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EIXO TEMÁTICO 12: RECURSOS NATURAIS, SUSTENTABILIDADE
E APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO
A MINERAÇÃO DE FOSFATO NO MUNICÍPIO DE CATALÃO-GO: IMPACTOS AMBIENTAIS E SÓCIO-ECONÔMICOS.
Flávio Fernandes Faleiro
Especialista em Análise Ambiental e Geoprocessamento - IESA/UFG, Goiânia-GO, [email protected]
Luciana Maria Lopes
Professora Adjunta do Programa de Pós-Graduação em Geografia - IESA/UFG, Goiânia-GO, [email protected]
Nelito Rodrigues de Carvalho Júnior
Tecnólogo em Geoprocessamento – IFG, Goiânia-GO, [email protected]
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A MINERAÇÃO DE FOSFATO NO MUNICÍPIO DE CATALÃO-GO: IMPACTOS AMBIENTAIS E SÓCIO-ECONÔMICOS.
Flávio Fernandes Faleiro
Especialista em Análise Ambiental e Geoprocessamento - IESA/UFG, Goiânia-GO, [email protected]
Luciana Maria Lopes
Professora Adjunta do Programa de Pós-Graduação em Geografia - IESA/UFG, Goiânia-GO, [email protected]
Nelito Rodrigues de Carvalho Júnior
Tecnólogo em Geoprocessamento – IFG, Goiânia-GO, [email protected]
RESUMO: Localizado no sudeste goiano o município de Catalão vem, nos últimos anos, registrando um acelerado crescimento proveniente da atividade de mineração. Catalão, juntamente com o município de Ouvidor, constitui-se num centro de produção mineral com destaque nacional na produção de nióbio e fosfato. O fosfato, amplamente utilizado na agricultura como fertilizante é, através do método de lavra em mina a céu aberto, extraído nos municípios pelas empresas Fosfértil S/A e Copebrás S/A. O presente trabalho objetiva conhecer os aspectos gerais da produção de fosfato e os principais impactos ambientais e sócio-econômicos da atividade no município de Catalão. Para o entendimento de aspectos da produção do minério utilizou-se como exemplo as atividades empreendidas pela Fosfértil S/A. Para realização do trabalho foram examinadas a documentação bibliográfica e cartográfica abrangendo a geologia do fosfato e da sua área de ocorrência, o conhecimento das etapas da sua produção industrial e os impactos ambientais presentes em cada uma delas complementada por breve análise do impacto sócio-econômico da mineração em Catalão. Para subsidiar e ilustrar as análises procedeu-se ao tratamento de imagens de satélites e à validação do observado em campo. Concluiu-se que os principais impactos ambientais da mineração de fosfato relacionam-se à barragem de disposição de rejeitos e à poluição atmosférica causada pelo transporte de particulados afetando a cidade de Catalão, fenômeno agravado pela direção dos ventos. No âmbito sócio-econômico os resultados mostraram, nos últimos dez anos, para o município homônimo, dados de crescimento surpreendentes merecendo destaque o crescimento da população, do emprego formal, do Produto Interno Bruto – PIB e do Índice de Desenvolvimento Humano – IDH. Justifica-se este estudo pela necessidade do conhecimento de realidades ambientais e sócio-econômicas decorrentes da atividade de mineração. Palavras-chave: Mineração, Catalão, Impactos.
ABSTRACT: Located in the Southeast of Goiás, the city Catalão has, in recent years, registered a rapid growth due the mining activity. Catalão with the municipality Ouvidor, is a center of mineral production of national prominence in the production of niobium and phosphate. The phosphate, widely used in agriculture as fertilizer is taken by companies Fosfértil S/A and Copebrás S/A in the municipalities through the method of mining in the open mine. This study aims to understand the general aspects of the production of phosphate and the main environmental and socio-economic impacts of the activity in the municipality of Catalão. To understand aspects of the production of ore was used as an example the activities undertaken by the Fosfértil S/A. To carry out the work the literature covering phosphate geology mapping and its area of occurrence and was escamed, the knowledge of their industrial production stages and environmental impacts in each of them was accompanied by brief analysis of the socio-economic impact of mining in Catalão. To support and illustrate the analysis, the processing of satellite imagery was done and the observed field was validated. It was concluded that the main environmental impacts of phosphate mining are related to the dam of the tailings disposal and air pollution caused by transport of particles affecting the city of Catalão, a phenomenon increased by the direction of winds. Within socio-economic results from the last ten years showed that the city presents a great improvement, with emphasis to the amazing growth of the population, of the formal employment, of the Gross Domestic Product – GDP and of the Human Development Index – HDI. The need of knowledge of environmental conditions and socio-economic activity resulting from the mining justifies this study. Keywords: Mining, Catalão, Impacts.
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1. INTRODUÇÃO
O município de Catalão destaca-se no cenário mineral nacional e estadual ocupando o segundo
lugar na produção de fosfato no Brasil e o segundo lugar na arrecadação mineral no estado de Goiás. A
atividade exerce grande influência sobre a qualidade de vida da população local e regional.
O município localiza-se em um contexto geológico de intrusões magmáticas resultantes da
pluma de Trindade há 85 milhões de anos, um hot spot responsável pelas últimas ocorrências de
vulcanismo e plutonismo no Brasil. Da atividade da pluma foi gerado um grande complexo de
ocorrências de rochas alcalinas e carbonatíticas do período Cretáceo pertencentes à Província Ígnea do
Alto Paranaíba que intrudiu rochas Pré-Cambrianas do grupo Araxá. O complexo gerado se estende
desde Tapira (MG) até Catalão (GO). Nesta faixa são identificados os Complexos de Tapira, Araxá,
Salitre I, Salitre II, Serra Negra, Catalão I e Catalão II.
Os carbonatitos oriundos dessas formações dão origem às concentrações anômalas de apatita
que é o mineral-minério de fosfato explorado no Complexo Catalão I. O complexo Catalão I apresenta
uma estrutura dômica rica em mineralizações intensamente exploradas nas últimas décadas pelos
municípios de Catalão/GO e Ouvidor/GO (Figuras 1 e 2).
Figura 1 – Domo Catalão I, divisa municipal entre Catalão e Ouvidor.
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Figura 2 – Recorte de Ortomosaicos IBGE, escala 1:25 000. Mineração no Domo de Catalão I.
Produzindo principalmente Nióbio e Fosfato a exploração no domo tem gerado significativos
impactos, tanto positivos quanto negativos. Por um lado a atividade gera divisas, renda, empregos e
qualidade de vida, em contrapartida gera degradação e poluição comprometendo a qualidade de vida.
O principal uso do fosfato é na forma de fertilizantes. O fósforo é um macro-nutriente essencial
ao desenvolvimento das plantas. O uso do fosfato como fertilizante ganha relevância em função de
uma economia nacional predominantemente agrícola desenvolvida em solos tropicais quimicamente
pobres em nutrientes que necessitam deste insumo para produção.
O exemplo da explotação de fosfato em Catalão possibilita o entendimento dos processos da
atividade de mineração bem como o diagnóstico e prognósticos dos impactos inerentes a cada etapa da
atividade.
Pautando-se nos exemplos das empresas que exploram as jazidas do domo Catalão I, o presente
artigo visa conhecer os aspectos gerais da produção de fosfato e os principais impactos ambientais e
sócio-econômicos da atividade no município de Catalão.
Fonte: IBGE, 2005
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2. MATERIAL E MÉTODOS
Inicialmente esclarece-se que para exame dos impactos ambientais foram analisadas as
atividades de extração e tratamento do fosfato pela empresa Fosfértil S/A e, em virtude da relevância
ambiental, a etapa de disposição de rejeitos da empresa Copebrás S/A, ambas no domo de Catalão I. A
primeira encontra-se no município homônimo e a segunda naquele de Ouvidor. A análise do impacto
socioeconômico através de indicadores tais como o crescimento populacional, o Produto Interno Bruto
(PIB) e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é feita para a o município de Catalão como um
todo. Devido à dificuldade de obtenção dos dados em separado os dois últimos indicadores (PIB E
IDH) englobam, além da mineração, as demais atividades realizadas no município ressaltando-se que o
setor mineral é o que principalmente responde pelo bom desempenho dos índices em questão. A
Compensação Financeira sobre a Exploração Mineral (CFEM) por sua vez abrange toda a atividade
de mineração no município de Catalão não havendo dados em separado sobre as divisas geradas por
cada bem mineral e mineradora já que, além do fosfato, também é explotado o nióbio.
2.1. Área de Estudo.
A área de estudo situa-se nos municípios acima citados que se encontram no sudeste de Goiás
pertencente à mesoregião do Sul Goiano. Os municípios de Catalão e Ouvidor distam cerca de 250 km
de Goiânia e 300 km de Brasília, localizando-se entre os paralelos 18º30’ e 17°30’ S e os meridianos
48º10’ e 47º15’W. A nordeste, leste e sul limitam-se com o Estado de Minas Gerais. A norte e oeste o
município de Catalão faz divisa com os municípios goianos de Campo Alegre, Ipameri, Goiandira,
Cumari e a sudeste com os municípios de Davinópolis, Ouvidor e Três Ranchos. (Figura 3).
Figura 3 – Mapa de localização
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2.2. Procedimentos de Análise
A análise dos impactos da mineração envolve a compreensão das etapas que compõem a
atividade e sua representatividade social e econômica, o que demandou pesquisa bibliográfica,
documental e cartográfica de fontes diversas. Desta forma, o trabalho pautou-se basicamente em
levantamentos e coletas de dados com validação do examinado em trabalho de campo. As atividades
compreenderam:
Pesquisa teórica levantando as principais obras, referências, periódicos, monografias e teses
sobre o tema.
Pesquisa em fontes secundárias: Documentos, Legislação, Licenças, EIA/RIMA, PRAD,
anuários estatísticos, censos.
Pesquisa de campo: aferição dos problemas, registro fotográfico.
Pesquisa de Laboratório: mapas, imagens de satélites, arquivos digitais, dados vetoriais
(formato shapefile).
Em uma etapa de produção, análise e interpretação dos dados da pesquisa foi elaborado um
quadro de impactos para cada etapa da mineração quadro que, correlacionado às análises das imagens
e às observações de campo, permitiu determinar os principais impactos ambientais da atividade.
Buscando analisar o impacto sócio-econômico da foram selecionados indicadores (Produção Mineral,
Emprego, Demografia, PIB, Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDH e a Arrecadação da
Compensação pela Exploração Mineral – CEFEM) pesquisados e interpretados com intuito de se
compreender a importância da mineração para os municípios por ela impulsionados.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES.
3.1. Impactos ambientais
A atividade de mineração compreende basicamente as fases de Lavra (extração do mineral) e
de Beneficiamento (tratamento do mineral), sendo estas compostas por diversas etapas. Em relação aos
impactos ambientais da atividade constataram-se inicialmente diferentes impactos e em graus variados
nas duas grandes fases da atividade conforme demonstram os quadros:
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Fase I: LAVRA
Etapas Procedimentos Produtos Impactos e Riscos
Decapeamento
e Desmonte
- remoção da cobertura vegetal, das camadas estéreis e
do minério
- utilização de cavadeiras e retroescavadeiras de
grande porte;
- utilização de explosivos.
- solo descoberto
- partículas
desagregadas
- topografia e
relevo modificado
- aumento do escoamento superficial e diminuição da infiltração de águas no solo;
- interferência na movimentação das águas de subsuperfície;
- rebaixamento do lençol freático
- processos erosivos
- transporte de particulas e assoreamento de drenagens;
- aumento de gases e partículas sólidas em suspensão.
- geração de ruídos e vibrações
- remoção da vegetação
- supressão de fauna e flora
- migração da fauna
- desequilíbrios na biota aquática
- atropelamento de animais
Transporte
- utilização de caminhões de grande porte
- Minério: transportado para as unidades de
beneficiamento
- Rejeito: transportado para áreas de deposição
- emissão de gases e partículas sólidas
- geração de ruídos e vibrações
- atropelamento de animais
- compactação e impermeabilização do solo
Disposição do
Estéril
- disposição em pilhas com bancos de 10m de altura e
bermas de 12m
- topografia
modificada
- material friável
- processos erosivos
- interferência no processo de escoamento de águas superficiais e de subsuperfície.
- transporte de partículas e assoreamento de drenagens
- geração de ruídos
- partículas sólidas em suspensão
Quadro 1 – Impactos e riscos da mineração na fase de lavra.
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Fase II: BENEFICIAMENTO
Etapas Procedimentos Produtos Impactos e Riscos
Britagem
- Fragmentação através de rompedor hidráulico;
- Britagem Primária em britador de mandíbulas;
- Britagem secundária em britador de impacto;
- transporte através de transportadores de correias
- aumento de gases e partículas sólidas em suspensão.
- geração de ruído
- impermeabilização do solo em área edificada
Estocagem e
Homogeneização
- disposição do material em 2 pilhas de 365 metros de comprimento,
35m de base e 13,70 m de altura, através de maquinários específicos
- interferência no processo de escoamento de águas superficiais e
de subsuperfície.
- transporte de partículas e assoreamento de drenagens
- partículas sólidas em suspensão
Moagem
Separação Magnética
Deslamagem e
Flotação
- Moagem primária em moinho de barras operando a úmido;
- separação magnética em tambores de imãs;
- Moagem secundária em moinho de bolas operando a úmido.
- separação de polpas moídas através de hidrociclones
- Flotação em tanque de agitação com adição de coletores e depressores
- Utilização de solução de soda 15% para controlar o pH, amido para depressor e óleos vegetais como coletores. - descarte de lamas de rejeito em barragem
- barragens
de rejeitos
- interferência na movimentação das águas de subsuperfície;
- captação e retenção de águas do escoamento superficial, risco de
rompimento e extravasamento de lamas de rejeito;
- vasamento de sedimentos e assoreamento de drenagens a jusante
- geração de ruídos
- impermeabilização do solo em áreas edificadas
- contaminação química da água
Desaguamento
Estocagem
Filtragem e Secagem
do concentrado
- adensamento da polpa por um espessador
- bombeamento para tanques de estocagem
- bombeamento através do mineroduto até o terminal rodo-ferroviário
- filtragem e encaminhamento através de transportadores de correia, para
estocagem em galpão coberto com capacidade nominal de 23.000 t
- secagem em um conjunto secador com capacidade de 110 t/h;
- utilização da queima de lenha para a produção de gases quentes que
são conduzidos ao secador.
- emissão de gases da queima de lenha
- monocultura de eucaliptos para alimentar os secadores
- supressão de fauna e flora
- migração da fauna
- impermeabilização do solo em áreas edificadas
Quadro 2 – Impactos e riscos da mineração na fase de beneficiamento.
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De todos os impactos os de maior grau, conforme observado em campo, são aqueles
relacionados à disposição do rejeito e o risco conseqüente da degradação hídrica pelo rompimento ou
vazamentos da barragem de rejeitos. As barragens de rejeito apresentam trechos assoreados pela
decantação de materiais residuais do beneficiamento do minério.
A Fosfértil possui uma barragem de rejeito de cerca de 4 milhões de m³ que afeta
principalmente os córregos Chapadão, do Garimpo e o Fundo. Por sua vez a barragem de rejeitos da
empresa Copebrás S/A afeta diretamente os córregos Santo Antônio, Taquara I e II e o Córrego da
Lagoa, que circundam o complexo minero-químico ocupando a porção norte e áreas de cabeceiras da
bacia hidrográfica do ribeirão Ouvidor, que é afluente direito do Rio Paranaíba. (Figuras 4 e 5).
Figura 4. Rede fluvial e barragens de rejeito no Complexo Mínero-Químico de Catalão I.
Há a necessidade de um controle e monitoramento sistemático dos efluentes líquidos por elas
gerados pois seus impactos atingem direta e indiretamente as diversas formas de vida de toda bacia. A
bacia hidrográfica do córrego Ouvidor sedia manancial de captação de água para a cidade homônima
estendendo-se ainda para os municípios de Cumari e Três Ranchos.
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Figura 5 – Imagem da barragem de rejeito da Copebrás S/A. Fonte: Google Earth (2007)
Embora sejam a poluição da água por lama e o assoreamento as fontes de poluição mais
consideráveis, cabe ressaltar que ainda ocorre em menor grau a poluição química por compostos
utilizados e pela circulação de água nas etapas de tratamento mineral. Segundo Mendonça et al.
(2005), “as barragens de rejeitos contém, além de lamas, em maior proporção, produtos químicos,
graxa e lixo, em menor quantidade” (p.206). Nas mineradoras de Catalão utilizam-se processos de
concentração por flutuação de espuma. Reagentes, coletores, depressores e espumantes são exemplos
de fontes de contaminação química da água neste processo.
Segundo Mendonça et al. (2005) “Os reagentes são quase sempre usados em pequenas
quantidades e quando os corpos de água receptores dos rejeitos são volumosos, não chegam a
configurar um problema ambiental sério.” (p. 194). Entretanto, a empresa Copebrás reconheceu, em
seu Plano de Gestão Ambiental (PGA) no ano de 2000, a poluição provocada por vazamentos da
barragem de rejeitos no Ribeirão Ouvidor. No ano de 2002, quando das obras de ampliação da
Copebrás, abriu-se a parede da barragem de rejeito lançando o efluente rapidamente no Ribeirão
Ouvidor provocando a morte de centenas de peixes sendo a empresa obrigada, a partir do firmamento
do Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta junto ao Ministério Público, tomar medidas de
recuperação e de mitigação dos impactos negativos gerados.
Em 2004, uma das barragens de rejeito da Fosfértil rompeu acarretando sérios impactos à
jusante (Figura 6). A vistoria e autuação feita pelo IBAMA e Agência Ambiental de Goiás
identificaram a degradação da mata ciliar, das águas mananciais e quase extinção da fauna aquática
além de prejuízos econômicos aos proprietários de área à jusante e seus vizinhos. Do fato resultou um
TAC – Termo de Compromisso e Ajustamento de Conduta, proposto pelo Ministério Público, no valor
de R$ 2.000.000, 00 (dois milhões de reais) pelos impactos gerados.
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Figura 6 – Fotos dos efeitos do rompimento da barragem de rejeitos (magnetita) Fosfértil S/A no Córrego Fundo em 2004. Autor - Foto Araújo (2004). Fonte: Mendonça et al (2005)
Em vistoria realizada em fevereiro de 2007 técnicos do Departamento Nacional de Pesquisa
Mineral – DNPM visitaram a barragem rompida, estando ela desativada e com um grau avançado de
revegetação. Sobre a nova barragem foi exigido da empresa a apresentação do plano de monitoramento
de segurança e o envio periódico dos seus resultados.
Segundo Klein (1996), durante o período das chuvas os córregos que circundam o complexo
minero-químico recebem águas barrentas, carregadas de sólidos em suspensão resultantes do impacto
da chuva superficial no material inconsolidado e desnudo da mineração, configurando sério problema
de erosão e conseqüente assoreamento.
No que tange aos impactos da mineração em Catalão cabe ainda ressaltar a poluição
atmosférica tanto por material particulado como gasoso, sendo a poluição agravada na cidade em
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virtude do direcionamento dos ventos, (nordeste e leste) comprovados através de estudos
metereológicos pelo IMET. Segundo Pedrosa (2000 apud MENDONÇA, 2005) o efeito dos poluentes
atmosféricos na cidade é potencializado no inverno quando ocorre uma diminuição da umidade
relativa do ar e a conseqüente hipersensibilidade do aparelho respiratório humano.
3.2. Impactos sócio-econômicos
Através da análise de dados sócio-econômicos do município pode-se perceber a influência e
participação significativa da mineração.
Segundo a Superintendência de Geologia e Mineração, Goiás é o terceiro maior produtor
mineral do país (Tabela 1). A atividade gera cerca de 10 mil empregos diretos e ocupa, no Estado, o
segundo lugar em faturamento, ficando atrás somente da agropecuária. Goiás é muito rico em
minérios. Dentre os destaques de produção mineral do Estado estão o fosfato, o ouro, o amianto e o
níquel. O conjunto destes significa 86,48% do que é arrecadado pelo Estado, no que diz respeito à
mineração. Em 2006 foram comercializados 2 milhões de toneladas de fosfato, gerando quase R$ 400
milhões. No Estado inteiro são mais de 200 mil toneladas de fosfato no subsolo sendo explorados
apenas em dois municípios: Catalão e Ouvidor. (OLIVEIRA; VIANA; ALVES, 2007)
TABELA 1. PARTICIPAÇÃO E POSIÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS
NO RANKING DA PRODUÇÃO MINERAL BRASILEIRA (1990 – 2005)
Setores/Produtos Participação (%) Posição
Amianto 100,0 1°
Níquel 85,6 1°
Rocha Fosfática 32,4 2°
Vermiculita 28,9 2°
Ouro 13,2 4°
Nióbio 12,9 2°
Cimento 3,7 6°
Fonte: DNPM/DIDEM.
Segundo Mendonça (2005) o consumo mundial de rocha fosfática para uso agrícola por ano é
de cerca de 170 milhões de toneladas. Na região Centro-Oeste do Brasil, área de cerrado, com solos
quimicamente pobres, onde predomina o agronegócio e cresce a indústria de alimentos, há uma
crescente necessidade da utilização de insumos tais como fertilizantes para que se obtenha colheitas
produtivas. Neste contexto o referido autor, ao afirmar que o consumo de fósforo estimulou o
crescimento de Catalão, cita que: “O consumo atual de fósforo na região de influência do Pólo de
Catalão é de cerca de 900 mil toneladas de P205 por ano, com perspectivas de dobrar na próxima
década.” (p. 211)
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Acompanhando a tendência mundial, os investimentos na área mineral têm crescido
consideravelmente nos últimos anos. De acordo com os dados RAL/DNPM-6º DS-GO, foram
investidos na área mineral em GO e DF em 2006 mais de R$ 34 bilhões. Destes, 14% foram investidos
na ampliação da explotação de fosfato em Catalão sendo este o município que obteve o maior
investimento em 2006: mais de R$ 4 bilhões, sendo beneficiado com 590 novos empregos.
As empresas produtoras de fosfato destacam-se entre as principais empresas mineradoras do
Estado (Tabela 2) destacando-se também entre as principais empresas mineradoras de fosfato no Brasil
(Tabela 3).
TABELA 2. PRINCIPAIS EMPRESAS MINERADORAS DE GOIÁS – 2005 Em ordem decrescente do Valor da Produção Comercializada
Empresas Principais Substâncias Produzidas Participação (%)
1 CIA NIQUEL TOCANTINS Cobalto, Cobre, Níquel 37,74 2 ANGLO AMERICAN Fosfato, Nióbio, Níquel 19,00 3 SAMA Amianto 10,91 4 MSG Ouro, Prata 8,92 5 ULTRAFÉRTIL Fosfato 8,59 6 COPEBRÁS Fosfato 4,16
Fonte: Anuário Mineral Brasileiro (AMB) 2005, DNPM.
TABELA 3. PRINCIPAIS EMPRESAS PRODUTORAS DE FOSFATO NO BRASIL – 2005 Em ordem decrescente do Valor da Produção Comercializada
Empresas UF Participação (%)
1 FERTILIZANTES FOSFATADOS MG 31,49 2 ULTRAFERTIL GO 29,94 3 BUNGE FERTILIZANTES MG, SP 21,45 4 COPEBRÁS GO 14,52 5 SOCAL SP 0,82 6 ITAFOS TO 0,70 7 CBPM BA 0,69 8 GALVANI BA 0,40
Fonte: Anuário Mineral Brasileiro (AMB) 2005, DNPM.
As empresas goianas em foco responderam, em 2005, por aproximadamente 7% do emprego na
mineração do Estado de Goiás. (Tabela 4)
TABELA 4. MÃO-DE-OBRA UTILIZADA NA MINERAÇÃO DE FOSFATO EM GOIÁS – 2005
Empregado Terceirizado Total % 473 107 580 6,82
Total da Mão-de-obra na mineração em Goiás 8502 100 Fonte: Anuário Mineral Brasileiro (AMB) 2005, DNPM.
O crescimento do número de empregos formais, segundo dados do Ministério do Trabalho e
Emprego para a micro região de Catalão no período de 1998 a 2007, é significativo registrando, para o
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município de Catalão, um crescimento acumulado de 142,67%. No mesmo período o Estado de Goiás
e Goiânia registraram, respectivamente, 82,81% e 48,77%. (Tabela 5)
TABELA 5. CRESCIMENTO EMPREGO FORMAL NA MICRO REGIÃO DE CATALÃO-GO, 1998 – 2007.
MUNICÍPIO 1998 2007 % Crescimento Anhanguera 152 175 15,13 Campo Alegre de Goiás 467 1.229 163,17 Catalão 7.368 17.880 142,67 Corumbaíba 496 1.540 210,48 Cumari 268 292 8,96 Davinópolis 153 232 51,63 Goiandira 290 399 37,59 Ipameri 2.132 3.562 67,07 Nova Aurora 191 224 17,28 Ouvidor 520 1.046 101,15 Três Ranchos 169 322 90,53
Goiânia 303.046 450.843 48,77
ESTADO DE GOIÁS 580.620 1.061.426 82,81 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego. SEPLAN-GO/SEPIN
Observando a evolução demográfica dos municípios da micro região de Catalão, segundo
dados do IBGE, constata-se um alto crescimento demográfico do município de Catalão no período de
1980 a 2008 (Tabela 6).
TABELA 6. CRESCIMENTO POPULACIONAL DA MICRO REGIÃO DE CATALÃO-GO
1980 – 2008 (número de habitantes e percentual de crescimento).
MUNICÍPIO 1980 2008 % Crescimento Anhanguera 732 1.007 37,57 Campo Alegre de Goiás 4.386 6.127 39,69 Catalão 39.172 79.618 103,25 Corumbaíba 5.909 8.447 42,95 Cumari 3.783 3.143 -16,92 Davinópolis 2.450 2.073 -15,39 Goiandira 5.711 5.074 -11,15 Ipameri 20.384 23.911 17,30 Nova Aurora 1.940 2.184 12,58 Ouvidor 3.443 4.952 43,83 Três Ranchos 2.249 2.957 31,48 Micro Região de Catalão 90.159 139.493 54,72
Goiânia 717.519 1.265.394 76,36
ESTADO DE GOIÁS 3.860.174 5.844.996 51,42 Fonte: IBGE. SEPLAN-GO / SEPIN / Gerência de Estatística Socioeconômica.
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Enquanto no Estado de Goiás houve um crescimento, em número de habitantes, de 51,42 % e
em Goiânia, de 76,36%, o município de Catalão registrou um crescimento de 103,25%. Na micro-
região de Catalão também é observado decréscimo populacional nos municípios de Cumari (-16,92%),
Davinópolis (-15,39%) e Goiandira (-11,15%), expondo a influência da atração populacional do
município de Catalão na sua micro região.
Analisando os dados do Produto Interno Bruto (PIB), que representa a soma de todos os valores
monetários produzidos na região, pode-se também perceber a representatividade de Catalão no período
de 1999 a 2006, acumulando um crescimento de 443,78% enquanto Goiás acumulou 175,38% e
Goiânia 175,66% (Tabela 7).
TABELA 7. CRESCIMENTO DO PIB DO ESTADO DE GOIÁS 1999 – 2006
(PIB per capita e percentual de crescimento).
MUNICÍPIO 1999 2006 % CrescimentoAnhanguera 2.521,00 6.509,77 158,22 Campo Alegre de Goiás 7.798,00 24.450,91 213,55 Catalão 6.385,00 34.720,40 443,78 Corumbaíba 7.044,00 23.703,17 236,50 Cumari 3.025,00 6.724,41 122,29 Davinópolis 2.832,00 7.349,32 159,51 Goiandira 2.366,00 6.868,11 190,28 Ipameri 3.816,00 10.735,85 181,34 Nova Aurora 2.863,00 6.484,66 126,50 Ouvidor 9.523,00 30.991,64 225,44 Três Ranchos 2.465,00 5.484,22 122,48 Goiânia 4.740,00 13.005,60 174,38 ESTADO DE GOIÁS 3.614,00 9.962,20 175,66
Fonte: SEPLAN-GO / SEPIN / Gerência de Contas Regionais.
Segundo dados do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil no período 1991-2000, a
população de Catalão teve uma taxa média de crescimento anual de 1,93%, passando de 54.525 em
1991 para 64.347 em 2000. E o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de Catalão,
no período, cresceu 12,98%, passando de 0,724 em 1991 para 0,818 em 2000. O ítem que mais
contribuiu para este crescimento foi a Longevidade, com 42,3%, seguida pela Educação, com 34,9% e
pela Renda, com 22,8% (Tabela 8).
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TABELA 8. Índice de Desenvolvimento Humano - Municipal, 1991 e 2000
Municípios da Microrregião Catalão e Capital do Estado (GO) 1991 2000
Município IDHM IDHM-Renda
IDHM-Longe vidade
IDHM-Educaçã
o IDHM IDHM-
Renda
IDHM-Longe vidade
IDHM-Educação
Anhanguera 0,71 0,59 0,718 0,82 0,802 0,649 0,804 0,952Campo Alegre de Goiás 0,708 0,68 0,713 0,74 0,802 0,722 0,804 0,88Catalão 0,724 0,66 0,7 0,81 0,818 0,727 0,819 0,908Corumbaíba 0,677 0,62 0,676 0,74 0,767 0,671 0,76 0,87Cumari 0,681 0,59 0,676 0,77 0,756 0,656 0,729 0,882Davinópolis 0,678 0,59 0,71 0,73 0,733 0,63 0,729 0,839Goiandira 0,692 0,62 0,681 0,78 0,765 0,677 0,729 0,888Ipameri 0,691 0,62 0,7 0,76 0,758 0,669 0,729 0,876Nova Aurora 0,697 0,59 0,71 0,79 0,785 0,685 0,804 0,865Ouvidor 0,704 0,61 0,682 0,82 0,785 0,666 0,782 0,906Três Ranchos 0,69 0,58 0,743 0,75 0,788 0,657 0,804 0,902 Goiânia (GO) 0,778 0,76 0,718 0,86 0,832 0,813 0,751 0,933 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil
Em relação aos municípios do Estado de Goiás, em 2000 Catalão apresentava um dos melhores
IDH ocupando a 3ª posição, enquanto que em 1991 ocupava a 6ª posição (Tabela 9).
TABELA 9. Os 5 Maiores Índices de Desenvolvimento Humano Municipal do Estado de Goiás (1991 e 2000)
1991 2000
Município Índice de Desenvolvimento Humano Municipal Município Índice de Desenvolvimento
Humano Municipal
Goiânia 0,778 Chapadão do Céu 0,834 Cidade Ocidental 0,756 Goiânia 0,832 Valparaíso de Goiás 0,739 Catalão 0,818 Caldas Novas 0,734 Goiatuba 0,812 Goiatuba 0,729 Rio Verde 0,807 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil
Sobre a atividade de mineração incide a Compensação Financeira pela Exploração Mineral –
CFEM. A CFEM, estabelecida pela Constituição de 1988, em seu Art. 20, § 1o, é devida aos Estados,
ao Distrito Federal, aos Municípios, e aos órgãos da administração da União como contraprestação
pela utilização econômica dos recursos minerais em seus respectivos territórios. Neste imposto são
aplicadas alíquotas diferenciadas sobre o faturamento líquido da empresa de acordo com o minério
explorado: minério de alumínio, manganês, sal-gema e potássio (3%); ferro, fertilizante, carvão e
demais substâncias (2%); ouro (1%) e pedras preciosas, pedras coradas lapidáveis, carbonados e
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metais nobres (0,2%). Os recursos da CFEM são distribuídos em 12% para a União (DNPM e
IBAMA), 23% para o Estado onde for extraída a substância mineral e em 65% para o município
produtor.
Analisando os dados da arrecadação da CFEM nos últimos anos (2004-2008) percebe-se o
crescimento e a importância da mineração em Catalão. (Tabela 10)
Tabela 10. Arrecadação da CFEM 2004 a 2008 no Município de Catalão (GO) (R$) 2004 2005 2006 2007 2008
BRASIL 295.269.553,39 405.537.810,63 465.128.235,41 547.208.200,65 857.818.811,45MG 143.891.957,92 205.547.109,80 240.296.834,19 265.646.817,09 449.673.761,56PA 73.368.614,84 120.208.471,60 132.945.639,64 149.361.584,52 238.127.398,34GO 14.314.317,45 15.252.586,68 16.044.280,57 35.278.568,02 45.322.848,12BA 8.985.488,08 9.779.463,32 13.240.972,93 13.265.844,22 17.030.183,81SP 8.588.026,39 9.293.232,55 12.470.775,50 15.422.173,09 22.474.372,88
GOIÁS 14.314.317,45 15.252.586,68 16.044.280,57 35.278.568,02 45.322.848,12
ALTO HORIZONTE 15.094.322,30 20.678.108,75MINAÇU 3.699.650,07 3.707.726,28 3.449.867,38 4.208.913,79 5.170.284,39CATALÃO 2.966.495,10 3.523.160,80 2.316.158,39 4.064.437,22 6.107.764,52CRIXÁS 2.194.475,62 2.026.652,59 2.503.943,03 2.556.973,83 2.646.556,28OUVIDOR 1.755.796,80 2.049.408,40 1.840.812,70 2.350.353,03 2.138.191,50NIQUELÂNDIA 1.248.980,38 555.158,74 1.559.694,77 2.122.929,25 2.457.350,99BARRO ALTO 129.115,57 1.210.347,06 1.710.064,47 2.264.832,42 2.557.148,80FAINA 1.270.151,39 702.461,40 549.800,70 193.940,51 27.403,39
Fonte: DNPM/DIPAR
Analisando a arrecadação da CFEM no município de Catalão nos anos de 2004 a 2008
constata-se um crescimento médio anual de 27,57%. No ano de 2006 houve uma significativa queda (-
34,26%) perdendo uma posição e ficando em 3° lugar no ranking do Estado. No ano de 2007 retomou
o crescimento e em 2008 voltou ao 2° lugar do ranking acumulando, no período, um crescimento de
105,9%, passando de R$ 2.966.495,10 em 2004 para R$ 6.107.764,52 em 2008.
A arrecadação do CFEM acumulou no período um total de quase 19 milhões
(R$18.978.016,03), sendo revertido ao município 65%, ou seja mais de 12 milhões
(R$12.335.710,42), uma média de mais de 2,5 milhões ao ano.
No mesmo período (2004-2008) o Estado de Goiás se manteve em 3° lugar na
representatividade nacional com um crescimento médio anual de 40,02%, acumulando no período um
crescimento de 216,6% passando de R$14.314.317,45 em 2004 para R$45.322.848,12 em 2008. Os
municípios que mais contribuíram para esse resultado estadual no período foram respectivamente: Alto
Horizonte, com uma CFEM acumulada de R$35.772.431,05, Minaçu (R$20.236.441,91), Catalão
(R$18.978.016,03), Crixás (R$11.928.601,35) e Ouvidor (R$10.134.562,43) (Figura 7).
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Percentual da Arrecadação da CFEM em Goiás (2004-2008)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
2004 2005 2006 2007 2008
ALTO HORIZONTEMINAÇUCATALÃOCRIXÁSOUVIDORNIQUELÂNDIABARRO ALTOFAINA
Fonte: DIPAR/DNPM
Figura 7 – Gráfico de distribuição do percentual da arrecadação da CFEM em Goiás (2004-2008)
4. CONCLUSÕES
Embora a mineração seja, conforme destacado nos dados, uma atividade de extrema
importância para a sócio-economia de Catalão, cabe ressaltar que gera significativos impactos
ambientais que, se não devidamente tratados, podem comprometer o bem estar social. Se por um lado
gera divisas, emprego e renda, por outro lado pode degradar o ambiente e comprometer a vida.
A sociedade em geral possui uma visão deturpada da mineração considerando-a apenas como
atividade altamente agressora ao meio ambiente, não refletindo sobre os seus aspectos positivos ou até
mesmo sobre a dimensão de seus impactos quando comparados com os de outras atividades. A
agropecuária, por exemplo, cuja fronteira só tende a aumentar, impacta vastas áreas e envolve o
desmatamento, pode modificar a estrutura e capacidade de infiltração da água no solo, causar erosão
além do que o emprego inescrupuloso de defensivos agrícolas pode gerar danos diversos. A mineração
se dá de forma localizada e, caso adequadamente conduzida, gera mais benefícios do que danos.
O retorno à sociedade dado pela mineração geralmente é subestimado. Em Catalão a atividade
tem sido vital para a dinamização da região. Os recursos revertidos ao município são expressivos e tem
contribuído para melhoria da sua infra-estrutura, sendo que mudanças significativas no perfil sócio-
econômico do município são notadas. A arrecadação da CFEM, bem como os indicadores
socioeconômicos e estatísticos dos últimos anos, por exemplo, tem demonstrado forte incremento do
setor mineral que indiscutivelmente vem influenciando qualitativamente os padrões de vida da
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população, conforme demonstram os resultados do IDH. A atividade tem contribuído para o aumento
da produção nacional de fosfato, arrecadação de tributos diretos e indiretos, dinamização da economia
atraindo e qualificando mão de obra, gerando empregos e desenvolvendo os setores secundário e
terciário.
A mineração, além de seus aspectos econômicos como geração de emprego, renda e impostos
possui importantes aspectos ambientais que devem ser considerados para viabilização de um projeto
que garanta a qualidade de vida para as gerações presentes e futuras, compatíveis com os anseios do
desenvolvimento sustentável.
No que se refere à legislação que regula a atividade de mineração verifica-se que, embora
hajam leis mais rígidas e uma tendência das empresas se preocuparem com as questões ambientais, no
geral ainda há descaso com relação a elas. Pouco se sabe dos impactos da atividade, não há divulgação
ao público e as fiscalizações, bem como o monitoramento da atividade, não ocorrem com freqüência.
Para que haja mitigação dos impactos negativos gerados as instituições públicas que
representam a sociedade devem cumprir o papel de fiscalizar e fazer cumprir a legislação cabível. Não
basta arrecadar recursos das empresas mineradoras e revertê-los a setores essenciais da sociedade
sendo conivente com os impactos ambientais por ela gerados. Havendo o cumprimento integral da lei é
possível melhorar o desempenho da mineração maximizando a contribuição da atividade para o bem
estar social.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DNPM, Departamento Nacional de Pesquisa Mineral. Anuário Mineral Brasileiro 2005. Brasília:
DNPM, 2005.
KLEIN, Percy Boris Wolf. A evolução do uso do solo e suas conseqüências para o meio ambiente
na região do complexo ultramáfico-alcalino-carbonatítico de Catalão I. dissertação (mestrado em
Geologia), Instituto de Geografia, Universidade de Brasília, Brasília. 1996, 101 f.
MENDONÇA, Marcelo Rodrigues; PEDROSA, Laurindo Elias; VENÂNCIO, Marcelo e OLIVEIRA,
André Luiz. Diagnóstico e Monitoramento Sócio Ambiental da Cidade de Catalão/GO e do
Entorno. Catalão: UFG, 2005. p. 190-224;
OLIVEIRA, Carolina; VIANA, Rodrigo, Alves, Ton. Riquezas minerais de Goiás. Diário da Manhã,
Goiânia, 22 de Out. 2007. Especial, 9.14;
SANTOS, Ronaldo Luiz C. dos; SOBRAL, Luiz Gonzaga Santos e ARAÚJO, Ramon Veras Veloso
de. Produção de Fosfato no Brasil: Complexo de Mineração de Catalão/Ultrafertil. XIX
ENTMME – Recife, Pernambuco: CETEM/MCT, 2002.
20
DNPM. CFEM – Arrecadação por UF a partir de 2004. Disponível em:
<http://www.dnpm.gov.br/conteudo.asp?IDSecao=555&IDPagina=51>. Acesso em: 19 jan. 2009
PNUD. IPEA. Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil, 1991 – 2000. Software 2003.
Disponível em: <www.ipea.gov.br> e <www.undp.org.br> Acesso em: 10 jun. 2008;
SEPLAN. Secretaria de Planejamento do Estado de Goiás. SEPIN - Superintendência de Estatística,
Pesquisa e Informação. Estatísticas Municipais. Disponível em:
<http://www.seplan.go.gov.br/sepin/> Acesso em: 19 jan. 2009.