elementos_de_matematica

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ UNIVERSIDADE ABERTA DO PIAUÍ Programa de Educação a Distância FIGURA (se for o caso) ELEMENTOS DE MATEMÁTICA I João Xavier da Cruz Neto

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Page 1: Elementos_de_Matematica

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ UNIVERSIDADE ABERTA DO PIAUÍ Programa de Educação a Distância

FIGURA (se for o caso)

ELEMENTOS DE MATEMÁTICA I

João Xavier da Cruz Neto

Page 2: Elementos_de_Matematica

Copyright © 2007. Todos os direitos desta edição estão reservados à Universidade Federal do Piauí (UFPI). Nenhuma

parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros,

sem a prévia autorização, por escrito, do autor.

Catalogação na publicação por:

B726c DACRUZNETO, João Elementos de Matemática I / João Xavier da Cruz Neto – Teresina: UFPI/UAPI 2007. ?p. Inclui bibliografia

1 - Matrizes. 2 - Determinantes. 3 – Sistemas Lineares. 4 - Trigonometria. 5- Números Complexos. I. Universidade Federal do Piauí/Universidade Aberta do Piauí. II. Título.

CDU: 32

Page 3: Elementos_de_Matematica

PRESIDENTE DA REPÚBLICA Luiz Inácio Lula da Silva

MINISTRO DA EDUCAÇÃO

Fernando Haddad

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ REITOR

Luiz de Sousa Santos Júnior

SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DO MEC Carlos Eduardo Bielschowsky

DIRETOR DE POLITICAS PUBLICAS PARA EAD Hélio Chaves

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL COORDENADORA GERAL

Celso Costa

CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA A DISTÂNCIA DA UFPI Coordenador Geral de EaD na UFPI

Gildásio Guedes Fernandes

CENTRO DE CIENCIAS DA NATUREZA DIRETOR

Helder Nunes da Cunhao

COORDENADOR DO CURSO de Licenciatura em Matemática na Modaliade de EaD João Benício de Melo Neto

DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA

CHEFE DO DEPARTAMENTO Jurandir de Oliveira Lopes

EQUIPE DE APOIO

Renan

Maurício

Lino(CT)

Aluno (CT)

Cleidinalva Oliveira

Page 4: Elementos_de_Matematica

Apresentação

Este texto é destinado aos estudantes aprendizes que participam do

programa de Educação a Distância da Universidade Aberta do Piauí

(UAPI) vinculada ao consórcio formado pela Universidade Federal do

Piauí (UFPI) Universidade Estadual do Piauí (UESPI), Centro Federal

de Ensino Tecnológico do Piauí (CEFET-PI), com apoio do Governo do

estado do Piauí, através da Secretaria de Educação.

O texto é composto de cinco unidades, contendo itens e subitens, que

discorrem sobre: Matrizes, Determinantes, Sistemas Lineares,

Trigonometria e Números Complexos. Na Unidade 1, apresentamos conceito de matriz e como podemos

organizar dados sem perda de simplicidade. Conhecemos vários tipos

importantes delas, suas características e suas particularidades. No seu

conjunto, aprenderemos as operações de adição, de multiplicação e

suas propriedades principais.

Na Unidade 2, apresentamos como associar uma matriz quadrada a

um número real. A essa associação damos o nome de determinante.

Aprenderemos como calcular o determinante de matrizes (quadradas)

de qualquer ordem, através dos métodos de Laplace, Chió, Sarrus e

outros. Estabeleceremos uma condição necessária e suficiente para

determinar se uma dada matriz admite inversa. Vários conceitos

importantes, como o de cofator, matriz adjunta, polinômio característico,

e outros são apresentados.

Na Unidade 3, aprendemos a resolver sistemas de equações lineares.

Começamos com os casos 2×2 e 3×3 aprendemos métodos para

Page 5: Elementos_de_Matematica

resolvê-los e discuti-los. Vimos as suas interpretações geométricas a

relação desta com a classificação deles. Após aprendermos os casos

mais usuais e triviais, vimos uma rápida exposição sobre sistemas

lineares do tipo n × n. Como prosseguimento do que tíınhamos já visto,

revimos os métodos para a sua solução e discussão.

Na Unidade 4, apresentamos os seis elementos de um triângulo e

como determiná-los a partir do conhecimento de três deles

(conhecendo pelo menos a medida de um dos lados). Usamos as

relações em triângulo para definir as funções trigonométricas.

Aplicamos as Leis do Seno e Cosseno para determinar a distância entre

dois pontos inacessíveis. Estabelecemos algumas medidas em locais

presentes em Teresina.

Na Unidade 5, apresentamos o corpo dos números complexos.

Usamos a representação trigonométrica de um número complexo para

estabelecer a fórmula de De Moivre. Finalizamos com o cálculo das

raízes da unidade.

ÍNDICE

UNIDADE 1. Matrizes

1.1 Introdução

1.2 Conceito de matriz .

1.3 Alguns tipos de matrizes importantes

1.4 Operações com matrizes

1.4.1 Multiplicação por escalar

1.4.2 Adição de matrizes

1.4.3 Multiplicação de matrizes

1.4.4 Propriedades da multiplicação de matrizes

1.5 A transposta de uma matriz

Page 6: Elementos_de_Matematica

1.5.1 Propriedades da transposta de uma matriz

1.6 O traço de uma matriz

1.6.1 Propriedades do traço de uma matriz

1.7 A inversa de uma matriz

1.7.1 Propriedades da inversa de uma matriz

1.8 Escalonamento de uma matriz

1.9 Saiba mais

1.10 Exercícios

1.11 Respostas

1.12 Referência Bibliográfica

UNIDADE 2. Determinantes 2.1 Introdução

2.2 Determinante de uma matriz de ordem 2 × 2

2.3 Determinante de uma matriz de ordem 3 × 3

2.4 Propriedades dos determinantes

2.5 Determinantes de matrizes de ordem arbitrária

2.5.1 Teorema de Laplace

2.5.2 Regra de Chió

2.6 Matriz Adjunta

2.7 Polinômio característico

2.8 Saiba mais

2.9 Exercícios

2.10 Respostas

2.11 Referência Bibliográfica

UNIDADE 3. Sistemas Lineares

3.1 Introdução

3.2 Sistemas lineares com duas incógnitas

Page 7: Elementos_de_Matematica

3.2.1 Solução de um sistema linear

3.2.2 Resolução de um sistema linear 2 × 2

3.2.3 Regra de Cramer

3.2.4 Discussão de um sistema linear 2 × 2

3.2.5 Interpretação geométrica

3.3 Sistemas lineares com três incógnitas

3.3.1 Resolução de um sistema linear 3 × 3

3.3.2 Regra de Cramer

3.3.3 Discussão de um sistema linear 3 × 3

3.3.4 Interpretação geométrica

3.4 Sistemas lineares com n incógnitas

3.4.1 Resolução de um sistema linear n × n

3.4.2 Discussão de um sistema linear n × n

3.5 Saiba mais

3.6 Exercícios

3.7 Respostas

3.8 Referência bibliográfica

UNIDADE 4. Trigonometria

4.1. Introdução

4.2 Trigonometria no triângulo retângulo

4.2.1 Relações métricas no triângulo retângulo

4.2.2 Cálculo do seno de alguns ângulos sem a ajuda de calculadora

4.3 Lei dos senos e dos Cossenos

4.3.1 Lei dos senos

4.3.2 Lei dos cossenos

4.4 Funções trigonométricas

4.5 As fórmulas de adição

4.6 Saiba mais

Page 8: Elementos_de_Matematica

4.7 Exercícios

4.8 Respostas

4.9 Referência Bibliográfica

UNIDADE 5. Números Complexos

5.1 Introdução

5.1 O corpo dos números complexos

5.1.1 Adição de números complexos

5.1.2 Representação geométrica de um número complexo

5.1.3 Multiplicação de números complexos

5.2 Forma trigonométrica de um número complexo

5.3 Fórmula de De Moivre

5.4 Raízes da unidade

5.5 Saiba mais

5.6 Exercícios

5.7 Respostas

5.8 Referência bibliográfica

Page 9: Elementos_de_Matematica

Unidade 1

Matrizes

Page 10: Elementos_de_Matematica

Resumo

Apresentamos conceito de matriz e como podemos organizar

dados sem perda de simplicidade. Conhecemos vários tipos

importantes delas, suas características e suas particularidades. No seu

conjunto, aprenderemos as operações de adição, de multiplicação e

suas propriedades principais.

Esperamos que o leitor passe a ver matrizes como algo familiar e

que passe a trabalhar com elas mais confiante. Incentivamos a procura

de livros mais avançados para o aprofundamento de conteúdo.

Page 11: Elementos_de_Matematica

ÍNDICE

UNIDADE 1. Matrizes 1.1 Introdução

1.2 Conceito de matriz .

1.3 Alguns tipos de matrizes importantes

1.4 Operações com matrizes

1.4.1 Multiplicação por escalar

1.4.2 Adição de matrizes

1.4.3 Multiplicação de matrizes

1.4.4 Propriedades da multiplicação de matrizes

1.5 A transposta de uma matriz

1.5.1 Propriedades da transposta de uma matriz

1.6 O traço de uma matriz

1.6.1 Propriedades do traço de uma matriz

1.7 A inversa de uma matriz

1.7.1 Propriedades da inversa de uma matriz

1.8 Escalonamento de uma matriz

1.9 Saiba mais

1.10 Exercícios

1.11 Respostas

1.12 Referência Bibliográfica

Page 12: Elementos_de_Matematica

Unidade 1

MATRIZES

1.1 INTRODUCAO

Comecaremos esta unidade ilustrando a importancia do uso de

matrizes na resolucao de problemas de nosso dia-a-dia. Vejamos os:

Problema 1. Certa empresa composta de tres lojas, numeradas

de 01 a 03, tem o seguinte relatorio de faturamento para cada uma

nos tres primeiros dias de marco:

LOJA 01: R$ 1950,00; R$ 1840,00; R$ 3000,00

LOJA 02: R$ 1172,53; R$ 1235,00; R$ 2000,00

LOJA 03: R$ 2830,00; R$ 2789,00; R$ 1234,67.

1. Qual o faturamento da loja 01 no segundo dia?

2. Qual o faturamento das lojas 01 e 02 no terceiro dia?

3. Qual o faturamento total no primeiro dia?

Problema 2. Certo corretor de imoveis pos a venda seus aparta-

mentos em Teresina. Ele possuıa, em alguns predios, mais de um

apartamento. Ao colocar o anuncio das vendas num jornal, ele rece-

beu oferta de tres empresas do ramo de locacao de imoveis. Para

analisar melhor as propostas, o corretor montou as seguintes tabelas:

12

Page 13: Elementos_de_Matematica

Tipo I Tipo II Tipo III Tipo IV Tipo V

Empresa 01 180.000 240.000 257.000 125.000 334.000

Empresa 02 195.000 228.000 226.000 132.000 321.000

Empresa 03 179.900 217.000 249.000 146.000 330.000

Apartamento Quantidade disponıvel

Tipo I 3

Tipo II 2

Tipo III 1

Tipo IV 3

Tipo V 1

.

a) A primeira tabela diz que a empresa 01 esta oferecendo R$

180.000,00 por um apartamento do tipo I, que a empresa 02 esta ofer-

ecendo R$ 226.000,00 por um apartamento do tipo III, etc.

b) A segunda tabela diz que existem tres apartamentos do tipo I

disponıveis, um do tipo III, etc.

Se o corretor decidir fazer uma venda casada, isto e, vender todos

os apartamentos para uma so empresa, para qual empresa ele deve

vender?

Se no problema 1 a quantidade de lojas fosse muito grande, ficaria

mais difıcil a visualizacao dos dados apresentados. Imagine o trabalho

que terıamos se, ao inves de tres, o numero de lojas fosse igual a mil.

Caso fossem organizados em tabelas, o entendimento do problema

ficaria mais acessıvel. Assim surge a necessidade de se trabalhar

com matrizes, quando temos que armazenar muitos dados sem abrir

mao da clareza. Vejamos como ficaria o problema 01 organizado em

forma de tabela:

13

Page 14: Elementos_de_Matematica

LOJA 1◦ Dia 2◦ Dia 2◦ Dia

01 1950,00 1840,00 3000,00

02 1172,53 1235,00 2000,00

03 2830,00 2789,00 1234,67

.

Algumas caracterısticas das tabelas acima sao bem claras, como

a quantidade de linhas e de colunas, por exemplo. E facil ver que o

faturamento de uma dada loja num certo dia e dado pelo cruzamento

da linha referente a loja pela coluna referente ao dia. A associacao

entre linhas e colunas e de facil aprendizado.

1.2 CONCEITO DE MATRIZ

O conceito de matriz remonta ao seculo XIX, mas a ideia de ma-

triz remonta a antiguidade. Ha hipoteses de que na China Antiga os

matematicos chineses da epoca ja esbocavam desenhos de matrizes,

quando resolviam problemas relacionados a sistemas lineares.

Mais

informacoes

sobre a origem

do termo ma-

triz podem ser

encontradas

na Revista

numero 21, em

www.rpm.org.br.

Definicao 1.2.1. Dados os numeros naturais m e n, chamamos ma-

triz do tipo m × n (lemos m por n) toda tabela A composta de m.n

elementos dispostos em m linhas e n colunas. Podemos representar

tal tabela com parenteses ( ), colchetes [ ], ou barras duplas ‖ ‖.

Aqui e em todo o resto deste livro, os elementos tratados sempre

serao numeros reais. Mas a definicao de matriz nao se restringe ape-

nas a tabelas compostas de numeros reais. Podemos ter matrizes

com numeros complexos, e com outros tipos de elementos.

Costumamos designar uma matriz generica A do tipo m × n por

A = (aij)m×n, onde cada aij e o elemento da i-esima linha e j-esima

14

Page 15: Elementos_de_Matematica

coluna, onde 1 ≤ i ≤ m e 1 ≤ j ≤ n. A matriz pode ser escrita

(desenhada) assim:

A =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝

a11 a12 . . . a1n

a21 a22 . . . a2n

......

. . ....

am1 am2 . . . amn

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠m×n

.

O leitor deve construir varias matrizes para se familiarizar com esse

novo conceito. Deve, tambem, colocar os dados dos problemas 1 e 2

da secao anterior em formato de matriz. Vejamos alguns exemplos de

matrizes:

1. A =

⎛⎝ 1 2 3 4

2 0 0 −19

⎞⎠ e uma matriz 2x4.

2. B =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝

1 0 0 0 0 0 0 0 0 0

0 1 0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 1 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 1 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 1 0 0 0 0 0

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠e uma matriz 5x10.

3. C =

⎛⎜⎜⎜⎜⎝1 −√2

−1

2

√3

5

⎞⎟⎟⎟⎟⎠ e uma matriz 2x2.

15

Page 16: Elementos_de_Matematica

4. D =

⎡⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎣

−5√

91

23−1

22

20 −10

0 0 0

⎤⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎦e uma matriz 3x3.

5. M =

∥∥∥∥∥∥∥∥∥∥∥∥∥∥∥

1 2 77 −12

−18 0 −51 0

−17 2 26 −12

∥∥∥∥∥∥∥∥∥∥∥∥∥∥∥e uma matriz 3x4.

Neste livro usaremos parenteses ( ) para designarmos as ma-

trizes daqui em diante. Mas o leitor deve encontrar em outros livros

matrizes designadas por colchetes [ ] ou por barras duplas || ||.

1.3 ALGUNS TIPOS DE MATRIZES IMPOR-

TANTES

O leitor atento ja deve ter deduzido que existem infinitos exemplos

de matrizes, de varios tipos e formas. Alguns desses tipos ocorrem

em problemas de Matematica com uma enorme frequencia, devendo

entao ser estudados com mais afinco. A Algebra Linear e a parte

da Matematica que estuda as propriedades das matrizes com mais

profundidade.

O leitor nao deve

preocupar-se

com os termos

em negrito que

aparecem neste

paragrafo. Serao

abordados em

disciplinas do

curso.

Nela, aprendemos a associar uma matriz a uma transformacao

linear e podemos entao estudar o comportamento da transformacao

analisando a matriz e vice-versa. No estudo de funcoes de varias

variaveis, aprenderemos que dada uma funcao diferenciavel f :

U ⊂ Rm −→ Rn definida num conjunto aberto U ⊂ Rm, a sua

derivada num ponto a ∈ U pode ser vista como uma matriz, chamada

de matriz jacobiana.

16

Page 17: Elementos_de_Matematica

Devemos nos acostumar com os tipos mais importantes de matrizes,

de forma que eles se tornem familiares daqui em diante.Como nao

poderıamos citar todos os tipos, citaremos apenas alguns:

1. (Matriz linha e matriz coluna) Dizemos que uma matriz A =

(aij)m×n e uma matriz linha quando m = 1. Ela e dita matriz col-

una quando n = 1. Exemplos:

J =(

1 5 8)

e B =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝2

3

78

−2

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ sao matriz linha e coluna, re-

spectivamente.

2. (Matriz quadrada) E quando m = n. Quando m �= n a matriz

A = (aij)m×n e dita nao-quadrada. Sao exemplos de matrizes

quadradas as matrizes C e D da secao anterior.

A =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝

a11 a12 . . . a1n

a21 a22 . . . a2n

......

. . ....

an1 an2 . . . ann

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠n×n

e uma matriz quadrada, ∀n ∈ N.

Numa matriz quadrada A = (aij)n×n , o conjunto D = {ajj ; 1 ≤j ≤ n} e chamado de diagonal principal. Ja o conjunto F =

{aij ; i + j = n + 1} e chamado de diagonal secundaria. Por

17

Page 18: Elementos_de_Matematica

exemplo, na matriz

B =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝

1 5 3 7 8

4 8 9 7 6

1 0 32 47 17

29 25 73 47 58

69 93 21 10 40

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠,

a diagonal principal e D = {1, 8, 32, 47, 40}, enquanto que a dia-

gonal secundaria e F = {8, 7, 32, 25, 69}.

3. (Matriz triangular) Uma matriz A = (aij)n×n e dita triangular

quando os elementos acima ou abaixo da diagonal principal sao

nulos. Quando aij = 0 para i > j, dizemos que A e uma ma-

triz triangular superior. Quando aij = 0 para i < j, ela e dita

triangular inferior.

Exemplo 1.3.1. A matriz A =

⎛⎜⎜⎜⎝2 0 0

1 5 0

3 2 5

⎞⎟⎟⎟⎠ e uma matriz trian-

gular inferior.

Exemplo 1.3.2. A matriz B =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝1 2 3 4

0 3 5 6

0 0 4 2

0 0 0 1

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ e triangular supe-

rior.

Exemplo 1.3.3. O leitor deve assimilar bem a definicao de matriz

triangular. Note que a matriz

C =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝

0 0 0 0 0

1 0 0 0 0

2 3 0 0 0

5 4 2 0 0

1 1 1 1 0

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠e triangular inferior, embora os elementos da diagonal principal

sejam todos nulos.

18

Page 19: Elementos_de_Matematica

4. (Matriz diagonal) Chamamos de matriz diagonal toda matriz

quadrada que e triangular superior e triangular inferior.

Exemplo 1.3.4. A matriz A =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝1 0 0 0

0 2 0 0

0 0 −4 0

0 0 0 2

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ e diagonal.

5. (Matriz nula) Quando todos os elementos da matriz sao nulos,

isto e, iguais a zero, dizemos que a matriz e nula. Por exemplo,

as matrizes

M =

⎛⎝ 0 0 0

0 0 0

⎞⎠2×3

e T =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝

0 0 0 0 0

0 0 0 0 0

0 0 0 0 0

0 0 0 0 0

0 0 0 0 0

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠5×5

sao matrizes nulas.

6. (matriz identidade) E uma matriz quadrada M = (mij)n×n tal

que mij = 1 sempre que i = j e mij = 0 sempre que i �= j; i, j ∈{1, . . . , n}. A notacao mais usual para designarmos uma matriz

identidade de ordem n e In. Adotaremos esta notacao. Exemplo:

I5 =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝

1 0 0 0 0

0 1 0 0 0

0 0 1 0 0

0 0 0 1 0

0 0 0 0 1

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠.

7. (Igualdade de matrizes) Duas matrizes A = (aij)m×n e B =

(bij)m×n sao iguais se, e somente se, aij = bij , ∀i ∈ {1, . . . , m}, ∀j ∈{1, . . . , n}. Escreveremos A = B, neste caso. Exemplo:

A =

⎛⎝ 1 0 5 −2

0 12 −15 0

⎞⎠= B =

⎛⎝ 1 0 5 −2

0 12 −15 0

⎞⎠.

19

Page 20: Elementos_de_Matematica

1.4 OPERACOES COM MATRIZES

Podemos considerar cada matriz como um elemento de um con-

junto, o conjunto das matrizes. Designamos tal conjunto porMm×n(R),

ou por Rm×n. Assim, Mm×n(R) = {A = (aij)m×n / aij ∈ R; 1 ≤ i ≤m, 1 ≤ j ≤ n}. Existem algumas operacoes importantes definidas

neste conjunto. Passaremos a lista-las:

1.4.1 MULTIPLICACAO POR ESCALAR

Muitas vezes ao trabalharmos com matrizes nao estamos interes-

sados em manusear a propria matriz, mas sim seus multiplos. Nessas

ocasioes, necessitamos saber da seguinte definicao:

Definicao 1.4.1. Dada a matriz A = (aij)m×n ∈ Mm×n(R) e o numero

α ∈ R (que chamaremos de escalar), a multiplicacao de α por A e

dada por:

α× A = α.A = (α.aij)m×n .

Exemplo 1.4.1. B =

⎛⎝ 3 4

1 −1/2

⎞⎠=⇒ 5.B = 5B =

⎛⎝ 5× 3 5× 4

5× 1 5× (−1/2)

⎞⎠=

⎛⎝ 15 20

5 −5/2

⎞⎠ .

Exemplo 1.4.2. C =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝c11 c12 . . . c1n

c21 c22 . . . c2n

......

. . ....

cm1 cm2 . . . cmn

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ =⇒ −C = (−1)C =

20

Page 21: Elementos_de_Matematica

=

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝(−1)c11 (−1)c12 . . . (−1)c1n

(−1)c21 (−1)c22 . . . (−1)c2n

......

. . ....

(−1)cm1 (−1)cm2 . . . (−1)cmn

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠=

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝−c11 −c12 . . . −c1n

−c21 −c22 . . . −c2n

......

. . ....

−cm1 −cm2 . . . −cmn

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ .

1.4.2 ADICAO DE MATRIZES

Definicao 1.4.2. Dadas as matrizes C = (cij)m×n e D = (dij)m×n,

ambas emMm×n(R), a adicao de C e D, representada por C + D, e

dada por: C + D = (cij) + (dij) = (cij + dij). Ou seja:

C =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝c11 c12 . . . c1n

c21 c22 . . . c2n

......

. . ....

cm1 cm2 . . . cmn

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ , D =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝d11 d12 . . . d1n

d21 d22 . . . d2n

......

. . ....

dm1 dm2 . . . dmn

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ =⇒

=⇒ C + D =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝c11 c12 . . . c1n

c21 c22 . . . c2n

......

. . ....

cm1 cm2 . . . cmn

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠+

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝d11 d12 . . . d1n

d21 d22 . . . d2n

......

. . ....

dm1 dm2 . . . dmn

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ =

=

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝c11 + d11 c12 + d12 . . . c1n + d1n

c21 + d21 c22 + d22 . . . c2n + d2n

......

. . ....

cm1 + dm1 cm2 + dm2 . . . cmn + dmn

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ .

Obviamente, a matriz E = C +D e ainda uma matriz com m linhas

e n colunas. E importante que o leitor entenda que a soma de ma-

trizes so e possıvel entre matrizes que possuem o mesmo numero de

linhas e de colunas.

Exemplo 1.4.3. C =

⎛⎝ 3 −2

34 0

⎞⎠, D =

⎛⎝ 2 1

−20 1

⎞⎠ =⇒ C + D =

21

Page 22: Elementos_de_Matematica

=

⎛⎝ 3 + 2 −2 + 1

34− 20 0 + 1

⎞⎠ =

⎛⎝ 5 −1

14 1

⎞⎠ .

Exemplo 1.4.4. Tente agora somar as matrizes D =

⎛⎝ 2 1

−20 1

⎞⎠ e

E =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝1

0

0

0

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ . Nao e possıvel, nao e mesmo? (Por que?)

1.4.3 PROPRIEDADES DA ADICAO DE MATRIZES

Como os elementos das matrizes com que trabalhamos sao numeros

reais, e natural que as propriedades da adicao de matrizes herdem as

propriedades de adicao de numeros reais. Destacaremos tais pro-

priedades: Dadas as matrizes A = (aij)m×n, B = (bij)m×n e C =

(cij)m×n emMm×n(R), e os escalares α e β em R, temos:

• Comutatividade

A + B = (aij + bij) = (bij + aij) = B + A.

Exercıcio. Verifique a propriedade da comutatividade para o ex-

emplo 1.4.3.

• Associatividade

(A+B)+C = ((aij + bij))+(cij) = (aij)+((bij + cij)) = A+(B+C).

Exercıcio. Verifique a propriedade da associatividade para o ex-

emplo 1.4.3 tomando as matrizes C , D e E = C + D.

• Inverso aditivo

Para toda matriz A ∈Mm×n(R), existe uma matriz M ∈Mm×n(R),

chamada de inverso aditivo de A, tal que A + M = M + A = 0,

22

Page 23: Elementos_de_Matematica

onde o 0 e a matriz nula com m linhas e n colunas.

Exercıcio. Verifique que o inverso aditivo de A = (aij) ∈Mm×n(R)

e−A = (−aij) ∈Mm×n(R). (Faca exemplos para convencer-se).

• Distributividade

(α + β)A = αA + βA e α(A + B) + αA + αB.

Exercıcio. Dada a matriz M =

⎛⎜⎜⎜⎝12 −5 3

1 0 18

0 2 25

⎞⎟⎟⎟⎠ , calcule primeiro

(2 + 3)M e depois 2M + 3M .

1.4.4 MULTIPLICACAO DE MATRIZES

Definicao 1.4.3. Sejam A = (aij)m×n, B = (bij)n×p duas matrizes, com

o numero de colunas de A igual ao numero de linhas de B. O produto

entre A e B, que sera denotado por AB e dado por:

AB = C = (cij)m×p, onde cij =n∑

k=1

aikbkj = ai1b1j + ai2b2j + . . . + ainbnj .

Uma pergunta natural e:por que o produto e assim definido?

Uma resposta muito interessante pode ser encontrada visitando o sıtio

da Revista do Professor de Matematica e consultando o artigo do

professor Claudio Possani na Revista numero 21.www.rpm.org.br.

Retomando o problema do corretor de imoveis, colocando os

dados das tabelas em formato de matriz de maneira que

A =

⎛⎜⎜⎜⎝180.000 240.000 257.000 125.000 334.000

195.000 228.000 226.000 132.000 321.000

179.900 217.000 249.000 146.000 330.000

⎞⎟⎟⎟⎠ e B =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝

3

2

1

3

1

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠,

onde:

23

Page 24: Elementos_de_Matematica

a) Cada aij significa que o i-esimo comprador esta oferecendo aij

reais para comprar um apartamento do tipo j;

b) Cada bi1 significa a quantidade de apartamentos disponıveis do

i-esimo tipo.

Se designarmos por C a matriz do total pago pelas empresas ref-

erente aos apartamentos, teremos: C = AB. Daı, teremos que:

C =

⎛⎜⎜⎜⎝180.000× 3 + 240.000× 2 + 257.000× 1 + 125.000× 3 + 334.000× 1

195.000× 3 + 228.000× 2 + 226.000× 1 + 132.000× 3 + 321.000× 1

179.900× 3 + 217.000× 2 + 249.000× 1 + 146.000× 3 + 330.000× 1

⎞⎟⎟⎟⎠

=

⎛⎜⎜⎜⎝1.986.000

1.984.000

1.890.700

⎞⎟⎟⎟⎠ .

Concluimos que a primeira empresa ofereceu mais pelos aparta-

mentos do corretor, obtendo exito na compra. Notemos que caso

a venda nao fosse casada, o problema seria mais complexo e sua

resolucao fugiria ao escopo do nosso texto.

Antes de descrever as propriedades da mutliplicacao de matrizes,

convidamos o leitor a fazer o seguinte exercıcio:

Verifique que:

a) dada uma matriz A = (aij)m×n, e verdade que AIn = A e

ImA = A;

b) dada qualquer matriz quadrada M = (mij)n×n, MIn = InM =

M .

24

Page 25: Elementos_de_Matematica

1.4.5 PROPRIEDADES DA MULTIPLICACAO DE MA-

TRIZES

Assim como no caso da adicao, a multiplicacao de matrizes tambem

tem suas propriedades. Passaremos a destaca-las e prova-las:

• Associatividade

(AB)C = A(BC), A = (aij)m×n, B = (bij)n×p e C = (cij)p×q.

Demonstracao. Chamando de G = AB a matriz AB ∈Mm×p(R),

de H = BC a matriz BC ∈ Mn×q(R), de F = (AB)C a matriz

(AB)C ∈ Mm×q(R), e sabendo manusear somatorios, ganha-

mos:

fik =

p∑l=1

gilclk =

p∑l=1

(n∑

j=1

aijbjl

)clk =

p∑l=1

(n∑

j=1

aijbjlclk

)=

=

n∑j=1

aij

(p∑

l=1

bjlclk

)=

n∑j=1

aijhjk.

Assim, (AB)C = A(BC).

• Distributividade em relacao a adicao

Existem dois tipos de distributividade em relacao a adicao, a

saber: a esquerda e a direita. A distributividade da multiplicacao

de matrizes em relacao a adicao a esquerda e dada por: C(A +

B) = CA + CB, A, B ∈Mm×n, C ∈Ml×m.

E a direita e dada por: (A + B)C = AC + BC, A, B ∈ Mm×n,

C ∈Mn×l.

Demonstracao. Exercıcio para o leitor.

1.5 A TRANSPOSTA DE UMA MATRIZ

Definicao 1.5.1. Dada uma matriz A = (aij) ∈ Mm×n, a sua trans-

posta, denotada por At (ou por AT ), e obtida por: At =(a′

ij

)= (aji) ∈

25

Page 26: Elementos_de_Matematica

Mn×m. Ou seja:

A =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝a11 a12 . . . a1n

a21 a22 . . . a2n

......

. . ....

am1 am2 . . . amn

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ =⇒ At =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝a11 a21 . . . am1

a12 a22 . . . am2

......

. . ....

a1n a2n . . . amn

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠.

Exemplo 1.5.1. A =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝1 56 13 0

2 34 21 3

5 6 90 12

121 3 0 0

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠=⇒At =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝1 2 5 121

56 34 6 3

3 21 90 0

0 3 12 0

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠.

Lembrando que duas matrizes A = (aij)m×n e B = (bij)m×n sao

iguais se, e somente se, aij = bij , 1 ≤ i ≤ m, 1 ≤ j ≤ n, e que o

inverso aditivo de A = (aij)m×n e −A = (−aij)m×n, podemos definir o

seguinte:

Definicao 1.5.2. Uma matriz quadrada A = (aij)n×n e simetrica se, e

somente se, At = A. Ou seja, A = (aij)n×n e simetrica se, e somente

se, aij = aji, i, j ∈ {1, . . . , n}.

Definicao 1.5.3. Uma matriz quadrada A = (aij)n×n e anti-simetrica

se, e somente se, At = −A. Ou seja, A = (aij)n×n e anti-simetrica se,

e somente se, aij = −aji, i, j ∈ {1, . . . , n}.

1.5.1 PROPRIEDADES DA TRANSPOSTA DE UMA MA-

TRIZ

A transposta de uma matriz possui algumas propriedades interes-

santes. Algumas sao bem simples e de facil constatacao. Outras nem

tanto...

• (At)t = A, para toda matriz A = (aij)m×n.

26

Page 27: Elementos_de_Matematica

Demonstracao. Exercıcio para o leitor.

• (A + B)t = At + Bt, A = (aij)m×n, B = (bij)m×n.

Demonstracao. Exercıcio para o leitor.

• (αA)t = αAt, A = (aij)m×n e α ∈ R.

Demonstracao. Exercıcio para o leitor.

• (AB)t = BtAt, A = (aij)m×n, B = (bij)n×l.

Demonstracao. Facamos um raciocınio parecido com o que fize-

mos anteriormente para provar a associatividade da multiplicacao

de matrizes. Para isso, tomemos D = AB, D ∈Mm×l(R). Pode-

mos deduzir que(d′

ij

)l×m

= (dji)l×m. Tomemos tambem C =

BtAt, C ∈ Mm×l(R). Ou seja, C = (cij)l×m. Da multiplicacao

de matrizes sabemos que cij =

n∑k=1

b′ika′kj. Mas

n∑k=1

b′ika′kj =

n∑k=1

bkiajk. Melhorando, temos que cij =

n∑k=1

ajkbki (∗). Agora,

olhemos para os (dij)′ s:

dij =

n∑k=1

aikbkj . Sabendo disso, fica claro ver que dji =

n∑k=1

ajkbki.

Ou seja, d′ij = dji =

n∑k=1

ajkbki(∗)= cij .

Provamos que d′ij = cij, isto e, que Dt = C.

1.6 O TRACO DE UMA MATRIZ

Ja vimos varias propriedades importantes das matrizes. Algumas

serao vistas com bastante frequencia no decorrer desta obra. O leitor

devera encontrar tambem o uso de tais propriedades com bastante

frequencia em textos mais avancados.

27

Page 28: Elementos_de_Matematica

Dentro do conjunto das matrizes quadradas de ordem n, temos

um conceito muito importante, que e o conceito de traco de uma ma-

triz. Relembremos que dada uma matriz quadrada A = (aij)n×n ∈Mn×n(R), a sua diagonal principal e o conjunto D = {ajj / 1 ≤ j ≤ n}.O proximo conceito e de suma importancia no estudo de matrizes:

Definicao 1.6.1. Dada uma matriz A = (aij)n×n ∈ Mn×n(R), o traco

de A e dado por tr(A) =n∑

i=1

aii = a11 + a22 + . . . + ann.

Exemplo 1.6.1. Seja a matriz M =

⎛⎜⎜⎜⎝1 −3 4

2 5 0

9 18 0

⎞⎟⎟⎟⎠. O seu traco e

dado por: tr(M) = 1 + 5 + 0 = 6.

Exemplo 1.6.2. Dadas as matrizes O =

⎛⎝ 9 −10

−4 18

⎞⎠ e P =⎛⎝ 4 −3

−23 17

⎞⎠, temos que tr(O + P ) = tr

⎛⎝ 13 −13

−27 35

⎞⎠ = 48,

e tambem tr(O)+ +tr(P ) = tr

⎛⎝ 9 −10

−4 18

⎞⎠ + tr

⎛⎝ 4 −3

−23 17

⎞⎠ =

27 + 21 = 48.

Exercıcio. Construa mais matrizes quadradas e calcule seus tracos.

Calcule o traco das suas somas e compare com a soma dos seus

tracos.

1.6.1 PROPRIEDADES DO TRACO DE UMA MATRIZ

O leitor ja deve estar desconfiado de que o ultimo exemplo nao

foi uma mera coincidencia. Tambem deve ter visto atraves do ultimo

exercıcio que a coincidencia acontece com certa frequencia. Na ver-

dade, o ultimo exemplo serviu para ilustrar uma das propriedades do

traco de uma matriz. Passaremos a listar as mais conhecidas, mas se

convenca de que existem muitas propriedades envolvendo o traco de

28

Page 29: Elementos_de_Matematica

uma matriz, e que varias dessas propriedades fogem do escopo desse

texto. Mas sempre devemos pesquisar em textos mais avancados tais

coisas. O leitor curioso tende a ser um grande matematico.

Sejam A = (aij), B = (bij), C = (cij), D = (dij) matrizes emMn×n

e α ∈ R. Entao:

• tr(αA) = αtr(A);

Demonstracao. Procediremos de maneira simples:

Sabemos que

A =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝a11 a12 . . . a1n

a21 a22 . . . a2n

......

. . ....

an1 an2 . . . ann

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠=⇒ αA =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝αa11 αa12 . . . αa1n

αa21αa22 . . . αa2n

......

. . ....

αan1 αan2 . . . αann

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠.

Daı, teremos que tr(αA) =

n∑i=1

αaii = αa11 + . . .+αann = α(a11 +

. . . + ann) = αn∑

i=1

aii = αtr(A).

• tr(At) = tr(A);

Demonstracao. Basta notarmos que a diagonal principal de uma

matriz quadrada e igual a diagonal principal da sua transposta.

• tr(A + B) = tr(A) + tr(B);

Demonstracao. tr(A + B) =n∑

i=1

(aii + bii) =n∑

i=1

aii +n∑

i=1

bii =

tr(A) + tr(B).

• tr[(A + B)t] = tr(At) + tr(Bt);

29

Page 30: Elementos_de_Matematica

Demonstracao. Ora, sabemos que tr(Ct) = tr(C), ∀C ∈ Mn×n.

Daı:

tr[(A + B)t] = tr(A + B) = tr(A) + tr(B) = tr(At) + tr(Bt).

• tr(AB) = tr(BA).

Demonstracao. Lembremos que dadas as matrizes A = (aij), B =

(bij) emMn×n, a matriz produto C = AB e tal que cij =n∑

k=1

aikbkj .

Logo, tomando D = BA, temos que dij =n∑

l=1

bilalj . Ganha-

mos que tr(C) =n∑

i=1

cii =n∑

i=1

n∑k=1

aikbki. Por outro lado, tr(D) =

n∑i=1

dii =

n∑i=1

n∑l=1

bilali =

n∑l=1

n∑i=1

ailbli. Assim, tr(C) = tr(D).

1.7 A INVERSA DE UMA MATRIZ

O uso das matrizes e muito importante para a resolucao de sis-

temas lineares, como veremos na unidade 3. Podemos escrever um

sistema linear na forma AX = B, onde A, X, B sao matrizes com suas

caracterısticas proprias. Quando A for invertıvel, no sentido em que

vamos definir, a ultima igualdade fica na forma X = A−1B e temos a

solucao do sistema.

Definicao 1.7.1. Dada uma matriz quadrada A ∈ Mn×n(R), se existir

uma matriz B ∈ Mn×n(R) tal que AB = BA = In, entao dizemos que

A e invertıvel.

Exercıcio. Mostre que a inversa de uma matriz quadrada A, quando

existe, e unica. Denotamos a inversa de A por A−1.

Definicao 1.7.2. Se A ∈ Mn×n(R) nao e invertıvel, entao dizemos

que A e singular.

30

Page 31: Elementos_de_Matematica

Exemplo 1.7.1. A inversa de A =

⎡⎣ 5 2

1 3

⎤⎦ e A−1 =1

13

⎡⎣ 3 −2

−1 5

⎤⎦.

(Verifique!)

Exemplo 1.7.2. A matriz B =

⎛⎝ 1 3

3 9

⎞⎠ nao possui inversa.

Exemplo 1.7.3. Sabendo que as matrizes A, B, C, D sao invertıveis e

de mesma ordem, obter X: AXC = BD.

Sol.: Como A e C sao invertıveis, podemos multiplicar a expressao

por A−1 a esquerda e por C−1 a direita. Daı, teremos:

AXC = BD ⇒ A−1(AXC) = A−1(BD) =⇒ (A−1A)(XC) = A−1(BD) =⇒I(XC) = A−1(BD) =⇒ XC = A−1(BD).

Analogamente, multiplicando a ultima expressao por C−1 a direita, ter-

emos que X = A−1(BD)C−1.

1.7.1 PROPRIEDADES DA INVERSA DE UMA MATRIZ

Listaremos algumas propriedades da inversa de uma matriz. A

prova, verificacao, delas e um exercıcio para o leitor.

• (A−1)−1 = A.

• (In)−1 = In, ∀n ∈ N.

• (AB)−1 = B−1A−1, A e B sao matrizes quadradas invertıveis

de mesma ordem.

• (At)−1 = (A−1)t.

Pergunta: Qual e a inversa de uma matriz A =(

a11

), onde a11 �=

0?

1.8 ESCALONAMENTO DE UMA MATRIZ

31

Page 32: Elementos_de_Matematica

E de grande utilidade em Matematica sabermos escalonar uma

matriz. So para citar algumas, mencionemos o fato de que e mais

facil calcular o determinante de uma matriz quadrada triangular (es-

tudaremos determinantes na unidade 2 ). Tambem e mais facil re-

solver um sistema de equacoes lineares quando sua matriz princi-

pal esta escalonada. Outra utilidade e calcular a inversa de uma

matriz quadrada invertıvel usando o metodo de Gauss-Jordan. De

Acessando o sıtio

www.google.com.br

e buscando por

Gauss, o leitor

conhecera mais

sobre a vida deste

grande matematico.

grande utilidade e de facil aprendizado, aprenderemos a escalonar

uma matriz utillizando o metodo da eliminacao de Gauss, que faz

uso de operacoes elementares. Assim, o metodo de escalona-

mento tambem e conhecido como metodo da eliminacao.

Comecemos com a seguinte definicao:

Definicao 1.8.1. Seja A = (aij) ∈Mm×n(R) uma matriz. Dizemos que

A e escalonada se o primeiro elemento nao-nulo de uma linha estiver

a esquerda do primeiro elemento nao-nulo de cada uma das linhas

subsequentes. Caso A tenha linhas compostas somente de zeros,

entao essas linhas ficam abaixo das demais.

Exemplo 1.8.1. As matrizes A =

⎛⎜⎜⎜⎝2 9 3

0 5 7

0 0 1

⎞⎟⎟⎟⎠ e B =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝1 −9 7 0

0 2 1 1

0 0 0 4

0 0 0 0

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠estao escalonadas.

Exemplo 1.8.2. A matriz C =

⎛⎜⎜⎜⎝1 3 −8 0 2

0 2 −3 2 0

2 0 0 19 10

⎞⎟⎟⎟⎠ nao esta escalon-

ada, pois o elemento c31 e diferente de zero.

Apos aprendermos a definicao de matriz escalonada, passaremos

a descrever o metodo de eliminacao de Gauss. Para isso, comecaremos

explicando o que sao operacoes elementares em uma matriz. O adje-

tivo elementar se deve ao fato de que realmente sao operacoes muito

simples, como veremos a seguir:

• Permutar linhas da matriz;

32

Page 33: Elementos_de_Matematica

• Adicionar a uma linha o multiplo de outra linha, ou

• Substituir uma linha pela combinacao linear de outras linhas.

Definicao 1.8.2. Dada uma matriz A, chamamos de equivalente a A a

matriz obtida de A atraves de operacoes elementares. Denotaremo-la

por A.

Passaremos a exemplificar tais operacoes elementares:

Exemplo 1.8.3. Dada a matriz M =

⎛⎝ 0 3

1 4

⎞⎠, obtemos a matriz

M =

⎛⎝ 1 4

0 3

⎞⎠ atraves da permutacao das duas linhas de M .

Exemplo 1.8.4. A matriz D =

⎛⎜⎜⎜⎝2 4 4

0 5 2

1 3 2

⎞⎟⎟⎟⎠ e equivalente a matriz

D =

⎛⎜⎜⎜⎝1 3 2

0 5 2

2 4 4

⎞⎟⎟⎟⎠ pois D foi obtida de D atraves da permutacao da

sua primeira

e da sua terceira linha.

Exemplo 1.8.5. Adicionando a primeira linha o quıntuplo da terceira,

obtemos uma matriz equivalente para a matriz E =

⎛⎜⎜⎜⎝6 7 0

9 3 1

5 2 1

⎞⎟⎟⎟⎠:

E =

⎛⎜⎜⎜⎝31 17 5

9 3 1

5 2 1

⎞⎟⎟⎟⎠ .

O leitor deve treinar o uso das operacoes elementares em varias

matrizes. Elas serao muito uteis na resolucao de sistemas lineares.

33

Page 34: Elementos_de_Matematica

So para citar, muitos programas de computador utilizam o metodo do

escalonamento para resolver sistemas lineares.

Descreveremos agora o processo de eliminacao gaussiana de uma

matriz. Conscientize-se de que o nosso objetivo e obter uma matriz

escalonada, e que os exemplos acima serviram apenas para a fixacao

da materia. No ultimo exemplo, nao foi uma boa operacao adicionar

a primeira linha o quıntuplo da terceira, ja que a matriz E e visivel-

mente mais facil de ser trabalhada do que a matriz E. Nao devemos,

portanto, tomar operacoes que nao tornem a matriz equivalente mais

simples do que a original.

Dada uma matriz A = (aij) ∈ Mm×n(R) qualquer, temos dois ca-

sos a analisar. O primeiro e que a11 �= 0. O outro, claramente, e

a11 = 0. Se a11 �= 0, podemos passar ao proximo passo. Mas se

a11 = 0, entao permutamos a primeira linha de A com uma que pos-

sua o primeiro termo nao nulo. Foi isso que fizemos no exemplo 1.7.3.

Mas se A nao possuir uma linha em que o primeiro termo for nao-

nulo, entao passemos a analisar a sua segunda coluna da mesma

maneira que analisamos a primeira (e que acabamos de descrever).

Caso aconteca com a segunda linha o mesmo que com a primeira,

passemos para a terceira e assim sucessivamente.

Assumindo que a11 �= 0 (ou que a1j �= 0 para algum j ∈ {1, . . . , n},caso aconteca que a11 = 0), somemos a cada linha restante de A o

termo −ai1/a11 (ou −aij/a1j). Apos esse passo, a matriz possuira a

primeira (ou a j-esima) coluna com os elementos abaixo de a11 (ou de

a1j) iguais a zero.

Agora passemos a analisar a coluna subsequente a primeira (ou a

j-esima). Nela, nos preocupemos com a segunda linha. Facamos o

mesmo raciocınio que fizemos no caso anterior, ou seja, vejamos se

a22 (ou a2(j+1)) e nao-nulo e procedamos analogamente. Assim, depois

que adicionarmos as outras linhas o termo−ai2/a22 (ou−ai(j+1)/a2(j+1)),

a segunda (ou (j + 1)-esima) coluna ficara com os elementos abaixo

de a22 (ou de a2(j+1)) iguais a zero.

34

Page 35: Elementos_de_Matematica

Continuemos assim ate termos a matriz escalonada.

Exemplo 1.8.6. Dada a matriz A =

⎛⎜⎜⎜⎝0 9 3

−1 2 −6

1 3 4

⎞⎟⎟⎟⎠, procedamos da

seguinte maneira:

1. Como a11 = 0, mas a21 �= 0 e a31 �= 0, podemos escolher a linha

com a qual permutaremos a primeira. Neste caso, escolhamos

a terceira (Por que?). Daı, teremos a seguinte matriz:⎛⎜⎜⎜⎝1 3 4

−1 2 −6

0 9 3

⎞⎟⎟⎟⎠ .

2. Agora, adicionemos a segunda linha a primeira multiplicada por

−(−1)/1 = 1:

⎛⎜⎜⎜⎝1 3 4

0 5 −2

0 9 3

⎞⎟⎟⎟⎠ .

3. Como (nesse exemplo) ja possuımos o primeiro elemento desta

ultima matriz nulo, passemos para a segunda coluna. Analise-

mos o elemento a22. Como ele e nao-nulo, adicionemos a ter-

ceira linha a segunda multiplicada por −9/5:

⎛⎜⎜⎜⎝1 3 4

0 5 −2

0 0 33/5

⎞⎟⎟⎟⎠ .

Esta ultima matriz esta, evidentemente, escalonada.

Adotaremos a seguinte notacao a partir de agora:

35

Page 36: Elementos_de_Matematica

• Quando quisermos nos referir a uma determinada linha de uma

matriz, chamaremo-la de Li, ou seja, Li representa a i-esima

linha;

• Para designar um multiplo de uma linha, usaremos αLi, que sig-

nifica que a i-esima esta multiplicada por α;

• Quando quisermos somar duas linhas (ou multiplos delas), us-

aremos αLi + βLj, que significa que a i-esima linha multiplicada

por α foi somada a j-esima multiplicada por β.

• Quando permutarmos duas linhas, usaremos Li ←→ Lj , que

significa que a i-esima linha foi permutada com a j-esima.

Queremos com isso transcrever matematicamente as operacoes

elementares que acabamos de aprender.

Exemplo 1.8.7. Nesse raciocınio, o exemplo anterior pode ser escrito

desta maneira:

A =

⎛⎜⎜⎜⎝0 9 3

−1 2 −6

1 3 4

⎞⎟⎟⎟⎠ L1↔L3−→

⎛⎜⎜⎜⎝1 3 4

−1 2 −6

0 9 3

⎞⎟⎟⎟⎠ L2+L1−→

⎛⎜⎜⎜⎝1 3 4

0 5 −2

0 9 3

⎞⎟⎟⎟⎠

L3+(−9/5)L2−→

⎛⎜⎜⎜⎝1 3 4

0 5 −2

0 0 33/5

⎞⎟⎟⎟⎠ .

1.9 SAIBA MAIS

1. O leitor podera acessar, no sıtio http://strato.impa.br/, excelentes

vıdeos produzidos pela equipe Coordenada pelo Professor Elon

Lages Lima, do Programa de Formacao de Professores do En-

sino Medio. Acessando janeiro de 2002 e janeiro de 2006, o leitor

encontrara vıdeos sobre o ensino de matrizes.

36

Page 37: Elementos_de_Matematica

1.10 EXERCICIOS

1. Encontre x e y para que as matrizes A e B sejam iguais, onde:

(a) A =

⎛⎝ x 2 3

−5 2 7

⎞⎠ e B =

⎛⎝ 18 2 3

−5 −y 7

⎞⎠;

(b) −A =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝

12 −√2

19−√3

2

3 −x

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠e B =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝

−12√

2

−19

√3

2

−y 2x

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠;

(c) At =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝−1 0 18 −√5

3x −4 8 0

0 4 5 −3

−2√

2 7 9 0

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ e

−B =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝1 −9 0 2

√2

0 4 −4 −14y

−18 −8 −5 −9√

5 0 3 0

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠;

(d) A =

⎛⎜⎜⎜⎝1 0

−1

xy3

⎞⎟⎟⎟⎠ e B =

⎛⎝ 1 0

−√15 8

⎞⎠.

2. Resolva a seguinte equacao:

⎛⎝ x2 − 1 18 −3

0 −2 3y

⎞⎠ +

⎛⎝ −3 −20 5

z 4w 0

⎞⎠ =

⎛⎝ 12 t 2

5 3 0

⎞⎠.

3. Dada a matriz M =

⎛⎜⎜⎜⎝18 −5 8

0 −3 1

12 5 0

⎞⎟⎟⎟⎠,

37

Page 38: Elementos_de_Matematica

diga quem e a diagonal principal D e de a soma dos seus ele-

mentos.

4. Construa varios exemplos de matrizes triangulares e classifique-

os quanto ao tipo.

5. Dadas as matrizes D =

⎛⎝ 1 9

−9 2

⎞⎠ e F =

⎛⎝ 2 2/5 −3

7 −1 43

⎞⎠,

calcule −D, 2D, 4F,−5F .

6. Dada a matriz M =

⎛⎜⎜⎜⎝18 −5 8

0 −3 1

12 5 0

⎞⎟⎟⎟⎠, calcule 5D e encontre a

soma dos elementos da diagonal principal dessa nova matriz.

7. Calcule λI4 e ache a razao entre a soma dos elementos da dia-

gonal principal de I4 e de λI4. Generalize.

8. Construa duas matrizes triangulares superiores de ordem 2 e ve-

rifique que a soma delas ainda e uma matriz triangular superior.

Faca o mesmo para o caso de matriz triangular inferior. Gener-

alize.

9. Dadas as matrizes I3, e A =

⎛⎜⎜⎜⎝1 3 2

4 1 0

−1 2 9

⎞⎟⎟⎟⎠, encontre a matriz

A− λI3.

10. Dada a matriz M =

⎛⎜⎜⎜⎝12 −5 3

1 0 18

0 2 25

⎞⎟⎟⎟⎠ , calcule primeiro (2 + 3)M

e depois 2M + 3M .

11. Verifique que todo multiplo de uma matriz identidade e uma ma-

triz simetrica.

38

Page 39: Elementos_de_Matematica

12. Verifique que a matriz

⎡⎣ 0 3

−3 0

⎤⎦ e anti-simetrica.

13. Construa duas matrizes simetricas de ordem 3 e verifique que a

soma delas e ainda simetrica (de mesma ordem). Faca o mesmo

para o caso de matrizes anti-simetricas. Generalize para ma-

trizes simetricas e anti-simetricas de ordem n, n ∈ N.

14. Mostre que toda matriz quadrada pode ser escrita como a soma

de uma matriz simetrica com uma anti-simetrica.

15. Dadas as matrizes A =

⎛⎝ 1 2

2 4

⎞⎠ e B =

⎛⎝ 3 5

2 −1

⎞⎠, calcule

(AB)t e BtAt.

16. Para as mesmas matrizes A e B do exercıcio anterior, calcule

(A + B)t, At + Bt, (At)t, 5At e (5A)t.

17. Sejam as matrizes M =

⎛⎜⎜⎜⎝1 −3 4

2 5 0

9 18 0

⎞⎟⎟⎟⎠ e N =

⎛⎜⎜⎜⎝3 −2 7

0 5 8

9 10 23

⎞⎟⎟⎟⎠.

Calcule :

(a) tr(M t);

(b) tr(M + N);

(c) tr(5M + 18N);

(d) tr(MN);

(e) tr(NM).

18. Diga se as matrizes abaixo estao escalonadas:

39

Page 40: Elementos_de_Matematica

(a) A =

⎛⎝ 1 0

0 0

⎞⎠ (b)B =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝1 3 2

9 4 −2

0 5 6

0 0 7

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠

(c)C =

⎛⎜⎜⎜⎝0 3 4 −1 0 3

0 0 0 −4 −3 8

0 0 0 0 5 7

⎞⎟⎟⎟⎠ (d)D =

⎛⎜⎜⎜⎝8 −5 7 −2

0 −3 4 −1

−2 0 0 0

⎞⎟⎟⎟⎠

(e)E =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝

2 −9 4 2

2 −4 −6 −9

0 9 7 7

0 0 2 1

0 0 0 1

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠

19. Escalone as seguintes matrizes:

(a) A =

⎛⎝ 3 2

8 9

⎞⎠ (b) B =

⎛⎜⎜⎜⎝0 −8 2

2 −1 4

1 2 3

⎞⎟⎟⎟⎠

(c) C =

⎛⎜⎜⎜⎝2 0 0 0

0 2 −3 4

9 17 0 −1

⎞⎟⎟⎟⎠ (d)D =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝0 10 1 0 0

1 −1 −3 0 0

−1 0 2 0 1

0 0 1 8 1

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠

(e) E =

⎛⎜⎜⎜⎝1 0 2 0 −1 3

3 2 3 −1 0 0

0 0 1 0 2 −4

⎞⎟⎟⎟⎠

40

Page 41: Elementos_de_Matematica

1.11 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

1. LIMA, E.L.; CARVALHO, P.C.; WAGNER, E.; MORGADO, A.C..A

Matematica do Ensino Medio. Volume 3. 6.ed.. Rio de Janeiro:

SBM, 2006.

41

Page 42: Elementos_de_Matematica

Unidade 2

Determinantes

Page 43: Elementos_de_Matematica

Resumo

Apresentamos como associar uma matriz quadrada a um número

real. A essa associação damos o nome de determinante. Aprenderemos

como calcular o determinante de matrizes (quadradas) de qualquer

ordem, através dos métodos de Laplace, Chió, Sarrus e outros.

Estabeleceremos uma condição necessária e suficiente para determinar

se uma dada matriz admite inversa. Vários conceitos importantes, como

o de cofator, matriz adjunta, polinômio característico, e outros são

apresentados.

Page 44: Elementos_de_Matematica

ÍNDICE UNIDADE 2. Determinantes 2.1 Introdução

2.2 Determinante de uma matriz de ordem 2 × 2

2.3 Determinante de uma matriz de ordem 3 × 3

2.4 Propriedades dos determinantes

2.5 Determinantes de matrizes de ordem arbitrária

2.5.1 Teorema de Laplace

2.5.2 Regra de Chió

2.6 Matriz Adjunta

2.7 Polinômio característico

2.8 Saiba mais

2.9 Exercícios

2.10 Respostas

2.11 Referência Bibliográfica

Page 45: Elementos_de_Matematica

Unidade 2

DETERMINANTES

2.1 INTRODUCAO

No conjunto das matrizes existe um subconjunto muito importante

para a Matematica. E o subconjunto das matrizes quadradas. Nele,

podemos definir uma funcao f : Mn×n(R) → R. Assim, associamos

cada matriz quadrada a um numero real. Denominamos essa funcao

de determinante, e designamos f(A) = det A. Ha muita controversia

Mais

informacoes

sobre a origem

do termo deter-

minante podem

ser encontradas

na Revista

numero 21, em

www.rpm.org.br.

acerca do surgimento dos determinantes. Alguns admitem que os

determinantes surgiram ha 2000 anos na China Antiga, pois existem

resquıcios de que os chineses usavam algo parecido com determi-

nantes para resolver sistemas lineares, assunto que estudaremos

na unidade 3.

Desde a invencao dessa importante funcao, varios avancos foram

conseguidos e hoje sabemos que a funcao determinante serve para

inumeras coisas, como calcular a area de um paralelogramo, o vol-

ume de um paralelepıpedo, entre outras aplicacoes. Alem de ajudar

a resolver sistemas lineares, conteudo a ser estudado na unidade 3,

o determinante serve tambem para encontrar a inversa de uma matriz,

caso exista.

Comecaremos o estudo dos determinantes vendo,inicialmente,o

caso de uma matriz quadrada de ordem 2, isto e, matriz do tipo

2 × 2. Apos isso, veremos como calcular determinantes de matrizes

44

Page 46: Elementos_de_Matematica

quadradas do tipo 3×3 e, entao aprenderemos como calcular o deter-

minante de uma matriz quadrada do tipo n× n.

2.2 DETERMINANTE DE UMA MATRIZ DE OR-

DEM 2

Ha um ditado popular que afirma que nao se pode construir uma

casa comecando pelo telhado. Primeiro constroi-se a base para entao

construir o restante. Assim tambem e estruturado o conhecimento.

Primeiro aprendemos o basico para entao galgarmos aprender o mais

difıcil. Nao podemos pensar em calcular o determinante de uma ma-

triz do tipo 5×5 sem sabermos calcular o determinante de uma matriz

do tipo 2 × 2. Afinal, varias maneiras existentes de calcular determi-

nante de matrizes de ordens superiores a tres usam o calculo elemen-

tar do determinante de matrizes de ordem 2.

Antes de aprendermos como calcular o determinante de uma ma-

triz quadrada de ordem 2, vejamos o que acontece para o caso de

uma matriz de ordem 1.

Definicao 2.2.1. Seja uma matriz A de ordem 1. Seu determinante

e dado por det A = a11. Ou seja, o determinante de uma matriz qua-

drada de ordem 1 e igual ao unico elemento que compoe a matriz.

Assim, como duas matrizes sao iguais se, e somente se, os seus

elementos sao iguais, ganhamos que o conjunto das matrizes quadradas

de ordem 1 possui uma correspondencia biunıvoca com o conjunto

dos numeros reais. A funcao determinante associa a cada matriz

B = (b11) ∈ M1×1(R) um numero real det B = b11, de maneira unica.

Exemplo 2.2.1. A =(

2)⇒ det A = 2.

Exemplo 2.2.2. ∀α ∈ R, A =(

α)⇒ det A = α.

45

Page 47: Elementos_de_Matematica

Passemos ao calculo do determinante de matrizes quadradas de

ordem 2. Descreveremos uma maneira rapida e sutil de se calcu-

lar o determinante de tais matrizes. Para isso, tomemos a seguinte

definicao:

Definicao 2.2.2. Dada uma matriz A =

⎛⎝ a11 a12

a21 a22

⎞⎠, o seu determi-

nante

e dado por det A = a11a22 − a12a21. Ou seja, o determinante de A

e obtido pela diferenca entre o produto dos elementos da diagonal

prinicipal de A pelo produto dos elementos da sua diagonal secundaria;

Ou seja:

det A =

∣∣∣∣∣∣ a11 a12

a21 a22

∣∣∣∣∣∣ = a11a22 − a12a21.

Exemplo 2.2.3. Seja B =

⎛⎝ 2 3

4 −8

⎞⎠. Entao det B = 2×(−8)−3×4 =

= −16− 12 = −28.

2.3 DETERMINANTE DE UMA MATRIZ DE OR-

DEM 3

Continuando o estudo dos determinantes, chegamos enfim ao calculo

de determinantes de matrizes quadradas de ordem 3. Existem varias

maneiras de se calcular tais determinantes. Algumas pessoas ate

ocupam seu tempo tentando descobrir alguma maneira nova de se

calcular o determinante de uma matriz quadrada do tipo 3× 3. Outras

costumam decorar as diversas maneiras existentes.

O objetivo desta secao nao e ensinar as inumeras maneiras de

se calcular os determinantes desse tipo de matrizes. O leitor deve

46

Page 48: Elementos_de_Matematica

dar - se por satisfeito conseguindo aprender pelo menos uma dessas

maneiras. Afinal, o mais importante agora e chegar ao resultado, e

nao discutir as vias que resultam nele.

Definicao 2.3.1. Seja A = (aij)3×3. O determinante de A e dado por:

det A = a11a22a33+a12a23a31+a13a32a21−(a13a22a31+a12a21a33+a11a32a23).

Ou seja,

det A =

∣∣∣∣∣∣∣∣∣a11 a12 a13

a21 a22 a23

a31 a32 a33

∣∣∣∣∣∣∣∣∣ = a11a22a33+a12a23a31+a13a32a21−(a13a22a31+

+a12a21a33 + a11a32a23).

A formula acima e difıcil de se memorizar, mas existem maneiras

simples de lembra-la. Vejamos o metodo de Sarrus para calcular o

determinante de matrizes 3× 3:

• Primeiro escrevemos a matriz e repetimos a sua direita as suas

primeira e segunda colunas. (Lembre-se de nao por os ( )′s!);

• Depois, tracamos setas de acordo com a figura abaixo;

• Calculamos o produto dos elementos da matriz segundo elas;

• Para as setas que ficam na direcao e sentido da da diagonal

secundaria tomamos o oposto do produto. Para as setas que

ficam na direcao e sentido da diagonal principal tomamos o valor

do produto sem alteracoes;

• Somamos os valores encontrados.

Esse metodo e conhecido como regra de Sarrus.

Exemplo 2.3.1. O determinante da matriz A =

⎛⎜⎜⎜⎝1 3 5

9 3 0

2 18 −7

⎞⎟⎟⎟⎠ e

det A = 1×3×(−7)+3×0×2+5×9×18−(5×3×2+1×0×18+3×9×(−7)) = 948.

47

Page 49: Elementos_de_Matematica

Figura 2.1: Regra de Sarrus

Exemplo 2.3.2. O determinante da matriz B =

⎛⎜⎜⎜⎝1 7 12

0 5 3

0 0 1

⎞⎟⎟⎟⎠ e igual

a 5. (Verifique!)

Outra maneira muito simples de se memorizar o calculo do deter-

minante de uma matriz do tipo 3× 3 e a seguinte:

Figura 2.2: Determinante de uma matriz 3× 3

2.4 PROPRIEDADES DOS DETERMINANTES

Esta secao abordara varias propriedades dos determinantes. O

conhecimento dessas propriedades e de grande importancia para o

calculo de determinantes de matrizes quadradas de ordem maior que

48

Page 50: Elementos_de_Matematica

3. Elas servem tambem para determinantes de ordem 2 e 3. As pro-

priedades que listaremos a seguir devem ser estudadas mais profun-

damente, visto que de posse delas e com um pouco de maturidade

conseguimos resolver varios determinantes sem fazer calculos de-

masiados. Isto e, com elas conseguimos poupar tempo na resolucao

de determinantes de matrizes de ordens muito grandes.

Apesar de termos ate agora visto somente como calcular determi-

nantes de matrizes de ordem 1, 2 e 3, enunciaremos as propriedades

para o caso geral, i.e., para o caso de matrizes quadradas de ordem

n, n ∈ N. Convidamos o leitor a tentar demonstra-las, ou verifica-las

atraves de varios exemplos.

• Matriz com linhas ou colunas nulas

E fato que o determinante de toda matriz nula e nulo. Mas o

interessante e que isto tambem se verifica quando somente uma

linha (ou coluna) da matriz e formada apenas por zeros. Ou seja,

se

A =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝

a11 a12 . . . a1n

...... . . .

...

0 0 . . . 0...

... . . ....

an1 an2 . . . ann

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠,

entao det A = 0.

Exemplo 2.4.1. det

⎛⎜⎜⎜⎝1 5 9

0 0 0

2 −2 3

⎞⎟⎟⎟⎠ = 0.

Exemplo 2.4.2.

∣∣∣∣∣∣ 0 3

0 4

∣∣∣∣∣∣ = 0.

Exemplo 2.4.3.

∣∣∣∣∣∣ 0 0

1 3

∣∣∣∣∣∣ = 0.

Exemplo 2.4.4. det

⎛⎜⎜⎜⎝0 3 −7

0 2 0

0 5 1

⎞⎟⎟⎟⎠ = 0.

49

Page 51: Elementos_de_Matematica

Exemplo 2.4.5.

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

1 4 0 3

9 3 0 2

0 0 0 0

1 −2 0 2

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣= 0.

• det A = det At

Esta propriedade diz que o determinante de uma matriz e igual

ao da sua transposta. O leitor certamente ja tinha percebido a

essa propriedade.

Exemplo 2.4.6. det

⎛⎝ 1 9

−6 7

⎞⎠ = det

⎛⎝ 1 −6

9 7

⎞⎠ .

• Linhas ou colunas iguais

Esta propriedade bastante interessante pode ser provada us-

ando o teorema de Cauchy que sera enunciado na proxima

secao, como o leitor atento podera perceber. Mas voltando ao

principal, esta propriedade nos diz que se uma matriz quadrada

possuir duas (ou mais) linhas (ou colunas) iguais, entao seu de-

terminante sera nulo.

Exemplo 2.4.7.

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

1 3 5 3 7

2 2 4 5 9

−3 −4 7 10 −1

1 3 5 3 7

0 1 5 3 2

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣= 0, pois a quarta linha

e igual a primeira.

Exemplo 2.4.8.

∣∣∣∣∣∣∣∣∣1 −9 1

2 8 2

3 5 3

∣∣∣∣∣∣∣∣∣ = 0. (Voce sabe dizer por que?)

50

Page 52: Elementos_de_Matematica

Exemplo 2.4.9.

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

x + 1 x + 2 (x− 4)8 3x 2 x2

1 3 −2 2 −8 6

4 −1 93 0 0 7

1 3 −2 2 −8 6

0 5 2 19 17 6

−1 (log 3)x 3 2 0 1

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣= 0,

∀x ∈ R. Viu como ajuda?

• Linhas ou colunas proporcionais

No mesmo raciocınio do ıtem anterior, temos que o determinante

de uma matriz quadrada e nulo se ela possuir duas (ou mais)

linhas (ou colunas) proporcionais. Ou seja, se ela possuir pelo

menos uma linha (ou coluna) multipla de outra linha (ou coluna),

seu determinante sera nulo. Note que o caso anterior e uma

particularidade deste quando o fator de proporcionalidade e igual

a 1.

Exemplo 2.4.10.

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

1 3 5 3 7

2 2 4 5 9

−3 −4 7 10 −1

8 24 40 24 56

0 1 5 3 2

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣= 0,

pois a quarta linha e igual a primeira multiplicada por 8.

Exercıcio. Construa mais exemplos de matrizes em que suas

linhas (ou colunas) sao proporcionais e calcule seus determi-

nantes.

• Determinante de matriz triangular

Esta propriedade diz que o determinante de qualquer matriz tri-

angular superior e igual ao produto dos elementos componentes

da diagonal principal. Ou seja, se D = {a11, . . . , ann} e a diago-

nal principal de A e A e triangular superior, entao

det A =

n∏i=1

aii = a11 × a22 × . . .× ann.

51

Page 53: Elementos_de_Matematica

Exemplo 2.4.11. O determinante da matriz D =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝9 2 10 −4

0 3 4 1

0 0 2 1

0 0 0 2

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠e igual a det A = 108.

Exercıcio:O leitor poderia, somente usando as propriedades lis-

tadas ate agora, explicar por que o determinante de uma matriz

triangular inferior tambem e igual ao produto dos elementos da

diagonal principal?

Exemplo 2.4.12. A matriz B =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝2 0 0 0

100 −1 0 0

−1 3000 2 0

1 1010 2 8

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ e triangular

(De que tipo?) e possui determinante det B = 2× (−1)× 2× 8 =

−32.

• Multiplicacao de linha ou coluna por um escalar

Quando multiplicamos uma linha ou coluna por um escalar, o

seu determinante fica multiplicado por esse numero.

Exemplo 2.4.13. Notemos que a matriz M =

⎛⎝ 7 21

1 2

⎞⎠ pode

ser vista como M =

⎛⎝ 7× 1 7× 3

1 2

⎞⎠. Daı, det M = 7 det

⎛⎝ 1 3

1 2

⎞⎠ =

7× (−1) = −7.

Exemplo 2.4.14. Calcular o determinante da matriz A =

⎛⎜⎜⎜⎝2 8 4

3 9 12

15 5 25

⎞⎟⎟⎟⎠.

Podemos ver A desta maneira:

⎛⎜⎜⎜⎝2× 1 2× 4 2× 2

3× 1 3× 3 3× 4

5× 3 5× 1 5× 5

⎞⎟⎟⎟⎠. (Pode-

mos?)

52

Page 54: Elementos_de_Matematica

Daı, det A = det

⎛⎜⎜⎜⎝2× 1 2× 4 2× 2

3× 1 3× 3 3× 4

5× 3 5× 1 5× 5

⎞⎟⎟⎟⎠ = 2×3×5×det

⎛⎜⎜⎜⎝1 4 2

1 3 4

3 1 5

⎞⎟⎟⎟⎠= 2× 3× 5× 23 = 690.

Agora o leitor esta apto a dizer quanto vale det αA, onde α ∈ R

e A ∈Mn×n. (Ou nao?) Vejamos mais detalhadamente a matriz

αA:

αA =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝αa11 αa12 . . . αa1n

αa21 αa22 . . . αa2n

......

. . ....

αan1 αan2 . . . αann

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ .

Claramente vemos que α multiplica cada linha da matriz A. Pela

propriedade que enunciamos neste ıtem, o determinante de A

ficara multiplicado pelos escalares que multiplicam as suas lin-

has, que neste caso sao todos iguais a α:

det αA = α× α× . . .× α︸ ︷︷ ︸n vezes

det A = αn det A.

Exemplo 2.4.15. Dada a matriz D =

⎛⎝ 3 10

9 −7

⎞⎠, calcule det 5D.

Pela propriedade que acabamos de ver det 5D = 5× 5 det D =

52 det D = = 25× (−111) = −2775.

• Teorema de Jacobi

Recordemos o seguinte fato: dada uma matriz quadrada A, a

sua equivalente A e obtida atraves de operacoes elementares.

Uma pergunta interessante e: como determinar det A conhecendo

det A ? O teorema de Jacobi responde a essa pergunta:

Acessando o sıtio

www.google.com.br

e buscando por

Jacobi, o leitor

conhecera mais

sobre a vida deste

grande matematico.

Teorema 2.4.1. Seja A uma matriz quadrada. O determinante

de A e igual ao de qualquer equivalente sua.

53

Page 55: Elementos_de_Matematica

A importancia do teorema acima e inmensuravel. De posse dele,

podemos calcular o determinante de uma matriz apenas calcu-

lando o da sua escalonada. (Por que e mais facil calcular o deter-

minante de uma matriz escalonada?) Assim, ao inves de calcu-

larmos o determinante de uma matriz do tipo 4×4, escalonamo-a

e calculamos o seu determinante.

Exemplo 2.4.16. A matriz escalonada de A =

⎛⎜⎜⎜⎝0 9 3

−1 2 −6

1 3 4

⎞⎟⎟⎟⎠

e A =

⎛⎜⎜⎜⎝1 3 4

0 5 −2

0 0 33/5

⎞⎟⎟⎟⎠. (Exemplo 1.7.6)

Portanto, pelo teorema de Jacobi, det A = det A = 33. (Por que

det A = 33?)

• Teorema de Binet

Quando multiplicamos duas matrizes quadradas, inquirimos ac-

erca do determinante deste produto. Como se relaciona o deter-

minante do produto de duas matrizes com os seus respectivos

determinantes?

Acessando o sıtio

www.google.com.br

e buscando por

Binet, o leitor con-

hecera mais sobre

a vida deste grande

matematico.

Teorema 2.4.2. Sejam A e B duas matrizes quadradas de or-

dem n. O determinante do seu produto e igual ao produto dos

seus respectivos determinantes, isto e, se A e B sao matrizes

quadradas, entao det(AB) = det A det B.

Ilustremos o teorema de Binet com alguns:

Exemplo 2.4.17. A =

⎛⎝ 1 4

9 0

⎞⎠, B =

⎛⎝ −1 0

6 −7

⎞⎠ =⇒

=⇒ AB =

⎛⎝ 23 −28

−9 0

⎞⎠ =⇒ det(AB) = −252.

Agora note que det A = −36 e det B = 7. Assim, det A det B =

−252.

54

Page 56: Elementos_de_Matematica

Exemplo 2.4.18. C =

⎛⎜⎜⎜⎝1 7 2

−2 4 −6

0 8 0

⎞⎟⎟⎟⎠, D =

⎛⎜⎜⎜⎝1 2 3

−9 0 6

0 5 1

⎞⎟⎟⎟⎠ =⇒

=⇒ CD =

⎛⎜⎜⎜⎝62 12 47

−38 −34 12

−72 0 48

⎞⎟⎟⎟⎠.

Ao inves de calcularmos o determinante da ultima matriz, us-

amos o teorema de Binet e afirmamos que det(CD) = det C det D =

48× 1620 = 25920.

2.5 DETERMINANTES DE MATRIZES DE OR-

DEM n

Aprenderemos nessa secao maneiras de se calcular o determi-

nante de matrizes quadradas de qualquer ordem. Assim, pedimos

bastante atencao do estudante durante a sua leitura. Alguns metodos

necessitam de certo esforco minemonico devendo, por isso, ser es-

tudados com mais afinco. Veremos conceitos necessarios para con-

seguirmos calcular determinantes atraves dos metodos de Laplace e

de Chio.

Com isso, poderemos resolver problemas matematicos mais avan-

cados que necessitem de matrizes quadradas de ordem grande e

de seus respectivos determinantes. Convidamos o leitor a procurar,

na BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA, aplicacoes de determinantes

e o instigamos a resolver os exercıcios. Somente com resolucao de

exercıcios e que conseguimos solidificar o conhecimento matematico.

Procure resolver a maior quantidade possıvel de exercıcios referentes

a essa secao, pois nesta unidade talvez ela seja a mais importante.

Comecaremos esta secao aprendendo o metodo de Laplace para o

55

Page 57: Elementos_de_Matematica

calculo de determinantes de matrizes de ordem arbitraria.

2.5.1 TEOREMA DE LAPLACE

O teorema de Laplace e, sem duvida, o mais elegante para o

calculo do determinante de uma matriz. Muitos autores tomam a

definicao de determinante como o proprio teorema de Laplace. Antes

de enunciarmo-lo, vejamos primeiramente o conceito de cofator, que

e necessario para o seu perfeito entendimento.

Definicao 2.5.1 (Cofator). Seja A = (aij) ∈ Mn×n(R) uma matriz

dada. O cofator do elemento aij e o numero Aij = (−1)i+j det Mij,

onde Mij e a matriz resultante da eliminacao da linha i e da coluna j

da matriz A.

Exemplo 2.5.1. Seja a matriz A =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝1 2 3 4

5 6 7 8

9 10 11 12

13 14 15 16

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠. Calculemos o

cofator do elemento a23 (Nao confunda aij com Aij !). Para isso,

notemos

que M23 =

⎛⎜⎜⎜⎝1 2 4

9 10 12

13 14 16

⎞⎟⎟⎟⎠. (Concorda?) Daı, det M23 = 0 e entao

A23 = (−1)2+3 det M23 = 0.

Exemplo 2.5.2. Para a matriz D =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝2 −8 4 5

0 0 3 4

9 −2 4 3

1 0 −4 5

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠, calcule D14 e

D32.

Vejamos primeiramente quem sao as matrizes M14 e M32:

56

Page 58: Elementos_de_Matematica

M14 =

⎛⎜⎜⎜⎝0 0 3

9 −2 4

1 0 −4

⎞⎟⎟⎟⎠, M32 =

⎛⎜⎜⎜⎝2 4 5

0 3 4

1 −4 5

⎞⎟⎟⎟⎠.

Logo teremos que det M14 = 6 e det M32 = 63 e entao

D14 = (−1)1+4 det M14 = −6, D32 = (−1)3+2 det M32 = −63.

Exemplo 2.5.3. Calcule C11 e C42, onde C e tal que

C =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝12 4 −26 32

23 34 19 −7

11 −15 31 14

72 −30 0 −1

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠. Novamente, vejamos quem sao as matrizes M11 e M42:

M11 =

⎛⎜⎜⎜⎝34 19 −7

−15 31 14

−30 0 −1

⎞⎟⎟⎟⎠, M42 =

⎛⎜⎜⎜⎝12 −26 32

23 19 −7

11 31 14

⎞⎟⎟⎟⎠ .

Daı, teremos que C11 = (−1)1+1 det M11 = 15544 e C42 = (−1)4+2 det M42 =

32298.

Nos ultimos exemplos vimos a regra do cofator aplicada a elemen-

tos de matrizes do tipo 4 × 4,m as podemos aplica-la em casos de

matrizes de ordem 2 e 3. Vejamos o exemplo seguinte:

Exemplo 2.5.4. Calcule E21 , E22 e E23 onde E =

⎛⎜⎜⎜⎝2 9 8

3 5 6

9 1 1

⎞⎟⎟⎟⎠.

Vejamos as matrizes M21, M22 e M23: M21 =

⎛⎝ 9 8

1 1

⎞⎠, M22 =

⎛⎝ 2 8

9 1

⎞⎠,

M23 =

⎛⎝ 2 9

9 1

⎞⎠ .

Logo, E21 = (−1)2+1 det M21 = −1, E22 = (−1)2+2 det M22 = −70 e

E23 = (−1)2+3 det M23 = 79.

57

Page 59: Elementos_de_Matematica

No exemplo anterior, se calcularmos det E usando a regra de Sar-

rus, encontraremos 121 como resposta. Se calcularmos e21 × E21 +

e22 × E22 + e23 × E23, tambem encontramos 121 como resposta. Nao

foi mera coincidencia. Isto pode ser explicado pelo seguinte teorema:

Teorema 2.5.2 (Laplace). Seja A uma matriz quadrada de ordem n,

n ≥ 2. O seu determinante e igual a soma dos produtos dos elementos

Acessando o sıtio

www.google.com.br

e buscando por

Laplace, o leitor

conhecera mais

sobre a vida deste

grande matematico.

de uma fila qualquer pelos respectivos cofatores. Ou seja, det A =n∑

j=1

aijAij, onde i e o ındice de uma linha de A.

Exemplo 2.5.5. Calcular o determinante da matriz D =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝1 5 6 3

9 8 4 −1

0 1 3 1

4 −5 6 −8

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠usando o metodo de Laplace.

Comecemos escolhendo uma fila de D. Como o determinante de

D, pelo teorema de Laplace, e det D =

n∑j=1

dijDij, escolheremos uma

fila que possua pelo menos um elemento igual a zero, para facilitarmos

os calculos. Nesse raciocınio, escolheremos a teceira fila, ja que ela

possui um zero.(Convidamos o leitor a calcular o determinante de D

escolhendo uma das outras filas restantes).

Calculemos os cofatores D32, D33, D34. (Por que nao e necessario

calcular D31?) Com um calculo rapido, o leitor facilmente chegara

a solucao D32 = −496, D33 = 40 e D34 = 584. Portanto, det D =

0.D31 + 1.D32 + 3.D33 + 1.D34 = −496 + 120 + 584 = 208.

Encerraremos esta secao enunciando o seguinte teorema:

Teorema 2.5.3 (Cauchy). A soma dos produtos dos elementos de uma

fila pelos cofatores dos elementos correspondentes de outra fila par-

alela e igual a zero.

Acessando o sıtio

www.google.com.br

e buscando por

Cauchy, o leitor

conhecera mais

sobre a vida deste

grande matematico.

Admitiremos este ultimo teorema sem demonstracao. Convidamos

o leitor a comprova-lo para o caso de uma matriz quadrada de ordem

2.

58

Page 60: Elementos_de_Matematica

2.5.2 REGRA DE CHIO

Certamente o leitor deve ter percebido a dificuldade de calcular de-

terminantes de matrizes de ordem muito grande. A regra de Laplace e

muito bonita, mas para determinantes de matrizes de ordem superior

a 10, ( bf por exemplo), ela fica pouco usual. Imagine ter que calcular

o determinante de uma matriz do tipo 20 × 20 usando o metodo de

Laplace e dispondo de pouco tempo! A menos que voce consiga cal-

cular determinantes mentalmente, esta tarefa seria um desafio quase

que insolucionavel.

Como seria bom se conseguıssemos calcular o determinante de

uma matriz quadrada de ordem 4 apenas solucionando o de uma

de ordem 3! Ou mesmo calcular o de uma de ordem 3 somente

solucionando o de uma de ordem 2! Em suma, seria muito bom se

soubessemos uma maneira de calcular o determinante de uma matriz

quadrada de ordem n apenas calculando o de uma matriz de ordem

(n− 1). A regra de Chio ajuda-nos a solucionar nosso problema. Ela

Acessando o sıtio

www.google.com.br

e buscando por

Chio, o leitor con-

hecera mais sobre

a vida deste grande

matematico.

permite o calculo do determinante de uma matriz quadrada de ordem

n atraves do calculo do determinante de uma matriz quadrada de or-

dem n− 1. Assim, dada uma matriz

A =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝

a11 a12 . . . a1n

a21 a22 . . . a2n

......

. . ....

an1 an2 . . . ann

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠n×n

sabemos como, atraves de operacoes elementares, torna-la equiva-

lente a uma matriz A (tambem quadrada de ordem n) cujo termo a11

e igula a 1. (Sabemos mesmo?) Entao, assumindo que a matriz qua-

drada A possui o elemento a11 = 1, procedamos desta forma:

59

Page 61: Elementos_de_Matematica

• Destaque o elemento a11 = 1;

• Desconsidere a primeira linha e a primeira coluna da matriz;

• Subtraia, de cada elemento aij restante, o produto ai1a1j ;

• Com os resultados da passagem anterior, formamos uma matriz

quadrada de ordem n− 1:

A =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝

a22 − a21a12 a23 − a21a13 . . . a2n − a21a1n

a32 − a31a12 a33 − a31a13 . . . a3n − a31a1n

......

. . ....

an2 − an1a12 an3 − an1a13 . . . ann − an1a1n

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠n×n

• Calculamos o determinante da matriz A obtida.

Notemos que antes de calcularmos o determinante da matriz obtida

podemos repetir o processo ate encontrarmos uma matriz quadrada

de ordem menor cujo determinante seja mais facil de calcular.

Exemplo 2.5.6. Vamos calcular o determinante da matriz

D =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝1 5 6 3

9 8 4 −1

0 1 3 1

4 −5 6 −8

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ .

Por sorte (sera mesmo?), temos que a11 = 1. Daı, seguindo a sequencia

de passos descrita acima, chegamos a:

D =

⎛⎜⎜⎜⎝8− 9× 5 4− 9× 6 −1− 9× 3

1− 0× 5 3− 0× 6 1− 0× 3

−5− 4× 5 6− 4× 6 −8− 4× 3

⎞⎟⎟⎟⎠ =

⎛⎜⎜⎜⎝−37 −50 −28

1 3 1

−25 −18 −20

⎞⎟⎟⎟⎠ .

Portanto, pela regra de Chio, teremos que det D = det D = 208.

(Reconhece esse resultado?)

60

Page 62: Elementos_de_Matematica

2.6 MATRIZ ADJUNTA

Convidamos o leitor a revisar o conceito de matriz inversa. Na

unidade 1 nao ensinamos como calcular a inversa de uma matriz in-

vertıvel. Aqui aprenderemos uma condicao necessaria e suficiente

para sabermos se existe a inversa de uma matriz quadrada. Apos

isso, aprenderemos um metodo para calcular tal inversa. Na proxima

unidade aprenderemos outro metodo.

Na secao anterior aprendemos a calcular o cofator de um elemento

de uma matriz quadrada de ordem arbitraria. La vimos que dada uma

matriz

B = (bij) ∈Mn×n, o cofator do elemento bij e dado por Bij = (−1)i+j det Mij ,

onde Mij e a matriz obtida eliminando-se a i-esima linha e a j-esima

coluna de B.

Assim, se calcularmos todos os cofatores dos elementos de B,

obteremos a matriz dos seus cofatores, que designaremos por B:

B =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝B11 B12 . . . B1n

B21 B22 . . . B2n

......

. . ....

Bn1 Bn2 . . . Bnn

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ .

Exemplo 2.6.1. Encontre C, onde C =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝1 0 0 3

2 3 0 1

0 0 1 2

0 1 0 0

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ e C e a matriz

dos cofatores de C.

Apos calcularmos todos os dezesseis cofatores de C, encon-

tramos a seguinte solucao para o problema: (Verifique!)

C =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝−1 0 −4 2

3 0 2 −1

0 0 5 0

−9 5 −6 3

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ .

61

Page 63: Elementos_de_Matematica

Agora estamos aptos a definir o significado de matriz adjunta. Ela

esta intimamente ligada a inversa de uma matriz invertıvel.

Definicao 2.6.1 (Matriz adjunta). Sejam M uma matriz quadrada de

ordem n e M a matriz dos cofatores de M . A matriz adjunta de M ,

que designaremos por M∗ e dada por: M∗ = Mt. Ou seja, a adjunta

de uma matriz e obtida tomando-se a transposta da matriz dos seus

cofatores.

Vejamos um:

Exemplo 2.6.2. Para a matriz C =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝1 0 0 3

2 3 0 1

0 0 1 2

0 1 0 0

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠, sabemos que

C =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝−1 0 −4 2

3 0 2 −1

0 0 5 0

−9 5 −6 3

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ .

Logo, como C∗ = Ct, ganhamos que

C∗ =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝−1 3 0 −9

0 0 0 5

−4 2 5 −6

2 −1 0 3

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ .

Exercıcio: Construa varias matrizes quadradas e calcule suas ad-

juntas.

Exercıcio: Para a matriz C do exemplo anterior, calcule det C e

depois calcule CC∗ e C∗C. Repita esse processo para as matrizes do

exercıcio anterior. (Consegue deduzir algo?)

Exercıcio: Construa uma matriz quadrada A de determinante nao-

nulo e encontre a matriz A =1

det AA∗. Apos isso, calcule AA e AA.

62

Page 64: Elementos_de_Matematica

O que voce pode concluir sobre A? (Repita este exercıcio varias

vezes.)

Se o leitor foi bem-sucedido no exercıcio anterior, entao deve ter

percebido que o produto AA = AA = I (I e a matriz identidade!).

Relembrando o conceito de matriz inversa, apresentado na unidade

1, o leitor podera constatar que se o determinante de uma matriz A e

nao-nulo, entao a matriz admite inversa. Alem disso, veremos que a

inversa dessa matriz e igual a1

det AA∗. Assim, podemos enunciar a

seguinte proposicao:

Proposicao 2.6.2. Dada uma matriz quadrada A ∈ Mn×n, existe A−1

se, e somente se, det A �= 0.

Para provarmos essa proposicao precisaremos do seguinte lema:

Lema 2.6.1. Dada uma matriz quadrada M de determinante nao nulo,

a sua inversa e dada por M−1 =1

det MM∗, onde M∗ e a matriz adjunta

de M .

Demonstracao. Para provar que M−1 =1

det MM∗ e suficiente mostrar

que

MM∗ = M∗M = (det M)In. (Concorda?)

Tomando D = MM∗, teremos que (lembra da definicao de produto

de matrizes?) dij =

n∑k=1

mikm∗kj, onde os m∗

kj sao os elementos de

M∗. Como M∗ e a adjunta de M , resulta que m∗kj = Mjk. Substituindo

estes valores, chegamos a dij =

n∑k=1

mikMjk. Temos dois casos a

analisar:

• Se i = j, entao dij =n∑

k=1

mikMik. Mas isto e, pelo teorema de

Laplace, o determinante da matriz M .

63

Page 65: Elementos_de_Matematica

• Caso contrario, entao dij e a soma dos produtos dos elementos

de uma linha de M pelos cofatores dos elementos de outra linha.

O teorema de Cauchy afirma que dij = 0.

Assim, a matriz D e tal que:

• Se i = j (que corresponde aos elementos da diagonal principal

de D) entao dij = det M ;

• Se i �= j, entao dij = 0.

Portanto, D =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝

det M 0 0 . . . 0

0 det M 0 . . . 0

0 0 det M . . . 0...

......

. . ....

0 0 0 . . . det M

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠.

A outra parte demonstra-se de maneira analoga.

Demonstracao da proposicao. Se det A �= 0, entao existe a in-

versa de A pelo lema anterior e e igual a1

det AA∗. Se A possui inversa,

entao, pelo teorema de Binet, teremos que:

AA−1 = I =⇒ 1 = det I = det(AA−1) = (det A)(det A−1),

logo det A �= 0.

Poderıamos mostrar a segunda parte da proposicao usando o fato

que se A e invertıvel entao A e equivalente a uma matriz triangular cu-

jos elementos da diagonal principal sao nao-nulos. Mas a demonstracao

desse fato foge ao objetivo deste texto. Mas notemos que a proposicao

acima implica neste ultimo fato:

Se A e invertıvel, entao A e quadrada. (Concorda?) Escalonando

A obtemos, atraves do metodo de Gauss, uma matriz triangular A,

64

Page 66: Elementos_de_Matematica

equivalente a A. Como det A = det A (por Jacobi), e det A �= 0,

ganhamos que det A �= 0. Mas det A e igual ao produto dos elementos

de sua diagonal principal. Daı, nenhum elemento da diagonal principal

de A pode ser nulo.

65

Page 67: Elementos_de_Matematica

2.7 POLINOMIO CARACTERISTICO

Ja vimos algumas utilidades dos determinantes. A proxima ajuda-

nos a dizer quando uma matriz quadrada A pode ser diagonalizavel,

isto e, podemos encontrar uma matriz diagonal AD que possui o mesmo

determinante de A. Para isso, adquiriremos mais um importante con-

ceito: o polinomio caracterıstico de uma matriz. Por ser um texto

introdutorio, abrangiremos aqui somente o polinomio caracterıstico de

matrizes quadradas de ordem 2.

Definicao 2.7.1. Seja A uma matriz quadrada de ordem 2. O polinomio

de grau dois p(λ) = det(A−λI) e o polinomio caracterıstico de A, onde

λ ∈ R e I e a matriz identidade.

A definicao acima diz que dada A =

⎛⎝ a11 a12

a21 a22

⎞⎠, o seu polinomio

caracterıstico e dado por p(λ) = λ2− (a11 + a22)λ + a11a22 − a12a21. Ou

seja, p(λ) = λ2 − (trA)λ + det A.

Exemplo 2.7.1. Seja a matriz A =

⎛⎝ 5 −3

2 0

⎞⎠. O seu polinomio car-

acterıstico e dado por p(λ) = λ2 − 5λ + 6.

Exemplo 2.7.2. O polinomio caracterıstico da matriz B =

⎛⎝ 0 1

5 4

⎞⎠ e

p(λ) = λ2 − 4λ− 5.

Mas o leitor curioso deve estar se perguntando: para que serve

o polinomio caracterıstico de uma matriz? Qual a relacao entre suas

raızes e a matriz em questao? Ou seja, se λ1 e λ2 sao as raızes de

p(λ), qual a relacao entre a matriz e λ1, λ2?

A resposta para essas perguntas e a:

Proposicao 2.7.2. Seja A uma matriz quadrada de ordem 2 e p(λ) o

seu polinomio caracterıstico. Se λ1 e λ2 sao as suas raızes, entao A e

equivalente a

⎛⎝ λ1 0

0 λ2

⎞⎠.

66

Page 68: Elementos_de_Matematica

Logo, se o polinomio caracterıstico de A possui duas raızes reais

(numeros cmplexos sera estudado na unidade 5), entao existe uma

matriz diagonal equivalente a ela. Por Jacobi, teremos que det A =

λ1λ2.

Para o caso 2 × 2 o resultado acima pode nao parecer bastante

interessante. Mas imagine a sua utilidade para o caso de matrizes de

ordens maiores? E ainda nao mencionamos outras consequencias im-

portantes da proposicao acima. Mas somente o fato de que podemos

supor uma dada matriz semelhante a uma matriz diagonal, ganhamos

muito em determinados problemas matematicos.

Exemplo 2.7.3. Para a matriz A =

⎛⎝ 5 −3

2 0

⎞⎠, temos que p(λ) =

λ2−5λ+6. Resolvendo esse polinomio, conseguimos λ1 = 2 e λ2 = 3.

Daı, afirmamos que

⎛⎝ 2 0

0 3

⎞⎠ e equivalente a A.

Exemplo 2.7.4. Agora, para B =

⎛⎝ 0 1

5 4

⎞⎠, teremos, apos a resolucao

do

seu polinomio caracterıstico, que

⎛⎝ −1 0

0 5

⎞⎠ e uma equivalente a B.

Esperamos que esta unidade tenha sido bem estudado poi, assim

como a unidade 1, na proxima faremos uso de toda a teoria aprendida

ate entao.

2.8 SAIBA MAIS

O leitor podera acessar, no sıtio http://strato.impa.br/, excelentes vıdeos

produzidos pela equipe coordenada pelo Professor Elon Lages Lima,

do Programa de Formacao de Professores do Ensino Medio. Aces-

sando janeiro de 2002 e janeiro de 2006, o leitor encontrara vıdeos

sobre o ensino de determinantes.

67

Page 69: Elementos_de_Matematica

2.9 EXERCICIOS

1. Dada as matrizes A =

⎛⎝ 3 5

0 9

⎞⎠ , B =

⎛⎝ 18 −√5√

7 10

⎞⎠ e

C =

⎛⎝ 0 −3

−5 13

⎞⎠ , calcule 8 detA− 5 det B + 9 detC.

2. No exercıcio anterior, calcule det(2√

2A)− det(√

5B) + det(3C).

3. Ainda com as matrizes do primeiro exercıcio, calcule det(A +

B) , det(A + C) , det A + det B.

4. Construa varias matrizes quadradas de ordem 2, calcule seus

determinantes e os determinantes dos multiplos das matrizes.

Notou algo interessante?

5. Resolva a equacao:

∣∣∣∣∣∣ x 2

9 2

∣∣∣∣∣∣+∣∣∣∣∣∣ −3 23

2x −18

∣∣∣∣∣∣ = 0.

6. Encontre x ∈ R tal que det(xA + B) = 0 , onde

A =

⎛⎝ 1 2

2 5

⎞⎠ , B =

⎛⎝ 4 −3

12 −4

⎞⎠ .

7. Considerando as matrizes do exercıcio anterior, calcule det(AB)

e det(BA). (Coincidencia?)

8. Faca o exercıcio anterior para varias matrizes quadradas de or-

dem 2.

9. Calcule os seguintes determinantes:

(a)

∣∣∣∣∣∣ 1 5

0 18

∣∣∣∣∣∣

68

Page 70: Elementos_de_Matematica

(b)

∣∣∣∣∣∣ 1 −3

0 α

∣∣∣∣∣∣. Compare com o item anterior.

(c)

∣∣∣∣∣∣ 2000 1010

0 2

∣∣∣∣∣∣.

10. Sem calculo, diga quanto vale

∣∣∣∣∣∣ 1 β

0 α

∣∣∣∣∣∣, α, β ∈ R.

11. A matriz A =

⎛⎝ 1 9

2 6

⎞⎠ e invertıvel. Calcule o seu determinante.

Calcule o determinante da matriz nao-invertıvel B =

⎛⎝ 1 3

3 9

⎞⎠.

Notou algo interessante?

12. Repita o exercıcio anterior para as matrizes M =

⎛⎝ 2√

2

4 12

⎞⎠,

N =

⎛⎝ 1 2

2 4

⎞⎠, onde M e invertıvel e N nao-invertıvel. (Con-

segue deduzir algo?)

13. Calcule o determinante das matrizes e diga, na sua opiniao,

quais sao invertıveis:

(a) A =

⎛⎝ 4 −3

5 15

⎞⎠ (b) B =

⎛⎝ 0 3

4 0

⎞⎠

(c) C =

⎛⎝ 18 −1

0 0

⎞⎠ (d) D =

⎛⎜⎜⎜⎜⎝4 −√2

−√2

2

1

4

⎞⎟⎟⎟⎟⎠

69

Page 71: Elementos_de_Matematica

(e) E =

⎛⎝ 17 −9

8 −18

⎞⎠ (f) F =

⎛⎝ 0 −1

0 0

⎞⎠

14. Dada a matriz A =

⎛⎝ 15 −1

37 3

⎞⎠, calcule det A2, det2 A. O mesmo

para B =

⎛⎝ 8 0

4 6

⎞⎠.

15. Com as mesmas matrizes do exercıcio anterior, calcule det At,

det Bt, det(AB)t, det(AB), det(BA), det A det B, det(AB)t e det(AtBt).

16. Sejam A =

⎛⎝ 2 17

49 59

⎞⎠ e B =

⎛⎝ 113 −83

−2 −15

⎞⎠. Calcule:

(a)det(2A) (b)det(3A) (c)det(8B) (d)det

(1

6B

)

17. Usando a regra de Sarrus, calcule os seguintes determinantes:

(a)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣2 7 12

0 8 3

0 0 1

∣∣∣∣∣∣∣∣∣ (b)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣2 6 13

0 4 8

0 0 5

∣∣∣∣∣∣∣∣∣ (c)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣4 1 0

0 3 9

0 0 6

∣∣∣∣∣∣∣∣∣

(d)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣10 −15 12

0 35 9

0 0 7

∣∣∣∣∣∣∣∣∣ (e)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣1 γ β

0 α ζ

0 0 1

∣∣∣∣∣∣∣∣∣Notou algo interessante?

18. Calcule os seguintes determinantes:

70

Page 72: Elementos_de_Matematica

(a)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣1 15 1

2 3 2

4 6 4

∣∣∣∣∣∣∣∣∣(b)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣21 13 43

2 4 17

1 5 9

∣∣∣∣∣∣∣∣∣(c)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣1 2 3

4 5 6

7 8 9

∣∣∣∣∣∣∣∣∣

(d)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣1 2 3

1 2 3

2 6 8

∣∣∣∣∣∣∣∣∣ (e)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣0 2 3

5 0 9

2 1 0

∣∣∣∣∣∣∣∣∣

19. (UFSC) Determine o valor de x para que o determinante da ma-

triz C = ABt seja igula a 602, em que

A =

⎛⎝ 1 2 −3

4 1 2

⎞⎠ e B =

⎛⎝ x− 1 8 −5

−2 7 4

⎞⎠.

20. Para quais valores de x ∈ R o determinante a seguir e nao-nulo?

∣∣∣∣∣∣∣∣∣1 −5 3

0 x 2

0 x2 1

∣∣∣∣∣∣∣∣∣ .

21. Dadas as matrizes A =

⎛⎜⎜⎜⎝7 −5 9

0 3 6

1 2 1

⎞⎟⎟⎟⎠ e

⎛⎜⎜⎜⎝3 9 6

21 −13 −12

2 −1 1

⎞⎟⎟⎟⎠,

calcule det A, det B, det(A+B), det(3A), 3 detA, 27 detA, det 8B,

8 det B, det(AB), det(BA).

22. Quanto vale

∣∣∣∣∣∣∣∣∣1 1 1

2 3 4

4 9 16

∣∣∣∣∣∣∣∣∣? E

∣∣∣∣∣∣∣∣∣1 1 1

4 5 2

16 25 4

∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ?

71

Page 73: Elementos_de_Matematica

23. O mesmo para

∣∣∣∣∣∣∣∣∣1 1 1

2 4 5

4 16 25

∣∣∣∣∣∣∣∣∣e para

∣∣∣∣∣∣∣∣∣1 1 1

a b c

a2 b2 c2

∣∣∣∣∣∣∣∣∣, a, b, c ∈ R.

24. (FGV-SP) Sendo A =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝x 1 2 3

x x 4 5

x x x 6

x x x x

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠, qual e o conjunto solucao

para a equacao det A = 0?

25. Construa varias matrizes triangulares e calcule seus determi-

nantes. O que voce pode concluir?

26. Calcule

∣∣∣∣∣∣∣∣∣1 4 −19

2 −3 5

0 7 −7

∣∣∣∣∣∣∣∣∣e

∣∣∣∣∣∣∣∣∣0 7 −7

2 −3 5

1 4 −19

∣∣∣∣∣∣∣∣∣.

27. Calcule os seguintes determinantes:

(a)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

0 −2 3 −7

18 −21 14 2

3 −9 −3 29

0 −13 5 17

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣(b)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

5 6 7 8

9 10 11 12

13 14 15 16

17 18 19 20

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

(c)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

0 0 14 −1

18 33 94 2

−47 −2 45 15

2 0 0 0

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣(d)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

1 −2 3 −7

0 −21 14 2

0 0 −3 29

0 0 0 17

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

72

Page 74: Elementos_de_Matematica

(e)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

16 13 55 69

−18 5 67 22

3 35 44 87

0 99 −23 0

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣28. Calcule os seguintes determinantes:

(a)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

1 −2 −3 7 −4

8 1 0 2 3

0 −9 −6 12 0

0 −3 15 0 0

21 4 −4 0 0

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣(b)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

1 0 0 3 −4

0 1 0 2 3

5 8 7 −5 10

0 0 4 0 0

32 −19 −4 0 0

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

(c)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

6 5 4 3 2

10 9 8 7 6

20 21 22 23 24

47 46 45 44 43

18 17 16 15 14

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣(d)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

1 0 0 0 0

0 1 0 0 0

0 0 1 0 0

0 0 0 1 0

0 0 0 0 1

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

(e)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

1 2 2 4 5

2 3 5 6 7

3 5 7 10 12

0 1 2 7 9

0 3 4 6 5

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣(f)

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

5 6 −8 0 19

4 3 −13 45 25

13 16 42 65 41

21 23 56 67 18

−34 33 45 66 0

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣29. Resolva a seguinte equacao em R:

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

x −2x 3 17 12

−8 4 0 0 5

9 −x 14 12 13

0 x + 2 13 1 4

0 2 −4 0 0

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣= 0

73

Page 75: Elementos_de_Matematica

30. (FUVEST-SP)Qual o valor do determinante

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

1 1 1 1

1 2 2 2

1 2 3 3

1 2 3 4

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣?

31. Resolva todos os determinantes anteriores usando o metodo de

Chio.

32. Resolva o seguinte determinante utilizando as regras de Sarrus,

de Chio e de Laplace: ∣∣∣∣∣∣∣∣∣1 −3 4

8 9 2

0 3 6

∣∣∣∣∣∣∣∣∣ .

33. Encontre as matrizes dos cofatores para as matrizes dadas:

(a) A =

⎛⎜⎜⎜⎝1 3 2

−1 3 8

5 −2 8

⎞⎟⎟⎟⎠ (b) B =

⎛⎜⎜⎜⎝2 −19 0

4 −3 20

2 −4 1

⎞⎟⎟⎟⎠

(c) C =

⎛⎝ 1 3

9 −1

⎞⎠ (d) D =

⎛⎝ −4 3

0 2

⎞⎠

(e) E =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝3 −4 −5 1

0 10 −8 11

20 −14 2 0

3 −1 12 21

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠

74

Page 76: Elementos_de_Matematica

(f) F =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝

1 0 0 3 4

12 −43 22 21 0

13 19 98 91 −10

14 −16 90 83 0

51 69 11 24 0

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠(Nem tudo sao flores!)

34. Para as matrizes A, B, C, D do exercıcio anterior, calcule a trans-

posta das suas respectivas matrizes dos cofatores. Calcule tambem

os seus determinantes.

35. Calcular a inversa da matriz

⎛⎝ 2 1

0 4

⎞⎠ usando o metodo da ma-

triz adjunta.

36. Encontre os polinomios caracterısticos das seguintes matrizes:

(a) C =

⎛⎝ −4 3

7 0

⎞⎠ (b) D =

⎛⎝ 2 9

1 3

⎞⎠

2.10 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

1. LIMA, E.L.; CARVALHO, P.C.; WAGNER, E.; MORGADO, A.C..A

Matematica do Ensino Medio. Volume 3. 6.ed.. Rio de Janeiro:

SBM, 2006.

75

Page 77: Elementos_de_Matematica

Unidade 3

Sistemas Lineares

Page 78: Elementos_de_Matematica

Resumo

Aprendemos a resolver sistemas de equações lineares.

Começamos com os casos 2×2 e 3×3 aprendemos métodos para

resolvê-los e discuti-los. Vimos as suas interpretações geométricas a

relação desta com a classificação deles. Após aprendermos os casos

mais usuais e triviais, vimos uma rápida exposição sobre sistemas

lineares do tipo n × n. Como prosseguimento do que tíınhamos já visto,

revimos os métodos para a sua solução e discussão.

Page 79: Elementos_de_Matematica

ÍNDICE UNIDADE 3. Sistemas Lineares 3.1 Introdução

3.2 Sistemas lineares com duas incógnitas

3.2.1 Solução de um sistema linear

3.2.2 Resolução de um sistema linear 2 × 2

3.2.3 Regra de Cramer

3.2.4 Discussão de um sistema linear 2 × 2

3.2.5 Interpretação geométrica

3.3 Sistemas lineares com três incógnitas

3.3.1 Resolução de um sistema linear 3 × 3

3.3.2 Regra de Cramer

3.3.3 Discussão de um sistema linear 3 × 3

3.3.4 Interpretação geométrica

3.4 Sistemas lineares com n incógnitas

3.4.1 Resolução de um sistema linear n × n

3.4.2 Discussão de um sistema linear n × n

3.5 Saiba mais

3.6 Exercícios

3.7 Respostas

3.8 Referência bibliográfica

Page 80: Elementos_de_Matematica

Unidade 3

SISTEMAS LINEARES

3.1 INTRODUCAO

Apos vermos uma introducao ao estudo das matrizes e dos determi-

nantes, estamos aptos a estudar uma aplicacao importante deles. E

fato que varios problemas do nosso cotidiano podem ser resolvidos

com o uso de sistemas lineares. O adjetivo linear significa que as

equacoes envolvidas nesses sistemas sao lineares nas variaveis que

as compoem. A seguir apresentaremos o:

Problema: O professor da disciplina de Fundamentos, do curso de

Matematica presencial da UFPI do Campus Ministro Petronio Portela,

realizou tres provas. As questoes valiam um ponto cada uma, mas

tinham pesos diferentes. Sabendo que Joao acertou 4 questoes na

primeira prova, 5 na segunda e 6 na terceira, obteve no final um to-

tal de 47 pontos. Maria acertou 6, 6 e 3, totalizando 54 pontos. Por

sua vez, Raimundo acertou 5, 7 e 2 questoes, atingindo a soma de

50 pontos no final. Ja Jose fez 6 questoes na primeira prova, 7 na

segunda e 2 na terceira. Qual foi o total de pontos de Jose?

Chamando de x, y e z respectivamente os pesos da primeira, segunda

e terecira provas, as pontuacoes de Joao, Maria e Raimundo nos

fornecem as equacoes:

78

Page 81: Elementos_de_Matematica

4x + 5y + 6z = 47

6x + 6y + 3z = 54

5x + 7y + 2z = 50

Determinando, atraves de algum metodo, os valores de x, y e z que,

substituindo no primeiro membro de cada uma das tres equacoes

acima, torna-o igual ao segundo membro, o total de pontos de Jose

e:

6x + 7y + 2z

Nesta unidade aprenderemos a determinar os valores de x, y e z,

quando possıvel. A Historia mostra que o surgimento dos sistemas

lineares e anterior ao aparecimento das matrizes e dos determi-

nantes. O ensino da teoria deles antes da dos sistemas e devido

Mais

informacoes so-

bre a origem do

termo sistemas

lineares podem

ser encontradas

na Revista

numero 21, em

www.rpm.org.br.

a didatica. A verdade e que o uso das matrizes e dos determinantes

serviu primeiramente para a solucao dos questionamentos quanto a

resolucao de problemas que necessitavam de sistemas lineares.

Outra coisa interessante (e logica) e a interpretacao geometrica da

solucao dos sitemas lineares. Podemos resolve-los atraves da analise

de figuras geome- tricas simples como planos e retas. Para isso, e

exigido o conhecimento das equacoes da reta e do plano. Lembramos

que uma reta no plano xy pode ser vista atrave da seguinte equacao

linear: αx+βy = c, e que um plano no espaco tridimensional xyz pode

ser estudado atraves da equacao (tambem linear): αx + βy + γz = c.

Assim, as solucoes podem ser obtidas apenas com o estudo das

posicoes relativas entre retas e planos. Existem, entao, metodos

aritmeticos e geometricos para a solucao de sistemas de equacoes

lineares. Podemos estudar figuras geometricas atraves deles e vice-

versa.

Comecaremos o estudo dos sistemas linares com a definicao de

equacao linear e a exposicao de sistemas com duas incognitas.

79

Page 82: Elementos_de_Matematica

3.2 SISTEMAS LINEARES COM DUAS INCOG-

NITAS

Seguindo a linha de pensamento de que devemos sempre apren-

der o basico para entao aprendermos algo mais abstrato, comecemos

esta secao aprendendo o significado de equacao linear.

Definicao 3.2.1. Dadas as incognitas x1, . . . , xn, e os numeros reais

α1, . . . , αn, c, chamamos de equacao linear toda equacao do tipo

n∑i=1

αixi = α1x1 + . . . + αnxn = c.

Os termos α1, . . . , αn recebem o nome de coeficientes e c ∈ R e o seu

termo independente.

Exemplo 3.2.1. A equacao x1 + 2x2 − 5x3 = 4 e linear.

Exemplo 3.2.2. A equacao x2 + 5y − 1

z= 0 e nao linear.

Agora, de posse da definicao de equacao linear, podemos entao

definir

Definicao 3.2.2. Um sistema de equacoes lineares de duas incognitas

e um conjunto do tipo⎧⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎩

α11x1 + α12x2 = β1

α21x1 + α22x2 = β2

......

......

...

αk1x1 + αk2x2 = βk

,

onde k ≥ 1.

Na maioria dos casos, k = 2. Nestes casos, e comum a denominacao

de ”sistema 2× 2”.

Exemplo 3.2.3. ⎧⎨⎩ 2x1 + 3x2 = 3

−4x1 + x2 = 0

80

Page 83: Elementos_de_Matematica

e um sistema linear com duas incognitas e duas equacoes. (O leitor

consegue tracar o grafico das retas 2x1 + 3x2 = 3 e −4x1 + x2 = 0?)

Exemplo 3.2.4. O sistema

⎧⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎩x1 + 3x2 = 3

−4x1 + x2 = 0

−2x1 − 6x2 = −6

possui tres equacoes

e duas incognitas. (O que o leitor pode dizer sobre as retas x1+3x2 = 3

e −2x1 − 6x2 = −6?)

3.2.1 SOLUCAO DE UM SISTEMA LINEAR

E nosso objetivo nao so estudar as propriedades dos sistemas lin-

eares, mas tambem aprender tecnicas para a solucao deles. Antes

de passarmos ao estudo de tais tecnicas, vejamos primeiramente o

conceito de solucao de um sistema de equacoes lineares.

Definicao 3.2.3. Dado o sistema

S :

⎧⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎩

α11x1 + α12x2 = β1

α21x1 + α22x2 = β2

......

......

...

αk1x1 + αk2x2 = βk

,

onde k ≥ 1, dizemos que o par (ξ1,ξ2) e uma solucao para S se, e

somente se, (ξ1,ξ2) satisfaz a cada uma das suas equacoes compo-

nentes.

Exemplo 3.2.5. Para o exemplo 3.1.3, temos que o par (3

14,6

7) e

solucao para o sistema dado, enquanto que (0, 1) nao o e.

Exemplo 3.2.6. Verifica-se facilmente que o par (4,−5) satisfaz o sis-

tema

S :

⎧⎨⎩ 2x1 − x2 = 13

−x1 + x2 = −9.

81

Page 84: Elementos_de_Matematica

3.2.2 RESOLUCAO DE UM SISTEMA LINEAR 2× 2

Existem varios metodos para solucionarmos um sistema linear.

Come- caremos pelo que achamos ser o mais pratico e simples. Dado

um sistema linear 2× 2

S :

⎧⎨⎩ α11x1 + α12x2 = β1

α21x1 + α22x2 = β2

,

podemos escreve-lo como uma equacao matricial⎛⎝ α11 α12

α21 α22

⎞⎠⎛⎝ x1

x2

⎞⎠ =

⎛⎝ β1

β2

⎞⎠ . (Concorda?)

Chamaremos as matrizes

⎛⎝ α11 α12

α21 α22

⎞⎠,

⎛⎝ x1

x2

⎞⎠ e

⎛⎝ β1

β2

⎞⎠ de

principal,

incognita e independente, respectivamente. Diremos que⎛⎝ α11 α12 β1

α21 α22 β2

⎞⎠e a matriz aumentada do sistema.

Definicao 3.2.4. Dados os sistemas lineares 2 × 2 S1 e S2, dizemos

que eles sao equivalentes se, e somente se, suas matrizes aumen-

tadas sao equivalentes.

Exemplo 3.2.7. Os sistemas

S1 :

⎧⎨⎩ x1 − 3x2 = 8

3x1 + 5x2 = 4e S2 :

⎧⎨⎩ x1 − 3x2 = 8

14x2 = −20

sao equivalentes, pois as suas aumentadas⎛⎝ 1 −3 8

3 5 4

⎞⎠ e

⎛⎝ 1 −3 8

0 14 −20

⎞⎠sao equivalentes. (Qual e o mais facil de ser resolvido?)

82

Page 85: Elementos_de_Matematica

Exemplo 3.2.8. Tambem sao equivalentes os sistemas

S1 :

⎧⎨⎩ −2x1 + 4x2 = 0

5x1 + x2 = 12e S2 :

⎧⎪⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎪⎩x1 +

1

5x2 =

12

5

22

5x2 =

24

5

.

(Por que?)

A importancia de estudarmos sistemas equivalentes pode ser ex-

plicada atraves da

Proposicao 3.2.5. Dois sistemas de equacoes lineares possuem a

mesma solucao se, e somente se, sao equivalentes.

Assim, podemos resolver um sistema apenas solucionando um

equivalente seu (e mais simples). A solucao de um e a mesma do

outro. Do mesmo modo que no primeiro capıtulo, chegamos a um

equivalente de um sitema apenas escalonando-o.

Definicao 3.2.6. Diz-se que um sistema S esta escalonado quando

sua matriz aumentada esta escalonada.

Incentivamos a revisao da secao 1.8 antes do prosseguimento da

leitura desta. Nao continue se nao tiver aprendido as operacoes ele-

mentares.

Descreveremos agora os passos para a solucao de um sistema

linear 2× 2:

• Obtemos a matriz aumentada do sistema;

• Escalonamo-a;

• Resolvemos o novo sistema obtido da matriz escalonada.

Exemplo 3.2.9. Resolver o seguinte sistema

S :

⎧⎨⎩ 2x1 + 3x2 = 3

−4x1 + x2 = 0.

Sol.: Utilizando a mesma simbologia do primeiro capıtulo, teremos:

83

Page 86: Elementos_de_Matematica

• A matriz aumentada e dada por:

⎛⎝ 2 3 3

−4 1 0

⎞⎠;

• escalonando-a teremos

⎛⎝ 2 3 3

−4 1 0

⎞⎠ L2+2L1−→⎛⎝ 2 3 3

0 7 6

⎞⎠;

• Assim, teremos o seguinte sistema equivalente ao dado:

S :

⎧⎨⎩ 2x1 + 3x2 = 3

7x2 = 6;

• Olhando a segunda linha deste sistema, vemos que 7x2 = 6.

Logo, x2 =6

7;

• Substituindo o valor encontrado de x2 na primeira equacao, ter-

emos: 2x1 +18

7= 3. Ou seja, x1 =

3

14.

A solucao de S e, entao, o par(

3

14,6

7

).

Exemplo 3.2.10. Resolver o sistema S :

⎧⎨⎩ −2x1 + 4x2 = 0

5x1 + x2 = 12.

• A matriz aumentada e dada por

⎛⎝ −2 4 0

5 1 12

⎞⎠;

• Escalonando-a, teremos

⎛⎝ −2 4 0

5 1 12

⎞⎠ L2+5/2L1−→⎛⎝ −2 4 0

0 11 12

⎞⎠;

• Obtivemos o seguinte sistema equivalente S :

⎧⎨⎩ −2x1 + 4x2 = 0

11x2 = 12;

• Resolvendo a segunda equacao, ganhamos que x2 =12

11;

• Substituindo este valor na primeira equacao, concluimos que(24

11,12

11

)e a solucao de S.

84

Page 87: Elementos_de_Matematica

3.2.3 REGRA DE CRAMER

Alem do metodo do escalonamento, podemos resolver um sistema

linear atraves do metodo de Cramer. Este faz uso demasiado de

determinantes, sendo, por isso, evitado por muitos. Ou seja, quando o

Acessando o sıtio

www.google.com.br

e buscando por

Cramer, o leitor

conhecera mais

sobre a vida deste

grande matematico.

quesito e tempo, a regra de Cramer se torna pouco usual, apesar de

sua teoria ser muito bonita e digna de ser estudada.

Enunciemos, entao, este tradicional metodo:

Dado um sistema linear S :

⎧⎨⎩ α11x1 + α12x2 = β1

α21x1 + α22x2 = β2

, a sua

solucao (ξ1, ξ2) e obtida por

ξi =Di

D,

onde D e o determinante da matriz principal e Di e o determinante da

matriz conseguida atraves da troca da i-esima coluna da matriz prin-

cipal pela coluna da independente.

Ou seja, ξ1 =

∣∣∣∣∣∣ β1 α12

β2 α22

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣ α11 α12

α21 α22

∣∣∣∣∣∣e ξ2 =

∣∣∣∣∣∣ α11 β1

α21 β2

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣ α11 α12

α21 α22

∣∣∣∣∣∣sao as solucoes de

S.

O estudante atento deve estar se perguntando o que ocorre quando

D = 0. Mas essa questao somente sera respondida futuramente.

Exemplo 3.2.11. Resolva o sistema

S :

⎧⎨⎩ −x1 + x2 = 10

−5x1 + 2x2 = 0

pela regra de Cramer.

Sol.: Vejamos primeiramente quem e a matriz principal do sistema:⎛⎝ −1 1

−5 2

⎞⎠ .

85

Page 88: Elementos_de_Matematica

Logo, seu determinante sera igual a 3;

Agora, vejamos as matrizes obtidas atraves da permutacao das

colunas da matriz principal pela da independente:⎛⎝ 10 1

0 2

⎞⎠ e

⎛⎝ −1 10

−5 0

⎞⎠ ,

onde a primeira foi obtida atraves da troca da primeira coluna da princi-

pal com a coluna da independente e a seguna foi conseguida analoga-

mente.

Portanto, seus determinantes serao iguais a 20 e a 50, respectiva-

mente.

Estamos aptos a encontrar os valores de ξ1 e de ξ2:

ξ1 =D1

D=

20

3, ξ2 =

D2

D=

50

3.

Exemplo 3.2.12. Encontre a solucao para o sistema

S :

⎧⎨⎩ 2x1 − 6x2 = 7

−3x1 + 6x2 = 8.

Sol.: A matriz principal tem determinante nao-nulo igual a −6. (Ve-

rifique!) Calculando tambem o determinante das matrizes obtidas com

as permutacoes de colunas, obtemos

ξ1 =D1

D= −90

6= −15 e ξ2 =

D2

D= −37

6.

Logo, o conjunto solucao e dado por{(−15,−37

6

)}.

Exemplo 3.2.13. Ache o conjunto solucao para o sistema

S :

⎧⎨⎩ x1 + 2x2 = 4

2x1 + 4x2 = 8.

Sol.: Novamente, comecemos encontrando a matriz principal:

⎛⎝ 1 2

2 4

⎞⎠ .

Portanto, ela tem determinante nulo.

Vejamos o que acontece agora com os determinantes das matrizes

obtidas pelas permutacoes de colunas da principal coma indepen-

dente:

86

Page 89: Elementos_de_Matematica

det

⎛⎝ 4 2

8 4

⎞⎠ = 0 e det

⎛⎝ 1 4

2 8

⎞⎠ = 0.

Assim, nao faz sentido falar em ξ1 =D1

D=

0

0e ξ2 =

D2

D=

0

0.

Analisaremos casos como este na proxima secao.

3.2.4 DISCUSSAO DE UM SISTEMA LINEAR

2× 2

Na secao passada aprendemos a resolver um sistema de equacoes

lineares atraves dos metodos da eliminacao e de Cramer. Por questoes

de comodidade, a maioria dos exemplos que demos tinham solucao,

i.e., o conjunto solucao deles era nao vazio. Nem sempre isso acon-

tece. Em muitos casos temos sistemas com infinitas solucoes ou com

nenhuma solucao. Algumas areas da Matematica trabalham com sis-

temas que possuem infinitas solucoes. Desse conjunto infinito, elas

extraem a que mais lhe convem. Mas para isso e preciso saber anal-

isar o sistema.

Existem tres tipos de sistemas lineares, a saber:

• Sistema Possıvel e Determinado;

• Sistema Possıvel e Indeterminado;

• Sistema Impossıvel.

Passaremos a descreve-los:

Definicao 3.2.7. Dado um sistema S, dizemos que ele e possıvel se

possui solucao. E dizemos que e impossıvel se nao a possui. Ele

e possıvel determinado se possui uma unica solucao, e e possıvel

indeterminado quando possui infinitas solucoes.

87

Page 90: Elementos_de_Matematica

Exemplo 3.2.14. O sistema S :

⎧⎨⎩ 2x1 − 6x2 = 7

−3x1 + 6x2 = 8e possıvel e

possui uma solucao. (Exemplo 3.2.12)

Exemplo 3.2.15. O sistema S :

⎧⎨⎩ x1 + 3x2 = 9

3x1 + 9x2 = 18e impossıvel.

(Tente exibir alguma solucao para ele.)

Utilizando a regra de Cramer, podemos distinguir um sistema quanto

ao tipo segundo as instrucoes:

1. Se o determinante da matriz principal e nao-nulo, entao o sis-

tema e possıvel e determinado;

2. Se o determinante da matriz principal e nulo, entao so podemos

inferir que o sistema ou e impossıvel ou e possıvel indetermi-

nado. Calculemos, entao, os determinantes das matrizes obtidas

atraves das permutacoes das colunas da principal com a coluna

da independente. Se todos eles forem nulos, entao podemos

afirmar que o sistema e possıvel e indeterminado.

3. Se o determinante da matriz principal e nulo e pelo menos um

dos outros determinantes for nao-nulo, entao o sistema e im-

possıvel.

Exemplo 3.2.16. Como visto no exemplo 3.1.15, o fato de D �= 0 ja

nos faz concluir que o sistema e possıvel e determinado.

Exemplo 3.2.17. No exemplo 3.1.13, temos que D = D1 = D2 = 0.

Assim, podemos concluir que tal sistema e possıvel e indeterminado.

O leitor consegue exibir solucoes para este sistema?

Exemplo 3.2.18. Para o sistema S :

⎧⎨⎩ x1 + x2 = 1

2x1 + 2x2 = 2, temos

D = D1 = D2 = 0, e todo elemento do conjunto {(α, 1 − α) ; α ∈ R}satisfaz o sistema. Portanto, o sistema e possıvel e indeterminado;

Exemplo 3.2.19. No exemplo 3.1.14, temos que D = 0, mas D1 �= 0.

Logo, o sistema e impossıvel, como ja haviamos dito.

88

Page 91: Elementos_de_Matematica

Analisando pelo metodo do escalonamento, podemos classificar

um sistema da seguinte maneira:

1. Se, ao escalonarmos a matriz aumentada do sistema obtivermos

uma linha que implique que 0×x1+0×x2 �= 0 (o terceiro termo da

linha e nao-nulo, enquanto os dois primeiros o sao), o sistema e

impossıvel;

2. Supondo que nao aconteca o primeiro caso, se a matriz escalon-

ada possuir uma linha nula, entao o sistema e possıvel e inde-

terminado;

3. O sistema e possıvel e determinado se nao ocorrer nenhum dos

casos anteriores.

Exemplo 3.2.20. Escalonando a matriz principal do exemplo 3.1.14,

te-

remos que:

⎛⎝ 1 3 9

3 9 18

⎞⎠ L2−3L1−→⎛⎝ 1 3 9

0 0 −9

⎞⎠. Ou seja, a segunda

linha

diz que 0× x1 + 0× x2 = −9.

Logo, o sistema e impossıvel.

Exemplo 3.2.21. No exemplo 3.1.16, se escalonarmos a matriz prin-

cipal,

obteremos:

⎛⎝ 1 1 4

2 4 8

⎞⎠ L2−2L1−→⎛⎝ 1 1 4

0 0 0

⎞⎠ .

Logo, o sistema e possıvel e indeterminado.

3.2.5 INTERPRETACAO GEOMETRICA

89

Page 92: Elementos_de_Matematica

Na antiguidade, o homem procurava atribuir tudo a Geometria,

que na epoca era representada apenas pela Euclidiana. Solucoes

para problemas importantes atravessaram decadas para serem en-

contradas. Kepler, por exemplo, relutou em mostrar que as trajetorias

dos planetas eram descritas pela geometria dos cırculos, quadrados,

etc, ate ver que nem tudo poderia ser explicado com ferramentas sim-

ples.

Bom, nosso intuito e apenas descrever geometricamente um sis-

tema. Como trabalhamos com equacoes lineares, a nossa famosa

geometria euclidiana consegue explicar o comportamento dos tais

sistemas e ajuda-nos a inferir acerca das suas solucoes.

Lembremos antes que qualquer equacao do tipo αx + βy = γ de-

screve uma reta no plano xy, para α ou β nao-nulo. Basta recordar

que se β �= 0,

por exemplo, entao podemos escrever y = −α

βx+

γ

β, donde extraımos

que −α

βe o coeficiente angular da reta e

γ

βe o coeficiente linear.

Pegue qualquer livro bom do ensino medio sobre o assunto.

Ainda relembrando, no plano euclidiano temos as seguintes posicoes

relativas entre duas retas r e s:

1. Sao concorrentes;

Figura 3.1: Retas concorrentes

Exemplo 3.2.22. O sistema S1 :

⎧⎨⎩ 2x1 + 3x2 = 7

x1 − 2x2 = 1repre-

90

Page 93: Elementos_de_Matematica

senta o caso 1.

2. Sao paralelas;

Figura 3.2: Retas paralelas

Exemplo 3.2.23. O sistema S2 :

⎧⎨⎩ 3x1 − x2 = 0

6x1 − 2x2 = 5repre-

senta o caso 2.

3. Sao coincidentes.

Figura 3.3: Retas coincidentes

Exercıcio: Mostre um exemplo para o caso 3.

Portanto, podemos concluir o seguinte para um sistema de equacoes

lineares generico S:

91

Page 94: Elementos_de_Matematica

• Se as retas descritas pelas equacoes lineares forem concor-

rentes, entao o sistema e possıvel e determinado. A sua solucao

sera o ponto de interseccao das duas retas.

• Se as retas forem coincidentes, entao o sistema sera possıvel e

indeterminado. Todo ponto da reta sera solucao do sistema.

• Se as retas forem paralelas, entao o sistema sera impossıvel,

pois nao havera ponto de interseccao entre elas.

3.3 SISTEMAS LINEARES COM TRES INCOG-

NITAS

Por questoes didaticas nao introduzimos o conceito de sistema de

equacoes lineares para o caso geral. Acreditamos que o previo estudo

de sistemas de duas incognitas facilita o aprendizado do restante, en-

quanto que o ensino sem aquela previa tende a nao ser tao proveitoso.

A diferenca principal entre o estudo de sistemas lineares de tres

incognitas e o de duas fica a cargo da interpretacao geometrica. Ao

inves de retas, agora teremos planos no espaco euclidiano tridimen-

sional. Ou seja, a menos da interpretacao geometrica, o estudo de

sistemas lineares com tres incognitas se torna analogo ao estudo dos

de duas incognitas.

Assim, um sistema de equacoes lineares com tres incognitas e um

sistema do tipo

S :

⎧⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎩

α11x1 + α12x2 + α13x3 = β1

α21x1 + α22x2 + α23x3 = β2

......

......

......

...

αm1x1 + αm2x2 + αm3x3 = βm

,

onde m ≥ 1. Na maioria dos casos, m = 3.

92

Page 95: Elementos_de_Matematica

Exemplo 3.3.1. O sistema S :

⎧⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎩2x1 + x2 − 5x3 = 10

x1 + 2x2 + 4x3 = 6

−x1 + 6x3 = 9

e lin-

ear

com tres incognitas e tres equacoes.

Exemplo 3.3.2. O sistema S :

⎧⎨⎩ x1 − x2 + x3 = 1

2x1 + x2 = 0possui

tres incognitas e duas equacoes.

Analogamente ao caso 2 × 2, dizemos que a terna (ξ1, ξ2, ξ3) e

solucao de um sistema linear com tres incognitas se ela satisfaz to-

das as equacoes dele.

Ou seja, dado S :

⎧⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎩

α11x1 + α12x2 + α13x3 = β1

α21x1 + α22x2 + α23x3 = β2

......

......

......

...

αm1x1 + αm2x2 + αm3x3 = βm

, dizemos

que

(ξ1, ξ2, ξ3) e solucao de S se, e somente se,⎧⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎩

α11ξ1 + α12ξ2 + α13ξ3 = β1

α21ξ1 + α22ξ2 + α23ξ3 = β2

......

......

......

...

αm1ξ1 + αm2ξ2 + αm3ξ3 = βm

.

3.3.1 RESOLUCAO DE UM SISTEMA LINEAR 3× 3

Adotaremos a mesma nomenclatura do caso 2 × 2, i.e., dado um

sistema

93

Page 96: Elementos_de_Matematica

S :

⎧⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎩α11x1 + α12x2 + α13x3 = β1

α21x1 + α22x2 + α23x3 = β2

α31x1 + α32x2 + α33x3 = β3

, as matrizes

⎛⎜⎜⎜⎝α11 α12 α13

α21 α22 α23

α31 α32 α33

⎞⎟⎟⎟⎠,

⎛⎜⎜⎜⎝x1

x2

x3

⎞⎟⎟⎟⎠ e

⎛⎜⎜⎜⎝β1

β2

β3

⎞⎟⎟⎟⎠ sao a sua principal, incognita e independente, respec-

tivamente.

Sabendo que todas as propriedades ja ditas se estendem para o

caso geral e, em particular, para o caso 3 × 3, podemos resolver um

sistema deste ultimo tipo (e tambem qualquer sistema n × n) atraves

do metodo do escalonamento. Lembrando os passos descritos na

secao 3.1.2, resolvamos os seguintes sistemas:

Exemplo 3.3.3. S :

⎧⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎩5x1 + x2 − x3 = 0

x1 − x2 + 2x3 = 2

− x2 − 3x3 = 4

.

A matriz aumentada e dada por

⎛⎜⎜⎜⎝5 1 −1 0

1 −1 2 2

0 −1 −3 4

⎞⎟⎟⎟⎠. Daı, escalonando-

a, teremos:

⎛⎜⎜⎜⎝5 1 −1 0

1 −1 2 2

0 −1 −3 4

⎞⎟⎟⎟⎠ L1↔L2−→

⎛⎜⎜⎜⎝1 −1 2 2

5 1 −1 0

0 −1 −3 4

⎞⎟⎟⎟⎠ L2−5L1−→

⎛⎜⎜⎜⎝1 −1 2 2

0 6 −11 −10

0 −1 −3 4

⎞⎟⎟⎟⎠

L2↔L3−→

⎛⎜⎜⎜⎝1 −1 2 2

0 −1 −3 4

0 6 −11 −10

⎞⎟⎟⎟⎠ L3+6L2−→

⎛⎜⎜⎜⎝1 −1 2 2

0 −1 −3 4

0 0 −29 14

⎞⎟⎟⎟⎠.

Assim, a ultima linha nos diz que −29ξ3 = 14, i.e., ξ3 = −14

29. Sub-

94

Page 97: Elementos_de_Matematica

stituindo nas linhas anteriores, teremos que ξ1 =12

29e ξ2 = −74

29.

Portanto, a terna(

12

29,−74

29,−14

29

)e a solucao de S.

Exemplo 3.3.4. S :

⎧⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎩x2 − 9x3 = 3

x1 + 2x2 − x3 = 0

x1 − 4x3 = 8

.

Escalonando a matriz aumentada de S, obteremos

⎛⎜⎜⎜⎝0 1 −9 3

1 2 −1 0

1 0 −4 8

⎞⎟⎟⎟⎠ L1↔L2−→

⎛⎜⎜⎜⎝1 2 −1 0

0 1 −9 3

1 0 −4 8

⎞⎟⎟⎟⎠ L3−L1−→

⎛⎜⎜⎜⎝1 2 −1 0

0 1 −9 3

0 −2 −3 8

⎞⎟⎟⎟⎠ L3+2L2−→

⎛⎜⎜⎜⎝1 2 −1 0

0 1 −9 3

0 0 −21 14

⎞⎟⎟⎟⎠ .

Da ultima linha obtemos que ξ3 = −2

3. Substituindo nas out-

ras equacoes, ganhamos que ξ1 =16

3e ξ2 = −3. Logo, o conjunto

solucao e dado por{(

16

3,−3,−2

3

)}. (Verifique!)

3.3.2 REGRA DE CRAMER

Dado o sistema S :

⎧⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎩α11x1 + α12x2 + α13x3 = β1

α21x1 + α22x2 + α23x3 = β2

α31x1 + α32x2 + α33x3 = β3

, a sua

solucao (ξ1, ξ2, ξ3) e dada por:

ξi =Di

D,

onde D e o determinante da matriz principal de S, e Di e o da matriz

obtida atraves da troca da i-esima coluna da principal pela da inde-

pendente.

Exemplo 3.3.5. Resolver o sistema S :

⎧⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎩x2 − 9x3 = 3

x1 + 2x2 − x3 = 0

x1 − 4x3 = 8

.

95

Page 98: Elementos_de_Matematica

A matriz principal e dada por

⎛⎜⎜⎜⎝0 1 −9

1 2 −1

1 0 −4

⎞⎟⎟⎟⎠. Logo, o seu determi-

nante e igual a 21.

Agora, vejamos quem sao os D′is:

D1 = det

⎛⎜⎜⎜⎝3 1 −9

0 2 −1

8 0 −4

⎞⎟⎟⎟⎠ , D2 = det

⎛⎜⎜⎜⎝0 3 −9

1 0 −1

1 8 −4

⎞⎟⎟⎟⎠ , D3 = det

⎛⎜⎜⎜⎝0 1 3

1 2 0

1 0 8

⎞⎟⎟⎟⎠ .

Logo, ξ1 =D1

D=

16

3, ξ2 =

D2

D= −3, e ξ3 =

D3

D= −2

3sao as

solucoes de S.

Exercıcio: Retorne ao problema apresentado no inıcio desta unidade

e determine o total de pontos obtidos por Jose.

3.3.3 DISCUSSAO DE UM SISTEMA LINEAR 3× 3

Como ja foi explicado na secao 3.1.4, um sistema linear pode ser

possıvel determinado, possıvel indeterminado e impossıvel. Tambem

foi mostrado como distinguirmos um sistema quanto ao tipo. A unica

mudanca e que quando escalonamos um sistema 3 × 3 trabalhamos

com matrizes aumentadas do tipo 3 × 4. Assim, se apos o escalon-

amento da matriz aumentada uma linha possuir os tres primeiros ter-

mos nulos e o quarto nao-nulo, o sistema sera impossıvel. Caso nao

aconteca isso e houver uma linha composta apenas por zeros, entao

o sistema e possıvel e indeterminado. Quando nao ocorrer nenhum

dos casos anteriores, o sistema sera possıvel determinado. Ha uma

pequena diferenca em relacao ao caso 2× 2, quando analisamos um

sistema segundo a Regra de Cramer. Aqui, e em todos os sistemas

de ordem superior a 2, quando possuirmos todos os seus determi-

nantes nulos, nao podemos afirmar que esses sistemas sao possıveis

e indeterminados. Eles podem ser impossıveis. A tıtulo de ilustracao,

vejamos o seguinte exemplo:

96

Page 99: Elementos_de_Matematica

Exemplo 3.3.6. Analise o sistema S :

⎧⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎩x1 + 2x2 + 3x3 = 0

−2x2 − 3x2 + x3 = 5

x2 + 7x3 = 5

.

Sol.: Facamos das duas maneiras:

1. Metodo de Cramer

Calculando o determinante da matriz principal, teremos

D = det

⎛⎜⎜⎜⎝1 2 3

−2 −3 1

0 1 7

⎞⎟⎟⎟⎠ = 0.

Assim, nada podemos concluir. Analisando os D′is, teremos:

D1 = det

⎛⎜⎜⎜⎝0 2 3

5 −3 1

5 1 7

⎞⎟⎟⎟⎠ = 0, D2 = det

⎛⎜⎜⎜⎝1 0 3

−2 5 1

0 5 7

⎞⎟⎟⎟⎠ = 0,

D3 = det

⎛⎜⎜⎜⎝1 2 0

−2 −3 5

0 1 5

⎞⎟⎟⎟⎠ = 0.

Como ja dissemos, nao podemos afirmar que o sistema acima

e possıvel e indeterminado apenas com os calculos ja feitos.

Agora, fazendo ξ3 = ξ, ganhamos que (−10 + 11ξ, 5 − 7ξ, ξ) e

solucao do sistema, ∀ξ ∈ R. Portanto, o sistema e possıvel e

indeterminado.

2. Metodo do escalonamento

Escalonando a matriz aumentada, teremos:

⎛⎜⎜⎜⎝1 2 3 0

−2 −3 1 5

0 1 7 5

⎞⎟⎟⎟⎠ L2+2L1−→

⎛⎜⎜⎜⎝1 2 3 0

0 1 7 5

0 1 7 5

⎞⎟⎟⎟⎠ L3−L2−→

⎛⎜⎜⎜⎝1 2 3 0

0 1 7 5

0 0 0 0

⎞⎟⎟⎟⎠ .

97

Page 100: Elementos_de_Matematica

Logo, o sistema e possıvel indeterminado. Tomando ξ3 = ξ, ter-

emos novamente que (−10+11ξ, 5−7ξ, ξ) e solucao do sistema,

∀ξ ∈ R.

Exemplo 3.3.7. Analise o sistema

S :

⎧⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎩x1 + 2x2 + 3x3 = 1

2x1 + 4x2 + 6x3 = 2

3x1 + 6x2 + 9x3 = 4

.

Sol.: Facamos das duas maneiras:

1. Metodo de Cramer

Calculando o determinante da matriz principal, teremos

D = det

⎛⎜⎜⎜⎝1 2 3

2 4 6

3 6 9

⎞⎟⎟⎟⎠ = 0.

Novamente, nada podemos concluir. Analisando os D′is, tere-

mos:

D1 = det

⎛⎜⎜⎜⎝1 2 3

2 4 6

4 6 9

⎞⎟⎟⎟⎠ = 0, D2 = det

⎛⎜⎜⎜⎝1 1 3

2 2 6

3 4 9

⎞⎟⎟⎟⎠ = 0,

D3 = det

⎛⎜⎜⎜⎝1 2 1

2 4 2

3 6 4

⎞⎟⎟⎟⎠ = 0.

Entretanto, o sistema e impossıvel como veremos usando o Metodo

do Escalonamento.

2. Metodo do escalonamento

Escalonando a matriz aumentada, teremos:

⎛⎜⎜⎜⎝1 2 3 1

2 4 6 2

3 6 9 4

⎞⎟⎟⎟⎠ L2−2L1−→

98

Page 101: Elementos_de_Matematica

⎛⎜⎜⎜⎝1 2 3 1

0 0 0 0

3 6 9 4

⎞⎟⎟⎟⎠ L3−3L1−→

⎛⎜⎜⎜⎝1 2 3 1

0 0 0 0

0 0 0 1

⎞⎟⎟⎟⎠ .

Logo, o sistema e impossıvel.

Exemplo 3.3.8. Analise o sistema

S :

⎧⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎩−2x1 + 5x2 = 3

x1 + 3x2 + 9x3 = 5

11x2 + 18x3 = −3

.

Sol.: Novamente, analisaremos de duas maneiras.

1. Metodo de Cramer

Calculemos o determinante da matriz principal:

D = det

⎛⎜⎜⎜⎝−2 5 0

1 3 9

0 11 18

⎞⎟⎟⎟⎠ = 0.

Garantimos somente que o sistema nao e possıvel determinado.

Calculando os D′is observamos que:

D1 = det

⎛⎜⎜⎜⎝3 5 0

5 3 9

−3 11 18

⎞⎟⎟⎟⎠ = −720 �= 0.

Logo, o sistema e impossıvel.

2. Metodo do escalonamento

Escalonando a matriz aumentada, ganhamos que:

⎛⎜⎜⎜⎝−2 5 0 3

1 3 9 5

0 11 18 −3

⎞⎟⎟⎟⎠ L1↔L2−→

⎛⎜⎜⎜⎝1 3 9 5

−2 5 0 3

0 11 18 −3

⎞⎟⎟⎟⎠ L2+2L1−→

99

Page 102: Elementos_de_Matematica

⎛⎜⎜⎜⎝1 3 9 5

0 11 18 13

0 11 18 −3

⎞⎟⎟⎟⎠ L3−L2−→

⎛⎜⎜⎜⎝1 3 9 5

0 11 18 13

0 0 0 −16

⎞⎟⎟⎟⎠ .

A ultima linha da matriz nos diz que 0 = −16. (Por que?) Por-

tanto, o sistema e impossıvel.

3.3.4 INTERPRETACAO GEOMETRICA

Como era de se esperar, existem mais casos para anlisarmos quando

o sistema possui tres incognitas e tres equacoes lineares. Ou seja, se

aumenta o numero de incognitas e de equacoes, aumenta tambem

a analise do sistema. No caso das retas no plano, so tınhamos tres

posicoes para estudar. No caso de planos no espaco tridimensional,

temos oito casos para analisar:

1. Os tres planos sao paralelos;

Figura 3.4: Caso 1

Exemplo 3.3.9. O sistema Γ1 :

⎧⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎩2x1 + x2 − x3 = 0

2x1 + x2 − x3 = 7

2x1 + x2 − x3 = 8

representa tres planos paralelos. (Por que?)

2. Os tres planos coincidem;

100

Page 103: Elementos_de_Matematica

Figura 3.5: Caso 2

Exemplo 3.3.10. O sistema Γ2 :

⎧⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎩3x1 + 2x2 − 8x3 = 9

9x1 + 6x2 − 24x3 = 27

x1 +2

3x2 − 8

3x3 = 3

representa o caso 2.

3. Os tres planos sao distintos e possuem somente uma reta em

comum;

Figura 3.6: Caso 3

Exemplo 3.3.11. O sistema Γ3 :

⎧⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎩x1 + x2 + x3 = 1

3x1 − 4x3 = 0

6x1 + 3x2 − x3 = 3

representa o caso 3.

4. Os tres planos se intersectam segundo retas paralelas duas a

duas;

Exemplo 3.3.12. O sistema Γ4 :

⎧⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎩

2x1 + 4x2 − 6x3 = 2

x1 +1

3x2 +

1

3x3 =

2

3

−x1 − 7x2 + 13x3 = −2

representa o caso 4.

101

Page 104: Elementos_de_Matematica

Figura 3.7: Caso 4

5. Os tres planos possuem somente um ponto em comum;

Figura 3.8: Caso 5

Exemplo 3.3.13. O sistema Γ5 :

⎧⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎩x2 − 9x3 = 3

x1 + 2x2 − x3 = 0

x1 − 4x3 = 8

representa o caso 5.

6. Dois planos sao paralelos e o terceiro os intersecta segundo re-

tas paralelas;

Exemplo 3.3.14. O sistema Γ6 :

⎧⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎩x1 − 5x2 + = 3

8x1 + 3x2 − 9x3 = −3

4x1 − 20x2 + = 25

representa o caso 6.

7. Dois planos coincidem e o terceiro e paralelo a eles;

102

Page 105: Elementos_de_Matematica

Figura 3.9: Caso 6

Figura 3.10: Caso 7

Exemplo 3.3.15. O sistema Γ7 :

⎧⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎩x1 + 2x2 − x3 = 7

2x1 + 4x2 − 2x3 = −2

3x1 + 6x2 − 3x3 = 21

representa o caso 7.

8. Dois planos coincidem e o terceiro os intersecta segundo uma

reta. Exercıcio: Construa um exemplo para este caso.

Figura 3.11: Caso 8

Devemos nos atentar para o seguinte raciocınio: se nao houver

interseccao entre os tres planos descritos pelas equacoes do sistema,

103

Page 106: Elementos_de_Matematica

entao ele nao possui solucao e e impossıvel. Se houver interseccao,

mas essa interseccao possuir mais de um ponto, entao o sistema e

possıvel e indeterminado, ja que tem infinitas solucoes. Quando a

interseccao for de somente um ponto, o sistema e possıvel e determi-

nado.

Assim, montando uma tabela para os casos que acabamos de ver,

teremos:

Caso PD PI I

1 X

2 X

3 X

4 X

5 X

6 X

7 X

8 X

Na tabela acima, PD= sistema possıvel determinado, PI= possıvel

indeterminado, I= impossıvel. Ela nos diz que existem iguais casos de

sistemas impossıveis e possıveis. Tambem nos mostra que o numero

de possıveis indeterminados e superior ao de possıveis determinados,

que consta com so uma possibilidade.

3.4 SISTEMAS COM n INCOGNITAS

Estamos aptos a apresentar um sistema linear do tipo geral n ×n, apos termos dedicado bastante tempo com os casos 2 × 2 e 3 ×3. No caso geral, uma equacao do tipo

n∑i=1

αixi = β representa um

hiperplano no espaco euclidiano

Rn = R× . . .×R︸ ︷︷ ︸n vezes

.

104

Page 107: Elementos_de_Matematica

Seremos breve na exposicao desse topico, ja que introduzimos os

casos mais simples de forma suficiente para o perfeito entendimento

deste. Assim, comecemos com a seguinte definicao:

Definicao 3.4.1. Um sistema linear com n incognitas e um sistema do

tipo

Γ :

⎧⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎩

α11x1 + α12x2 + . . . + α1nxn = β1

α21x1 + α22x2 + . . . + α2nxn = β2

......

......

......

......

...

αk1x1 + αk2x2 + . . . + αknxn = βk

,

onde k ≥ 1, αij, βi ∈ R, 1 ≤ i ≤ k, 1 ≤ j ≤ n.

As matrizes

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝α11 α12 . . . α1n

α21 α22 . . . α2n

......

......

αk1 αk2 . . . αkn

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ ,

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝x1

x2

...

xn

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ e

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝β1

β2

...

βk

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ sao sua

prin-

cipal, incognita e independente, respectivamente.

A matriz aumentada e dada por

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝α11 α12 . . . α1n β1

α21 α22 . . . α2n β2

......

......

...

αk1 αk2 . . . αkn βk

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠.

Podemos escrever Γ como uma equacao matricial:⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝α11 α12 . . . α1n

α21 α22 . . . α2n

......

......

αk1 αk2 . . . αkn

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝x1

x2

...

xn

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ =

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝β1

β2

...

βk

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠ .

A n-upla (ξ1, . . . , ξn) e solucao de Γ se, e somente se,⎧⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎩

α11ξ1 + α12ξ2 + . . . + α1nξn = β1

α21ξ1 + α22ξ2 + . . . + α2nξn = β2

......

......

......

......

...

αk1ξ1 + αk2ξ2 + . . . + αknξn = βk

.

105

Page 108: Elementos_de_Matematica

3.4.1 RESOLUCAO DE UM SISTEMA LINEAR n× n

Assim como nas secoes anteriores, apresentaremos duas maneiras

para a resolucao de um sistema de equacoes lineares com n incognitas

e n equacoes: o metodo do escalonamento e a regra de Cramer.

Pelo metodo do escalonamento, escalonamos a matriz aumentada

do sistema e resolvemos o sistema. Pela regra de Cramer, calculamos

os determinantes da matriz principal e das matrizes obtidas atraves

da troca da i-esima coluna da principal pela coluna da independente

e tomamos o quociente destes por aquele.

Exemplo 3.4.1. Resolva o sistema Γ :

⎧⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎩

x1 − 2x3 + x4 = 0

2x2 − x3 = 5

2x1 + x2 + x3 − 2x4 = 1

x3 − 3x4 = 4

.

Sol.:

1. Metodo do escalonamento

Escalonando a matriz aumentada, teremos:

⎛⎜⎜⎜⎜⎜⎜⎝1 0 −2 1 0

0 1 5 −4 1

0 0 1 −3 4

0 0 0 −25 47

⎞⎟⎟⎟⎟⎟⎟⎠.

(Verifique!) Assim, a ultima linha nos diz que ξ4 = −47

25. Substi-

tuindo este valor nas outras linhas, ganhamos que(−7

5,42

25,−41

25,−47

25

)e a solucao do sistema.

3.4.2 DISCUSSAO DE UM SISTEMA LINEAR n× n

Um sistema linear n × n pode ser possıvel determinado (quando

possui um unica solucao), possıvel indeterminado (quando possui in-

finitas solucoes), impossıvel (quando nao possui solucao).

106

Page 109: Elementos_de_Matematica

Com o que aprendemos nas secoes anteriores, podemos discutir

um sistema linear da seguinte maneira:

Segundo Cramer

1. Se D �= 0, entao o sistema e possıvel determinado;

2. Caso D = 0 e Di = 0, 1 ≤ i ≤ n, entao o sistema e possıvel

indeterminado ou impossıvel;

3. Caso Di �= 0 para algum i ∈ {1, . . . , n}, entao o sistema e im-

possıvel.

Metodo do escalonamento

1. Se, ao escalonarmos a matriz, obtivermos uma linha com os

(n − 1) primeiros termos iguais a zero e o n-esimo nao-nulo,

entao o sistema e impossıvel;

2. Se nao acontecer o caso anterior e obtivermos uma linha com

todos os elementos nulos, entao o sistema e possıvel indetermi-

nado;

3. Caso nao acontecam os casos anteriores, entao o sistema e

possıvel determinado.

3.5 SAIBA MAIS

O leitor podera acessar, no sıtio http://strato.impa.br/, excelentes vıdeos

produzidos pela equipe coordenada pelo Professor Elon Lages Lima,

do Programa de Formacao de Professores do Ensino Medio. Aces-

sando janeiro de 2002 e janeiro 2006, o leitor encontrara vıdeos sobre

o ensino de sistemas lineares.

3.6 EXERCICIOS

1. Verifique se (1, 0) satisfaz os seguintes sistemas:

107

Page 110: Elementos_de_Matematica

(a) S1 :

⎧⎨⎩ 3x1 − 4x2 = 3

5x1 + x2 = 5;

(b) S2 :

⎧⎨⎩ x1 − 2x2 = 1

3x1 −5 x2 = 3;

(c) S3 :

⎧⎨⎩ 4x2 = 5

x1 − 3x2 = 6.

2. Encontre as matrizes principal, incognita, independente e au-

mentada para os seguintes sistemas:

(a) Γ1 :

⎧⎨⎩ 3x1 − 4x2 = 3

4x2 = 5;

(b) Γ2 :

⎧⎨⎩ −5x1 + x2 = 0

x1 − 8x2 = 3;

(c) Γ3 :

⎧⎨⎩ −2x1 − 5x2 = −5

4x1 + x2 = 9;

(d) Γ4 :

⎧⎨⎩ x1 + 2x2 = 7

12x1 − 6x2 = 9.

3. Diga se os seguintes sistemas sao equivalentes. Caso nao se-

jam, encontre sistemas equivalentes para eles:

(a) Γ :

⎧⎨⎩ 3ξ1 − 2ξ2 = 5

ξ1 − ξ2 = −1e Γ :

⎧⎨⎩ 4ξ1 + 3ξ2 = −8

ξ1 − ξ2 = 0;

(b) Γ :

⎧⎨⎩ −2ξ1 − 6ξ2 = 0

ξ1 + 7ξ2 = −2e Γ :

⎧⎨⎩ ξ1 + 7ξ2 = −2

ξ1 + 15ξ2 = −6.

4. Escalone os seguintes sistemas:

108

Page 111: Elementos_de_Matematica

(a) Γ1 :

⎧⎨⎩ ξ1 − 2ξ2 = 6

−2ξ1 + 3ξ2 = 4;

(b) Γ2 :

⎧⎨⎩ −6ξ1 + 2ξ2 = 7

ξ1 + ξ2 = 0;

(c) Γ3 :

⎧⎨⎩ − ξ2 = 9

ξ1 + 9ξ2 = 3.

5. Diga se os seguintes sistemas estao escalonados. Caso nao es-

tejam, escalone-os:

(a) Λ1 :

⎧⎨⎩ 2ξ1 + ξ2 = 3

ξ2 = 3;

(b) Λ2 :

⎧⎨⎩ −ξ1 + 3ξ2 = 5

ξ1 − ξ2 = 2;

(c) Λ3 :

⎧⎨⎩ ξ2 = 3

ξ1 − 4ξ2 = 0.

6. Resolva os seguintes sistemas pelo metodo do escalonamento:

(a) Λ1 :

⎧⎨⎩ −ξ1 + 3ξ2 = 5

ξ1 − ξ2 = 2;

(b) Λ2 :

⎧⎨⎩ ξ1 − 2ξ2 = 6

−2ξ1 + 3ξ2 = 4;

(c) Λ3 :

⎧⎨⎩ −6ξ1 + 2ξ2 = 7

ξ1 + ξ2 = 0;

(d) Λ4 :

⎧⎨⎩ − ξ2 = 9

ξ1 + 9ξ2 = 3;

(e) Λ5 :

⎧⎨⎩ 5ξ1 − 18ξ2 =2

3

−8ξ1 + 5ξ2 = 7.

109

Page 112: Elementos_de_Matematica

7. Resolva os seguintes sistemas pelo metodo de Cramer:

(a) Λ1 :

⎧⎨⎩ −ξ1 + 3ξ2 = 5

ξ1 − ξ2 = 2;

(b) Λ2 :

⎧⎨⎩ ξ1 − 2ξ2 = 6

−2ξ1 + 3ξ2 = 4;

(c) Λ3 :

⎧⎨⎩ −6ξ1 + 2ξ2 = 7

ξ1 + ξ2 = 0;

(d) Λ4 :

⎧⎨⎩ − ξ2 = 9

ξ1 + 9ξ2 = 3;

(e) Λ5 :

⎧⎨⎩ 5ξ1 − 18ξ2 =2

3

−8ξ1 + 5ξ2 = 7;

(f) Λ6 :

⎧⎨⎩ ξ1 + 2ξ2 = 3

−2ξ1 + 9ξ2 = 13;

(g) Λ7 :

⎧⎨⎩ 2ξ1 − 3ξ2 = 8

ξ1 − ξ2

2= 0

;

(h) Λ8 :

⎧⎨⎩9

3ξ1 +

3

7ξ2 = 1

ξ1 + 4ξ2 = 7.

8. Analise os seguintes sistemas:

(a) Γ1 :

⎧⎨⎩ 2ξ1 + 8ξ2 = 15

3ξ1 − 5ξ2 = 4;

(b) Γ2 :

⎧⎨⎩ 3ξ1 + 9ξ2 = 1

ξ1 + 3ξ2 = 4;

(c) Γ3 :

⎧⎨⎩ 5ξ1 − 8ξ2 = 16

2ξ1 − 6ξ2 = 0;

(d) Γ4 :

⎧⎨⎩ ξ1 + 3ξ2 = 8

5ξ1 + 15ξ2 = 25;

110

Page 113: Elementos_de_Matematica

(e) Γ5 :

⎧⎨⎩ 4ξ1 − 2ξ2 = 7

12ξ1 − 6ξ2 = 21.

9. Classifique os sistemas abaixo atraves dos metodos de Cramer

e do escalonamento. Caso o sistema nao seja impossıvel, de o

seu conjunto solucao.

(a)

⎧⎨⎩ x1 − 5x2 = 3

9x1 − 4x2 = 0;

(b)

⎧⎨⎩ x1 + 2x2 = 4

2x1 + 4x2 = 9;

(c)

⎧⎨⎩ x1 + 3x2 = −5

−3x1 + 5x2 = 0;

(d)

⎧⎨⎩ − x2 = 8

x1 + x2 = 9;

(e)

⎧⎨⎩ 3x1 − 9x2 = 0

4x15

2x2 = 8

;

(f)

⎧⎨⎩ 5x1 − 3x2 = 7

10x1 − 6x2 = 19;

(g)

⎧⎨⎩ 2x1 + 9x2 = 8

−4x1 − 18x2 = −16;

(h)

⎧⎨⎩ x1 + x2 = −5

2x1 + x2 = −10;

(i)

⎧⎨⎩ x1 − x2 = 0

2x1 + 3x2 = 0;

(j)

⎧⎨⎩ 9x1 − 5x2 = 7

3x1 − 5

3x2 =

7

3

;

111

Page 114: Elementos_de_Matematica

(l)

⎧⎨⎩ 2x1 + 3x2 = 10x1

2+

x2

4=

3

2

;

(m)

⎧⎨⎩ 3x1 + 2x2 = 4

6x1 − 5x2 = 3;

(n)

⎧⎨⎩ 3x1 − 8x2 = −2

15x1 − 24x2 = 7;

(o)

⎧⎨⎩ −2x1 + 3x2 = 2

4x1 − 6x2 = −4.

10. Faca a interpretacao geometrica de cada um dos sistemas da-

dos ate aqui.

11. Em qual ponto as retas r : 2x + 3y = 1 e s : x − 4y = 8 se inter-

ceptam?

12. O que voce pode dizer das retas t : 5x−2y = 9 e u : 15x−6y = 2?

13. Verifique se a terna (1,-2,4) e solucao dos seguintes sistemas:

(a)

⎧⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎩x1 + 3x2 + x3 = −1

2x1 − 3x2 + 2x3 = 0

4x2 + 2x3 = 0

;

(b)

⎧⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎩x1 − 2x2 + x3 = 4

2x2 − 3x3 = −9

9x1 − 6x3 = 0

.

14. Para os sistemas a seguir, diga quem sao as suas matrizes prin-

cipal, aumentada, independente e incognita.

112

Page 115: Elementos_de_Matematica

(a)

⎧⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎩x1 + 3x2 + x3 = −1

2x1 − 3x2 + 2x3 = 0

4x2 + 2x3 = 0

;

(b)

⎧⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎩x1 − 2x2 + x3 = 4

2x2 − 3x3 = −9

9x1 − 6x3 = 0

.

(c)

⎧⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎩x2 − 9x3 = 3

x1 + 2x2 − x3 = 0

x1 − 4x3 = 8

;

(d)

⎧⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎩x1 − x2 + 3x3 = 1

−2x1 + 6x2 − 8x3 = 10

9x1 + x2 + 5x3 = −12

.

15. O aco e uma liga metalica formada por carbono e ferro, cuja

percentagem de carbono varia entre 0, 008% e 2, 11%. Certa

industria dispoe de dois lotes de aco, um com 0, 087% e o outro

com 1, 75% de carbono. A partir destes lotes, deseja-se fabricar

uma peca de 100kg de aco com 1, 25% de carbono. Qual a massa

necessaria de aco de cada lote para a fabricacao deste produto?

16. Outro material importante para nossa sociedade e o vidro. Ele

entra na composicao de janelas, recipientes de armazenamento,

dentre outros. A sua composicao basica e a seguinte:

Componente Porcentagem em vidros comuns

Sılica 74

Alumina 2

Oxido de Ferro 0,1

Calcio 9

Magnesio 2

Sodio 12

Potassio 1

.

113

Page 116: Elementos_de_Matematica

Para a construcao de vidros para um certo predio, dispoe-se de

sete tipos de vidro, caracterizados a seguir:

Porcentagem

Componente I II III IV V VI VII

Sılica 73,8 72,4 72,3 72,36 71,84 71,86 72

Alumina 2,2 2,5 2,31 2,3 2,22 2,34 2,5

Oxido de Ferro 0,3 0,03 0,23 0,08 0,31 0,3 0,24

Calcio 8,7 8,56 8,49 8,9 9 9,1 8,32

Magnesio 1,75 2,2 2,1 2,12 2,34 2,1 2,2

Sodio 12,2 11,34 11,4 11,2 11 12,3 11,4

Potassio 1,05 2,97 3,17 3,04 3,29 2 3,34

.

Encontre as massas de cada tipo de vidro necessarias para se

produzir 1,5 t de vidro cuja composicao desejada e a seguinte:

Componente Porcentagem

Sılica 73

Alumina 2,15

Oxido de Ferro 0,12

Calcio 8,64

Magnesio 1,91

Sodio 12,12

Potassio 2,06

.

17. (UFMG) Durante o perıodo de exibicao de um filme, foram ven-

didos 2000 bilhetes, e a arrecadacao foi de R$ 7600,00. O preco

do bilhete para adultos era de R$ 5,00 e, para criancas, era de

R$ 3,00. A razao entre o numero de criancas e de adultos que

assistiram ao filme nesse perıodo foi:

a) 1. b)3

2. c)

8

5. d)2.

114

Page 117: Elementos_de_Matematica

3.7 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

1. LIMA, E.L.; CARVALHO, P.C.; WAGNER, E.; MORGADO, A.C..A

Matematica do Ensino Medio. Volume 3. 6.ed.. Rio de Janeiro:

SBM, 2006.

115

Page 118: Elementos_de_Matematica

Unidade 4

Trigonometria

Page 119: Elementos_de_Matematica

Resumo

Apresentamos os seis elementos de um triângulo e como

determiná-los a partir do conhecimento de três deles (conhecendo pelo

menos a medida de um dos lados). Usamos as relações em triângulo

para definir as funções trigonométricas. Aplicamos as Leis do Seno e

Cosseno para determinar a distância entre dois pontos inacessíveis.

Estabelecemos algumas medidas em locais presentes em Teresina.

Page 120: Elementos_de_Matematica

ÍNDICE UNIDADE 4. Trigonometria

4.1. Introdução

4.2 Trigonometria no triângulo retângulo

4.2.1 Relações métricas no triângulo retângulo

4.2.2 Cálculo do seno de alguns ângulos sem a ajuda de calculadora

4.3 Lei dos senos e dos Cossenos

4.3.1 Lei dos senos

4.3.2 Lei dos cossenos

4.4 Funções trigonométricas

4.5 As fórmulas de adição

4.6 Saiba mais

4.7 Exercícios

4.8 Respostas

4.9 Referência Bibliográfica

Page 121: Elementos_de_Matematica

Unidade 4

TRIGONOMETRIA

4.1 INTRODUCAO

Desde a antiguidade e necessaria a avaliacao de distancias in-

acessıveis. Poucas sao as distancias que podemos medir diretamente,

com auxılio de uma trena. Na verdade, a maioria do que desejamos

saber sobre distancias e calculado com o auxılio da trigonometria.

O elemento basico usado para calcularmos tais distancias e a

resolucao de triangulos. Geralmente, para solucionarmos tais prob-

lemas precisamos determinar lados e angulos, conhecidos tres deles

(desde que nao sejam os tres angulos). As condicoes de congruencia

mostram que os seis elementos de um triangulo estao relacionados

funcionalmete. Por exemplo, o caso L.L.L. (lado-lado-lado) implica que

os tres angulos sao funcoes dos tres lados. Este problema basico, de-

pendendo dos dados, ou pode ser impossıvel, ou pode ter uma unica

solucao ou pode ter mais de uma solucao.

Para medir uma distancia inacessıvel necessitaremos de dois in-

strumentos: uma fita metrica, chamada de trena, e uma luneta apoiada

em um tripe (Teodolito), que mede angulos tanto no plano horizontal

quanto no vertical. O teodolito fornece os seguintes dados:

118

Page 122: Elementos_de_Matematica

a) Se o observador P ve um objeto R, ele pode determinar a medida

do angulo θ que a reta PR faz com o plano horizontal.

Figura 4.1: Teodolito

b) Se o observador P ve um objeto Q e girando a luneta ve um ob-

jeto R, ambos no plano horizontal, ele pode determinar o angulo

QPR.

Figura 4.2: Angulo no Plano

Acessando o sıtio

http://paginas.terra.com.br/educacao/calculu/Textos/construindoteodolito.htm

o leitor aprendera como construir um teodolito muito simples, a partir

de um transferidor.

119

Page 123: Elementos_de_Matematica

Alguns problemas que vamos abordar fazem referencia a cidade

de Teresina, capital do estado do Piauı, e a vizinha cidade de Ti-

mon, localizada a margem esquerda do Rio Parnaiba, no estado do

Maranhao.

Problema 1: Medir a altura da igreja Sao Benedito, localizada em Teresina.

Enunciado: Um observador esta em um ponto A,localizado na calcada do

Palacio do Karnak (sede do Governo Estadual),a uma distancia

de 116, 954 metros da igreja Sao Benedito e a ve segundo um

angulo cuja medida e 15◦30′12′′ com o plano horizontal de observacao(

medido com o teodolito). Qual e a altura da igreja Sao Benedito

em relacao ao plano de observacao?

Para medir angulos

menores que

um grau, sao

utilizadas duas sub-

unidades, definidas

da seguinte forma:

minuto:1′ =1◦

60

segundo:1′′ =1′

60

Figura 4.3: Igreja Sao Benedito

Problema 2: Medir a largura do Rio Parnaıba nas proximidades do Troca -

Troca.

Enunciado: De um ponto A localizado no Troca - Troca em Teresina, avista-

se um ponto P localizado na outra margem, na cidade de Timon.

De um ponto B, a direita do ponto A, distante 99, 980 metros de A

tambem se avista o ponto P . Um observador em Teresina mediu

os angulos BAP = 90◦ e ABP = 66◦19′25′′. De posse desses

dados, qual e a largura do Rio Parnaıba?

120

Page 124: Elementos_de_Matematica

Figura 4.4: Largura do Rio

Problema 3: As pessoas utilizam pequenas embarcacoes para fazerem a trav-

essia do Rio Parnaıba, de um ponto proximo ao Troca - Troca,

localizado em Teresina, a um ponto localizado na outra margem,

na cidade de Timon.

Enunciado: De um ponto A localizado no Troca - Troca em Teresina, avista-

se um ponto P localizado na outra margem, na cidade de Timon.

De um ponto B, a direita do ponto A, distante 99, 980 metros de A

tambem se avista o ponto P . Um observador em Teresina mediu

os angulos BAP = 98◦47′39′′ e ABP = 66◦19′25′′. De posse

desses dados, qual e a distancia entre A e P?

Figura 4.5: Porto das Barcas

121

Page 125: Elementos_de_Matematica

4.2 TRIGONOMETRIA NO TRIANGULO RETAN-

GULO

Comecaremos nosso estudo de trigonometria vendo o seu uso em

triangulos retangulos. No ensino medio aprendemos que dado um

triangulo retangulo �ABC de hipotenusa BC e catetos AB e AC, as

relacoes trigonometricas valem: (Com um abuso de notacao!)

Figura 4.6: Triangulo retangulo �ABC

(a) sen(B) =AC

BC,

(b) cos(B) =AB

BC,

(c) tg(B) =sen(B)

cos(B)=

AC

AB,

(d) cotg(B) =cos(B)

sen(B)=

AB

AC,

(e) sec(B) =1

cos(B)=

BC

AB,

(f) cossec(B) =1

sen(B)=

BC

AC.

Deixamos como exercıcio a deducao das relacoes trigonometricas

para o angulo C.

122

Page 126: Elementos_de_Matematica

O que acabamos de fazer foi definir, para um angulo agudo de

medida x,isto e, 0◦ ≤ x ≤ 90◦ o valor de sen(x), cos(x),etc. Para um

angulo obtuso de medida x, isto e, 90◦ < x < 180◦, definimos sen(x) =

sen(180◦ − x) e cos(x) = −cos(180◦ − x), que e o que precisamos.

Com o auxılio de uma calculadora, podemos resolver alguns:

Exemplo 4.2.1. Retomemos o Problema 1 de medir a altura da igreja

Sao Benedito. No triangulo da Figura 4.3, seja h a altura da igreja

medida em relacao ao plano horizontal. Assim, temos:

h

116, 954= tg(15◦30′12′′).

Resolvendo, obtemos h = 116, 954 × tg(15◦30′12′′) metros. Com

auxılio de uma calculadora, obtemos tg(15◦30′12′′) = 0, 2774. Por-

tanto, h = 32, 44, ou seja, a igreja tem uma altura de 32, 44 metros.

Exemplo 4.2.2. No Problema 2, de medir a largura do Rio Parnaıba

nas proximidade do Troca-Troca, de modo analogo ao exemplo ante-

rior, chamando de h a largura, temos:

h

99, 980= tg(66◦19′25′′).

Com auxılio de uma calculadora, obtemos tg(66◦19′25′′) = 2, 28. Por-

tanto, h = 227, 95, ou seja, a largura do rio Parnaıba, nas proximidades

do Troca-Troca e de 227, 95 metros.

Exemplo 4.2.3. No triangulo abaixo, ABC = 30◦ (Quanto mede ACB?),

e BC = 2, 5 cm. Encontre o valor de AB e de AC.

123

Page 127: Elementos_de_Matematica

Sol.: Sabemos que sen(ABC) =AC

BCe que ABC = 30◦. Olhando

na tabela o valor de sen(30◦), ganhamos que:

1

2= sen30◦ = sen(ABC) =

AC

BC⇒ AC = 1, 25cm.

Analogamente, vendo o valor de cos(30◦), teremos:√

3

2= cos 30◦ = cos(ABC) =

AB

BC⇒ AB = 1, 25

√3 cm.

Notemos no triangulo anterior que sen(ABC) =AC

BC⇒ AC =

BCsen(ABC) e que cos(ABC) =AB

BC⇒ AB = BC cos(ABC). De-

duza as formulas para o angulo ACB. (Notou alguma relacao entre

sen(ABC) e cos(ACB)? E entre sen(ACB) e cos(ABC)?)

4.2.1 RELACOES METRICAS NO TRIANGULO RETANGULO

Apesar de ser um assunto explorado pela nossa adoravel Geome-

tria, nao custa nada falarmos das relacoes metricas em triangulos

retangulos. Com essas relacoes em mente, conseguimos resolver

varios problemas geometricos. Como podemos ver, elas advem de

fatos trigonometricos simples.

Num triangulo retangulo �ABC, cuja altura referente ao lado BC,

as seguintes relacoes valem:

• AC × AB = BC × h;

• c2 = BC ×m e b2 = BC × n;

• h2 = m× n;

• (Teorema de Pitagoras) (BC)2 = (AB)2 + (AC)2.

A demonstracao de tais fatos ficam como exercıcio para o leitor.

Exemplo 4.2.4. No triangulo retangulo abaixo, calcule o valor de h:

BC = 5cm, ACB = 60◦.

124

Page 128: Elementos_de_Matematica

Sol.: Como sabemos, AC × AB = BC × h⇒ h =AC ×AB

BC.

Com a ajuda da trigonometria, ganhamos que⎧⎪⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎪⎩AC = BCsen(ABC) ⇒ AC =

5

2cm

AB = BC cos(ABC) ⇒ AB =5√

3

2cm

.

Logo, podemos concluir que h =5√

3

4cm.

Exemplo 4.2.5. No triangulo abaixo, calcule quanto vale a hipotenusa.

Sol.: Ora, sabemos que tg(45◦) = 1. Daı, podemos concluir que

1 = tg(45◦) = tg(ABC) =h

m⇒ m = 2 cm.

Tambem sabemos que h2 = m × n e que BC = m + n. Logo,

teremos:

4 = 2n⇒ n = 2 =⇒ BC = 2 + 2 = 4.

A medida da hipotenusa e, entao, 4 cm.

125

Page 129: Elementos_de_Matematica

4.2.2 CALCULO DO SENO DE ALGUNS ANGULOS SEM

A AJUDA DE CALCULADORA

Comecaremos com o calculo do seno de angulos simples. De-

vemos a maioria dessas demonstracoes aos egıpcios, gregos e ba-

bilonios. Eles nos deixaram uma importante contribuicao nas areas da

Geometria e da trigonometria. Na sua epoca, possuir uma calculadora

era um sonho bastante distante. Assim, calcular senos e cossenos de

angulos nao elementares era tarefa que ocupava a mente de muitos

pensadores da epoca. Convidamos o leitor a procurar maneiras difer-

entes de calcular os senos dos angulos expostos aqui e tambem a

procurar meios para o calculo do seno de outros angulos.

• Seno de 60o

Talvez este seja o mais facil de se calcular. Para isso, tomemos

um triangulo equilatero de lado unitario: (O que e um triangulo

equilatero?)

Tracando a altura referente ao lado BC:

126

Page 130: Elementos_de_Matematica

Ganhamos (utilizando alguns conhecimentos elementares de ge-

ometria plana e o famoso teorema de Pitagoras) que h =

√3

2.

Assim, calculando o seno do angulo ABC (Quanto mede ABC?),

conseguimos que sen(ABC) =

√3/2

1=

√3

2.

Exercıcio: Olhando para o nosso triangulo, voce seria capaz de

dizer quanto vale o seno de 30◦?

• Seno de 45◦

Apos calcularmos o seno de 60◦, passemos ao calculo do seno

de 45◦. Parra isso, tomemos o seguinte triangulo isosceles:

Pelo teorema de Pitagoras, ganhamos que a hipotenusa deste

nosso triangulo mede√

2. Logo, o seno de 45◦ e dado por: (Por

que?)

sen45◦ =1√2

=

√2

2.

• Seno de 54◦

Este resultado nao e tao obvio como os anteriores. Para calcula-

lo, tomemos o seguinte triangulo:

127

Page 131: Elementos_de_Matematica

Dividindo o angulo BAC em tres partes iguais e notando que

alguns desses triangulos sao isosceles, teremos que:

Agora, olhemos detalhadamente para o triangulo:

Podemos concluir que x + y = 1.

Atentemo-nos para o triangulo �EAC:

Utilizando as propriedades de semelhanca de triangulos, ganha-

mos que2x + y

1=

1

x,

o que implica que x =

√5− 1

2. (Por que?) Logo, teremos que

y =3−√5

2.

Tracando a altura relativa ao lado BC, obtemos:

128

Page 132: Elementos_de_Matematica

Olhando mais especificamente para o triangulo �AFC, pode-

mos concluir que:

sen54◦ =x + y/2

1=

1 +√

5

4.

Acessando o sıtio

www.ime.usp.br

/ leo/imatica/historia

/trigonometria.html

o leitor conhecera

um pouco mais

da Historia da

Trigonometria.

A origem da trigonometria e incerta. Entretanto, pode-se dizer

que o inıcio do desenvolvimento da trigonometria se deu principal-

mente devido aos problemas gerados pela Astronomia, Agrimensura

e Navegacoes, por volta do seculo IV ou V a.C., com os egıpcios e

babilonios.

4.3 LEI DOS SENOS E DOS COSSENOS

Apos vermos uma introducao a trigonometria no triangulo retangulo,

com suas principais propriedades e curiosidades, passaremos a estu-

dar as aplicacoes da trigonometria em triangulos quaisquer. O nome

qualquer se deve ao fato de que iremos, nessa secao, resolver prob-

lemas envolvendo triangulos de todos os tipos e nao somente os que

pertencem a classe dos que sao retangulos.

Mas, apesar de trabalharmos com triangulos de todos os tipos, ver-

emos que sempre poderemos fazer manipulacoes que permitem usar-

mos o que sabemos acerca da tigonometria em triangulos retangulos.

129

Page 133: Elementos_de_Matematica

Veremos as famosas leis do seno e do cosseno e faremos alguns ex-

ercıcios interessantes.

4.3.1 LEI DOS SENOS

No problema 3 do inıcio desta unidade temos de determinar a

distancia entre dois pontos situados nas margens opostas do Rio Parnaıba.

A seguir enunciaremos uma lei de bastante utilidade para resolucao

de problemas praticos e faremmos uma demonstracao simples e ele-

gante.

Proposicao 4.3.1 (Lei dos senos). Seja�ABC um triangulo qualquer.

EntaoAB

sen(ACB)=

BC

sen(BAC)=

AC

sen(ABC).

Demonstracao. O leitor deve se convencer de que precisamos so-

mente analisar dois casos, que ilustraremos a seguir:

1. O triangulo�ABC e acutangulo. (O que e um triangulo acutangulo?)

Vejamos a figura:

Neste triangulo acutangulo, se tracarmos a altura relativa ao lado

AC, teremos a seguinte figura:

Chamando h de BD, i.e., se chamarmos de D a intersecao de

h com AC, e tomarmos d = AD, teremos que DC = AC) − d.

(Concorda?) Tambem temos que d = AB cos(BAC). (Por que?)

130

Page 134: Elementos_de_Matematica

Agora, usando as relacoes trigonometricas que ja conhecemos,

conseguimos

BCsen(ACB) = h = ABsen(BAC)⇒ BC

sen(BAC)=

AB

sen(ACB).

Repetindo o mesmo raciocınio com a altura relativa ao lado AB,

conseguimos que

BC

sen(BAC)=

AC

sen(ABC).

2. O triangulo �ABC e obtusangulo. (O que e um triangulo ob-

tusangulo?) Vejamos o desenho:

Tomando a altura relativa ao lado BC, obtemos a figura:

Chamando de h tal altura, de P a intersecao de h com o pro-

longamento do lado BC, e de d o comprimento de PB, temos

que

AC sen(ACB) = h = AB sen(π − ABC).

Veremos que sen(π − α) = sen(α) , ∀α ∈ R. Daı,

131

Page 135: Elementos_de_Matematica

AC sen(ACB) = AB sen(ABC).

Assim,AC

sen(ABC)=

AB

sen(AC)B.

Raciocinando do mesmo modo que no item anterior, ganhamos

que

AC

sen(ABC)=

BC

sen(BAC).

Exemplo 4.3.1. Voltemos a olhar para o problema 3, que consiste

em determinar a distancia entre dois pontos localizados nas margens

opostas do rio Parnaıba, nas proximidades do Troca - Troca. Chamando

de x a distancia entre o ponto A e o ponto P e aplicando a Lei dos

Senos no triangulo �ABP , temos:

99, 980

sen(15◦33′36′′)=

x

sen(66◦19′25′′).

Com o auxılio de uma calculadora, obtemos sen(15◦33′36′′) = 0, 268 e

sen(66◦19′25′′) = 0, 916. Assim, temos x = 341, 72, ou seja, o barqueiro

percorre uma distancia de 341, 72 metros para fazer a travessia de

seus passageiros.

4.3.2 LEI DOS COSSENOS

Vejamos o seguinte problema:

Deseja-se saber o comprimento de um lado de um terreno triangu-

lar que possui os outros dois lados iguais a 200m e 350m. O angulo

formado por esses dois lados e igual a 60◦.

Neste caso nao seremos felizes se usarmos a lei dos senos, pois

so sabemos o valor de um dos angulos e o triangulo nao e elementar.

Para resolve-lo, necessitamos da lei dos cossenos:

132

Page 136: Elementos_de_Matematica

Proposicao 4.3.2 (Lei dos cossenos). Seja�ABC um triangulo qual-

quer. Entao

(AB)2 = (AC)2 + (BC)2 − 2(AC)(BC) cos(C),

(AC)2 = (AB)2 + (BC)2 − 2(AB)(BC) cos(B),

(BC)2 = (AC)2 + (AB)2 − 2(AC)(AB) cos(A).

Demonstracao. Deixamos a prova como exercıcio para o leitor.

Exercıcio: Resolva o problema anterior.

4.4 FUNCOES TRIGONOMETRICAS

Acabamos de ver aplicacoes da trigonometria em problemas geometricos.

Mas ela nao esta apenas associada a resolucao de triangulos. E

enorme a quantidade de problemas que conseguimos resolver gracas

a trigonometria. Por exemplo, aprendemos metodos matematicos para

a resolucao de equacoes diferencias que envolvem funcoes trigonometricas,

como o metodo de Fourier. Em problemas fısicos, como o problema

do oscilador harmonico, o uso da Trigonometria tambem e essen-

cial.

Antes tratava-se de seno de um angulo de um triangulo qualquer.

Agora, trata-se da funcao seno aplicada a um numero real. O que

antes possuıa uma abrangencia pequena agora pode ser trabalhado

de maneira mais geral. Podemos com isso explicar com ferramentas

matematicas as solucoes de equacoes que envolvam funcoes trigonometricas.

Apresentaremos todas as funcoes trigonometricas de maneira rapida

e sucinta. Nao nos delongaremos em apresenta-las separadamente.

Definicao 4.4.1. Sejam α, β, γ ∈ R numeros reais dados. As funcoes

seno, cosseno e tangente sao, respectivamente, dadas por:

f : R −→ R

x �−→ f(x) = α + βsen(γx),

133

Page 137: Elementos_de_Matematica

g : R −→ R

x �−→ g(x) = α + β cos(γx),

h : R \{π

2+ 2kπ / k ∈ Z

}−→ R

x �−→ h(x) = α + βtg(γx).

Note que enunciamos as funcoes seno, cosseno e tangente no

modo mais geral possıvel. Faremos seus estudos tambem desta maneira.

Lembremos que dada uma funcao real f e p ∈ R, dizemos que f

e p-periodica se f(x + p) = f(p), ∀x ∈ dom f . Chamamos de perıodo

fundamental de f o menor elemento do conjunto {p / f(x+p) = f(x)}.No ensino medio estudamos o ciclo trigonometrico, onde aprende-

mos a associar o par (cos(x), sen(x)) a um ponto da circunferencia de

raio unitario e centro na origem. Essa associacao se deve a Euller. O

fato do raio de tal circunferencia ser unitario nos da uma demonstracao

de que cos2(x) + sen2(x) = 1:

Proposicao 4.4.2. Para todo x em R, temos que cos2(x)+sen2(x) = 1.

Demonstracao. Seja C = {(x, y) ∈ R / x2 + y2 = 1} a circunferencia

de raio unitario centrada na origem. A funcao de Euller nos diz que

existe uma relacao entre cada ponto (x, y) da circunferencia e cada x

real tal que ∀x ∈ R, (cos(x), sen(x)) ∈ C. Daı, temos que para cada x

vale cos2(x) + sen2(x) = 1.

Existem demonstracoes mais elegantes para a identidade que enun-

ciamos acima. Mas elas fazem uso de teorias mais avancadas e

por isso as omitimos do texto. O leitor curioso deve procurar mais

demonstracoes para tal fato.

Exemplo 4.4.1. Se cos(α) = λ e α ∈ (0, π/2), quanto vale sen(α)?

Sol.: Como α ∈ (0, π/2), entao ja podemos concluir que sen(α) > 0.

(Por que?) A proposicao anterior nos diz que cos2(α) + sen2(α) = 1.

Logo, sen(α) =√

1− λ2.

Uma consequencia importante da proposicao anterior e o seguinte

resultado:

134

Page 138: Elementos_de_Matematica

Proposicao 4.4.3. Sejam k ∈ R e a funcao f : R −→ R, x �−→ f(x) =

sen(kx). O perıodo fundamental de f e igual a2π

| k | .

Demonstracao. Na secao Formulas de adicao veremos que senk(x +

p) = sen(kx) cos(kp)+ sen(kp) cos(kx), onde p e o perıodo fundamental

de f . Daı, sen(kx) = sen(kx) cos(kp) + sen(kp) cos(kx). Tomando x =π

2k, ganhamos que cos(kp) = 1. (Por que?) Como cos2(kp)+sen2(kp) =

1, concluımos que sen(kp) = 0. Do ensino medio, recordamos que

sen(kp) = 0⇒ p =2π

| k | .

Exemplo 4.4.2. O perıodo fundamental de g(x) = sen(8x) e p =2π

8=

π

4.

A tıtulo de recordacao, vejamos o ciclo trigonometrico.

Figura 4.7: Ciclo trigonometrico

Os eixos paralelos a Ox e a Oy respectivamente sao os eixos da

cotangente e da tangente. Assim, dado o angulo a assinalado na

135

Page 139: Elementos_de_Matematica

figura, os pontos P, Q, R e S sao, nessa ordem, iguais a cos(a), sen(a),

cotg(a) e tg(a).

Tambem vimos no ensino medio que o conjunto imagem de sen(x), cos(x)

e dado por [−1, 1]. Daı, podemos concluir que para as funcoes

f : R −→ R

x �−→ f(x) = α + βsen(γx),

g : R −→ R

x �−→ g(x) = α + β cos(γx)

o conjunto imagem e dado por [α− β, α + β].

A imagem da funcao

h : R \{π

2+ 2kπ / k ∈ Z

}−→ R

x �−→ h(x) = α + βtg(γx)

e (−∞, +∞).

Exercıcio. Encontre o domınio e a imagem das funcoes cotg, cossec, sec.

Exercıcio. Determine os valores maximo e mınimo da funcao

f : R→ R dada por f(x) =5

4 + sen(x).

Exercıcio. Se sen(x) + cos(x) = 1, 1, quanto vale 2sen(x)cos(x)?

4.5 AS FORMULAS DE ADICAO

De grande utilidade na resolucao de exercıcios e de calculos en-

volvendos integrais, as formulas de adicao de arcos nos dao regras

para calcularmos o seno, cosseno, tangente de angulos que podem

ser expressos como soma de outros dois conhecidos. Por exemplo,

de posse da regra do seno da soma, podemos calcular quanto vale

sen(75◦), apenas sabendo os valores de sen(45◦), sen(30◦), cos(45◦), cos(30◦).

136

Page 140: Elementos_de_Matematica

Proposicao 4.5.1. Sejam α e β dois angulos quaisquer. Entao:

sen(α + β) = sen(α) cos(β) + sen(α) cos(α)

cos(α + β) = cos(α) cos(β)− sen(α)sen(β).

Demonstracao. Olhemos primeiramente para a figura

Na figura, o triangulo �OA′C e reto em A′. Os angulos A, A′, B

sao retangulos. Chamaremos os angulos AOA′, A′OC de α, β, respc-

tivamente. Atraves das regras de congruencia podemos concluir que

medAOA′ = medB′CA′. No triangulo �OAA′, podemos concluir que:

sen α =AA′

OA′ ⇒ AA′ = OA′ sen α. (4.1)

Ja no triangulo �OA′C teremos:

cos β =OA′

OC⇒ OA′ = OC cos β. (4.2)

Ainda analisando o triangulo �OA′C, veremos:

sen β =A′C

OC⇒ A′C = OC sen β. (4.3)

137

Page 141: Elementos_de_Matematica

Usando um fato ja conhecido (Qual?), podemos concluir que

cos α =CB′

AC ′ ⇒ CB′ = A′C cos α. (4.4)

Basta analisarmos o triangulo �OBC. Como sabemos, medO =

med(α + β). Logo,

sen (α + β) =BC

OC⇒ BC = OC sen (α + β). (4.5)

O leitor atento deve ter percebido que medBC = medB′C+medAA′.

Juntando os fatos conseguidos, ganhamos que

sen (α + β) = sen α cos β + sen β cos α.

A prova de cos(α + β) = cos(α) cos(β) − sen(α)sen(β) fica a cargo

do leitor.

4.6 SAIBA MAIS

1) O leitor podera acessar, no sıtio http://strato.impa.br/, excelentes

vıdeos produzidos pela equipe coordenada pelo Professor Elon

Lages Lima, do Programa de Formacao de Professores do En-

sino Medio. Acessando janeiro de 2003,janeiro de 2004, janeiro

de 2005, julho de 2006 e janeiro de 2007 o leitor encontrara vıdeos

sobre o ensino de *Trigonometria, no qual nos inspiramos para

escrever esse material;

2) Para conhecer um pouco da Historia da Matematica, visite o sıtio

http://www.matematica.br/historia/index.html;

3) O leitor podera acessar o sıtio

http://www.matematica.br/historia/index h tempo.html, onde tera

um ındice cronologico apresentado por assunto;

4) As aplicacoes e exercıcios deste capıtulo e inspirado no exce-

lente material desenvolvido pelos professores Elon Lages Lima,

138

Page 142: Elementos_de_Matematica

Paulo Cesar Pinto Carvalho, Eduardo Wagner e Augusto Cesar

Morgado, o qual o leitor pode acessar atraves do sıtio

http://www.ensinomedio.impa.br/materiais/tep/cap4.pdf

5) O leitor pode acessar o sıtio

http://www.mat.ufrgs.br/ portosil/passa2c.html para aplicacoes out-

ras da trigonometria;

6) O leitor pode acessar o sıtio

http://www.matematica.br/programas/varios.html para baixar pro-

gramas educacionais interativos.

7) Para conhecer um pouco do matematico frances Laplace, o leitor

pode acessar http://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre Simon Laplace.

4.7 EXERCICIOS

1. Deduza as formulas para sen(A− B) e cos(A− B).

2. Com a ajuda da proposicao anterior e do ultimo exercıcio, mostre

que

tg(A + B) =tg(A) + tg(B)

1− tg(A)tg(B).

3. Deduza a formula para tg(A− B).

4. Algumas consequencias da ultima proposicao simples porem

uteis sao as seguintes:

(a) sen(π − α) = sen(α), ∀α ∈ [0, π];

(b) cos(π − α) = − cos(α), ∀α ∈ [0, π];

(c) sen(2π − α) = −sen(α), ∀α ∈ [0, π];

(d) cos(2π − α) = cos(α), ∀α ∈ [0, π].

Mostre-as e deduza outras consequencias importantes ad-

vindas da adicao de arcos.

5. Prove as identidades abaixo:

139

Page 143: Elementos_de_Matematica

a)1− tg2(x)

1 + tg2(x)= 1− 2sen2(x)

b)sen (x)

cossec(x)− cotg(x)= 1 + cos(x)

6. Determine todas as solucoes da equacao sen(2x + π3) = 1

2.

7. Se tg(x) + sec(x) = 32, calcule sen(x) e cos(x).

8. Se tg(x) = 12, calcule tg(3x).

9. Calcule: y = sen(5π2

) cos(5π2

).

10. Calcule: y =1 + tg( π

12)

1− tg( π12

)

11. Determine os valores maximo e mınimo de:

a) y = a sen2(x) + b cos2(x), com a2 + b2 = 0

b) y = a sen(x) + b cos(x), com a2 + b2 = 0

c) y = asen x cos x, com a > 1

d) y = cos4x + sen4x

12. Observando a figura abaixo, mostre que o angulo CAB e igual a

45◦.

13. Uma estrada que esta sendo construıda em um plano horizontal

e sera formada pelos trechos retos XP , PQ e QY . No trecho

PQ sera construido um tunel para atravessar uma montanha.

Os engenheiros devem saber tanto em P quanto em Q, que

direcao devem tomar para construir o tunel AB de forma que

140

Page 144: Elementos_de_Matematica

o trecho PABQ seja reto. Eles entao fixaram um ponto C do

plano horizontal, visıvel tanto em P quanto de Q, formando o

triangulo mostrado na figura abixo. Com auxılio do teodolito e de

uma trena, determinaram as seguintes medidas: CP = 1, 2Km,

CQ = 1, 8Km e PCQ = 27◦. Calcule as medidas dos angulos

CPQ e CQP .

14. Se tgα = 35, quanto vale sen 2α? Analise para α ∈ (0, π).

15. Sabendo que tgα = 23

e que cotgβ = 49, calcule: (α, β ∈ (π, 3π

2))

(a) sen α + sen β;

(b) cos α + cos β;

(c) sen (α + β);

(d) cos (α + β);

(e) sec (2α− 3β).

16. Resolva as equacoes: (x ∈ (0, 2π))

(a) cos2 x− 2 cos x + 3 = 0;

(b) tgx = 35;

(c) cos2 x + sen2x = 0;

(d) 4 cosx +1

senx= 8.

17. Resolva a equacao cos (x− π) = 3sen x.

141

Page 145: Elementos_de_Matematica

4.8 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

1. LIMA, E.L.; CARVALHO, P.C.; WAGNER, E.; MORGADO, A.C..A

Matematica do Ensino Medio. Volume 1. 9.ed.. Rio de Janeiro:

SBM, 2006;

2. CARMO, M.P. do; MORGADO, A.C.; WAGNER, E.. Trigonome-

tria, Numeros Complexos. Notas historicas de Joao Bosco Pit-

ombeira de Carvalho. Rio de janeiro: SBM, 1992.

142

Page 146: Elementos_de_Matematica

Unidade 5

Números Complexos

Page 147: Elementos_de_Matematica

Resumo

Apresentamos o corpo dos números complexos. Usamos a

representação trigonométrica de um número complexo para estabelecer

a fórmula de De Moivre. Finalizamos com o cálculo das raízes da

unidade.

Page 148: Elementos_de_Matematica

ÍNDICE UNIDADE 5. Números Complexos

5.1 Introdução

5.1 O corpo dos números complexos

5.1.1 Adição de números complexos

5.1.2 Representação geométrica de um número complexo

5.1.3 Multiplicação de números complexos

5.2 Forma trigonométrica de um número complexo

5.3 Fórmula de De Moivre

5.4 Raízes da unidade

5.5 Saiba mais

5.6 Exercícios

5.7 Respostas

5.8 Referência bibliográfica

Page 149: Elementos_de_Matematica

Unidade 5

NUMEROS COMPLEXOS

5.1 INTRODUCAO

O que e um numero? Esta pergunta e feita ha muito tempo, como

conta a Historia da Matematica. Chega mesmo a intrigar muitas pes-

soas e ocupa o tempo de varias. Nao e nosso escopo desenvolver

alguma teoria sobre o significado de um numero.

Como os problemas tendem a ficar cada vez mais complexos a me-

dida em que se desenvolve algo, em particular a Matematica, vimos

como simples problemas na Antiguidade exigiram o desenvolvimento

de tecnicas e teorias para a sua completa solucao. Neste sentido,

equacoes como x − 3 = 8 possui uma solucao conhecida para nos,

a saber, x = 11. Tambem sabemos que a equacao x + 2 = 1 pos-

sui uma solucao, que e x = −1. Esta, por incrıvel que possa pare-

cer, foi fruto de varias discordias entre matematicos em epocas remo-

tas. Alguns relutavam em dizer que a ultima equacao e irresoluvel,

outros usavam resultados analogos sem procurar uma base teorica.

Apos o conhecimento do conjunto dos numeros inteiros, tais proble-

mas passaram a ser tratados como triviais, e sao ensinados ainda

no ensino fundamental de variasescolas ao redor do mundo. Com

raciocınio analogo, equacoes do tipo ax = b, com a, b inteiros e a nao-

nulo levaram ao estudo de outro conjunto, o dos numeros racionais.

146

Page 150: Elementos_de_Matematica

Apos isso, muitos afirmaram que todos os problemas matematicos ex-

istentes poderiam ser resolvidos tomando como conjunto universo o

conjunto dos numeros racionais.

Mas a Historia da Matematica nos mostra que varias afirmacoes

aceitas sem demonstracao foram derrubadas pouco tempo depois.

E a afirmacao de que os numeros racionais solucionavam todos os

problemas tambem foi rapidamente excluıda da Matematica. Era um

fato bem conhecido dos pitagoricos que√

2 /∈ Q. Denominaram de

irracionais os numeros que nao eram racionais e a uniao dos con-

juntos dos racionais com o dos irracionais denominaram de conjunto

dos numeros reais, ao qual ja nos referimos varias vezes. Chegaram

a afirmar que os numeros reais seriam suficientes para resolucao de

todos os problemas matematicos. Mas varios problemas mostraram

a insuficiencia de tal conjunto para o perfeito crescimento da Rainha

das ciencias. Descreveremos aqui apenas um problema que mostrou

a insuficiencia do conjunto dos numeros reais para a Matematica.

Geronimo Cardano, matematico que viveu no seculo XVI, desen-

volveu um metodo para a resolucao de equacoes do tipo x3 + px = q.

Atraves de algumas manipulacoes matematicas, ele chegou a con-

clusao de que

x =3

√√(p

3

)3

+(q

2

)2

− q

2+

3

√−√(p

3

)3

+(q

2

)2

− q

2(5.1)

e uma solucao da equacao x3 + px = q.

Na epoca de Cardano nem mesmo os numeros reais tinham todas

as suas propriedades conhecidas. Imagine entao trabalhar com raızes

quadradas de numeros negativos! Foi isso que aconteceu quando

Cardano analisou a solucao para a seguinte equacao:

x3 − 15x− 4 = 0. (5.2)

Como ja sabemos, a solucao real e dada por x = 3

√2 +√−121 +

3

√2−√−121. Cardano sabia que a solucao positiva de x3− 15x− 4 =

0 era x = 4. Mas infelizmente, trabalhar com o numero√−121 era

147

Page 151: Elementos_de_Matematica

muito estranho para ele, ja que na sua epoca os algebristas relutavam

em afirmar que equacoes cujas solucoes eram formadas por raızes

quadradas de numeros negativos eram irresoluveis. Por que entao

admitir que essas raızes de fato existem? Esse foi um dilema para

Cardano.

Na mesma epoca havia um algebrista italiano chamado Rafael

Bombelli mostrou que 3

√2 +√−121 = 2 +

√−1, e que 3

√2−√−121 =

2 − √−1. Assim, conseguia-se que 3

√2 +√−121 + 3

√2−√−121 =

2 +√−1 + 2−√−1 = 4. Bombelli trabalhava sem preocupacao com o

termo√−1 em seus trabalhos. Este era um comeco para a teoria dos

numeros complexos.

5.2 O CORPO DOS NUMEROS COMPLEXOS

Vimos na introducao que o conjunto dos numeros reais nao solu-

ciona todos os problemas matematicos existentes. O problema de

Cardano e somente uma ilustracao para tal fato. Um outro fato ilustra-

tivo mais simples e o de resolver a equacao x2 + 4 = 0. Esta equacao

nao possui solucoes em R. Tente resolver em R o seguinte sistema:⎧⎨⎩ x1 + x2 = 5

4x1x2 = 89.

Quais foram as raızes encontradas? Elas pertencem ao conjunto

dos numeros reais? Tente fazer o mesmo para o seguinte sistema:⎧⎨⎩ x1 + x2 = 20

4x1x2 = 625.

O leitor atento deve ter encontrado 10 − 15

2

√−1 e 10 +15

2

√−1

como possıveis solucoes para o sistema acima. Mas estas solucoes

nao sao numeros reais. Por isso dizemos que o sistema anterior nao

e solucionavel em R.

148

Page 152: Elementos_de_Matematica

Para sanar esse problema, introduzimos o seguinte termo: i =√−1, denominada de unidade imaginaria, tal que i2 = −1. Tal el-

emento nao pode ser real, pois sabemos que o quadrado de todo

numero real nao-nulo e positivo, e −1 < 0, i.e., i2 < 0⇒ i /∈ R.

As solucoes do sistema anterior podem ser escritas, entao, assim:

10− 15

2i e 10 +

15

2i.

Conseguimos entao, com a unidade imaginaria, um novo conjunto:

{a+ib /a, b ∈ R}. Os elementos a+ib deste conjunto recebem o nome

de numeros complexos, e, como o leitor esperto ja deve ter deduzido,

tal conjunto e denominado de conjunto dos numeros complexos, e

sera designado por C.

Exemplo 5.2.1. 5 + 3i e um numero complexo.

Exemplo 5.2.2. 2 + 4i e um numero complexo.

Dado um numero complexo x + iy, diremos que a sua parte real

e x e a sua parte imaginaria e y. Em sımbolos: C � z = x + iy ⇒Re(z) = x, Im(z) = y, onde Re(z) representa a parte real de z e Im(z)

a sua imaginaria.

Exemplo 5.2.3. z = 3 + 4i⇒ Re(z) = 3, Im(z) = 4.

Exemplo 5.2.4. w = 5⇒ Re(w) = 5, Im(z) = 0. Neste caso, dizemos

que w e um real puro, pois sua parte imaginaria e nula, e a sua real

nao o e.

Exemplo 5.2.5. u = 8i⇒ Re(u) = 0, Im(u) = 8. Ja neste caso, dize-

mos que u e um imaginario puro, pois sua parte real e nula, enquanto

que a sua imaginaria nao o e.

Exercıcio. Qual o unico numero complexo que e real e imaginario

puro ao mesmo tempo?

Dois numeros complexos sao iguais se, e somente se, suas partes

reais forem iguais, o mesmo acontecendo com as partes imaginarias.

Ou seja, x1 + iy1 = x2 + iy2 ⇔ x1 = x2, y1 = y2.

149

Page 153: Elementos_de_Matematica

Exemplo 5.2.6. z = 0⇔ Re(z) = 0, Im(z) = 0.

Exemplo 5.2.7. x + iy = 2− 3i⇔ x = 2, y = −3.

A seguir veremos como se obter um mutiplo qualquer de um numero

complexo: z = x + iy ⇒ αz = αx + iαy.

Exemplo 5.2.8. 3(2− 13i) = 6− 39i.

Quanto vale 0z?

5.2.1 ADICAO DE NUMEROS COMPLEXOS

Assim como nos conjuntos dos numeros naturais, inteiros, reais,

racionais consideramos uma operacao de adicao, tambem consider-

aremos uma operacao de adicao em C definida por:

+ : C×C −→ C, u = x1+y1, w = x2+y2 �−→ u+w = x1+x2+i(y1+y2).

Assim, quando adicionamos dois numeros complexos, o resultado

e dado por um numero complexo cuja parte real e a soma das partes

reais deles, ocorrendo o mesmo quanto a parte imaginaria.

Exemplo 5.2.9. 4 + 6i + 2− 5i = (4 + 2) + (6− 5)i = 6 + i.

Exemplo 5.2.10. 12− 4i + 3i = (12 + 0) + (−4 + 3)i = 12− i.

Presumimos que o leitor esperto deve ter deduzido que a soma de

dois numeros complexos reais puros e ainda um real puro, a de dois

imaginarios puros e ainda um imaginario puro. E isso nao se restringe

somente ao caso da adicao de dois elementos, mas sim de varios.

(Por que?)

Analogamente ao caso real, a subtracao de numeros complexos

e apenas um caso particular da adicao deles. Isto e, u − w = u +

(−w), u, w ∈ C. Logo, nao delongaremos tempo analisando a subtracao

em C.

Exemplo 5.2.11. −12 + 2i − (2− 9i) = −14 + 11i.

150

Page 154: Elementos_de_Matematica

PROPRIEDADES DA ADICAO DE NUMEROS COMPLEXOS

Ja conhecida a operacao de adicao de numeros complexos, vimos

que ela na verdade se trata de somarmos as partes real e imaginaria

dos termos componentes, sendo que estas somas sao entre elemen-

tos reais. Assim, as propriedades da adicao em C sao analogas as da

adicao em R. Passaremos, entao, a cita-las. As suas constatacoes

sao deixadas como exercıcio para o leitor, devido a sua simplicidade.

u = x1 + iy1, v = x2 + iy2, w = x3 + iy3 ∈ C, α ∈ R:

• Associatividade u + (v + w) = (u + v) + w

Exemplo 5.2.12. 2+0i+(−2−3i+1+i) = [2+0i+(−2−3i)]+1+i =

1− 2i.

• Comutatividade u + v = v + u

Exemplo 5.2.13. −12−3i+3+8i = 3+8i+(−12−3i) = −9+5i.

• Elemento neutro ∃u ∈ C; u + v = v + u = v, ∀v ∈ C.

Exercıcio. Mostre que u = 0. Isto e, o elemento neutro em C e

unico.

Exemplo 5.2.14. 5 + i + 0 + 0i = 0 + 0i + 5 + i = 5 + i.

• Elemento oposto ∀v ∈ C, ∃v; v + v = v + v = 0

Exercıcio. Mostre que v = −v. Ou seja, o elemento oposto de

um numero complexo e unico.

Exemplo 5.2.15. −23+15i+23−15i = 23−15i+(−23+15i) = 0.

5.2.2 REPRESENTACAO GEOMETRICA DE UM NUMERO

COMPLEXO

151

Page 155: Elementos_de_Matematica

Vimos que os numeros complexos foram aceitos apos controversias.

Para alguns, era impossıvel se imaginar como seria a representacao

geometrica de um numero complexo dado. Naquela epoca, a intuicao

geometrica ainda era a principal maneira para se trabalhar os prob-

lemas. O que nao era possıvel representar-se geometricamente ten-

dia a ser refutado. Hoje nao possuımos esse problema. O avanco na

Matematica foi tao grande que chegamos mesmo a trabalhar com con-

juntos que nao sao representaveis atraves de esbocos geometricos.

Imagine naquela epoca a aceitacao de estudos no Rn!

O conjunto C so veio a ser bem visto pela comunidade estudiosa

em geral apos a exposicao bela de Argand-Gauss do ”plano”complexo.

Para isso, consideremos a seguinte funcao:

ϕ : R2 −→ C

(x, y) �−→ ϕ(x, y) = x + iy.

Como podemos mostrar rapidamente, tal funcao e bijetiva, i.e., ex-

iste uma correspondencia biunıvoca entre o plano R2 e o conjunto C.

Assim, podemos associar um numero complexo z = x + iy a um

ponto (x, y) no plano. Logicamente, assim teremos a associacao en-

tre o eixo x e o real (das partes reais), tambem entre o eixo y e o

imaginario (das partes imaginarias).

Assim como os vetores do R2 possuem comprimento, tambem

associamos um numero complexo ao seu comprimento atraves da

seguinte funcao (que decorre imediatamente do teorema de Pitagoras):

152

Page 156: Elementos_de_Matematica

| | : C −→ R

x + iy �−→ | x + iy | =√

x2 + y2.

Denominamos tal funcao de modulo. Passaremos a usa-la sem

preocupacao e quando quisermos nos referir ao comprimento de um

numero complexo z ∈ C apenas utilizaremos | z |.

Exemplo 5.2.16. | 3− 2i |=√

32 + (−2)2 =√

13.

Exemplo 5.2.17. | 9 |=√

92 = 9.

Quanto vale | 0 |?

153

Page 157: Elementos_de_Matematica

CONJUGADO DE UM NUMERO COMPLEXO

Exporemos agora uma definicao de grande utilidade na teoria dos

numeros complexos. Aceitaremos que o leitor domine o conceito de

simetria. Este e utilizado em diversas areas da Matematica. Nada

mais natural utilizarmo-lo aqui. Apos conhecermos o tratamento geometrico

de um numero complexo, varias definicoes e propriedades tornam-se

triviais.

Definicao 5.2.1. Dado um numero complexo z o seu conjugado, que

sera denotado por z, e o simetrico de z em relacao ao eixo real. Ou

seja, x + iy = x− iy.

Exemplo 5.2.18. −1 + 14i = −1− 14i.

Exemplo 5.2.19. 0 = 0.

PROPRIEDADES DO CONJUGADO DE UM NUMERO COMPLEXO

154

Page 158: Elementos_de_Matematica

Como ja dissemos, as propriedades do conjugado de um numero

complexo sao simples e de facil entendimento. Passaremos, entao, a

lista-las.

• z = z ⇔ z ∈ R;

Ora, sabemos da igualdade entre numeros complexos que z1 =

z2 ⇔ Re(z1) = Re(z2), Im(z1) = Im(z2), z1, z2 ∈ C. Logo, dado

z = x + iy ∈ C, z = z ⇔ y = −y ⇔ y = 0⇔ z ∈ R.

• z = z, ∀z ∈ C;

Tambem de grande simplicidade, ja que x + iy = x− iy = x+ iy.

• Re(z) =z + z

2

Basta notarmos que z + z = 2Re(z).

• Im(z) =z − z

2i

Raciocınio analogo ao anterior.

• z + w = z + w.

Tambem bem simples a verificacao:

x1 + iy1 + x2 + iy2 = x1 + x2 + i(y1 + y2) =

= x1 + x2 − i(y1 + y2) = x1 − iy1 + x2 − iy2 = x1 + iy1 + x2 + iy2.

5.2.3 MULTIPLICACAO DE NUMEROS COMPLEXOS

Apos aprendermos a somar elementos de C, veremos outra impor-

tante operacao definida neste conjunto, a multiplicacao. Sua interpretacao

geometrica somente sera dada apos vermos a representacao trigonometrica

de um numero complexo. A multiplicacao e dada por:

· : C×C −→ C, u = x1+y1, w = x2+y2 �−→ u·w = (x1x2−y1y2)+i(x1y2+x2y1).

155

Page 159: Elementos_de_Matematica

Nao e nosso intuito que o estudante venha a decorar a formula an-

terior, ja que ela pode ser obtida facilmente apos algumas manipulacoes

algebricas. Mas primeiramente precisamos conhecer algumas pro-

priedades da multiplicacao.

Exemplo 5.2.20. (2− 2i)(3 + 9i) = (6 + 18) + i(18− 6) = 24 + 12i.

PROPRIEDADES DA MULTIPLICACAO DE NUMEROS COMPLEXOS

Novamente, enfatizamos que a multiplicacao em C possui pro-

priedades analogas ao caso real. Portanto nao delongaremos tempo

neste topico. As verificacoes das propriedades sao deixadas como

exercıcio para o leitor.

Dados z, v, w ∈ C, temos que:

• Associatividade

z(wv) = (zw)v.

Exemplo 5.2.21. (1+ i)[(2+0i)(0−5i)] = [(1+ i)(2+0i)](0−5i).

(Verifique!)

• Comutatividade

zw = wz.

Exemplo 5.2.22. (4− 3i)(18 + 9i) = (18 + 9i)(4− 3i). (Verifique!)

• Elemento Neutro

∃u ∈ C; uz = zu = z, ∀z ∈ C.

Exercıcio. Verifique que u = 1 + 0i, ou seja, o elemento neu-

tro da multiplicacao em C e unico e igual ao elemento neutro da

multiplicacao em R.

• Elemento inverso

156

Page 160: Elementos_de_Matematica

∀z ∈ C\{0}, ∃z; zz = zz = 1.

Dica: Considere o fato zz = 1 + 0i e utilize a propriedade de

igualdade de numeros complexos. Apos a solucao do sistema

obtido, voce certamente encontrara o seguinte resultado: z =z

| z |2 . Ou seja, o elemento inverso de um numero complexo nao-

nulo e unico, e representaremo-lo por z−1.

Exemplo 5.2.23. O inverso de i e −i. (Note que | i |= 1).

Exemplo 5.2.24. O inverso de u = 2+ i e u−1 =2− i

5. Verifique!

Quando expusemos a operacao de adicao em C, afirmamos

que a subtracao seria apenas um caso particular daquela. Aqui

tambem nao poderia ser diferente. A divisao em C e apenas

caso particular da multiplicacao de numeros complexos. Primeira-

mente vejamos que zz =| z |2. Mas isto e bem simples de se

verificar, e direto, e deixamos para o leitor a sua verificacao.

Sabendo disso, podemos interpretar a divisao entre numeros

complexos da seguinte maneira:

÷ : C× (C\{0}) −→ C, u, w �−→ u÷ w =u

w=

u w

| w |2 .

O fato de w ∈ C\0 nos diz que w = 0, logo | w |2= ww = 0 e a

operacao acima esta bem definida.

Exemplo 5.2.25.1 + 2i

2 + i=

(1 + 2i)(2− i)

5. Verifique!

• Distributividade

z(u + w) = zu + zw, (z + u)w = zw + uw.

Exemplo 5.2.26. (−8 + 2i)[(4 + 0i)(−2 + 3i)] = [(−8 + 2i)(4 +

0i)](−2 + 3i). Verifique!

Todas as propriedades descritas ate agora tornam (C, +, ·) um corpo.

Dizemos que um conjunto F ≡ (F, +, ·) e um corpo, com as operacoes

+, ·, quando ele satisfaz as seguintes propriedades: (f1, f2, f3 ∈ F )

157

Page 161: Elementos_de_Matematica

i) Estao bem definidas as operacoes +, ·, i.e., o conjunto F e fechado

quanto a elas;

ii) Vale a comutatividade: f1 + f2 = f2 + f1, f1f2 = f2f1;

iii) Vale a associatividade: f1 +(f2 + f3) = (f1 + f2) + f3, f1(f2f3) =

(f1f2)f3;

iv) Existe um elemento neutro aditivo (com respeito a operacao +),

denotado por 0, tal que f + 0 = 0 + f = f, ∀f ∈ F ;

v) Existe um elemento neutro multiplicativo (com respeito a operacao

·), denotado por 1, tal que 1 · f = f · 1, ∀f ∈ F ;

vi) Para todo elemento do corpo F existe um elemento oposto, i.e.,

∀f ∈ F, ∃ − f ∈ F ; f + (−f) = −f + f = 0;

vii) Para todo elemento nao-nulo do corpo existe um inverso multi-

plicativo, i.e., ∀f ∈ F\{0}, ∃f−1; ff−1 = f−1f = 1;

viii) Vale a distributividade do produto com respeito a adicao.

Agora o leitor conhece mais um corpo, o corpo dos numeros com-

plexos. Talvez o leitor conhecesse somente o corpo dos numeros

racionais e o dos numeros reais. Uma boa pergunta e: Qual a relacao

entre Q e R? Sera somente a de inclusao Q ⊂ R? Certamente

o leitor encontrara em outras obras as respostas para tais perguntas.

Convidamos, desde ja, o leitor a se informar acerca destes fatos. Por

enquanto, afirmamos que Q ⊂ R ⊂ C.

5.2.4 FORMA TRIGONOMETRICA DE UM NUMERO COM-

PLEXO

Ate o momento utilizamos apenas a forma algebrica para repre-

sentarmos os numeros complexos. Dizemos que um numero com-

plexo z esta na forma algebrica quando o representamos desta forma

158

Page 162: Elementos_de_Matematica

z = x + iy, x, y ∈ R. Mas existem outras maneiras de representar-

mos um numero complexo. Veremos agora como escreve-lo na forma

trigonometrica. Para isso, relembremos que existe uma bijecao entre

C e o plano R2:

ϕ : R2 −→ C

(x, y) �−→ ϕ(x, y) = x + iy.

Sabendo disto, podemos estudar algumas caracterısticas de C ape-

nas analisando R2. Aqui serao necessarios conhecimentos trigonometricos

simples, como os de um triangulo retangulo. Pedimos ao leitor que

volte a secao de Trigonometria no triangulo retangulo do capıtulo an-

terior e recorde as suas caracterısticas. Elas sao de suma importancia

aqui.

Vejamos agora a representacao geometrica de um numero com-

plexo w = a + ib:

Alguns fatos ficam bem claros na figura acima. O comprimento

do vetor (distancia dele ate a origem do sistema de Argand-Gauss) e

conhecido do leitor e vale | w |= √a2 + b2. O angulo que o vetor faz

com o eixo real sera chamado de argumento do numero complexo, e

representado por θw = arg(w).

Da nossa famosa trigonometria podemos concluir que:

sen (θw) =Im(w)

| w | , cos (θw) =Re(w)

| w | . (5.3)

Logo podemos concluir que Re(w) =| w | sen θw, Im(w) =| w |cos θw. E entao escreveremos w =| w | (cos θw + i sen θw). Esta

159

Page 163: Elementos_de_Matematica

e a forma trigonometrica do numero complexo w. Alguns autores a

denominam de forma polar.

Exemplo 5.2.27. A forma polar de z = 1 + i e z =√

2 (cosπ

4+

i senπ

4). (Por que?)

Exemplo 5.2.28. A forma trigonometrica de u =5

2+ i

5√

3

2e u =

5 (cosπ

3+ sen

π

3). Qual o argumento de u?

As operacoes com numeros complexos na forma trigonometrica

acabam se tornando mais simples e usuais. Veremos como deduzir

identidades trigonometricas apenas trabalhando com numeros com-

plexos.

Por se tratar de uma obra introdutoria, nao explicaremos com rigor

matematico a interpretacao geometrica da multiplicacao de dois numeros

complexos. Deixamos como exercıcio para o leitor mais avancado a

verificacao de que podemos associar, sem perda de generalidade, um

numero

complexo z = x + iy com a matriz Z =

⎛⎝ x −y

y x

⎞⎠. (Dica: Verifi-

que

as propriedades vistas ate aqui dos numeros complexos para este tipo

de matriz.) Como um numero complexo de comprimento unitario pode

ser escrito na forma w = cos θw + i sen θw, a sua matriz associada e

W =

⎛⎝ cos θw −sen θw

sen θw cos θw

⎞⎠. Matrizes desta forma ainda serao es-

160

Page 164: Elementos_de_Matematica

tudadas

pelo leitor em outros cursos, e limitamo-nos a dizer, sem demonstracao,

que se tratam de matrizes de rotacao de vetores por um angulo θ dado

no sentido anti-horario.

Assim, ao multiplicarmos dois numeros complexos, estamos na

verdade rotacionando um deles sob o argumento do outro no sentido

anti-horario. O comprimento do novo numero complexo sera dado

pelo produto dos comprimentos dos numeros complexos envolvidos

na multiplicacao. Vejamos a figura:

Certamente o leitor concluiu que o argumento do produto da multiplicacao

de dois numeros complexos e dado pela soma dos argumentos dos

numeros envolvidos na multiplicacao.

Exemplo 5.2.29. w = 5, u = 2i⇒ wu = 10i. Note que θw = 0, θu =π

2e que θwu =

π

2= 0 +

π

2= θw + θu.

Exemplo 5.2.30. u = 2 + 2i, z = 1 + i ⇒ uz = 4i. Note novamente

que θu =π

4, θz =

π

4, θuz =

π

2=

π

4+

π

4= θu + θz.

Uma aplicacao imediata e a deducao das formulas do seno e do

cosseno da adicao de arcos. Vejamos a seguinte proposicao:

Proposicao 5.2.2. As seguintes relacoes sao validas:

sen(α + β) = sen(α) cos(β) + sen(α) cos(α)

cos(α + β) = cos(α) cos(β)− sen(α)sen(β).

Demonstracao. A prova e imediata. Sejam dois numeros complexos

de comprimento unitario e com argumentos α, β, a saber, zα = cos α +

i sen α, zβ = cos β + i sen β. Pelo que ja vimos, o argumento de zαzβ

e a soma dos argumentos de zα e de zβ . Logo, teremos:

161

Page 165: Elementos_de_Matematica

cos (α +β) + i sen (α +β) = zαzβ = cos(α) cos(β)− sen(α)sen(β) +

i [sen(α) cos(β) + sen(α) cos(α)].

Pela igualdade de numeros complexos, a proposicao segue facil-

mente.

Agora, nada mais natural e perguntar o que acontece ao multi-

plicarmos mais de dois numeros complexos. Mas, pela propriedade

da associatividade ja vista, podemos sempre operar (multiplicar) os

numeros complexos dois-a-dois, ja que sabemos que isso nao altera

o resultado. Logo, sempre podemos aplicar o aprendido aqui induti-

vamente. Alias, isso e um resultado conhecido como teorema de De

Moivre.

Teorema 5.2.3 (Formula de De Moivre). Se n e inteiro, entao

zn =| z | n (cos θz + i sen θz)n = | z |n [cos (nθz) + i sen (nθz)].

Demonstracao. Exercıcio. (Dica: Tente Inducao Matematica para o

caso de n natural e depois conclua para o caso −n. Nao se preocupe

caso nao saiba ainda o que e Inducao Matematica. Afinal, estamos

apenas no inıcio do curso...)

Exercıcio. Deduza as formulas para cos 3a e sen 3a.

Com o conhecimento da formula de De Moivre, podemos calcu-

lar raızes de numeros complexos. Calculamos a raiz de um numero

complexo da maneira que passaremos a descrever a seguir. Dado

um numero complexo w =| w | (cos θ + i sen θ), desejamos saber a

solucao (ou solucoes) da equacao zn = w. Ora, mas sabemos que

z =| z | (cos θz + i sen θz) ⇒ zn =| z | n(cos nθz + i sen nθz). Pela

igualdade de numeros complexos, ganhamos que zn =| z | n(cos nθz +

i sen nθz) =| w | (cos θ + i sen θ) = w ⇒| z | n =| w | e cos nθz =

cos θ, sen nθz = sen θ.

Mas | z | n =| w |⇒| z |= n

√| w |, e cos nθz = cos θ, sen nθz =

sen θ ⇒ θz =θ + 2k π

n. Portanto, as raızes n-esimas de w =| w |

(cos θ + i sen θ) sao iguais a z = n

√| w | (cosθ + 2k π

n+ i sen

θ + 2k π

n).

162

Page 166: Elementos_de_Matematica

Isso significa que as raızes n- esimas de w encontram-se nos

vertices do polıgono de n lados inscrito na circunferencia de centro

(0, 0) e de raio n

√| w |. Vejamos a figura:

163

Page 167: Elementos_de_Matematica

Exemplo 5.2.31. Resolva a equacao z4 = 4 + 4i.

Primeiramente, coloquemos o numero w = 4+4i na forma trigonometrica.

Um calculo rapido nos mostra que θw =π

4e entao w =

√32(cos

π

4+

senπ

4).

Como ja sabemos, z = z = n

√| w | (cosθw + 2k π

n+ i sen

θw + 2k π

n).

Podemos entao concluir que z0 = 8√

32(cosπ

16+ i sen

π

16), z1 = 8

√32(cos

16+

i sen9π

16), z2 = 8

√32(cos

17π

16+ i sen

17π

16), z3 = 8

√32(cos

25π

16+ i sen

25π

16).

Notou algo interessante?

Exemplo 5.2.32. Ache as solucoes para a equacao z3 = 4.

Se apenas resolvessemos a equacao acima no conjunto dos numeros

reais, obterıamos z = 3√

4 como solucao. Vejamos a diferenca para o

caso complexo. Facilmente temos que w = 4 ⇒ θw = 0. Assim, as

solucoes serao dadas por z0 = 3√

4 (Por que?), z1 = 3√

4(cos2π

3+

i sen2π

3), z2 = 3

√4(cos

3+ i sen

3). (Qual o polıgono descrito pelas

solucoes da equacao acima?)

O conjunto das raızes n- esimas da unidade desempenham um pa-

pel importante na Matematica. Ele, munido da operacao de multiplicacao

que conhecemos, possui estrutura de Grupo, estrutura essa que o

164

Page 168: Elementos_de_Matematica

leitor vera em seu curso de Algebra. O leitor curioso pode encontrar

mais caracterısticas importantes das raızes n-esimas da unidade no

livro

Para concluirmos nosso capıtulo, citaremos como curiosidade, a

forma exponencial de Euller para a representacao de um numero com-

plexo. Esta forma e talvez a mais usada, e aconselhamos o leitor

a se acostumar com a sua presenca desde ja. Caso nao conheca

a funcao exponencial, procure (citar algo para pesquisa) para mais

informacoes.

Definicao 5.2.4 (Forma exponencial de um numero comlexo). Dado o

numero complexo w =| w | (cos θw + i sen θw), a sua forma exponencial

e dada por w = |w|eθwi.

Com a definicao acima concluimos que eθi = cos θ + i sen θ. Esta e

a forma exponencial de Euller. Com essa representacao, as raızes n-

esimas da unidade sao escritas no formato e2kπi

n . Outro fato importante

e que eθi = cos θ + i sen θ = cos (θ + 2kπ) + i sen (θ + 2kπ) = e(θ+2kπ)i.

(Consegue deduzir algo?)

Exemplo 5.2.33. Sabemos que cos π2

= 0, sen π2

= 1. Logo, eπ

2i = i⇒

ii = (eπ

2i)i = e−

π

2 .

5.3 SAIBA MAIS

a. O leitor interessado em conhecer mais sobre a vida de Cardano,

pode visitar os sıtios:

http://sandroatini.sites.uol.com.br/cardano.htm ou

http://www.ccet.ufrn.br/hp estatistica/biografias/cardano.html.

b. Para conhecer algumas aplicacoes dos numeros complexos, acesse:

http://www.ucs.br/ccet/deme/emsoares/inipes/complexos/

165

Page 169: Elementos_de_Matematica

5.4 EXERCICIOS

O corpo dos numeros complexos

1. Dados os numeros complexos abaixo, diga quem sao suas partes

real e imaginaria.

a) z = 0 + 0i;

b) z = 2−√3i;

c) z = −3i;

d) z = −3− 4i;

e) z =√

2 + π3i.

2. Calcule o modulo dos numeros complexos a seguir.

a) z = 0 + 0i;

b) z = 8− 3i;

c) z = −6i;

d) z = −10− 40i;

e) z = 2 + π3i.

3. Dados os numeros complexos a seguir, esboce a sua localizacao

no plano de Argand-Gauss.

a) z = 0 + 0i;

b) z = 2− i;

c) z = 15i;

d) z = −3−√5i;

e) z = 5√

2− 10

√π5i.

4. Coloque os seguintes numeros na forma trigonometrica, e de-

pois localize-os no pano de Argand-Gauss.

a) z = 10i;

166

Page 170: Elementos_de_Matematica

b) z = −√

32

+ i2;

c) z = −3;

d) z = 8√

2 + 8√

2i;

e) z = 3− 4i.

5. Encontre os conjugados de:

a) z = 0− 10i;

b) z = 2−√3i;

c) z = 16;

d) z = (4− 6i)2;

e) z =√

2 + π3i.

6. Dados os numeros z = 18i, w = 3− 8i, u = 23, calcule:

a) z + w;

b) z − 3u;

c) w + 4u;

d) 12z − 3w;

e) 15z + i(4w + 9u).

7. Dados os numeros complexos z = i, u = 2+8i, v = 3−√3i, w =

9, calcule:

a) z[5w − i(8u + 3v)];

b) (5wz + 2uv)(13z − 2uvw2);

c) | w | (z3 + 14wv4);

d) [z − (wv + 1u)];

e)z

wv.

8. Encontre os inversos de:

a) z = −1;

167

Page 171: Elementos_de_Matematica

b) z = 2−√3i;

c) z = −3i;

d) z = −3− 4i;

e) z =√

2 + π3i.

9. Calcule (√

3− i)10.

10. Quanto vale 1 + i + i2 + ... + i2007?

11. Ache os numeros complexos tais que z4 = z.

12. Determine z ∈ C tal que | z |3=| 1z|2.

13. O que representa o conjunto D = {z ∈ C/ | z − 2i |= 4}?

14. Deduza a formulazn − 1

z − 1= 1 + z + z2 + ... + zn−1, z = 1.

15. Mostre que se z ∈ C e raiz do polinomio P (x) = a0 + a1x +

a2x2 + ... + anxn, entao z tambem o e. (Dica: Tente usar a forma

trigonometrica.)

16. Utilizando a formula de De Moivre e a questao 14, encontre as

formulas para

a) 1 + cos θ + cos 2θ + . . . + cos nθ;

b) sen θ + sen 2θ + . . . + sen nθ.

17. Use a questao 16 para mostrar que 72◦ e o menor angulo posi-

tivo que resolve os sistema:

⎧⎨⎩ 1 + cos θ + cos 2θ + cos 3θ + cos 4θ = 0

senθ + sen2θ + sen3θ + sen4θ = 0.

18. Resolva em C as equacoes:

a) z3 = 7;

b) z2 = i;

c) z4 + z3 + z2 + z + 1 = 2;

168

Page 172: Elementos_de_Matematica

d) (z − 1)n = (z + 1)n, n > 1.

19. Idem para:

a) |z|3 = 7;

b) |z + 2|2 = i;

c) |z − 4i| = |z + 2|+ |z − 3|;

d) |z + 3i| = |2 + 3i|.

5.5 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

1. LIMA, E.L.; CARVALHO, P.C.; WAGNER, E.; MORGADO, A.C..A

Matematica do Ensino Medio. Volume 1. 9.ed.. Rio de Janeiro:

SBM, 2006;

2. CARMO, M.P. do; MORGADO, A.C.; WAGNER, E.. Trigonome-

tria, Numeros Complexos. Notas historicas de Joao Bosco Pit-

ombeira de Carvalho. Rio de janeiro: SBM, 1992.

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