eletroconvulsivoterapia

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1 Escola Superior de Saúde Instituto Politécnico da Guarda VIII Curso de Enfermagem - 1.º Ciclo 3.º Ano - 2.º Semestre Eletroconvulsivoterapia Trabalho elaborado por: Ana Paula Pedrosa Igreja Bameki Antónia Bacurim Silva Daniela Sofia Reis Paulo David José Lucas Varela Fábio Gaspar Duarte Guarda, Outubro 2014

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Trabalho descritivo acerca da Eletroconvulsivoterapia (ECT) realizado em 2015

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    Escola Superior de Sade

    Instituto Politcnico da Guarda

    VIII Curso de Enfermagem - 1. Ciclo

    3. Ano - 2. Semestre

    Eletroconvulsivoterapia

    Trabalho elaborado por:

    Ana Paula Pedrosa Igreja

    Bameki Antnia Bacurim Silva

    Daniela Sofia Reis Paulo

    David Jos Lucas Varela

    Fbio Gaspar Duarte

    Guarda, Outubro 2014

  • 2

    Escola Superior de Sade

    Instituto Politcnico da Guarda

    VIII Curso de Enfermagem - 1. Ciclo

    3. Ano - 2. Semestre

    Eletroconvulsivoterapia

    Trabalho elaborado no mbito da

    Unidade Curricular de Enfermagem de Sade Mental e Psiquitrica,

    Com o objetivo de servir como instrumento de avaliao

    Trabalho elaborado por:

    Ana Paula Pedrosa Igreja

    Bameki Antnia Bacurim Silva

    Daniela Sofia Reis Paulo

    David Jos Lucas Varela

    Fbio Gaspar Duarte

    Trabalho orientado por:

    Prof. Antnio Batista

    Guarda, Outubro 2014

  • 3

    LISTA DE ABREVIATURAS

    Ed. Edio;

    Prof. Professor.

    LISTA DE SIGLAS

    EEG Eletroencefalograma;

    ECG Eletrocardiograma;

    ECT Eletroconvulsivoterapia;

    ESS Escola Superior de Sade;

    HTA Hipertenso Arterial;

    IPG Instituto Politcnico da Guarda.

  • 4

    NDICE

    Folha

    INTRODUO 5

    1. ELETROCONVULSIVOTERAPIA 7

    1.1. DEFINIO 7

    1.2. HISTRIA 8

    2. INDICAES E CONTRA-INDICAES 10

    3. EFEITOS SECUNDRIOS 12

    4. PROCEDIMENTO 13

    5. INTERVENES DE ENFERMAGEM 16

    CONCLUSO 18

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 20

    APNDICE

    APNDICE A APRESENTEO EM POWER POINT 21

  • 5

    INTRODUO

    A elaborao deste presente trabalho surge no mbito da Unidade Curricular

    Enfermagem de Sade Mental e Psiquitrica do mdulo de Enfermagem VII, integrada no

    plano de estudos do 3 ano/2 semestre, do VIII Curso de Enfermagem da Escola Superior de

    Sade (ESS) do Instituto Politcnico da Guarda (IPG) no ano letivo 2014/2015.

    Neste trabalho o tema abordado a Eletroconvulsivoterapia, um dos temas

    propostos pelo Professor Antnio Batista. Este tema suscitou no grupo um grande interesse e

    curiosidade, porque consideramos um tema bastante pertinente e enriquecedor para a nossa

    aprendizagem. O desenvolvimento deste trabalho vai permitir-nos adquirir conhecimentos

    acerca desta tcnica e sobre a histria da sade mental e da psiquiatria.

    A Eletroconvulsivoterapia (ECT) um tratamento seguro e eficaz para pessoas com

    transtornos mentais como euforia, mania, depresso, esquizofrenia e outros transtornos do

    foro psiquitrico. (Moreno et al, 2005)

    Segundo Oliveira et al (2009), a ECT foi inaugurada como tcnica oficialmente em

    1938 em Roma e utilizada na actualidade mesmo com a grande polmica que se gera volta

    da utilizao deste procedomento e dos seus resultados.

    Neste trabalho iremos comear por abordar a definio de ECT, no captulo seguinte

    iremos referir as indicaes e contra-indicaes deste procedimento, de seguida vamos

    abordar os efeitos secundrios. Ao longo do trabalho vamos tambm abordar os riscos

    associados a esta tcnica, o seu procedimento, as suas interaces medicamentosas e por fim

    iremos abordar os cuidados de enfermagem inerentes a ECT.

    Os objetivos definidos para este trabalho so:

    - Definir o conceito de ECT;

    - Abordar as indicaes e contra-indicaes para a realizao de ECT;

    - Referir os efeitos secundrios inerentes a este procedimento;

    - Mencionar os riscos que esto associados ECT;

    - Descrever como decorre o procedimento desta tcnica;

  • 6

    - Referir os cuidados de enfermagem ante, durante e aps a execuo da ECT;

    - Aprofundar os conhecimentos adquiridos na terica;

    - Desenvolver competncias na realizao de trabalhos escritos;

    - Servir como instrumento de avaliao.

    A metodologia utilizada na elaborao deste trabalho descritiva fundamentada na

    reviso bibliogrfica, anlise e sntese dos contedos relacionados com o tema,

    Eletroconvulsivoterapia. Assim, com este trabalho pretendemos dar a conhecer esta

    temtica aos nossos colegas de modo a estas ficarem esclarecidos quanto ao tema abordado.

  • 7

    1. ELETROCONVULSIVOTERAPIA

    De acordo com Cosenza e Ribeiro (2013), a Eletroconvulsivoterapia (ECT) atravs da

    sua segurana e eficcia foi transformada numa tcnica teraputica importante na psiquiatria

    atual com grande alargamento nos Estados Unidos da Amrica, Europa, Austrlia e Canad.

    1.1. DEFINIO

    De acordo com Kaplan e Sadock, (1999), a ECT um procedimento pelo qual

    convulses generalizadas com durao de 25 a 150 segundos, induzidas pela passagem de

    uma corrente eltrica atravs do crebro sob anestesia geral e relaxamento muscular, so

    utilizadas com finalidade teraputica.

    Gail e Michele (2001) referem que, o estmulo aplicado atravs de eltrodos que so

    colocados bilateralmente na regio frontotemporal ou unilateralmente. Alguns doentes

    relataram ter menos efeitos secundrios cognitivos com a colocao unilateral, ou seja,

    sentiram menos desorientao, sofreram menos perturbaes da memria verbal e no-verbal

    e poucas alteraes eletroencefalogrficas patolgicas. No entanto alguns dados referem que a

    ECT unilateral pode no ser sempre to efetiva, quanto desejvel.

    Townsend (2011) afirma que, a quantidade de estimulao eltrica aplicada um

    ponto de controvrsia entre diferentes clnicos. A dose do estmulo varia com o limiar

    convulsivo do doente, que prprio e singular em cada utente. A durao da crise deve ter a

    durao de pelo menos, 25 segundos.

    De acordo com Gail e Michele (2001), para que este tratamento seja um sucesso, deve

    ocorrer uma convulso tnico-clnica. A voltagem ajustada para o nvel mnimo suficiente,

    para que haja a produo de um efeito teraputico desejvel. O nmero de sesses ajustado

    de acordo com o problema apresentado pelo doente e a sua resposta ao longo do tratamento.

    Para transtornos afetivos 6 a 12 sesses so administradas. Podem ser realizadas at 30

    aplicaes no caso o tratamento da esquizofrenia. A ECT administrada, frequentemente, 2 a

    3 vezes por semana, embora possa ser administrada diariamente, consoante os casos. O

    tratamento bem sucedido com ECT tambm pode ser realizado em conjunto com a

    administrao de medicamentos antidepressivos, com o intuito de evitar uma recada.

  • 8

    Kaplan e Sadock (1999) referem que, a ECT um dos mtodos mais eficazes e

    seguros no tratamento da depresso, mas tambm tem tido bons resultados no tratamento dde

    patologias como o caso da mania, esquizofrenia, catatotonia e em muitas outras doenas

    psiquitricas.

    1.2. HISTRIA

    De acordo com Townsend (2011), a primeira aplicao moderna do tratamento

    convulsivo ocorreu em 1934, quando Ladislas von Meduna, que aparentemente no estava a

    par do trabalho prvio, introduziu as convulses induzidas por meio de injees

    intramusculares de cnfora oleosa em doentes com esquizofrenia. Ele baseou o seu tratamento

    na observao clnica e na sua teoria de que existia um antagonismo biolgico entre a

    esquizofrenia e a epilepsia.Desta forma, Meduna esperava reduzir os sintomas tpicos de

    esquizofrenia atravs da induo de convulses. Descobriu que a cnfora no era confivel na

    induo das convulses, ento iniciou a utilizao de Pentilenotetrazol (Cardiazol). Foram

    descritos relatos de sucesso com o uso deste medicamento (reduo de sintomas psicticos),

    passando este a ser o procedimento mais comum para se conseguir a produo de crises

    convulsivas em doentes psicticos.

    Segundo Figiel (2002), o uso da corrente eltrica para induo de convulses foi

    utilizado pela primeira vez em 1938 em Roma, por Cerletti e Bini, e veio substituir os

    mtodos farmacolgicos utilizados na altura (insulina, cnfora, e Cardiazol) para induo de

    convulses. Bini pensou que a utilizao de eletricidade era perigosa depois de muitos ces

    morrerem nas experincias iniciais deste mtodo. Este chegou concluso de que a passagem

    da eletricidade usada neste mtodo pelo corao era fatal, mas ao passar uma corrente eltrica

    atravs da cabea verificou que no era fatal nem prejudicial , sendo esta utilizada nos

    matadouros com a finalidade de deixar os animais inconscientes, de modo a serem abatidos

    sem dor. Nas dcadas que se seguiram, 1940 e 1950, o seu uso foi largamente difundido, uma

    vez que provou ser um mtodo mais eficaz numa perspetiva teraputica e simultaneamente

    menos desagradvel e mais seguro que as crises convulsivas provocadas com recurso a

    agentes qumicos. Desde essa poca a ECT tem sido reconhecida como eficaz no tratamento

    da depresso, da mania e da esquizofrenia.

    Na histria da aplicao da ECT, foram relatados vrios casos de sucesso mas tambm

    de fracasso. Na dcada de 1960, de acordo com o autor, o uso da ECT diminui, pois a este

    estavam associadas complicaes graves decorrentes dos movimentos na convulso, tais

  • 9

    como fraturas de extremidades e fraturas compressivas da coluna. No entanto, h mais de 50

    anos que a ECT administrada sob anestesia geral e relaxantes musculares que impedem o

    descontrolo violento dos movimentos corporais prevenindo assim as graves complicaes que

    anteriormente surgiam. Com o passar do tempo e tendo em conta casos anteriores de incorreta

    aplicao, algumas organizaes desenvolveram guidelines que contriburam para uma

    aplicao mais apropriada e consciente, prevenindo assim complicaes decorrentes da

    aplicao da mesma. No entanto, e apesar de atualmente ser considerada uma tcnica eficaz e

    segura, persiste ainda um certo preconceito por estar negativamente associada a algum tipo de

    tortura, o que leva desconfiana e falta de adeso a esta teraputica, por ser associada a um

    ritual de violncia e or. O aparecimento dos psicofrmacos durante os anos 50 e 60 veio

    igualmente contribuir para a reduo do uso da ECT como terapia de primeira linha.

    Segundo a mesma fonte, em Portugal por exemplo esta tcnica est novamente a ser usada em

    alguns hospitais. As sesses decorrem em bloco operatrio e so seguidas de um curto

    perodo de recobro, quando terminadas uma pessoa jovem e sem complicaes mdicas pode

    voltar sua rotina, de acordo com o especialista, que enfatiza as condies de segurana de

    todo o processo e a necessidade de consentimento, por escrito do doente.

  • 10

    2. INDICAES E CONTRA-INDICAES

    INDICAES

    Ao longo da histria a ECT, tem sido indicada no s pelos resultados em estudos

    clnicos, mas pela perceo do pblico, meio cultural, legislao local, pelo hospital e

    inclinao terica dos profissionais.

    Segundo Townsend (2009) as principais indicaes da ECT so depresso major,

    mania, esquizofrenia, entre outras perturbaes. A principal indicao diagnstica da ECT a

    depresso major, especialmente quando uma resposta rpida se faz necessria por razoes

    mdicas ou psiquitricas. (American Psychiatric Association,2001)

    O principal uso da Electroconvulsivoterapia incide no tratamento da depresso,

    resultados revelam que pacientes depressivos tratados com drogas ou ECT tm uma taxa de

    mortalidade muito mais baixas, quer a nvel de suicdios ou a nvel de causas naturais do que

    em pacientes que no recebem tratamento com nenhum desses mtodos. A ECT denota-se

    particularmente eficaz em casos com sintomas psicticos, casos com inibio psicomotora e

    alteraes neurovegetativas, como falta de apetite, perturbaes de sono e diminuio de

    energia, sintomas estes associados a uma depresso major. (Sadock e Sadock,2007)

    a teraputica mais eficaz no tratamento da depresso major, com taxas de resposta

    de 70% a 90% comparadas com 60 a 70% com psicofrmacos antidepressivos. (Coentre et al.

    2009)

    Em casos em que se encontre contra-indicado o uso de antidepressivos a ECT mais

    segura e tem menor taxa de mortalidade, nomeadamente em casos associados com doenas

    cardiovasculares, renais, endcrinas, digestivas e neurolgicas. (Fink, 1998 cit. por Rodrigues,

    2008)

    A ECT na depresso major apenas utilizada quando verificado e provado que a

    medicao antidepressiva no surte efeito.

    No caso da Mania a ECT utilizada em episdios manacos agudos da perturbao afectiva

    bipolar.

    Inicialmente quando esta terapia foi introduzida ambas as fases depressivas e manaca

    foram efetivamente tratadas. (Coentre et al. 2009) Hoje em dia raramente utilizada com este

    fim, sendo substituda pela utilizao de drogas antipsicticas e/ou ltio. No entanto, em

  • 11

    pacientes que no toleram o ltio ou outros tratamentos farmacolgicos, e ainda quando existe

    risco de vida, a ECT revelou ser eficaz. (Townsend, 2009)

    A ECT na esquizofrenia apenas considervel favorvel e eficaz em casos de

    esquizofrenia aguda, em casos crnicos no se tem revelado eficaz. A ECT pode induzir

    remisso em pacientes com esquizofrenia aguda, sobretudo quando acompanhada de

    sintomatologia catica ou afetiva. No demonstra ser til em indivduos com doena

    esquizofrnica crnica (Coentre et al. 2009). Noutro tipo de perturbaes tem sido utilizado m

    casos de perturbaes obsessivo- compulsivas, perturbaes de personalidade e em situaes

    de diversas neuroses, no entanto existem poucas evidncias da eficcia da ECT nestes casos.

    CONTRA-INDICAES

    A ECT tem relativamente poucas contra-indicaes (American Psychiatric

    Association, 2001 cit. Tratado de psiquiatria clnica,2006).

    A nica contra-indicao absoluta a esta terapia presso intracraniana aumentada,

    devido ao risco de hrnias no tronco enceflico (Townsend, 2009; Hales e Yudofky, 2006).

    Outras condies j foram identificadas, embora no sendo consideradas contraindicaes

    absolutas, colocam os pacientes em elevado risco para o tratamento. Estas condies so

    principalmente de natureza cardiovascular, incluindo enfarte do miocrdio ou acidente

    vascular cerebral nos 3 a 6 meses anteriores, aneurisma cerebral ou da aorta, hipertenso

    grave subjacente e insuficincia cardaca congestiva (Townsend, 2009:350).

    Os pacientes com hemorragia intracraniana recente tm maior risco, bem como

    aqueles com hemorragia ou aneurisma vascular instvel, ou ainda com descolamento de

    retina. As doenas degenerativas da espinha e de outros ossos, antes do uso de relaxantes

    musculares na ECT, constituam um risco significativo. Hoje em dia as tcnicas anestsicas e

    relaxantes musculares tornam-se seguras para pacientes com esses transtornos. Os pacientes

    devem interromper a administrao de IMAO (s) (inibidores da monoamina oxidase) por pelo

    menos duas semanas antes do incio da ECT, para prevenir a HTA (hipertenso arterial)

    durante o tratamento (Hales e Yudofky 2006).

    Outros fatores so ainda osteoporose grave, distrbios pulmonares agudos e crnicos e

    uma gravidez de alto risco ou com complicaes (Townsend, 2009 e Rosa, 2003).

  • 12

    3. EFEITOS SECUNDRIOS

    Ingresse nos efeitos secundrios mais comuns da ECT esto a perda temporria de

    memria e a confuso. Os crticos alegam que estas alteraes representam danos cerebrais

    irreversveis, enquanto os proponentes alegam que so temporrias e reversveis (Coentre et

    al, 2009).

    Estudos controlados de neuroimagem e neuroqumicos no demonstram qualquer

    prova de que a ECT cause danos cerebrais (Coentre et al, 2009).

    A problemtica em relao escolha da ECT unilateral ou bilateral prossegue. Estudos

    demonstram que na ECT unilateral o grau de perturbao da memria diminui, no entanto

    exige frequentemente uma dose de estmulo maior ou um maior nmero de tratamentos para

    igualar a eficcia da ECT bilateral no alvio da depresso (Gueddes, 2003 cit por Towsend,

    2009).

  • 13

    4. PROCEDIMENTO

    O ECT em geral administrado por uma equipa de trs- um psiquiatra, um anestesista

    e um enfermeiro. O psiquiatra quem realiza a ECT.

    Para Coentre, el al (2009), seguidamente assinatura do consentimento informado, deve ser

    efectuada uma avaliao pr- ECT, que deve incluir exames complementares de diagnstico,

    como por exemplo, hemograma, testes de funo renal, electrocardiograma e ionograma. O

    princpio fundamental do ECT a passagem de uma corrente elctrica atravs da aplicao de

    elctrodos no crnio do doente para induo de uma convulso. Os aparelhos modernos de

    ECT permitem o registo simultneo do electroencefalograma (EEG), este registo

    fundamental, pois a observao do EEG e do electrocardiograma (ECG), durante a ECT,

    facilita a avaliao da qualidade convulsiva e o reconhecimento precoce de eventuais

    alteraes do ritmo cardaco.

    Rosa (2003), reconhece que, para um maior conforto dos pacientes, evitando qualquer

    tipo de dor durante a aplicao e para evitar dores musculares ou at mesmo fracturas

    (consequentes da contraco muscular), deve-se proceder a uma induo anestsica geral,

    superficial e de curta durao, acompanhada depois de um relaxamento muscular.

    Coentre (2009), afirmam que, primeiramente o doente anestesiado com agentes

    intravenosos de curta durao, por exemplo, o Tiopental ou o Propofol. O Propofol um

    excelente anestsico, pois provoca menos alteraes hemodinmicas e menos nuseas e

    vmitos que o Tiopendal, no entanto, o Propofol um potente anticonvulsivante e por essa

    razo pode diminuir a eficcia da ECT.

    Segundo Rosa (2003), o objectivo da paralisia muscular diminuir a intensidade dos

    movimentos motores convulsivos, a paralisia completa raramente necessria, s utilizada

    em pacientes que no podem ter, nem mesmo uma leve contraco motora, como o caso dos

    pacientes com osteoporose grave ou pacientes com uma fragilidade musculo- esqueltica. A

    paralisia muscular atingida com o uso de succinilcolina (cujo efeito mximo atingido em

    1-3 minutos aps a infuso e o seu efeito desaparece em 3-5 minutos), que bloqueia as

    intensas contraces musculares, que ocorrem durante a convulso tnica-clnica

    generalizada.

    O mesmo autor refere, que durante as convulses muitos doentes apresentam uma

    dessaturao significativa e ficam profundamente cianticos. O uso de relaxantes musculares

    diminui a necessidade de oxigenao adicional, no entanto, o consumo de oxignio cerebral

  • 14

    aumenta drasticamente durante a crise, o paciente deve ser ventilado com oxignio a 100% de

    modo a evitar um sofrimento cerebral.

    Rosa (2003), refere ainda que, aps a anestesia e a paralisia muscular, so colocados

    dois elctrodos na cabea do doente, estando estes conectados ao aparelho de ECT. Quando o

    boto do ECT pressionado, uma srio de breves pulsos de corrente elctrica so passados

    atravs de estmulos elctricos ao crebro, causando uma convulso generalizada.

    De acordo com o mesmo autor, ao longo dos anos foram tentadas vrias localizaes

    para colocar os elctrodos, com finalidade de atingir a melhor resposta teraputico, com o

    mnimo de efeitos colaterais. As localizaes mais utilizadas so a bilateral e a unilateral.

    Existem duas principais posies para a estimulao bilateral: a bitemporal e a bifrontal. Em

    geral, quando se fala na posio bilateral, a posio padronizada consiste em colocar o centro

    dos elctrodos a 2,5cm acima do ponto mdio entre uma linha imaginria, ligando o meato

    auditivo externo ao canto externo do olho. A posio unilateral considerada o maior avano

    tcnico no campo da ECT, pois a colocao dos elctrodos no hemisfrio direito, poderia

    evitar que as reas da fala fossem atingidas pela corrente elctrica, minimizando assim os

    efeitos cognitivos.

    Segundo Rosa (2003), vrias localizaes dos elctrodos foram sugeridas para a ECT

    unilateral, no entanto, a mais utilizada actualmente conhecida como posio de dElia,

    que consiste, na colocao de um elctrodo na regio temporal direita e outro com o centro a

    5 cm direita do vrtice.

    Por fim, o mesmo autor acrescenta que, ao comparar as duas tcnicas, alguns pontos

    devem ser considerados:

    - Ambas as tcnicas so geralmente efectivas no tratamento da depresso, contudo, h

    dados que sugerem que os pacientes com mania podem no responder to bem s aplicaes

    unilaterais;

    - Alguns pacientes deprimidos que no respondem ECT unilateral, quando aplicada

    a ECT bilateral tm melhoras significativas;

    Coentre (2009), afirma que, a quantidade de electricidade necessria para a induo de

    uma convulso vria consideravelmente de doente para doente. Na primeira sesso de

    tratamento aplicada uma pequena carga elctrica, sendo que, consoante a durao da

    resposta convulsiva, a carga titulada de forma crescente nessa mesma sesso ou nas sesses

    seguintes, at que acontea uma convulso com a durao adequada. Uma convulso

    teraputica geralmente aceite como aquela que tem uma durao superior a 30segundos.

    Segundo Rosa (2003), afirma que, cerca de 10% dos pacientes que recebem ECT

    desenvolvem um estado confusional, que observado quando se retira a anestesia. Este estado

  • 15

    confuncional caracterizado por agitao, desorientao e movimentos estereotipados

    repetidos. Estes sintomas podem ser controlados atravs da administrao de

    Benzodiazepinas.

    Algumas pessoas ainda associam alguns mitos e crenas ECT, mas muitos puderam

    ser desmistificados nos ltimos anos. O que tem maior conotao na populao que a ECT

    origina danos cerebrais. Com isto, vrios estudos foram realizados de modo a desintegrar ente

    e outros mitos relacionados ao ECT, sendo actualmente considerado um procedimento seguro,

    igualmente os procedimentos anestsicos em pequenas cirurgias quanto taxa de mortalidade,

    como referido anteriormente.

    Desde que a ECT foi criada na dcada de 1930, a dose de electricidade usada foi

    reduzida significativamente. Este factor reduziu drasticamente os riscos do procedimento. Os

    riscos do procedimento. Os riscos associados como em qualquer outro procedimento

    representam um importante fator a ter em conta em relao ao risco/beneficio. Coentre,

    Barrocas, Chendo, et al (2009) referem que a principal causa de morte com a ECT a

    cardaca (enfarte do miocrdio, fibrilao ventricular) e a pulmonar.

    Seguindo a linha de pensamento de Townend (2000), as complicaes que podem

    ocorrer depois da ECT so:

    - Distrbios de memria e confuso mental;

    - Distrbios cardiovasculares;

    - Efeitos sistmicos;

    - Convulses;

    - Dores musculares;

    - Estados de mania;

    - Delirium ps-ictal e interical;

    - Leses cerebrais.

  • 16

    5. INTERVENES DE ENFERMAGEM

    Os cuidados de Enfermagem a nvel da Eletroconvulsivoterapia distinguem-se entre

    pr, durante e ps. A nvel dos cuidados pr ECT, o papel do Enfermeiro :

    - Assegurar que o utente se encontra em jejum (6 a 8 horas);

    - Assegurar que o mdico obteve o consentimento informado e que se encontra na

    ficha um formulrio de permisso assinado;

    - Assegurar que esto disponveis os relatrios laboratoriais mais recentes (hemograma

    completo e exame de urina) e os resultados do electrocardiograma e raio-x;

    - Uma hora antes do tratamento, avaliar sinais vitais e regist-los. Remover prteses e

    adereos, e vestir bata do servio, ou roupa de casa (dependendo do hospital). Deixar o utente

    deitado na cama com as grades levantadas;

    - Trinta minutos antes, administrar medicao pr-tratamento prescrita;

    - Acompanhar o utente, acalmando-o, mantendo uma atitude positiva em relao ao

    procedimento. Encorajar o utente a verbalizar sentimentos.

    Durante o tratamento, as aes de Enfermagem incidem sobre:

    - Assegurar a permeabilidade das vias areas, facilitando a aspirao de secrees, se

    necessrio;

    - Auxiliar o anestesista na oxigenao;

    - Monitorizao de sinais vitais e funcionamento cardaco;

    - Apoiar os braos e pernas do utente durante a convulso;

    - Observar e registar o tipo e quantidade de movimentos induzidos pela convulso.

    Posteriormente ao tratamento, o papel do Enfermeiro :

    - Monitorizar sinais vitais a cada 15 minutos na primeira hora (perodo durante o qual,

    o utente dever permanecer deitado);

    - Posicionar o utente em decbito lateral para prevenir a aspirao se secrees;

    - Orientar o utente quanto ao tempo e ao espao;

    - Descrever o sucedido;

    - Explicar que qualquer perda de memria que experiencie apenas temporria;

    - Permitir ao utente verbalizar medos relacionados com a ECT;

  • 17

    - Permanecer junto do utente, at este estar totalmente desperto, orientado e capaz de

    exercer as actividades de auto-cuidado autonomamente;

    - Dar ao utente um horrio de actividades de rotina, de modo a diminuir a confuso.

    Para uma reavaliao da eficcia dos cuidados de Enfermagem foram desenvolvidas

    diversas questes, sendo elas:

    - A ansiedade do utente foi mantida a um nvel controlvel? ;

    - A instruo do utente/famlia foi completada satisfatoriamente? ;

    - O utente/famlia verbalizou compreender o procedimento, os seus efeitos secundrios

    e os riscos envolvidos? ;

    - O utente realizou o tratamento sem experienciar leses ou aspirao? ;

    - O utente manteve perfuso tecidual adequada durante e aps o tratamento? Os sinais

    vitais permaneceram estveis? ;

    - Tendo em considerao a condio particular do utente e a sua resposta ao

    tratamento, este est reorientado quanto ao tempo, espao e situao? ;

    - As necessidades de auto-cuidado do utente foram todas atendidas? ;

    - O utente participa nas actividades teraputicas no seu mximo potencial? ;

    - Qual o nvel de interaco social do utente?

  • 18

    CONCLUSO

    Com o trmino do trabalho aprofundmos os nossos conhecimentos relativos a

    eletroconvulsivoterapia, permitindo-nos obter novos conhecimentos no que diz respeito

    aplicao da terapia.

    Assim sendo, podemos concluir que a electroconvulsivoterapia uma terapia utilizada

    em patologias do foro psiquitrico em que tem como finalidade visar o tratamento de certas

    patologias como: a depresso major , a mania, a esquizofrenia e noutro tipo de perturbaes.

    Para que haja promoo de sade, necessrio que o enfermeiro tenha um papel ativo no

    desenvolvimento das suas prprias competncias neste mbito, de forma a prestar cuidados de

    sade de excelncia, uma vez que as ECT como j foi anteriormente referido pode ter

    repercusses pra o utente.

    O enfermeiro deve colocar em prtica conhecimentos adquiridos no que diz respeito a

    ECT, e sobre as patologias indicadas para o tratamento da ECT, colocando em pratica

    intervenes fulcrais para a recuperao ou manuteno do estado de sade mental do utente.

    Aps a concretizao deste trabalho, adquirimos e aprofundmos conhecimentos sobre

    o tema, o que nos permitir auxiliar na realizao das diversas atividades propostas, sempre

    com o objetivo de formar e informar para a vida futura, uma vez que toda a informao

    adquirida poder futuramente ser aplicada ao nvel da prestao de cuidados, bem como ao

    nvel da educao para a sade sobre esta terapia. Tendo em conta que ningum imune as

    estas patologias mentais e que qualquer pessoa pode vir a desenvolver estas patologias, tendo

    necessidade de recorrer a ECT

    Consideramos ter tido bom aproveitamento na realizao deste trabalho, uma vez que

    para a sua elaborao, foram consultados alguns livros de referncia no mbito da disciplina,

    que nos proporcionaram conhecimentos que permitiram uma melhor compreenso e

    exposio escrita do tema abordado.

    Julgamos que o tema do trabalho tem relevo para ns enquanto futuros profissionais

    de sade, na medida em que nos permite, atuar de uma forma correta e adequada aos casos

    que nos podero vir a ser expostos.

    Relativamente s dificuldades sentidas, as nossas principais dificuldades incidiram: na

    procura de material bibliogrfico que abordasse este tema, uma vez que uma terapia que

    actualmente apenas utilizada em casos de extrema necessidade e quando no existe outro,

  • 19

    tentmos sempre abordar os itens realmente pertinentes, atravs de uma recolha de

    informao fidedigna para o trabalho

    Gostaramos de ter encontrado estatsticas atuais sobre, resultados da ECT, at que

    ponto esta realmente resulta em certa patologias. Desta forma, era interessante num prximo

    trabalho tentar responder a estas questes, tentando elaborar um estudo neste sentido,

    recorrendo a questionrios escritos, por exemplo. Contudo, conseguimos ultrapassar estas

    dificuldades, expondo o tema com bastante clareza e especificidade, tendo em conta o

    material a informao que tivemos acesso, atingindo os objetivos a que nos propusemos.

    Assim sendo, aps a realizao deste trabalho e fazendo uma breve retrospetiva e

    reflexo, podemos concluir e afirmar que todos os objetivos delineados na introduo foram

    concretizados. Atravs do mesmo, adquirimos e aprofundmos conhecimentos sobre a

    temtica. Com este trabalho desenvolvemos competncias para a realizao de trabalhos de

    grupo, assim como para o trabalho cooperativo. Por fim, o trabalho em si serviu e servir

    como instrumento de avaliao.

  • 20

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    Coentre R., Barrocas D., Chendo I., Abreu M., Levy P., Maltez J. e Figueira M. L.

    (2009), Eletroconvulsivoterapia: Mitos e Evidncias, Acta Mdica Portuguesa, 22(3),

    275 280;

    Cosenza R. e Ribeiro V. (2013), Protocolo da Eletroconvulsivoterapia. 2 ed., Rede da

    Fundao Hospitalar do Estado de Minas Gerais;

    Figiel, Gary; Zorumpski, Charles et. al (2002), Electroconvulsivoterapia:

    Fundamentos da Psicologia Clnica. Editora, Guarabona Koogar S.A. Rio de Janeiro;

    Gail, S. e Michele, L. (2001), Enfermagem Psiquitrica Princpios, Prtica. 6 ed.,

    Porto Alegre: Editora Artes Mdicas;

    Hales, R. & Yudofsky, S. (2006), Tratado de Psiquiatria Clnica. 4 ed., So Paulo:

    Artmed;

    Kaplan, H. e Sadock, B. (1999), Tratado de Psiquiatria. (Volume 2 - 6 ed.). Porto

    Alegre: Editora Artes Mdicas;

    Moreno et al (2005), A Eletroconvulsivoterapia (ECT) como Recurso Teraputico no

    Tratamento da Pessoa Portadora de Transtorno Mental;

    Oliveira et al (2009), A Eletroconvulsivoterapia (ECT) como Recurso Teraputico no

    Tratamento da Pessoa Portadora de Transtorno Mental;

    Rosa, A. (2003), Estimulao Magntica Transcraniana de Repetio: Comparao

    da Eficcia com a Eletroconvulsivoterapia;

    Townsend, M. (2009), Enfermagem em Sade Mental e Psiquitrica- Conceitos de

    Cuidados na Prtica Baseada na Evidncia. 6 ed. Loures: Lusocincia;

    Townsend, M. (2011), Enfermagem em Sade Mental e Psiquitrica- Conceitos de

    Cuidados na Prtica Baseada na Evidncia. 6 ed. Loures: Lusocincia.

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    APNDICE

    APNDICE A APRESENTAO EM POWER POINT