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DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITECTURA E GEORRECURSOS SECÇÃO DE MECÂNICA ESTRUTURAL E ESTRUTURAS 1 Elementos de Engenharia Civil Módulo de Mecânica Estrutural (1º módulo) Apontamentos das aulas (T/P) Parte 2: Análise de estruturas (apoios; estatias; determinação de forças de ligação exteriores, reações, e interiores, esforços; introdução aos diagramas de esforços) 2014-2015 Jorge Miguel Proença (considerando o documento Apontamentos de Mecânica 1. IST, DECivil, Eduardo Pereira, Luís Guerreiro, 2008/2009)

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DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITECTURA E GEORRECURSOS SECÇÃO DE MECÂNICA ESTRUTURAL E ESTRUTURAS

1

Elementos de Engenharia Civil

Módulo de Mecânica Estrutural (1º módulo)

Apontamentos das aulas (T/P)

Parte 2: Análise de estruturas (apoios; estatias; determinação de forças de ligação exteriores,

reações, e interiores, esforços; introdução aos diagramas de esforços)

2014-2015

Jorge Miguel Proença

(considerando o documento Apontamentos de Mecânica 1. IST, DECivil, Eduardo Pereira, Luís Guerreiro, 2008/2009)

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Equilíbrio de estruturas

Nas estruturas de engenharia civil pretende-se que estas (as estruturas, aqui consideradas

como corpos rígidos) estejam em repouso sob o efeito das acções que lhe são aplicadas. No

seu formato mais habitual, isto significa que o sistema de forças total (forças aplicadas +

forças reactivas) seja equivalente a zero, ou seja, que a estrutura esteja em equilíbrio.

As forças reactivas são as forças desenvolvidas nos apoios da estrutura no exterior. Estas –

reacções de apoio – consistem geralmente nas incógnitas, sendo determinadas de tal forma

que o sistema de forças total seja equivalente a zero, ou seja:

forças equivalente a zero de Sistema

0 M

0 R

A

As reacções de apoio dependem naturalmente do tipo de apoios.

No caso plano podem identificar-se os seguintes tipos de apoios:

Apontamentos sobre o equilíbrio de estruturas. Apontamentos de Mecânica I. IST, DECivil, Eduardo

Pereira, Luís Guerreiro, 2008/2009.

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Problema 3.110 (modificado)

Uma treliça encontra-se sujeita ao carregamento (activo) ilustrado. Determine qual o sistema de forças reactivo,

sabendo que:

Uma das forças (a reacção no apoio A) tem uma linha de acção que contém esse ponto;

A outra força (reacção no apoio B) é vertical e a sua linha de acção contém o ponto B.

Comente os resultados.

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5

No caso espacial podem identificar-se os seguintes tipos de apoios:

Apontamentos sobre o equilíbrio de estruturas. Apontamentos de Mecânica I. IST, DECivil, Eduardo

Pereira, Luís Guerreiro, 2008/2009.

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Estatia de Estruturas A análise da estatia de uma estrutura consiste no balanço entre o número total de equações

de equilíbrio estático e o número total de variáveis estáticas – forças de ligação, exteriores e

interiores –.

Conceitos importantes:

Peça linear – “barra” corpo que se pode considerar gerado por uma figura plana, de forma

e dimensões não necessariamente constantes, cujo centro de gravidade percorre uma

trajectória ao longo de uma linha de grande raio de curvatura à qual a figura se mantém

perpendicular e cuja extensão da trajectória é largamente superior às dimensões da

figura;

Estrutura reticulada – estrutura constituída por peças lineares (barras), habitualmente

representadas sob a forma linhas – os seus eixos -;

Nó – ligação (interior) entre duas (ou mais) peças lineares, cruzamento de peças lineares.

Nota: dentro das peças lineares, iremos abordar essencialmente as peças prismáticas –

peças lineares de eixo recto e de secção constante -.

Exemplos de estruturas reticuladas. Apontamentos sobre o equilíbrio de estruturas. Apontamentos de

Mecânica I. IST, DECivil, Eduardo Pereira, Luís Guerreiro, 2008/2009.

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Estatia de um corpo rígido (estatia exterior)

Considere-se que a estrutura sob análise é um corpo rígido (não apresenta movimento entre

as partes que a constituem). A estrutura está em equilíbrio se e só se as seguintes equações

foram satisfeitas:

Caso espacial (6 equações):

x

y

z

Px

Py

Pz

F 0

F 0

F 0

M 0

M 0

M 0

Caso plano (3 equações):

x

y

Pz

F 0

F 0

M 0

Tipicamente nessas equações (de equilíbrio exterior) as variáveis consistem nas forças de

ligação exterior – reacções de apoio – que permitem que a estrutura esteja em equilíbrio sob

a acção de um sistema conhecido de forças aplicadas.

Exemplo: considere-se a seguinte viga simplesmente apoiada sujeita à acção das cargas F1

e F2 (supostamente conhecidas):

Poderia fazer-se o DCL – Diagrama de Corpo Livre – da viga, representando as reaçcões de

apoio XA, YA e YB.

9

As equações de equilíbrio (exteriores) no caso plano poderiam ser:

x A 2

y A B 1

Az 1 B

F X F 0

F Y Y F 0

M a F L Y 0

Que corresponde a um sistema de 3 equações a 3 incógnitas. Trata-se de um sistema

determinado, podendo afirmar que as equações de equilíbrio têm uma e uma só solução.

Considerem-se agora os seguintes outros 2 casos:

(viga com 2 apoios fixos)

(viga com 2 apoios móveis)

No primeiro caso as equações de equilíbrio são possíveis, mas indeterminadas, enquanto

que no segundo caso as equações de equilíbrio são impossíveis (a equação de equilíbrio de

forças segundo X não é satisfeita).

Define-se então a estatia exterior de uma estrutura como sendo o grau de indeterminação

das equações de equilíbrio exterior. Genericamente tem-se:

10

E RN 3 (caso plano)

E RN 6 (caso tridimensional)

Em que E é o grau de hiperestatia exterior e NR o número de incógnitas estáticas exteriores

(reacções).

De acordo com o valor de E a estrutura é classificada de forma diferente:

Se E 0 diz-se que a estrutura é exteriormente hiperstática de grau E.

Se E 0 diz-se que a estrutura é exteriormente isostática.

Se E 0 diz-se que a estrutura é exteriormente hipostática de grau -E.

Nota: há ainda a considerar as situações em que o número de ligações exteriores é suficiente

(ou mais do que suficiente) e, no entanto, a estrutura não está em equilíbrio sob a acção de

um carregamento genérico – estruturas com ligações exteriores mal distribuídas -.

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Problema P 2.1

Analise os corpos rígidos planos indicados, quanto à estatia exterior. Diga se o equilíbrio é possível ou não em face das acções indicadas. (Nota: nas alíneas a, b e c as cargas são complanares e com qualquer direcção)

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Estatia de um corpo rígido (estatia global e interior)

Recorde-se que as ligações interiores mais correntes em estruturas reticuladas são as

seguintes:

Ligação rígida (ou contínua) – impede a ocorrência de movimentos de translação ou de

rotação relativos entre as barras.

Ligação articulada (ou rótula) – impede a ocorrência de movimentos de translação

relativos entre as barras, permitindo a rotação relativa.

Pretende-se agora verificar se a estrutura se comporta como um corpo rígido, ou seja se o

número e tipo de ligações entre as partes que a constituem são suficientes para impedir a

ocorrência de movimentos internos (relativos).

Para exemplificar o pretendido, considere-se a seguinte estrutura e acções (conhecidas):

Fazendo o diagrama de corpo livre da estrutura (representando as reacções):

Permitindo obter as equações de equilíbrio exterior

Que permite concluir que a estrutura é exteriormente hiperstática do 1º grau (3 eqs, 4 incs).

13

Fazendo o DCL das duas barras,

Poder-se-ia escrever as equações de equilíbrio (interior) das duas barras.

Neste conjunto de 6 equações há 6 incógnitas, pelo que a estrutura é globalmente

isostática.

Somando as equações equivalentes 2.9 e 2.10 é possível obter de novo as equações de

equilíbrio exterior. Este facto demonstra que so há 6 equações de equilíbrio linearmente

independentes – as equações de equilíbrio exterior mais as equações de equilíbrio de um

dos corpos (todos menos um), ou as equações de equilíbrio de todos os corpos.

Outras das conclusões que se pode extrair resulta da re-escrita da equação de equilíbrio de

momentos de 2.9, substituindo a força de ligação interior em função das exteriores e

aplicadas (também obtida de 2.9).

Esta nova equação é uma equação de equilíbrio interior que vem expressa exclusivamente

nas variáveis exteriores.

14

Conjugando a equação anterior com as equações de equilíbrio exterior fica-se com um

sistema de 4 equações a 4 incógnitas que permite a determinação das reacções de apoio.

Concluindo, podem definir-se grau de indeterminação estática exterior (E), global (G) e

interior (I) da seguinte forma:

Caso plano:

E RN 3 neste caso E 4 3 1

G R L BN N 3 N neste caso G 4 2 3 2 0

I L BN 3 N 1 neste caso I 2 3 2 1 1

Em que NR é o número de incógnitas estáticas exteriores (reacções), NL é o número de

incógnitas estáticas interiores (forças de ligação interiores) e NB é o número barras.

Pode ainda concluir-se que:

G E I

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Caso particular 1: Estatia de estruturas com nós com mais de 2 barras

Anteriormente referiu-se como contabilizar as forças de ligação interiores em nós articulados

com apenas 2 barras. Pretende-se agora generalizar para o caso de nós articulados com

mais de 2 barras, assim como de nós rígidos (com 2 ou mais barras).

Nós articulados com mais de 2 barras

Neste caso o número de forças de ligação interiores imputável ao nó é dado por:

Li BiN 2 N 1

Em que NLi representa o número de forças de ligação interiores associadas ao nó i e NBi

representa o número de barras ligadas (articuladas) nesse nó.

Nós rígidos com 2 ou mais barras

Neste caso o número de forças de ligação interiores imputável ao nó é dado por:

Li BiN 3 N 1

Para exemplificar a primeira situação determine-se os graus de indeterminação estáticos

(exterior, interior e global) da seguinte estrutura articulada:

Para exemplificar a 2ª situação, considere-se a seguinte estrutura subdividida em 4 barras

pelas ligações rígidas em B e D e pela articulação em C.

Verifique-se ainda que a classificação não depende do critério de divisão em barras. Como

sugestão considere-se agora a subdivisão em 2 barras pela articulação em C.

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Caso particular 2: Estatia de estruturas com malhas fechadas

O método anteriormente exposto para a determinação do grau de indeterminação estático

interior (e global) parte do princípio de que a estrutura é subdivida em corpos isostáticos

(tipicamente “barras”).

A existência de malhas fechadas contraria este princípio, tratando-se de sub-estruturas

hiperstáticas.

Nestes casos haverá que “abrir as malhas”, considerando as correspondentes forças de

ligação interiores.

Considere-se o seguinte exemplo:

Cuja malha interior poderia ser aberta dos seguintes dois modos:

Dois corpos Um corpo

I 6 3 2 1 3 I 3 3 1 1 3

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Estruturas Articuladas – Cálculo de estatia e análise estrutural

Definição: estrutura articulada (treliça) é uma estrutura reticulada (constituída por barras) em

que se verificam as seguintes 3 condições:

As barras são rectas;

As barras encontram-se articuladas em ambas as extremidades;

As cargas encontram-se aplicadas apenas nos nós (rótulas, neste caso).

Tratam-se de sistemas estruturais muito diferenciados, tendo sido extensivamente utilizadas

em pontes (metálicas) no final do século XIX – princípio do século XX, constituindo ainda hoje

um sistema estrutural corrente para estruturas de coberturas metálicas.

Ponte

Cobertura

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A sua singularidade como sistema estrutural está na origem de métodos alternativos, quer

para a determinação da estatia, quer para a análise estrutural (determinação das forças de

ligação, exteriores e interiores).

Considere-se agora o diagrama de corpo livre de uma barra genérica de uma estrutura desse

tipo (caso plano):

Impondo as equações de equilíbrio (interiores), considerando as forças no referencial local,

tem-se:

'a b

'y´ a

' ´x´ b a

M 0 Y 0

F 0 Y 0

F 0 X X

Pelo que se conclui que a barra está sujeita apenas a forças segundo o seu próprio eixo,

iguais e opostas em ambas as extremidades.

Ya

Xa

Yb

Xb

x

y

Y´a

X´a

Y´b

X´b

x´y´

19

Considere-se agora um diagrama de corpo livre no caso tridimensional.

Impondo as (6) equações de equilíbrio interiores, ter-se-ia:

As conclusões são análogas às do caso plano, pelo que a barra se encontra apenas sujeita

a uma força segundo o eixo – Esforço Normal – dado por:

Este forço poderá ser de tracção (convencionado positivo) ou de compressão (convencionado

negativo).

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Dos estudos anteriores, resultam as seguintes consequências para o cálculo da estatia de

estruturas articuladas:

O número total de incógnitas interiores (forças de ligação interiores) é igual ao número de

barras da estrutura (há 1 incógnita por cada barra);

As equações de equilíbrio disponíveis para o cálculo das forças de ligação interiores são

as 2 (3, no caso tridimensional) equações de equilíbrio por cada um dos nós, deduzidas

das 3 (6, no caso tridimensional) equações de equilíbrio exteriores.

Assim sendo, os graus de indeterminação estática interior, exterior e global podem ser

determinados pelas seguintes equações:

Caso plano Caso tridimensional

I B Nn (2 n 3) I B Nn (3 n 6)

E Rn 3 E Rn 6

G R B Nn n 2 n G R B Nn n 3 n

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Análise Estrutural de Estruturas Articuladas Isostáticas

Dos resultados anteriores, resulta que as forças de ligação (interiores e exteriores) de

estruturas articuladas isostáticas podem ser determinados pelo equilíbrio dos nós.

Um dos métodos de análise estrutural consiste nos seguintes passos:

determinação das reacções de apoio pelo equilíbrio exterior;

imposição sequencial do equilíbrio de cada nó, considerando as forças aplicadas nesse

nó e a acção das forças de ligação (interiores ou exteriores), tendo o cuidado de em cada

passo não dispôr mais de 2 incógnitas.

Este método é designado por método dos nós.

Cálculo das Reacções de Apoio

Resolução do Nó B

PH

PV

PH

HLPL

PV

HH

M

F

F

C

C

A

C

C

CA

A

V

H

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

BD

AB

BD

AB

V

H

N

N

N

N

F

F

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Resolução do Nó C

Resolução do Nó A

PVN

PHN

NV

NH

F

F

CAC

CCD

ACC

CDC

V

H

0

0

0

0

P2N2N

P2)NH(2N

0N2

2N

0N2

2NH

0F

0F

ACAD

ABAAD

ADAC

ADABA

V

H

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Identificação de barras com esforço nulo

a a a a a a

30º

P

P

P

H

A

D

C

B

I J

G

K

E

F

L

24

Calcule os esforços nas barras NCD, NCI e NHI pelo Método dos Nós

2,4 m

100 kN

G

A D C B

H I F J

E

K

2,4 m 2,4 m 2,4 m 2,4 m

3,2 m

100 kN 100 kN

50 kN

25

O método dos nós tem o inconveniente de não ser eficiente quando se pretende apenas

saber os esforços axiais num número limitado de barras, particularmente se estas se

encontram na zona interior da estrutura.

Como alternativa refere-se o designado método das secções. Nesse novo método procede-

se ao equilíbrio da sub-estrutura seccionada pelas barras nas quais se pretende saber o

esforço normal. A seguência do método das secções é geralmente a seguinte:

1. Determinar as reacções de apoio exterior através do equilíbrio exterior;

2. Seccionar a estrutura por um corte que intersecte as barras nas quais se pretende saber

o esforço normal;

3. Substituir a acção das barras cortadas pelos esforços normais respectivos;

4. Impor as (3) equações de equilíbrio da sub-estrutura seccionada e determinar os

esforços normais nas barras seccionadas.

Exercício: Resolva-se o exercício anterior, desta feita pelo método das secções.

Quando o corte necessário intersecta mais do que 3 barras, haverá que realizar mais do que

um corte. Sugestão: exercício P3.7.

26

P3.7 Determine o esforço axial na barra IM da estrutura articulada representada na figura, utilizando o método das secções.

27

a

P

L

A D C B

M N

F

O

E

P

a a a a

a / 2

Q

G H I J K

P P P P P

a / 2

28

a

P

L

A D C B

M N

F

O

E

P

a a a a

a / 2

Q

G H I J K

P P P P P

a / 2

29

ESFORÇOS EM PEÇAS LINEARES

Constitui objecto da presente parte da matéria a determinação dos esforços internos em

estruturas (globalmente) isostáticas constituídas por peças lineares (barras).

Os esforços internos de uma peça linear correspondem às forças de ligação – exercidas

entre as várias partes duma barra ou de uma estrutura – determinadas num referencial

particular. Interessa portanto estudar os métodos de cálculo das forças de ligação (interiores)

entre barras de estruturas reticuladas.

Uma forma de determinação das forças de ligação interiores consiste no estabelecimento dos

Diagramas de Corpo Livre (DCL) de todas as barras que compõem a estrutura e imposição

das equações de equilíbrio a cada um destes corpos..

À partida temos que nos circunscrever a estruturas globalmente isostáticas – estruturas

para as quais é possível determinar as forças de ligação (interiores e exteriores) – apenas

com base nas equações de equilíbrio estático de sub-estruturas ou da estrutura como um

todo.

De entre as estruturas globalmente isostáticas, há ainda que distinguir os seguintes casos:

estruturas interiormente e exteriormente isostáticas;

E I0 e 0

estruturas exteriormente hiperstáticas e interiormente hipostáticas.

E In e n

30

Considerem-se os seguintes 2 exemplos:

Exemplo 1: Problema 8.3

Diagrama de Corpo Livre de todas as barras.FAZER.

31

Exemplo 2: Problema das folhas de “Equilíbrio de Estruturas”

Considere-se L=6m, H=3m, F=6kN e p=3kN/m.

Diagrama de Corpo Livre de todas as barras.

32

As forças de ligação podem ser determinadas em qualquer secção – não necessariamente

nas extremidades das barras –. Considere-se, por exemplo, o problema da determinação das

forças de ligação na secção C (secção de ½ vão da barra BD).

Repetindo, os esforços internos de uma peça linear correspondem às forças de ligação –

exercidas entre as várias partes duma barra ou de uma estrutura – determinadas num

referencial particular. A necessidade de considerar esse referencial particular deve-se ao

facto das diferentes componentes das forças de ligação originarem distribuições de tensões

e deformações também diferentes.

Considere-se para o efeito uma peça linear com o sistema de eixos X, Y e Z.

X consiste no eixo da peça linear, com uma orientação arbitrária. Os eixos Y e Z são eixos

transversais.

Peça linear tridimensional – sistema de eixos de referência.

33

Uma vez definida (arbitrariamente) a orientação do eixo da peça (X), podem definir-se facetas

positivas ou negativas consoante a normal exterior esteja orientada segundo o eixo X ou

contrariamente ao mesmo.

Peça linear tridimensional – definição de faceta positiva e de faceta negativa numa secção transversal.

Definição dos esforços internos

Independentemente da secção na qual se determinaram as forças de ligação ser uma faceta

positiva ou negativa, as forças generalizadas (forças e momentos) definem os seguintes

esforços:

Força segundo x – Esforço Normal ou Esforço Axial (N)

Força segundo y – Esforço Transverso segundo y (Vy);

Força segundo z - Esforço Transverso segundo z (Vz);

Momento segundo x – Momento torsor (T);

Momento segundo y – Momento flector segundo y (My);

Momento segundo z – Momento flector segundo z (Mz).

A sombreado assinalam-se os esforços internos que não existem em estruturas planas

(estruturas nas quais o modelo e as cargas se encontram no mesmo plano).

34

Relativamente aos sinais dos esforços anteriores, estes consideram-se positivos quando os

seus sentidos são concordantes com os sentidos dos eixos X, Y ou Z – faceta positiva – ou

contrários a estes eixos – faceta negativa –.

Peça linear tridimensional – definição dos esforços positivos numa secção transversal.

Peça linear plana – definição dos esforços positivos numa secção transversal

35

10 kN/m

B C

3,0 m

6,0 m

12 kN

A D

36

Os esforços definidos em estruturas reticuladas planas podem, para cada barra, ser expresso

de uma forma contínua através das designadas funções de esforços.

z

y

N x

V x

M x

Em que x designa a distância, medida segundo o eixo da barra, relativamente a uma das

extremidades.

Relações diferenciais entre esforços e entre esforços e carregamento distribuído

Considere-se o equilíbrio de um segmento infinitesimal de barra.

Analisando o equilíbrio obtêm-se as seguintes equações diferenciais (no caso plano):

0pdx

dNx

0pdx

dVz

z

zy

yVm

dx

dM

37

As equações diferenciais anteriores podem ser simplificadas no caso mais frequente da

inexistência de momentos flectores distribuídos my.

xpdx

dN

zz p

dx

dV

z

yV

dx

dM

De igual forma se pode, por integração, determinar a variação de esforços entre a secção xi

e a secção xj

j

i

x

x

xij dxpNNN

j

i

x

x

zij dxpVVV

j

i

x

j i y

x

M M M V m dx

38

P4.1 Determine os diagramas de esforços (momento flector, esforço transverso e esforço normal) para as seguintes barras, indicando o tipo de função, o valor atingido nos pontos notáveis e a localização desses pontos.

a) b)

c) d)

e) f)

g) h)

39

P4.3 e Determine os diagramas de esforços (momento flector, esforço transverso e esforço normal) para as seguintes estruturas planas, indicando o tipo de função, o valor atingido nos pontos notáveis e a localização desses pontos.

40

Relações diferenciais entre esforços e entre esforços e carregamento distribuído (3D)

Considere-se o equilíbrio de um segmento infinitesimal de barra.

Equações diferenciais de equilíbrio Equilíbrio de forças

0pdx

dNx

y

y

dVp 0

dx

0pdx

dVz

z

Equilíbrio de momentos

x

dTm 0

dx

zy

yVm

dx

dM

zz y

dMm V

dx

41

Variação de esforços entre a secção xi e a secção xj

j

i

x

x

xij dxpNNN

j

i

x

y y j y i y

x

V V V p dx

j

i

x

z z j z i z

x

V V V p dx

j

i

x

j i x

x

T T T m dx

j

i

x

y y j y i z y

x

M M M V m dx

j

i

x

z z j z i y z

x

M M M V m dx