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Nº158 Terça-Feira, 21 DE NOVEMBRO 2006 Edição Gratuita Ano XVI Director: João Campos PUBLICIDADE SUMÁRIO Destaque 2 Opinião 7 Ensino Superior 8 Cidade 9 Nacional 10 Ciência 1 1 T ema 12 Internacional 14 Desporto 16 Cultura 18 Artes Feitas 20 Media 22 V iagens 23 CENA LUSÓFONA À DIREITA, O PND Do último congresso do partido de Manuel Monteiro saiu a afirmação da Nova De- mocracia como o “único par- tido de raiz de direita portu- guesa”. Aos pedidos de reno- vação da direita nacional, o Partido Social Democrata e o Partido Popular reagem com indiferença. Pág. 10 A entidade cultural, que ac- tua nos países de língua oficial portuguesa, sobrevive há dois anos sem qualquer tipo de fi- nanciamento e está a ter de se desfazer da sua equipa profis- sional. Ao mesmo tempo, vê ameaçada a continuação dos projectos que desenvolve há mais de 10 anos. Pág. 18 Internacional Ségolène eleita A CABRA esteve em França a acompa- nhar de perto as eleições do partido so- cialista francês. Ségolene Royal vai ser a candidata do PS às presidenciais de 2007. Pág. 15 ELEIÇÕES PARAM ACADEMIA DE COIMBRA Sete listas vão a votos nos dias 28 e 29 de Novembro RAQUEL MESQUITA A Associação Académica de Coimbra está a uma se- mana de ir a votos, para eleger os corpos gerentes do próximo ano. No total, são 10 as listas apresentadas, sendo que sete concorrem à Direcção–Geral da Asso- ciação Académica de Coimbra (DG/AAC) e à mesa da Assembleia Magna. Ao Conselho Fiscal vão nove listas a sufrágio, com três delas a formar–se só para este ór- gão. A CABRA entrevistou os cabeças das sete listas can- didatas à DG/AAC. Paulo Fernandes, Álvaro Baldaia, João Lopes, Ricardo Reis, Joana Silva, Pedro Cunha e Carlos Carvalho apresentam os seus projectos e mos- tram as motivações que os levam a apresentar–se à sucessão de Fernando Gonçalves. Págs. 2 a 6

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Page 1: ELEIÇÕES PARAM ACADEMIA DE COIMBRA - mat.uc.ptjsoares/research/recortes/158.pdf · com a Pizza Hut, para que no final do cur-so o estudante tenha logo emprego. Rela-tivamente à

Nº158 Terça-Feira,

21 DE NOVEMBRO 2006

Edição Gratuita

Ano XVI

Director: João Campos

PUBLICIDADE

SUMÁRIODestaque 2Opinião 7Ensino Superior 8Cidade 9Nacional 10Ciência 11Tema 12

Internacional 14Desporto 16Cultura 18Artes Feitas 20Media 22Viagens 23

CENA LUSÓFONA À DIREITA, O PNDDo último congresso do

partido de Manuel Monteirosaiu a afirmação da Nova De-mocracia como o “único par-tido de raiz de direita portu-

guesa”. Aos pedidos de reno-vação da direita nacional, oPartido Social Democrata e oPartido Popular reagem comindiferença. Pág. 10

A entidade cultural, que ac-tua nos países de língua oficialportuguesa, sobrevive há doisanos sem qualquer tipo de fi-nanciamento e está a ter de se

desfazer da sua equipa profis-sional. Ao mesmo tempo, vêameaçada a continuação dosprojectos que desenvolve hámais de 10 anos. Pág. 18

Internacional

Ségolène eleita

A CABRA esteve em França a acompa-nhar de perto as eleições do partido so-cialista francês. Ségolene Royal vai ser acandidata do PS às presidenciais de2007. Pág. 15

ELEIÇÕES PARAM ACADEMIA DE COIMBRASete listas vão a votos nos dias 28 e 29 de Novembro

RAQUEL MESQUITA

A Associação Académica de Coimbra está a uma se-mana de ir a votos, para eleger os corpos gerentes dopróximo ano. No total, são 10 as listas apresentadas,sendo que sete concorrem à Direcção–Geral da Asso-ciação Académica de Coimbra (DG/AAC) e à mesa da

Assembleia Magna. Ao Conselho Fiscal vão nove listasa sufrágio, com três delas a formar–se só para este ór-gão.

A CABRA entrevistou os cabeças das sete listas can-didatas à DG/AAC. Paulo Fernandes, Álvaro Baldaia,

João Lopes, Ricardo Reis, Joana Silva, Pedro Cunha eCarlos Carvalho apresentam os seus projectos e mos-tram as motivações que os levam a apresentar–se àsucessão de Fernando Gonçalves.

Págs. 2 a 6

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Realiza–se nas próximas terça e quarta-–feira, dias 28 e 29, a primeira volta daseleições para a Direcção–Geral (DG), As-sembleia Magna (AM) e Conselho Fiscal daAssociação Académica de Coimbra (AAC).

À liderança da AAC e da Assembleia Mag-na concorrem sete listas, um número mui-to superior ao do ano passado, quandohouve apenas três candidatos. Por ordemalfabética, avançam para a sucessão deFernando Gonçalves os projectos D, K, N,R, T, V e W. Já para o Conselho Fiscal,avançam nove listas, sendo que três ape-nas concorrem a este órgão (ver página 6).

De entre as candidatas à DG/AAC e AM,a lista D é encabeçada por Paulo Fernandese tem o lema “Aceita o Desafio”. As listas K,N e R assumem um carácter mais satírico.A primeira é liderada por Álvaro Baldaia etem o slogan “Arroz Kom bróculos”. A se-gunda, sem rosto definido para presidente,surge com a frase “Voz aos Nulos”. E a ter-ceira, cujo lema é “Tirem a cabeça daareia”, é encabeçada por Ricardo Reis.

A única candidata feminina à presidênciada Academia é Joana Silva, da lista T, quetem o slogan “Tu és AAC”. Com a letra V,aparece a lista do ainda presidente da me-sa da Assembleia Magna, Pedro Cunha. Olema do projecto é “Vive a Academia”. Porúltimo, surge a lista W, liderada por CarlosCarvalho, e que tem como frase forte “Nãotemos medo de ser felizes”.

Para que uma lista saia vencedora logo àprimeira volta, é necessário que obtenhamais de 50 por cento dos votos. Caso nãose verifique, a segunda volta está marcadapara os dias 5 e 6 de Dezembro.

Processo eleitoral sem alteraçõesA Comissão Eleitoral (CE), órgão respon-

sável pela fiscalização de todo o escrutínio,é este ano presidida por Nuno Sequeira. Opresidente explica que o processo eleitoral“não vai sofrer alterações relativamente aoano passado”. A comissão é ainda compos-ta por dois membros provenientes de cadalista candidata.

Apesar de, no ano transacto, o entãopresidente da CE, Dominic Cross, ter suge-rido que a votação passasse a decorrer noedifício da AAC, na rua Padre António Viei-

ra, tal mudança não se vai verificar. NunoSequeira diz que “era óptimo que issoacontecesse” mas explica que “na actuali-dade não é possível”. Assim, o presidenteda CE defende a existência de urnas pelasdiferentes faculdades e departamentos, pa-ra garantir uma maior afluência dos estu-dantes.

No que respeita ao fenómeno do cacique(apelo ilegal ao voto numa lista, em plenodia de eleições), o presidente da CE confes-sa que “é sempre complicado combatê–lo”,mas garante “fazer o máximo para que não

exista”. Ainda assim, Nuno Sequeira revelaque não foram definidas punições para ocaso do fenómeno vir a acontecer.

A polémica dos cartazesAinda no período de pré–campanha, a

afixação de cartazes e distribuição de ma-terial eleitoral na Alta Universitária e no Pó-lo II foi alvo de algumas críticas. O númeroelevado de cartazes junto ao Departamen-to de Engenharia Informática (DEI), no Pó-lo II, foi o principal ponto de discórdia, le-vando mesmo o candidato da lista D, PauloFernandes, a pedir desculpas aos respon-sáveis do DEI. Grande parte desse materialde campanha acabou por ser retirado.

Também a lista V foi criticada pelas mes-mas razões da lista de Paulo Fernandes.Pedro Cunha, o candidato da lista V, reco-nheceu que “a publicidade foi excessiva” eque se deve agora “limitar a quantidade decartazes”.

Quanto a esta questão, Nuno Sequeiraafirma que esta “é uma das maneiras de fa-zer campanha” e que “compete a cada can-didato” decidir o que fazer. Deste modo, aCE não coloca a hipótese de qualquer puni-ção às listas.

Ao todo, são sete as listas que se candidatam à liderança da Direcção–Geral da Associação Académica de Coimbrae da mesa da Assembleia Magna. A CABRA foi conhecer as motivações e os projectos das listas D, K, N, R, T, V e W

Por Helder Almeida, João Campos, Raquel Mesquita e Rui Simões

Sete listas disputam Academia

Eleições agitam o nº1 da Rua Padre António Vieira

DESTDESTAQUE -AQUE - ELEIÇÕES NA AAC2

A CABRA - 21 NOVEMBRO DE 2006

ANOS DE MANDATO1995 e 1996

1997 e 1998

19992000 e 2001

2002 e 2003

2004

2005 e 2006

NOMEZita Henriques

António Silva

Hugo CapoteHumberto Martins

Victor Hugo Salgado

Miguel Duarte

Fernando Gonçalves

CURSOEngenharia Química

Organização e Gestão deEmpresas

MedicinaCiências Farmacêuticas

Direito

Economia

Direito

PROFISSÃO ACTUALVereadora da Cultura,

Educação e Acção Social naCM de Penacova

Administrador do EstádioCidade de CoimbraMédico em Portalegre

Secretário Geral da Ordemdos Farmacêuticos

Adjunto do Ministro doTrabalho e Segurança Social

Consultor da multinacionalfrancesa Capgemini

Finalista de Direito

As eleições mais concorridas dos últimos anos podem decidir–se nos dias 28 e 29

Presidentes da Direcção-Geral da AAC nos últimos dez anos

Consulte o dossier Eleições naAAC na íntegra em www.acabra.net

RAQUEL MESQUITA

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O líder da Lista K defende mais manifes-tações à quinta–feira e promete mais fes-tas e uma redução nos preços da cerveja edas discotecas.

Quais são os motivos pelos quais tecandidatas à DG/AAC?

Esta candidatura começou com umaaposta nas cantinas. Perdi e candidatei–meà DG. Os motivos passam por tentar me-lhorar o que o anterior presidente não fezde correcto. Entendemos que há certasmedidas que deviam ter sido tomadas enão foram.

E que medidas foram essas?Houve poucas manifestações, deveria

haver mais, principalmente às quintas–fei-ras.

Porquê?Porque sexta não há aulas e podemos ir

para casa mais cedo. Obviamente, o estu-dante não é obrigado a ir à manifestação.Por outro lado, ocorreram situações porculpa do actual presidente.

Que outros projectos têm para alémde mais manifestações à quinta?

Temos acordos com o MacDonald’s ecom a Pizza Hut, para que no final do cur-so o estudante tenha logo emprego. Rela-tivamente à Queima das Fitas vamos fazermensalmente uma atribuição de 100 bilhe-tes. Nós não estamos aqui pelo tacho.Queremos bilhetes para a queima, é verda-de, mas somos um conjunto de pessoasque tem uma ou duas ideias para a AAC. Anossa lista tem condições para um brilhare-te e para atingir pelo menos o quinto lugar.É uma lista séria, com propósitos inovado-res.

O que é que pode levar um estudan-te a votar na tua lista?

Queremos uma mudança na AAC. Coim-bra não deve ser só estudo. Deve–se inves-tir mais na noite. Deve haver mais noitesacadémicas, e os preços da cerveja e dasdiscotecas devem ser mais baixos. Propo-mos ainda fazer um dia académico por se-mana, em que não haja aulas, para as pes-soas poderem descansar também. Quarta-

–feira deve ser para descansar! Devem vo-tar em mim para terem uma melhor ideiado que é a vida estudantil de Coimbra.

Como projectas a tua relação com areitoria?

O reitor não nos fala. Não temos relaçãonenhuma, embora ache que o diálogo comele é importante, até para levar as nossasideias avante. Acho que a quebra de rela-ções com o reitor não foi uma boa ideia.

Como caracterizas actualmente oEnsino Superior em Portugal?

Está mal. Vêem–se cada vez mais estu-dantes a acabar o curso e no desemprego.Há estudantes que não vão para o ensinosuperior porque estão desmotivados com oque se passa no final do curso. Pelo menosse vão para o desemprego que se divirtamdurante os anos em que são estudantes.

O que achas do alegado excesso dematerial de pré–campanha?

Como não há um local próprio para colaros cartazes, não sou contra a colagem de

cartazes nas faculdade ou em outro sítio.Nós próprios estamos a pensar em sítiosinteressantes, como por exemplo a estátuado Papa.

H. A. e R. M.

Perdi uma aposta e candidatei–me à DG

O estudante de Farmácia pretende pro-mover a AAC nas escolas secundárias eapostar na vertente da intervenção cívica.

Porque te candidatas à DG/AAC?Porque represento um grupo de pessoas

que considerou necessário um projectomais moderno e centrado no estudante.Queremos procurar soluções, que passampor apoiar os núcleos e por ter a DG/AACmais presente nas faculdades. Além dissohá que combater a pouca informação e afraca participação dos estudantes na vidada AAC.

Como pretendes concretizar isso?Queremos chegar perto deles mostrando-

–lhes que estamos a resolver os seus pe-quenos problemas. Se eles perceberem quea AAC está a trabalhar para eles e que asua vida pode melhorar com isso, vai haverum encurtamento de distâncias.

Que outros projectos tem a tua lis-ta?

O número de estudantes que quer entrar

no Ensino Superior é cada vez menor. Porisso, queremos levar a imagem da UC e daAAC às escolas secundárias, para mostraraos estudantes perto de ingressar no Ensi-no Superior, que aqui têm mais–valias úni-cas, como secções culturais e desportivas.É importante mostrar–lhes que não somossó uma fábrica de diplomados, somos tam-bém uma escola da vida.

Na apresentação da tua candidaturadisseste que a tua DG vai apostar naárea da intervenção cívica. Quais sãoas principais prioridades?

Todos os pelouros são importantes, e es-se também. Queremos essa componente,para que os estudantes se envolvam no vo-luntariado e na preocupação ambiental.

Essa preocupação ambiental não vaicontra a quantidade de material decampanha da lista D que está espalha-do pelo Pólo II e Alta Universitária?

Já falámos sobre isso e achámos que co-metemos um exagero. Já retirámos algunscartazes no Pólo II.

Como pensas que deve ser a relaçãoentre DG/AAC e a Reitoria?

Devemos ter sempre relações institucio-nais com a Reitoria. Contudo, e uma vezque, em Janeiro, vai haver eleições para aReitoria, falaremos disso depois.

Sim mas, actualmente, o que pensasda relação da AAC com o reitor?

Não esquecemos o passado, em que hou-ve problemas. Mas atendendo a que háumas eleições, remetemos qualquer opi-nião para depois dessas eleições.

Que posição tens sobre as propinas?A DG/AAC deve ter uma posição sobre as

propinas. É urgente um aumento da acçãosocial escolar.

Então, defendes um abaixamento oua abolição total?

Por princípio, todos são a favor de um en-sino superior gratuito. Agora, temos de fa-zer uma adaptação à realidade. E perante asituação actual do País, não é possível ter-mos propina zero. Esta candidatura procura

arranjar as soluções possíveis para quemais estudantes possam estar no ensinosuperior. Se passar por uma redução daspropinas, óptimo.

H.A. e R.S.

Perante a situação actual,não é possível ter propina zero

Eleições na AAC DESTDESTAQUEAQUE3

21 NOVEMBRO DE 2006 - A CABRA

” JOANA BOGALHO“Paulo Fernandes, candidato pela lista D - “Aceita o Desafio”

”SANDRA CAMELO“

Álvaro Baldaia, candidato da lista K - “Arroz Kom brócolos”

Paulo Fernandes, 23 anos, finalista de Farmácia,

natural de Sabugueiro

Álvaro Baldaia, 21 anos, Economia, natural da

Póvoa do Varzim

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Convém rejuvenescer os órgãos executivos das secções

Propus dar 10 euros pela campanhaO projecto N apresenta–se como multi-

–partidário, recusando apresentar um rosto.O protesto contra a forma como as campa-nhas decorrem é a bandeira da lista.

Quais são os motivos para o apareci-mento deste projecto?

Têm a ver com um protesto que se querfazer contra o processo eleitoral, contra asformas como se desenrola a campanha.

E quais são os aspectos que criticamno processo eleitoral?

As críticas são contra o caciquismo desen-freado, as listas de apoiantes que não têmsentido nenhum e desvirtuam a essênciados projectos em si, as bugigangas e outros“souvenirs” oferecidos durante a campanha,que não veiculam nenhum tipo de mensa-gem. Criticamos, também, os financiamen-tos, porque quem acaba por singrar naseleições é quem tem maior apoio financeiroe maior divulgação, acabando por conseguir,sem grande mérito, chegar aos cargos. Oque passa é uma mensagem de quantidade,em vez de ser de qualidade.

Qual é a vossa opinião sobre o exces-so de cartazes?

Foi o motivo pelo qual fizemos o projecto.O sentimento de revolta já existe há váriosanos e este ano nem tinha grande motiva-ção para fazer uma lista. Mas a partir domomento em que vi a pré–campanha difusae sem grande substrato, de uma forma me-galómana, veio outra vez o ímpeto de revol-ta e decidi formar a lista. A inspiração que oprojecto teve foi na pré–campanha.

De que forma pretendem levar a vos-sa mensagem aos estudantes?

Não temos apoios financeiros e até somoscontra isso. Não vamos colar cartazes em la-do nenhum nem ter listas de apoiantes. Va-mos tentar distribuir folhetos com o nossomanifesto e tentar veicular a nossa mensa-gem pelas faculdades.

Como vão financiar a vossa campa-nha?

Propus dar 10 euros pela campanha.

Qual é a vossa opinião sobre a situa-ção actual do Ensino Superior?

Os propósitos com que a lista foi criadaera abster–se de comentar as directrizes daluta estudantil. O objectivo era só criticar oprocesso eleitoral. Tenho a minha opinião,mas como a lista é multi–partidária, não mevou pronunciar.

Expliquem o vosso slogan. É um ape-lo ao voto nulo?

Não. O objectivo é tentar congregar osvotos nulos e brancos conscientes em pro-testo contra o regime eleitoral. Queremosque esses votos sejam materializados e ou-vidos através da nossa lista. Por exemplo, oano passado, os votos brancos e nulos fica-ram em segundo lugar.

E se esses votos fossem em massa echegassem à DG/AAC?

Não aceitaríamos. Não temos competên-cia para ocupar os cargos da direcção. Pos-sivelmente teriam de se convocar novaseleições.

Quais são os vossos objectivos, emtermos de votação?

Não temos objectivo definido. Votação sa-

tisfatória não existe, só tínhamos esta revol-ta, mas não arranjámos outra forma de sol-tar. Sabemos que o local para mudar os es-tatutos da AAC é a Assembleia de Revisãodos Estatutos, mas não sei onde são as reu-niões, como a assembleia é eleita, se é re-gulamentada ou se é possível apresentarpropostas. Não existe esse conhecimento.

J.C. e R.S.

”RAQUEL MESQUITA“

João Lopes, candidato da lista N - “Voz aos Nulos”

O ex–presidente da Secção de DesportosNáuticos da Associação Académica de Coim-bra considera que a DG/AAC está de costasvoltadas para as secções e defende uma boarelação com o reitor.

Quais foram os motivos para o surgi-mento do projecto?

O projecto surgiu com um grupo de pes-soas que não se sente satisfeito com aDG/AAC. A Academia está a perder a impor-tância na cidade e a nível nacional, e pensa-mos que se pode a inverter a situação.

A tua candidatura pretende dar vozàs secções?

É principalmente uma candidatura da ca-sa e para a casa. Não significa que nos va-mos restringir apenas à AAC, mas há muitopouca gente na Academia. Há um universode 17 ou 18 mil estudantes e meia dúzia éque estão na AAC. O maior exemplo disso éa DG, que tem 21 efectivos, e trabalham unscinco. Há uma perda de mobilização que já

não se via há alguns anos. Não se pode fa-zer Assembleias Magnas ou manifestaçõescom 200 pessoas.

O que é que está a falhar relativa-mente às secções?

Quanto às secções, a DG/AAC não está atrabalhar com elas. E é preciso chamar mui-ta gente para as secções. Num plenário desecções desportivas, só os náuticos, os mo-torizados e o andebol é que têm estudantes.O resto são pessoas mais velhas. Convémrejuvenescer os órgãos executivos das sec-ções e a DG/AAC tem de lhes dar um apoiofinanceiro e logístico para a divulgação.

Qual é a tua opinião sobre o alegadoexcesso de cartazes?

Sou contra a afixação de cartazes nos de-partamentos e faculdades. Podiam pôr fai-xas, pendões, mas depois ser obrigados a ti-rá–los. Agora cartazes nas paredes das fa-culdades é que não. Falo até dos cartazes demanifestações. A nossa campanha não vai

colar cartazes, vamos ter um “flyer” com acampanha e outro com a lista das pessoasque compõem o projecto. Talvez coloque-mos uma faixa, mas depois tiramo–la.

Que relação pretendes ter com areitoria?

A UC, AAC e os SASUC têm de trabalharem grupo. Têm de saber quais são os estu-dantes que necessitam e não. É inconcebívelum estudante estar a receber bolsa e chegarde Porsche à faculdade. E se houver um en-tendimento entre os três órgãos, é possívelter esse controlo. O reitor não pode estar decostas para nós e nós para ele, até porquehá assuntos em que precisamos dele.

O que propões mudar na AAC?No edifício, os jardins da AAC têm de ser

abertos, há que dar pleno direito à Polícia deSegurança Pública e à Polícia Judiciária paracá entrar, e tem de haver câmaras de vigi-lância no edifício. Na rede informática, temde se investir alguns milhares de euros, por-

que não funciona, e a internet falha muito.A AAC costumava ser a primeira a pensarnas coisas, agora é a última. J.C. e R.S.

” PAULA MONTEIRO

“Ricardo Reis, candidato da lista R – “Tirem a cabeça da areia”

DESTDESTAQUE -AQUE - ELEIÇÕES NA AAC4

A CABRA - 21 NOVEMBRO DE 2006

Ricardo Reis, 25 anos, estudante de Engenharia

Civil, natural de Coimbra

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Eleições na AAC DESTDESTAQUEAQUE5

21 NOVEMBRO DE 2006 - A CABRA

A estudante de Medicina defende umamaior ligação com os núcleos e insurge–secontra o estado actual do ensino superior.

Quais são os principais objectivos datua candidatura?

A nossa prioridade é uma boa articulaçãocom os núcleos. Para permitir que a infor-mação chegue aos estudantes através dosmesmos, sem desvalorizar o facto que a DGestar também nas faculdades. Pretendemos,portanto, fazer uma ligação entre a DG e osestudantes, na defesa dos seus direitos, naresolução dos seus problemas, e na realiza-ção de iniciativas que, de facto, vão ao en-contro dos seus interesses.

Pensas que a ligação com os núcleostem falhado, ultimamente?

Penso que sim. Não tem havido uma boaarticulação com os núcleos e exemplo dissoé a minha faculdade. Muitas vezes os estu-dantes têm problemas e não sabem a quemé que se hão–de dirigir e andam dispersos

quando deviam andar unidos. E é esse o pa-pel de uma DG: promover a união dos estu-dantes para que todos possamos lutar pelosnossos direitos.

Como vai ser estruturada a tua DG?Deve haver uma boa relação entre todos

os elementos da DG. Achamos que a Assem-bleia Magna é um órgão extremamente de-mocrático, deve ser valorizado por isso epermitir que todos os estudantes partici-pem. Isto também está relacionado com olema que escolhemos: “Tu és a AAC”, ou se-ja, a Academia somos todos nós no geral.

Para ti o que pode justificar uma ac-ção de rua e em que alturas deve pre-valecer sobre as de gabinete?

As duas formas têm que ser conjugadas.A luta de rua deve ser planificada para serconsequente. Não devemos propor uma ac-ção de rua só porque nos lembramos.

Todavia, devemos usar os espaços que te-mos nos órgãos. A luta de rua é fundamen-

tal, mas as formas têm de ser vistas con-soante o contexto.

Como caracterizas a situação actualdo Ensino Superior?

Vivemos uma situação muito grave, poismuitos dos direitos conquistados com o 25de Abril, estão a ser atacados. O nosso en-sino superior está no caminho da privatiza-ção e elitização. E nós defendemos um en-sino público gratuito e de qualidade.

Em relação a Bolonha, a forma de salva-guardar os direitos dos estudantes é dizernão a este processo. Ele não é irreversível.

O elevado número de cartazes e ma-terial de campanha tem sido criticado.Qual a tua opinião acerca do assunto?

Se as pessoas pensam que vai haver vo-tos por verem material de campanha em tu-do o que é sitio, estão a desvalorizar o queé a democracia. As pessoas têm que estarconscientes, têm que saber porque estão avotar. Na nossa campanha teremos, obvia-

mente, materiais de divulgação, mas pauta-remo–nos pelo diálogo com as pessoas.

R. M. e R. S.

”Não devemos propor uma acção de rua só porque nos lembramos

JOAO MADUREIRA

“Joana Silva, candidata da lista T - “Tu és a AAC”

O presidente da mesa da AssembleiaMagna pretende uma melhor relação comos núcleos e secções e identifica o empregocomo grande preocupação.

Quais são os motivos que te levam acandidatar à DG/AAC?

Não é uma candidatura individual mas deum grupo de trabalho. É um conjunto depessoas que vive a AAC de uma forma co-mum e que a partir daí sentiu o dever deapresentar uma candidatura. Conseguimostrazer mais pessoas de fora da AAC, dassecções, dos núcleos, e que nunca tiveramqualquer experiência a nível associativo.

Em que é que a tua candidatura é di-ferente dos outros projectos?

Temos uma forma própria de estar e vivera AAC. Isto é importante porque em qual-quer equipa de trabalho tem de haver umavivência forte daquilo que são os princípios,valores e a tradição da AAC. Sinto que háneste grupo uma diferença clara, pela posi-tiva, em relação aos outros projectos.

Que relação queres ter com os nú-cleos e as secções da casa?

A nível cultural acho que devemos enalte-cer a vida que as secções podem dar à AAC.A nível desportivo, queremos apostar nodesporto universitário, aproveitando o cam-po de Santa Cruz, que abre no próximo ano.

Qual a estratégia para atrair maisestudantes para a AAC e para a luta?

Temos de apostar mais em causas mobi-lizadoras, identificá–las e aproveitá–las parachamar mais estudantes. Penso que não háhoje em dia nenhuma causa que mobilize epossa atrair tanto a atenção dos estudantescomo o emprego e as saídas profissionais.

Como projectas a tua relação com oreitor no caso de seres eleito?

A AAC tem toda a vantagem em manterboas relações institucionais com a UC. Tive-mos problemas a esse nível, mas a situaçãofoi criada pelo reitor. Uma vez que vamoster eleições para a reitoria, aquilo que pos-so esperar é que a atitude do próximo rei-tor seja diferente com os estudantes.

E se não mudar a atitude?Teremos que ver o que é que o próximo

reitor fará, não posso estar a falar no abs-tracto. Da nossa parte haverá toda a dispo-nibilidade para trabalhar, uma vez que que-remos o melhor para a AAC e para a UC.

Qual a tua opinião em relação à po-lémica dos cartazes?

Reconheço que muitas vezes a publicida-de é excessiva. Deve haver uma concerta-ção entre as várias listas. É perfeitamentepossível para que se limite a quantidade depublicidade feita nas ruas.

O que pensas das propinas? Defendo a gratuitidade do Ensino Supe-

rior como princípio e não abdico desse direi-to. Mas, no regime actual, as propinas de-vem ser aplicadas na melhoria da qualidadede ensino.

Que meios pretendem utilizar paradefender a gratuitidade?

Há que informar os estudantes e passaruma imagem clara que as políticas dos go-

vernos não são as melhores. Qualquer ma-nifestação pública de protesto faz sentido,mas só depois de informar devidamente osestudantes.

H. A. e J. C.

”Apostar mais em causas mobilizadorasANA BELA FERREIRA“

Pedro Cunha, candidato da lista V - “Vive a Academia”

Joana Silva, 21 anos,

estudante do 4ºano de Medicina.

Pedro Cunha, 23 anos, finalista de Medicina,,

natural de Santa Maria da Feira

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O estudante de Economia, conhecido por“Vilar”, encara a abstenção como o grandeproblema da Academia, e acusa as direc-ções–gerais de serem movidas por partidospolíticos.

O que é que a tua candidatura podetrazer de novo em relação aos outrosprojectos?

Estudo aqui há cinco anos e sempre ouvia mesma conversa. Se calhar agora mais doque nunca, e porque sou candidato, recebomais informação. Coimbra está recheada decartazes. E pergunto, onde está o pelourodo Ambiente?

Qual a razão porque te candidatas?Quando começou o boato de que me ia

candidatar, nem sabia se avançava de factoou não. Contudo, quando comecei a ver to-da esta falta de ética, toda esta podridão decandidaturas, o cacique contínuo, decidi.

O que é que está mal na Academia?É bastante clara uma coisa: vemos candi-

daturas que são financiadas por partidos po-líticos com motivações externas, sejam elesPSD, PS, PCP, seja lá o que for, BE e CDS.Para eles, e pela conclusão a que cheguei,ganha as eleições quem tem mais cartazes.

Que formas de luta é que uma

DG/AAC liderada por ti vai privilegiar?Vamos privilegiar a luta e o diálogo. Ten-

tar aliar as duas. Aliás, só passaremos à lu-ta quando a discussão não der mais resulta-do. Se no diálogo levares as coisas a bem,porquê partir para a luta?

Como avalias a actual DG/AAC?Em termos de cortes orçamentais com a

UC, eles é que sofreram. Mas não souberamgerir de uma forma correcta o dinheiro quetinham. Não sei como está a situação, maspara mim uma das prioridades é as secções.O maior pólo cultural e desportivo da regiãocentro são as secções. Não estão associadasàs ambições da DG, têm uma função espe-cífica, e com elas podemos chegar a outrospontos. Com elas não há motivações exter-nas. E é importante financiá–las mais. Nes-te momento são as secções que transpare-cem a verdadeira imagem dos estudantes.

Caso chegues à DG/AAC, como vaiser a tua relação com o reitor?

Vocês costumam fazer uma pergunta, queé a minha cor política. Venho do Alentejo esou comunista. Este reitor, antes de ser elei-to, vinha rotulado de comunista. E se ele écomunista, vou ali e já venho. O reitor, quedá autorização à polícia de intervenção du-rante a discussão das propinas, que permi-te nas faculdades todos os cartazes espalha-

dos a cobrir o património universitário e quenão dá nenhum tipo de apoio aos estudan-tes, eu pergunto: como é que ele é capaz dese recandidatar? Se alguma coisa não encai-xa, ele sai fora.

Como caracterizas actualmente oEnsino Superior em Portugal?

Está muito centralizado em duas ou trêsfaculdades, menosprezando outras que po-diam melhorar, levando à desertificação devários pólos. Vim de Évora porque o curso lánão dá para nada. Foi só por isso.

Quais são os principais projectos datua candidatura?

A maior participação do estudante de ou-tra forma que não a Assembleia Magna, queestá totalmente descredibilizada. Ter umaforma de comunicar o descontentamento,nomeadamente inquéritos. Por exemplo:porque é que, em vez do esclarecimento emais uma manifestação, não se fizeram in-quéritos a estudantes que fazem um contra-to de um curso de cinco anos, e que de re-pente muda todo com Bolonha?

Defendes a não–intervenção dospartidos políticos na AAC, mas afirmasa tua cor política. É compatível?

Claro. Uma coisa é estar na associação eter reuniões inerentes à associação. Outra é

ser comunista, mas não aceitar qualquer ti-po de apoio partidário. Sou comunista, masnão sou militante do PCP, mas se pergunta-res a outros candidatos, eles afirmam–se in-dependentes. Estou aqui para ser sincero,prejudique–me ou não. Não vou dizer quesou independente nem fazer um discursopara ganhar votos. O meu discurso é paradefender os estudantes e chegar junto de-les. Não tenho nada a esconder, nem a per-der. J.C. e R.M.

Seis dos sete projectos que se candidatam à DG/AAC

apresentam–se também ao órgão fiscalizador

da Academia. A, S e U são aslistas que concorrem só a este organismo

As eleições para os corpos gerentes daAssociação Académica de Coimbra (AAC)prometem uma luta renhida para o Conse-lho Fiscal. Ao todo, são nove os projectosque concorrem ao órgão fiscalizador da Aca-demia.

Entre as sete listas que têm candidatos àDirecção–Geral (DG) da AAC e à mesa daAssembleia Magna, apenas a N não temcandidato ao Conselho Fiscal. Por outro la-do, há mais três projectos candidatos só aeste órgão: a lista A, com o slogan “Absolu-tamente AAC”, a S, cujo lema é “Só para ofiscal”, e o projecto U, com a mensagem

“Associação Académica de Coimbra”.Fábio Salgado, representante da lista A,

afirma que o “Absolutamente AAC” avançapor ser “um projecto diferente, em que anossa eventual eleição pode vir a ser útil emelhorar a Academia”. O estudante da Fa-culdade de Letras da Universidade de Coim-bra (UC) entende a candidatura como um“veículo para chegar a grande parte dos es-tudantes, até porque nesta altura há maisvisibilidade, principalmente pela comunica-ção social”. Quanto à candidatura apenas aoConselho Fiscal, Fábio Salgado lembra ocrescimento do projecto, que “começou porser um grupo com piada, depois passou pa-ra um blogue, e agora é lista para o fiscal”,deixando a hipótese de o grupo crescer nofuturo.

Sob o lema “Só para o fiscal”, a lista Sapresenta–se como um “grupo de pessoasque pensam que os problemas da AAC pas-sam pela fiscalização e pelo nível jurisdicio-nal”, como afirma um dos representantes,Hugo Neves. Para o estudante de Direito, “aideia é tentar que, independentemente de

quem ganhe, haja mais heterogeneidade,isenção e transparência”. Outro elemento doprojecto, João Pedro Gama, entende ser“fundamental uma campanha para que osestudantes conheçam os órgãos ao nível daimportância, em especial o Conselho Fiscal”,defendendo que “há estudantes que nãopercebem porque é que há dois boletins devoto”. O estudante da Faculdade de Psicolo-gia e Ciências da Educação da UC consideraque, nos quatro anos que está em Coimbra,houve “poucas referências” a este órgão.

O projecto da lista U surgiu ao longo doúltimo ano e, para Bruno Gaminha, um dosrepresentantes, define–se como “um projec-to de ética”. Para o estudante de Física, “hána AAC uma preocupação com questões po-líticas menores, não tendo consciência deoutras questões”, dando como exemplo “umnovo paradigma do Ensino Superior a níveleuropeu, em que não se tem consciênciadas alterações”. O objectivo da lista passapor “repensar o papel da Academia, reflectirse deve existir uma estrutura hiper–burocra-tizada como a AAC, e a sua relação com a

UC”, afirma Bruno Gaminha.A eleição para o Conselho Fiscal é decidi-

da logo à primeira volta, com o escrutínio devotos a ser feito por Método de Hondt, ouseja, o número de elementos eleitos por ca-da lista é proporcional à percentagem de vo-tos. No total são escrutinados cinco lugares.

Conselho Fiscal com nove concorrentesRUI VELINDRO

”Ganha as eleições quem tem mais cartazesWNURINHAM SILVA“

Carlos Carvalho, candidato pela lista W - “Não temos medo de ser felizes”

DESTDESTAQUE -AQUE - ELEIÇÕES NA AAC6

A CABRA - 21 NOVEMBRO DE 2006

Carlos Carvalho, 23 anos,

3º ano de Economia, natural de Évora

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OPINIÃO 721 NOVEMBRO DE 2006 - A CABRA

Eleições

a sete vozes

Começa depois da Queima, com os famosos ca-fezinhos. Ganha visibilidade na Latada, com símbo-los estranhos e autocolantes pelo recinto. Passa poruma ou duas manifestações e, sem a campanha co-meçar oficialmente, forram–se faculdades e depar-tamentos com cartazes, numa política que, mais doque nunca, urge repensar. Noutro contexto qual-quer, chamar–se–ia vergonha. Na Academia deCoimbra, chama–se eleições.

Um pouco por toda a Alta e Pólo II vê–se mate-rial de propaganda de duas listas, isto enquanto ou-tros projectos, aparentemente com menos meios,lutam essencialmente pela visibilidade. É o proces-so eleitoral, com os defeitos que se lhe conhecem.

Agora que se falou dos aspectos negativos, pas-semos aos restantes: este ano são sete as listasque concorrem à Direcção–Geral da AssociaçãoAcadémica de Coimbra (DG/AAC) e nove ao Conse-lho Fiscal, numa corrida que já não se via há oitoanos, no tempo em que Hugo Capote foi eleito. Doponto de vista democrático, é positivo haver tantavariedade de projectos. Igualmente positiva é a im-portância dada ao Conselho Fiscal, órgão tantas ve-zes subvalorizado pela comunidade estudantil. Res-ta saber se essa importância é legítima ou se pas-sa apenas pelos lugares na comissão eleitoral. Apróxima semana o dirá.

Os projectos parecem ser bons e bem intenciona-dos: levar a Academia ao estudante? Excelente.Mais apoio às secções e núcleos? Fantástico. Maiorprotagonismo da AAC na luta estudantil a nível na-cional? É claro que sim. Ideias que se ouvem todosos anos, esperando–se que seja desta vez que sãocumpridas na totalidade.

Quanto a expectativas, o óbvio: uma boa relaçãode concertação e respeito entre as listas (a Acade-mia merece-o); uma campanha virada para o estu-dante e não para o umbigo ou para as ambições po-líticas de cada um; e uma votação expressiva, cons-ciente e livre por parte dos estudantes, sem a in-fluência dos “abutres” do costume. Certamente quea Comissão Eleitoral está atenta a estas situaçõese, embora todos os candidatos se mostrem contrao cacique, esta é uma realidade da qual ninguém sepode alhear.

João Campos

Editorial

Secção de Jornalismo,Associação Académica de Coimbra,Rua Padre António Vieira,3000 - CoimbraTel. 239821554 Fax. 239821554e-mail: [email protected]

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A discussão sobre a praxe já é antiga: entre os pra-xistas conservadores e os praxistas progressistas, ouentre os praxistas ortodoxos e os praxistas renovado-res ou então entre os que são “pró” ou “anti” praxe.Num momento em que a praxe atravessa uma crise avários níveis, é importante continuar a discutir acercadas práticas que formam a praxe. Tentando contribuirpara este debate que atravessa algumas gerações re-solvi escrever um texto para o Jornal Universitário ACabra, que julgo ser um espaço apropriado, onde asvárias sensibilidades e opiniões podem e devem ser ex-postas de forma a mostrar a diversidade existente nanossa academia.

A praxe é uma das muitas tradições da Universidadede Coimbra. O movimento anti–praxe faz parte da tra-dição e a contestação estudantil também faz parte datradição. E quando comparamos a afluência dos estu-dantes às Assembleias Magnas e às manifestações,com a afluência às praxes no início do ano, notamosque há uma clara discrepância. Por isso considero quea praxe pode ser uma forma de integração no mau sen-tido da palavra.

A praxe integra de forma a apaziguar o ímpeto demudança dos jovens chegados à cidade de Coimbra,condenando qualquer pessoa que ouse ser diferente,que ouse colocar instituições em questão, que ouse co-locar ideias, sofismas em questão, ao fantasma da se-gregação e isolamento. Para mim, a praxe contribui pa-ra construir uma universidade contrária àquela que eugostaria que existisse.

Gostaria que a Universidade de Coimbra estivessecheia de espíritos curiosos irreverentes, participativos enão passivos, que problematizassem as matérias lec-cionadas, que as discutissem e que as criticassem.Uma universidade em que os estudantes possam olharolhos nos olhos, sem ter que chamar doutor a um co-lega. Uma Universidade sem hierarquias entre os estu-dantes (baseadas no número de matrículas) e que asnovas ideias, práticas e valores dos novos alunos fos-sem bem vindas. Uma Universidade onde ninguém sesentisse molestado fisicamente ou moralmente nas di-tas brincadeirazinhas que não ofendem ninguém. Con-sidero que a praxe no tal papel que reclama, de inte-grar as pessoas, é conservadora e reacionária à dife-

rença.Se há praxes que afectam moralmente, psicologica-

mente e por vezes fisicamente pessoas, mesmo queestas sejam poucas, já é argumento suficiente paraacabar com elas. Podemos constatar que existem brin-cadeirinhas, que para uns não passam disso, mas paraoutros provocam danos morais e psicológicos. A praxeno seu dia a dia é sexista, machista, homofóbica e an-tiquada.

Quando as praxes foram abolidas ninguém deixou deter acesso a apontamentos de colegas, nem deixou deter a possibilidade de fazer amigos. Hoje em dia, se aspessoas tentarem ser um pouco mais curiosas, encon-tram múltiplos espaços no seio da universidade de con-fraternização, de construção de projectos, realizaçãode sonhos que estão cheios de histórias e tradições,onde ser praxista não é um requisito.

Espaços como as repúblicas, como o CITAC, A Cabra,a RUC, o GEFAC são alguns dos exemplos que conhe-ço.

Considero que as pessoas envolvidas na praxe estãomuito pouco curiosas e informadas acerca do projectode Bolonha, que irá trazer várias mudanças no ensinosuperior, nomeadamente na praxe. Com Bolonha, al-guns dos pilares simbólicos da praxe começam a serabanados...os cerimoniais do baptismo, de ir no carrono cortejo da Queima, de usar a cartola no último ano,o rasganço, será que fazem sentido com três anos delicenciatura? Será que três anos nos vão conferir algu-ma formação especial que nos possa distinguir dos ci-dadãos de Coimbra?

Será que faz sentido haver um traje? Só se a praxefizer como as poderosas ordens e disser- “só entra nonosso esquema quem completar os dois ciclos de for-mação”. Pois aí a praxe vai começar a excluir dos seusrituais muitos estudantes que não têm dinheiro parapagar propinas do segundo ciclo, vai deixar de “inte-grar” os novos alunos carenciados. Como essa luta nãoé minha - a da adaptação da praxe ao projecto de Bo-lonha - não me quero preocupar muito com isso. Achoque a praxe vai passar mais uma crise na sua existên-cia e espero que acabe de uma vez por todas.

*Estudante de Sociologia

*João Baía

Carta ao Director

A Praxe integra?

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“Problemas ultrapassamo ministério e têm de ser

resolvidos directamente com oGoverno”, afirma o presidente

do Conselho de Reitores dasUniversidades Portuguesas,

Lopes da Silva

Raquel Mesquita

A transferência de verbas das universi-dades para a Caixa Geral de Aposentações(CGA), os cortes orçamentais no ensino su-perior e a falta de diálogo do ministro daCiência, Tecnologia e Ensino Superior, Ma-riano Gago, levaram a que o Conselho deReitores das Universidades Portuguesas(CRUP) pedisse uma audiência directa-mente com o primeiro–ministro José Só-crates. Para já, a reunião não tem datamarcada.

O presidente do CRUP, Lopes da Silva,justifica o pedido de audiência a Sócratesafirmando que “o que está agora em jogotem que ser resolvido com o governo e nãocom o ministro Mariano Gago”.

O professor esclarece ainda que o pedi-do “não significa um corte de relações como ministro da tutela”. Acrescenta porémque são “problemas que ultrapassam o mi-nistério e envolvem o Governo no seu to-do”. Apesar de tudo, Lopes da Silva denun-cia “a dificuldade em conseguir dialogarcom o ministro Mariano Gago, para, emconjunto, tentar minorar as consequênciasnegativas do Orçamento de Estado (OE)

para o Ensino Superior em 2007”.O presidente do CRUP mostra–se indig-

nado com “novas despesas que ninguémprevia, nomeadamente o pagamento su-plementar de 7,5 por cento à CGA”, sobre-tudo porque tudo foi feito “sem qualquerindicação prévia nas reuniões que tivemoscom Mariano Gago”.

Lopes da Silva assinala, por outro lado,que o CRUP já apresentou no Ministério ena Assembleia da República um conjunto

de propostas que “procuram encontrar fi-nanciamentos alternativos, dentro das nor-mas de contenção orçamental”. Medidasque o reitor considera “importantes, e queatribuem às universidades, por via do orça-mento para a ciência, parte das despesasque têm com as actividades de investiga-ção científica, em função da quantidade equalidade do trabalho que desenvolvem”.

Contactado por A CABRA, o ministro daCiência, Tecnologia e Ensino Superior, Ma-

riano Gago, recusou–se a prestar qualqueresclarecimento sobre a situação.

“A acção dinâmica da UC vai ficarem risco”

O vice–reitor da Universidade de Coim-bra, Gomes Martins, responsável pela ges-tão administrativa e financeira da institui-ção, critica o executivo de Sócrates pelofacto de as universidades, segundo o novoOE, passarem a recorrer às suas reservasde maneira a assegurar o pagamento dacontribuição de 7,5 por cento dos seus fun-cionários para a CGA. “Poderemos ver anossa qualidade de ensino prejudicada. Aonível da investigação e prestação de servi-ços, a nossa acção dinâmica possivelmen-te vai ficar em risco”, acusa.

Gomes Martins, que tem acompanhadoas reuniões do CRUP, refere a “dificuldadeque tem existido em dialogar com o minis-tro da tutela”, e revela que “o secretário deEstado da Ciência, Tecnologia e Ensino Su-perior, Manuel Heitor, tem realizado con-tactos junto de alguns reitores para reu-niões bilaterais”.

O OE 2007 para o Ensino Superior temsido bastante criticado pelas universidadese politécnicos. Em causa, está o pagamen-to das despesas correntes das instituições,como salários de professores e funcioná-rios. A oposição tem questionado o execu-tivo sobre os cortes previstos e o CDS–PPjá pediu a “presença urgente” de MarianoGago, em sede de comissão parlamentar.Por seu lado, o Bloco de Esquerda propôsum reforço de 90 milhões de euros do or-çamento para o ensino superior.

Reitores querem falar com Sócrates

Cursos da UC aprovados para Bolonha

Estudantes vão poder concluirlicenciaturas de acordo com o

actual plano curricularse estiverem em condições de o

fazer até Dezembro de 2008

Susana RamosWnurinham Silva

Todas as licenciaturas, mestrados e dou-toramentos da Universidade de Coimbra(UC) foram já aprovados segundo o mode-lo de Bolonha, em senado universitário. Aspropostas de adequação são agora anali-sadas pela Direcção–Geral do Ensino Supe-rior, que tem 40 dias a partir de hoje paraelaborar um parecer.

Nas reuniões do senado ficou ainda de-cidido que os alunos de cursos ‘pré–Bolo-

nha’ vão poder concluir a licenciatura deacordo com o actual plano curricular, se es-tiverem em condições de o fazer até 31 deDezembro de 2008. Quem não estiver nes-tas condições, dispõe de um plano de equi-valências e da possibilidade de, no ano se-guinte à conclusão da licenciatura, se ins-crever num curso de mestrado sem limita-ções de nota mínima ou “numerus clau-sus”, pagando propinas de montante igualao dos cursos de licenciatura.

A vice–reitora responsável pelo proces-so, Cristina Robalo Cordeiro, afirma que adiscussão das propostas de adequação emsenado foram palco de uma discussão“participada e muito dinâmica”, que puse-ram as faculdades a trabalhar no seu casoespecífico, e “os estudantes a participar nadiscussão”. A professora acrescenta aindaque “foi um processo exemplar pela formademocrática como correu”.

Também o coordenador do pelouro depedagogia da Direcção–Geral da Associa-ção Académica de Coimbra, Edgar Mendes,faz um balanço positivo das reuniões dosenado. “Foram poucas as questões que fi-caram por resolver”, esclarece.

No entanto, Edgar Mendes alerta que,apesar do “processo de implementação tersido aprovado, vai haver agora um períodode adaptação à nova realidade e daí adivi-nha–se uma série de problemas que são anossa maior preocupação”. A este propósi-to acrescenta ainda “ser fundamental quea UC monte um esquema de monitorizaçãode implementação de Bolonha”, justifican-do que “durante o processo vão ser levan-tadas questões que devem ser atendidas eestudadas com minúcia, para que os estu-dantes não saiam prejudicados”.

Com a entrada em vigor do processo, osmodelos dos cursos não vão ser uniformes.

A maioria das licenciaturas da UC vai tertrês anos. Porém, os casos de Medicina eArquitectura são uma excepção, uma vezque vão funcionar com um mestrado inte-grado, totalizando seis anos de curso. A li-cenciatura de Direito passa a ter uma du-ração de quatro anos.

ARQUIVO - DANIEL PALOS

Lopes da Silva acusa ministério de falta de diálogo

ENSINO SUPERIOR8A CABRA - 21 NOVEMBRO DE 2006

ARQUIVO - RUI VELINDRO

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A inauguração de três obrasinseridas no Programa Polis

procura revitalizaro centro urbano e

aproximar a cidade do rio

Raquel Mesquita

A Sociedade Coimbra Polis (SCP) decidiuinaugurar, em simultâneo, três das suasobras, numa cerimónia que vai contar coma presença do Presidente da República,Aníbal Cavaco Silva. A Ponte Pedonal “Pe-dro e Inês”, o Centro de Interpretação Am-biental e a entrada poente do Parque Ver-de do Mondego vão estar disponíveis aopúblico a partir de dia 26.

Após sucessivas alterações na data deabertura, a escolha, que partiu da decisãodo conselho de administração, “foi umaquestão de coincidência”, aponta o respon-sável pela comunicação na SCP, Rui Fonse-ca. Acrescenta ainda não ter havido umavontade para que as obras fossem termi-nadas e inauguradas na mesma altura. “Agrande preocupação foi sempre fazer ascoisas da melhor maneira possível”, expli-ca.

O principal objectivo da intervenção doPrograma Polis em Coimbra, com o lema“Viver Coimbra. Melhor!”, é, de acordo comRui Fonseca, “revitalizar o centro urbano,centrando a cidade no rio”. O responsávelda Comunicação SCP acredita na realiza-ção e consequente abertura das três em-preitadas. “É um momento importante evai estabelecer um conjunto de acções derequalificação urbana e valorização am-biental”.

A criação da Ponte Pedonal e da Cicloviasobre o Mondego decorreu “como o esta-belecido no Plano Estratégico, o ProjectoSingular da Intervenção do Programa Polisna cidade”, refere Rui Fonseca. O respon-sável pela Comunicação da SCP concluique as obras, “pretendem tornar o parque

verde urbano, multifuncional e vocaciona-do para a animação, recreio e desportocom um enquadramento paisagístico deexcepcional qualidade”.

O Programa Polis é um projecto do Mi-nistério das Cidades, Ordenamento do Ter-ritório e Ambiente, que pretende desenvol-ver um conjunto de intervenções que pos-sam servir de referência para outras ac-

ções a levar a cabo pelas autarquias locais.Em Coimbra, a intervenção do Programa

Polis abrange uma área de aproximada-mente 80 hectares, e assenta sobre os Pla-nos de Pormenor do eixo Portagem / Av.João das Regras (Convento de São Francis-co) e do Parque Verde do Mondego, com-preendendo as margens do rio entre aponte de Santa Clara e a Ponte Europa.

Programa Polis convida a “Viver Coimbra. Melhor!”

D.R.

A Ponte Pedonal “Pedro e Inês” é uma das três obras a ser inaugurada dia 26

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A Ponte Pedonal “Pedro e Inês”, da auto-ria dos engenheiros Cecil Balmond e AdãoFonseca, vai ser “o verdadeiro elo de liga-ção entre as duas margens, até aqui decostas voltadas para um rio com um poten-cial ímpar de lazer junto dos habitantes evisitantes de Coimbra”, aponta Rui Fonse-ca.

Definida como uma obra singular, a pon-te em aço com tapete em madeira tem 275metros de comprimento por quatro de lar-gura. O centro da estrutura é suportado porum arco central que permite a existência

de uma praça a 10 metros do rio.Outra das obras a ser inaugurada no dia

26, o Centro de Interpretação Ambiental,vai acolher a sede da provedoria do Am-biente. A estrutura está situada no ParqueDr. Manuel Braga e vai ter um espaço mu-seológico relacionado com a água. O novocentro vai ainda possuir informações sobreas condições ambientais de Coimbra.

No que toca a acessos, a entrada poen-te do Parque Verde pretende unir as zonascircundantes da Praça da Canção às doMosteiro de Santa Clara a Velha.

Imagem da cidade renovada

CIDADE 921 NOVEMBRO DE 2006 - A CABRA

Ponte pedonal entre as infra–estruturas a abrir esta semana

Autarquia contra políticade transportes

Filipa Faria

“Pelo transporte público contra a descri-minação” é o nome da campanha de sen-sibilização que foi aprovada em reunião daCâmara Municipal de Coimbra (CMC), nopassado dia 6.

“O Governo financia os transportes deLisboa e Porto e não financia os de Coim-bra nem de outras cinco cidades que têmtransportes municipais”, critica o vereadorda CMC Jorge Gouveia Monteiro, autor daproposta.

A iniciativa, com data prevista para Ja-neiro, vai contar com dísticos nos autocar-ros e informação escrita para alertar a po-pulação conimbricense sobre a “discrimi-nação de que a cidade é alvo”, afirma overeador.

De acordo com Gouveia Monteiro, o mu-nicípio de Coimbra “gasta mais de três mi-lhões de euros por ano para manter a re-de de transportes ao nível de qualidadeaceitável”, e acrescenta que “se o Estadoinvestisse esse valor na rede de transpor-tes, Coimbra poderia investir noutras áreasigualmente importantes, como a cultura, ahabitação e muitas das nossas escolas”.

Relativamente à data da campanha, overeador esclarece que “este é o momen-to oportuno”, uma vez que “o Governoacaba de dar mais nove milhões e 100 mileuros aos transportadores privados daárea da grande Lisboa e desprezou com-pletamente as câmaras que têm transpor-tes municipais”.

A acção de luta vai ser coordenada comoutras cinco cidades que apresentam asmesmas reivindicações. Aveiro, Barreiro,Braga, Bragança e Portalegre cooperamcom Coimbra no protesto contra a distin-ção entre as localidades em relação ao fi-nanciamento dos transportes públicos. “Asseis câmaras, que realizaram várias reu-niões conjuntas, já fizeram um documentomas ainda não obtiveram resposta do go-verno”, revela Gouveia Monteiro.

O vereador salienta a importância daparticipação da população para que acampanha tenha efeito junto do governoe, como tal, destaca o papel da comunica-ção social na divulgação da causa.

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Renovação à direita?Nova Democracia questiona o posicionamento político do PSD e CDS–PP

D.R.

No III Congresso do partido,Manuel Monteiro definiu a Nova Democracia como a

verdadeira facção da direita.Os sociais–democratas

e os populares remeteram–seao silêncio

Por Ana Bela Ferreira e João Pimenta

Durante o congresso extraordinário doPartido Nova Democracia (PND), que serealizou nos dias 4 e 5 de Novembro, o lí-der da formação partidária, Manuel Mon-teiro, fez uma análise crítica ao estado dadireita portuguesa. “Não existe direita emPortugal: o CDS–PP [Centro DemocráticoSocial - Partido Popular] é um partido decentro–direita e o PSD [Partido Social De-mocrata] não é, de todo, de direita”, afir-mou Monteiro, no discurso de abertura.

Naquele que foi o terceiro conclave doPND, o partido ficou definido como umaverdadeira força de direita. Sandro Neves,responsável da Nova Democracia para acomunicação social, afirma que “nasceu oprimeiro partido de raiz de direita portu-guesa”, que assenta “no conservadorismoliberal, aliado a uma direita popular e mo-derna”. O porta–voz explica que a acçãodeste grupo político vai no sentido de“conservar aquilo que o país tem de me-lhor e ao mesmo tempo dar total priorida-de à iniciativa privada e à inovação”.

No entanto, o comentador político An-dré Freire considera que, desde a sua for-mação, “o PND anda à procura do seuideário e da sua posição”. O politólogo dizque as declarações de Manuel Monteiroespelham “a política de quem quer afir-mar o partido e fazer passar a ideia deque ele é a verdadeira direita”. André Frei-re entende que “dizer que não há direitaé um exagero, porque ela existe, mascom características específicas em Portu-gal”.

Ao descrever a actual direita portugue-sa, o comentador refere o CDS–PP comoum partido que “evoluiu de uma matrizdemocrata–cristã para uma mais conser-vadora–populista, ainda com ManuelMonteiro. Essa é uma herança que per-manece, embora hoje o líder do CDS–PPseja mais próximo da democracia–cristã”.Por sua vez, o PSD “tem jogado ao longoda sua história com uma certa ambiguida-de”, isto é, “tem uma ala mais do centro-–esquerda e uma mais liberal”. Apesardesta tendência, o actual líder do PSD

pertence à “tradição mais social–demo-crata, com uma grande defesa pela cons-trução do Estado e pela diminuição dacarga fiscal”, conclui.

Para o professor de Ciência Política noInstituto Superior de Ciências do Trabalhoe da Empresa (ISCTE), pode haver espa-ço na cena política portuguesa para umaformação mais à direita, já que “um par-tido mais nacionalista, euro–céptico e po-pulista tem o direito legítimo de vincar aío seu posicionamento”. André Freire reco-nhece, no entanto, que “não é uma afir-mação fácil”, porque na luta por esse es-paço concorrem, para além da Nova De-mocracia, o CDS–PP e o próprio PSD.

O especialista sublinha ainda a iniciativanão partidária de direita, CompromissoPortugal, um movimento da sociedade ci-vil formado por empresários e economis-tas, “que se tem afirmado com grande vi-talidade”. Esta iniciativa é, segundo Frei-re, “o exemplo acabado de uma direitaque se afirma do ponto de vista dos valo-res sócio–económicos e da defesa de umestado mínimo”.

Definição de objectivosUma das propostas do PND, naquele

que foi apontado por Manuel Monteiro co-mo o “momento da clarificação”, foi acriação de uma plataforma de direita.Sandro Neves clarifica este conceito como

sendo uma “junção de pessoas, entidadese partidos políticos que se identificamcom os valores da direita moderna, dis-postos a discutir o seu papel e a funçãoque esta pode exercer em Portugal”. As-sim, o partido vai realizar, em Março dopróximo ano, em Lisboa, os Estados Ge-rais da Direita, um debate para o qual se-rão convidados os líderes do CDS–PP e doPSD.

Considerando os resultados pouco sig-nificativos nas últimas eleições em queparticipou (0,7 por cento nas legislativasde 2005), surgiram no interior do PND vo-zes que defendem a extinção do partido,como é o caso de Miguel Félix António.Ainda assim, ficou já definido neste con-gresso o objectivo para o escrutínio de2009: “a eleição de, pelo menos, um de-putado para a Assembleia da República”.Sandro Neves garante que a força parti-dária “tudo fará para ter um grupo parla-mentar, mas até lá tem que contactar to-das as pessoas e divulgar o seu projectopara alcançar a confiança dos eleitores”.O militante do PND refere que o partidotem já “uma implementação agradável nopaís, mas não está representado em to-dos os distritos”. Até ao final do ano, aNova Democracia pretende ter represen-tações distritais e concelhias em todo opaís, sendo que nas regiões autónomasisso já se verifica.

Na opinião de André Freire, esta é “umaambição simultaneamente limitada e rea-lista”, tendo em conta “o resultado bas-tante fraco” alcançado em 2005. O co-mentador acrescenta que “é difícil paraum partido novo afirmar–se” sem ter um“ideário e uma proposta muito forte”.

A CABRA contactou vários elementos doCDS–PP e do PSD, no entanto, todos serecusaram a tecer qualquer comentário àsdeclarações do líder do PND, Manuel Mon-teiro. Uma das personalidades contacta-das afirmou mesmo não ter conhecimen-to da existência de uma força partidáriacom a designação PND, bem como do seurepresentante.

Do III congresso do PND saiu a afirmação do partido como “o primeiro partido de raiz de direita portuguesa”

NACIONAL10A CABRA - 21 NOVEMBRO DE 2006

O Partido da Nova Democracia (PND) foifundado em 2003, pelo antigo presidente doCDS–PP, Manuel Monteiro. O partido nãotem assento parlamentar, nem conseguiuainda, nas eleições em que já participou,qualquer mandato. Nas eleições europeias,em 2004, o PND teve cerca de um por cen-to de votos, e o resultado obtido nas legisla-tivas de 2005 foi ainda menos significativo –0,7 por cento. Batendo–se por ideais nacio-nalistas, o PND defende o liberalismo eco-nómico e o euro–cepticismo.

Um partido com história curta

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Um investigador português desenvolveu um método

pioneiro para reduzir o tempode espera nas Urgências

Hospitalares. Testado num hospital de Nova Iorque, o

projecto revelou–se promissor

Joana Bogalho

João Luís Soares, 39 anos, professor auxi-liar do departamento de Matemática da Fa-culdade de Ciências e Tecnologia da Univer-sidade de Coimbra, faz parte da equipa queestudou as listas de espera dos Serviços deUrgência, resultando num projecto que po-derá aumentar a sua eficiência. O estudo foifeito nos Estados Unidos da América e, alémdo português, participaram uma professoraespecialista em listas de espera, LindaGreen, e dois médicos, todos oriundos da-quele país.

A iniciativa partiu do Columbia–Presbite-rian Hospital de Nova Iorque quando, em2002, se dirigiu à perita, no sentido de re-solver a questão do tempo de espera dosutentes. O problema, além do elevado tem-po que cada usuário aguarda até ser aten-dido, reside no número de pessoas que de-sistem de esperar pelo atendimento.

Estudo não desperta interesseem Portugal

A análise é inovadora, assumindo que “as

filas de espera têm oscilações, pois há mo-mentos com mais procura e outros com me-nos”, referiu João Luís Soares, contactadopor Linda Green para integrar a equipa. Odocente explica que se trata de “um conjun-to de equações que alia uma previsão daafluência às urgências ao número de médi-cos de serviço”. O professor conclui que oestudo permite comparar escalas de traba-lho para escolher as mais eficazes.

O modelo foi aplicado no hospital nova-–iorquino, alcançando resultados surpreen-dentes: o número de pessoas que usaram oserviço de urgências aumentou 6,3 por cen-

to, enquanto o número de utentes que de-sistiram de ser atendidos diminuiu 18 porcento. Sem aumentar os custos com os pro-fissionais de saúde, optimizaram–se recur-sos, através da redistribuição de turnos. Oinvestigador considera que a inicitiva podeser realizado em qualquer hospital, mas “émais aplicável num serviço restrito, onde oimpacto é maior”.

Em Portugal ainda nenhum hospital semostrou interessado, situação que o cientis-ta considera “normal, pois é um trabalhomuito recente, mundialmente inovador epouco divulgado no País”.

Matemática aumenta eficáciados Serviços de Urgência

A Robótica num kitA automação e a robótica vão ser matérias mais fáceis de enten-

der para os alunos portugueses. Um manual de instruções para ex-plorar o funcionamento dos robôs manipuladores industriais acabade ser lançado na Exposição Internacional de Máquinas–Ferramen-ta e Acessórios, que decorreu na Exponor (Porto).

O Kit Alice é baseado num robô da marca líder nas tecnologias deautomação, a ABB, e é acompanhado por exercícios práticos de pro-gramação, um livro técnico e uma licença de software. São tambémdisponibilizados um conjunto de 32 exercícios com instruções práti-cas, código–fonte completo e vídeos de demonstração.

“Com a Alice a robótica é fácil e divertida” constitui o lema desteprojecto inovador que pretende ser pedagógico e estimular a utiliza-ção da automação e robótica nas escolas portuguesas. A Universi-dade de Coimbra garante o seu selo de qualidade no domínio da ro-bótica, através do Departamento de Engenharia Mecânica da Facul-dade de Ciências e Tecnologia, e a ABB no domínio da sua experiên-cia na concepção e comercialização de robôs. Igualmente associadaa este projecto está a Microsoft e a Lidel, uma editora de obras téc-nicas. Sandra Pereira

MÓNICA MARQUES PÓPULO

Estudo matemático reajusta escalas de trabalho médico para melhorar o atendimento aos utentes

Tertúlia científica“Industrial Robots Programming, Building Applications for the Fac-

tories of the Future” é o nome do mais recente livro de Norberto Pi-res, professor no Departamento de Engenharia Mecânica da Facul-dade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).O professor realiza amanhã a tertúlia sobre Física, Matemática, Ro-bótica e Engenharia, na livraria Almedina Estádio, pelas 21 horas.

No evento participam também Carlos Fiolhais, da Sociedade Por-tuguesa de Física, Joana Teles, da Sociedade Portuguesa de Mate-mática, Luís Menezes, vice–presidente do Conselho Científico da FC-TUC, e Fernando Guerra, pró–reitor da UC.

Segundo o autor, a tertúlia, que envolve as matérias de base darobótica, tem como objectivos “divulgar o livro e tentar motivar opúblico em geral, desde alunos do secundário, a universitários epais, para o estudo e importância destas áreas”.

Norberto Pires acrescenta ainda que “apesar de falar de um livroque é eminentemente técnico, pretende–se informar e chegar des-te modo a um número elevado de pessoas”, visto que a obra se en-contra direccionada para “o meio académico, para especialistas eengenheiros da área robótica”. Joana Nunes

CIÊNCIA 1121 NOVEMBRO DE 2006 - A CABRA

Há Ciência na UC

Bits e Bytes Nome: Centro de Informática e Sistemas

da Universidade de Coimbra (CISUC).Comissão Directiva: Henrique Madeira

(Presidente), Fernando Boavida e João Ga-briel Silva.

Fundação: Criado em 1991, no âmbitodo Programa CIÊNCIA. Desde 1995, todo osuporte administrativo do centro, bem co-mo a maioria dos laboratórios de investiga-ção, estão localizados no edifício do Depar-tamento de Engenharia Informática (DEI),no pólo II da Universidade de Coimbra(UC).

Equipa: Cerca de 100 investigadores, nasua maioria docentes do DEI. Existem ain-da docentes e investigadores de outrosdepartamentos da UC e de outras escolasde ensino superior da região centro.

Objectivo: Realizar investigação cien-tífica e tecnológica pré–competitiva nodomínio da Informática e Sistemas (I&D),formar profissionais altamente qualifica-dos, aos níveis de mestrado e doutora-mento, participar em programas de I&Dde dimensão internacional, e realizar in-vestigação por contrato. O centro querainda contribuir na formação científica etecnológica de quadros de países de lín-gua oficial portuguesa.

Investigação: Exercida, essencial-mente, por alunos de doutoramento, na-cionais e estrangeiros, e organizada emnove grupos específicos, alguns dosquais, Inteligência Artificial, SistemasConfiáveis, Comunicações e Serviços Te-lemáticos e Engenharia de Software.

Projectos em Curso: Actualmente es-tão mais de 50 projectos de investigaçãoem curso, fruto de diversas parcerias comempresas e universidades nacionais e in-ternacionais, com um financiamento totala rondar os três milhões de euros.

Actividades: Tem organizado e acolhi-do diversas conferências internacionais,como o Networking 2006, e publicado vá-rios trabalhos em revistas internacionais.

Financiamento: Os projectos de in-vestigação nacionais são financiados pelaFundação para a Ciência e a Tecnologia(FCT), e os projectos a nível europeu sãofinanciados pelo Information Society Te-chnologies.

Todos os laboratórios de investigação egrande parte das bolsas atribuídas pelocentro são suportados por verbas conse-guidas através dos projectos de investiga-ção.

Reconhecimento: O grupo de investi-gação na área de Sistemas Confiáveis foirecentemente distinguido pela AgênciaJaponesa de Ciência e Tecnologia, comoum dos três melhores do mundo.

Website: http://www.cisuc.uc.pt/François Fernandes

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TEMATEMA -- PROFISSÕES DA NOITE12

A CABRA - 7 NOVEMBRO DE 2006

E chega a hora do café da manhã…

“O serviço da noite rende mais, tem outrosatractivos que não tem de dia”, Rui Albuquerque,Taxista

Muitos taxistas preferem conduzir de noite porquehá menos trânsito, menos sol e um tarifário mais van-tajoso.

“Por vezes osclientes fogem sempagar e nós não osconseguimos ver”,Aida Santos, Vendedo-ra no mercado munici-pal

Erguer cedo paraatender os clientes ha-bituais é a rotina diáriade quem trabalha nomercado.

“É complicado li-dar com o compor-tamento dos estu-dantes”, Adérito Jor-dão, Padeiro da “Mimo-sa”

Para os padeiros, tra-balhar de noite já setornou algo de banal.Latadas e Queimas dasFitas são sinónimo detranstorno.

Enquanto Coim

Por Daniel Palos e Cáe Rui Antunes e S

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Profissões da noite TEMATEMA13

7 NOVEMBRO DE 2006 - A CABRA

“Quando nos chamam a nós, coisa boa não éde certeza” , Fausto Piedade, sub–chefe dos Bom-beiros Sapadores

Em função do sinistro que enfrentam aumenta aadrenalina…Na rua num minuto, é a eficácia que seimpõe aos bombeiros após ser dado o sinal de alerta.

“A noite envelhece–nos mais, dá cabo de umapessoa”, Patrício Novais, funcionário da roulote Psi-cológico

A profissão é extremamente desgastante e envolvesempre algum risco, são as queixas de quem servecachorros e hambúrgueres durante toda a noite.

“No início gostavadisto, mas comeceia aperceber–me queas pessoas gozamconnosco”, ManuelFernandes, CantoneiroERSUC

Os vulgarmente co-nhecidos como “ho-mens do lixo” não en-tendem os insultos ver-bais e gestuais dos es-tudantes universitá-rios.

“Gosto de traba-lhar à noite porquede dia as pessoasandam mais cabis-baixas”, Armando, Dj

O que mais motiva anoite de um Dj é ver aspessoas vibrar ao somda “playlist”…pela ma-drugada dentro.

mbra dorme...

átia Monteiro (Fotografia)Sandra Pereira (Texto)

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Representantes dos váriospaíses procuram maiorcooperação ambiental.

EUA, Canadá e Arábia Sauditasão alguns exemplos de

potências que boicotam osprincípios de Quioto

Sandra FerreiraDiana do Mar

A necessidade de dar continuidade aoprotocolo de Quioto foi o tema dominanteda 12ª Conferência Mundial das AlteraçõesClimáticas, que decorreu em Nairobi, capitaldo Quénia, entre 6 e 17 de Novembro. Em2008, o protocolo vai ser revisto, para queos propósitos se prolonguem para lá de2012, data em que o tratado expira.

A cimeira era tida como um encontro “deagenda”, no qual não seriam tomadas deci-sões relevantes. No entanto, o último dia re-velou–se surpreendente, já que se estabele-ceram metas mais restritas para o combateao aquecimento global.

Para além de Quioto, foi também discuti-da a questão do apoio aos países em desen-volvimento, principalmente no que diz res-peito à situação africana. Neste âmbito, umadas principais medidas foi a criação de umfundo de adaptação, no sentido de os ajudara lidar com as consequências da alteraçãoclimática. Os países desenvolvidos vão as-sim financiar projectos para a diminuição daemissão de gases nos Estados emergentes,mas os moldes em que estes donativos vãoser aplicados estão ainda em aberto.

A principal preocupação dos portuguesespresentes na cimeira prendeu–se com aquestão do pós–Quioto. O representante daQuercus, Francisco Ferreira, sublinha a im-portância da renovação do protocolo depoisde 2012. O ambientalista defende aindaque, para que esta continuidade seja asse-gurada, “é preciso definir um calendário eum compromisso até 2009”.

O presidente da Liga Portuguesa da Natu-reza (sem representação em Nairobi) corro-bora desta opinião, considerando até queQuioto é pouco ambicioso. Para Eugénio Se-queira, o facto de países muito poluentescomo os Estados Unidos da América, a Índiaou a China não terem ratificado o protocoloé “bastante preocupante”.

Estados Unidos de costas voltadaspara Quioto

Em relação aos EUA, o presidente daQuercus, Hélder Spínola, refere que já se

verificam “movimentações por parte de al-guns estados”, nomeadamente a Califórnia,que “já estabeleceu os seus próprios limitesem termos de redução de emissões de ga-ses”. O ambientalista afirma que “é inevitá-vel que os EUA integrem o próximo acordo”.

No entanto, na cimeira, não foram dadossinais de que a posição americana se tives-se alterado, pois não foram apresentadaspropostas para a redução de gases, tal co-mo estava previsto. No mesmo plano, si-tuam–se os países como a Arábia Saudita, aAustrália ou o Canadá, que representaramum entrave às negociações. O governo ca-nadiano foi criticado por ter proposto umalegislação para a qualidade do ar, ignorandoQuioto, e por ter adiado os cortes obrigató-rios apenas para 2020, ou seja, 10 anos de-pois das metas impostas pelo protocolo.

No panorama nacional, Hélder Spínoladestaca que, apesar de Portugal ser um dospaíses que emite menos gases per capita,houve um aumento de 40 por cento em re-lação a 1990, quando o limite imposto erade 27 por cento. Deste modo, o presidenteda organização ambientalista ressalva a im-portância de “um esforço adicional, atravésde um investimento crescente nas energiasrenováveis e nos transportes públicos, paraevitar o excesso de emissões e o conse-quente pagamento de milhões de euros”.

O secretário de Estado do Ambiente,Humberto Rosa, frisou o empenho de Portu-gal em cumprir as medidas de Quioto eadiantou que serão investidos mais de 350milhões de euros no desenvolvimento demecanismos a favor do ambiente. No final,Humberto Rosa lembrou o papel fulcral de

Portugal no próximo encontro, uma vez queo País vai presidir à União Europeia duranteo segundo semestre de 2007.

A Conferência das Nações Unidas da Con-venção sobre Alterações Climáticas realiza-–se anualmente e envolve delegações decerca de 200 países numa discussão sobretratados referentes ao clima. Representan-tes do governo, organizações não governa-mentais e empresas confrontam ideias parareduzir a poluição atmosférica e, conse-quentemente, atenuar os seus efeitos a lon-go prazo. O evento deste ano contou comseis mil representantes oriundos dos cincocontinentes. O próximo encontro terá lugarem Bali, na Indonésia.

Quioto reestruturado em 2008Ambiente debatido em conferência organizada pelas Nações Unidas

WNURINHAM SILVA

ONU intensifica pressão sobre grandes potências para aceitarem princípios de Quioto

Conselho deSegurança daONU renova-seem 2007

André AmadorRui Antunes

A partir de Janeiro de 2007 o Conselhode Segurança (CS) da Organização das Na-ções Unidas (ONU) vai receber cinco novosmembros não permanentes. No próximobiénio, Bélgica, Itália, Panamá, Indonésia eÁfrica do Sul vão ocupar as cinco cadeirasdeixadas vagas pelos parceiros regionais.

A decisão mais difícil veio do Grupo dePaíses da América Latina e Caraíbas, com oPanamá a representar uma posição de con-senso. A solução foi encontrada a 7 de No-vembro, depois de Guatemala e Venezuelaterem protagonizado uma longa disputaeleitoral que se estendeu por 47 votações.

Já no continente africano não houve difi-culdades em encontrar o novo representan-te da região, com a África do Sul a vencerpor uma larga maioria, substituindo a ces-sante Tanzânia. Na opinião do presidentedo Instituto de Estudos Estratégicos Inter-nacionais (IEEI), Álvaro Vasconcelos, “apresença da África do Sul no CS pode con-tribuir para uma maior atenção para os pro-blemas africanos”. Também a Indonésia ob-teve uma fácil vitória contra o Nepal na cor-rida ao lugar reservado à Ásia, depois daCoreia do Sul ter abandonado a candidatu-ra.

Bélgica e Itália foram os países escolhi-dos para substituir Dinamarca e Grécia nosassentos destinado à Europa. Álvaro Vas-concelos acredita que a posição europeia fi-ca fortalecida com estas entradas e defen-de que “haverá uma aproximação entre aItália, a Bélgica e a França, que irá levar auma maior pressão europeia no CS, em re-lação a algumas questões internacionais”.O especialista destaca a situação do MédioOriente referindo que “os três Estados con-cordam com a existência de um Estado pa-lestiniano”.

Vasconcelos considera que a rotação dosmembros não–permanentes não afecta deforma decisiva as decisões da ONU. O pre-sidente do IEEI afirma que “enquanto nãohouver uma reforma do CS em que asgrandes regiões do mundo (como AméricaLatina, África e Ásia) tenham membros per-manentes, a influência dessas regiões serámuito frágil”.

O futuro do Conselho de Segurança podepassar por uma reforma do CS que envolvao alargamento dos membros permanentes.Apesar dos fracassos que já se verificaram,Vasconcelos garante que “esta é uma ques-tão que vai certamente continuar na agen-da internacional”.

INTERNACIONAL14A CABRA - 21 NOVEMBRO DE 2005

A Convenção de Quioto, ratificada em Mar-ço de 1999, entrou em vigor em Fevereiro de2005. Deve o seu nome ao facto de ter sidopensada na cidade japonesa de Quioto em1997. O acordo internacional, que termina em2012, impõe a 35 países industrializados e àUnião Europeia a redução conjunta de cincopor cento das suas emissões comparativa-mente aos níveis de 1990. Os planos têm deser postos em prática entre 2008 e 2012.

Para os especialistas, a continuidade doacordo deve ser pensada desde já, para que otrabalho realizado entre 2008 e 2012 não sejaem vão. Assim, no pós–Quioto, a entrada depaíses como os EUA é fundamental.

O objectivo passa também pela reduçãodas emissões de gases causadores do efeitode estufa.

Um pouco de Quioto

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INTERNACIONAL21 NOVEMBRO DE 2006 - A CABRA

15

Royal ganhou as primáriasdo PS francês e assume–secomo a principal candidatada esquerda às presidenciais

de 2007. Descontentamento comdireita aumenta hipóteses da so-

cialista chegar ao Eliseu.

Soraia Manuel Ramos, em Estrasburgo

Em seis semanas de campanha com umaintensa cobertura da imprensa, depois decomícios, debates e de um exclusivo a mili-tantes do Partido Socialista (PS), SégolèneRoyal, de 53 anos, confirmou o favoritismo,na primeira vez que um partido francês pas-sa por eleições internas para definir o can-didato às presidenciais.

Com 60,62 por cento dos votos dos afilia-dos do PS, contra 18,54 por cento alcança-dos pelo ex–primeiro ministro Laurent Fa-bius, Royal conseguiu o que aspirava desdeo início: encerrar a disputa o mais rapida-mente possível e obter a maioria absolutalogo na primeira volta.

No discurso de vitória, a socialista reafir-mou as mesmas ideias da campanha: criti-cou o nuclear iraniano e defendeu uma re-dução na energia nuclear francesa. No querespeita à integração da Turquia na UniãoEuropeia, Ségolène afirmou que era preferí-vel deixar o povo decidir. Em matéria de po-

lítica internacional, a candidata deixou aideia de alguma falta de convicção nas po-sições.

Na recta final da campanha, Royal acusouos dois rivais de chauvinismo, depois de vá-rias semanas a ouvir comentários machis-tas, como “Quem vai cuidar das crianças?”.A candidata também enfrentou alguns pro-blemas com a Juventude Socialista e comos professores por causa de um vídeo divul-gado na Internet, onde a socialista aparecenum debate entre membros do PS a defen-der jornadas mais longas para o magistério.De acordo com a estudante Christinne De-chain, de 22 anos, a campanha foi “ao esti-lo dos EUA, por causa da guerra suja, nos

blogues e vídeos divulgados na Internet”.Mesmo assim, Royal garantiu ao “Le Journaldu Dimanche” que é a única que pode ven-cer a direita porque incorpora “a profundamudança pela qual o povo tem esperado”.

Royal só tem experiência em cargos desegundo escalão, mas dominou os rivaismais experientes com propostas polémicas,como a de mandar jovens delinquentes pa-ra o exército. No entanto, a postura pareceagradar aos franceses, como testemunha acomerciante Florianne Andrieu, de 43 anos,“o discurso político, em qualquer sítio, ésempre igual, mas esta candidata é umamulher e percebe que temos de dar um fu-turo aos nossos filhos”.

Hoje o partido, amanhã a FrançaMesmo antes das eleições, Royal, numa

entrevista ao jornal “Le Fígaro”, já pareciaestar de olho nas presidenciais, marcadaspara 22 de Abril do próximo ano. “Esta eta-pa é, na verdade, a primeira etapa das pre-sidenciais de 2007, por isso preciso de to-dos os socialistas, porque somos mais for-tes juntos e unidos, e vamos conseguir re-formar profundamente o nosso país” afir-mou a candidata. Nas últimas sondagensdivulgadas pelo jornal “Le Monde”, Ségolè-ne surge como a única socialista capaz dederrotar o ministro do Interior do actual go-verno, e potencial candidato da direita, Ni-colas Sarkozy.

Toda a disputa deu destaque ao PS, queluta para recuperar da humilhante derrotanas presidenciais de 2002. Apesar de aindaser cedo para se ter certezas, alguns co-mentadores franceses pensam que o des-gaste de Royal durante a campanha podeajudar Sarkozy. Mas o provável candidatoda UMP também enfrenta problemas, jáque Dominique de Villepin não descartauma possível candidatura e Jacques Chiracnunca negou uma tentativa de reeleição. “AFrança deu um importante passo nestaquinta–feira para eleger a primeira mulhercomo presidente do país e ao mesmo tem-po deu–se um golpe no esquerdismo tradi-cional da agremiação, mas acho que votariaoutra vez no Chirac”, afirma Jean Sanaud,economista, de 58 anos.

Ségolène pode ser primeira mulher presidente

Rui Simões

A Holanda enfrenta amanhã, dia 22, asterceiras eleições legislativas dos últimoscinco anos. Na disputa pela liderança dosdestinos do país estão os democratas–cris-tãos do CDA e os trabalhistas do PvdA.

O CDA, do primeiro–ministro Jan PeterBalkenende, vai tentar a reeleição depoisde, em Junho, ter visto cair a coligação go-vernamental que formava com os liberaisdo VVD e os liberais de esquerda do D66.Desde então, o país vive num cenário de

instabilidade, onde ressurge o fantasma dopopulismo e das políticas anti–imigração.

Agora, prevê–se uma disputa cerradaentre os democratas–cristãos e os traba-lhistas, de Wouter Bos, sendo que nenhumdos partidos deve conquistar a maioria ab-soluta. Sondagens recentes do jornal DeVolkskrant dão 27 por cento dos votos (40deputados) ao CDA e 26 por cento (39 as-sentos parlamentares) ao PvdA.

Deste modo, quer vençam os democra-tas–cristãos ou os trabalhistas, vai ser no-vamente necessário formar uma coligação

governamental. Aí, assumem um papelfundamental o Partido Socialista (SP) deJan Marijnissen, e o partido liberal VVD, deMark Rutte, a quem as sondagens atri-buem 18 e 22 lugares no parlamento, res-pectivamente. Ainda assim, nenhum parti-do vai poder governar sem alianças, peloque as pequenas formações vão ser igual-mente importantes.

A campanha tem sido marcada pela dis-cussão das políticas de imigração do país efoi abalada, na passada semana, por duaspolémicas: os alegados casos de tortura a

prisioneiros iraquianos por parte de solda-dos holandeses e a intenção, do governocessante, de proibir o uso da burqa muçul-mana em locais públicos, como escolas,ministérios, tribunais e mesmo comboios.

Os dois casos ilustram a situação políticade um país onde o discurso populista e xe-nófobo tem ganho cada vez mais apoian-tes, apesar de cerca de 10 por cento dapopulação holandesa ser não–branca. Poroposição, Wouter Bos defende a legaliza-ção de 35 mil imigrantes que vivem há vá-rios anos na Holanda.

Eleições na Holanda com desfecho imprevisível

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Desgaste de campanha eleitoral não afecta popularidade de Ségolène Royal

D.R.

França

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ACADÉMICA ACABA COM INVENCIBILIDADE DO SAMPAEN SE

Com um futebol fraco,os pupilos de ManuelMachado perderam

pela margem mínima. Nestor Alvarez marcou

o golo academista

Sandra CameloPatrícia Costa

A Académica deslocou–se ao Estádiodo Dragão, sábado 18, para defrontar olíder do campeonato, para a 10ª jorna-da da Bwin Liga. Sem surpresas, o F.C.Porto venceu por 2-1, ante uma Briosaque apenas procurou resolver o jogo noderradeiro quarto de hora.

O treinador da equipa de Coimbra,Manuel Machado, apostou em HélderBarbosa e Pavlovic no onze inicial, dei-xando no banco Paulo Sérgio e Nuno Pi-loto, titulares contra o Estrela da Ama-dora. Com Pedro Roma na baliza, os es-tudantes apresentaram um quarteto de-fensivo composto pelos centrais Litos eKaká e os laterais Nuno Luís e Lino; nocentro do campo surgiram Pavlovic eRoberto Brum ladeados por Miguel Pe-dro e Filipe Teixeira no apoio a Dame eHélder Barbosa.

Na primeira parte, a Académica nãoconseguiu contrariar o favoritismo daequipa da casa. Os portistas entraramcom todo o fulgor, contudo, a boa orga-nização defensiva do adversário causoualgumas dificuldades ao entrosamentoofensivo dos da casa. Só aos 17 minu-

tos, a Briosa conseguiu criar um lancede ataque: Miguel Pedro remata por ci-ma da baliza de Helton.

O Porto foi criando oportunidades degolo sucessivas, das quais se destacauma falhada por Lisandro Lopez ao mi-nuto 20, depois do cruzamento de Qua-resma. Aos 25 minutos, Lopez voltou adesperdiçar: em dois remates consecu-tivos, Pedro Roma impediu a vantagemdos portistas. Os “dragões” apostavamtudo nos lances de bola parada, quase

todos marcados pelo extremo Quares-ma, jogador que se evidenciou durantea partida.

Após o intervalo, o treinador portista,Jesualdo Ferreira, substituiu Jorginhopor Bruno Moraes, enquanto os “estu-dantes” voltaram com a mesma equipa.Aos 50 minutos surgiu o golo do Porto:Lisandro ganhou a bola entre os ho-mens da Académica, permitindo o cru-zamento certeiro de Quaresma para acabeça de Hélder Postiga.

Manuel Machado reagiu à desvanta-gem, fazendo entrar Nestor Alvarez pa-ra o lugar de Hélder Barbosa. O objecti-vo passava por aproximar a equipa doúltimo reduto portista. Para refrescar omeio campo, o treinador academistasubstituiu Roberto Brum por Sarmento eFilipe Teixeira por Paulo Sérgio. Asopções tomadas resultaram no empate,ao minuto 76. Nestor rasgou o duetodefensivo composto por Cech e BrunoAlves e, frente a Helton, rematou cruza-do sem hipóteses para o guardião. Po-rém, e apesar de ser a melhor parte dosestudantes, o Porto chegou à vitóriacom um golo do defesa Pepe, que, apóso canto de Quaresma, cabeceou para ofundo das redes academistas. Os co-nimbricienses ainda pressionaram nosúltimos minutos, causando alguma afli-ção aos jogadores e espectadores pre-sentes.

No final do encontro, ambos os treina-dores concordaram com o resultado.Manuel Machado afirmou que “o desfe-cho era previsível”, apesar de a equipa“ter jogado de forma aberta, numa es-tratégia que não pressupunha umaideologia defensiva”. O técnico realçouainda “o crescimento” que a Académicatem vindo a fazer, espelhado na “com-patibilidade” das equipas em jogo.

Jesualdo Ferreira destacou “o contro-lo do jogo” por parte dos elementos doplantel, elevando a justiça do resultado.O professor rematou com o elogio aogolo de Nestor.

Na próxima jornada a Académica re-cebe o Beira–Mar, domingo às 16 horas.

Pouco brio(sa) no Dragão

Os estudantes estiveram sempre em desvantagem, masgraças a um último período

inspirado acabaram por vencer 74-72

Bruno Vicente

No sábado, 18, o público presente no Mul-tidesportos de Coimbra viu a equipa da ca-sa vencer o tricampeão Sampaense, pordois pontos. Foi a primeira derrota da equi-pa de São Paio de Gramaços esta época,num jogo decidido nos últimos segundos.

Numa partida a contar para a 8º jornadada Proliga, a equipa da casa apostou numcinco inicial formado por Jorge Seabra, Hu-go Loureiro, Fernando Sousa e os america-nos Maurice Shaw e Timothy Gray.

A Associação Académica de Coimbra(AAC) acusou o favoritismo do Sampaense,que chegava a Coimbra com sete vitóriasem outros tantos jogos. Os estudantes en-traram nervosos, recorrendo a faltas defen-sivas para travar os ataques adversários. Oresultado foi um parcial de 0-10, que colo-cou a equipa da casa a perder no final doprimeiro período, por 13-23.

Com dez pontos para recuperar, FernandoSousa, em grande forma física, levou a

equipa às costas, mas não foi correspondi-do pelos colegas. Na primeira parte marcou16 dos 29 pontos da AAC. No entanto, aBriosa entrou no último período a perder50-61.

Só nos últimos oito minutos, quando a vi-tória parecia fugir, é que a Académica per-deu o medo do adversário. A emoção foiconstante neste período. Com FernandoSousa mais calmo, para evitar a quinta faltae a consequente expulsão, foi a vez de apa-recer o poste academista, Maurice Shaw.Aos afundanços de Larry Parker, Shaw res-pondia na mesma moeda. O jogador ameri-cano foi considerado o MVP (jogador maisvalioso) do jogo, com 26 pontos marcados.

A 20 segundos do final, com 72-72, HugoLoureiro sofreu falta, convertendo com su-cesso os dois lançamentos. A defender embloco a AAC susteve com eficácia o últimoataque do Sampaense, terminando o jogocom 74-72 no marcador.

A Académica somou a quarta vitória daépoca e voltou a entrar no grupo dos oitoprimeiros classificados, numa posição quedá acesso aos play–off.

O técnico da AAC,, Norberto Alves, reve-lou satisfação pela vitória. O treinador, quedirigiu o Benfica na época passada, elogioua exibição de Fernando Sousa: “ele é o líder.Com ele em campo a Académica foi inteli-gente” concluiu.

RUI VELINDRO

Bosingwa na intercepção da jogada de Miguel Pedro

DESPORTO16A CABRA - 21 NOVEMBRO DE 2006

Académica / OAF

Basquetebol

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O técnico da Académica, Paulo Martinho, aponta as falhas “nos momentos

decisivos” como a principalrazão para a derrota

Patrícia Costa

A Associação Académica de Coimbra(AAC) perdeu com o Belenenses por 0-3,domingo 19, no Multidesportos deCoimbra, num jogo a contar para oNacional de Seniores A2.

No primeiro tempo, e com o fraco apoiodo público (cerca de trinta espectadores)a Académica ainda conseguiu discutir ojogo até ao ponto 15. Contudo, a exper-iência da equipa de Belém sobressaiu e asvisitantes venceram por 20-25.

No segundo set, as atletas de Belémvoltaram a vencer, colocando o jogo em 0-2. A AAC perdeu pontos na fase inicial,devido a falhas na recepção da bola e nosserviços, mas a eficácia ofensiva de DianaSimões, a jogadora academista mais pon-tuadora, e de Carla Esteves fez com que aequipa se aproximasse do adversário.Porém, a experiência das lisboetas, aliadaa uma falta de concentração das da casa,levou ao restabelecimento da vantagem

adversária, pondo cobro ao período, como resultado 19-25.

O último tempo foi discutido ponto porponto até ao fim, ficando 31-33 para oBelenenses. Com um início desde logorenhido, sobretudo a partir do 5-5, aAcadémica procurou o tudo por tudo paravencer o “set”, ainda com a esperança devirar o rumo da partida. E quando todosesperavam a vitória da equipa deCoimbra, que tinha vantagem de doispontos, 21-19, suficientes para selar oterceiro tempo, o adversário passou para

a frente do marcador. Igualadas 25-25, asequipas apostaram no ataque e oBelenenses foi mais forte, estabelecendoo resultado em 0-3.

O treinador da Académica, PauloMartinho, mostrou-se insatisfeito com oresultado. Para o técnico, os “sets” foramdiscutidos “taco a taco”, sendo o terceiroo “mais equilibrado”. Martinho apontou a“falta de experiência das jogadoras” paraa derrota e também para a “fracarecepção e a falta de concentração nosmomentos decisivos”.

“Taco a taco” até ao fim

A Académica não conseguiu contrariar a superioridade atacante do Belenenses

SANDRA CAMELO

A Associação Académica deCoimbra (AAC) venceu

o C.A. Torres Novas, por35-24, no jogo que finalizou

a primeira volta

Rui AntunesRicardo Machado

No encontro da 9ª jornada do Campeo-nato da 2ª divisão, zona Centro, que tevelugar no Pavilhão nº3 do Estádio Universi-tário, sábado 18, a Briosa esteve semprena frente do marcador. Perante um TorresNovas sem argumentos para dar a volta ao

resultado, os academistas consolidaram aposição no cimo da tabela classificativa.

No final do primeiro tempo, o marcadorapontava 17-12, com vantagem para osatletas de Coimbra.

Na segunda metade do encontro, a efi-cácia ofensiva dos academistas e os errostécnicos da equipa ribatejana permitiram àAAC alcançar a vitória com facilidade. JoãoJorge e João Farias foram os jogadoresque mais se destacaram no encontro, aoapontar sete golos cada um.

O treinador da equipa da casa, RicardoSousa, destacou o “valor tremendo” de-monstrado pela AAC e considerou que “aatitude dos jogadores foi fundamental edesequilibrou o jogo”. Também o capitão

de equipa da Académica, Bruno Castro,classificou a vitória como “muito positiva eencorajadora para o resto da época”. Am-bos os líderes da equipa enalteceram oapoio do público, classificando-o como“muito importante”.

Ricardo Sousa salientou também que “amodalidade está a tentar reabilitar–se de-pois de problemas estruturais e financei-ros”. O treinador recordou a “travessia nodeserto” que o andebol academista viveuem épocas anteriores, mas defende que “éum desporto que ainda está na moda”.

Os “estudantes” encontram–se na quar-ta posição, após uma primeira volta emque a equipa teve grandes dificuldades emvencer fora de casa.

Académica ascende à quarta posição

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DESPORTO21 NOVEMBRO DE 2006 - A CABRA

17

Andebol

Voleibol Feminino Desporto emCoimbra

A Associação Académica de Coimbra(AAC) não saiu vitoriosa em todos os cam-pos. Destaca–se a invencibilidade do futebol

Voleibol masculinoA AAC perdeu com o Sporting Clube de

Espinho por 0-3, sábado 18, no Multides-portos de Coimbra. No jogo da A1, os “es-tudantes” perderam pelos parciais 13-25,17-25 e 18-25. Os melhores pontuadoresacademistas foram Manuel Ferreira e Nel-son Melo.

No próximo fim–de–semana, em jornadadupla, a Académica defronta a Associaçãode Jovens Fonte do Bastardo, sábado 25, às17h no Multidesportos de Coimbra e o ClubSport Marítimo, domingo 26, no mesmo re-cinto.

FutebolA secção de futebol da AAC venceu o

Pampilhosense por 2-0, domingo 19. Nasexta jornada da 1ª divisão Série A, do dis-trital conimbricense, a equipa do Mondegoteve dificuldades para vencer o adversário.Os golos só apareceram na segunda parte,com o “bis” do capitão Pedro Mendes.

Para o treinador da Académica, SérgioGaminha, a equipa “não aproveitou as opor-tunidades de golo”, dando “confiança ao ad-versário” e só após o intervalo, os “golostrouxeram a tranquilidade”.

A AAC ocupa o primeiro lugar, com 13pontos, fruto de quatro vitórias e um empa-te.

Na próxima jornada, realizada apenas a 3de Dezembro, a Académica joga no campodo Mocidade de Futebol Clube, às 15 horas.

Liga Universitária de Futsal (LUF)A AAC empatou 1-1 contra a Universida-

de da Beira Interior, quinta–feira 16, no se-gundo jogo da LUF. Depois do empate a trêsgolos no primeiro jogo, disputado contra oInstituto Politécnico de Leiria, os “estudan-tes” somaram o segundo empate consecuti-vo, ocupando a quinta posição, com doispontos.

O treinador da Briosa, João Ribeiro, expli-ca os resultados com “a falta de jogos depreparação” e a consequente “ falta de en-trosamento da equipa”. Ainda à procura damelhor forma, o técnico espera “melhoresprestações” para o futuro.

Na quarta jornada, a AAC joga na cidadedos “estudantes”, frente ao Instituto Politéc-nico de Coimbra. Patrícia Costa

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Cortes orçamentais ameaçam a Associação Portuguesa para o Intercâmbio Teatral

CULTURA18A CABRA - 21 NOVEMBRO DE 2006

Ao fim de 10 anos de actividade, o único projectocultural do País que envolve

todos os países de língua oficial portuguesa

enfrenta um futuro incerto

Ana Rita FariaMartha MendesAndreia Rocha

“A Cena Lusófona corre o sério risco dedesaparecer”, afirma o presidente da direc-ção da instituição, António Augusto Barros.Desde 2004, a organização sediada emCoimbra não recebe financiamento do Minis-tério da Cultura e sobrevive graças a fundosacumulados e parcerias pontuais. “Nestemomento, não se sabe qual será o futuro daCena Lusófona”, confessa Augusto Barros.

Em 1995, surgia um projecto para dinami-zar o movimento cultural na Comunidade dePaíses de Língua Oficial Portuguesa (CPLP),através de programas de formação, coope-ração e investigação. O Ministério da Cultu-ra, o Ministério dos Negócios Estrangeiros(através do Instituto Camões) e a CâmaraMunicipal de Coimbra (CMC) eram as entida-des inicialmente responsáveis por dar conti-nuidade à instituição entretanto criada. Oapoio da CMC passava apenas pela cedênciade um espaço para sede da Cena Lusófona,que seria um edifício no Pátio da Inquisição.

Hoje, a organização sobrevive sem qual-quer apoio estatal e não sabe se vai receberfinanciamento no próximo ano. O presiden-te da direcção lamenta ainda o facto de“chegar ao final de 2006 com a equipa pro-fissional a desfazer–se”.

Por sua vez, a sede instalada na Rua An-tónio José de Almeida não foi cedida pelaCMC, sendo a própria instituição a suportaros encargos relativos ao arrendamento emanutenção do espaço. Augusto Barros afir-ma ainda que o projecto arquitectónico doPátio da Inquisição está concluído, e que “aconstrução podia ter início imediatamente,desde que a autarquia quisesse”.

Questionado sobre a razão do atraso doprojecto, o vereador da Cultura da CMC, Má-rio Nunes, declarou “não ter informação so-bre as obras”, mas que “tudo está pendentedevido à situação do Teatro da Cerca de SãoBernardo”, também situado no Pátio da In-quisição. O teatro começou a ser construídoem Junho de 2003 para ser residência daEscola da Noite, da qual Augusto Barros édirector artístico. Contudo, até hoje não foientregue à companhia.

Em relação ao futuro da Cena Lusófona,Augusto Barros acredita que o projecto nãovai morrer, mas “vai parar ou passar a serfeito a outra velocidade, que não tem nadaa ver com os dez anos de trabalho da insti-tuição”. Segundo o presidente da direcção, aentidade devia ser excepção aos cortes nacultura por parte do ministério, visto que “éum projecto em continuidade e o único emPortugal a trabalhar no domínio da interna-cionalização”.

A Cena Lusófona tem apostado em cam-pos de actuação diversificados, realizandociclos de co–produções com a CPLP e umfestival rotativo nos países lusófonos de tea-tro, dança e música, conhecido por “Esta-ção”. Paralelamente, investe no sector daedição, publicando a revista “Sete Palcos” eo jornal “Cena Aberta”. A instituição desen-volve ainda iniciativas de formação cultural -de que são exemplo os estágios internacio-nais de actores - e criou centros de inter-câmbio teatral na maioria dos países daCPLP.

“A política da autarquia é cega”A falta de investimento na cultura é uma

das críticas que o presidente da direcção daCena Lusófona faz ao Governo e, em parti-cular, à CMC. Augusto Barros considera que“qualquer instituição profissional que tenhade viver de fundos públicos está permanen-temente em risco”.

Relativamente à cultura em Coimbra, opresidente da direcção da Cena Lusófonaafirma que “a política da autarquia é cega”.Barros critica a CMC por não desenvolverum diálogo com o poder central, mesmoquando o Governo o estimula, e sublinhaque “a cultura não é aproveitada para dina-mizar a economia”.

“A política autárquica está a prejudicar acidade agora, e está a comprometer o seufuturo”, declara o presidente, lembrandoque “Coimbra poderia ser o centro de exce-lência do país na formação para as artes”.Augusto Barros assegura que nunca viu ne-nhum país sair de uma grande crise sem acultura.

A actual sede da Cena Lusófona é arrendada e as despesas estão a cargo da própria instituição

O Centro de Documentação e Informação(CDI) da Cena Lusófona constitui “uma dasprincipais vertentes do trabalho da instituição”,sublinha o presidente da direcção da entidadepara o intercâmbio teatral. O CDI organiza umacolecção de publicações periódicas, livros, fo-tografias, cassetes vídeo e outros materiais re-lativos à CPLP. Segundo Augusto Barros, oacervo mais importante é a documentação fo-tográfica, que conta com mais de 5 mil registos.

O CDI tem “a melhor e mais actualizada bi-

blioteca de teatro do país” e está disponível aopúblico para consulta local ou on–line. Contu-do, o centro não está tão aberto como gostariao presidente da Cena Lusófona, que critica aCMC pela falta de atenção dada ao projecto.Augusto Barros defende que só uma melhoriadas condições materiais, nomeadamente umanova sede, possibilitaria um maior acesso aocentro de documentação. Mas, como sublinhao presidente da instituição, o futuro do CDI de-pende do próprio futuro da Cena Lusófona.

Centro de Documentação e Informação em dificuldades

Violent Femmesde novo emCoimbra

Marta CamposSalvador Cerqueira

Os Violent Femmes regressam à cidadeuniversitária na próxima sexta–feira, numaactuação que encerra a digressão do grupoem Portugal. Sean Riley é a banda portu-guesa encarregue da abertura do concerto.

Após o concerto na Festa das Latas e Im-posição de Insígnias 1997, os norte–ameri-canos marcam presença no Pavilhão daAcadémica – OAF na noite de 24 de Novem-bro, pelas 21h30.O grupo é responsável pe-la criação do estilo “folk punk” acústico. Osseus três elementos, DeLorenzo, Ritchie eGano, distribuem–se por percussão, baixo,voz/guitarra, respectivamente.

O membro da produção do evento, TiagoCorreia, estabelece um paralelismo com aúltima vinda da banda a Coimbra. “Pode ha-ver diferenças entre as duas actuações, vis-to que, em 1997, os Violent Femmes esta-vam no topo, mas o grupo merece regres-sar com um concerto tão bom ou melhor”.

A banda norte – americana editou oito ál-buns, entre os quais “The Blind Leading theNaked” (1986), “Why Do Birds Sing”(1989), que inclui uma nova versão do clás-sico “Do You Really Want to Hurt Me”, e oálbum “Add It Up” (1993), que reúne temasinterpretados pelos Violent Femmes desde aformação da banda, em 1981.

Em 1999, o vocalista do grupo colaboroucom os portugueses Ornatos Violeta, aoparticipar na música “Capitão Romance”.

Nos dois dias que antecedem o espectá-culo em Coimbra, os Violent Femmes pas-sam pelo Cinema Batalha, no Porto, e peloColiseu dos Recreios, em Lisboa.

A primeira parte do concerto está a cargoda banda conimbricense Sean Riley, com-posta por Afonso Rodrigues (voz e guitar-ra), Bruno Simões (percussão, guitarra eharmónica) e o ex–Bunnyranch Filipe Costa(órgão e piano).

O grupo português estreou–se em Março,no Teatro Académico de Gil Vicente, e pla-neia agora uma digressão para apresentar oseu trabalho.Tiago Correia define o som dosSean Riley como “muito próximo dos ViolentFemmes”.

A organização conta com a presença decerca de 1500 pessoas no Pavilhão da Aca-démica – OAF, embora reconheça que osViolent Femmes não são hoje tão conheci-dos como nos anos 80.

A Livraria Almedina, a Livraria Bertrand,as lojas Fnac, o Bar Quebra Costas e oShmoo Café são alguns dos locais onde sevendem os bilhetes. O preço é de 20 euros,à excepção do dia do concerto, em que ovalor ascende aos 25 euros.

Cena Lusófona em riscoFAUSTO MOREIRA

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O Ballet Imperial Russo estáem digressão por Portugal echega ao TAGV dia 29 com

uma história natalícia

Marta CostaFrançois Fernandes

Ana Margarida Gomes

Pela primeira vez no país, a companhiade bailado russa passa por Coimbra, com“O Quebra–nozes”, de Tchaikovsky. O es-pectáculo, que o Teatro Académico de GilVicente (TAGV) recebe, dia 29 de Novem-bro, às 21h30, já se encontra esgotado.

Apesar de todos os anos por esta alturahaver em Portugal uma adaptação parabailado deste conto de Hoffman, “é a pri-meira vez que esta companhia vem a Por-tugal e essa será a grande novidade”, sub-linha o produtor do espectáculo, CarlosMaia. “Por ser uma grande companhia, oespectáculo será do agrado das pessoas”,acrescenta o produtor.

“O Quebra–nozes”, considerado um dosgrandes bailados do reportório clássico, éum conto de Natal, estreado pela primeiravez em Dezembro de 1892, no teatro rus-so Mariinsky. A narrativa retrata a históriade Clara, uma menina que recebeu umquebra–nozes como prenda de Natal.“Acolhemos esta peça clássica no teatroacadémico porque tem um apelo muitopopular”, realça o director do TAGV, Ma-nuel Portela.

O Ballet Imperial Russo, fundado porMaya Plisetskaya, considerada a segundamaior bailarina de todos os tempos, vai es-tar em Portugal durante cerca de um mês.

Figueira da Foz, Lisboa, Covilhã e Portosão os pontos de passagem do espectácu-lo antes da visita à cidade dos estudantes.A digressão internacional prossegue de-pois por países como Espanha, Alemanha,Holanda, Bélgica, Luxemburgo, França eCroácia.

A equipa é composta por 80 pessoas, in-cluindo técnicos, solistas e 60 bailarinos.“As crianças, que a companhia traz, dãoao bailado aquela nuance natalícia”, men-ciona Carlos Maia.

“Cinderela” em JaneiroA apresentação de “O Quebra–nozes” no

TAGV “corresponde à intenção do teatrode ter alguma programação de dança”, re-fere Manuel Portela. Questionado sobre ascondições que o teatro oferece para a rea-lização de semelhantes eventos, o directordo TAGV foi peremptório ao afirmar que “oteatro está suficientemente bem equipadoa nível técnico para acolher praticamentetodos os tipos de espectáculo”.

O dirigente lamenta não poder ofereceraos espectadores uma programação dedança mais intensa, devido às “condiçõesfinanceiras actuais”, mas confirma para Ja-neiro o espectáculo de bailado clássico“Cinderela”, do Ballet Jovem da Ucrânia.

“O Quebra–nozes” antecipa Natal

Coimbra “Busca-Pólos”

O Pavilhão Centro de Portugalrecebe até 7 de Janeiro do

próximo ano uma exposição dearte contemporânea,

“Busca–Pólos”, que tem a assinatura de 14 artistas

Rui BarbosaJoão Pimenta

À entrada do pavilhão, a sobriedade doedifício contrasta com o ambiente que seapresenta a seguir, criado por “Busca–Pó-los”. Dispersa por dois andares e por umespaço exterior, a exposição patente no Pa-vilhão Centro de Portugal tem a liberdadecriativa como única característica comum

entre as diferentes obras. Co–produzidopelo Centro Cultural Vila Flor e pelo Museude Arte Contemporânea de Serralves, oprojecto constitui a segunda parte de umtrabalho que pode ser também apreciadono Palácio Vila Flor, em Guimarães.

A iniciativa conta com a participação de14 artistas e aborda sete temas diferentes,intimamente ligados ao homem, envolven-do o aspecto ecológico, situações da vidaquotidiana e agrícola, entre outros. Expres-sas através das artes plásticas, vídeo arte,performance e banda desenhada, as temá-ticas desenvolvidas “relacionam–se com aprópria arquitectura do edifício, pois os ar-tistas vão–se distribuindo pelo espaço”,sublinha o vereador de Cultura da CâmaraMunicipal de Coimbra (CMC), Mário Nunes.

A procura de uma maior sensibilização do

público através da aposta na diversidadede artistas vai ao encontro dos objectivosda autarquia. “A partir de exposições maisdiversificadas, procuramos chamar a aten-ção para uma arte que ainda não é a pre-ferida pela maioria das pessoas”, assinalaMário Nunes.

Quando questionado acerca da participa-ção do Museu de Serralves na realização daexposição, o vereador da Cultura da CMCmostra–se categórico: “Serralves trata uni-camente da montagem do evento. A partirdaí a exposição é sempre nossa e assumi-mos uma parte das despesas”.

Segundo Mário Nunes, o principal moteda exposição “Busca Pólos” funda–se naafirmação plena da juventude e da criativi-dade dos poucos autores que enveredampela arte contemporânea.

“O Quebra-nozes” de Tchaikovsky traz ao TAGV mais de 60 bailarinos

Em Palco

Reis e Rainhas “au siècle XXI”“As Três Rainhas Magas” TeatrãoMuseu dos TransportesAté 30 de Dezembro,com sessão especial a 6 de Janeiro

Era uma vez a mesma história que noscontaram quando éramos crianças. É Natal,e os três Reis Magos são guiados por umaestrela até ao local onde nasceu Jesus. Le-vam como oferendas ouro, incenso e mirra.Até aqui, nada de novo, não fosse o factode Belchior, Gaspar e Baltazar terem mulhe-res. E é com a introdução destas novas per-sonagens que começa a complicação!

As três rainhas magas, Grimpa, Mecha eRedepente, passam a vida a trabalhar e acozinhar para os maridos. Em palco, elas la-vam roupa, arrastando-a pelo chão, sacu-dindo-a, e o ritmo desta dança introduz amúsica e a animação que vai percorrer to-da a peça. “Bailes e festas são coisas de ho-mem. É sempre assim”, protestam as rai-nhas, fartas de estarem sozinhas e nuncairem para a farra com os maridos. É entãoque decidem: “Onde vai o boi, vai a vaca”,e lá vão elas para Belém, mas de girafa,porque os homens tinham esgotado a frotade camelos. De presente ao Deus menino,levam alimentos para cozinhar um manjar,e assim tem origem a ceia de Natal.

Mas o Teatrão não apresenta apenas umanova versão da história com novas persona-gens. O texto homónimo da dramaturga eguionista brasileira Renata Pallotini serve deponto de partida a um espectáculo que seaproxima do musical, com canto e dança. Ohumor, esse, está sempre presente, masnão impede que se abordem questões maissérias, como a emancipação das mulheres(tão desejada pelas rainhas magas) ou asdiferenças entre culturas (bem visíveis nosreis magos e respectivas mulheres).

Escandalosas e alegres, as rainhas magasperdem o estatuto real: são apenas “mu-lheres que estão fartas de estar em casa equerem ir às festas a que os reis vão”, co-mo dizia a Inês, uma das muitas criançasque assistiram à peça. Por sua vez, os reismagos parecem pouco sérios e gostam é defolia e de comer. As distintas culturas a quepertencem estão caricaturadas na sua ma-neira de vestir, de estar e de falar.

À velha história que toda a gente conhe-ce se insufla assim uma nova vida, trazen-do-a para mais perto de cada um de nós edo nosso mundo. Definitivamente, merecemais do que uma etiqueta de espectáculopara a infância. A menos que já tenhamosperdido definitivamente a capacidade deser criança, não há como evitar sair do Mu-seu dos Transportes com um sorriso estúpi-do na cara.

Ana Rita Faria

D.R.

CULTURA21 NOVEMBRO DE 2006 - A CABRA

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“O Novo Mundo”New Line Cinema

2006

7/10

Era uma vez na América

Foi a oportunidade para começar de novo. Oseuropeus buscavam as riquezas das Índias masencontraram um continente pelo meio, a Amé-rica.

Ao local que os ingleses entenderam por bemcolonizar deram o nome de Jamestown, paraglória de seu rei Jaime I. E o que se pode dizerdo sítio que escolheram, na foz do que viria aser o rio Potomac, é que se tratava de um pân-tano infestado de mosquitos sem caça nemágua potável. Grande parte dos colonos não re-sistiu às febres e disenteria que rapidamenteassolaram a povoação. Quando o soldado JohnSmith, um colono particularmente desordeiro,sai numa expedição em busca de mantimentos,logo é capturado por tribos índias locais e feitoprisioneiro. O cárcere logo teria sido assassina-do não tivesse sido pela compaixão que inspi-rou na adolescente Pocahontas.

Foi este o fulcro da história que inspirou Ter-rence Malick, realizador do sublime “A BarreiraInvisível”, a escrever o argumento e a realizar asua mais recente longa–metragem. E são mui-tos os pontos de contacto entre os seus dois fil-mes.

Em ambos, a câmara segue os personagensprincipais em paisagens de superlativa beleza,enquanto que no mundo que os rodeia tudo pa-rece ruir. No caso deste “Novo Mundo” acom-panhamos o percurso de Pocahontas(Q’Orianka Kilcher) e Smith (Collin Farrel) à me-dida que se apaixonam um pelo outro na belapaisagem americana. O excelente elenco contaainda com o veterano Cristopher Plummer ecom Christian Bale.

O brilhante trabalho de fotografia e uma com-petente banda sonora onde podemos ouvirobras de W. Amadeus Mozart e Richard Wagnerajudaram o filme a cotar–se como um dos me-lhores de 2005.

A edição de DVD conta com um extenso“making of” do filme, onde são descritos exaus-tivos pormenores que vão desde a recriação dapovoação de Jamestown, ao vestuário de épo-ca e aos costumes dos índios locais. Faltam, tal-vez, as opiniões do realizador e dos membrosmais importantes do elenco acerca do conteú-do do filme.

Estamos, por fim, na presença de uma exce-lente obra cinematográfica e, sobretudo, deuma valiosa reconstituição histórica. A não per-der.

Sérgio Miraldo

DV Vê-se

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ARTES...Cinefilia

Marie–Antoinette ou a arte da futilidade

Se Maria Antonieta vivesse hoje como seria ela? Umarapariga insípida e fútil do género da Paris Hilton? É apergunta que podemos formular após ter visto o novofilme de Sofia Coppola. O retrato que a realizadora pro-põe da rainha (Kirsten Dunst, “Homem Aranha”), que“perdeu a cabeça” durante a Revolução Francesa, cor-responde a uma adolescente simpática e em mal de ter-nura cujas principais preocupações durante anos foramorganizar festas, comprar roupa e sapatos e dar umherdeiro ao Rei Louis XVI (Jason Schwartzman, “Psico-detectives”), que aparentemente demorou bastantetempo para descobrir o gosto pelas relações carnais.

Como se de uma estrela pop de MTV se tratasse, So-fia Coppola faz da rainha uma coquette, uma heroína li-bertina e simples que sofreu demasiado da frieza e dahipocrisia da corte de Versalhes, como poderia sofrer daimprensa sensacionalista se vivesse hoje em dia. Foi es-

sa corte que fez de uma adolescente sensível a rainhaMaria Antonieta, aquela que desenvolve todos os seuscharmes para seduzir não só os seus contemporâneos,mas também os telespectadores com quem brinca in-cessantemente, trocando olhares insolentes. Preocupa-da apenas com o seu próprio prazer e o prazer das suasamigas, a rainha dilapida o dinheiro da coroa evoluindonum fundo musical onde ligeiras canções pop acompa-nham os momentos mais felizes, e o barroco coroa osmomentos mais tensos.

Sofia Coppola contenta–se em observar através deplanos contemplativos a vida hipócrita da corte. Não háefeitos de câmara supérfluos. Estamos apenas a assis-tir à vida de uma mulher moderna que não tinha sidopreparada para reinar, a quem ninguém ensinou qual iaser o seu papel político. Já conhecemos o fim da histó-ria. É pena não a termos seguido até ao seu fim.

Laura CazabanClassificação: 4 em 5 iooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooouuuu

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Maria Antonieta / Sofia Coppola

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“Days change, seasons change, people don’t change.”

É um preconceito comum acreditar na imutabilidadedas pessoas, no fatalismo das nossas escolhas e na ine-vitabilidade do destino. Os filmes de acção raramentefogem a essa premissa, mas quando fogem, ganhamuma nova dimensão: ambiguidade moral. Um exemploseria “Infernal Affairs” (mais que o remake “The Depar-ted”), onde duas personagens atormentadas pelas suasescolhas mudam a direcção das suas vidas, num autên-tico tango moral… tal como em “16 Blocks”.

Temos Bruce Willis, um polícia velho e alcoólico, quemais parece um colosso quebrado tempo e pelo vícioque propriamente um agente da lei, e o seu espelho,Mos Def, um tagarela ingénuo, condenado à prisão, queplaneia dar a volta à sua vida denunciando vários polí-cias corruptos. Quando David Morse, antigo parceiro deWillis (que tresanda a corrupção) tenta assassinar Def,

Willis, coxo, bêbedo e cansado da vida, tem um volte-–face e salva-o. Incompatibilizado com o amigo, resta-–lhe levar Def ao tribunal a tempo da audiência, viajan-do ao longo de 16 longos quarteirões, com toda a es-quadra da polícia atrás deles.

O conceito é reminiscente dos filmes de McTiernan ,colocando a dupla numa situação improvável e comple-xa, cheia de ‘twists’ e acção qb. Mas onde McTiernan vêacção, Richard Donner vê emoções e dilemas, encarna-dos soberbamente por Willis e Def, cujas interpretaçõesfariam corar de vergonha uma certa dupla de rapazeslouros. Donner mostra-se perito em ser comedido, sim-ples e directo, acertando no âmago do filme: a reden-ção moral. Falta aqui o virtuosismo de Scorcese e a suaextensa cultura cinéfila, mas para compensar há umahistória simples e terna sobre homens que procuram aredenção. Quantos filmes de acção são capazes disso?

Rui Craveirinha Classificação: 5 em 5

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16 Blocks / Richard Donner

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À cabeceiraBeck – Informação hip hop

Já lá vão doze anos desde que Beck se estreounas lides musicais, com “Mellow Gold”. Depois demomentos menos bem conseguidos, com as ediçõesde “Guero” e de “Guerolito” – este último, um discode remixes –, o regresso do músico não poderia tersido melhor.

O novo álbum, “The Information”, lembra os pri-meiros tempos de carreira de Beck, em que juntavahip hop, electrónica e guitarras acústicas. Mas a suasonoridade é, ao mesmo tempo, totalmente fresca.A prová–lo estão os singles “Cellphone’s Dead” e“Nausea”, bem como a faixa de abertura – “ElevatorMusic” –, em que as canções têm um sentido pop’,porém estão repletas de elementos hip hop.

Apesar da mistura de estilos musicais presente,podemos considerar que ‘The Information’ é um ál-bum conceptual dos tempos modernos, daquelesque ouvimos do início ao fim como uma só ‘obra’.Existe um fio condutor a ligar todas as canções, namaior parte das vezes através de pequenos ‘riffs’. Seouvirmos faixas como “Cellphone’s Dead” ou “Horri-ble Fanfare/Landslide/Exoskeleton”, podemos detec-tar nelas um padrão sonoro idêntico. Há uma inter-ligação, uma coerência.

Além dos 15 temas em ‘CD’ áudio, a embalagemde “The Information” contém vários autocolantes,que nos dão a oportunidade de construir o nossopróprio ‘artwork’. Também é de salientar o ‘DVD’ ex-tra, que contém videoclips caseiros, feitos pelo pró-prio Beck, para todas as canções. A excelência des-te novo disco passa igualmente por essa junção doconteúdo da embalagem com o som e a imagem.

Podemos considerar Beck o ’camaleão’ dos tem-pos modernos. Ouça–se o já falado “Sea Change”, oexcelente “Odelay” e a obra prima que é “The Infor-mation”. Falamos de três discos diferentes em quecada um contém uma essência muito própria. Tal sómostra que o autor de “Loser” marca, cada vezmais, a diferença, com a sua magnífica escrita decanções.

Rui Maia

PAULA MONTEIRO

...FEITAS

Nobel da Literatura 2006

Orhan Pamuk (Istambul, 1952) foi o escritorgalardoado, este ano, com o Nobel da Literatura.Ainda que com obra traduzida em várias línguase detentor de vários prémios internacionais de li-teratura, só temos, em português, por enquanto,as traduções de “A Cidadela Branca” e “Os Jar-dins da Memória”, obras de referência que cata-pultaram a fama do autor para fora das frontei-ras da Turquia.

“A Cidadela Branca” narra a história de um jo-vem italiano, cristão, que, numa viagem entreVeneza e Nápoles, foi capturado pelos turcos,tornando–se escravo. De molde a furtar–se aopeso das grilhetas, o jovem faz uso das suas lei-turas para se passar por médico, gozando de umtratamento especial em oposição aos igualmenteescravos. Após algumas peripécias, o jovem tor-na–se escravo de Hojas, um sábio a quem cha-mam Mestre, e que requer do jovem um serviçoespecial: que este lhe ensine tudo o que sabe,desde a pirotécnica à cosmografia, em troco daliberdade…mas, tal como nos mostrava Hegel,depressa o escravo se torna senhor do Mestre.

Ambos, jovem e Mestre, partilham a mesmasede de saber mas, também, a própria fisiono-mia, semelhanças essas que darão origem a umabusca entre os dois da sua própria identidade,não tanto a cultural, mas a da própria individua-lidade, enquanto seres humanos, obrigando am-bos a uma exposição ao outro das suas memó-rias, segredos e defeitos, exposição essa redigi-da frente–a–frente, num trabalho disciplinado epenoso, imposto pelo Mestre.

Escrito numa linguagem equilibrada, simples eapaixonante, quer pela própria trama, quer pelasatmosferas quase míticas pelas quais nos deixa-mos, facilmente, levar, “A Cidadela Branca” pare-ce ser, sobretudo, uma tentativa de dizer da re-lação inter–cultural; relação essa, contudo, me-nos importante do que o diálogo sobre o huma-no, que transcende qualquer pátria ou credo,que nos assemelha mais do que distingue.

É o humano e a procura da efectivação da li-berdade democrática, aliás, o sentimento, queparece animar Orhan Pamuk, tanto em relaçãoao seu percurso biográfico, quanto à sua escrita.

Andreia Ferreira

BeckThe Information

Geffen, 2006

9/10

Orhan PamukA Cidadela Branca

Editorial Presença, Lisboa, 2006 (2 ed.)

10/10

11000000 PPAALLAAVVRRAASS

No ouvido...

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Pensar a Cultura na ComunicaçãoJornalistas e agentes culturaisreúnem–se em Coimbra para

reflectir a relação entre osmedia e a produção cultural

Ana Bela FerreiraSofia Piçarra

Coimbra recebe, hoje e amanhã, a quar-ta edição dos “Colóquios de Outono”, sub-ordinada ao tema “Cultura e ComunicaçãoSocial”. O evento, organizado pela Reitoriada Universidade de Coimbra (UC) e peloInstituto de Estudos Jornalísticos (IEJ) daFaculdade de Letras da UC, decorre no au-ditório da Reitoria, e tem entrada livre.

A sessão de abertura está a cargo do mi-nistro dos Assuntos Parlamentares, Augus-to Santos Silva, que tutela actualmente aComunicação Social e foi responsável pelapasta da Cultura, num dos Governos deAntónio Guterres. A participação do minis-tro pretende trazer a “voz do Governo”, co-mo explica o pró–reitor para a cultura daUC, João Gouveia Monteiro.

A tarde prossegue com uma mesa re-donda, onde vão estar presentes os jorna-listas Ana Sousa Dias, da RTP, Carlos VazMarques, da TSF, Torcato Sepúlveda, doDiário de Notícias e Lídia Pereira, do DiárioAs Beiras. Gouveia Monteiro justifica a es-colha destes nomes com a intenção de ou-vir “jornalistas que fazem cultura na rádio,na televisão e nos jornais”, não só numaperspectiva nacional, mas também a nívelregional.

A directora do IEJ, Isabel Ferin Cunha,esclarece que esta é uma “tentativa dealiar o jornalismo cultural e as grandes re-flexões realizadas a nível nacional sobre acultura, assim como as de carácter maisregional”. A docente, que vai moderar a

sessão, acrescenta que se pretende um“debate entre as duas formas de entendera cultura e a sua relação com os media”.

Antecipando a discussão, o ministro Au-gusto Santos Silva sublinha a “importânciae responsabilidade dos media na promo-ção da cultura”, e considera que estes têm“um contributo decisivo, nas áreas da edu-cação, formação e entretenimento”. Naopinião da jornalista Lídia Pereira, “os jor-nais generalistas não têm a pretensão deaprofundar questões e matérias que têmlugar em revistas de especialidade”, masressalva que “a divulgação é fundamental,porque é a primeira ligação com o públi-co”.

O segundo dia é dedicado a “individuali-dades da cultura que têm uma intervençãoregular na comunicação social”, como es-clarece o pró–reitor. Francisco José Viegas,da Casa Fernando Pessoa, José Carlos Vas-concelos, do Jornal de Letras e da revistaVisão e Manuela Ventura, do Diário deCoimbra, constituem o leque de convida-

dos, que conta ainda com o Provedor daTelevisão, José Manuel Paquete de Olivei-ra. Gouveia Monteiro comenta a presençadeste último, pelo facto da sua “função seruma novidade em Portugal”, mas tambémpelo empenho de Paquete de Oliveira “emtransformar as coisas no sentido positivo,do ponto de vista do acolhimento que oscanais públicos portugueses possam dis-pensar à cultura”. A encerrar o colóquio, oantigo ministro da Cultura, Manuel MariaCarrilho, dará uma conferência com o te-ma “A Comunicação da Cultura e a Culturada Comunicação”.

Ainda hoje, dia 21, é inaugurada às 18horas, uma exposição de fotojornalismo,da autoria de Sérgio Azenha, patente naSala do Exame Privado, planificada de for-ma a ser uma reflexão de imagens sobreas reportagens de cultura em Coimbra en-tre 2003 e 2005.

Está também previsto um recital de can-to e piano, com reportório de Mozart, a de-correr na Biblioteca Joanina, pelas 21h30.

“Caixa mágica” celebra 80 anos

Carla Santos

Comemora–se hoje, 21 de Novembro, oDia Mundial da Televisão. A efeméride foicriada pela ONU durante a realização doFórum Mundial sobre Televisão, em 1996,e desde então é celebrada um pouco portodo o globo.

A história da caixa que mudou o mundocomeça em 1926, pela mão do escocêsJohn Logie Baird, da Academia de CiênciasBritânicas, em Londres, com a transmissãodas primeiras imagens.

Em Portugal, o primeiro canal de televi-

são, denominado Rádio Televisão Portu-guesa (RTP), surge em 1955 e começa aemitir em 1956 a partir na Feira Popularem Lisboa.

A RTP, televisão estatal, esteve ao servi-ço do regime ditatorial vigente em Portugalnos anos 30 até ao seu final. Em 1968, omonopólio da televisão do estado torna–sedual com a criação de outro canal, a RTP2.

A abertura do sector televisivo à iniciati-va privada é possível com a revisão daconstituição portuguesa em 1980. O pri-meiro canal de televisão privado, SIC (So-ciedade Independente de Comunicação),nasce 12 anos depois, em 1992 pela mão

de Francisco Balsemão. No ano seguinte,surge mais uma estação privada, a TVI,Televisão Independente. Ambos os canais,TVI e SIC, de natureza generalista, conti-nuam a ser os únicos canais privados noespectro televisivo português.

A directora do Instituto de ComunicaçãoSocial faz o balanço da história da televi-são, e conclui que, volvidos oitenta anos,“a televisão mudou muito”. Teresa Ribeiroacrescenta que o acesso à televisão porsatélite, através da Internet, e até pelo te-lemóvel, “introduziu mudanças no sector ealterou importantes hábitos de consumotelevisivo”.

A relação entre media e Cultura é tema de debate nos dias 21 e 22 em Coimbra

DANIEL PALOS

MEDIA22A CABRA - 21 NOVEMBRO DE 2006

A Webinteligente

Vítor está prestes a escolher um cursosuperior. Sabe que quer Farmácia, masnão se decidiu pela instituição a fre-quentar (embora saiba que não que irpara uma cidade grande). Tem uma mé-dia de 16 e não tem certeza se será osuficiente. Abre o seu motor de buscapreferido e introduz: “A que cursos deFarmácia em cidades pequenas ou mé-dias me posso candidatar com uma mé-dia de 16?”. O motor de busca interpre-ta a pergunta e devolve uma lista das li-cenciaturas que correspondem aos crité-rios definidos.

Este cenário não é possível hoje, masfaz parte das previsões dos muitos quepensam que a Web evoluirá para umafase inteligente, capaz de interpretar alinguagem humana, bem como de com-preender os dados que hoje estão espa-lhados por milhões de sites.

Actualmente, uma pesquisa devolvedezenas de resultados desnecessários.Isto acontece porque os computadoresainda não conseguem interpretar a in-formação existente numa página Web.Pelo contrário, o cérebro humano é, porexemplo, capaz de associar, num site,uma fotografia de um casaco a um nú-mero que lhe está próximo e perceberque esse número é o preço do casaco.

Numa Web semântica – uma Web emque os dados têm significado para oscomputadores - estes serão capazes defazer, entre muitos outros tipos de aná-lise, que um dado conjunto de númerosrepresenta o preço de um determinadoitem. A Web tornar–se–ia, assim, numagigantesca e organizada base de dados.

É claro que ficarmos por aqui no quea uma Web inteligente diz respeito épouco. Com a proliferação de sites depublicação pessoal, com o crescimentodas redes sociais online - onde os ciber-nautas desenrolam as suas vidas e lis-tam todo o tipo de preferências e inte-resses pessoais - com sites que registamos hábitos de consumo, uma Web verda-deiramente inteligente faria com que Ví-tor introduzisse simplesmente “curso”numa versão futurista e ampliada dosactuais motores de busca.

O computador analisaria todos os da-dos da vida de Vítor e, de seguida, com-parava–os com as licenciaturas existen-tes, apresentando as “melhores”opções.

João Pedro [email protected]

Comentários e críticas podem ser deixadosem http://engrenagem.jppereira.com

Zeros e uns

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VIAGENS 2321 NOVEMBRO DE 2006 - A CABRA

InformaçõesAlojamentoPara quem quiser usufruir de alojamento,

existe uma panóplia de opções, embora nãose situem todas na aldeia de Piódão, devidoà sua ruralidade. O INATEL Piódão é talveza melhor opção para quem pretende deixaros transportes de lado e caminhar pela re-gião. Oferece uma estadia com preços quevariam entre os 10 e os 20 euros. Informa-ções extra encontram-se no número 235730 100. Outra opção é a Casa da Padaria,uma pequena habitação de turismo rural,no meio da povoação. O número é o 235732 773. Para quem preferir estadia numavila, com acesso a serviços públicos varia-dos, Coja será uma opção. Está situada per-to de Piódão, e os acessos estão bem sina-lizados. Poderá ficar no parque de campis-mo, a preços acessíveis. Para uma estadiamesmo no centro da vila, a Residencial Vic-tocális situa–se na rua Conselheiro AlbinoFigueiredo, e o número de telefone é 235729 383. A Mata da Margaraça não dispõede qualquer tipo de alojamento.

GastronomiaA gastronomia da região da Beira Serra é

muito variada, pode deliciar–se em qual-quer restaurante típico, com uma sopa ser-rana, um caldo de panela, migas de baca-lhau, açorda de bacalhau com tomate e ca-brito assado no forno.

ClimaNa Beira Serra os Invernos são chuvosos,

acumulando–se nuvens baixas de nevoeiro.Esta situação provoca baixas temperaturas,no ar e no solo, e a humidade aumenta. EmJaneiro e Fevereiro as geadas raramentedesaparecem. No Verão, o termómetro re-gista temperaturas muito elevadas.

Descrição do concelhoPiódão, concelho de Arganil, situa–se na

Beira Serra, uma região predominantemen-te montanhosa. O concelho é essencialmen-te agrícola, onde se produz, principalmente,milho, batata, azeite e vinho. A árvore do-minante é o pinheiro, o que permite a in-dústria de resinagem, a serração, a carpin-taria e a indústria de móveis. Do ponto devista económico, as actividades mais impor-tantes são a indústria têxtil, a marcenaria ea cerâmica, que empregam a maior partedos habitantes.

Classificação da aldeia do PiódãoA aldeia histórica, classificada como Imó-

vel de Interesse Público, é uma das 18 fre-guesias do Concelho de Arganil e conta com12 aldeias. Estima–se que, por volta do sé-culo XIII, surgiu um pequeno povoado querecebeu o nome de Casas Piódão. Posterior-mente foi transferido para a sua actual loca-lização, em virtude da instalação de ummosteiro Cister, Abadia da Ordem de SãoBernardo, do qual não restam vestígios.

As ruas sinuosas da aldeiapatrimónio e o verde intenso

da Mata da Margaraçalevaram A CABRA à

descoberta de mais um pontoda Beira Interior.

Por Cátia Monteiro

Cheguei a Piódão ao cair da tarde, apósserpentear os caminhos sinuosos de xisto,cartão de visita da Serra do Açor.

A aldeia surgiu aos meus olhos comouma aguarela de Outono. As casas, dis-postas em cascata, parecem ter sido se-meadas nos socalcos de uma povoação es-quecida no mapa.

As vestes são negras como as casas, ounão fosse a maioria dos seus habitantesvelhos camponeses que nunca quiseramabandonar a aldeia onde nasceram e queparece nunca ter sido diferente.

O céu carregou–se de nuvens e aos pou-cos deixa–se de ouvir o burburinho nosatalhos, avizinha–se uma tempestade e aspessoas correm a abrigar–se no confortodas suas casas.

Nas ruas, o silêncio, em cada casa, umaluzinha perpassa a janela e denuncia umanoitecer cerrado. É entre o lusco–fuscoque a aldeia ganha vida, e vista assim deperto, não faz lembrar senão um presépiode xisto, com musgo e pedrinhas gentil-mente dispostas em fila.

A chuva parece ter quebrado o silêncio,e os relâmpagos rasgam o céu, iluminan-do-o como se não houvesse noite. O queparece fazer algum sentido, numa aldeiaem que acordar cedo é para todos um ri-tual.

Não podia ser diferente, uma vez que aalvorada é feita ainda com o relógio daIgreja Matriz, uma igreja caiada de branco,um branco de neve que sobressai no meioda povoação de xisto, juntamente comconstruções mais recentes de telhados ce-râmicos, que destoam na tela cinzenta.

O dia amanhece dourado, mas o frio quese faz sentir é visível em cada chaminé fu-megante, onde ainda se faz café de pane-la, e as almoçadeiras ainda resistem nasprateleiras toscas.

O ninho de verdura em que está envoltaa serra convida a passear pelas suas ime-diações, onde as surpresas não terminame o encanto cresce a cada passo.

Descendo os degraus talhados na rocha,avistamos vales profundos onde quedas deágua irrompem por entre os silvados ama-relos, e os passos fazem estalar as folhasde um aroma forte que a humidade ajuda

a fixar.A Mata da Margaraça é local de paragem

obrigatória para quem anseia perder–se nocoração da serra do Açor. Povoada poruma imensidão de espécies, que fazem de-la uma floresta encantada, longe das man-chas monótonas de pinheiros e eucaliptos,esta tem para nos oferecer medronheiros ecastanheiros, avelaneiras e azevinhos, lou-reiros e carvalhos, densas camadas de ar-bustos escondidos pelas cerejeiras que ha-bitam a mata há volta de décadas.

É uma paisagem outonal, pintada detons acastanhados, âmbar e vermelho, on-de por vezes temos a sorte de vislumbrargenetas e javalis, que se escondem nasruínas que o tempo se encarregou de frag-mentar.

Os ruídos da mata despertam sensaçõesde calma e tranquilidade, aliados ao senti-mento de segurança que esta nos transmi-te, não fosse ela um tesouro por descobrir,guardada pelo açor, a ave que deu nome áserra, e que paira nos céus com ar majes-toso, procurando movimento que lhe sirvade repasto.

As badaladas do relógio soam ao longe,para trás fica a imensidão de verde, osdias tornaram–se curtos, e as luzes do pre-sépio já se avistam por entre as curvas dasruelas, os troncos de carvalho crepitamnos borralhos dos casebres. As diferençasnão são notórias, não há vestígios de luxú-ria, nem cor nem forma, todas se asseme-lham, e escondem dentro delas uma estru-tura em madeira que nos lembra os contosde fadas, mas esta não é uma aldeia fictí-cia, é um presépio em três dimensões quesaiu das páginas do livro.

Piódão, uma aldeia presépio

As casas de xisto são uma dominante na paisagem da Beira Interior

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D. R.

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Redacção: Secção de Jornalismo,Associação Académica de Coimbra,Rua Padre António Vieira,3000 CoimbraTelf: 239 82 15 54 Fax: 239 82 15 54e-mail: [email protected]

Concepção/Produção:

Secção de Jornalismo da

Associação Académica de Coimbra

Jornal Universitário de Coimbra - A CABRA

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O cantor popular volta aanimar os estudantes estanoite, três semanas depoisde ter marcado presença

na Festa das Latas

João Campos

O pelouro da Cultura da Direcção–Ge-ral da Associação Académica de Coim-bra promove hoje, 21, a partir das23h00, um arraial popular na Cantinados Grelhados. A actuação de LeonelNunes é o ponto alto da festa.

O cantor português, natural da Guar-

da, é conhecido como o “homem dogarrafão”, por actuar com um garrafãode cinco litros de vinho. Leonel Nunestem no seu repertório canções como“Porque não tem talo o nabo”, “Um pe-pino entre os tomates” e “Este sol dePortugal”.

No passado dia 31 de Outubro, o can-tor actuou na última noite da Festa dasLatas, tendo feito a primeira parte doconcerto de Quim Barreiros.

O arraial popular da Cantina dos Gre-lhados vai ainda contar com a participa-ção de DJ’s, que vão animar a noite de-pois da actuação de Leonel Nunes. Aentrada para a festa custa dois euros,com direito a uma bebida.

Leonel Nunes volta a Coimbra

RUI VELINDRO

André Sardetapresenta“Acústico”

No próximo dia 24, o músico natural deCoimbra sobe aos palcos do Teatro Acadé-mico Gil Vicente (TAGV) para apresentar oseu mais recente trabalho gravado ao vivo,“André Sardet -Acústico”.

Em 2006, André Sardet comemora 10anos de carreira com o lançamento do ál-bum “Acústico”. O novo registo inclui 15músicas gravadas ao vivo no TAGV, emCoimbra, e uma nova versão do tema‘Quando eu te falei de Amor’.

Dois anos depois de um disco de platinae o primeiro lugar no Top nacional de ven-das, André Sardet regressa para junto doscúmplices da gravação do seu trabalho.

O músico que ficou conhecido pelo tema“O Azul do Céu”, nem sempre quis escrevercanções e tocar guitarra. Fez parte de umabanda durante a adolescência, mas come-çou a compor por conta própria quando seapercebeu que tinha material para gravarum disco.

Em 1996 editou o seu álbum de estreia, aque chamou “Imagens”. Para além de “Azuldo Céu”, o registo incluiu ainda canções co-mo “Frágil”, “Não Mexas no Tempo” e “UmMinuto de Prazer”.

Sem pressa de atingir as luzes da ribalta,em 2002 começa a compor um álbum auto-biográfico. “André Sardet”, contou com acolaboração de Rui Veloso, Luís Represas eMafalda Veiga, e reuniu letras de alguns dosbons e maus momentos da sua vida.

Jacintano TAGV

Raquel Mesquita

O Teatro Académico Gil Vicente apre-senta amanhã à noite, pelas 21h30, Ja-cinta, a primeira cantora portuguesa agravar com o selo da Blue Note Records(uma das mais conceituadas editoras dejazz do mundo).

Na continuação da tournée iniciada a 4de Outubro e que já esgotou várias salas,Jacinta apresentou o álbum “Day Dream”em Lisboa e Porto. Em Coimbra, Jacintaé acompanhada em palco pelo QuintetoDay Dream.

O seu primeiro disco, que alcançou ogalardão de ouro, colocou-a de imediatoentre as melhores intérpretes portugue-sas de Jazz.

Com um reportório na sua grandemaioria composto por temas de DukeEllington, “Day Dream” apresenta aindaJacinta a interpretar Thelonious Monk,Cole Porter e, pela primeira vez em disco,temas em português. José Afonso (“Can-ção de Embalar”), Tom Jobim (“Luiza”) eDjavan (“Jogral”) foram os autores esco-lhidos a que se juntam ainda quatro ver-sões em português de temas de DukeEllington.

Aclamada na crítica portuguesa, Jacintarecebeu o prémio “Músico Revelação2001” do programa Cinco Minutos de Jazz(Antena 1, desde 1966), e foi ainda refe-rida como ‘A cantora de jazz portuguesa’,por José Duarte.