eixo saúde social - psicologia

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Psicologia da Saúde - Intervenção em uma UBS

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1. INTRODUOO presente trabalho trata-se de uma pesquisa emprica tendo como objetivo um Diagnstico Institucional e a estrutura de intervenes referente Unidade Bsica de Sade So Francisco e na Defensoria Pblica de Mato Grosso do Sul. A perspectiva deste relatrio se constri no atendimento as necessidades do idoso, realizado sob orientao da professora Anitta Guazzelli Bernardes.A UBS So Francisco fruto da Obra Social Franciscana, iniciada em 06 de Janeiro de 1981, pelo frei Hermano Hartmann, tendo como objetivo atender as pessoas que tinham sequelas de hansenase e que precisavam fazer curativos todos os dias. Estas eram atendidas no Hospital So Julio onde faziam seus tratamentos.Por isso, essa populao comeou a construir casas aos redores da unidade e do hospital a fim de facilitar o meio de locomoo, uma vez que tambm sua famlia j os tivesse abandonado por conta da doena. Desse modo tornou-se o bairro mais populoso de Campo Grande - MS.O Sistema nico de Sade (SUS) surge no final da dcada de 80 e foi ento que na dcada de 90 ampliou-se a relao entre a UBS com a prefeitura, estabelecendo assim outros servios da sade e tambm o suporte do municpio. O prdio onde se encontra a unidade mantido pela prefeitura e o investimento fornecido pelo municpio e pela misso franciscana, por meio de arrecadaes de recursos (doaes). A partir de 2005, se estabelece o ncleo de Psicologia na unidade, com atendimentos em grupo e individual. Vale ressaltar que a UBS atende a todos, e no apenas a regio que esta localizada.Demandas de sade chegam defensoria pblica por meio de encaminhamentos da UBS e vice versa. A defensoria um rgo que tem por objetivo a prestao de servios jurdicos a populao de baixa renda, cumprindo assim o direito em que todos tm de acesso a esses servios jurdicos.Visitamos a UBS So Francisco por duas vezes onde entramos em contato com a psicloga, o gerente do local e alguns funcionrios. E uma visita Defensoria Pblica que tivemos oportunidade de conhecer a psicloga responsvel e dois defensores pblicos, os quais relaram as demandas mais recorrentes que chegam at eles. Tornando-se assim possvel fazer uma articulao de demanda entre estas duas instituies.

2. DESCRIO DA DEMANDA

Em nossa primeira visita Unidade Bsica de Sade (UBS) So Francisco, no dia 7 de agosto, o grupo de estagirias de Psicologia foi recebido pela psicloga responsvel e pelo Gabriel, gerente da UBS e tambm formado em enfermagem, que forneceram um resumo de informaes do histrico da UBS e das condies da mesma. A equipe que compe a unidade, segundo informaes do gerente, formada por dois clnicos gerais, dois pediatras, trs ginecologistas, dois dentistas, duas enfermeiras e tambm a assistente social e a psicloga. Ele tambm informou sobre alguns programas oferecidos pela unidade.Foi relatado que a Unidade Bsica de Sade (UBS) So Francisco no atende apenas a populao a regio do Bairro Nova Lima, mas todos aqueles que procuram atendimento, inclusive os que vm de regies bem distantes, j que criaram vnculo com a unidade e est possui servios especficos.Aps as explicaes, nos dividimos em duplas para conhecer a unidade, seus servios e modo de funcionamento. Nessas observaes, reparamos que os dois locais com maior quantidade de usurios era na recepo, onde havia uma fila formada por aqueles que estavam l para marcar consultas e retornos. Essas pessoas que compunham a fila de espera eram compostas, predominantemente, de mulheres e crianas. O outro local com maior fluxo de usurios era o setor de curativos para pacientes com sequelas de Hansenase, onde se encontravam apenas idosos. Nesse setor, havia uma estagiria de psicologia fazendo trabalho voluntrio de Sala de Espera com esse pblico.Segundo a Poltica Nacional de Ateno Bsica (PNAB), a Ateno Bsica caracterizada como porta de entrada preferencial do sistema de sade, possibilitando o acesso universal e contnuo, atravs do vnculo, a servios de sade. O seu conjunto de aes abrange a preveno de agravos, a promoo e proteo da sade, o diagnstico, tratamento, a manuteno e a reabilitao da sade. Essas aes se do no plano coletivo e individual.A segunda visita foi Defensoria Pblica de Mato Grosso do Sul. O nosso grupo foi recebido pela Keila, a psicloga do local, que ficou responsabilizada por nos explicar o funcionamento deste e sobre sua atuao. Ela foi contratada para atender as demandas do Ncleo da Mulher, porm atende em todos os lugares onde solicitada.Conversamos tambm com dois Defensores Pblicos, um do Ncleo de Defesa da Criana e do Adolescente que relatou casos especficos, como de violncia e negligncia de pais para com seus filhos - e a outra do Ncleo de Defesa da Mulher, que assim como a psicloga, relatou sobre casos de violncia domstica e sobre como grande a demanda advinda da Unidade Bsica de Sade (UBS) So Francisco, e da regio do Nova Lima.De volta UBS, na terceira visita, perodo em que os mdicos estavam em greve, nosso grupo se dividiu entre cinco Agentes Comunitrios de Sade, com o objetivo de acompanh-las nas visitas domiciliares para observar e compreender como so feitos esses atendimentos e como funciona a dinmica da populao do bairro.Em relao Infra-Estrutura e Recursos Necessrios para a realizao das aes de Ateno Bsica, a PNAB prev a formao de equipe multiprofissional, esta onde tambm est inserido o agente comunitrio de sade.Nas visitas domiciliares, ficou evidente o vnculo criado entre os agentes e a populao, j que estes atendem e visitam as mesmas residncias a mais de um ano, permitindo um cuidado contnuo; este que est previsto na PNAB. Pra Freitas (2006), vnculo presume equilbrio obrigatrio entre duas partes.Os trabalhos desenvolvidos pelos Agentes Comunitrios de Sade (ACS), nessas visitas, so passar informaes a respeito da UBS, verificao da regularidade das vacinas dos usurios, acompanhamento em relao aos medicamentos, principalmente dos idosos, procurando saber se estes esto tomando no horrio certo e orientaes gerais.Essas visitas vo alm e, em muitos casos, os agentes marcam consultas para os idosos, j que estes possuem limitaes de acesso UBS, como, por exemplo, falta de suporte familiar, debilidade fsica natural ou como sequela, e falta de transporte, fazendo com que esses profissionais, em alguns casos, utilizem seus prprios meios de locomoo para que essa populao em geral, e os idosos em particular, consigam ter acesso aos servios de sade na UBS.De volta UBS, questionamos sobre as aes estratgicas para a comunidade em relao sade do idoso e percebemos que estas s acontecem no espao fsico da unidade, no permitindo a participao total dessa populao especfica sem possibilidades de acesso.Diante dessas repercusses, foi necessrio que voltssemos nosso olhar para a visita Defensoria. Essa reflexo nos fez questionar acerca das demandas estabelecidas do sujeito e perceber que, nos relatos e assuntos abordados pelos defensores e pela psicloga, no ouvimos, em momento algum, sobre demandas da populao idosa em especfico. O fato de no termos tido contato com o Defensor do Ncleo da Famlia colaborou, provavelmente, para essa falta de demanda emergente, porm, ao questionarmos a psicloga sobre isso, ela nos informou que, realmente, a populao que menos faz uso dos processos jurdicos da Defensoria, a populao de idosos.Diante desses fatos e da crtica da nossa prtica suscitada por eles, comeamos a nos questionar sobre o significado da diminuta demanda dessa populao na Defensoria e como isso se relaciona com a falta de acesso desses idosos UBS.A articulao da Unidade Bsica de Sade (UBS) So Francisco com a Defensoria importante no sentido de que as demandas que chegam a uma so, muitas vezes, encaminhadas pela outra. Se a questo a fala de possibilidades de acesso dos idosos aos servios prestados pela UBS, a reflexo que realizamos sobre o fato de que: no porque no h um grande atendimento desse pblico especfico na Defensoria, que no exista uma demanda a ser percebida e atendida. Pelo contrrio, esse fato vem colaborar com a questo da falta de acesso, pois se os idosos no conseguem chegar nem na UBS, como conseguiro chegar na Defensoria?

2.1 ANLISE DA DEMANDA

O Brasil um pas que envelhece rapidamente. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 2000), no Brasil existe um nmero de idosos bem expressivo, de 8,6% em 2000. Projees realizadas mostram que esses resultados aumentaro para mais de 15% em 2020, sendo que 11% destes possuem oitenta anos ou mais. Essa ascendente escala de idosos no pas esta relacionada aos avanos tecnolgicos nas diversas reas do conhecimento acerca do homem, provocando um prolongamento da expectativa de vida (COLOM, et al.2003).As polticas pblicas tm a funo de contribuir para que os indivduos alcancem idades avanadas em condies de melhor sade. Segundo Costa e Ciosak (2010), o aumento da expectativa de vida precisa estar acompanhado pela manuteno e melhoria da sade e da qualidade de vida; porm as desinformaes acerca da sade do idoso ainda so precrias. Essa desinformao contraria aquilo que previsto em lei na Poltica Nacional do Idoso (Lei n 8.842, 1994), em relao aos seus princpios, onde coloca que o processo de envelhecer diz respeito a toda sociedade e que deve, portanto, ser objeto de conhecimento e informao para todos.Nunes e Portella (2003) evidenciam a importncia para as aes e estratgias em de sade acerca do conhecimento e informaes sobre essa populao, ao afirmarem que:

O entendimento das necessidades especiais dessa etapa da vida facilita o planejamento conjunto de aes, por parte da equipe e familiares, para que seja proporcionado o suporte fsico, afetivo e espiritual que o idoso necessita para viver com mais dignidade. (NUNES, PORTELLA, 2003)

Essas necessidades dos idosos vo alm de aspectos somente fsicos, mas tambm ambientais, sociais, culturais, psicolgicos, entre outros, prestando assim uma ateno de forma integral pessoa idosa. Dessa forma, quanto maior o acesso do idoso aos servios e bens da sociedade, aumentar assim sua qualidade de vida neste processo. (COLOM, JAHN E BECK, 2003).Costa e Ciosak focalizam essa populao ao colocarem que as polticas de sade relacionadas ao idoso s tem incio nos anos 80 no processo de reformulao do Sistema nico de Sade (SUS). Contudo o tratamento era focalizado no atendimento individual e para s doenas crnico-degenerativas. Com intuito de responder as demandas dessa populao, foi criada a Poltica Nacional do Idoso (PNI), a partir dessa regulamentao do SUS tendo como finalidade assegurar os direitos e necessidades sociais pessoa idosa. Em 2006, criou-se a Poltica Nacional de Sade da Pessoa Idosa (PNSPI) que compreende a Ateno Bsica como entrada para ateno sade do idoso que deve voltar-se ao envelhecimento e a sade deste. Segundo Colom, Jahn e Beck (2003), a Poltica Nacional do Idoso, tem como objetivo assegurar os direitos sociais deste, criando condies para promover sua integrao, autonomia, e participao efetiva na sociedade reafirmando o direito sade nos diversos nveis de atendimento do SUS.So objetivos e atribuies do SUS:

[...] assistncia s pessoas por intermdio de aes de promoo, proteo e recuperao da sade, com a realizao integrada de aes assistenciais e das atividades preventivas. (Lei n 8.080/90)

As visitas com as Agentes Comunitrias de Sade permitiu que vssemos as dificuldades em fazer valer as leis e polticas do idoso devido impossibilidade de acesso da maioria deles UBS, por conta de debilidades fsicas, de locomoo e debilidades da dinmica familiar de cada um. Essa viso possibilitou uma reflexo acerca da fragilidade da rede, constituda em torno da UBS So Francisco, e da fragilidade do SUS, que cujas aes e servios pblicos de sade foram desenvolvidos de acordo com as diretrizes da Constituio Federal de 1988, no artigo 198 (Lei n 8.080/90).De acordo com o princpio do SUS, da Universalidade de acesso aos servios de sade em todos os nveis de assistncia, podemos afirmar que essa populao idosa da regio do Bairro Nova Lima, no est sendo atendida em todas as suas dimenses, j que com a Lei 8.080/90, a sade deixa de ser considerada ausncia de doena e passa a ter como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentao, a moradia, o saneamento bsico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educao, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e servios essenciais, passando a uma concepo ampliada de sade.Segundo Regina Benevides (2005), os eixos constitutivos do SUS universalidade, equidade e integralidade - s se efetivam quando conseguimos inventar modos de fazer tais eixos acontecerem.Diante dos apontamentos acima e da demanda apresentada, entende-se a importncia de trabalhar com o idoso para que este seja atendido como um sujeito biopsicossocial; um sujeito politizado, que segundo Benevides (2005), aquele inserido em um contexto e no excludo do mesmo.Percebemos uma falta de condio da Unidade Bsica de Sade (UBS) So Francisco prestar um atendimento domiciliar ao idoso, como previsto nas diretrizes da Poltica Nacional da Pessoa Idosa (2006), por parte do servio de psicologia do mesmo. Essa impossibilidade pode estar marcada, entre outras coisas, pela falta de vnculo deste servio com essa populao que no possui meios fsicos de se inserir na realidade do espao da UBS, devido s debilidades j mencionadas.A partir das reflexes propostas pela reviso das leis polticas e pela observao da lgica de organizao material e simblica criada pela instituio e seus profissionais, vimos uma necessidade de trabalhar essa demanda a partir dos Agentes Comunitrios de Sade, j que estes so a porta de entrada de qualquer morador, especialmente dos idosos, na UBS. Alm de porta de entrada, eles so dispositivos de conexo entre o morador e a unidade, j que eles so os que melhor sabem da realidade da regio. Esses profissionais convivem com essa realidade e as prticas de sade do bairro onde trabalham e moram.Porm, a dificuldade em utilizar esse dispositivo de conexo pelo fato de que percebe-se a existncias de algumas dificuldades acerca da compreenso da identidade desses profissionais Agentes Comunitrios de Sade (ACS) devido ao fato dessa profisso ainda ser considerada nova, recente, no Sistema nico de Sade (SUS). (MENDES E CEOTTO, 2011)Os agentes de sade, apesar de serem o elo entre instituio e moradores, no possuem qualificao e nem a orientao necessria para lidar com essa demanda de maneira efetiva; fato que ficou evidente no apenas pelas observaes, mas tambm pelas falas dos mesmos, como eu entro e pergunto se est tudo bem, se esto tomando os remdios certinho, se tem consulta marcada, e alguns s querem conversar e no sabemos o que dizer, entre outras falas. Mesmo quando se v uma necessidade de ateno ampliada, os agentes se voltam apenas cuidados de sade bsicos, por no possurem um suporte que os tornem aptos a abranger outros modos de se relacionar.O Estatuto do Idoso, em seu Artigo 18, no Captulo IV do direito sade, diz:

As instituies de sade devem atender aos critrios mnimos para o atendimento s necessidades do idoso, promovendo o treinamento e a capacitao dos profissionais, assim como orientao a cuidadores familiares e grupos de auto-ajuda. (LEI N10.741/2003.)

3. PROPOSTA DE INTERVENO

A partir do diagnstico, a nossa proposta de interveno parte primeiramente da identificao do profissional mais prximo dos sujeitos da nossa demanda; profissionais estes que so os Agentes Comunitrios de Sade. A necessidade para que haja o acolhimento efetivo dessa demanda, a de munir esse dispositivo que est em contato direto com essas pessoas. Eles devem ser capazes de perceber uma demanda de sofrimento, escutar, delinear essa demanda e mandar para o UBS, fazendo funcionar a rede; ou devem ser capazes de praticar uma escuta mais qualificada frente s necessidades dos idosos, com capacidade de lidar com a multiplicidade de aspectos que envolvem o envelhecimento, podendo contribuir para uma melhor qualidade de vida dessa populao. Como afirma Silvestre e Costa Neto (2003) a necessidade desses profissionais receberem capacitao e formao para atuarem com idosos.

Nesta trajetria, no entanto, preciso considerar a necessidade de contnuos investimentos na capacitao dos profissionais, visando abordagem multidimensional e interdisciplinar da pessoa idosa e tendo como eixos norteadores para a integralidade de aes: o enfrentamento de fragilidades da pessoa idosa, [...], em todos os nveis de ateno, conforme proposto no pacto pela sade do idoso. (MARIN, 2008, p.11).

Conforme a Poltica Nacional de Humanizao (2003) uma escuta qualificada proporcionada pelos trabalhadores de um modo geral, faz com que se torne possvel a garantia do acesso desses usurios a tecnologias correspondentes s suas necessidades, amplificando a efetividade das prticas de sade. Ou seja, quando estes agentes comunitrios de sade recebem essa formao, so capazes de reconhecer os direitos e as necessidades destes, desse modo acabam por oferecer uma assistncia ento de qualidade.Com essa formao mais qualificada, fica possvel melhorar a forma da qualidade da ateno que ser prestada, garantindo assim que essa interveno seja eficaz para os diferentes casos encontrados por esses agentes.Essas intervenes junto aos agentes para que eles acolham a demanda dos idosos em nome da instituio, ser feita a partir da teoria e tcnica de Grupos Operativos, desenvolvido pelo psiquiatra suo Enrique J. Pichon-Rivre. Ele trouxe uma grande contribuio para compreender os grupos, utilizando-se a psicanlise e psicologia social. (PEREIRA, 2013).Um dos conceitos centrais da obra deste autor o da dialtica, que Borhnheim define como:"a dialtica seria aquilo que faz possvel todo discurso, embora permanea em si mesma o no dito, algo de refratrio a qualquer empenho de explicitao" (Bornheim, 1977, apud Pereira, 2013).

Os encontros sero propostos com todas os Agentes Comunitrias de Sade, duas vezes na semana, no auditrio da UBS So Francisco, no perodo matutino, com durao de uma hora. Ao invs de sarem direto de suas casas para as visitas, esses profissionais sero chamados instituio para participarem da interveno atravs do grupo. O tema de discusso do grupo ser, inicialmente, sobra a viso desses profissionais, sobre o envelhecimento. Aps discusses inicias, os profissionais do Ncleo de Psicologia que estaro mediando a interveno e o grupo, participaro contribuindo e iniciando discusso e reflexo com seus conhecimentos e tcnicas a cerca dos processos de envelhecimento, utilizando-se de teorias psicolgicas, para que deste modo, eles possam munir os agentes - os dispositivos de conexo - de conhecimentos mais especficos e cientficos acerca dessa populao, para que estes, por sua vez, possam se apropriar dessa aprendizagem para, desse modo, acolher de modo efetivo a demanda suscitada no presente trabalho.Essa tcnica de interveno de grupos e discusses temticas foi escolhida baseada na Teoria de aprendizagem de Vygotsky sobre a noo de Zona de Desenvolvimento Procimal (ZDP), est que uma ideia de uma rea potencial de desenvolvimento cognitivo, definida como a distncia entre o nvel atual de desenvolvimento do sujeito, que determinado pela capacidade atual de resolver seus problemas individualmente, e o nvel de desenvolvimento potencial, que determinado atravs da resoluo de problemas em colaborao e orientao de pares mais capazes (FINO, 2001).

Para Vygotsky, o desenvolvimento consiste num processo de aprendizagem do usa das ferramentas intelectuais, atravs da interao social com outros mais experimentados no uso dessas ferramentas (Palincsar, Brown e Campione, 1993 apud Fino, 2001). Uma dessas ferramentas a linguagem. A essa luz, a interaco social mais efectiva aquela na qual ocorre a resoluo de um problema em conjunto, sob a orientao do participante mais apto a utilizar as ferramentas intelectuais adequadas. (FINO, 2001)

Carlos Nogueira Fino (2001) coloca que Vygotsky afirma que o processo de desenvolvimento no coincide com o processo de aprendizagem, mas que h uma sintonia entre processo de desenvolvimento e o de aprendizagem que vem antes.A teoria de Vygotsky vem para explicar como o processo de aprendizagem - por parte dos agentes, mediado pelo Ncleo de Psicologia - vai ser possvel dentro da tcnica de Grupos Operativos, escolhida para atender nossa demanda, munindo os ACS.Partindo desse pressuposto a nossa proposta de interveno ter como foco a promoo e a preveno da sade do idos, a partir de grupos operativos. O tempo estabelecido proposto aqui, seria, de 6 meses a um ano.

4. CONSIDERAES FINAISCom as visitas UBS So Francisco e na Defensoria Pblica, ficou evidente a importncia que se faz das polticas pblicas atuando de modo qualificado com a populao. Nessas visitas ficou expresso uma vulnerabilidade quanto ateno aos cuidados do idoso, com isso, tornando-se o foco da nossa interveno, considerando os agentes de sade dispositivos de conexo dos idosos com a UBS.Desse modo com a formao mais especfica, torna-se possvel a melhora da qualidade da ateno que ser prestada, garantindo assim que essa interveno seja eficaz para os diferentes casos encontrados por esses agentes de sade. Por isso, a presena da psicloga se faz necessria a medida que esta, ir trabalhar como facilitadora no processo de aprendizagem dos agentes.

5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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