOUTRO

    S

    N

    ETA

    S

    iste

    vidan

    outros

    planetas

    e

    quere

    mos

    que

    h

    par

    a

    sabersobreela

    .

    Aquidamos

    mbros

    activos

    de

    fandoms

    internacionais

    privilgio

    de

    partilharconnosco

    as

    suas

    como

    edit

    ores

    ,

    autores

    ,

    fs

    ,

    blogg

    ersou

    res

    .

    Neste

    nmero:StephenHunt*

    comumaespad

    avivaemalvola.

    Desdeento

    tenhoassistidoa

    todasasWorld

    conrealizadasno

    ReinoUnido.

    Imensosamerica-

    nosecanadianostambmpartici-

    pam,bemcomoumnmerosau-

    dveldeeuropeuscontinentais,

    elevandoosnmerosparadoisou

    trsmil.Tambmtentoassistir

    maioriadasEasterConacon-

    venodeficocientficadoRei-

    noUnido.Esta

    frequentadapor

    cercademilpes

    soas,seincluirmos

    osvisitantesde

    passagem.

    M

    E

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    -HIP

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    -S

    UP

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    E

    N

    E

    S

    Detodososgnerosliterrios,a

    fantasiaefico

    cientficadeu-me

    aimpressode

    teracomunidade

    defsmaisac

    tivanoquecon-

    cerneorganizaodeeventos

    eencontros.Apenasognero

    docrimeseaproximanoReino

    Unido,emesm

    oento,afico

    cientficanoe

    ncontrarivalpela

    extensoediv

    ersidadedassuas

    convenes.D

    eumlado,temos

    eventosprofissionais,comoo

    SFX

    Weeken

    der,organizado

    pelasofisticad

    arevistadesci-

    fi,

    SFX.

    Esteumeventoque

    contacomapresenademuitas

    estrelasdecinemaeteleviso,

    bemcomode

    zenasdeautores

    best-sellersdentrodognero.

    Depoistemososeventosanuais

    geridosporfs,comoEasterCon

    eassuasequivalentesregionais,

    comoporexem

    plo,oPicoconde

    LondresnoIm

    perialCollege.Po-

    demosencontrartambmoutro

    tipodeeventosmaisespecficos,

    comooWadfestemNottingham,

    sistncianaCom

    icContambm

    podealcanarestesnmerosar-

    rasadores.Muito

    sfsbritnicos

    aproveitamasd

    atasdestesdois

    eventos,para,ahem,t

    irarumasf-

    riasnosEUA(bo

    m,

    dessaforma

    quenosjustificamosperanteas

    nossasmulheres,

    maridosecrian-

    as).

    Attemos

    anossaprpria

    cerimniadescares,osprmios

    ArthurC.

    Clarke,queserealiza

    todosanosnum

    cinemaluxuoso

    deLondresem

    paralelocomo

    SciFiLondonFilmFestival.Aqui,

    osactoresdeHollywoodconvida-

    dosparaoeventosentam-selado

    aladocomedito

    resdogneroe

    autoresparaassistiraoprmio

    quegalardoaanualmenteome-

    lhorromancede

    ficocientfica

    naGr-Bretanha.Quemelembre,

    estedospoucoseventosdealto

    nvelondealgum

    aspessoasusam

    smokings,enquantooutrasusama

    armaduracompletadeumImperial

    Stormtrooper!

    O

    P

    ON

    TO

    DE

    V

    IS

    TA

    D

    O

    A

    UTO

    R

    Comoautoratrabalharnoseu

    sextoromance

    paraaHarper-

    Collins,tenhoagoraaoportunida-

    dedeassistiramuitosdesteseven-

    tosdoladodopalco.O

    ladoner-

    voso,ondedoupormimprprioa

    piscarosolhosn

    asemi-escurido

    perantecentenas

    deleitoressenta-

    dos,quesededic

    amtradiode

    lanarperguntasaoautornofinal

    dasesso.Omaispreocupante

    ofactodeamaioriadosinterro-

    gadoreslembrar-sedoslivrosme-

    lhordoqueoprprioescritor,e

    nohesitaroem

    empalaroautor

    Stephen

    asminhas

    edo-meu

    paraentrar

    suoreinter

    aumaaudi

    valhaapen

    F

    Seofando

    nossogner

    semdvida,

    vidoaofact

    lnguaingles

    comunidade

    amantesde

    fantasiacom

    americanos,

    lianoseneo

    osmesmos

    Facebook,se

    dosoutros,

    nasmesmas

    mosaosm

    (Dr.Who,

    MadMax,e

    mosromanc

    orgeR.R.M

    esperoeu,eu

    Tendoob

    balhoquea

    tuguesa,Sa

    temfeitop

    loucurapel

    leitoresport

    vepresente

    2010),ser

    detempoa

    sociedaded

    regularesse

    bonenseso

    asestranhas

    Hunt.

    bo

    *

    TraduodeSafaaDib

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    rescomo

    ewg

    one,

    uer

    msou

    r.

    orazam

    um

    confrontosemanalcomum

    imaginrioapreto-e-branco,e

    emdetalhesdosseusgenricos

    podemosencontrarumperfeito

    contextovisualparaalgumasdas

    capasdeJames,comumpendor

    paraaabstracoq