eletricidade e magnetismo em nível médio.pdf
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Professor Douglas Gomes Física
1
Aula 01
Carga elétrica e eletrização
Introdução
A Eletricidade é a parte da Física que estuda
os fenômenos elétricos.
Há duas subdivisões:
Eletrostática: estuda as cargas em re-
pouso.
Eletrodinâmica: estuda as cargas em
movimento.
Carga elétrica
De acordo com a teoria atômica, as substân-
cias são constituídas de átomos, os quais são
formados por duas regiões:
núcleo – parte central onde se encon-
tram dois tipos de partículas: prótons e
nêutrons.
Eletrosfera – região em torno do núcleo
onde se encontram os elétrons.
Todas essas partículas possuem massa, en-
tretanto somente os prótons e os elétrons pos-
suem carga.
Partícula Massa
(kg)
Natureza
da carga
Valor da
carga
(C)
Próton 271,67 10 Positiva 191,6 10
Elétron 319,1 10 Negativa 191,6 10
Nêutron 271,67 10 Neutra 0
Um átomo eletricamente neutro tem igual
número de prótons e de nêutrons.
Quando um corpo se encontra carrega-
do, há falta ou excesso de elétrons.
Isso ocorre porque os prótons estão fixos no
núcleo do átomo, não podendo, portanto, serem
removidos com facilidade.
Princípio qualitativo da interação entre as cargas elétricas.
Cargas de mesmo sinal repelem-se enquanto
cargas de sinais opostos atraem-se.
Princípio da conservação das cargas
De acordo com a física clássica, a carga elé-
trica não pode ser criada ou destruída, mas
transferida de um corpo para outro.
Dessa forma, num sistema eletricamente iso-
lado, a soma algébrica das quantidades de car-
gas (positivas e negativas) é constante.
Condutores e isolantes
Chamamos condutor elétrico todo meio que
permite a movimentação de cargas no seu inte-
rior. Se essa movimentação não puder ocorrer,
o meio constituirá um isolante elétrico.
Processos de eletrização
atrito
contato
indução
aquecimento
radiação (efeito foto-elétrico)
Na eletricidade, as partículas que se transfe-
rem de um corpo para outro são sempre os elé-
trons, visto que os prótons se encontram forte-
mente ligados ao núcleo.
Eletrização por atrito
Atritando-se dois corpos constituídos de ma-
teriais diferentes, um deles cede elétrons para o
outro e, ao final ambos estarão eletrizados.
Aquele que recebeu elétrons fica eletrizado
negativamente, enquanto o outro, que os ce-
deu, fica eletrizado positivamente.
Série triboelétrica
Série triboelétrica é uma tabela ordenada de
substâncias, de tal forma que o atrito entre du-
as quaisquer eletriza positivamente a substância
que figura antes e negativamente a que figura
depois na tabela.
Regra Substância
+ Vidro
Mica
Lã
Pele de gato
Seda
Algodão
Ebonite
Cobre
Enxofre
- Celulóide
Por exemplo, no atrito entre seda e cobre: a
seda eletriza-se positivamente, e o cobre eletri-
za-se negativamente.
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No atrito entre a seda e o vidro: a seda ele-
triza-se negativamente, e o vidro, positivamen-
te.
Eletrização por contato
É um método de eletrização que funciona
muito bem entre materiais condutores, nos
quais as cargas se espalham pela superfície.
Na eletrização com uma carga negativa, o
processo é semelhante:
Se o corpo A ou ambos forem constituídos de
material não condutor, a troca de cargas se li-
mitaria à região em torno do ponto de contato.
Observação
Se uma esfera condutora carregada for colo-
cada em contato com outra esfera condutora
neutra, idêntica à primeira, a carga total é divi-
dida igualmente entre as esferas.
No caso de ambas já estarem carregadas, a
carga total será dividida igualmente entre as
esferas.
No contato, os corpos ficam com cargas
de mesmo sinal.
A carga total só é dividida em quantida-
des iguais se os corpos forem idênticos.
Se os corpos forem diferentes, ficará com
maior carga o de maior dimensão.
Eletrização por indução
Procedimento:
1) aproxima-se um corpo carregado (indu-
tor) do corpo condutor neutro (induzido).
Observa-se uma separação de cargas (polari-
zação) no induzido.
2) Liga-se o induzido à Terra.
As cargas de mesmo sinal que a carga
do indutor escoam para a Terra.
Observação: Se o indutor for positivo, a car-
ga positiva do induzido escoa para a Terra,
mas, como os prótons não se deslocam, o pro-
cesso real é a chegada de elétrons da Terra ao
induzido.
3) Na presença do indutor, desfaz-se a liga-
ção do induzido com a Terra.
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3
4) Afasta-se o indutor.
Agora vamos ilustrar a eletrização positiva.
Importante!
Para efeito de ilustração, mostramos a li-
gação com a Terra feita na extremidade
direita do corpo B, entretanto o processo
ocorre da mesma forma independente da
posição da ligação com a Terra.
A carga induzida é sempre menor ou
igual, em módulo, à carga indutora.
Um corpo carregado pode atrair um corpo
neutro, fenômeno explicado pela indução.
Eletroscópio de folhas
A função de um eletroscópio é identificar se
um corpo está carregado ou não.
Ao se aproximar um corpo neutro:
Ao se aproximar um corpo carregado:
Só com um eletroscópio não é possível iden-
tificar a natureza da carga elétrica (positiva ou
negativa), pois em ambos os casos, ele teve
comportamento idêntico: as lâminas se abriram.
Essa identificação só será possível se o ele-
troscópio estiver previamente carregado com
carga de sinal conhecido. Por exemplo, se o
eletroscópio estiver carregado negativamente,
as folhas se fecharão se o corpo aproximado for
positivo e se abrirão se o corpo aproximado for
negativo.
Propriedades dos condutores
Em um condutor, toda carga em excesso
localiza-se na sua superfície.
Nos condutores, as cargas em excesso
têm maior concentração nas pontas.
Aula 02
Força eletrostática
Carga elétrica puntiforme
Carga elétrica puntiforme é todo corpo
eletrizado de dimensões desprezíveis em
relação às distâncias que o separam de
outros corpos eletrizados.
Lei de Coulomb
As forças de interação entre duas cargas
puntiformes possuem intensidades iguais
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e são sempre dirigidas segundo o seg-
mento de reta que as une.
Suas intensidades são diretamente pro-
porcionais ao módulo do produto das car-
gas e inversamente proporcionais ao
quadrado da distância entre as partículas.
A intensidade dessa interação depende
ainda do meio ambiente onde se encon-
tram as cargas, contudo iniciaremos nos-
so estudo no vácuo.
Matematicamente:
0 2
q QF k
d
Nessa expressão, k é uma constante de
proporcionalidade, denominada constante
eletrostática do meio. No sistema inter-
nacional de unidades, temos, no vácuo:
29
0 29,0 10
N mk
C
No ar seco, vamos admitir o mesmo valor
para k.
Há uma relação direta entre a constante
eletrostática e a permissividade elétrica
absoluta do meio ( ).
0
0
1
4k
212
0 28,85 10
C
N m
Chamamos constante dielétrica ou per-
missividade relativa ( r ) de um meio a
razão entre a permissividade absoluta desse meio ( ) e a permissividade abso-
luta do vácuo ( 0 ).
0
r
Análise gráfica
Aula 03
Campo elétrico
Introdução
Campo elétrico é uma propriedade física
estabelecida em todos os pontos do espaço
que estão sob a influência de uma carga elétrica
(carga fonte), tal que uma outra carga (carga
de prova), ao ser colocada num desses pontos,
fica sujeita a uma força de atração ou de repul-
são exercida pela carga fonte.
Da mesma forma que o campo gravitacional
é descrito pelo vetor gravidade ( g ), o campo
elétrico, por sua vez, é descrito pelo vetor cam-
po elétrico ( E ), o qual definiremos a seguir.
Assim, da mesma forma que o vetor gravida-
de só depende da massa fonte (no nosso caso,
a Terra), o valor do campo elétrico depende
apenas da carga fonte.
Força de ação intermediada por campo
A carga-fonte Q gera um campo no ponto P.
Uma carga de prova q, quando posicionada
no ponto P, sofre a ação desse campo: a força
elétrica.
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Definição do vetor campo elétrico
Para avaliarmos o campo elétrico em certo
ponto P criado por uma carga fonte (Q), neces-
sitamos de uma carga de prova (q0) em P.
Matematicamente:
0
eletrostáticaFE
q
Características do vetor E :
intensidade:
0
FE
q
direção: a mesma do vetor F
sentido:
se q0 positivo – mesmo sentido de F
se q0 negativo – sentido oposto ao de F
Unidade: N/C
Assim, fica fácil ver que o sentido do campo
gerado pela carga fonte não depende da carga
de prova.
Carga fonte positiva: Campo elétrico afas-
tando-se da carga fonte.
Carga fonte negativa: Campo elétrico
aproximando-se da carga fonte.
Campo elétrico de uma carga fonte punti-forme
De acordo com a lei de Coulomb:
0 2
q QF k
d
Da definição de campo elétrico:
0 2
q Qk
F dEq q
Assim: 0 2
QE k
d
Mais uma vez, nota-se que o valor do campo
gerado pela carga fonte independe da carga de
prova.
Campo elétrico de um conjunto de cargas fonte
O vetor campo elétrico resultante em P, de-
vido a várias cargas, é a soma vetorial dos ve-
tores campo parciais de cada carga fonte.
1 2 3 ...P nE E E E E
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Linhas de força
Com a finalidade de indicar a presença de
campo elétrico em certas regiões do espaço,
criou-se uma forma geométrica de representa-
ção – a linha de força.
Linha de força de um campo elétrico é uma
linha que tangencia, em cada ponto, o vetor
campo elétrico resultante ao ponto considerado.
Mesma carga (em módulo) e sinais opostos
Mesma carga e mesmo sinal
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Sinais opostos e módulos diferentes
Onde as linhas estão mais próximas, o cam-
po é mais intenso. Assim, no ponto A, o vetor
campo elétrico é mais intenso do que em B. Em
N, o vetor é nulo.
Campo elétrico uniforme
Quando o campo elétrico é uniforme, o
vetor campo elétrico é o mesmo em todos os
pontos (sem mudar módulo, direção e sentido).
Assim, as linhas de força são paralelas e espa-
çadas igualmente.
Com uma placa carregada suficientemente
grande, já é possível observar um campo apro-
ximadamente uniforme na sua região central.
Para um melhor resultado, utilizam-se duas
placas.
Importante!
Duas linhas de força jamais se cruzam, por-
que estariam determinando dois vetores de
campo resultante para um mesmo ponto, um
absurdo.
Aula 04
Potencial Elétrico
Introdução
Imagine uma região com campo elétrico uni-
forme e estático. Sendo o campo o mesmo em
todos os pontos, o vetor força elétrica também
será invariável para uma carga de prova cons-
tante.
Tal situação é semelhante à força peso, que
também é constante para uma dada massa.
Assim, é possível mostrar que a força de intera-
ção eletrostática é conservativa.
Associamos, na mecânica, o conceito de
energia potencial ao campo de gravidade por se
tratar de um campo de forças conservativas.
Associaremos igualmente esse conceito ao cam-
po eletrostático, devido ao fato de ele também
ser oriundo de uma força conservativa.
Considere uma carga de prova positiva a cer-
ta distância de uma carga fonte fixa também
positiva. Se você empurrar a carga de prova em
direção à outra, gastará energia para vencer a
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força de repulsão elétrica existente. Esse traba-
lho aumenta a energia da partícula. Chamamos
de Energia Potencial Elétrica a energia que a
partícula possui em virtude de sua localização.
Se a partícula for solta, acelera transformando a
energia potencial em cinética.
Se a carga de prova tivesse o dobro do valor,
realizaríamos o dobro do trabalho (porque a
força dobraria de acordo com Coulomb), ou se-
ja, seria transferido o dobro do valor de ener-
gia. Assim, a energia potencial depende tam-
bém do valor da carga de prova.
Quanto maior o valor da carga de prova,
maior a energia potencial associada, numa rela-
ção proporcional direta.
Ficou conveniente, portanto, adotar uma
grandeza que dependesse apenas da carga fon-
te: o potencial elétrico.
Potencial elétrico
Podemos dizer que a carga fonte produz um
campo elétrico que pode ser descrito por uma
grandeza escalar denominada potencial elétri-
co ou potencial eletrostático. Esse potencial
eletrostático em determinado ponto traduz a
energia potencial elétrica armazenada por uni-
dade de carga posicionada nesse ponto.
0
PEV
q 0PE q V
Importante!
A energia potencial eletrostática e o potencial
elétrico são grandezas escalares algébricas,
podendo ser positivos, negativos ou nulos.
Unidade
volt = joule/coulomb
Observações
na verdade, a energia potencial é adqui-
rida pelo sistema Q e q. Se ambas pude-
rem se mover, as duas irão adquirir
energia cinética a partir dessa energia
potencial. Na maioria das vezes, porém,
a carga Q é fixa. Nesse caso, associa-
mos à carga de prova q toda a energia
potencial.
O potencial elétrico (grandeza escalar) e
o campo elétrico (grandeza vetorial) são
propriedades de cada ponto, existindo
nesse ponto, independente de lá estar
uma carga ou não.
O vetor campo elétrico e o potencial são
duas maneiras de descrever-se o campo
elétrico existente em uma região do es-
paço. O uso de um ou de outro vai ser
questão de conveniência.
Potencial elétrico criado por uma carga fonte puntiforme
Com o auxílio de matemática superior, é pos-
sível mostrar que a energia potencial acumulada
em um par de cargas é dada por:
P
Q qE k
d
Lembrando que associamos toda a energia
do sistema à carga de prova, e sendo
0PE q V , obtemos a expressão do potencial
elétrico no ponto P:
QV k
d
Nesse caso, considerou-se que em um lugar
muito afastado ( d ) a energia potencial,
bem como o potencial são nulos.
Gráficos
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Potencial num campo elétrico criado por um conjunto de partículas eletrizadas.
Visto ser o potencial uma grandeza escalar,
fica fácil obter o potencial resultante, somando
algebricamente os potenciais criados individu-
almente pelas cargas.
1 2 ... nV V V V
Eqüipotenciais
São superfícies onde o potencial, em todos os
pontos, assume o mesmo valor algébrico.
As equipotenciais, num campo elétrico criado
por uma partícula eletrizada e solitária são esfé-
ricas, o que é fácil verificar através das equa-
ções já estudadas.
Observe-se ainda que as eqüipotenciais são
perpendiculares às linhas de força (justificare-
mos adiante).
No caso do campo uniforme:
Trabalho da força elétrica em um campo eletrostático
De acordo com o princípio da conservação da
energia mecânica, o trabalho das forças conser-
vativas, correspondem à variação da energia
potencial com o sinal trocado. Portanto, no caso
da força eletrostática, é válido o mesmo princí-
pio.
( )A BAB P P A B A BE E qV qV q V V
Representando essa diferença por UAB,
AB ABq U
Dessa forma, entre dois pontos em uma
equipotencial, não há trabalho realizado pela
força eletrostática.
Imagine o deslocamento de uma partícula de
carga q de A para B, ao longo de uma superfície
equipotencial. O trabalho realizado será nulo,
mas isso só será verdade se a força eletrostáti-
ca se mantiver sempre perpendicular à trajetó-
ria seguida.
Portanto, concluímos que uma superfície
equipotencial é perpendicular à força e, conse-
qüentemente, às linhas de força e ao campo
elétrico.
Movimento espontâneo das cargas de prova
O potencial elétrico é decrescente no
sentido das linhas de força.
Cargas positivas deslocam-se espontanea-
mente para pontos de menor potencial.
Cargas negativas deslocam-se espontanea-
mente para pontos de maior potencial.
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Dica!
Para saber o sentido do movimento das car-
gas de prova, imagine que há uma carga fonte
positiva do lado de maior potencial, e uma car-
ga fonte negativa do lado de menor potencial.
Potencial no campo uniforme
Uma carga de prova deslocando-se em um
campo uniforme fica sujeita a uma força cons-
tante dada por:
F = q E
O trabalho de uma força constante na dire-
ção do deslocamento é dado por:
F d
Unindo as duas equações:
F d q E d
Mas, de acordo com o que estudamos, o tra-
balho também é dado por:
ABq U
Logo,
ABAB
UU E d E
d
Portanto, campo elétrico também pode ter
como unidade no SI V/m.
Exemplo de um campo elétrico uniforme de
20 v/m (ou 20 N/C):
Aula 05
Condutores em equilíbrio
eletrostático
Equilíbrio eletrostático
Um condutor isolado encontra-se em equilí-
brio eletrostático quando não há movimento
ordenado de cargas elétricas no seu interior e
na sua superfície.
Esse condutor isolado, em equilíbrio eletros-
tático, pode ou não estar eletrizado.
Distribuição de cargas
Em um condutor isolado em equilíbrio ele-
trostático, as cargas elétricas em excesso distri-
buem-se pela sua superfície.
Tal fato ocorre porque as cargas em excesso
são de mesma natureza (sinal) e, portanto, re-
pelem-se, afastando-se o máximo possível, ou
seja, atingindo a superfície.
O fato de não haver movimento ordenado de
cargas implica o seguinte fato:
O campo elétrico resultante nos pontos in-
ternos do condutor é nulo.
Não havendo campo elétrico, conclui-se que
não há diferença de potencial entre os pontos
no interior do condutor em equilíbrio.
O potencial elétrico em todos os pontos in-
ternos e superficiais do condutor é constante.
Já que todos os pontos no interior e, conse-
qüentemente, na superfície possuem o mesmo
potencial, e as linhas de força são perpendicula-
res às superfícies equipotenciais:
Nos pontos da superfície de um condutor em
equilíbrio eletrostático, o vetor campo elétrico
tem direção perpendicular à superfície.
Campo em um condutor esférico
Pontos no exterior do condutor
2ext
QE k
d
Pontos infinitamente próximos à superfície
2próx
QE k
R
Pontos na superfície do condutor
sup2
próxEE
Pontos no interior do condutor:
int 0E
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Potencial em um condutor esférico
Adotando-se um referencial no infinito.
Pontos no exterior do condutor:
ext
QV k
d
Pontos na superfície do condutor:
sup
QV k
R
Pontos no interior do condutor:
QV k
R
Densidade superficial de cargas
Representa a razão entre a carga presente
na superfície de um condutor e a área dessa
superfície:
Q
A
Para um condutor esférico isolado de raio R e
carga Q, por questões de simetria, a carga dis-
tribui-se uniformemente pela superfície:
24
Q
R
Considere um condutor eletrizado em equilí-
brio eletrostático conforme a figura abaixo:
++
+
+
+
+ ++++
+++
+++
A região de menor raio de curvatura apre-
senta maior densidade de cara elétrica superfi-
cial, assim, em torno dessa região, o campo
elétrico é mais intenso.
Por ser mais intenso o campo elétrico em
torno de uma região pontiaguda de um condu-
tor eletrizado, as cargas podem com maior faci-
lidade, escoar-se por ela para o ambiente. A
essa propriedade dá-se o nome de poder das
pontas.
Capacitância eletrostática
É de verificação experimental que o potencial
adquirido por um condutor eletrizado é direta-
mente proporcional à sua carga elétrica.
V Q
Dessa forma, a razão entre a carga Q recebi-
da pelo condutor e o potencial V atingido por ele
é uma constante, denominada capacitância C
do condutor:
QC
V
A capacitância fornece uma indicação da
capacidade de o condutor armazenar car-
gas.
Assim, quando dois condutores isolados e ini-
cialmente neutros atingem o mesmo potencial,
o de maior capacitância armazena uma carga
elétrica maior.
A capacitância de um condutor depende
apenas de suas características geométricas
(forma e tamanho) e do meio em que se
encontra.
Unidade no SI
1 1coulomb
faradvolt
Capacitância de um condutor esférico
Conforme visto anteriormente,
QV k
R e
QC
V
Substituindo uma equação na outra,
RC
k
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Energia potencial eletrostática de um con-dutor
v
Q
trabalho para a 1ª carga elementar = nulotrabalho para a 2ª carga elementar = e V2
trabalho para a 3ª carga elementar = e V3
V3
V2
V1= 0
2P
Q VE
Condutores em equilíbrio
Inicialmente afastados:
Após o contato, e já em equilíbrio:
Pelo princípio da conservação das cargas:
Depois de saber o novo potencial, as novas
cargas serão:
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A ligação do induzido à Terra pode ser feita em
qualquer ponto, pois o que determina a subida
dos elétrons não é o ponto de ligação e sim o
fato de o potencial do condutor ser maior do
que o da Terra.
Observe que o processo de indução eletrostática
é mútuo, sendo a carga de B redistribuída devi-
do à influência das cargas induzidas em A.
Observe-se ainda que, devido à indução, um
corpo carregado e um corpo neutro sempre se
atraem.
Indução parcial
Indução total
Potencial da Terra
É de comprovação experimental o fato de
que a Terra é carregada negativamente. Contu-
do, utilizaremos o potencial da terra como refe-
rência considerando-o nulo.
Aula 06
Eletrodinâmica
Corrente elétrica
Corrente elétrica é o movimento ordenado
dos portadores de carga elétrica.
Condutores
Metais e grafite: os portadores móveis de
carga são os elétrons livres
Soluções eletrolíticas: os portadores móveis
são íons positivos e íons negativos.
Gases ionizados: os portadores móveis são
íons positivos, íons negativos e elétrons livres.
A causa da corrente elétrica
Imagine dois corpos carregados: um positi-
vamente, outro negativamente.
Dessa forma, em relação a um ponto infini-
tamente distante, o condutor positivo terá po-
tencial positivo e o condutor negativo terá po-
tencial negativo.
Ao ligarmos um ao outro através de um fio
condutor metálico, haverá movimentação de
cargas até que ambos adquiram o mesmo po-
tencial.
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Maior potencial Menor potencial
Nesse caso, as cargas que se moverão serão
os elétrons, indo do menor para o maior poten-
cial.
Outra justificativa seria o fato de haver um
campo elétrico dentro do condutor orientado do
maior para o menor potencial, produzindo uma
força elétrica que propicia a corrente.
Maior potencial Menor potencial
E
Fe
Note-se que, nesse caso, o condutor não está
em equilíbrio eletrostático, por isso há diferença
de potencial e, portanto, corrente.
Quando as esferas adquirirem o mesmo po-
tencial, a corrente cessará, uma vez que E.d=U.
O gerador elétrico
A corrente que produzimos no raciocínio an-
terior existe por um curto intervalo de tempo,
cessando em seguida, quando a diferença de
potencial se torna nula.
Contudo, precisamos, na prática de uma cor-
rente que perdure o tempo que desejarmos e,
para tanto, é necessário manter diferentes po-
tenciais elétricos nas extremidades do fio.
Imagine, por hipótese, que fosse possível
“alguém” recolher os elétrons que chegam à
esfera positiva e devolvê-los à esfera negativa.
Para tanto, deveria realizar trabalho e, com is-
so, gastar energia.
Esse “alguém”, na verdade, é o gerador elé-
trico, que deve dispor de alguma outra forma de
energia para transformar em energia potencial
elétrica, na realização desse trabalho.
F
Gerador
Maior potencial Menor potencial
E
Fe
Esse é, por exemplo, o caso das pilhas co-
muns que utilizamos em lanternas e das bateri-
as de automóveis que realizam esse trabalho
gastando energia química.
Note que, nessa bateria a d.d.p. em seus
terminais é de 8,4V, conforme indica o fabrican-
te.
Já essa pilha palito apresenta uma d.d.p. de
1,2V em seus terminais.
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-
Representação esquemática do gerador:
-
A ddp nos terminais de um gerador ideal re-
cebe também o nome de força eletro-motriz
.
Queda =
Elevação =
-i
Maiorpotencial
Menorpotencial
+ -
Maiorenergia potencial
Menorenergia potencial
i
O sentido convencional da corrente elétri-ca
Convencionou-se orientar a corrente elétrica
no sentido dos potenciais decrescentes, ou seja,
do pólo positivo para o negativo.
Pode-se dizer também que:
O sentido convencional da corrente elétrica é
o mesmo sentido do vetor campo elétrico no
interior do condutor: do maior para o menor
potencial.
Se os portadores de carga forem positivos, a
corrente convencional terá o mesmo sentido do
movimento dessas cargas:
Maiorpotencial
Menorpotencial
Corrente convencional
Se os portadores de carga forem negativos, a
corrente convencional terá o sentido oposto ao
da movimentação das cargas (é o caso dos elé-
trons nos condutores metálicos!):
Maiorpotencial
Menorpotencial
Corrente convencional
Em uma solução com íons, pode haver am-
bas as movimentações: do cátion (portador de
carga positiva) e do ânion (portador de carga
negativa)
Maiorpotencial
Corrente convencional
Cl-
Na
Corrente convencional
Menorpotencial
-
Observação importante!
Dentro do gerador, a força eletromotriz,
através da realização de trabalho, consegue
transportar os elétrons do pólo negativo para o
pólo positivo:
-Corrente eletrônicareal
-Correnteconvencional
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O caro leitor deve estar ficando confuso com
essa convenção. É normal, não se preocupe.
Portanto, para facilitar o nosso estudo, va-
mos, a partir deste ponto, considerar que as
cargas que se movem são positivas sem-
pre.
Então você se pergunta: isso não nos vai
causar prejuízo? Não! Fisicamente, podemos
utilizar esse raciocínio em todos os fenômenos,
exceto no efeito Hall, estudado no eletromagne-
tismo.
Exemplos:
Elétron
equivale a
Cl-
equivale a
Cl+
Pósitron
Intensidade de corrente elétrica
A intensidade média de corrente elétrica
através de uma determinada secção é a razão
entre o módulo da carga que atravessa e o in-
tervalo de tempo em que isso ocorre:
t
Qimédia
No Sistema Internacional, a medida da inten-
sidade de corrente é o ampére (A):
1A = 1 C/s
Caso a corrente elétrica tenha intensidade
variável, precisamos analisar o gráfico de como
ocorre essa variação.
Corrente constante:
i
tt t1 2
Q
Corrente variável:
i
tt t1 2
Q
Em ambos os casos a “área” sob a curva do
gráfico fornece o módulo do valor da carga que
atravessou uma secção transversal do condutor.
Tipos de corrente elétrica
Contínua: mantém a intensidade e o sentido
constantes.
i
t
Pulsante: mantém o sentido constante, mas
passa, em geral periodicamente, por máximos e
mínimos.
i
t
i
t
Alternada: inverte o sentido periodicamente.
i
t
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i
t
Você já deve ter ouvido que a rede elétrica
no Brasil é de 60 Hz. Isso significa que nossas
tomadas fornecem corrente alternada cujo perí-
odo de repetição do ciclo é de 1/60 segundos.
Continuidade da corrente elétrica
Num condutor, a intensidade de corrente elé-
trica é a mesma em qualquer secção, ainda que
ele tenha secção transversal variável:
i i12
i1 = i2
Da mesma forma, se houver uma bifurcação
no caminho da corrente, ela irá dividir-se, de tal
forma que o total permanece constante:
i1
i2
i
i = i1 + i2
Efeito Joule
Já vimos que, ao ligarmos um fio metálico
(de cobre, por exemplo) aos terminais de um
gerador, estabelece-se uma corrente elétrica,
devido ao surgimento de um campo elétrico ao
longo do condutor.
Por conta disso, há forças elétricas tentando
acelerar os elétrons livres no interior do condu-
tor, mas esses elétrons livres da corrente não
estão sozinhos, uma vez que os eles represen-
tam uma fração muito pequena do número total
de elétrons no átomo. Por isso, há colisões com
os átomos do metal e seus elétrons não-livres,
durante a jornada dos elétrons livres. Tal fato
implica a existência de uma força de resistência
ao movimento dos elétrons.
É como se o amor da sua vida estivesse mui-
to longe em um grande show e você tentasse
correr em direção a ele no meio da multidão.
Por conta das colisões, com os elétrons li-
vres, os átomos do metal apresentam um au-
mento de sua agitação, o que é traduzido na
elevação de temperatura do condutor.
Por conta de tudo isso, a velocidade dos elé-
trons livres é constante no fio condutor, o que
significa que a energia potencial elétrica é dissi-
pada, sendo transformada em calor. A esse fe-
nômeno dá-se o nome de efeito Joule.
Importante!
A velocidade dos elétrons no fio condutor é
da ordem de grandeza de 10-4 m/s, por conta
do efeito Joule. Tal fato pode causar estranheza
por vermos a lâmpada incandescente em nossas
casas acender quase que instantaneamente ao
acionarmos o interruptor. Isso ocorre porque,
apesar de a velocidade ser pequena, o campo
elétrico no interior do condutor estabelece-se
por todo o comprimento desse condutor quase
que instantaneamente ao ligarmos o interrup-
tor. Assim, todos os elétrons no fio põem-se em
movimento quase simultaneamente, acendendo
a lâmpada, mas todos com baixa velocidade.
Potência elétrica
iMaiorpotencial
Menorpotencial
+ -Sentido convencional
Ep = q VA A Ep = q VB B
Maiorenergia potencial
Menorenergia potencial
As cargas da corrente, ao atravessar uma
lâmpada, por exemplo, perdem energia poten-
cial elétrica, transformando-a em outras formas.
Se há consumo de energia com o tempo, es-
se consumo está relacionado a uma potência
dada por:
t
VVqPot
t
VqVq
t
EE
t
EPot
BA
BABA
)(
UiPot
Energia medida em kWh (quilowatt-hora)
Suponha que há um equipamento que con-
suma uma potência de 1kW e que fique funcio-
nando durante 1h. Dizemos que a energia con-
sumida por ele é dada por:
E = Pot . t = 1 kW 1h = 1kWh
Professor Douglas Gomes Física
18
No sistema internacional, 1 kW = 1000W e
1h=3600s. Assim, essa mesma energia é dada
por:
1kWh = 1000 W 3600 s = 3,6 . 106 J
Fusíveis
Fusíveis é um condutor, geralmente de esta-
nho ou de chumbo, que protege os circuitos
elétricos contra correntes excessivas.
Ele é projetado de forma a não permitir que
uma corrente acima de determinado valor per-
dure em um circuito.
A fusível comum funciona baseado no efeito
Joule. Na medida em que a corrente aumenta, o
valor da potência dissipada aumenta também,
permitindo uma elevação da temperatura do
fusível, provocando, em caso de corrente exces-
siva, a fusão do metal de que ele é feito, o que
cortaria a corrente no circuito.
Na figura acima, vêem-se dois fusíveis, um
bom e um queimado.
Representação esquemática de um fusível:
Atualmente é mais comum o uso de disjunto-
res, que abrem o circuito automaticamente,
quando a corrente ultrapassa um determinado
limite, podendo ser re-acionados.
Na figura acima, encontram-se um quadro de
disjuntores, cada um com a indicação em am-
pères da máxima corrente suportada.
Primeira Lei de Ohm
Imagine uma experiência em que tenhamos
um fio metálico submetido a uma diferença de
potencial U, estabelecendo-se nele uma corren-
te elétrica de intensidade i. Imaginemos, ainda,
que vamos refrigerar esse fio para dissipar o
calor produzido por efeito Joule, mantendo, as-
sim, a temperatura constante.
Analisando os valores obtidos, encontramos
que U e i são diretamente proporcionais. Isso
nós observamos porque a razão i
U é constante.
Ao marcarmos os dados em um diagrama, ve-
mos que a relação é representada por uma reta
que passa pela origem do gráfico:
U (V)
i (A)
A constante encontrada pela relação U/i é
chamada de Resistência elétrica e será simboli-
zada por R.
Os condutores para os quais essa razão é
constante, enquanto a temperatura é mantida
também constante, são chamados de conduto-
res Ôhmicos.
Tais observações são fruto do estudo realiza-
do por Georg Simon Ohm e a sua primeira lei é
assim anunciada:
Em um condutor ôhmico, mantido à tempe-
ratura constante, a intensidade da corrente elé-
trica é proporcional à diferença de potencial
aplicada entre seus terminais.
Ri
U iRU
A representação esquemática de resistência
elétrica é:
Ou
Professor Douglas Gomes Física
19
No sistema internacional, a unidade de medi-
da para resistência elétrica é o ohm, cujo sím-
bolo é V/A.
Os condutores cuja razão U/i não é constante
são chamados não-ôhmicos e o gráfico U x i,
também chamado de curva característica pode
ter qualquer formato. A expressão i
UR con-
tinuará válida para esses condutores, mas R
não será constante.
Se as graduações do eixo U e do eixo i forem
iguais, podemos usar o seguinte artifício:
U (V)
i (A)
tgR (numericamente)
U (V)
i (A)
R1
R2
Já nesse último caso, o condutor não é ôhmi-
co; portanto, 21 RR .
Observação! Condutância elétrica é o inver-
so da resistência elétrica: R
G1
, sendo medi-
da, no sistema internacional, em Siemens (S).
Condutor ideal
Vamos utilizar com freqüência o modelo do
condutor ideal, ou seja, aquele cuja resistência
elétrica é nula. Na realidade, há muitos casos
em eletrodinâmica, em que consideramos des-
prezível a resistência de um condutor. Quando
R = 0 U = R . i = R . 0 = 0.
U = 0
Interruptores
Interruptores elétricos são dispositivos por
meio dos quais abrimos ou fechamos um circui-
to elétrico. Note que só haverá corrente no cir-
cuito se as cargas puderem ir de um pólo ao
outro do gerador, através do condutor.
Resistor
Chamamos resistor todo elemento de circuito
cuja função exclusiva é transformar energia
elétrica em energia térmica. É o caso do fila-
mento de tungstênio nas lâmpadas incandes-
centes, das “espirais” dos chuveiros e dos seca-
dores de cabelo.
Assim, as cargas convencionadas, ao atra-
vessarem o resistor, perdem energia potencial
elétrica, transformando-a em energia térmica.
iMaiorpotencial
Menorpotencial
+ -Sentido convencional
Queda = R . i
Elevação = R . i
Potência dissipada em um resistor
Unindo as expressões
U = R.i e Pot = i. U, obtêm-se:
Pot = R . i²
Por = U²/R
Segunda Lei de Ohm
Ohm verificou também que a resistência elé-
trica dependia não apenas do material de que é
feito o condutor, mas também de sua geometria
e de suas dimensões, concluindo que:
Professor Douglas Gomes Física
20
L
A
LR
Sendo L o comprimento do condutor, A a
área de secção transversal e a resistividade
elétrica do material.
Assim, a resistência elétrica do condutor é di-
retamente proporcional ao seu comprimento e
inversamente proporcional à área de secção
transversal.
é medido em m.
Resistência elétrica e temperatura
A temperatura pode influenciar no valor da
resistividade de um condutor.
Nos metais puros, o aumento de temperatura
implica aumento na resistividade, porque os
elétrons não-livres estando mais agitados, au-
mentam a probabilidade de choques com os
elétrons livres.
O grafite, o silício e o germânio já apresen-
tam comportamento diferente. A resistividade
desses materiais diminui com o aumento de
temperatura porque essa elevação de tempera-
tura provoca a ruptura de algumas ligações
atômicas, deixando livres os elétrons associados
a essas ligações.
Note-se que há ligas metálicas cujas resisti-
vidades são praticamente constantes com a
temperatura.
Chamando a de coeficiente de temperatura
(podendo ele ser positivo, negativo ou nulo),
para pequenas variações de temperatura, pode-
se utilizar a seguinte expressão:
00 1
Aula 07
Associação de resistores
Resistência equivalente
Chamamos de resistor equivalente aquele
que, submetido à mesma d.d.p. da associação,
é percorrido pela mesma corrente da associa-
ção.
Dessa forma, pode-se dizer também que o
resistor equivalente é aquele cuja potência dis-
sipada é igual à soma das potências dissipadas
por todos os resistores da associação.
Associação em série
Dois ou mais resistores estão associados em
série quando são percorridos pela mesma cor-
rente elétrica.
-
R2R1 R3i
U
i = i1 = i2 = i3
U = U1 + U2 + U3
Portanto:
U = R1 i + R2 i + R3 i
-
REQi
U Mas, substituindo a associação pelo REQ,
U = REQ i
Logo:
REQ i = R1 i + R2 i + R3 i
REQ = R1 + R2 + R3
Portanto, ao associarmos resistores em série,
REQ será maior do que qualquer resistência da
associação.
Já que todos os resistores da associação se-
rão percorridos pela mesma corrente, podemos
analisar as potências através de Pot = R . i².
Assim, o resistor de maior resistência terá a
maior potência.
Associação em paralelo
Dois ou mais resistores estão associados em
paralelo quando estão submetidos à mesma
diferença de potencial.
Professor Douglas Gomes Física
21
-
R2
R3
i1 R1
i2
i3
i
U
U = U1 = U2 = U3
i = i1 + i2 + i3
Portanto:
3
3
2
2
1
1
R
U
R
U
R
Ui
321 R
U
R
U
R
Ui
-
REQi
U Mas, substituindo a associação pelo REQ,
EQR
Ui
Logo:
321 R
U
R
U
R
U
R
U
EQ
321
1111
RRRREQ
Associação mista
É possível haver associações em que há re-
sistores em série e resistores em paralelo. Du-
rante os exercícios, vamos aprender como lidar
com esses casos.
Professor Douglas Gomes Física
22
Reostato
Representação esquemática: ou
Professor Douglas Gomes Física
23
Curto-circuito
Imaginemos agora duas lâmpadas idênticas
ligadas em série e uma ddp de 110 V nos ter-
minais da associação, conforme ilustra a figura
abaixo.
Imagine agora o caso de ligarmos os pontos
A e B do circuito por um fio ideal sem resistên-
cia.
Com isso, a diferença de potencial entre os
pontos A e B tornar-se-ía nula, uma vez que
RFIO = 0.
00 FIOFIOFIOFIOAB RiRUU
Logo: VA = VB
Na análise do circuito, poderemos considerar
que o ponto A e o ponto B são coincidentes em
termos de potencial, permitindo-nos representar
apenas o ponto A conforme abaixo:
Medidas Elétricas
Amperímetro
Mede a intensidade da corrente elétrica e de-
ve ser ligado em série com o fio cuja corrente
se deseja aferir.
-
R2R1i
U
A
Para ser eficaz, deve apresentar resistência
elétrica desprezível, para não afetar a corrente
a ser medida. Portanto, o amperímetro ideal
apresenta resistência elétrica nula.
Como todo instrumento, o amperímetro real
tem suas limitações. O valor máximo de corren-
te que um determinado amperímetro é capaz de
medir é conhecido como corrente de fundo de
escala. Contudo, muitas vezes, para podermos
utilizar esse amperímetro para medir correntes
maiores que o seu fundo de escala, utilizamos
uma resistência de valor conhecido para desviar
parte da corrente total que se deseja medir, não
danificando o aparelho. Esse artifício é conheci-
do como shunt. Além disso, o uso do shunt di-
minui a resistência equivalente, por estar ligado
em paralelo, o que aproxima o amperímetro
real do ideal.
Voltímetro
Mede a ddp entre dois pontos do circuito e
deve ser ligado em paralelo, com seus terminais
conectados a esses pontos.
Para ser eficaz, deve apresentar resistência
elétrica infinitamente grande, a fim de não
“roubar” corrente do circuito. Um voltímetro
ideal tem resistência elétrica infinita, não sendo,
portanto, percorrido por corrente elétrica.
-
R2R1i
U
V
Ponte de Wheatstone
A ponte de Wheatstone é um circuito desti-
nado à medição de resistências elétricas consti-
tuído de um gerador, quatro resistores (3 co-
nhecidos e 1 desconhecido) e um galvanômetro.
Professor Douglas Gomes Física
24
G
R2
R1 R3
RX
i1
i2
i1
i2
A B
C
D
Dizemos que a ponte está em equilíbrio
quando as resistências conhecidas são ajusta-
das de tal forma que não passe corrente pelo
galvanômetro.
Quando isso acontece, VC = VD.
Logo: UAC = UAD R2i2 = R1i1
UCB = UDB RXi2 = R3i1
Dividindo uma expressão pela outra, encon-
tramos:
RX R1 = R2 R3
Assim, determinamos o valor de Rx
Ponte de Fio
G
R2
R1 R3
RX
i1
i2
i1
i2
A B
C
D
L1 L3
RX R1 = R2 R3
A
L R
A
L R 3
21
X
321X L R L R
Professor Douglas Gomes Física
25
Aula 08
Geradores e receptores –
aparelhos elétricos
Aparelho elétrico
Aparelho elétrico é todo dispositivo capaz de
transformar uma modalidade de energia em
energia elétrica ou vice-versa.
Os aparelhos elétricos podem ser classifica-
dos em geradores, ou fontes de forças eletro-
motrizes e receptores, estes últimos subdividi-
dos em ativos e passivos. Nessa unidade, trata-
remos pormenorizadamente dos geradores e
dos receptores.
Geradores
Os aparelhos elétricos que transformam uma
modalidade qualquer de energia em energia
elétrica são denominados geradores.
Devido a essa transformação, observa-se en-
tre os terminais dos geradores, uma diferença
de potencial (ddp). Portanto, se as extremida-
des de um fio condutor forem ligadas aos ter-
minais de um gerador, estabelece-se uma cor-
rente elétrica no fio.
Existem diversas modalidades de energia que
podem ser transformadas em elétrica. Em fun-
ção disso, para cada tipo de transformação,
podem ser encontrados geradores capazes de
efetuar essas mudanças.
Sabemos que as cargas elétricas constituin-
tes de uma corrente elétrica penetram no gera-
dor de corrente contínua pelo seu terminal ne-
gativo e saem pelo positivo, pois a função do
gerador é produzir a movimentação das cargas
elétricas, ao longo de um condutor ligado aos
seus terminais, dos pontos de maior potencial
(terminal positivo) aos pontos de menor poten-
cial (terminal negativo).
Durante a movimentação das cargas da cor-
rente no interior do gerador, elas recebem
energia elétrica proveniente da transformação
de energia química em elétrica, que ocorre de-
vido às reações químicas que se processam no
interior do gerador.
Por definição:
Força eletromotriz (fem), que simbolizamos
por é o trabalho realizado sobre a unidade de
carga durante o seu transporte do terminal ne-
gativo para o terminal positivo do gerador.
Portanto, se é o trabalho realizado sobre a
carga q no referido percurso, a fem é:
q
Note que o trabalho que comparece na de-
finição de fem representa o acréscimo de ener-
gia elétrica que a carga q da corrente sofre ao
atravessar o gerador.
Lembrando de como calculamos o trabalho
realizado pela força elétrica:
qUUq ABAB
, então:
A fem representa o acréscimo de potencial
elétrico que sofrem as cargas constituintes da
corrente ao atravessarem o gerador ideal.
Queda =
Elevação =
+i
Menorpotencial
Maiorpotencial
+-
Menorenergia potencial
Maiorenergia potencial
i
Geradores Reais
Na realidade, um gerador, ao ser percorrido
por corrente elétrica, apresenta em seus com-
ponentes (os condutores de que ele é feito), o
efeito Joule. Portanto, dizemos que todo gera-
dor real, apresenta dissipação de energia por
efeito Joule, apresentando, assim, uma resis-
tência interna (r).
Por isso, a ddp nos terminais do gerador U é
dada pelo acréscimo (elevação) de potencial
fornecido pela eletromotriz menos o decréscimo
(queda) de potencial na resistência interna: r i.
+i
Menorpotencial
Maiorpotencial
+-
Menorenergia potencial
Maiorenergia potencial
r
U = r i
Energia no Gerador
Potência gerada (total)
iPotG
Potência dissipada (na resistência interna) 2irPotD
Potência fornecida do circuito (útil)
Professor Douglas Gomes Física
26
)(
2
iriPot
iriPot
PotPotPot
F
F
DGF
UiPotF
Rendimento
U
i
iU
Pot
Pot
total
útil
G
F
Gerador real em circuito aberto
Quando um gerador real encontra-se em cir-
cuito aberto, ele não é percorrido por corrente
(i=0). Sendo assim, a ddp em seus terminais
será igual a:
U
+
r
U =
Portanto, não há energia gerada (PotG=i),
dissipada ou fornecida.
Gerador real em curto circuito
Um gerador é colocado em curto-circuito
quando seus terminais são ligados por um fio de
resistência desprezível.
+
r
U = 0
iCC
A ddp entre os terminais de um gerador em
curto-circuito é nula e a intensidade da corrente
que o percorre é máxima dada por:
CCirriU 0
riCC
A potência útil de um gerador em curto-
circuito é nula, consequentemente, a potencia
por ele fornecida, que é dada por
rriPotF
2
, é totalmente dissipada na
sua resistência interna, o que acaba por dete-
riorá-lo.
Curva característica do gerador real
riU
U
i
iCC
U
i
PotF
2iriPotF
iiCC
PotF
iCC/2
2/4r
Diferença de potencial (ddp)
A ddp entre dois pontos é definida por
BAAB VVU
Se VA > VB, temos uma queda de potencial
de A para B e UAB>0.
Se VA < VB, temos uma elevação de potencial
de A para e UAB<0.
Generalizando, podemos dizer que, ao anali-
sarmos os potenciais no circuito de A para B:
ElevaçõesQuedasU AB
Se, em um circuito, partirmos de um ponto e
após o nosso percurso, chegarmos a esse ponto
novamente, U = 0, logo:
Quedas = Elevações
Circuito simples
No circuito simples (gerador-resistor)
Professor Douglas Gomes Física
27
+
r i
R i
A
Partindo do ponto A e retornando a ele:
Quedas = Elevações
R i + r i =
rRi
Associação de geradores
Gerador equivalente de uma associação de
geradores é aquele cuja potência gerada é o
somatório das potências geradas por cada ele-
mento da associação e cuja potência dissipada é
o somatório das potências dissipadas pelas re-
sistências internas, quando percorrido pela
mesma corrente da associação.
Gerador equivalente de uma associação de
geradores é o gerador que, ao manter, a mes-
ma ddp da associação, fica percorrido por cor-
rente de mesma intensidade que a da associa-
ção.
Série
r1iASS
r2
r3
PotF1 = iass (1 – r1 iass)
PotF2 = iass (2 – r2 iass)
PotF3 = iass (3 – r3 iass)
PotFeq = PotF1 + PotF2 + PotF3
PotFeq = iass (1 – r1 iass) + iass (2 – r2 iass) +
+ iass (3 – r3 iass)
PotFeq = iass (1 +2 +3) + (r1+ r2 + r3) i2ASS
Logo:
eq
rreq
Paralelo
Na associação em paralelo, vamos estudar
apenas o caso em que os “n” geradores são
idênticos. Quando forem diferentes, será neces-
sário utilizar a lei das malhas.
iASS
r
r
r
iASS/n
iASS/n
iASS/n
PotF1 = (iass/n) ( – r iass/n)
PotF2 = (iass/n) ( – r iass/n)
PotF3 = (iass/n) ( – r iass/n)
PotFeq = PotF1 + PotF2 + PotF3
PotFeq = n (iass/n) ( – r iass/n)
PotFeq = iass(r/n) i
Logo
eq
n
rreq
Receptores
Os receptores são aparelhos elétricos capa-
zes de transformar energia elétrica em outra
modalidade qualquer de energia. A classificação
em passivo ou ativo é feita da seguinte manei-
ra:
Passivo: quando o receptor é passivo, trans-
forma energia elétrica apenas em energia tér-
mica. Exemplos: resistores, chuveiros elétricos,
aquecedores elétricos, lâmpadas elétricas, fios
condutores de corrente.
Ativo: quando o receptor é ativo, transforma
energia elétrica em outra modalidade de ener-
gia além da térmica. Exemplos: Baterias en-
quanto estão sendo carregadas, motores elétri-
cos. Eles são geralmente polarizados, ou seja,
apresentam um pólo positivo e outro negativo.
Força contra-eletromotriz
Força contra-eletromotriz (fcem), que simbo-
lizamos por ’ é a energia elétrica cedida pela
unidade de carga da corrente ao receptor, para
ser transformada em outra modalidade de
energia que não a térmica.
q
'
A fcem representa o decréscimo de potencial
elétrico das cargas da corrente ao atravessarem
o receptor ideal (receptor que não produz ca-
lor).
Professor Douglas Gomes Física
28
Queda = '
Elevação = '
i
'Maiorpotencial
Menorpotencial
+
Maiorenergia potencial
Menorenergia potencial
i-
No caso do receptor real, a fcem representa
apenas uma parcela do decréscimo total de po-
tencial das cargas da corrente, sendo comple-
mentada pelo decréscimo devido à resistência
interna do receptor.
'
r'-i
pilha sendo carregada
Note-se que as baterias comportam-se como
receptores enquanto estão sendo carregadas e
como geradores enquanto estão alimentando
um circuito, bastando, para isso, inverter a po-
laridade (ou o sentido da corrente). Acrescente-
se ainda que, nesse caso, =’.
No caso do receptor real, há dois decrésci-
mos de potencial: um por conta da fcem e outro
devido ao efeito Joule na resistência interna.
Portanto, a ddp nos terminais de um receptor é
dada por:
irU '''
Energia no Receptor
Potência consumida (representa toda a ener-
gia consumida pelo receptor)
Pot’C = i U’
Potência útil (representa a potência associa-
da à fcem)
Pot’U = i ’
Potência dissipada (representa a energia dis-
sipada por efeito Joule na resistência interna)
Pot’D = r’ i²
Rendimento
'
'
'
''
UUi
i
Pot
Pot
C
U
Aula 09
Capacitores
Capacitor
Capacitor é o conjunto de dois condutores
separados por um isolante e por uma pequena
distância, relativamente a suas dimensões. É
usado para obter altas capacitâncias com di-
mensões menores do que aquelas que necessi-
tamos caso utilizássemos um único condutor.
Os condutores constituintes do capacitor são
chamados armaduras.
Símbolo:
Professor Douglas Gomes Física
29
Consideremos um capacitor de placas planas
e paralelas inicialmente neutro. A partir de um
dado instante, ligamos cada terminal da pilha a
uma das placas do capacitor por meio de fios
condutores ideais. Uma vez efetivada a ligação,
inicia-se o processo de eletrização do capacitor.
As cargas negativas movimentam-se dos
pontos de menor para maior potencial. Assim,
os elétrons livres da placa do capacitor ligada ao
terminal positivo da pilha emigrarão da placa
para este terminal e, passando pelo interior da
pilha, irão se depositar na outra placa do capa-
citor.
No início, quando as placas estão neutras, a
ddp entre os terminais das placas é nula, mas,
à medida que vai ocorrendo o transporte de
elétrons, a ddp deixa de ser nula. O processo
somente termina quando a ddp entre as placas
se iguala à fem da bateria, deixando assim de
haver corrente.
Representação simbólica do capacitor carre-
gado com carga Q:
Capacitância
Capacitância de um capacitor é a sua capaci-
dade de suportar cargas elétricas, a qual é me-
dida pela razão entre a carga Q da placa positi-
va e a ddp U entre elas:
U
QC
Unidade: C/V = F (Farad)
Note-se que a capacitância do capacitor de-
pende apenas de seu formato, dimensões e
material, sendo, portanto, uma constante.
Professor Douglas Gomes Física
30
Por isso, dizemos que a carga é proporcional
à ddp.
Energia no capacitor
A energia potencial eletrostática do capacitor
(EP) é a soma das energias potenciais calculadas
em suas armaduras:
EP = EPA + EPB
2
)(2
2
)(
2
)(
QUE
VVQ
E
VQVQE
P
BAP
BAP
Lembrando que:
C
QE
C
QU
UCEUCQ
P
P
2
22
2
Capacitor Plano
A capacitância C de um capacitor de placas
planas e paralelas de área útil A, separadas pela
distância d e que tem um isolante de separação
de permissividade absoluta é dada por:
d
AC
Acrescente-se que Faraday foi o primeiro físi-
co que estudou a influência do dielétrico na ca-
pacitância do capacitor, constatando que:
A capacitância de um capacitor aumenta
quando se introduz um material dielétrico entre
suas armaduras, devido ao alinhamento das
moléculas polarizadas.
Chamamos permissividade relativa ou cons-
tante dielétrica a razão entre a permissividade
do material dielétrico e a permissividade do vá-
cuo:
0
R
É fato que a introdução do dielétrico aumen-
tará a capacitância. Contudo, todo material die-
létrico pode sofrer ionização quando submetido
a um campo elétrico muito intenso, acarretando
condução de corrente elétrica, danificando o
circuito.
Chamamos de rigidez dielétrica o máximo
valor de campo elétrico que um dielétrico pode
suportar sem ionizar-se.
Professor Douglas Gomes Física
31
Meio Constante
dielétrica (r)
Rigidez dielé-
trica (106V/m)
Vácuo 1,00000 -
Ar 1,00054 3
Papel 3,5 14
Vidro pirex 4,5 13
Mica 5,4 160
Porcelana 6 4
Poliestireno 2,6 25
Dióxido de
titânio
100 6
Titanato de
estrôncio
332 8
Associação de capacitores
Série
Todos os capacitores adquirem a mesma car-
ga:
Q1 = Q2 = Q3 = QASS = Q
UASS = U1 + U2 + U3
QCCC
U
C
Q
C
Q
C
QU
ASS
ASS
321
321
111
ASSUCCC
Q
1
321
111
Logo
321
1111
CCCCEQ
Portanto, a Capacitância equivalente da as-
sociação em série é menor do que a capacitân-
cia de qualquer um dos capacitores associados.
Paralelo
Todos os capacitores estarão sujeitos à
mesma ddp:
U1 = U2 = U3 = UASS
QASS = Q1 + Q2 + Q3
ASSASS
ASSASSASSASS
UCCCQ
UCUCUCQ
321
321
Logo:
EQC 321 CCC
Portanto, a capacitância equivalente da asso-
ciação em paralelo é maior do que a capacitân-
cia de qualquer um dos capacitores associados.
Aula 10
Campo Magnético
Introdução
Desde a mais tenra infância, estamos acos-
tumados a conviver com umas pedrinhas que
atraem ferro e outros materiais semelhantes.
Essas pedras são chamadas de ímãs e os fenô-
menos relacionados a elas são estudados pelo
magnetismo.
Essas pedras contêm Tetróxido de triferro
(Fe3O4), a magnetita, que é um ímã natural. É
possível, através de processos de imantação,
obter ímãs artificiais.
Fenômenos Magnéticos
1. Ao colocarmos um ímã em local onde
haja limalha de ferro, estes aderem
àquele predominantemente em duas
determinadas regiões: os pólos magné-
ticos.
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2. Suspendendo-se um ímã, de forma que
ele possa girar livremente, ele assume,
aproximadamente, a direção norte-sul
geográfica local. Chamamos de pólo
norte do ímã aquele que fica voltado
para o norte geográfico, e de pólo sul
do ímã aquele que fica voltado para o
sul geográfico.
3. Os ímãs interagem repelindo-se ou
atraindo-se, verificando-se que: pólos
de mesmo nome repelem-se e pólos de
nomes diferentes se atraem.
4. Os pólos de um ímã são inseparáveis,
ou seja, mesmo dividindo um ímã ao
meio, os novos pedaços terão dois pó-
los: um norte e um sul.
5. Em 1820, Oersted verificou que a pas-
sagem de corrente elétrica por um fio
condutor também produz efeitos mag-
néticos. Portanto, correntes elétricas
são capazes de produzir campo magné-
tico.
Campo Magnético
Chama-se campo magnético a região do es-
paço modificada pela presença de um ímã ou de
uma corrente elétrica que percorre um condutor
ou de um corpo eletrizado em movimento.
Em outras palavras, Campo magnético é a
propriedade adquirida pelo espaço devido à pre-
sença de um condutor percorrido por corrente
ou de um ímã (no qual há movimentos particu-
lares descritos pelos elétrons).
O campo magnético é definido por um vetor:
o vetor campo magnético ou vetor indução
magnética.
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No sistema internacional, a unidade utilizada
é o Tesla (Símbolo T).
Chamaremos de Linha de indução toda linha
que, em cada ponto, é tangente ao vetor Cam-
po magnético B
e orientada no sentido desse
vetor.
Se limalha de ferro for colocada sob a ação
do campo, cada fragmento funciona como uma
minúscula agulha magnética, orientando-se na
direção desse campo e desenhando as linhas de
indução.
Uma agulha magnética é um elemento de
prova de um campo em um ponto.
Campo Magnético dos Ímãs
Convenciona-se que as linhas de indução sa-
em do pólo norte e chegam ao pólo sul.
Quando se utiliza um ímã em forma de ferra-
dura, as linhas de indução apresentam-se apro-
ximadamente com a mesma direção, igualmen-
te espaçadas e orientadas.
Campo Magnético das Correntes Elétricas
Já vimos que cargas elétricas em movimento,
ou seja, correntes elétricas, criam um campo
magnético na região do espaço que as circunda,
sendo, portanto, fontes de campo magnético.
O fator 0 que aparecerá nas equações cor-
responde à permeabilidade magnética do vácuo,
sendo uma constante universal.
A
mT 7
0 104
Lei de Biot-Savart
2
0
4 r
senLiB
Campo em um condutor reto e longo
d
iB
20
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Campo no centro de uma espira circular
R
iB
20
Bobina chata
R
iNB
20
Solenóide
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L
NiB 0
Origem das propriedades magnéticas dos materiais
É fato que o campo magnético de um átomo
é gerado pelo movimento orbital de seus elé-
trons e, principalmente, pelo spin dos elétrons
de orbitais incompletos.
Materiais ferromagnéticos
São denominados materiais ferromagnéticos
aqueles que se imantam consideravelmente
quando submetidos a um campo magnético.
Além disso, esses materiais são fortemente
atraídos pelos ímãs.
São ferromagnéticos o ferro, o níquel e o co-
balto e algumas ligas metálicas.
Devido à distribuição eletrônica do átomo de
ferro, há forças interatômicas que obrigam es-
ses átomos a se disporem de modo que seus
campos magnéticos fiquem paralelos e concor-
dantes, formando os domínios magnéticos.
Quando aproximamos um ímã de um materi-
al ferromagnético, os domínios magnéticos em
concordância com o campo externo tendem a
crescer, tornando o material imantado.
Retirando o campo externo, as fronteiras dos
domínios não voltam exatamente às posições
originais, persistindo, assim, uma imantação
residual. A retenção de campo magnético é de-
nominada histerese magnética.
Esses domínios conseguem ser mantidos,
apesar da agitação térmica, desde que não ul-
trapasse o limite do ponto de Curie do materi-
al, o qual representa a temperatura limite que
provoca a desagregação dos domínios magnéti-
cos.
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Outro fator que pode prejudicar a performan-
ce de um ímã é são os choques mecânicos.
Aula 12
Indução magnética
Força eletromotriz induzida
Considere um condutor reto, de comprimento
L, movendo-se com velocidade v
, em um cam-
po B
uniforme, originado, por exemplo, por um
ímã.
Como os elétrons acompanham o movimento
do condutor, eles ficam sujeitos à força magné-
tica mF
. Elétrons livres deslocam-se para a ex-
tremidade inferior do condutor da figura, fican-
do a outra extremidade eletrizada com cargas
positivas. As cargas dos extremos originam um
campo elétrico E
e os elétrons ficam sujeitos a
uma força elétrica eF
, de sentido contrário à
magnética.
A separação de cargas no condutor ocorrerá
até que essas forças se equilibrem. Como no
interior do condutor o campo elétrico é nulo,
tem-se uma ddp entre seus terminais.
Lembrando que:
dEU e EqFe , então, d
UqFe
Do magnetismo:
BvqFm
Se Fm = Fe, então:
dvBU
d
UqsenBvq
º90
Essa diferença de potencial, pode ser usada
para gerar uma corrente, caso façamos a liga-
ção entre os terminais da barra. Por isso, vamos
associar essa ddp a uma forma eletromotriz:
LvBind
Devido à existência de corrente ao longo do
fio, passa a atuar uma força magnética '
mF
no
sentido de frear a barra. Para que ela continue
o movimento, é necessário haver uma força
externa extF
para equilibrar o movimento, man-
tendo a velocidade constante.
Note-se que a energia elétrica é gerada pelo
trabalho realizado por um agente externo.
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Fluxo Magnético
Analisando os experimentos anteriores, Fara-
day verificou que somente haverá fem induzida
numa espira imersa num campo magnético, se
ocorrer variação do número de linhas de indu-
ção que atravessam a superfície da espira.
Faraday então associou a idéia da quantidade
de linhas de campo que atravessam a espira a
uma nova grandeza, o fluxo magnético.
Definição:
cos ABm
Unidade: T m² = Wb (Weber)
Lei de Faraday
Toda vez que o fluxo magnético de um circui-
to varia, surge, nesse circuito, uma fem induzi-
da dada por:
t
m
tind
0lim
Lei de Lenz
O sentido da corrente induzida é tal que, por
seus efeitos, opõe-se à causa que lhe deu ori-
gem.
Assim, o sentido da corrente induzida é tal
que origina um fluxo magnético induzido que se
opõe à variação do fluxo magnético denominado
indutor.
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